Capítulo A Ideologia Secular de A Era Das Revoluções de Eric Hobsbawm
Capítulo A Ideologia Secular de A Era Das Revoluções de Eric Hobsbawm
Capítulo A Ideologia Secular de A Era Das Revoluções de Eric Hobsbawm
Lançado em 1962 pelo historiador marxista Eric Hobsbawm, a obra A Era das Revoluções
aborda sobre os principais acontecimentos históricos que influenciaram as ações humanas de
forma ideológica, visando a filosofia e metodologia dos períodos das grandes transformações
no mundo em 1789 e 1898 iniciadas pelas duas grandes revoluções estudadas por ele:
Revolução Francesa e Revolução Industrial. Nessa perspectiva, o enfoque da obra presa pelo
objetivo de tentar compreender como e por que o mundo veio a ser o que é hoje, qualificando
o conhecimento de uma forma mais profunda a fim de traçar uma grande construção teórica por
estas passagens históricas.
Diante disso, o livro se inicia com a explicação de novos termos na língua referente à
Revolução, abordando ideologias e às visões econômicas que estavam surgindo no mundo, por
ora, este surgimento abrange a divisão de grupos sociais, levando diferentes grupos e
indivíduos a se posicionarem de formas diferentes na sociedade seguindo esta organização.
Portanto, visões ideológicas e filosóficas que foram estabelecidas no período do século XVIII
são explicadas pelo autor ao longo da obra. Não obstante, no capítulo 13 chamado “A ideologia
secular” Hobsbawm faz uma análise das ideologias surgidas da revolução dupla.
A partir da perspectiva estabelecida, o autor começa relatando o destaque da ideologia
religiosa no século XVIII e faz uma análise do que para ele seria ideologia leiga ou secular.
Apesar dessa comentada predominância religiosa, todo pensador importante daquela época
começa a direcionar seus temas sobre a natureza e o homem, e a direção para qual ela estava
caminhando ou deveria caminhar, desse modo, havia duas principais opiniões: as que aceitavam
a maneira que o mundo estava se conduzindo e as que não aceitavam. Uma delas era
basicamente críticas ao iluminismo humanista, uma corrente que acreditava na razão do homem
em cima de uma base moral, religiosa e política, onde seus expoentes acreditavam firmemente
que a história humana era um avanço mais que um retrocesso, que para o autor, é mais do que
o correto, e visavam também na observação do conhecimento científico e o controle técnico do
homem sobre a natureza. Ademais, apesar da divisão social deste período, liberais burgueses e
socialistas proletários concordavam que a sociedade humana e o homem individualmente
poderiam ser aperfeiçoados pela mesma aplicação da razão.
O capítulo 13 explora bem o clássico liberalismo burguês que era considerado
rigorosamente racionalista e secular, e mesmo com a entrada da luta proletária naquele período,
era a ideologia burguesa que se destacava mais. Desse modo, Hobsbawm destaca que a visão
sobre o mundo e o homem estavam marcadas por um forte individualismo, pois era uma
corrente que visava se convencer da capacidade dos homens para a compreensão de tudo e
solucionar todos os problemas pelo uso da razão e dos comportamentos irracionais. O autor
também analisa a inclinação filosófica ao materialismo e ao empiricismo, que prezavam pelo
método científico, principalmente a matemática e a física. Além disso, para essa ideologia
secular, o mundo humano estava plenamente constituído de individuais com certas paixões e
necessidades que faziam com que a busca para esses desejos individuais se tornasse
fundamental para aumentar, acima de tudo, o máximo de suas satisfações para diminuir seus
desprazeres.
Por conseguinte, o homem para essa ideologia era “naturalmente” possuído de vida e a
liberdade de busca para a felicidade deveria ser exercida, fazendo com que os objetivos sociais
se tornassem uma soma de objetivos individuais, ou seja, uma coisa estava relacionada a outra.
Logo, essa visão reduzia todas as ações humanas inteiramente ao padrão, havendo suas razões
para todos que defendiam a propriedade privada, liberdade individual e de empresa. Outro
ponto importante analisado pelo autor, é que no curso da busca dessa vantagem pessoal, cada
individuo se torna um competidor para se destacar como vantajoso no meio social, porquanto
conseguiu atingir a procura que todos deveriam ir atrás. Esse complexo passou a constituir em
grupos políticos também, não só os sociais, pois segundo Eric, o objetivo dessas pessoas era
claramente um objetivo para a sociedade, e desse modo, faz relações com pensadores como
Thomas Hobbes, John Locke e Adam Smith. Desde que a busca de uma vantagem pessoal e
individual era enfatizada, a tarefa da interferência política era tentar reduzir esses desejos a um
modo mínimo praticável para que a liberdade do home não se tornasse ainda mais ilimitada
com essas possíveis práticas. Assim, esse utilitarismo que reduzia todas as relações humanas
ao padrão já comentado, eliminava a moralidade e o dever social através de uma redução ao
racionalismo, afetando claramente, os grupos mais vulneráveis e consideravelmente ignorantes
da época.