A Escrita Da Dança
A Escrita Da Dança
A Escrita Da Dança
A escrita da dança
Junho de 2014
1
ALINE CAMPOS EM POR VOS MUERO
2
Apresentação 1
1 - Esse texto revisita e amplia a apresentação do livreto escrito por esta autora e publicado
em 2009 pela São Paulo Companhia de Dança no documentário A Dança no Tempo.
3
é bom lembrar que nada substitui a experiência de assistirmos ao
espetáculo ao vivo. A arte nos convida a jogar com a nossa imaginação,
percepção, sensibilidade e conhecimento. Não temos necessidade
de compreender tudo para apreciar uma dança; mas conhecer um
pouco mais dos bastidores e da própria arte da dança amplia nosso
repertório cultural.
No cotidiano, cada um de nós faz uma infinidade de gestos que
nos são próprios. Os bailarinos e os coreógrafos, conhecem os gestos,
exploram os movimentos, inventam, pesquisam, observam questões
da humanidade e o espaço que o corpo ocupa no mundo, criando
novas formas de dançar. Coreografar é a arte de escrever com o corpo
no espaço: em grego, khoreia significa “dança”, e gráphein, “escrita”.
Para vermos um espetáculo de dança, nós nos colocamos em
movimento e, portanto, dançamos com ele num jogo de sensações,
percepções e construção de sentidos. Assim como não há somente
uma maneira de dançar, também há mil maneiras de assistir e
conhecer a dança.
Venham dividir conosco momentos desta arte.
Inês Bogéa
diretora artística da São Paulo Companhia de dança
4
Índice
A Escrita da Dança 7
por Inês Bogéa
Sugestões de Atividades 38
por Inês Bogéa e Marcela Benvegnu
Sobre as Autoras 48
5
MORGANA CAPPELLARI E LÚCIO KALBUSCH em grand pas de deux de o CISNE NEGRO
6
A Escrita da Dança2
2 - Esse texto renova e amplia algumas passagens escritas pela autora em O Livro da
Dança (Cia. das Letrinhas, 2002), Contos do Balé (CosacNaify, 2007) e A Dança no Tempo.
7
sociais, políticas e econômicas. Mas, como diz Hubert Godard, “não
existe nenhuma regra linear que permita imaginar que qualquer
modificação no espaço social leve, imediatamente, a mudanças
reconhecíveis na produção coreográfica. O que se observa são
períodos de acumulação de tensões estéticas que podem encontrar
uma expressão artística só muito mais tarde, do mesmo modo que
uma explosão social também é fruto de acumulações de tensões que,
em determinado dia, atingem um limite que obriga sua expressão”.3
Muitas artes influenciam o desenvolvimento da dança e se
interrelacionam com ela. O entendimento da arte, a métrica da música,
o tamanho e o peso das roupas, o estilo do cenário, o formato do palco,
a disponibilidade de equipamento de luz, a habilidade
técnica dos performers – tudo afeta tudo. é importante
ressaltar que a classificação dos estilos e gêneros da
dança não visa limitar uma obra a determinado gênero,
mas procura ampliar o entendimento das ideias
que estruturam a constituição dessa obra.
Podemos olhar para algumas criações por
diferentes prismas e, com isso, podemos lê-
THAMIRIS PRATA EM GRANd PAS dE dEUx dE dOM qUIxOTE
9
Um pouco de história
10
Foi no tempo do rei francês Luís xIV (1638-1715) que o balé se
profissionalizou. Considerado o pai da dança clássica, o Rei autorizou
um grupo de mestres a fundar, em 1661, a Academia Real de dança
– primeira instituição profissional do gênero, inaugurando uma
linhagem que continua até hoje, com o Ballet da Ópera
de Paris. Mulheres não seriam admitidas na academia
até 1681. Naquele ano, Mademoiselle de Lafontaine
(1655-1738) foi a primeira mulher a aparecer no
palco da Ópera de Paris4 . O rei escolhia os
melhores talentos para comporem
balés: Isaac de Benserade (1612-
1691) escrevia os versos, Jean-
LUIz xIV
Baptiste Lully (1632-1687) fazia a música, e Pierre Beauchamps (1631-
1705), a coreografia.
Beauchamps teve papel decisivo na dança clássica: codificou
as cinco posições dos pés no balé e criou um sistema de notação da
dança, baseado na posição en dehors (perna e pés virados para fora,
buscando maior amplitude dos movimentos). O en dehors permite
lançar a perna, saltar e girar em todas as direções com rapidez e
11
firmeza, além de tornar mais fácil para o corpo ficar de frente o maior
tempo possível, evitando dar as costas ao rei. Às cinco posições
fundamentais dos pés, correspondem às cinco posições dos braços.
Ao longo do tempo, a dança foi se tornando cada vez mais técnica, e
para tal contribuíram também as mudanças nos figurinos.
Um pouco mais adiante, o francês Jean-Georges Noverre (1727-
1810) começou questionar a dança de sua época e propôs a criação
de balés mais ligados ao cotidiano, com liberdade de expressão e sem
uso de máscaras e grandes adereços, ampliando a ação dos bailarinos
e a percepção do sentimento. Surge o balé de ação, em grande medida
impulsionado pelas ideias de Noverre, as quais rejeitam o papel dessa
arte como mera decoração ou divertimento para a ópera e ressaltam
o potencial do balé para um drama real que conta histórias e expressa
emoções. Um dos maiores sucessos desse gênero de balé, que chegou
la fille mal gardée
12
dança e os Balés), publicadas em 1760.
Um pouco depois, surge o balé romântico, frequentemente
dividido em dois planos, bem distintos: o mundo real, em que as
personagens vivem e sofrem, e o mundo dos sonhos, em que a vida
continua mesmo para os que já morreram, num universo paralelo, ou
num mundo de fadas e seres imaginários. O balé romântico teve seu
apogeu na primeira metade do século xIx, notadamente na França. O
papel feminino é preponderante na cena e aponta para uma dualidade
entre a mulher sensual, representante de uma comunidade, e a mulher
etérea, ideal do mundo além da realidade. O balé tido como marco
5 - A SPCD tem em seu repertório La Sylphide (2014), criação do argentino Mario Galizzi
com base na versão do dinamarquês August Bournonville (1805-1879), a qual estreou em
1836. Veja no documentário aos 7:50 minutos.
13
a protagonista feminina desse balé) “sobrevoa” o palco em suas
delicadas pontas. diferentemente dos seres terrenos, ela parece
desprendida das leis da gravidade.
Esse jogo de ilusão foi possível também pela introdução da
iluminação a gás, uma invenção daquele tempo (a Revolução Industrial),
instalada em 1822 na Ópera de Paris. Em seguida, veio a prática de descer
as cortinas entre os atos. Assim, ocultavam-se do público as mudanças
mecânicas da cena.
Após La Sylphide, o grande sucesso dos balés românticos foi
Giselle (1841), de Adolphe Adam (1803-1856), que estabelece o
reinado da bailarina. Esse modelo romântico constituirá desde então
um dos verdadeiros fundamentos da dança clássica,
GISELLE
14
movimento da perna da bailarina. Tal
estilo floresce no final do século xIx
e começo do século xx, sobretudo no
Teatro Mariinsky (em São Petersburgo)
e no Teatro Bolshoi (em Moscou)
que se tornaram grandes espaços de
O que é pantomima?
Explore os gestos como meio de comunicação.
Em que coreografia você observou o uso da pantomima?
6 - O Bolshoi Kamenny (que não se deve confundir com o Teatro Bolshoi de Moscou) foi o
principal palco do Ballet e da Ópera Imperial da Rússia até 1886, quando eles se
transferiram para o Mariinsky. Nos tempos da URSS, o corpo de baile do Teatro Mariinsky
se denominou Ballet Soviético e, depois, Ballet Kirov. Hoje, o nome oficial é Balé do Teatro
Mariinsky, mas a designação Ballet Kirov ainda é muito usada.
7 - A SPCD apresenta remontagens de alguns pas de deux criados por Petipa, como Dom
Quixote (1869), O Quebra-Nozes (1892), e O Cisne Negro, de O Lago dos Cisnes (1895).
Veja no documentário aos 9:00, 9:10 e 28:18 minutos, respectivamente.
8 - O Quebra-Nozes e O Lago dos Cisnes contaram com colaboração de Lev Ivanov (1834-
1901), assistente de Petipa.
15
seguiam um padrão em que a pantomima se intercalava aos passos
de dança para contar histórias. Após a morte de Petipa, suas obras
ficaram esquecidas durante algum tempo, mas desde 1930 voltaram
à tona e passaram a integrar o repertório das grandes companhias.
Na virada para o século XX a tradição da dança clássica sofre
mudanças, notadamente com o impulso do Ballets Russes, a companhia
de Sergei Diaghilev (1872-1929). A dança caminhava assim em direção
à modernidade, num movimento marcado pela interrogação sobre os
próprios elementos da arte.
Em 1909, Diaghilev criou o Ballets Russes, contando com artistas
importantes de sua época. Foi um grupo itinerante que viajou por
várias partes do mundo, encantando plateias pelo arrojo, modernidade
e ênfases particulares de suas montagens. O Ballets Russes esteve no
Brasil, apresentando-se no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em
outubro de 1913 e agosto de 1917, e no Theatro Municipal de São Paulo,
em setembro de 1917.
Diaghilev fomentou grandes coreógrafos, como Michel Fokine
(1880-1942) 9, Vaslav Nijinsky (1889-1950) 10, Léonide Massine (1896-
1979), Bronislava Nijinska (1891-1972) 11 e George Balanchine (1904-
1983) 12, artistas que, cada um a sua maneira, levaram o balé a dialogar
9 - Em 2014, Mario Galizzi remontou para a SPCD Le Spectre de la Rose (1911), com base
no original de Fokine. Veja no documentário aos 10:48 minutos.
10 - A SPCD dançou uma obra contemporânea que, criada em 1994 por Marie Chouinard,
se inspira no balé L’Après-Midi d’un Faune, de Nijinsky (1912). Veja no documentário aos
12:40 minutos.
11 - Bronislava Nijinska coreografou Les Noces (1923) com música de Igor Stravinsky
(1882-1971). Nesse balé, vemos uma peculiar geometria de movimentos (os corpos
desenham linhas e formas abstratas, no espírito do construtivismo) e austeridade cênica.
A obra foi remontada pela SPCD em 2008. Veja no documentário aos 11 minutos.
12 - A SPCD dançou três obras de Balanchine: Serenade (1935), Theme and Variations
(1947) e Tchaikovsky Pas de Deux (1960). Veja no documentário aos 11:14, 2:10 e 12:28
minutos, respectivamente.
16
de modo muito original com a arte moderna.
No século xx, o balé clássico desenvolve
sua expressividade, sua teatralidade, e sofre
influência da arte moderna. As exigências
técnicas são fortemente ampliadas – pelas
demandas dos criadores, que expandem o
GEORGE BALANCHINE
vocabulário gestual e incluem um trabalho
mais dinâmico no tronco – e solicitam
dos intérpretes formação em diferentes
linguagens da arte da dança.
A dança clássica continua viva hoje, seja pela remontagem de obras
emblemáticas do repertório, seja pela criação de obras que usam a
gramática da dança clássica associada a outras técnicas e ideias para
expressar a arte de seu tempo. Vemos a ligação da dança clássica com
os conceitos de Rudolf Laban (1879-1958), com o teatro, com esportes
de risco, com a performance, com o ritmo acelerado da vida e com outros
fatores que permeiam a arte dos séculos xx e xxI.
Vários coreógrafos contemporâneos, como John Neumeier, Jirí
Kylián, Rodrigo Pederneiras e William Forsythe, exploraram o legado
de Balanchine associado a teorias modernas e contemporâneas. Nas
montagens contemporâneas de balés, o corpo não usa somente as
regras da dança clássica; ele se dobra sobre si mesmo, lida com seu
17
peso, cede à gravidade e traz para a composição questões de seu
tempo.
Forsythe e édouard Lock13 são exemplos de coreógrafos que utilizam
a dança clássica como base para a construção da dança contemporânea
em alguns de seus trabalhos. Ambos também se utilizam de outras
técnicas para compor peças diversas. Por exemplo, em Workwithinwork
(1998), Forsythe se debruça sobre movimentos da dança clássica e os
reinventa. Ele nos faz repensar a relação do corpo no espaço – seus
planos, linhas e círculos. In the Middle, Somewhat Elevated (1987),
outra obra de Forsythe, marca a história da dança por transformar a
linguagem clássica ao propor uma continuação da pesquisa iniciada por
Balanchine, expandindo as possibilidades do movimento no espaço.
Para os bailarinos, são vários os desafios: levar o movimento ao limite
de sua expansão no espaço sem perder o equilíbrio; estar no acento
da música; revelar intimidade com a linguagem; e, ao mesmo tempo,
manter a individualidade. Para Forsythe, “coreografar é, em alguma
medida, organizar corpos no espaço, corpos com outros corpos, em
diferentes planos e orientações. Mas atenção: o balé é uma tecnologia
do corpo, não uma ideologia”.
Para Lock, “a técnica clássica parece trazer premissas históricas
e uma percepção idealizada do corpo que, em muitos aspectos,
combate a ideia de que o corpo é desconhecido. A técnica clássica
oferece e enfatiza uma compreensão do corpo como construção
estrutural. Uma geometria biológica expressa através de um conjunto
de linhas idealizadas e, até certo ponto, tradicionais. Isso reforça a
13 - A SPCD remontou duas obras de Forsythe: In the Middle, Somewhat Elevated (1987) e
workwithinwork (1998); veja no documentário, aos 26:05 e 25:45 minutos,
respectivamente. Já Lock criou uma obra especial para a SPCD: The Seasons (2014); veja
aos 26:40 minutos do documentário.
18
CENA dE WORKWITHINWORK
19
ideia do corpo como entidade racional com percursos de movimentos
claros. […] A técnica do balé continua sendo uma ferramenta poderosa
para abordar temas contemporâneos e expor os conflitos inerentes a
nossa percepção evolutiva do corpo”.14
14 - Trecho do texto escrito por Lock para Stockholm Symposium, em setembro de 2012.
20
acrescentava longos véus aos vestidos esvoaçantes, acentuando seu
próprio tamanho ao prolongar os braços com bastões e produzindo
formas surpreendentes ao multiplicar efeitos de luz e cores. Teve
muito sucesso em Paris.
Inspirada pela Grécia, Isadora Duncan veio mexer na dança de
dentro para fora. É considerada a grande pioneira da dança moderna
– em oposição ao balé, que para Isadora era artificial e vazio. Para ela,
o movimento deveria vir de dentro: o dançarino, tocado pela natureza
ou pela música, responderia naturalmente com belos gestos se não
estivesse inibido por velhos hábitos e tabus sociais. Isadora morreu
tragicamente, num acidente de carro, estrangulada pela própria
echarpe.
O nascimento da dança moderna na Alemanha está ligado a
Laban, e Mary Wigman (nascida Marie Wiegmann, 1886-1973). Laban
foi um grande teórico, voltado para a análise do movimento (peso,
espaço, tempo, fluência, esforço, dinâmica). E Mary foi um grande
nome da dança expressionista,
em que os movimentos se
baseiam na oposição: interior/
exterior; atração terrestre/
desejo de elevação; indivíduo
(solista)/grupo (massa): sua arte
traz a revelação de figuras ou
temas universais como: a magia,
o êxtase, o amor, a morte, a
renovação.
Loie Fuller
21
Em Paris, cruzavam-se artistas e teóricos do movimento moderno,
para construir um novo jeito de pensar a dança. Além de Laban, cabe
lembrar o francês François delsarte (1811-1871). Ele foi um cantor não
muito bem-sucedido, porque perdeu cedo a voz. Não tendo
achado soluções para o problema, concentrou
suas pesquisas na relação entre a voz, o gesto e a
emoção. Indo mais longe, constatou que a cada
emoção corresponde um movimento. de sua
parte, o franco-suíço émile Jaques-dalcroze
(1865-1950) verificou em suas pesquisas que
a aprendizagem da música é facilitada
pela integração corporal dos elementos
rítmicos.15
MARY WIGMAN
15 - Maria Duschenes e Renée Gumiel são parte de uma turma de estrangeiros que chegou
ao Brasil em meados do século XX, trazendo ideias novas e informações para partilhar. As
duas são consideradas precursoras da dança moderna em São Paulo. Maria veio para a
cidade em 1940 e por aqui disseminou as ideias de Jaques-Dalcroze e Laban, tendo
formado muitos artistas da dança. Renée chegou ao Brasil em 1957 e promoveu novo
entendimento de dança, com base nas ideias da dança moderna de expressão.
22
duas mortes”; ou seja, um jogo com a gravidade, sempre uma escolha
entre resistir e aceitar a queda. Para ela, a música é uma fonte de
reflexão, mas a dança não deve ser dependente disso: ela precisa
desenvolver sua própria musicalidade.
Na arte e na dança moderna, não se quer mais falar do que está
lá fora; quer-se falar do que está dentro de cada um. Procura-se a
representação do homem como indivíduo, não como massa. Para
figuras tão diversas quanto as americanas Isadora duncan, Ruth Saint
denis (1879-1968), Martha Graham, doris Humphrey, os alemães Kurt
Jooss (1901-1979) e Mary Wigman, a húngara Maria duschenes (1922-
2014), a francesa Renée Gumiel (1913-2006) e as brasileiras Ruth
Rachou e Penha de Souza, o indivíduo fala dos sentimentos comuns;
mas, embora todos expressem a existência humana, cada um mantém
suas particularidades. A relação dos dançarinos na cena revela a
busca da individualidade, dos espaços de cada um, reverberando
no todo. O palco pode ser um espaço para refletir sobre uma nova
forma de relacionamento, pela construção de tramas, desenhos e
jogos de corpo, seja por contrapontos, seja por canons (sequências de
movimentos repetidas por bailarinos distintos, sequencialmente, em
tempos sucessivos). Assim, a estética da geometrização das formas
e da dança moderna nasce não somente do desejo de se distinguir da
estética anterior, de quebrar as linhas que a antecedem, mas também
da vontade de criar linhas que reverberam de um corpo a outro no
espaço.
Falamos da dança moderna por seus autores porque cada um
23
deles procurou desenvolver uma linguagem própria, resultando em
diferentes escolas e técnicas ligadas a seus respectivos criadores;
por exemplo, técnica Graham, Limón, Wigman, Cunningham, etc. Os
preceitos da dança moderna continuam vivos e presentes na arte da
dança. Um dançarino da companhia de Martha Graham viria a ser
uma figura fundamental, o verdadeiro elo entre a dança moderna
e a contemporânea: o americano Merce Cunningham (1919-2009).
Para Cunningham, tudo é dança, e a dança é tudo. Ele proclamou a
independência entre as artes. dança, música, cenário e figurino são
criados separadamente e só se juntam na estreia. Os movimentos dos
dançarinos eram decididos por acaso (atirando dados ou fazendo
contas matemáticas, por exemplo). Isso mudou o papel do criador –
e salientou a fragilidade do homem nas decisões de sua vida. Mais
tarde, Cunningham usaria o computador como ferramenta para fazer
suas coreografias. Com Cunningham, cai também por terra a regra
da frontalidade da cena – quer dizer, todas as ações acontecendo de
PENHA dE SOUzA I RUTH RACHOU
16 - Em São Paulo, Gícia Amorim, entre outros, trabalha com a técnica de Cunningham.
17 - LE MOAL, Philippe. Dictionnaire de la Danse. Paris: Larousse, 1999; p. 705-706.
25
Se na dança moderna se desenvolveram escolas e novas matrizes
de movimento, a dança contemporânea se desenvolve em torno da
individualidade do autor. Não há um só centro, uma única centralidade
de espaço ou de tempo; tudo é transitório, a sequencialidade não
é linear, as funções são flexíveis. A dança contemporânea quer a
ambivalência e a pluralidade. Busca subsídios em outras fontes:
no cinema, no esporte, nas artes usuais, na velocidade da era
contemporânea; ela deseja o esgarçamento das fronteiras.
O teatro, a música e a dança começam a considerar o indivíduo
concreto em sua realidade objetiva. Os dualismos passam a ser
questionados, e a existência humana, encarada como um todo
inseparável. As criações artísticas procuram não os efeitos, mas os
processos da vida. O espectador não é mais visto como entidade
passiva; agora, ele é um segundo ator. O público é levado não a
concentrar-se sobre a obra para ler o pensamento do autor, mas a
extrair dessa ideia um significado pessoal, próprio, que a partir daquele
momento funcionará como significado suplementar da obra. A dança é
determinada pelo conjunto das linguagens artísticas, e não pela união
delas.
A dança contemporânea procura usar os movimentos do dia
a dia, privilegiando o gesto individual. Busca não as poses, mas
o fluxo do movimento. Os dançarinos proclamam mais uma vez
a dança livre, sem regras estabelecidas. Novas formas de dança
teatral passam a acontecer em galerias, igrejas, museus e outros
espaços públicos, em lugar do teatro. quando a dança vem para o
palco, este é usado de outro modo: por exemplo, as coxias podem
26
PAMELA VALIM E LEONY BONI EM THE SEASONS
27
estar abertas, e o palco, sem cenário, deixando à mostra a parte
técnica dos bastidores.18
Rui Moreira
Ana Vitória
Alex Neoral Paulo Caldas
Nacho Duato
William Forsythe Jirí Kylián
Édouard Lock
28
Isabelle Ginot,19 há uma reconsideração da dança como meio de
expressão, uma busca tanto de sua natureza e de sua estrutura
quanto de um novo uso do tempo, do espaço, do corpo e das
referências históricas. Desenvolvem-se temas com engajamentos
sociais, movimentos políticos, sexualidade, liberdade. A improvisação
aparece como símbolo de liberdade, adaptação e suporte para uma
forma nova de cooperação. Muitas vezes, o interesse está mais no
processo do que no produto. Ocorre a quebra da separação entre arte
e vida, e dá-se um novo relacionamento entre artista e audiência.
Dança-se com roupas de rua, camiseta, trajes do dia a dia; dança-se
em silêncio, em salas comuns. O corpo se torna o sujeito (assunto)
da dança, mais do que um instrumento para exprimir metáforas.
Questiona-se o que é dança. Quem pode fazer isso? Como e quando
se deve dançar?
Nos anos 1980 e 1990, a dança vai se tornando cada vez mais
diversa. Temas anteriores são renovados à procura de clareza e
simplicidade expressiva; diferentes linguagens artísticas interagem
criando novos campos de atuação. Ao lado das grandes companhias,
surge número cada vez maior de pequenos grupos, com propostas
que vão desde a dança experimental até a dança de repertório. Os
artistas buscam saber o significado da arte, incorporar sistemas
prontos de signos e discussões teóricas sobre arte em seus
trabalhos. Nosso corpo é instrumento – age por conhecimento, e não
simplesmente por repetição. Dançamos por meio do pensamento.
Por que eu faço? Como eu faço? Algumas vezes, as coreografias
têm roteiros baseados nas próprias experiências de seus criadores,
19 - MICHEL, Marcelle & GINOT, Isabelle. La Danse au XXème Siècle. Paris: Larousse, 1998.
29
procurando revelar o corpo sem os vernizes que fazem dele uma
mercadoria – corpos errantes, que envelhecem, exalam cheiro,
adoecem, etc. Apresentam uma dança, e não a representam. A
narrativa é fragmentada, contendo elementos emocionais, alusivos,
e é feita não somente pelo coreógrafo, porque o bailarino passa a ter
papel cada vez mais criativo.
O teórico André Lepecki20 comenta que, desde a década de
1990, a dança está num chão instável, não por fraqueza nem
por falta de parâmetros, mas para repensar os fundamentos
ontológicos da dança moderna do século xx. Os artistas vêm
de diferentes backgrounds sociais, estéticos e nacionais, com
contextos dissonantes e visões políticas distintas, e estão
dispostos a explorar a dança de maneira ampla no campo das artes
e da sociedade. Essa dança ainda não tem nome, mas no trabalho
de vários artistas podemos identificar três aspectos singulares: o
impacto da performance art sobre os trabalhos; o minimalismo;
e a arte conceitual. Para Lepecki, esses três pontos sugerem que
a interpretação do movimento da dança passou de um paradigma
teatral para um paradigma da performance, gerando um
movimento político e uma recolocação radical dos papéis. O artista
contemporâneo busca maneiras de estar presente no mundo. Ele
procura reinventar o modo de sua presença – o que pode ocorrer
pela recusa ou pela própria reinvenção da presença.
20 - LEPECKI, André. For a Sensorial Manifesto (On Dances That Failed). In: Danse: Langage
Propre et Métissage Culturel. Montréal: Parachute, 2001.
30
Uma característica do contexto atual é que a dança clássica,
a moderna e a contemporânea existem simultaneamente. Nesse
contexto, a escolha da linguagem artística é opção de quem cria, uma
ferramenta para a expressão e a comunicação com o público da dança.
31
O Que a Dança nos Ensina?
Ou o Que Podemos Aprender ao Estudar Dança?
32
profanas, 21 até a dança espetacular, produzida por companhias
estáveis públicas e particulares, todas essas convivendo ao
mesmo tempo.
Como visto anteriormente, a dança, dentre as diferentes
formas de expressão humanas, aparece como uma das mais
remotas. Isso não ocorreu ao acaso; afinal, para dançar, basta
colocar o corpo em movimento no espaço, e o corpo é o que
temos de mais básico. As demais linguagens artísticas, como
as artes visuais e a música, embora também dependam de uma
ação do corpo (as mãos para moldar a argila, manusear o pincel,
percutir tambores, vibrar cordas; ou ainda o sopro, que envolve
pulmões, diafragma e boca para produzir sons de flautas, oboés
e trompetes, entre outros), demandam outros complementos,
objetos e instrumentos. A dança é uma das poucas linguagens
que trazem em si mesmas artista e obra, processo e produto. A
dança acontece no corpo e pelo corpo em movimento. Por isso,
defendo a importância do ensino da dança nas escolas, por
considerá-la uma das expressões mais básicas dos indivíduos
e por entender que saber sobre a história da dança nos ajuda a
compreender melhor nossa própria história.
33
Defino a dança, independentemente de estilo, escola e época, como
sendo movimentos humanamente organizados segundo uma intenção
estética22. Essa definição, cunhada ao longo dos anos e tornada pública
em artigo de 2007, indica a estreita relação entre corpo e expressão.
Vejamos: a dança é composta de movimentos, mas não de quaisquer
movimentos, senão daqueles que foram organizados, arranjados,
dispostos, constituídos por alguém em diálogo com sua época, sua
sociedade, seus costumes. Mesmo que se trate de movimentos do
cotidiano (hoje facilmente identificáveis em espetáculos de dança
contemporânea), como abanar as mãos ou se coçar, esses movimentos,
que até eram então funcionais (isto é, que tinham uma função objetiva
e concreta, como espantar o calor ou aliviar uma coceira), deixam, ao
entrar em cena numa dança, de ter função objetiva e passam a ter função
estética. É a beleza do gesto (ou, ao contrário, seu estranhamento) e a
qualidade do movimento23 o que é destacado. O movimento de dança
se organiza pela ação do ser humano que traz consigo o desejo de dizer
algo, mesmo que seja algo abstrato e não literal, nem narrativo, como
ocorria nos balés.
Inspirar-se em gestos do cotidiano ou em danças da época não é
exclusividade da dança contemporânea. Mesmo os estilos de dança
mais formais, como o balé clássico, também se inspiravam no que
ocorria no entorno e traziam para a cena inspirações locais. Afinal, a
dança não está flutuando no vácuo; ela ocorre nos corpos de pessoas
que fazem parte de uma sociedade, que se inspiram nela ao mesmo
tempo que a inspiram. O virtuosismo do Ballets Russes, por exemplo, é
22 - Vide: STRAZZACAPPA, Márcia. “Dança: um Outro Aspecto da/na Formação Básica dos
Indivíduos”. In: 30 Anped, 2007, Caxambu.
23 - Qualidade do movimento como definido por Laban, com base na combinação dos
elementos que compõe os movimentos (peso, espaço e tempo); chegamos a oito ações
básicas: socar, flutuar, deslizar, pontuar, sacudir, chicotear, torcer e pressionar. Vide:
LABAN, Rudolf. Dança Educativa Moderna. São Paulo: Ícone, 1990.
34
fruto da introdução de acrobacias presentes nas danças populares da
Rússia. Outros exemplos podem ser vistos dentre os filmes indicados
para assistir em aula24. Em Marquise (1997), de Véra Belmont ou
em Vatel (2000), de Roland Joffè, temos uma ilustração do que era
a sociedade da época, o que acontecia na corte de Luís XIV, quando
o balé teve seu início: quais eram os hábitos, os gestuais, a moda;
e, sobretudo, qual era o papel da dança naquele momento, papel
muito próximo a ornamentação, pois tinha função mais decorativa, até
que se criou a primeira companhia profissional de dança, como visto
anteriormente, assumindo o espetáculo de dança uma finalidade de
contemplação em si.
Seguindo esse pensamento de que a dança ocorre no/pelo corpo do
indivíduo e pode servir como reflexo de uma sociedade, espelhando-a
ou contestando-a, compreende-se por que, não por acaso, a dança
moderna surgiu sobretudo pelas ações de mulheres (buscando firmar
espaço e reconhecimento na sociedade) e na América do Norte, mais
especificamente nos EUA (que não possuíam tradição no balé clássico),
com artistas como Isadora Duncan, Loie Fuller, Ruth Saint Denis,
Martha Graham e Doris Humphrey, entre outras. Ao mesmo tempo,
na Europa, alguns pesquisadores e teóricos do corpo e do movimento
como Émile Jaques-Dalcroze e Rudolf Laban divulgavam suas teorias,
que inspiraram o surgimento das primeiras experiências com dança
moderna, como o trabalho de Mary Wigman, na Alemanha.
Sobre a dança moderna, no filme O Baile (1983), de Ettore Scola,
temos um exemplo de dança moderna que foi utilizada para narrar uma
história. O filme todo se passa num único cenário. São as músicas,
os figurinos e as danças de salão que vão contando a história das
personagens e indicando a passagem do tempo. As danças de salão,
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habilidade motora ou, como se diz popularmente, jogo de cintura.
Não havia regulamentação nem legislação. Hoje em dia, a situação
mudou. Existem cursos de dança nos diferentes níveis da educação,
como escolas livres que oferecem workshops para profissionais e
amadores; cursos técnicos de dança em nível médio; faculdades de
dança; e cursos de pós-graduação em todo o país, mostrando que a
dança produz conhecimento, pode ser uma profissão, tanto para quem
quer estar no palco como bailarino ou coreógrafo, quanto para quem
quer estar nos bastidores, e pode ser objeto de pesquisas acadêmicas.
Independentemente de ser tida como profissão ou pesquisa, a dança
está presente como conteúdo das aulas de arte por ser, antes e acima
de tudo, um dos nossos mais ricos patrimônios culturais.
CENA dE LA SYLPHIdE
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Sugestões de atividades
25 - Esse exercício está relacionado a um dos temas dos Cadernos de Arte da Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo, 6º ano, volume 2.
26 - Esse exercício está relacionado a um dos temas dos Cadernos de Arte da Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo, 2º ano, volume 2; 9º ano, volume 1.
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Espaço da dança27
Algumas obras trazem em sua composição a preocupação de
manter-se de frente para o público; já outras procuram revelar o
corpo de distintos ângulos. Algumas obras são criadas para serem
Geometria do corpo28
Em L’Après-Midi d’un Faune (1912), com poema
de Stéphane Mallarmé (1842-1898), música de
Claude debussy (1862-1918) e cenário de Leon Bakst
(1866-1924), o coreógrafo Vaslav Nijinsky criou uma
movimentação inspirada nas pinturas dos vasos gregos
antigos; assim, os intérpretes dançavam com pés paralelos
e com os corpos de lado para a plateia (aos 12:40 minutos
do documentário). Experimente andar de perfil, com os pés
paralelos, como se estivesse entre duas linhas paralelas
bem próximas. E depois ande sempre de frente para uma
plateia com os pés en dehors (para fora). quais foram suas
sensações e percepções da mobilidade de seu corpo e
o que observou no corpo dos colegas quando eles se
deslocavam de frente e/ou de lado para a plateia?
27 - Esse exercício está relacionado a um dos temas dos Cadernos de Arte da Secretaria da Educação
do Estado de São Paulo, 3º ano, volume 1.
28 - Esse exercício está relacionado a um dos temas dos Cadernos de Arte da Secretaria da Educação
do Estado de São Paulo, 7º ano, volume 1.
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Tridimensionalidade29
A percepção e o uso da tridimensionalidade do corpo, assim
como a velocidade, a repetição e o uso de dinâmicas diferentes do
movimento, são algumas características da dança contemporânea.
Observe como Forsythe e Lock se utilizam da velocidade para criar
complexidades do movimento (aos 25:45 minutos do
documentário). Crie uma sequência de movimentos
e repita a mesma sequência em diferentes
velocidades. Atente para as diferenças
de sensações e apoios do corpo nos
distintos tempos do movimento.
De corpo a corpo30
Liste as danças folclóricas que você conhece. Traga
fotos ou vídeos sobre o assunto. Procure traçar paralelos
e distinções entre as manifestações folclóricas. Como
a dança popular contribui na dança cênica? Observe, por
LUIzA LOPES E dANIEL RECA EM THE SEASONS I CENA dE LA SYLPHIdE
29 - Esse exercício está relacionado a um dos temas dos Cadernos de Arte da Secretaria
da Educação do Estado de São Paulo, 6º ano, volume 1.
30 - Esse exercício está relacionado a um dos temas dos Cadernos de Arte da Secretaria
da Educação do Estado de São Paulo, 2º ano, volume 1; e 7º ano, volume 2.
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Continuidades e rupturas31
No trabalho dos artistas, podemos conhecer
um pouco de seu tempo por diferentes fatores,
como a gramática da dança, os figurinos, o uso
do espaço cênico, etc. Serenade, Les Noces e In The Middle,
Somewhat Elevated (a 11:14, 11:00 e 25:45 minutos do documentário,
respectivamente) são três danças que utilizam sapatilhas de ponta.
MORGANA CAPPELLARI EM IN THE MIddLE, SOMEWHAT ELEVATEd I ARTEMIS BASTOS E EVERSON BOTELHO EM GRANd PAS dE dEUx dE dOM qUIxOTE
O que há em comum e diferente entre elas em termos de movimento,
de uso do espaço e de escolha do figurino?
Clássicos da dança32
Romeu e Julieta, La Sylphide, dom
quixote e O quebra-Nozes (presentes
no documentário a 1:14, 7:50 e 8:58,
respectivamente) são balés de repertório
que sobrevivem no tempo e no corpo
dos bailarinos há um, dois séculos. que
outros balés de repertório você conhece?
Giselle, Coppélia, A Bela Adormecida, La Fille
Mal Gardée, Paquita? quais são os elementos
que fazem esses balés permanecerem vivos em
diferentes épocas?
31 - Esse exercício está relacionado a um dos temas dos Cadernos de Arte da Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo, 8º ano, volume 1.
32 - Esse exercício está relacionado a um dos temas dos Cadernos de Arte da Secretaria
da Educação do Estado de São Paulo, 9º ano, volume 2.
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Histórias para dançar33
Romeu e Julieta e La Sylphide são balés que apresentam uma
narrativa. São histórias conhecidas que ganham vida nos movimentos,
nos cenários, nos figurinos, na música e na conexão do todo. Em
algumas cenas desses balés, vemos o uso da pantomima, para ajudar
a contar a história. Escolha uma história para coreografar e veja quais
elementos compõem a dança. A presença, o movimento com suas
diferentes qualidades e dinâmicas, o espaço e o tempo, a música, a
luz, o cenário, o figurino, os objetos cênicos e claro, a história.
Imagens da dança34
Desde o início do cinema, a parceria com a dança tem sido
uma promessa cumprida de forma espetacular. Para além dos
documentários, ou das obras de videodança, a ficção cinematográfica
dialoga regularmente com a dança. Confira alguns títulos que podem
ser usados em sala de aula para discussões sobre esta arte.
33 - Esse exercício está relacionado a um dos temas dos Cadernos de Arte da Secretaria
da Educação do Estado de São Paulo, 8º ano, volume 2.
34- Esse exercício está relacionado a um dos temas dos Cadernos de Arte da Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo, 6º ano, volume 2.
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O Baile (Le Bal, 1983), de Ettore Scola
Os Embalos de Sábado Continuam (Staying Alive, 1983), de Sylvester Stallone
Footloose (1984), de Herbert Ross
Em Busca da Fama (A Chorus Line, de 1985), de Richard Attenborough
Girls Just Wanna Have Fun (1985), de Alan Metter
O Sol da Meia-Noite (White Nights, 1985), de Taylor Hackford
Dirty Dancing (1987), de Emile Ardolino
Vem Dançar Comigo (Strictly Ballroom 1992), de Baz Luhrmann
Marquise (1997), de Véra Belmont
Vatel – um Banquete para o Rei (Vatel, 2000) de Roland Joffé
Billy Elliot (2000), de Stephen Daldry
Sob a Luz da Fama (Center Stage, 2000), de Nicholas Hytner
Amelia (2001), de Édouard Lock
Moulin Rouge (2001), de Baz Luhrmann
No Balanço do Amor (Save the last Dance, 2001), de Thomas Carter
Fale com Ela (Hable com Ella, 2002), de Pedro Almodóvar
Chicago (2002), de Rob Marshall
De Corpo e Alma (The Company, 2003), do Robert Altman
A Última Dança (One Last dance, 2003), de Lisa Niemi
Dança Comigo? (Shall We Dance?, 2004) de Peter Chelsom
Vamos Todos Dançar (Mad Hot Ballroom, 2005)
Ela Dança, Eu Danço (Step Up, 2006), de Anne Fletcher
O Último Dançarino de Mao (Maoís Last Dancer, 2009), de Bruce Beresford
Cisne Negro (Black Swan, 2010), de Darren Aronofsky
Pina (2011), de Wim Wenders
Make Your Move (2014), de Duane Adler
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RAFAEL GOMES EM PEEKABOO
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Se você quiser conhecer mais sobre a dança do Brasil, assista a
série Figuras da Dança, da São Paulo Companhia de dança. Nesses
documentários, você entrará em contato com personalidades,
companhias de dança e movimentos artísticos pelas imagens, palavras,
sentimentos e sensações que retratam de diferentes maneiras o Brasil
em movimento. A série conta hoje com 30 episódios: Ady Addor, Ismael
Guiser (1927-2008), Ivonice Satie (1950- 2008), Marilena Ansaldi, Penha
de Souza, Antonio Carlos Cardoso, Hulda Bittencourt, Luis Arrieta, Ruth
Rachou, Tatiana Leskova, Angel Vianna, Carlos Moraes, Márcia Haydée,
décio Otero, Sônia Mota, Célia Gouvêa, Ana Botafogo, Ismael Ivo, Lia
Robatto, Marilene Martins, Edson Claro (1949-2013), Cecília Kerche,
J.C Violla, Eva Schul, Hugo Travers, Janice Vieira, Paulo Pederneiras,
Mara Borba, Eliana Caminada e Jair Moraes. Se quiser ler mais sobre
as personalidades, acesse http://spcd.com.br/folhetos_figuras_da_
danca.php e faça o download dos livretos biográficos que acompanham
os documentários.
E, para saber um pouco sobre os bastidores das produções artísticas
da São Paulo Companhia de dança, veja a série de documentários
Canteiro de Obras. Os documentários são exibidos na TV nos canais
Arte1, Curta! e TV Cultura. No site da SPCd você também pode saber
mais! http://spcd.com.br/canteiro_de_obras.php
2014 2013 2012
45
CENA dE GNAWA
4646
Referências Bibliográficas
BALANCHINE, George & MASON, Francis. 101 Stories of the Great Ballets. New York: Anchor, 1975.
BOGÉA, Inês. O Livro da Dança. São Paulo: Cia. das Letrinhas, 2002.
. Caminhos Cruzados: Teatro de Dança Galpão 1974-1981: São Paulo: Edições SESC São Paulo,
2014.
BOURCIER, Paul. História da Dança no Ocidente. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
CAMINADA, Eliana. História da Dança – Evolução Cultural. Rio de Janeiro: Sprint, 1999.
CRAINE, Debra & MACKRELL, Judith. The Oxford Dictionary of Dance. London: OUP, 2000.
FARO, Antônio. Pequena História da Dança. 2a ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.
GARAFOLA, Lynn. Diaghilev’s Ballets Russes. Cambridge (Massachusetts): Da Capo Press, 1989.
GODARD, Hubert. “Gesto e Percepção”. In: Lições da Dança 3. Rio de Janeiro: UniverCidade, 1999
LEPECKI, André. “For a Sensorial Manifesto (On Dances That Failed)”. In: Danse: Langage Propre et
MONTEIRO, Marianna. Noverre: Cartas sobre a Dança. São Paulo: Edusp/Fapesp, 1998.
MICHEL, Marcelle & GINOT, Isabelle. La Danse au XXème Siècle. Paris: Larousse, 1998.
STRAZZACAPPA, Marcia. “Dança: um Outro Aspecto da/na Formação Estética dos Indivíduos”. In:
sessao%20especial%20-%20marcia%20strazzacappa%20-%20int.pdf
TOUSSAINT-SAMSON, Adèle. Uma Parisiense no Brasil. Trad. Maria Lucia Machado; prefácio Maria
Créditos Fotográficos
Acervo SPCD, Alceu Bett, Boston Globe, Clarissa Lambert, Édouard Lock, João Caldas, José Luiz Pederneiras,
Marcela Benvegnu, Nanah D’Luize, Paula Caldas, Rogério Alves, Silvia Machado e Wilian Aguiar
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Sobre as Autoras
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Aline Campos e Nielson Souza em Romeu e Julieta
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Cena de Workwithinwork
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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Geraldo Alckmin
Governador do Estado
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realização
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