EspoCo Critico Da Recente Historiografia. A Independencia Brasileira. Malerba Jurandir. 2006.
EspoCo Critico Da Recente Historiografia. A Independencia Brasileira. Malerba Jurandir. 2006.
EspoCo Critico Da Recente Historiografia. A Independencia Brasileira. Malerba Jurandir. 2006.
de, por sua vez, do foco de cada abordagem. Os movimentos insurrecionais da se-
gunda metade do século XVIII, entre os quais se destaca a Inconfidência Mineira,
guardariam ou não alguma relação de continuidade com o processo separatista for-
malmente consolidado em 1825?
É debate antigo determinar qual teria sido o "caráter" da independência, se
conservadora, reformista ou revolucionária. Em outras palavras: o que haveria de
ruptura e o que de continuidade no processo de independência? Q u a n t o à inserção
do Brasil no contexto internacional da chamada "crise do antigo sistema colonial",
interpretações consagradas sobre os efeitos dessa crise no processo de independên-
cia vêm sendo ultimamente constestadas. O processo político foi razoavelmente
escrutinado, mas as novas abordagens derivadas do cultural turn na historiografia
têm permitido aos historiadores aquilatar melhor a significância de outros fatores
decisivos e até recentemente negligenciados. Por exemplo, que peso se deve atri-
buir às radicais transformações culturais geradas pela abertura de 1808 e pelo afluxo
de levas de migrantes de todos os pontos? O u às transformações civilizacionais
vividas pela população do Rio de Janeiro, geradas pela presença e pelas demandas
do rei na arte, na ciência, na educação, nas melhorias urbanas? Atesta-o a criação
do que se poderia chamar de uma "esfera pública" — ou pelo menos o surgimento
de uma opinião pública — , de que é rico testemunho o caloroso debate na im-
prensa nascente.
Novas dúvidas foram levantadas sobre o caráter dos movimentos insurrecionais
ocorridos durante os anos da independência. O período de turbulências regionais
que se seguiu à abdicação de d. Pedro I levou alguns a concluírem que a independên-
cia não estaria totalmente completada senão a partir do desmantelamento dos movi-
mentos contestatórios da primeira metade do século XIX, confundindo-se aqui in-
dependência com construção da nação. Este é um ponto controverso, que aguarda
mais pesquisa e debate. O mesmo pode ser dito do papel desempenhado por parti-
dos e ideologias no contexto da independência.
Se um longo caminho foi percorrido no entendimento das relações entre o movi-
mento de restauração de 1820 em Portugal e a independência do Brasil, o papel desem-
penhado pelo rei e sua casa dinástica foi praticamente ignorado pela historiografia nas
últimas três décadas, como se as interpretações dos antigos historiadores nos bastassem
ainda hoje. Novos estudos apareceram sobre a ação de grupos organizados, como a
maçonaria, por exemplo, ou sobre a participação popular no movimento de indepen-
dência. Essa ênfase na história das classes subalternas é outro desdobramento do cultu-
ral turn iniciado nos anos 1960. Esta última questão sobre a participação popular na
independência, sequer levantada até uma geração atrás, é caríssima à historiografia
E s b o ç o crítico da recente historiografia sobre a independência d o Brasil 21
social mais recente e longe está de ser resolvida. Como agiram ou reagiram os grupos
sociais nas diferentes províncias?
Velhas questões que pareciam esgotadas e que insistem em reabrir, como feridas
que não cicatrizam. Pois o tema da independência ainda divide opiniões históricas e
nutre paixões políticas. A história é viva.
Vejamos a seguir que tratamento receberam da historiografia algumas dessas
questões nas duas últimas décadas. 1
N o levantamento que fiz da historiografia da independência, 2 dividi essa pro-
dução em cinco períodos, assim didaticamente distribuídos:
1
Elaborei u m primeiro ensaio sobre a riqueza crítica d a historiografia da independência em Malerba, 2 0 0 4 .
Para escrever o texto que se segue beneficiei-me g r a n d e m e n t e de Costa, 2004. U m excelente balanço crítico
da historiografia americana (e brasileira!) sobre a independência d o Brasil encontra-se em Kraay, 2 0 0 4 . Estes
dois últimos ensaios estão e m vias de publicação nos anais do Seminário Internacional Independência do
Brasil: História e Historiografia, realizado na U S P e m 2003.
2
Trata-se de pesquisa e m a n d a m e n t o na qual se incluem tão-somente obras históricas cujo objeto é o proces-
so de emancipação política d o Brasil, não abordando, portanto, outros gêneros, c o m o literatura ficcional,
livros didáticos, histórias gerais etc.
3
Ver Lima, 1945.
4
Ver Varnhagen, s.d. Pronta desde 1877, a História da independência foi publicada p o s t u m a m e n t e apenas
em 1916, por iniciativa do I H G B , já no marco das comemorações d o primeiro cencenário.
22 A independência brasileira
com Oliveira Lima assiste-se à inclusão de aspectos sociais e culturais decisivos para o
processo de independência, até então negligenciados no debate historiográfico. 5
O quadro anterior permite perceber claramente que a produção histórica sobre
a independência tem dois momentos fortes no século XX, nos anos que precedem e
sucedem, respectivamente, as efemérides do centenário oficial (1922) e do
sesquicentenário (1972), quando um volume imenso de títulos veio a lume. Essas
duas datas — ou as efemérides em torno delas — imantam a produção historiográfica
e definem a periodização mais ou menos arbitrária que construí com objetivos mera-
mente heurísticos. Os meados do século XX assistiram a uma relativa desaceleração
dessa produção, que marcou igualmente os anos 1980. Na década de 1990, sobretu-
do a partir de sua segunda metade, nota-se uma significativa expansão dos estudos
históricos sobre a independência. O foco da presente análise é justamente essa pro-
dução mais recente, desde o início da década de 1980 até 2002. 6
E m b o r a sua qualidade aguarde ainda avaliação mais cuidadosa, o boom
historiográfico dos anos 1970 registrou a publicação de mais títulos sobre o tema da
independência do que toda a produção precedente. Comparativamente às décadas
de 1960 e 1970, muito pouco foi produzido durante os anos 1980. Basta lembar
que, entre os 79 títulos inicialmente encontrados entre 1980 e 2002, há inúmeras
reedições, de modo que a bibliografia efetivamente nova contabilizada reduz-se a 66
títulos, seis dos quais publicados pela Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasi-
leiro. Dos 60 volumes restantes, apenas três datam da década de 1980 7 e somente 11
são anteriores a 1995. O u seja, a maioria esmagadora da produção historiográfica
sobre a independência nas duas últimas décadas, cerca de 85% dos títulos, concen-
tra-se no último lustro do período.
Essa produção dos últimos 20 anos será o foco da análise a seguir. Deixemos de
lado, por um momento, as razões de tal fenômeno, da eclosão desse boom sobre a
independência, e olhemos para o que tem sido .publicado. Q u e questões têm instiga-
3
Cabe o registro, contudo, que D. João VIno Brasil, de Oliveira Lima, embora fundamental para o entendi-
mento da independência, centra-se no período joanino. Seu O movimento da independincia pode ser incluído
na mesma linhagem interpretativa que marca o século XIX.
® A endossar meu argumento de uma crescente retomada de interesse sobre a independência, o qual levou a
um relativo boom no último lustro, estão os dois eventos realizados em 2003 sobre o tema. O history workshop
New Approaches Co Brazilian Independence, realizado na Universidade de Oxford, em 29 e 30 de maio, patro-
cinado pelo Centre for Brazilian Studies daquela instituição (o conjunto de ensaios reunidos nesta coletânea
é fruto daquele debate), e o Seminário Internacional Independência do Brasil: História e Historiografia,
realizado em setembro pela USP, evento de grandes dimensões que reuniu cerca de 40 especialistas de vários
países.
7
Todos de autores não-brasileiros: ver Barman, 1988; Proença, 1999; e Silva, 1988.
Esboço crítico da recente historiografia sobre a independência do Brasil 23
Nação
8
Kennech Maxwell, por exemplo, entende a Inconfidência Mineira como um movimento nacionalista. Em
Maxwell (1986:142 e segs.) propôs-se a pensar a seguinte questão: "Mas por que é que, em fins do século
XVIII, Minas Gerais foi a base do primeiro movimento autenticamente nacionalista da América portuguesa?
Uma revisão minuciosa da historiografia da inconfidência desde o século XDC encontra-se em Furtado, 2002.
9
Ver Novais e Mota, 1996:13.
10
Ver Lyra, 1995.
24 A independência brasileira
11
Cf. Jancsó, 2003.
12
Ver Silva, 1999. Sobre o papel do "patriarca", ver também uma compilação de documentos em Dolhnikoff,
1998.
Esboço crítico da recente historiografia sobre a independência do Brasil 25
Outros trabalhos recentes admitem o surgimento da nação antes ou durante o processo de independência.
Cf. Fernandes, 2000.
14
Ribeiro, 2002.
15
Bueno, 1978. Ver também Meneses, 1977a, 1977b e 1977c; e Saes, 1985.
26 A independência brasileira
16
Ribeiro, 2002:19.
' ' Graham, 2001. Origmariamente publicado como Constructing a nation in nineteenth-century Brazil:
old and newvisions on class, culture, and che Scate. The Journal ofthe HistoricalSociety, v. 1, n. 2/3, p. 17-56,
2001. Utilizarei as citações da tradução brasileira.
Esboço crítico da recente historiografia sobre a independência do Brasil 27
Com Sérgio Buarque de Holanda e, em sua linha, (Maria Odila da Silva Dias e
José Murilo de Carvalho 18 a historiografia começou a atentar para a complexidade
daquele fenômeno histórico, a partir da apropriada consideração, nele, de aspectos
correlatos que devem ser inseridos na análise da independência, como a construção
do Estado imperial e a formação da nação brasileira. Pode-se datar do texto de Maria
Odila Dias o início das periodizações que, guardando aquelas referências, estendem
o processo de independência até 1848 e além.
Em texto recente, István Jancsó e João Paulo Pimenta enveredam por tais emba-
tes historiográficos. A partir da análise dos discursos dos deputados brasileiros nas
cortes constituintes de Portugal, os autores procuram demonstrar a complexidade do
fenômeno de emergência de uma "identidade nacional", como se prefigura na dife-
renciação conceituai dos termos pátria, país e nação, veiculados naqueles discursos.
O primeiro estaria mais vinculado ao lugar de origem; "país" eqüivaleria à unidade
envolvente dessas províncias; "nação" seria um conceito mais fugidio, pois escaparia de
país e pátria. Uma nação "brasileira" inexistia ainda quando das cortes constituintes.
Jancsó e Pimenta argumentam que o processo de construção da nação — e, por
extensão, de consolidação da independência — se arrasta por pelo menos toda a
primeira metade do século XIX, ou até pouco mais além, como corroboram os mo-
vimentos insurrecionais eclodidos nas províncias. Sua hipótese é de que a instauração
do Estado brasileiro precede a difusão de um "espírito ou sentimento nacional"
(a expressão é minha), pois convive, de início, com um feixe amplo de diferenciadas
identidades políticas, com trajetórias próprias e respectivos projetos de futuro.
Os autores afirmam, com propriedade, que não se pode reduzir o processo de
formação do Estado à "ruptura unilateral do pacto político que integrava as partes da
América no império português".
Os autores indicam em nota, com acerto, que foi obra da historiografia impe-
rial, em meio às crises recorrentes de afirmação do Império, procurar conferir ao
18
Holanda, 1970; Dias, 1972; e Carvalho, 1981 e 1988.
15
Jancsó e Pimenta, 2000:132 e segs.
28 A independência brasileira
Estado uma idealizada sustentação por meio do "resgate" do seu passado imediato,
do que resultou a elaboração do mito da "fundação tanto do Estado como da nação"
a partir do rompimento com Portugal. 20
Se atrelarmos a independência ao processo de consolidação da formação da na-
cionalidade brasileira, pode-se encontrar argumentos para afirmar que a independên-
cia é até hoje, parafraseando Carlos Guilherme Mota, uma "viagem incompleta". T ê m
razão autores como Maria Odila da Silva Dias, limar Mattos e todos aqueles elencados
por Jancsó e Pimenta, ao compreenderem que a construção da nação é^grg€esso_que se
arrasta, pelo menos, por praticamente toda a segunda metade do século XIX. Mas este
não pode se confundir com a formação do Estado ,£, menos ainda, com a independên-
cia do Brasil de Portugal, o processo da emancipação política brasileira. E é esse o proces-
so que nos interessa. A questão para a qual aqui se busca resposta é: por que aconteceu,
do modo e no momento em que se deu, a separação de Portugal e Brasil?
Unidade
20
E apontam para as correntes historiogríficas que sustentaram as múltiplas possibilidades históricas inscri-
tas no momento do surgimento do Estado livre brasileiro, desde Caio Prado Jr. (1983) até hoje. A historio-
grafia da formação do Estado e da nação no Brasil recebeu recentemente contribuições de alta qualidade,
acrescidas aos crabalhos já clássicos de Sérgio Buarque de Holanda (1970) e de Maria Odila Leite da Silva
Dias (1972) ou limar R. de Mattos (1987). Tal historiografia revelou a alta complexidade do tema. U m
balanço dessas perspectivas encontra-se em Jancsó e Pimenta (2000:131-175), e na coletânea citada (Jancsó,
2003), que reúne os ensaios apresentados em congresso homônimo. Ver também Berbel, 1999; Souza, 1999;
Barman, 1988; Santos, 1992; e Oliveira, 1999, entre outros.
Esboço crítico da recente historiografia sobre a independência do Brasil 29
21
Melo, 2001:16 e segs.
22
"É conhecida a antipatia de Varnhagen pela República de 1817, a cujo respeito confessa na História do
Brasil teria preferido silenciar, o que fará na História da Independência. Malgrado essa aversão, ele absteve-se
de caracterizá-la de separatista, cônscio provavelmente de que constituiria anacronismo criticá-la por isto,
quando o que existia então não era a unidade nacional, mas a unidade do Reino Unido de Portugal, Brasil e
Algarves proclamado em 1815" (Mello, 2001:19). Evaldo Cabral de Mello desenvolveu sua "desconstrução"
da versão saquarema da independência em seu novo livro (ver Mello, 2005). O trabalho de Denis Bernardes
(2002) vem também contribuindo significativamente para a revisão do papel de Pernambuco no processo de
independência.
23
Andrade, 1999:60.
30 A independência brasileira
(...) no tempo do rei velho o país parecia organizado como uma "espécie de fede-
ração, embora a unidade nacional devesse, ao contrário, ser mais favorável aos
progressos de toda ordem". Essa unidade, que a vinda da corte e a elevação do
Brasil a reino deixara de cimentar em bases mais sólidas, estará ao ponto de esface-
lar-se nos dias que imediatamente antecedem e sucedem à proclamação da Inde-
pendência. Daí por diante irá fazer-se a passo lento, de sorte que só em meados do
século pode dizer-se consumada.
Evaldo Cabral de Melo endossa a mesma tese, assim como Graham, no ensaio
já mencionado. Para este último, reiterando proposição clássica de Oliveira Lima, a
chegada da corte representou um marco definitivo da independência do Brasil. Mas
o "Brasil", em si, sequer existia. De acordo com Graham, independentemente do
desejo de liberdade que nutriam as pessoas das diferentes províncias em relação a
Portugal, a ninguém agradava a idéia do poder centralizado no Rio de Janeiro.
A unidade, nas colônias, não era assegurada por qualquer suposta identidade
nacional, mas pela eficácia da burocracia de Estado metropolitana, conforme de-
monstraram Afonso Carlos Marques dos Santos (1992:141). e István Jancsó
(2002:10).
Enfim, compartilho da periodização proposta por Sérgio Buarque de Holanda,
corroborada por Evaldo Cabral de Melo, que distingue a independência, entendida
como processo de emancipação política (que se pode situar entre 1808 e, no máxi-
mo, 1831), do processo de construção do Estado imperial (que, sem dúvida, se inicia
nesse interregno, com as atividades da Assembléia Constituinte em 1823, a outorga
da Carta em 1824 e a aprovação do Código Criminal em 1830 2 4 ) e da formação de
uma nacionalidade brasileira, esta ainda mais posterior. N ã o obstante, concordo em
que tais processos são umbilicalmente ligados e que a independência não estaria
consolidada antes da finalização da construção do Estado (vale lembrar que o Códi-
go Comercial, simulacro de um Código Civil que só aconteceu na República, é de
24
Para uma contextualização desses primórdios da estruturação do Estado imperial, ver Carvalho, 1981 e
1988; Malerba, 1994; e Saes, 1985.
Esboço crítico da recente historiografia sobre a independência do Brasil 31
1850 25 ) e da difusão de uma concepção de nação (muito beneficiada por nosso ro-
mantismo nativista).
Periodização
O olhar mais atento aos registros da imprensa ou aos discursos políticos sobre os
acontecimentos de 1822, e sobre as repercussões ocorridas na sociedade da época,
25
Saul, 1989.
26
Rodrigues, 1975, v. 3, p. 255.
32 A independência brasileira
"Caráter" da independência
Ora, colocada a questão nessa dicotomia, fica de fora um terceiro caminho, que
precisamente nos parece o mais acertado: encarar a independência como momento
inicial de um longo processo de ruptura, ou seja, a desagregação do sistema colonial
e a montagem do Estado nacional.
27
Cf. tese de doutorado de Kirsten Schultz pela N Y U em 1998, publicada como Schultz, 2001; Souza,
1999; Schwarcz, 1998; Sleiman, 2000; Malerba, 2000; e Lopez, 2001.
28
Holanda, 1970:13, grifo meu.
34 A independência brasileira
Mas há uma face oculta nesse ponto. Aceitando-se que d. João tenha sido
desafiado quanto às dimensões de seu poder pelos vintistas, pode-se entender a
independência do Brasil como um m o m e n t o dessa queda-de-braço. O s liberais de
1820 deflagraram um verdadeiro golpe de Estado contra o rei. ao lhe imporem a
aceitação de uma Constituição ainda por ser feita e seu retorno incondicional ao
reino, assim como a retomada da pauta de discussões sobre as relações bilaterais
entre Brasil e Portugal. 29 Por seu turno, o contragolpe do rei foi desferido contra as
cortes vintistas, um verdadeiro "contragolpe" de Estado, ao aceitar a Constituição
e o retorno, mas mantendo o príncipe herdeiro no Brasil. Esse ato sinalizou clara-
mente que o custo do acinte dos revolucionários vintistas seria a perda definitiva
da colônia, um preço caríssimo para os portugueses. Por outro lado, d. Pedro era
herdeiro de d. João e, morrendo o pai, ironicamente corria Portugal o risco de ser
colonizado pelo filho.
Até" então as discussões caminhavam bem, no sentido da construção de um
novo império liberal transoceânico. A pressão dos grupos brasileiros para a perma-
nência do príncipe e a ferrenha oposição a esta por parte das cortes de Lisboa podem
ser tomadas como o turning point da separação. A partir daí as possibilidades de
entendimento tornaram-se cada vez mais distantes. A partir daí, também, a capaci-
dade de arregimentação e liderança de Bonifácio foi decisiva para a unificação dos
discursos dos diversos grupos de interesses localizados no Brasil e, doravante, reves-
tiu-se o príncipe de papel político que até então lhe era totalmente estranho. A
simbologia construída em torno do "Fico" serve-lhe de testemunho.
Um segundo momento, este sim derradeiro, deu-se nos embates dentro das
cortes em Lisboa. Em certo sentido, faz nexo a afirmação de Maxwell (1986:387) de
que "o verdadeiro movimento pela independência da colônia verificou-se na Europa,
e foi ele a revolução portuguesa de 1820". Foi a ela que d. João respondeu com um
golpe de Estado, franqUéãnclõ a independência às elites brasileiras com o preço de
manter-se a coroa em sua casa.
Embora não se tratasse mais de restaurar a antiga condição colonial, completamente intangível naquele
momento, como provam as pesquisas mais recentes de Márcia Berbel.
Esboço crítico da recente historiografia sobre a independência do Brasil 35
Camadas populares
Leslie Bethell (1985:166 e segs.) já afirmara certa vez que a independência foi
obra das elites, de segmentos superiores oriundos de ambos os lados do Atlântico.
Trata-se de questão fartamente trabalhada pela historiografia, mas que, ainda sim,
gera controvérsias.
Contundente — e menos simpático em função de seu aspecto aparentemente
conservador — é o entendimento de Manuel Correia de Andrade (1999:63) de que
"o povo não usufruiu das conquistas da Independência, pois foi um movimento de elites
para elites". Conforme mencionado anteriormente, José Honório Rodrigues designa
como ortodoxos e conservadores os historiadores que datam o início da independên-
cia ao tempo da chegada da corte ao Brasil. Tal entendimento negaria o caráter revo-
lucionário da guerra da independência, deixando prevalecer o papel desempenhado
por d. João e o decorrente caráter elitista e conciliatório do movimento. Contrarian-
do os rótulos de José Honório Rodrigues, diria que conservador não é o historiador
36 A independência brasileira
que atribui peso à obra de d. João, nem quem relativiza o papel desempenhado pelo
povo. Conservador foi o processo em si.30^
Mas o assunto é polêmico e, nas duas últimas décadas, não se avançou muito no
conhecimento do papel desempenhado pelas classes populares — escravos, libertos,
homens livres pobres — no processo de independência. Por exemplo, os esforços de
Gladys Sabina Ribeiro no sentido de enquadrar a participação popular no movimen-
to de independência acabam pintando o cenário com tintas estranhas ao quadro. Em
seu A liberdade em construção, a autora procura situar a participação do "povo", que
sempre surge em seu texto entre aspas e em caixa alta. Mas definir quem era esse
"povo" torna-se tarefa malgrada. Vê-se nos documentos de época "o povo" assinar
manifestos, posicionando-se contra ou a favor a independência, o povo contra o
povo. Falta saber quem escrevia em nome do povo!
O "Povo" tinha bastante nitidez quanto aos seus objetivos e sabia as potencialida-
des do país, lançando da mesma forma mão da ameaça. (...) O "Povo" era por
demais organizado. Tinha em mente, principalmente, os problemas econômicos,
que podiam abalar a "segurança" e a "prosperidade" do Reino.
Gladys Ribeiro (2002:38 e segs.) acaba por concluir que o "Povo" era o "partido
brasileiro", que pugnava pela preservação da unidade pela via monárquica e constitu-
cional.
Já os estudiosos da escravidão avançaram um passo largo na mesma problemática.
Em ensaio muito citado, publicado em 1989, João José Reis analisa a participação dos
negros nas lutas pela independência na Bahia. Para Reis, além dos tradicionais parti-
dos políticos, outros agentes disputavam interesses nas lutas da independência. E o
caso dos escravos, que a viam como uma possibilidade de alcançar sua alforria. A
indeterminação posterior ao contexto turbulento da revolução do Porto, que na Bahia
gerou forte reação militar ao 7 de setembro por parte das tropas portuguesas, possi-
bilitou o surgimento de um cenário tal que permitiu aos escravos participarem de
discussões sobre questões candentes como liberdade política. Sem dúvida, em suas
pesquisas pioneiras sobre os caminhos da liberdade no Brasil escravista, João José
Essas linhagens historiográficas, uma que entende a independência como processo revolucionário e outra
que não, perduram. Na linha de Honório Rodrigues, ver Diégues (2004). Nessa obra, a independência é
analisada pelo viés da estratégia e da guerra e, nela, se encontra a ação de Bonifácio, rejeitando o "mito"de
uma independência incruenta.
Esboço crítico da recente historiografia sobre a independência do Brasil 37
Esse é ponto central para mim. O ensaio de Kraay trata com propriedade a
questão de como a independência, indiretamente, pela via do recrutamento (ou por
outras vias mais sutis, como a boataria, o imaginário) mexeu com assuntos delicados
como a condição dos cativos e os horizontes de liberdade que a guerra suscitara. Mas
avia contrária não faz parte de seu objeto, nem de outros estudos que eu conheça: em
que medida a escravidão, enquanto instituição, e os escravos, enquanto grupo ou classe
social, contribuíram -para o processo de independência do Brasil ante Portugal?. Isso é
muito diferente de se analisar os vários grupos sociais ou camadas populares à época
da independência, ou como a independência incidiu em suas vidas. Sem dúvida, os
trabalhos de autores como Reis, Kraay e Luiz Geraldo Santos da Silva33 contribuem
31
Cf. Reis, 1989:79-98. Para uma abordagem mais ampla do papel da Bahia no processo da independência,
ver Wisiak, 2001.
32
Kraay, 2002.
33
Ver os capítulos 10, de Kraay, e 11, de Silva, neste livro.
38 A independência brasileira
O "sentido" da independência
Nas próximas duas seções vou tentar sintetizar, numa abordagem ampla, o que
me parece ser o mote que fez avançar as interpretações sobre a independência e o
caminho a seguir para continuar esse avanço. Nesse sentido, talvez seja necessário um
deslocamento do eixo da discussão do plano historiográfico para u m plano um pou-
co mais estritamente teórico.
Não parece exagero afirmar que o enquadramento teórico predominante e mais
influente na historiografia da independência, pelo menos desde os anos 1960, é aquele
derivado da abordagem de Caio Prado Jr. Partindo de um ponto de vista marxista,
ele procurou entender o "sentido" da colonização, inserindo a história do Brasil n u m
contexto senão planetário, pelo menos ocidental. A história do Brasil explicar-se-ia,
nessa ótica, como um derivativo da história européia, no contexto da expansão do
capitalismo comercial. Nessa tese jaz a base das teorias da dependência.
Quem melhor definiu a independência a partir dessa perspectiva foram Fernando
Novais e Carlos Guilherme Mota, no já clássico 1822: dimensões, organizado por
Mota (1972). Para os professores da USP, é a subordinação do Brasil a um sistema
econômico mundial, unificado sob o capitalismo comercial, que dá sentido ao curso
da independência.
(...) qualquer estudo que vise uma síntese compreensiva da emanciapação política
da América portuguesa [deve] situar o processo político da separação colônia-
metrópole no contexto global de que faz parte, e que lhe dá sentido-, e, só então,
acompanhar o encaminhamento das forças em jogo, marcando sua peculiaridade.
(Novais e Mota, 1996:17, grifo meu)
tigo Regime são dois aspectos derradeiros, são o pano de fundo da cena histórica.
Para usar a metáfora teatral, o pano de f u n d o enquadra, estabelece os limites em que
agem os personagens, mas absolutamente não lhes determina as falas e ações. É um
equívoco teórico procurar explicar um fenômeno eminentemente político com ex-
plicações macroestruturais de longa duração. E usar a ferramenta errada, como atirar
um míssil para derrubar uma ave. A política, como ensinou Gramsci (1975), é o
lugar da luta dos grupos e indivíduos, onde projetos e desejos individuais e coletivos
digladiam-se por estabelecer uma hegemonia. Se fôssemos buscar as razões (o senti-
do, por que não?) da independência em movimentos estruturais de longa duração,
poderíamos então atribuí-la à queda do Império romano, precursora da formação da
sociedade feudal, da qual a crise do Antigo Regime marca o ocaso.
Trata-se de uma interpretação engessada em quadros interpretativos de ferro,
que retiram do processo histórico toda a cor e todo o brilho das relações sociais
vividas pelos agentes. U m processo eminentemente social e político torna-se uma
derivação de um macroprocesso econômico. O conceito de "sistema", com seus me-
canismos, deságua numa estrutura rígida, como o autômato de Walter Benjamin 34
ou as maquinarias com que T h o m p s o n (1978) ironizou Althusser:
' Benjamin, 1992:245-255. U m a excelente interpretação das "teses" de Benjamin encontra-se em Cardoso
Jr., 1996:51-60.
40 A independência brasileira
35
Tal interpretação influenciou enormemente e continua a influenciar a historiografia brasileira. Ana Rosa
C. Silva (1999:160 e 167) é u m exemplo, entre vários.
36
Ver Braudel, 1985; e Wallerstein, 1979, 1984 e 1989.
3/
A bibliografia sobre o problema das master narratives é imensa. Uma boa compilação do debate é Roberts,
2001. Ver também Rüsen, 1996. As críticas de historiadores e filósofos pós-modernos e pós-colonialistas
tratam diretamente do assunto. Ver Crowell, 1998; Klein, 1995; e Nandy, 1995.
Esboço crítico da recente historiografia sobre a independência do Brasil 41
38
Jancsó, 2002:6.
39
Silva, 1986, v. 8, p. 405. Também Lyra, 1994:193; e Silva, 2000:291 e segs.
42 A independência brasileira
40
Leite, 2000:52 e segs., grifo meu.
Esboço crítico da recente historiografia sobre a independência do Brasil 43
tão. O manuseio desse tipo de fontes (periódicos e panfletos) não pode prescindir do
imperativo da dúvida pirrônica. Não é possível se aproximar do contexto de enunciação
de seu sentido sem se duvidar, a princípio, do teor do que é veiculado, único modo
de se evitar o chamado "fetichismo do objeto". As idéias, numa guerra, são armas que
são utilizadas conforme o calor da batalha — e o historiador tem que ter o distancia-
mento crítico necessário para não se deixar convencer pela retórica da época. O fato
de que pessoas se diziam republicanas, ou mesmo por vezes defendiam em panfletos
teses "libertárias", não faz daquelas pessoas republicanos ou libertários. Nesse parti-
cular, foi Isabel Lustosa quem melhor apreendeu o sentido das práticas de jornalistas
e panfletários na época da independência.
O maior grau de adesão do auditório ao que se discursa faz parte dos méritos do
bom orador, independentemente do maior ou menor grau de verdade contido na
mensagem que se propõe transmitir. (...) Tal como o pregador do alto do seu
púlpito, encarando sua platéia e apurando a garganta para soltar a voz, o jornalisrta
defronte da escrivaninha apontava sua pena de pato e pensava na reação de quem
iria ler as linhas que lançaria sobre o papel. Seu objetivo, principalmente naquele
momento em que se dividiam tão radicalmente as opiniões, era ganhar para sua causa
o público leitor.:41
41
Cf. Lustosa, 2000:422, grifo meu.
44 A independência brasileira
Por fim, duas palavras sobre o que este ensaio inclui e omite. Conforme procu-
rei mostrar, na última década os estudos sobre a independência avançaram significa-
tivamente no que respeita à discussão sobre nação, no conhecimento das implicações
do período joanino sobre a independência, a composição social dos partidos e facções
políticas, os debates nas cortes de Lisboa, o debate político na imprensa, sobre as di-
mensões simbólicas do poder e, em alguma medida, no conhecimento da participação
das camadas populares no processo, particularmente no que se refere aos escravos.
As lacunas mais notáveis deste ensaio refletem as próprias opções e exclusões da
historiografia que ele analisou. Nesse sentido, parece-me que, nos próximos anos, os
historiadores da independência deverão se voltar para esses e outros temas ultima-
mente neglicenciados. Assim, necessita-se de mais pesquisas sobre a participação
popular na independência. O papel diferenciado das diversas províncias, particular-
mente Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Pará, merece maior atenção. Talvez
em função do cultural turn nos estudos históricos nos últimos anos, muito pouco se
avançou em campos mais "tradicionais", mas igualmente importantes, como, por
exemplo, na história militar do período. Do mesmo modo, a história diplomática,
particularmente no que se refere ao papel desempenhado pela Grã-Bretanha no pro-
cesso de emancipação política brasileira, aguarda maiores avanços. Por fim, o desco-
nhecimento mútuo das historiografias brasileira e hispano-americanas persiste e muito
investimento em pesquisa e intercâmbio acadêmico ainda tem que ser feito para se
construir um quadro amplo do processo de independência na América Latina. Aná-
lises comparativas entre o m u n d o hispânico e a América portuguesa praticamente
inexistem. 42
Bibliografia
ALENCASTRO, Luís Felipe de (Org.). Império: a corte e a modernidade. São Paulo: Compa-
nhia das Letras, 1997. 523p. (História da vida privada no Brasil, 2).
42
Lacuna a ser minimizada com o texto de Anrhony McFarlane que compõe o capítulo 12 deste livro.
46 A independência brasileira
BETHELL, L. The independence of Brazil. In: BETHELL, L. (Ed.). The Cambridge history of
Latin America, v. III: From independence to c.1870. Cambridge: Cambridge University Press,
1985.
BRAUDEL, Fernand. Civilización material, economiay capitalismo; siglosXV-XVIII. Madrid:
Alianza, 1985. 3v.
BUENO, José Antônio Pimenta. Direito público brasileiro e análise da Constituição do Impé-
rio. Brasília: Senado Federal, UnB, 1978.
CAMARGO, Ana Maria de Almeida; MORAIS, Rubens Borba de. Bibliografia da Impressão
Régia. São Paulo: Kosmos, Edusp, 1993. 2v.
CARDOSO JR-, Hélio. Tempo e narrativa histórica nas "Teses" de W. Benjamin. In:
MALERBA, J. (Org.). A velha história, método e história. Campinas: Papirus, 1996. p. 51-60.
CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial. Brasília: UnB,
1981.
. Teatro de sombras: a política imperial?^Ao Paulo: Vértice; Rio de Janeiro: Iuperj,
1988.
CAVALCANTE, Berenice. José Bonifácio: razão e sensibilidade, uma história em três tempos.
Rio de Janeiro: FGV, 2002.
CHAVES, Joaquim. O Piauí nas lutas de independência do Brasil. Teresina: Fundação Cultu-
ral Monsenhor Chaves, 1993. 180p.
COELHO, Geraldo Mártires. Anarquistas, demagogos e dissidentes: a imprensa liberal no Pará
de 1822. Belém: Cejup, 1993.
COSTA, Sérgio Corrêa da. As quatro coroas de d\ Pedro I. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
Esboço crítico da recente historiografia sobre a independência do Brasil 47
COSTA, Wilma Pereza. A independência na historiografia brasileira. São Paulo, 2004. ms.
CROWELL, Steven G. Mixed messages: the heterogenity ofhistorical discourse. History and.
Theory, v. 37, n. 2, p. 220-244, May 1998.
DIAS, Claudete Maria Miranda. O outro lado da história: o processo de independência no Brasil,
visto pelas lutas no Piauí— 1789-1850. 1999. Dissertação (Mestrado) — IFCS/UFRJ, Rio
de Janeiro, 1999.
DIAS, Maria Odila Leite da Silva. A interiorização da metrópole (1808-1853). In: MOTA,
C. G. 1822: dimensões. São Paulo: Perspectiva, 1972.
DOLHNIKOFF, Miriam. Projetos para o Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
FAGUNDES, Morivalde Calvet. O grito do Ipiranga: uma fantasia. Caxias do Sul: Educs,
1997.
FERNANDES, Paula Porta Santos. Elites dirigentes eprojeto nacional: afirmação de um corpo
de funcionários do Estado no Brasil. 2000. 259p. Tese (Doutorado) — USP, São Paulo, 2000.
FURTADO, João Pinto. O manto de Penélope; história, mito e memória da Inconfidência Mi-
neira de 1788/89. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. 327p.
GIL, Antonio Carlos Amador. Projetos de Estado no alvorecer do império: Sentinela da Liberda-
de e Typhis Pernambucano — a formulação de um projeto de construção do Estado. 1991. Disser-
tação (Mestrado) — IFCS/UFRJ, Rio de Janeiro, 1991.
GRAHAM, Richard. Construindo a nação no Brasil do século XIX: visões novas e antigas
sobre classe, cultura e Estado. Diálogos, Maringá, v. 5, 2001. Disponível em: <www.dhi.uem.br/
publicacoesdhi/dialogos/volume01/vol5_mesal.html>.
HOBSBAWM, Eric J. The revival of narrative: some comments. Past &Present, n. 86, p. 3-
8, 1980.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. A herança colonial — sua desagregação. In: HOLANDA,
S. B. de. (Org.) História geral da civilização brasileira. São Paulo: Difel, 1970. t. 2, v. 1.
do Amaral (Orgs.). História econômica da independência e do Império. 2. ed. São Paulo: Hucitec,
Edusp, Imprensa Oficial, 2002. y
(Org.). Brasil; formação do Estado e da nação. São Paulo: Hucitec, Unijuí, Fapesp,
2003.
KLEIN , Derwin Lee. In search of narrative mastery: Postmodernism and the people without
history. History and Theory, v. 34, n. 4, p. 275-298, Dec. 1995.
KRAAY, Hendrik. Race, State, and armedforces in independence era in Brazil: Bahia, 1790s-
1840s. Stanford: Stanford University Press, 2001.
LEITE, Renato Lopes. Republicanos e libertários; pensadores no Rio de Janeiro (1822). Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. 332p.
LIMA, Manuel de Oliveira. D. João VI no Brasil (1808-1821). 2. ed. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1945. 3v.
MELO, Evaldo Cabral de. Frei Caneca ou a outra independência. In: MELO, E. C. de (Org.).
Frei Joaquim do Amor Divino Caneca. São Paulo: Ed. 34, 2001.
MENDES, Ricardo Antonio Souza. A conjura baiana: um projeto de nação possível. 1996.
Dissertação (Mestrado) — IFCS/UFRJ, Rio de Janeiro, 1996.
MENESES, Tobias Barreto de. Direito público brasileiro. [1871]. In: A questão do Poder
Moderador e outros ensaios brasileiros. Petrópolis: Vozes, 1977a.
MOTA, Carlos Guilherme (Org.). 1822: dimensões. São Paulo: Perspectiva, 1972.
NANDY, Ashis. Historys forgotten doubles. History and Theory, v. 34, n. 2, p. 44-66, May
1995.
NEVES, Lúcia Bastos Pereira das. Corcundas, constitucionais e pés-de-chumbo: a cultura
da independência (1820-1822). 1992. Tese (Doutorado) — USP São Paulo, 1992.
política
PRADO JR., Caio. Formação do Brasil contemporâneo. 18. ed. São Paulo: Brasiliense, 1983.
PROENÇA, Maria Cândida. A independência .do Brasil. [1987]. Lisboa: Grupo de Trabalho
do Ministério da Educação para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, Colibri,
1999. 128p.
REIS, João José. O jogo duro do Dois de Julho: o partido negro na independência da Bahia.
In: SILVA, Eduardo; REIS, J. J. Negociação e conflito: resistência negra no Brasil escravista. São
Paulo: Companhia das Letras, 1989.
REIS, José Carlos. O sonho de emancipação política e da autonomia nacional. RIHGB, Rio
de Janeiro, n. 401, p. 1671-1696, 1998.
RIBEIRO, Gladys Sabina. A liberdade em construção; identidade nacional e conflitos antilusitanos
no Primeiro Reinado. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 2002. 402p.
Esboço crítico da recente historiografia sobre a independência do Brasil 51
ROBERTS, Geoggrey (Ed.). The history and, and narrative reader. London, New York:
Routledge, 2001.
ROCHA, Antônio Penalves. Introdução. In: José da Silva Lisboa, visconde de Cairu. São Pau-
lo: Ed. 34, 2001.
SAES, Décio. A formação do Estado burguês no Brasil (1881-1891). Rio de Janeiro: Paz &
Terra, 1985.
SCHWARCZ, Lilia M. As barbas do imperador. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
SIERRA Y MARISCAL, Francisco de. Idéias sobre a revolução do Brasil e suas conseqüên-
cias. [1823]. Anais da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, 1920. v. 43.
SILVA, Ana Rosa Cloclet. Construção da nação e escravidão no pensamento de José Bonifácio:
1783-1823. Campinas: Unicamp, 1999. (Tempo e Memória).
SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Da revolução de 1820 à independência brasileira. In: SERRAO,
Joel; MARQUES, A. H. de Oliveira. Nova história da expansão portuguesa; o império luso-
brasileiro (1750-1822). Lisboa: Estampa, 1986. v. 8.
. Vida privada e cotidiano no Brasil na época de d\ Maria I e di. João VI. Lisboa: Stampa,
1993.359p. t
VALE, Brian. Independence or death! British sailors and Brazilian independence, 1822-1825.
London, New York: I. B.Tauris, 1996. 219p.
VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História da independência do Brasil. 4. ed. Sáo Paulo:
Melhoramentos, s.d.
WALLERSTEIN, Immanuel. El moderno sistema mundial; la agricultura capitalista y los origenes
de la economía-mundo europea, elsigloXVI. México: Siglo XXI, 1979.
. El moderno sistema mundial II; el mercantilismo y La consolidación de la economía-
mundo europea 1600-1750. México: Siglo XXI, 1984.
. The modem world system III; the second era ofgreat expansion ofthe capitalist world
economy, 1730-1840s. San Diego: Academic Press, 1989.
WISIAK, Thomas. A nação partida ao meio: tendências políticas na Bahia na crise do Império
luso-brasileiro. 2001. Dissertação (Mestrado) — USP, São Paulo, 2001.