Jogos Didaticos

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REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO BÁSICA – RBEB

JOGOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE CIÊNCIAS: UMA PROPOSTA DE


APRENDIZAGEM SOBRE OS ANIMAIS VERTEBRADOS
Juegos didácticos en la enseñanza de Ciencias: una propuesta de aprendizaje sobre los
animales vertebrados
Rafael dos Santos Marciano
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
[email protected]

Lilian Giacomini Cruz


Docente e Coordenadora dos Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas da Universidade
Estadual de Mato Grosso do Sul
[email protected]

Resumo: O jogo didático se caracteriza como uma importante alternativa para auxiliar nos processos
de construção do conhecimento. Assim, o estudo desenvolvido teve por objetivos elaborar,
confeccionar e avaliar a utilização de um jogo, visando favorecer na aprendizagem do conteúdo sobre
animais vertebrados. O jogo foi desenvolvido no âmbito das atividades do Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), com
base na literatura concernente aos jogos educativos e nos conteúdos específicos de Ciências, e foi
aplicado a vinte alunos do 7º. anoª do ensino fundamental de uma escola pública estadual do
município de Ivinhema (MS). Em seguida, aplicou-se um questionário do tipo misto, a fim de
identificar a percepção dos alunos sobre o ensino com jogos didáticos e sobre quais seriam as
principais dificuldades para aprender Ciências. Os resultados mostraram que os participantes
aprovaram o jogo e que este contribuiu no processo de ensino aprendizagem.

Palavras-chave: Ensino de Ciências. Aprendizagem. Jogos didáticos.

Resumen: El juego didáctico se caracteriza como una importante alternativa para apoyar los procesos
de construcción del conocimiento. Así, el estudio desarrollado tuvo por objetivos elaborar,
confeccionar y evaluar la utilización de un juego, con el objetivo de favorecer en el aprendizaje del
contenido sobre animales vertebrados. El juego fue desarrollado en el ámbito de las actividades del
Programa Institucional de Beca de Iniciación a la Docencia de la Universidad Estadual de Mato
Grosso do Sul (PIBID/UEMS), basado en la literatura concerniente a los juegos educativos y en los
contenidos específicos de Ciencias, y fue aplicado a veinte estudiantes de la octavo año de la
enseñanza primaria de una escuela pública estadual del municipio de Ivinhema/MS. Luego, se aplicó
un cuestionario del tipo mixto, con el objetivo de identificar la percepción de los estudiantes sobre la
enseñanza con juegos didácticos y sobre cuáles serían las principales dificultades para aprender
Ciencias. Los resultados mostraron que los participantes aprobaron el juego y que éste aportó en el
proceso de enseñanza aprendizaje.

Palabras clave: Enseñanza de Ciencias. Aprendizaje. Juegos Didácticos.

INTRODUÇÃO
Hoje o ensino não é mais como antigamente: professor falando e aluno anotando. É
preciso rever as formas de ensinar frente a uma nova geração que também não aprende mais
somente como as gerações passadas. Nesse sentido, a inovação é necessária e, para se renovar
o ensino de Ciências, necessita de uma renovação epistemológica dos professores. No entanto,

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não se trata só de uma questão de discussões epistemológicas e de tomada de consciência, do


mesmo modo, é necessária uma nova postura do docente em suas classes para que os
discentes sintam uma forte conexão entre o falar e o fazer (CACHAPUZ et al., 2005).
Entre as dificuldades a serem superadas no ensino de Ciências, encontra-se a
predominância do modelo tradicional de ensino que ainda é comum nas salas de aulas.
Segundo Krasilchik (2008), a maneira unidirecional como ocorre a transmissão dos conteúdos
nesse modelo gera o desinteresse dos alunos e, consequentemente, um baixo rendimento
escolar. Além disso, a autora pontua que as aulas tradicionais também são, em sua maioria,
dissociadas do cotidiano dos alunos, tornando o conteúdo incompreensível, pois os estudantes
podem não conseguir fazer relação com algo que lhes é comum, tornando-se abstrato.
Desse modo, uma das opções para tornar o aprendizado mais simples e prazeroso é a
utilização de metodologias alternativas e ativas. Nesse sentido, assim como Campos,
Bortoloto e Felício (2003), consideramos a utilização dos jogos didáticos uma alternativa
viável e interessante, pois pode preencher muitas lacunas deixadas pelo processo de
transmissão-recepção de conhecimentos, podendo favorecer a construção pelos alunos de seus
próprios conhecimentos num trabalho em grupo, a socialização de conhecimentos prévios e
sua utilização para a construção de conhecimentos novos e mais elaborados.
O jogo pedagógico ou didático é aquele produzido com o objetivo de proporcionar
determinadas aprendizagens, diferenciando-se do material pedagógico, por conter o aspecto
lúdico (CUNHA, 1988). É utilizado para atingir determinados objetivos pedagógicos, sendo
uma alternativa para se melhorar o desempenho dos estudantes em alguns conteúdos de difícil
aprendizagem.

JUSTIFICATIVA: POR QUE INOVAR?


De acordo com Marques (2012), a precariedade do ensino de Ciências desponta como
uma incômoda pedra no meio do caminho do Brasil, num momento em que o país ambiciona
internacionalizar sua pesquisa científica e é desafiado a formar recursos humanos qualificados
em grande quantidade para acelerar seu crescimento.
Ainda segundo o autor, esse obstáculo é observável na série histórica de resultados do
Programme for International Student Assessment (Pisa), em português, Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes. O Brasil participou da prova de 2009 e, de acordo
com os resultados, 61% dos alunos no Brasil têm fraco aproveitamento em ciência, o que
pode significar que, na melhor das hipóteses, eles podem apresentar explicações científicas

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que são óbvias. Poucos alunos (0,3%) no Brasil têm o melhor desempenho em ciência, o que
pode significar que eles podem identificar, explicar e aplicar o conhecimento científico e o
conhecimento sobre a ciência em uma variedade de situações de vida complexas.
Apesar de sua grande importância em nossa cultura e do interesse pela ciência e
tecnologia de nossa população, o conhecimento científico que é apresentado nas escolas não
reflete nenhum dos aspectos da ciência como desenvolvimento humano, nem desperta a
curiosidade, muito ao contrário, a tradição do ensino científico obriga os alunos a memorizar
os conhecimentos já comprovados, que não são usados nem nas próprias classes dessa área
(CARVALHO, 2007, p. 27).

METODOLOGIA
Como se trata de um estudo na área da educação, desenvolvemos uma pesquisa de
cunho qualitativo e, para atingirmos nossos objetivos, desenvolvemos uma pesquisa de campo
que, como o próprio nome indica, tem a fonte de dados no próprio campo em que ocorrem os
fenômenos. No caso da pesquisa em educação, o campo são os espaços educativos. Assim,
realizamos este estudo em uma escola pública estadual do município de Ivinhema (MS). Vale
destacar que esta escola é parceira da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS)
de Ivinhema no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), do qual
também participamos como bolsista.
O jogo “Vertetrilha” foi desenvolvido no âmbito das atividades do Pibid da UEMS de
Ivinhema com o objetivo de trabalhar o conteúdo sobre o filo chordata e subfilo vertebrata.
Trata-se de uma trilha em tamanho grande em que os “peões/peças” são representantes das
cinco classes: peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Os alunos são divididos em grupos
para classe e o objetivo do jogo é ser o primeiro que, partindo de uma casa de origem, chega
com seu peão à casa final. Para isso, é necessário responder de maneira correta às perguntas
sobre os vertebrados, devendo-se dar a volta inteira no tabuleiro e chegar antes dos
adversários.
A atividade foi desenvolvida com alunos do 7º ano do Ensino Fundamental durante
uma aula da disciplina de Ciências, cuja professora também é participante do Pibid. Em
seguida, aplicou-se um questionário misto (contendo questões abertas e fechadas) a fim de
identificarmos as impressões dos participantes sobre o jogo.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

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Ao término do jogo, aplicamos o questionário para verificar as impressões dos


participantes: se tinham gostado do método de ensino e quais eram as dificuldades de estudar
Ciências. Ao todo, vinte alunos responderam ao questionário.
Nossa primeira questão procurou identificar se os participantes da atividade gostavam
da disciplina de Ciências. Dezenove alunos afirmaram gostar da disciplina e apenas um aluno
respondeu que não.
Na segunda questão, procuramos saber quais seriam as principais dificuldades para
aprender Ciências. A maioria dos alunos (9) apontou a alternativa “nomes muito difíceis de
decorar” como sendo a principal dificuldade encontrada. Outros alunos (2) apontaram que o
problema pode estar na “falta de recursos didáticos” que facilitem o ensino e o aprendizado.
Outros participantes (6) apontaram sentir falta de ter “aulas práticas” que pudessem
auxiliar na compreensão dos conteúdos, tornando o aprendizado mais fácil e prazeroso. Dos
vinte questionários, quinze classificaram o jogo como “bom”, cinco como “ótimo” e nenhum
aluno disse que era ruim. Quanto às questões sobre os vertebrados feitas durante o jogo,
dezessete alunos responderam que eram de nível “médio” de dificuldade, dois apontaram ser
“fácil” e um “difícil”.
Quando questionados sobre o fato de seus conhecimentos serem testados de outra
forma, a maioria dos alunos respondeu que gostou, afinal, era uma maneira descontraída e
diferente, principalmente por estarem brincando e aprendendo ao mesmo tempo. Alguns
alunos citaram que tinham um pouco de dificuldade de aprender e, com o jogo fácil e
divertido, as dúvidas que tinham estavam sendo esclarecidas e novos conceitos estavam sendo
aprendidos. Doze alunos disseram que passaram a entender melhor o conteúdo depois do
jogo, e oito disseram que o jogo não ajudou muito.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Utilizar um jogo didático na aula de Ciências se mostrou uma experiência muito
promissora e demonstrou que pode ser possível a sua utilização para favorecer o processo de
ensino e aprendizagem. No entanto, sabemos que o jogo não pode ser usado para substituir as
aulas convencionais, mas para atuar como uma metodologia de apoio ao professor, pois sua
simples utilização não garante a aprendizagem dos conteúdos. Nesse caso, é preciso haver
uma preparação antecipada do professor, permitindo que os alunos entendam o verdadeiro
significado do jogo e não o vejam como um mero passatempo.

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De acordo com os resultados, concluímos que os jogos didáticos poderiam ganhar


mais espaço na prática pedagógica dos professores de Ciências. Esperamos que o jogo
“Vertetrilha” não apenas tenha contribuído para favorecer o aprendizado, mas também para
mostrar aos professores a importância dessa metodologia, motivando a elaboração de novos
trabalhos no ensino de Ciências.

REFERÊNCIAS
CACHAPUZ, A. et al. (Orgs.). Necessária renovação do ensino de ciências. São Paulo:
Cortez, 2005.
CAMPOS, L. M. L.; BORTOLOTO, T. M.; FELÍCIO, A. K. C. A produção de jogos
didáticos para o ensino de ciências e biologia: uma proposta para favorecer a aprendizagem.
Cadernos dos Núcleos de Ensino, São Paulo, p. 35-48, 2003. Disponível em:
<http://bit.ly/2qSOP0H>. Acesso em: 27 jul. 2017.
CARVALHO, A. M. P. Habilidades de professores para promover a enculturação científica.
Contexto & Educação, Ijuí, v. 22, n. 77, p. 25-49, jan./jun. 2007. Disponível em:
<http://bit.ly/2v3wjoX>. Acesso em: 27 jul. 2017.
CUNHA, N. H. S. Brinquedo, desafio e descoberta. Rio de Janeiro: FAE, 1988.
KRASILCHIK, M. Prática de ensino de biologia. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2008.
MARQUES, F. Gargalo na sala de aula. Revista Pesquisa Fapesp, São Paulo, n. 200, p. 32-
38, out. 2012. Disponível em: <http://bit.ly/2tNSwYU>. Acesso em: 27 jul. 2017.

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