IBBC - Módulo II - Apostila
IBBC - Módulo II - Apostila
IBBC - Módulo II - Apostila
Volume II
Fundador do IBBC:
Pr. Joel Stevanatto
Coordenador Teológico:
Pr. José Hélio de Lima
Revisão Teológica:
Pr. Elias Antônio de Araújo
Pr. Fabiano Gomes
Correção Gramatical:
Pr. Elias Antônio de Araújo
2 Módulos Duração
Básico
12 Disciplinas 1 ano
4 Módulos Duração
Médio
24 Disciplinas 2 ano
6 Módulos Duração
Pleno
36 Disciplinas 3 ano
Módu l o 02
Livros Proféticos
Livros Poéticos
História da Igreja I
Epístolas Paulinas
Cristologia: A doutrina de Cristo
Pneumatologia
Sumário Geral
Livros Proféticos
Introdução 21
1. Isaías 23
2. Jeremias 27
3. Ezequiel 31
4. Daniel 33
5. Oseías 35
6. Joel 40
7. Amós 42
8. Obadias 45
9. Jonas 47
10. Miquéias 50
11. Naum 52
12. Habacuque 54
13. Sofonias 56
14. Ageu 58
15. Zacarias 60
16. Malaquias 62
17. A relação dos profetas e Jesus 64
Livros Poéticos
Introdução 71
1. Jó 73
2. O livro de Salmos 88
3. Provérbios 100
4. Eclesiastes 109
5. Cântico dos Cânticos 112
História da igreja I
Introdução 125
1. O mundo do Novo Testamento 127
2. O judaísmo 136
3. Jesus Cristo – Vida e Obra 142
4. Os apóstolos 146
5. A origem da Igreja em Jerusalém 151
6. Apóstolo Paulo: Vida e obra 157
7. O fim da era apostólica 164
8. A igreja Patrística 170
9. Pais da igreja – Vida e obras 174
Epístolas Paulinas
Introdução 191
1. Autor 193
2. Epístola aos Romanos 195
3. Primeira Epístola aos Coríntios 200
4. Segunda Epístola aos Coríntios 204
5. Espístola aos Gálatas 207
6. Espístola aos Efésios 211
7. Epístola aos Filipenses 215
8. Epístola aos Colossenses 219
9. Primeira Epístola aos Tessalonicenses 222
10. Segunda Epístola aos Tessalonicenses 225
11. Primeira Epístola a Timóteo 229
12. Segunda Epístola a Timóteo 232
13. Epístola a Tito 235
14. Epístola a Filemom 238
Introdução 253
1. A Importância de estudar a doutrina de Cristo 255
2. A pessoa de Cristo: Sua humanidade 256
3. A Pessoa de Cristo: Sua Divindade 261
4. A Pessoa de Cristo: Sua Unidade 267
5. A Obra de Cristo: Seu Sofrimento e Morte 271
6. A Obra de Cristo: Significados teológicos da morte de Cristo 275
7. A Obra de Cristo: Sua Ressurreição e Ascensão 280
8. A Obra de Cristo: Seu ministério atual 283
9. A Segunda Vinda de Cristo e a implantação de seu Reinado Eterno 284
Pneumatologia
Introdução 295
1. A divindade do Espírito Santo 297
2. A personalidade do Espírito Santo 300
3. O dinamismo do Espírito Santo 302
4. Os pecados contra a pessoa do Espírito Santo 311
5. O fruto do Espírito Santo 314
6. O revestimento de poder 318
7. Os dons do Espírito Santo 322
Nosso credo
C
remos em Deus, que é único e um só, plena e eternamente subsistente em cada uma das três
Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, com perfeita comunhão entre si.
Cremos na inspiração verbal e plena da Bíblia Sagrada, e que a revelação necessária à sal-
vação do homem é expressamente nela estabelecida ou pode dela ser deduzida, o que a faz única regra
infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão, nada podendo qualquer um acrescentar, reformar
ou omitir-lhe sob qualquer alegação.
Cremos que Maria, ainda virgem, achou-se grávida de Jesus Cristo, e que teve depois outros filhos,
sem que, por este ou qualquer outro motivo, lhe devotemos adoração.
Cremos que o filho, achado na forma de homem, manteve-se sem pecado algum, dispondo-se à
morte substitutiva e remidora, ressuscitando corporalmente dentre os mortos e subindo triunfalmente
aos céus.
Cremos que o homem havendo caído em pecado, foi destituído da glória de Deus, e que todos foram
sujeitos à mesma condenação, para que unicamente por Jesus Cristo, desde que em arrependimento e fé
geradora de obras, fossem restaurados a Deus. E que, para tanto, necessitam os homens do novo nasci-
mento, o que ocorre segundo a salvação presente e eterna justificação provida graciosamente por Deus
segundo a fé no sacrifício de Jesus Cristo em seu favor.
Cremos no batismo como ordenamento bíblico determinado por Jesus Cristo, e que deve ser reali-
zado por imersão do corpo inteiro uma só vez em águas, no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo,
todo aquele que crê.
Cremos que o homem deve e pode viver uma vida de santidade, agradecendo e agradando a Deus, ca-
pacitado pelo Espírito Santo inclusive a ser fiel testemunha de Jesus Cristo, participando da comunhão,
do partir do pão e da comunhão entre os salvos.
Cremos que a Igreja é única e santa, formada pela multidão incontável dos salvos de todos os tempos
e lugares, formando o Corpo de Cristo, sendo edificada pelo Espírito Santo mediante a homens que mi-
nistram segundo ministérios, operações e dons espirituais, bem como pela instrumentalidade da Bíblia
Sagrada, no fundamento dos apóstolos.
Cremos no Batismo com Espírito Santo, como ensina a Bíblia Sagrada, tendo como uma das evi-
dências o falar em outras línguas conforme a sua vontade. Que também são concedidos a Igreja os dons
espirituais pelo Espírito Santo, conforme a sua vontade, sempre com propósitos muito bem definidos e
que convergem à edificação da Igreja e à glorificação de Deus.
Cremos na vinda de Cristo, em duas fases distintas: primeiramente de forma invisível ao mundo e
súbita para a Igreja, arrebatando-a ao Tribunal de Cristo e, em seguida, levando-a às Bodas do Cordeiro;
e, passado algum tempo, de forma visível ao mundo e gloriosa com a Igreja, para reinar por mil anos
sobre a Terra.
Cremos que todos os salvos comparecerão perante o Tribunal de Cristo, unicamente para receber ou
não, a justa recompensa de obras em favor da causa cristã, sem que nisto haja possibilidade de conde-
nação eterna.
Cremos no Juízo Final em que Deus, definitivamente, justificará os fiéis e condenará os infiéis à
eternidade, resultando aos fiéis uma vida de gozo junto a Ele, e aos infiéis o tormento no lago de fogo e
enxofre preparado para Satanás e seus anjos.
Apresentação
E
xistem algumas coisas na vida que somente alcançamos quando andamos em sua direção. Dentre
elas está o conhecimento. Seja científico, profissional, religioso, pessoal ou outro qualquer, sem-
pre será necessário começarmos e irmos até o fim para conseguirmos os nossos objetivos. Quan-
do você chega a este segundo estágio do curso de teologia que foi elaborado por pessoas capacitadas por
Deus e pelas mais diversas instituições de ensino teológico e científico religioso, evidencia-se que você
está fazendo a coisa certa. Não apenas começou como também está disposto (a) a ir até o fim, por isso
quero parabenizá-lo (a) por sua iniciativa e persistência.
Esse segundo módulo foi elaborado para atender as necessidades de alunos como você, por exemplo,
pois sabemos que se você está disposto (a) a aprender mais da Palavra de Deus e confiou à nossa insti-
tuição a sua educação teológica esta tarefa, cabe-nos a missão de procurar fazer o melhor para que você
aprenda o máximo possível e, assim, tenha condições de exercer seu ministério, segundo o chamado do
Mestre Jesus. Pois compreendemos que o IBBC não é um negócio, ainda que envolva dinheiro e gestão
empresarial, mas um ministério dado por Deus para preparar seus obreiros em todo território brasileiro.
Nessa etapa, disponibilizamos para nossos alunos (as) mais seis disciplinas que darão prosseguimento
ao processo educacional teológico, entre as quais está a primeira parte da “História da Igreja” que será
oferecida em três módulos diferentes, sendo que todas foram escritas pelo teólogo e pesquisador brasil-
paracristano, Pr. Elias Antônio de Araújo que, em minha modesta opinião, é um dos mais competentes
escritores de material teológico de nossa denominação a quem temos muito que agradecer por seus
esforços e dedicação em prol do Reino de Deus.
Com este material segue também o nosso pedido a Deus para que, pelo seu Espírito Santo, Ele te ca-
pacite e te dê força física e espiritual para que se tenha o máximo de aproveitamento desse módulo. Que
Ele também conceda sabedoria e poder do alto para vida de nossos professores que serão ministrantes
das disciplinas contidas nesse livro.
Em nome do Mestre dos mestres, seu conservo,
Pr. José Hélio de Lima
Coordenador Nacional do IBBC
Presidente do Conselho Nacional, Pr. Luiz Fernandes Bergamin.
Julho de 2017
Como estudar este livro
V
ocê tem em mãos um livro contendo algumas disciplinas do saber teológico. Quando desen-
volvíamos estas matérias tínhamos no coração o desejo de colocar no papel, da maneira mais
simples, fácil e prática possível.
Organizamos estudos específicos com a finalidade de prepararmos obreiros para a seara do Senhor
Jesus, que certa ocasião olhando para o sofrimento dos homens, disse: “... A seara é grande, mas os
ceifeiros são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que envie ceifeiros para sua seara” (Mt 9.37,38).
Porém, o trabalhador precisa conhecer sua atividade específica, inclusive as ferramentas que ele vai
utilizar no dia a dia para execução de suas tarefas. Por isso, Jesus dedicou os últimos três anos de sua vida
preparando discípulos, e oferecendo a eles as ferramentas que iriam usar para cumprirem seus papéis;
isto é, os ensinando como serem pastores, presbíteros, evangelistas, missionários (apóstolos) e diáconos.
É por esta razão que o IBBC existe com um trabalho árduo e contínuo, aprofundando o seu conhe-
cimento.
Agora, para que você aproveite este material, siga algumas orientações citadas abaixo:
1. Ore antes, durante e depois de estudar, inclusive por nós da direção nacional; pedindo sempre
para que o Espírito Santo abra a sua mente e lhe dê sabedoria para aprender, compreender e pôr
em prática as verdades de Sua Palavra; capacitando-nos.
2. Não aparte de ti a Bíblia Sagrada, mesmo que a disciplina não exija e a leia dentro e fora da sala
de aula;
3. Leia as lições antes de ir para a aula, assim você terá oportunidade de fazer do encontro um mo-
mento de discussão sobre os assuntos mais difíceis, e tirar as suas dúvidas;
4. Façam todas as questões das atividades sugeridas que se encontram nas RECAPITULAÇÕES de
cada unidade estudada.
5. (Explicarei no final como respondê-las.).
6. Responda todas as REVISÕES GERAIS que ficam no final de cada disciplina, porque, além
de reforçar o aprendizado, você terá que fazer uma avaliação no final de cada disciplina que foi
elaborada e será corrigida pelo IBBC Nacional, onde o conteúdo será tirado da revisão geral de
cada disciplina,
7. Finalmente, não deixe de contribuir financeiramente para o IBBC, local onde você cursa. Uma
parte do valor das mensalidades pagas para as extensões é direcionada para o IBBC Nacional; e,
dessa forma, consegue-se dar continuidade e expandir o ensino teológico nas Igrejas do Nosso
Senhor Jesus Cristo.
Explicações sobre as recapitulações
O primeiro número indica a sequência progressiva de questões;
A letra R indica - Recapitulação;
O segundo número indica o tópico ou capítulo o qual você encontrará a resposta.
Exemplo: 1R4.
1
R
4
Espera-se que através deste livro, você possa aprofundar seu conhecimento no tocante a
palavra de Deus, e obtenha vitórias e aprovações no exercício de seu ministério.
Desejo que Deus o abençoe!
Autoria
Elton Egydio Alves - Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo-
UMESP, E Teólogo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie - SP.
Sumário
Introdução 21
1. Isaías 23
1.1. Autoria 23
1.2. Contexto da Época 23
1.3. Propósito e Mensagem 24
1.4. Temas Principais 24
1.5. Esboço do livro 25
1.6. Relevância para a Igreja Hoje 26
2. Jeremias 27
2.1. O caráter do profeta 27
2.2. Autoria 28
2.3. Contexto da época 28
2.4. Propósito e mensagem 28
2.5. Temas Principais 29
2.5. Esboço do Livro 30
2.6. Relevância para a Igreja Hoje 30
3. Ezequiel 31
3.1. Conceitos Básicos 31
3.2. Composição do Livro 31
3.3. Contexto da Época 31
3.4. Propósito e Mensagem 32
3.5. Tema Principal 32
4. Daniel 33
4.1. Conceitos Básicos 33
4.2. Composição do Livro 33
4.3. Contexto da Época 33
4.4. Propósito e Mensagem 34
4.5. Estrutura e Organização 34
5. Oseías 35
5.1. Conceitos Básicos 35
5.2. Contexto da Época 35
5.3. Esboço 35
5.4. Características Literárias 36
5.5. Palístrofe de Oséias 36
5.6. Temas Principais 37
5.7. Linguagem figurada 39
5.8. Conclusão 39
6. Joel 40
6.1. Conceitos Básicos 40
6.2. Autoria e Composição 40
6.3. Esboço 40
6.4. Propósito e Mensagem 41
6.5. Temas Principais 41
7. Amós 42
7.1. Conceitos Básicos 42
7.2. Autoria 42
7.3. Contexto da Época 42
7.4. Esboço 43
7.5. Propósito e mensagem 43
7.6. Tema principal 43
8. Obadias 45
8.1. Conceitos Básicos 45
8.2. Composição do Livro 45
8.3. Temas Principais 46
9. Jonas 47
9.1. Autoria 47
9.2. Contexto da Época 47
9.3. Propósito e Mensagem 47
9.4. Profecia 47
9.5. Temas principais 48
9.6. Esboço 49
9.7. Relevância para a Igreja Hoje 49
10. Miquéias 50
10.1. Conceitos Básicos 50
10.2. Contexto da Época 50
10.3. Propósito e Mensagem 50
11. Naum 52
11.1. Conceitos Básicos 52
11.2. Contexto da Época 52
11.3. Esboço 52
11.4. Propósito e Mensagem 53
12. Habacuque 54
12.1. Conceitos Básicos 54
12.2. Contexto da Época 54
12.3. Esboço 54
12.4. Propósito e Mensagem 55
12.5. Tema Principal 55
12.6. Conclusão 55
13. Sofonias 56
13.1. Conceitos Básicos 56
13.2. Composição do livro 56
13.3. Contexto da Época 56
13.4. Propósito e Mensagem 56
13.5. Estrutura e Organização 57
13.6. Tema Principal 57
14. Ageu 58
14.1. Composição do Livro 58
14.2. Contexto da Época 58
14.3. Propósito e Mensagem 58
14.4. Tema Principal 59
15. Zacarias 60
15.1. Contexto da Época 60
15.2. Propósito e Mensagem 61
15.3. Temas Principais 61
16. Malaquias 62
16.1. Composição do Livro 62
16.2. Contexto da Época 62
16.3. Propósito e mensagem 63
16.4. Temas Principais 63
Bibliografia básica 65
Introdução
Q uando falamos em profetas e em profecias nas igrejas cristãs em geral, associamos os livros e
os personagens da História de Israel, aos pronunciamentos futuristas e escatológicos. Apesar
de alguns livros e profetas de Israel possuirem também este caráter, o movimento profético na
nação hebraica tem uma profundidade muito maior e, por se tratar de uma manifestação religiosa, estes
personagens se tornaram verdadeiros porta- vozes de Deus. Com isso, o profetismo em Israel, não só
direcionou a nação para um futuro escatológico, como denunciou, exortou e condenou reis, sacerdotes,
grandes latifundiários e o próprio povo de Deus quanto ao afastamento da aliança a Deus.
Mas o ministério profético não foi um movimento exclusivo de Israel, já que em muitas religiões no An-
tigo Oriente Próximo, especificamente no Egito, Canaã e a região da Mesopotâmia, tinham frequente-
mente aquele que se dirigia ao povo em nome de sua divindade, cabe lembrar o episódio de Elias contra
os 450 profetas de Baal (1 Rs 18.22-39).
Mas então quem era o profeta em Israel?
O termo mais frequente utilizado em hebraico para profeta é nabî, outro título era vidente, pela tendên-
cia do profeta receber visões reveladoras.
A forma de reconhecimento do profeta estava no conteúdo de sua profecia, ou seja, para Israel não havia
distinção de profetas e falsos profetas; antes, a sua profecia cumpriam dois requisitos importantes para a
confirmação do ministério profético:
1. O profeta deveria anunciar e falar por Deus (Dt 13.2-6);
2. O seu cumprimento (Dt 18.21-22).
A profecia se divide em dois períodos principais: pré-clássica e a clássica.
Profecia Pré-Clássica
No início da história de Israel os profetas detinham a liderança. Exemplos claros são o próprio Moi-
sés que exerceu o papel profético em Israel, e Débora, que mais tarde, supriu esta liderança durante o
período dos juízes. Outro exemplo de profeta pré-monárquico foi Samuel, o qual foi fundamental na
transição para o regime monárquico.
Apesar de ter sido importante e relevante para o profetismo, não há livros que reúnam as profecias neste
período; apenas oráculos dispersos relatados nos livros históricos:
O serviço de Samuel para Saul é documentado no livro de 1 Samuel, e a capacidade oficial de
Natã, na administração de Davi, é evidente em 2 Samuel. Embora não possamos considerar
Elias um conselheiro empregado do rei Acabe, ele serviu de porta- voz do Senhor naquela
época (HILL; WALTON, 2011, p. 447).
Teologia
22
1. Isaías
Profeta atuante na segunda metade do século VIII a.C. (740 – 700) tanto em Judá como em Israel, nos
tempos de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, Reis de Judá.
1.1. Autoria
É comumente aceito no círculo cristão e judaico a autoria de Isaías o profeta do século VIII. Contudo,
existem algumas correntes teológicas modernas que acreditam numa dupla (Deutero-Isaías) e até tripla
(Trito-Isaías) autoria. Esta linha teológica defende primeiramente que o rei Ciro, o persa citado em 45.1,
não teria vivido no mesmo período de Isaías, mas segundo dados arqueológicos, por volta de 200 anos
mais tarde.
Outro motivo de discussão seria a direção literária que o livro toma. Dos capítulos 1 a 39, os oráculos estão
permeados de acusação e julgamento, sendo estes escritos (1 – 6) ou mesmo compilados (7 – 39) por Isaías.
Já os capítulos 40 a 55, teriam sido escritos por um profeta exílico do século VI, enquanto os capítulos 56
a 66 conteriam oráculos escritos por outro também no período do exílio, século VI. Porém, na Palestina,
não se encontram oráculos de acusação e julgamento, antes, de esperança e restauração do reino.
Apesar das discussões entre as correntes, uma coisa é sabida:
Os profetas eram, em primeiro lugar, “pregadores”; isso quer dizer que o seu ministério
original era oral. Os seus oráculos, anunciados oralmente em situações específicas para
plateias específicas, não necessitavam de material editorial; mas, quando esses oráculos foram
compilados e transformados em material escrito, certa quantidade de material adicional para
fornecer amplificações, explanações, e elos entre os oráculos foi inevitável. (Um exemplo
muito claro disso pode ser visto em 16.13,14). A questão real, portanto, é se, em que medida,
os profetas se viram de editores do seu próprio material (BRUCE, 2009, p. 990).
Sendo assim, quase a totalidade dos eruditos concorda que o próprio Isaías tenha feito parte da compi-
lação do material, inclusive formando um documento mencionado como “mandamento” (8.16).
a orientação de Isaías (7.10-16). Em 732 Damasco foi conquistada, o povo deportado e toda a
terra de Arã incorporada ao Império assírio. Anos mais tarde, Israel se rebelou contra a Assíria,
mas teve a sua capital, Samaria, totalmente destruída em 721.
2. Em 701 o rei assírio, Senaqueribe, invadiu Judá destruindo várias de suas cidades fortificadas,
cercando finalmente Jerusalém. Contudo, diferentemente do pai, Acaz, Ezequias confiou no so-
corro do Senhor e o exército assírio foi totalmente destruído (capítulos 36 e 37).
Era um tempo de incerteza política e de medo, pois os assírios aterrorizavam a região do Antigo Oriente
Próximo, já que contava com um programa agressivo de dominação e da pesada cobrança de impostos aos
povos conquistados. Aderiram também ao programa de deportação, o qual tinha como intenção destruir
o senso de nacionalismo ou a integridade política. Mas cabe lembrar que para Israel, o nacionalismo estava
ligado a sua teologia; isto é, eles eram um povo escolhido e separado por Deus que os havia entregado a
terra prometida.
24
Livros Proféticos
2. O Servo
Quatro seções do livro de Isaías tratam deste tema tão importante na questão futura de Israel, na sua
redenção. O Servo é aquele que será um instrumento da realização dos planos de Deus à Israel. Essas
passagens são: 42.1-7; 49.1-9; 50.4-11; 52.13 a 53.12; 63.1-3.
Neste ponto de nosso estudo é importante distinguirmos o Messias esperado pelos judeus e o Messias
cristão, Jesus de Nazaré. Para nós, cristãos, as profecias messiânicas, preditas por Isaías, alcançaram o seu
cumprimento por meio de Jesus Cristo, pois foi desta forma que os apóstolos do Senhor compreende-
ram e enfatizaram as profecias.
Entretanto, para Israel, o Messias tinha um papel mais político, já que as esperanças reuniam-se na restau-
ração do Reino de Israel, do culto em Jerusalém e da dinastia davídica, esta última facilmente visível nos
capítulos 11 e 55.3-5 de Isaías, ou seja, “do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes um renovo”
(Is 1.1).
Daí “o Senhor tornará a estender a mão para resgatar o restante do seu povo que foi deixado, da Assíria,
do Egito, de Patros, da Etiópia, de Elão, de Sinar, de Hamate e das terras do mar” (Is 11.11). Essa era a
esperança de Israel quanto ao messianismo, uma restauração terrena e visível, diferente da cristã: salva-
ção futura e invisível ou sobrenatural (Is 9.6).
3. O Santo de Israel
Este título é usado para Deus quase que exclusivamente por Isaías no AT. Ele não só enfatiza a santidade
do Senhor, como reflete a preocupação do livro com a gravidade das ofensas de Israel contra Deus. Al-
gumas passagens: 1.4; 5.19; 5.24; 10.20; 12.6; 17.7; 29.19; 30.11-12; 30.15; 31.1; 37.23.
4. O Redentor de Israel
Outra característica de Isaías usada por mais de dez vezes é o título de Redentor de Israel dado a Javé.
Todas estão entre os capítulos 40 a 66, explicitando a graça soberana do Senhor. As passagens: 41.14;
43.14; 44.6; 44.24; 47.4; 48.17; 49.7; 49.26; 54.4; 54.8; 59.20; 60.16 e 63.16.
5. Escatologia
A escatologia encontrada em Isaías é uma escatologia do reino; ou seja, como já observamos anterior-
mente, a questão é o reino futuro de Israel retratado como reino centrado em Jerusalém, abundando a
paz e a prosperidade com um descendente de Jessé se assentando ao trono. A ênfase é dada ao fato de
Javé governar e reinar (24.23; 33.22; 43.15; 44.6).
25
Teologia
Recapitulação 3
Discuta em sala sobre a atual aliança da igreja de Cristo com o seu Criador.
26
2. Jeremias
O livro de Jeremias compreende dois períodos bem distintos uma vez que pode conviver no reinado de
Josias; um período de otimismo, já que Judá se tornava independente politicamente da Assíria. Ele tam-
bém foi o profeta mais importante em um período extremamente sombrio de Judá (626 – 580 a.C.), o
qual profetizou não apenas para Judá, mas também às nações vizinhas. Por viver em meio a um contexto
de grave idolatria e de uma religiosidade apenas ritual em Judá, por vezes denunciou essas práticas vazias
de seus conterrâneos sempre sem sucesso.
Reis que governaram durante o período do ministério profético de Jeremias:
Sendo assim, o livro de Jeremias torna-se muito pessoal, pois nele é relatada a perversidade do povo e a
devoção, além da integridade do profeta que sente a pressão de anunciar as práticas repreensíveis de um
povo que estava fadado à ira do Senhor.
Deus na natureza (8.7; 12.9; 7.11; 22.23; 48.28), usando ilustrações da amendoeira, da chaleira
e da vida no campo;
g. Jeremias não era contra os sacrifícios e os rituais, mas percebeu que isso só teria validade se refle-
tisse na vida do povo na forma de consagração na aliança com o Senhor (7.2-3; 31.21-22). Com
isso, a nova aliança (31.31-34) tornaria o povo de Deus uma bênção universal (33.6-9);
h. Jeremias esperava o Messias (23.5-6), o “descendente de Davi”, o único que poderia trazer a paz a
um povo arrependido (33.8, 14-16) e não mais somente a Israel, mas a todos os povos (16.19-21).
Algumas destas características demonstram como Jeremias impôs sua personalidade ao texto. É importante
lembrar que o pronome “eu” é mais frequente em Jeremias do que em qualquer outro profeta do AT.
2.2. Autoria
Este é um dos poucos livros que dá informações sobre sua autoria. Depois de profetizar por mais de
20 anos, no ano 605, Deus mandou que Jeremias registrasse as profecias (36.1-3). Baruque foi quem
escreveu enquanto ditava (36.4), contudo o rolo foi destruído pelo rei, sendo feita outra cópia a seguir
(36.32). Este rolo refere-se aos capítulos 1 – 25 de Jeremias, designado como Livro 1 e tem como carac-
terística estar em primeira pessoa (eu). A seguir, surgem na coleção de profecias de Jeremias mais dois
livros divididos nos capítulos 30 e 31(Livro 2) e 46 – 51 (Livro 3).
28
Livros Proféticos
síria). O tema da justiça social não é mencionado expressamente, uma vez que as acusações contra os
sacerdotes, doutores da lei, pastores e profetas (2.8), são muito vagas e inseguras, contudo o contexto
convida a interpretá-las na linha da idolatria.
Apenas em 2.34 encontramos referência ao problema social:
Nas orlas dos teus vestidos se achou também o sangue de pobres e inocentes, não surpreendidos no ato de rou-
bar.
“No sermão de Jeremias na casa do oleiro, ele expõe a política do Senhor para lidar com as nações
(18.7-11)” (HILL; WALTON, 2011, p. 475). Ou seja, quando uma nação era justa ela alcançava graça
e favor do Senhor, entretanto se o seu comportamento fosse pecaminoso e injusto a ira de Deus recairia
sobre estes. É importante salientar que isto não justifica a doutrina da salvação pelas obras, pois o
comportamento julgado não é o individual, mas o coletivo.
2. A Nova Aliança
A proclamação da nova aliança por Jeremias é tida como a maior contribuição do profeta à teologia, por
isso é importante a relacionarmos com as outras. No livro de Deuteronômio, por exemplo, o formato é
bem complexo, pois nele encontra-se prefácio, tratados, as cláusulas do documento, lista de bênçãos e
maldições. Já na nova aliança de Jeremias consta apenas o documento principal, isto é, a nova aliança em si.
São deixados de lado o ensinamento e as outras tratativas da lei. Essa informação associada às palavras
de Jeremias de que a lei foi escrita no coração do povo (31.33) leva-nos a compreensão de que esta
aliança não difere da anterior, mas sim, uma extensão com novas características e novas dimensões.
3. Os Falsos Profetas
Outro problema enfrentado por Jeremias foi o conteúdo de sua pregação que era o de destruição e de
tristeza, enquanto outros profetas de seu tempo, que se diziam porta-vozes de Yahweh, profetizavam
sobre livramento, paz e prosperidade (14.11-16; 23.9-40; 28.1-17). Consequentemente, por ser minoria,
ele foi tido como falso profeta pelo povo.
29
Teologia
Mas aí reside o grande problema. Os mandamentos do Senhor não estão gravados nos corações da
maioria dos cristãos que não vivem a realidade do evangelho, tampouco estão aliançados com Jesus, mas
ouvem as profecias de falsos profetas que pregam apenas aquilo que convém ao povo: livramento, paz e
prosperidade.
Qualquer semelhança nos temas do Jeremias com a nossa atualidade cristã não é mera coincidência!
30
3. Ezequiel
Ezequiel era sacerdote, filho de Buzi, da descendência de Zadoque (Ez 1.3). Ele estava entre os 10.000
hebreus levados para o cativeiro babilônico no período de Nabucodonosor da Babilônia em 597 a.C.
(2Rs 24.10-17).
Seu nome significa Deus fortalece. Judeus posteriores questionaram o seu valor canônico pelas aparentes
discrepâncias entre a interpretação ritual do templo e as prescrições da lei mosaica (divergência no nú-
mero e nos tipos de animais sacrificados na Festa da Lua Nova - Nm 28.11 e Ez 46.6).
Jeoacaz e Jeoaquim (Eliaquim) conforme Jeremias havia predito. Jeoaquim foi um rei corrupto caracteri-
zado por idolatria, injustiça social, roubo, assassinato, extorsão, adultério e rejeição da aliança do Senhor
(Jr 22.1-17).
Judá continuou vassalo do Egito até a batalha de Carquêmis em 605 a.C. quando Nabucodonosor ven-
ceu os egípcios e também os assírios. Assim, Jeoaquim passou a pagar tributo para a Babilônia.
Com uma tentativa de rebelião frustada por parte de Jeoaquim, Nabucodonosor, em 598-597 a.C. ,
realizou o último cerco a Judá que culminaria no exílio em 586 a.C.
O rei e a família real foram deportados para a Babilônia junto com outros 10.000 membros da elite
(2 Rs 24.12-14).
1. Capítulos 1 - 24: antecedem a queda de Jerusalém e são dirigidos à casa rebelde de Judá.
• Advertência quanto ao julgamento iminente (2.3-8);
• Ressaltar a responsabilidade de cada geração pelo pecado (18.20);
• Convite ao arrependimento (18.21; 23-32).
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4. Daniel
O livro de Daniel relata a história de um jovem israelita tirado de sua terra natal à força e levado ao
império babilônico onde trabalhou, inicialmente, como diplomata de Nabucodonosor; a seguir, com
Belsazar e, por fim, com Ciro, o rei persa.
Daniel foi levado cativo com mais dez mil judeus em uma das diversas deportações acontecidas antes da
queda de Jerusalém (587-586) em 605 a.C.
O reinado longo e próspero de Nabucodonosor teve seu fim em 562 a.C quando os medo-persas, sob
o comando de Ciro, o Grande, começaram a construir seu império. Os sucessores de Nabucodonosor
foram incompetentes no governo até que, em 539 a.C., Ciro foi bem vindo à capital como salvador em
vez de conquistador (Is 44.26-28; 45.1-2).
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5. Oseías
Oséias, o profeta, era filho de Beeri, habitante de Israel no período do reinado de Jeroboão II (750 a.C.
até próximo da queda de Samaria no ano de 722).
O nome Oséias era comum nos tempos do AT e significa ajuda ou livramento e deriva do nome salvação.
Com exceção de Jonas, Oséias possivelmente foi o único profeta escritor do Reino do Norte.
A sua história tradicionalmente é lembrada por seu casamento com Gômer, a prostituta.
5.3. Esboço
I. Cabeçalho
II. Casamento de Oséias com a prostituta Gômer
a. Filhos da prostituição (1.2 - 2.1)
b. Infidelidade de Gômer (2.2 - 2.23)
c. Fidelidade de Oséias (3.1-5)
Teologia
A narrativa do relacionamento conjugal de Oséias com a prostituta Gômer nos capítulos 1 – 3 contém
biografia e autobiografia. Estes capítulos servem de prefácio às profecias dos capítulos 4 – 14. A história
do casamento é disposta no padrão literário conhecido tecnicamente por palístrofe. Essa estrutura
equilibra assuntos teológicos importantes voltados a um ensinamento ou ideia fundamental. A falta de
conhecimento de Deus por parte de Israel é a “junta” desta construção literária.
36
Livros Proféticos
1. Casamento de Oséias
A primeira parte do livro, do capítulo 1 ao 3, narra a vida familiar de Oséias como símbolo para
transmitir a mensagem que o profeta recebera do Senhor para o povo. Deus ordenou a Oséias que se
casasse com uma adúltera, Gômer, e cada um de seus filhos recebeu nome simbólico que representava
parte da mensagem ameaçadora:
a. Jezreel que significa “Deus espalha” ou “Deus semeia”, possivelmente tenha sido filho do profeta
conforme 1.3;
b. Lo-Ruama que significa “desfavorecida” ou “não amada” já deve ter nascido da infidelidade de
Gomêr, pois ocorre um contraste na narrativa em que afirma simplesmente “deu a luz” (1.6), en-
quanto no nascimento de Jezreel (1.30 “e lhe deu”);
c. Lo-Ami outro menino que também possivelmente não foi filho de Oséias e que significa “vós não
sois meu povo”.
Ilustram propositadamente a mensagem sobre o crescente descontentamento de Deus com a desobe-
diência de Israel, mas também transmitem a mensagem de esperança, renovação, amor e restauração.
A questão de como interpretar os acontecimentos pessoais da vida de Oséias, que fazem um paralelo
simbólico à sua mensagem profética, tem deixado perplexos os estudiosos do livro de Oséias.
Os detalhes sobre a vida familiar de Oséias nos capítulos 1 e 3 devem ser compreendidos como literais
ou alegóricos?
Há estudiosos que interpretam esses detalhes da vida conjugal de Oséias como alegóricos, por causa da
perplexidade moral que viria a causar a ordem de Deus para o profeta casar-se com uma prostituta.
Existem estudiosos que argumentam que a ordem de Deus no capítulo 2 e versículo 1 se refere ao futuro.
Argumentam que Gômer tenha se tornado uma prostituta apenas após o nascimento do primeiro filho.
Há ainda os que defendem uma leitura literal modificada argumentando que Gômer não era uma pros-
tituta comum, mas uma mulher envolvida com a prostituição cultual dos adoradores de Baal.
37
Teologia
2. Baalismo
A controvérsia entre Deus e Israel se baseava nas ideologias religiosas opostas do baalismo cananeu o e
javismo hebraico (Os 4.4). A causa do sincretismo religioso deu-se devido às concessões feitas aos povos
cananeus e, por conseguinte, a coexistência com eles.
O deus Baal era apenas um no panteão cananeu, filho de El e Aserá, era o deus da chuva e da tempestade
cujo principal interesse era a fertilidade agrícola e a reprodução sexual dos animais e da humanidade.
Mot, o seu eterno rival era o deus da morte. Segundo a mitologia cananeia as estações de chuva e de sêca
abundantes eram consequência dos conflitos entre esses deuses.
Para ajudar Baal na luta, a adoração cananeia ao deus da tempestade incluía sacrifícios humanos e a
prostituição ritual (Sl 106.34-41; dt 23.17). Os prostitutos e prostitutas eram empregados pelos templos
locais e considerados sacerdotes e sacerdotisas dos deuses.
Os cananeus tinham relações sexuais sagradas com as prostitutas como parte de adoração a Baal para
garantir a fertilidade mediante a representação sacramental do casamento do deus com a terra como Baal
(ou senhor, marido) do território.
38
Livros Proféticos
5.8. Conclusão
Oséias, o profeta do leito de morte de Israel, foi o último profeta a se referir ao Reino do Norte antes
do massacre assírio.
Foi dele a tarefa de despedaçar e matar Israel com palavras de juízo (6.5) e chamar o povo desviado de
volta ao conhecimento de Deus, por meio do arrependimento e da renovação da aliança.
Oséias foi ousado ao repreender a liderança não só religiosa, mas também a liderança política de Israel
(5.1; 6.9; 13.10).
A despeito da condenação divina e da severidade da linguagem usada para proclamar o juízo inevitável,
o propósito principal do livro é proclamar a compaixão e o amor de Deus, que não podem abrir mão
de Israel.
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6. Joel
Pouco se sabe a respeito do profeta Joel, uma vez que não é mencionado em outras passagens do Antigo Tes-
tamento. Porém, o texto deixa claro que Joel, filho de Fatuel, “teve um apreço profundo do culto realizado
no templo” (1.8-9; 2.27; 4.16-17), (BROWN, R. E.; FITZMYER, J. A.; MURPHY, R. E., 2011, p. 795).
6.3. Esboço
O livro pode ser dividido em duas grandes seções:
1. A primeira seção inclui os capítulos 1 e 2 e trata da praga dos gafanhotos e da sêca;
2. A segunda seção inclui o capítulo 3 e é frequentemente denominada de ‘escatológica’, isto por-
que, apesar da prova que recairia sobre Israel, Deus não tinha abandonado seu povo e ainda
habitava no meio deles.
Livros Proféticos
1. A praga de gafanhotos
Em todo o Antigo Testamento podemos perceber que Israel era uma nação economicamente agrícola,
dependendo de condições climáticas e naturais para a sobrevivência do povo, sendo assim, qualquer
desastre natural que acontecesse poderia ter um efeito devastador sobre a colheita, afetando diretamente
a nação.
Uma praga de gafanhotos tinha um grande poder devastador e poderia devorar uma dezena de quilô-
metros quadrados de toda a safra. Joel, em 2.3, relata seu poderio afirmando: “À frente dele vai fogo
devorador, atrás, chama que abrasa; diante dele, a terra é como o jardim do Éden; mas, atrás dele, um
deserto assolado. Nada lhe escapa”.
Por isso que a praga de gafanhotos deve ser interpretada como referência a “um ataque histórico das
forças armadas na cidade” (BROWN, R. E.; FITZMYER, J. A.; MURPHY, R. E., 2011, p. 800), isto
porque, em 2.25, os gafanhotos são chamados de ‘meu grande exército’.
41
7. Amós
Aamós é o terceiro livro dos profetas menores, mas cronologicamente o primeiro dos profetas escritores;
foi contemporâneo de Oséias e Miquéias.
Amós era um pastor e produtor de figos em Tecoa, cidade que ficava a cerca de 20 km ao sul de Jerusalém.
Sua negação em fazer parte do grupo de profetas, assumindo uma posição de leigo independente
permitiu proclamar sua mensagem livre de qualquer influência sacerdotal, da corte real ou da opinião
pública (7.14-15).
7.2. Autoria
É impossível determinar a autoria da obra, mas alguns supõem que Amós teria escrito as profecias após
retornar a Tecoa da “viagem da pregação” de Israel. Por serem escritos em primeira pessoa (5.1; 7.1-9)
ou devido à menção ao terremoto (1.1), teria escrito as mensagens durante seu curto período ministerial
na cidade de Betel em Israel. Sua escrita tem sido atribuída por volta de 760 a.C. em meados ou final do
reinado de Jeroboão II.
Amós, por causa de seu duro discurso, foi expulso do país e proibido de regressar (Am 7.10-17).
7.4. Esboço
O esboço do livro leva naturalmente à previsão de juízo e exílio de Israel.
Primeira mensagem (2.6-16): Amós denuncia o pecado de Israel revendo o desastre nacional com o
propósito de lembrar à nação as consequências da desobediência à aliança.
Segunda mensagem (3.1 - 6.14): Amós condena atos específicos de injustiça social e hipocrisia religiosa
chamando o povo ao arrependimento e aos padrões de conduta estipulados na aliança.
Terceira mensagem (7.1 - 9.4): Amós descreve as cinco visões, todas relacionadas à ira de Deus e ao
juízo sobre Israel, incluindo a certeza da destruição, do exílio e a introdução do tema do remanescente.
Quarta mensagem (9.5-15): O profeta termina seu ministério profético em Israel com a promessa de
restauração messiânica e bênção. O propósito é encorajar à esperança no remanescente.
43
Teologia
Fonte: HILL, Andrew E; Walton, J. H. Panorama do Antigo Testamento. 1 ed. 3 reimp. São Paulo: Vida,
2011, adaptado de John R. W. Stott, Involvemente: Being a responsible Christian in a Non-Christian
Society.
John Stott definiu como segredo o desenvolvimento adequado da ação social cristã a sã doutrina. Ele
caracterizou cinco áreas específicas no ensinamento cristão que promovem a ação social, baseado no
livro de Amós:
1. A doutrina de Deus como autor e sustentador da criação, salvador de seu povo, o Deus mise-
ricordioso para com todas as nações, que ama a justiça e odeia o mal (2.10; 4.13; 5.8,15; 9.7).
2. A doutrina do homem que reconhece todas as pessoas como criaturas de Deus e a realidade da
causa e efeito na experiência social humana em razão do pecado, pois quando todos os seres
humanos são valorizados como criados à imagem e semelhança de Deus, o desejo de servi-los
aumenta (1.9; 2.1; 9.7).
3. A doutrina de Jesus Cristo como Messias reconhece a renovação e a restauração associadas à ver-
dadeira redenção (9.13-15).
4. A doutrina da salvação admite o pecado humano, busca em Deus soluções para os problemas do
pecado e do mal no mundo, admitindo que a salvação é para a pessoa toda e não somente para
a alma.
5. A doutrina da Igreja como comunidade da aliança percebe sua responsabilidade como agente da
restauração e reconciliação do mundo caído.
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8. Obadias
O livro de Obadias é o mais curto do Antigo Testamento com apenas 21 versículos, porém, isto não
representa uma menor importância em relação aos outros livros.
1. Orgulho
Edom se orgulhava de ser local de sabedoria para o mundo antigo (Jr 49.7), desta forma Obadias cen-
surou a confiança que Edom depositava em seus sábios e a incapacidade que eles tiveram para detectar
a conspiração de falsos amigos que invencionavam sobrepujar a nação (v. 7,8).
Assim como a Babilônia que se vangloriava de sua sabedoria, mas que se mostrou inútil diante do juízo
de Deus (Is 47.8-15).
2. Lei de Talião
O conceito de que o crime não compensa (v. 15) é bem fundamentado nos ensinamentos bíblicos. A
legislação da Torá se baseia na Lei do Talião, ou seja, olho por olho (Ex 21.23; Lv 24.19; Dt 19.21), em
resumo, o castigo por atos criminosos será realizado proporcionalmente ao delito.
A tradição da sabedoria israelita refletia esta crença (Pv 26.27; Sl 7.15,16). O próprio apóstolo Paulo
reconheceu que aquilo que o homem planta ele também colhe (Gl 6.7-10) e Judá mesmo teve ciência
disto quando o Senhor permitiu que Samaria caísse diante da Assíria (2 Rs 17.21-23) que, a seguir, fora
derrotada por Nabucodonosor (Is 14.24-27), alcançando com a permissão divina também a própria
Judá por causa de seus pecados (Jr 25.8-14).
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9. Jonas
O livro de Jonas é único entre os proféticos do Antigo Testamento, pois não se trata de uma coleção
de oráculos do profeta e, sim, uma narrativa de sua vida. Jonas viveu no período do rei Jeroboão II no
Reino do Norte, na primeira metade do século VII a.C.
Neste livro encontram-se três conceitos básicos:
1. O direito de Deus de realizar atos de compaixão;
2. A tendência divina de oferecer outra oportunidade;
3. O prazer de Deus em pequenos avanços na direção certa.
9.1. Autoria
Há suspeitas que Jonas tenha vivido no século VIII a.C., mas há controvérsias quanto a datação do livro;
alguns defendem no século VIII, enquanto outros estudiosos datam sua escrita no século V, sendo esta
última, importante para compreender a mudança de direção no estilo profético de Jonas.
9.4. Profecia
Existe uma perceptível diferença entre Jonas e os demais profetas, isto porque no discurso de Jonas não
existem acusações, mas o livro todo enfatiza a possibilidade e o desejo do arrependimento, assim como
a natureza misericordiosa de Deus.
Teologia
Segundo alguns estudiosos, isto aconteceu graças à mudança do discurso profético do século VI em
diante que anunciava com maior ênfase aquilo que Deus estava prestes a realizar, conclamando todos
ao arrependimento e combatendo a doutrina da retribuição, pois reconhecia que o perdão é possível
também ao injusto.
1. Compaixão
Como já citado, é a bondade de Deus e o seu direito de realizar atos de compaixão. Até mesmo na
apresentação de Jonas no livro de Reis (2 Rs 14.25-27), Deus já demonstra compaixão e misericórdia ao
fazer um rei perverso (Jeroboão II) prosperar. Mesmo estando insatisfeito com a forma que Jeroboão II
reinava sobre Israel, Deus se compadeceu com o sofrimento do povo.
O livro não tem a intenção de fazer de Jonas o representante de Israel e, assim, incentivar a evangelização
e o perdão, por exemplo, mas pelo contrário, de identificar os três: Jonas, Nínive e Israel como objetos
da atividade divina, pois Deus reserva para si o direito de soberania, de misericórdia e de compaixão.
2. Ira
A ira divina resultou nos fatos ocorridos no livro de Jonas e a iniquidade de Nínive levou Deus a se irar
e a agir. Contudo a ira é equilibrada pela compaixão, pois assim como Jonas disse: “O Senhor é tardio
em irar-se, e grande em benignidade, e que se arrepende do mal” (Jn 4.2b).
48
Livros Proféticos
9.6. Esboço
I. Primeiro chamado e a tentativa de fuga de Jonas (1.1-16).
II. Resgate divino de Jonas e sua demonstração de gratidão (1.17 a 2.10).
III. Segundo chamado e a resposta de Nínive à pregação de Jonas (3.1-9).
IV. Resgate divino de Nínive e a demonstração da ira de Jonas (3.10 a 4.5).
V. A ilustração e o direito divino de compaixão (4.6-11).
49
10. Miquéias
Miquéias foi um profeta da pequena cidade de Moresete, localizada nas colinas de Judá, entre Jerusalém
e o mar Mediterrâneo. Contemporâneo de Isaías que profetizava em Jerusalém para a nobreza e os sa-
cerdotes, Miquéias profetizava para a sua cidade.
Um dos poucos profetas a ser mencionado em outro livro profético. Quando Jeremias foi ameaçado de
morte por suas profecias, ele foi livrado pelos anciãos que lembraram o povo de que Miquéias profetiza-
ra a mesma coisa 100 anos antes (Jr 26.18-19). Isto indica a importância de Miquéias como porta voz
do Senhor.
Profetizou nos dias dos reis Jotão, Acaz e Ezequias, na segunda metade do século VIII a.C. (740-687).
O perigo não consistia apenas na ameaça assíria, mas principalmente internamente; ou seja, profetas,
sacerdotes e juízes aceitavam subornos, comerciantes trapaceavam e os cultos cananitas eram realizados
ao lado dos javistas.
Tipos de oráculos profetizados por Miquéias que abordam diferentes temas:
1. Destruição dos lugares e objetos de culto usando termos cósmicos (1.3-7; 3.12).
2. Devastação política incluindo subversão de cidades e envio dos habitantes ao exílio (1.10-16).
3. Julgamento pessoal contra opressores específicos (2.3-5).
4. Julgamento espiritual que privou os profetas de revelação (3.6-7).
5. Julgamento socioeconômico que afetou a fertilidade da terra (6.13-16).
51
11. Naum
No século VIII a.C. Jonas esteve em Nínive, capital da Assíria, exortando seus moradores quanto ao seu
pecado e maldade. Naquele momento, o povo se arrependeu e, com isso, o Senhor deixou de lançar o
seu julgamento sobre aquela cidade.
Contudo, cerca de 150 anos depois, os moradores de Nínive se esqueceram da aliança que fizeram com
Deus e retornaram às práticas antigas como a brutalidade exagerada.
11.3. Esboço
I. Salmo introdutório (1.1-8)
II. Destruição de Nínive e livramento de Judá (1.9 - 2.2)
Livros Proféticos
53
12. Habacuque
Pouco se sabe sobre a origem de Habacuque, pois não há dados genealógicos ou históricos sobre o pro-
feta. Nesse caso, se dá mais ênfase à abordagem do tema específico tratado pelo livro, semelhante ao de
Jonas; no caso do livro do profeta Habacuque o tema é justiça divina.
Profetizou durante o governo de Josias (640 - 609 a.C.) por volta de 640 e 626 a.C., sendo a data mais
aceita o ano de 630 tornando Habacuque contemporâneo de Jeremias.
12.3. Esboço
I. Discurso 1
A. Oração: Queixa de Habacuque em relação à Judá (1.1-4).
B. Resposta: Oráculos de julgamento - Babilônia invadirá Judá (1.5-11).
II. Discurso 2
A. Oração: Perguntas de Habacuque com relação à justiça de Deus (1.12-17).
B. Instrução de Deus (2.1-3).
C. Resposta 1: Responsabilidade do justo (2.4-5).
D. Resposta 2: Oráculo de julgamento contra a Babilônia (2.6-20).
III. Discurso 3
A. Oração: Pedido de misericórdia de Habacuque (3.1-2).
B. Reflexão: O poder de Deus para livrar (3.3-15).
Livros Proféticos
12.6. Conclusão
O livro de Habacuque quer nos ensinar a importância da confiança em Deus e na sua soberania. Não
podemos esperar reconhecer todo o andamento das operações diárias de Deus, mas podemos ter certeza
de que seus propósitos estão se cumprindo.
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13. Sofonias
Sofonias foi possivelmente um membro da corte (1.1), caso a pessoa citada seja uma referência ao rei
Ezequias. O profeta também foi um contemporâneo de Jeremias.
Durante o reinado de Manassés (697 a 642 a.C.) houve um enfraquecimento do movimento profético
graças ao seu estilo de governo, o qual reedificou os ídolos que seu pai Ezequias destruíra; também res-
tabeleceu o culto a Baal.
57
14. Ageu
Ageu faz parte de um grupo de profetas do período pós-exílico, sob o domínio do império Persa (550-
330 a.C.), junto com Daniel, Joel, Malaquias e Zacarias.
59
15. Zacarias
Zacarias, junto com Ageu, profetizou no período pós-exílico. Enquanto Ageu conclamava o povo para
erigir o templo de Jerusalém, Zacarias, por sua vez, convocou a comunidade ao arrependimento e à
renovação com a aliança com Deus.
Zacarias significa “Já (vê) se lembrou”, ou seja, semelhante à essência de sua mensagem a Jerusalém do
pós-exílio.
Composição do Livro
Estudiosos mais conservadores defendem a integridade literária de Zacarias, isto é, o texto teria sido
escrito em uma única época. Em contrapartida, pesquisadores mais críticos dividem a escrita em duas
ou três épocas.
Os dois grupos atribuem os capítulos 1 à 8 ao profeta de 520-518 a.C. no reinado de Dário (521-486),
isto porque os pronunciamentos de Zacarias e a sua cronologia podem ser assim convertidas:
1. Messias
Depois de Isaías, Zacarias foi o profeta que mais anunciou a vinda do rei-pastor messiânico. O próprio
Jesus faz uso destas profecias e as explica aos seus discípulos como forma de interpretação do AT.
Previsões de Zacarias sobre o Messias
Virá em uma posição social baixa e humilde 9.9; 13.7 (v. Mt 21.5; 26.31, 56)
Restaurará Israel pelo sangue de sua aliança 9.11 (v. Mc 14,24)
Servirá como pastor a um povo disperso e
10.2 (v. Mt 9.36; 26.15; 27.9,10)
vagando como ovelhas
Será traspassado e ferido 12.10; 13.7 (v. MT 24.30; 26.31, 56; Jo 19.37)
Retornará em glória e livrará Israel dos inimigos 14.1-6 (v. Mt 25.31)
Reinará com paz e justiça em Jerusalém 9.9-10; 14.9,16 (v. Ap 11.15; 19.6)
Estabelecerá a nova ordem mundial 14.6-19 (v. Ap 21.25; 22.1-5)
(Fonte: Panorama do Antigo Testamento, p. 602)
61
16. Malaquias
Sabe-se pouco a respeito de Malaquias. Como no caso de Obadias, o verso 1 não apresenta sua genea-
logia. Alguns estudiosos acreditam que o profeta tenha feito parte da Grande Sinagoga, o qual consistia
em um “concílio de escribas e outros líderes que ajudaram a reorganizar a vida e a cultura religiosa após
o exílio babilônico” (HILL e WALTON, 2011, p. 606).
O profeta apresenta fortes convicções e repudia a idolatria (2.10-12), o divórcio fácil (2.13-16) e a injus-
tiça social (3.5), demonstrando um caráter integro. Mostrou-se corajoso ao censurar a classe sacerdotal
e a influente elite social (v. 1.1-14; 2.1-4; 3.2-4).
63
17. A relação dos profetas e Jesus
Como observamos, durante todo o curso, o ministério profético enfrentou várias dificuldades em Israel
e também em Judá, isso porque como vimos, o povo se corrompeu rompendo a aliança com Deus e
passando a cultuar a outros deuses, culminando no juízo divino.
A partir desta afirmação podemos questionar se o ministério profético serviu para alguma coisa. Numa
primeira análise a resposta seria: não; entretanto, nós somos a prova de que serviu! A mensagem proféti-
ca é continuada em nós uma vez que alimenta inquietude e esperanças em nosso íntimo.
Desta forma, se a mensagem profética também está relacionada com a cristandade, outra questão surge:
qual a relação entre os profetas do Antigo Testamento e Jesus?
Analisando o que Sicre (2011) discorre sobre essas semelhanças podemos destacar alguns pontos:
1. Jesus é sensível às desigualdades: a condenação divina não residia mais somente em matar, rou-
bar e perjurar, mas bastava ser insensível com a desgraça alheia. A parábola do rico e Lázaro (Lc
16.19-31) enfatiza a condenação do rico por não cuidar de Lázaro.
2. Põe-se ao lado dos fracos (Mt 25.31-46)
3. Condena a riqueza como grande rival de Deus: encontramos os profetas de um modo geral
condenando a idolatria a Baal, enquanto no período de Jesus as riquezas se tornaram o grande
motivo de idolatria pelo povo (Mt 6.24; 13.22).
Com isso, podemos perceber o papel importante que a Igreja tem quanto às necessidades de seu próxi-
mo. Mas quem é o próximo? É aquele que você trata com amor, com respeito, independente do credo
religioso. Reconhecemos o outro como próximo em ações que vão desde a simples ultrapassagem pelo
outro no trânsito ao cuidado de uma pessoa carente.
Quando fazemos o que gostaríamos que nos fizessem, tratamos essa pessoa como próximo, do contrário
ele é somente o “outro”.
Lembrem-se:
“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim
de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que,
antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora,
alcançastes misericórdia” (1 Pe 2.9).
“Vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa” (Ex 19.6a).
Bibliografia básica
BRIGHT, John. A História de Israel. São Paulo: Paulus.
BROWN, R. E.; FITZMYER, J. A.; MURPHY, R. E. Novo Comentário Bíblico. São Jerônimo: Antigo
Testamento. Santo André, São Paulo: Academia Cristã, Paulus, 2011.
BRUCE, F. F. Comentário Bíblico NVI – Antigo e Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2009.
HILL, A. E.; Walton, J. H. Panorama do Antigo Testamento. 1 ed. 3 reimp. São Paulo: Vida, 2011.
SICRE, J. L. Com os Pobres da Terra - A Justiça Social nos Profetas de Israel. Santo André, São Paulo:
Academia Cristã, Paulus, 2011.
Livros
Poéticos
Autoria
Fabiano Gomes Pastor na Igreja OBPC Nova York (São Matheus-SP), Reitoria na empresa
Faculdade Teológica FOCO EAD e Escritor na empresa Editora OBPC, Estudou Ciências da
Religião USP, Formado em teologia pelo Seminário Presbiteriano, Estudou Filosofia na Universidade
Presbiteriana Mackensie, casado com Tamires Nascimento Gomes. Mora em São Paulo.
Sumário
Introdução 71
1. Jó 73
1.1. Título 73
1.2. Autor 73
1. 3. Data 73
1. 4. Lugar: a terra de uz 74
1.5. Fatos relevantes 74
1. 6. Tema principal 74
1.7. Lições sugeridas 75
1.8. Esboço do livro 77
1.9. Analisando os relacionamentos 78
1.10. O sofrimento humano e a bíblia 84
2. O livro de Salmos 88
2.1. Título 88
2.2. Considerações importantes 88
Aplicação dos conhecimentos 94
3. Provérbios 100
3.1. Título 100
3.2. Autores 100
3.3. Data 100
3.4. Propósito 100
3.5. Tema 101
3.6. Visão panorâmica: 101
4. Eclesiastes 109
4.1. Título 109
4.2. Autor e data 109
4.3.Tema 109
4.4. Esboço do livro 110
4.5. Palavras chaves do livro 111
O
s livros classificados como Poéticos são: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares de Salo-
mão e Lamentações. Contudo é possível encontrar algumas passagens poéticas em todo VT
(Ex 15.1-21; Jz cap. 5 e extensas porções das obras proféticas). Considerando que estes livros
descrevem as experiências da humanidade, e em algum particular, do povo de Deus, seu alcance é tão
extenso quanto à própria vida. Neles a inspiração reveste a experiência humana com uma qualidade
universal que produz conforto, força e orientação a inúmeros crentes através dos séculos.
A base da poesia hebraica é o paralelismo do pensamento e não a semelhança de sons pela rima. Pos-
suindo um poderoso vocabulário, a poesia do VT está repleta de figuras de linguagem tais como perso-
nificações, hipérboles, metáforas, símiles e aliterações. Há também certos artifícios estruturais, inclusive
estrofes e, como todo o Salmo 119 e em lamentações, padrões acrósticos.
Com toda a certeza podemos afirmar que a poesia hebraica pode ser classificada entre as principais e
mais ampla expressões líricas, dramáticas e didáticas na literatura universal. Em sua prática clarividente
os livros da sabedoria estão muito afastados da filosofia especulativa, pois ao mesmo tempo em que
tratam das dificuldades do quotidiano, olha para Deus como a única fonte de motivação e força para
superá-los.
Nestes livros, a ênfase sobre a sabedoria de Deus (Pv 8.22) ajudaram a preparar o advento do Senhor
Jesus Cristo, “o qual se nos tornou... sabedoria” (1Co 1.30), “em quem todos os tesouros da sabedoria e do
conhecimento estão ocultos” (Cl 2.3) e que disse de Si mesmo: “Eu Sou o caminho, e a verdade, e a vida;
ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).
Recapitulação 1
1.1. Título
Do hebraico “Yyob”, que significa: “estar em hostilidade”, “provar”. Também é traduzido por “odiado”.
1.2. Autor
Desconhecido
Alguns atribuem a Moisés a sua autoria e, outros, a alguém contemporâneo de Abraão; no entanto não
há provas ou evidências internas para que haja unanimidade entre os estudiosos do VT.
1. 3. Data
A data dos acontecimentos e a data de autoria do livro são objetos de grande discussão. Os fatos pro-
vavelmente aconteceram numa sociedade patriarcal no segundo milênio a.C. por volta da época de
Abraão. Vários fatores apoiam esta ideia:
• Jó viveu mais de 140 anos após os eventos do livro (42.16), um tempo de vida normal apenas no
período patriarcal.
• A economia era semelhante ao período patriarcal em que as riquezas eram medidas pelo número
de cabeças de gado (1.3).
• Tal como Abraão, Isaque e Jacó, Jó agia como sacerdote de sua família (1.5).
• A ausência de qualquer referência à nação de Israel, à Lei mosaica e ao Tabernáculo, sugere uma
data pré-mosaica.
• As incursões dos sabeus (1.15) e dos calDeus (1.17) se encaixam na era abraâmica.
• O uso frequente (39x) do nome patriarcal comum de Deus “Shaddai” (O Onipotente).
É considerado por muitos eruditos como o livro mais antigo da Bíblia entre 2000 a 1000 a.C; outros
eruditos mais modernos o colocam em data tão recente como a época do exílio. Afirmam estes que
esta é uma história muito antiga que fazia parte das tradições orais transcrita entre o século VII ao
século IV a.C.
Teologia
Pessoalmente creio que este livro foi escrito na era patriarcal, sendo o canônico mais antigo.
1. 4. Lugar: a terra de uz
O nome “Uz” está ligado a Edom (Lm 4.21), por isso, há indícios históricos que sugerem algum lugar
perto de Araam Naharim (Aram dos dois rios) ao norte da Mesopotâmia, ficando Uz, localizada na
Arábia (entre Damasco e Síria) ao norte e Edom ao sul.
1. 6. Tema principal
Reflete a busca para a resposta da aflição de Jó, uma vez que, dentro do pensamento de culturas antigas
e algumas “teologias modernas” acredita-se que todos os revezes humanos sempre são consequências de
algo que se fez de errado ou algo certo que se deixou de fazer.
O livro de Jó lida com a pergunta dos séculos: Se Deus é justo e amoroso, por que permite que um homem
realmente justo, tal como Jó, sofra tanto?
Neste livro, vemos como Deus lida com situações demais elevadas para nossa compreensão e como a sua
graciosa autorevelação, faz com que “todas as coisas cooperem para o nosso bem” (Rm 8.28).
O livro de Jó é poético e pictórico em suas descrições e pode ser dividido em doze cenas:
Cena 1
Jó e sua família antes das aflições 1.5:
a) Socialmente: Próspero
b) Familiarmente: Piedoso e dedicado.
c) Religiosamente: Íntegro para com Deus.
Cena 2
a) Satanás entra na presença divina, e insinua que Jó serve a Deus por causa dos favores especiais
cap. 1.9-11,
b) Deus permite Satanás provar a Jó com a perda de suas possessões e de seus filhos – 1.12-20,
c) Jó retém a sua integridade – 1.21,22.
74
Livros Poéticos
Cena 3
a) Satanás volta à presença divina, declarando que se Jó fosse afligido no próprio corpo, ele amaldi-
çoaria a Deus – cap. 2.1-5.
b) Deus permite que Satanás atinja Jó com horrível enfermidade - cap. 2.7,8.
c) O conselho blasfemo de sua esposa e a submissão triunfante de Jó – cap. 2.9,10.
Cena 4
a) A chegada dos três amigos de Jó, sete dias de silenciosa condolência – cap. 2.11-13.
Cena 5
a) A paciência de Jó começa a acabar, e ele expressa sua queixa – cap. 3.
Cena 6
a) Amargas e infrutíferas discussões das aflições de Jó entre ele e seus amigos caps. 4- 31.
Cena 7
a) Eliú entra na discussão – caps.32-37.
Cena 8
a) O Senhor responde a Jó com palavras de luz e repreensão – caps.38, 39.
Cena 9
a) A confissão de Jó – cap. 40.3-5.
Cena 10
a) O Senhor fala pela segunda vez – caps. 40.7-41.34.
Cena 11
a) A segunda confissão de Jó – cap. 42.1-6.
b) O Senhor repreende a Elifaz, a Bildade e a Zofar por suas palavras insensatas e ordena-lhes que
ofereçam sacrifícios – cap. 42.7-9,
Cena 12
a) Jó ora por seus amigos 42.9.
b) Sua prosperidade é restaurada 42.10 – 15.
c) Morre em avançada idade 42.16,17.
75
Teologia
Recapitulação 2
3R1. Mencione dois fatos internos que apontem para uma data de autoria por volta dos tempos de
Abraão.
76
Livros Poéticos
4R1. Cite os dois escritores bíblicos e suas referências que mencionam a existência de Jó.
5R1. Ele não pretende mimar a para que ela tenha uma vida
neste mundo, mas, usará de tudo, até Satanás, para para a eternidade.
77
Teologia
78
Livros Poéticos
2- Seu poder:
3- Sua estratégia:
4- Seus relacionamentos:
a) Com Deus
b) Com Jó
5- Outras Observações:
79
Teologia
Revelações sobre Jó
1- Seu caráter:
2- Seu relacionamento:
a) Com Deus
3- Outras observações:
80
Livros Poéticos
2- Seu poder:
3- Sua estratégia:
4- Seus Relacionamentos:
a) O que diz sobre Jó
b) O que diz dos amigos de Jó
81
Teologia
5- Outras Observações:
Bildade – O
Eliú – O
Conceitos Teológicos e Correlação Bíblica:
a) Elifaz
b) Bildade
c) Zofar
82
Livros Poéticos
d) Eliú
d) Deus
1. Ideias principais:
1º Discurso:
2º Discurso:
83
Teologia
2º Discurso:
84
Livros Poéticos
85
Teologia
86
Livros Poéticos
Recapitulação 3
8R1. Qual personagem do N.T. mostra, com seu sofrimento, que mesmo que estejamos dentro da
vontade de Deus, podemos sofrer? Como isso aconteceu?
10R1. Deus pode usar nosso sofrimento para aperfeiçoar o caráter do cristão? Dê exemplos bíblicos.
12R1. Satanás pode nos afligir quando ele quiser? (analise os seguintes textos e responda Sl 23.4; Is
43.2; 1 Jo 5.18; 1 Co 10.13, Jó 1.12; 2.6).
13R1. Em geral, Deus não nos das aflições, Ele nos livra nas , (José
foi vendido e preso, foi parar na cova dos leões, seus amigos foram lançados na
,...) tendo em vista que a fé cristã não na remoção de fraquezas e , mas
na manifestação do poder através da fraqueza humana. (2 Co 4.7).
87
2. O livro de Salmos
É impossível subestimar a significação, tanto para os judeus como para os gentios, do livro dos Salmos.
Aqui estão refletidos os ideais de piedade religiosa e da comunhão com Deus, da tristeza pelo pecado e
da busca pela perfeição, do andar nas trevas sem temor por causa da lâmpada brilhante da fé; da obe-
diência a Lei de Deus, do deleite na adoração a Deus, da comunhão dos amigos de Deus, da reverência
pela Palavra de Deus, da humildade sob a vara do castigo, da confiança quando o mal triunfa e a impie-
dade prospera por algum tempo e da serenidade no meio da tempestade.
Os poetas hebreus foram inspirados com esses discernimentos espirituais eternos, essas experiências re-
ligiosas preciosíssimas; fazer deles os temas de seus cânticos que refletem as mais profundas experiências
da alma humana, não apenas no seu tempo, mas de todos os tempos.
2.1. Título
O título hebraico dos Salmos é “Tehillim”, que significa “louvores”; o título na Septuaginta (tradução do
A.T. para o grego, feita em c. 200 a.C.) é “Psalmoi”, que significa “cânticos para serem acompanhados
por instrumentos de cordas”.
O título em português, “Salmos”, deriva da Septuaginta.
São eles:
1) Salmos - (mizmor e sir) - Aqueles que eram cantados com acompanhamento musical.
2) Sigaiom - (Sl 7)
3) Mictão - (16, 56-60 ) - Lamentos em busca de expiação.
4) Maskil - (32, 42, 44, 45, 52-55, 74, 78, 88, 89, 142) - Salmos contemplativos e didáticos ou
habilidosos.
5) Uma oração - (17, 86, 90, 102, 142) Oração litúrgica de petição.
6) Louvores - (145)
Em quase todas as versões das Bíblias atuais, cada salmo traz, antes de tudo, uma epígrafe
(ou título), elaborada pelas agências publicadoras e/ou estudiosos que fazem suas anotações
teológicas e exegéticas. Estes títulos também não são inspirados.
89
Teologia
Recapitulação 4
1R2. Os poetas hebreus foram com esses discernimentos eternos
e essas religiosas preciosíssimas, fazer deles os de seus cânticos
que as mais profundas experiências da humana, não apenas no
seu tempo, mas de todos os tempos.
3R2. Quais são os salmos acrósticos e por que são assim chamados?
4R2. Quais foram os autores de salmos que não eram sacerdotes ou levita?
5R2. Família coatita, descendente de Coré, líder que foi fulminado por
Deus (Nm 26.10,11). Seus foram poupados e como foram escolhi-
dos para fazer parte de grupos de e cantores (2 Cr 6.31,33,39,44) e uma outra parte
ficou sendo e guardas do templo (1 Cr 9.17,ss).
90
Livros Poéticos
2.2.4 Quadro expositivo dos Salmos e seus autores - 50 dos salmos são de autores desconhecidos.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Desconh Desconh Davi Davi Davi Davi Davi Davi Davi Desconh
11 12 13 1 15 16 17 18 19 20
Davi Davi Davi Davi Davi Davi Davi Davi Davi Davi
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Davi Davi Davi Davi Davi Davi Davi Davi Davi Davi
31 32 33 34 35 36 37 39 40
38 Davi
Davi Davi Desconh Davi Davi Davi Davi Davi Davi
42
41 43 44 Filhos 45 Filhos 46 Filhos 47 Filhos 48 Filhos 49 Filhos 50
Filhos
Davi Desconh Coré Coré Coré Coré Coré Coré Asafe
Coré
51 60
52 Davi 53 Davi 54 Davi 55 Davi 56 Davi 57 Davi 58 Davi 59 Davi
Davi Davi
70
61 Davi 62 Davi 63 Davi 64 Davi 65 Davi 66 Desc 67 Desc 68 Davi 69 Davi
Davi
71 72 73 80
74 Asafe 75 Asafe 76 Asafe 77 Asafe 78 Asafe 79 Asafe
Desc Salomão Asafe Asafe
84 Filhos 85 Filhos 87 88 Filhos 89 90
81 Asafe 82 Asafe 83 Asafe 86 Davi
Coré Coré Hamã Coré Etã Moisés
91
92 Desc 93 Desc 94 Desc 95 Desc 96 Desc 97 Desc 98 Desc 99 Desc 100 Desc
Desc
101 102 103 110
104 Desc 105 Desc 106 Desc 107 Desc 108 Davi 109 Davi
Davi Desc Davi Davi
120
111 Desc 112 Desc 113 Desc 114 Desc 115 Desc 116 Desc 116 Desc 117 Desc 119 Desc
Desc
127 130
121 Desc 122 Davi 123 Desc 124 Davi 125 Desc 126 Desc 128 Desc 129 Desc
Salomão Desc
140
131 Davi 132 Desc 133 Davi 134 Desc 135 Desc 136 Desc 137 Desc 138 Davi 139 Davi
Davi
150
141 Davi 142 Davi 143 Davi 144 Davi 145 Davi 146 Desc 147 Desc 148 Desc 149 Desc
Desc
91
Teologia
O Deserto e os
Temas O Ser Humano e a Livramento e Adoração e o A Palavra de Deus e o
Caminhos de
frequentes Criação Redenção Santuário seu louvor
Deus
Semelhança
com o
Gênesis Êxodo Levítico Números Deuteronômio
Pentateuco
Temas Salmos
1- C
ânticos de Aleluia ou de louvores 8; 21; 33; 34; 103-106;
Engrandecem o nome, a majestade, a bondade, a grandeza e a salvação de Deus. 111;113;117;135; 145; 150.
2- Cânticos de Ação de Graças 18; 30; 34; 41; 66; 100; 106;
Reconhecem o socorro e livramento divino, em muitas ocasiões em favor do indivíduo 116; 126; 136; 138.
ou da nação de Israel.
3- Cânticos de Oração e Súplica 3; 6; 13; 43; 54; 69; 70; 79; 80;
Incluem lamentos e petições diante de Deus por si e por seu povo. 85; 86; 88; 90; 102; 141; 143.
4- Cânticos Penitenciais 32; 38; 51; 130.
Enfocam o reconhecimento e confissão do pecado.
5- Cânticos Históricos 78; 105; 106; 108; 114; 126;
Narram como Deus lidou com a nação de Israel. 137
6- Cânticos sobre a Majestade Divina 24; 47; 93; 96-99
Declaram convictamente que o Senhor reina.
7- Cânticos Litúrgicos 15; 24; 45; 68; 113 – 118
Compostos para cultos com eventos festivos especiais.
92
Livros Poéticos
8- Cânticos de Confiança e Devoção 11; 169; 23; 27; 31; 32; 40; 46;
a) Expressam a confiança que o crente tem na integridade de Deus e no conforto da sua 56, 62; 63; 91; 119; 130; 131;
presença. 139
b) Devoção da alma a Deus
9-Cânticos de Romagem (Cânticos de Sião ou Cânticos dos Degraus). 43; 46; 48; 76; 84; 87; 120 –
Eram cantados pelos peregrinos a caminho de Jerusalém para celebrarem as festas anuais 134
da Páscoa, de Pentecoste e dos Tabernáculo.
10- Cânticos da Criação 8; 19; 33; 65; 104
Reconhecem a obra de Deus na criação dos céus e da terra.
11- Cânticos Sapienciais e Didáticos 1;34; 37; 73; 112; 119; 133
12- Cânticos Messiânicos 2; 8; 16; 22; 40; 41; 45; 68; 69;
Descrevem certas experiências do rei Davi ou Salomão com significado profético cujo 72; 89; 102; 110; 118
cumprimento pleno terá lugar na vida do Senhor Jesus Cristo.
13- Cânticos Imprecatórios 7; 35; 55; 58; 69; 109; 137;
Invocam a maldição ou condenação divina sobre os ímpios. 139:19-22
Não há no mundo outro conjunto de literatura devocional comparável aos Salmos como expressão de
realidade, profundidade e pureza da experiência do homem com Deus.
2.2.7 Adorando através dos salmos
O livro de Salmos é a parte mais íntima do Antigo Testamento; ele nos dá uma revelação do coração do
judeu fiel e percorre todas as escalas de suas experiências com Deus e com o seu próximo. Com muita
propriedade, Myer Pearlman declarou: “Nos livros históricos vemos Deus falando acerca do homem;
nos livros proféticos vemos Deus falando ao homem, mas nos salmos vemos o homem falando com
Deus de uma forma clara, verdadeira e espiritual em todas as situações”.
Os fiéis do A.T. sempre encontraram boas razões para adorar ao Todo – Poderoso. Quero convidá-lo
para que, na direção do Espírito Santo, o mesmo que inspirou estes verdadeiros adoradores, a compre-
ender algumas verdades do saltério, produzir cânticos de adoração ao Único que é digno de recebê-los.
Recapitulação 5
93
Teologia
c) Razões do Louvor
d) Outras Observações:
94
Livros Poéticos
d) Outras observações:
95
Teologia
d) Outras observações:
d) Outras observações:
96
Livros Poéticos
d) Outras observações:
97
Teologia
d) Outras observações:
d) Outras observações:
98
Livros Poéticos
b) Seu conteúdo:
d) Outras observações:
99
3. Provérbios
3.1. Título
A palavra hebraica “mashal”, traduzida por “provérbio”, tem os sentidos de:
• Oráculo,
• Parábola,
• Máxima sábia.
3.2. Autores
Segundo 1 Rs 4.32, Salomão proferiu 3000 provérbios e 1005 cânticos. Ele escreveu a maior parte dos
provérbios coletados neste livro. A divisão que vai de 1.1 – 9.18 é atribuída a ele, bem como as divisões
de 10.1 – 22.16 e 25.1- 29.27, embora os provérbios, nesta última divisão, tenham sido selecionados
da coleção de Salomão pelos escribas do rei Ezequias (25.1). O capítulo 30 foi escrito por Agur e o 31,
pelo rei Lemuel. Nada sabemos destes dois escritores.
3.3. Data
A maioria dos provérbios teve origem no século X a.C. porém, a data mais antiga e provável para a con-
clusão deste livro seria no período do reinado de Ezequias. A participação dos homens de Ezequias na
compilação dos provérbios de Salomão remonta ao período entre 715 a 686 a.C., durante o avivamento
espiritual liderado por esse rei temente a Deus.
3.4. Propósito
É uma coleção de expressões que contém lições morais, sendo o livro mais prático do A.T., aplicando os
princípios de justiça, pureza e piedade à vida diária.
Em Provérbios, a sabedoria começa com Deus. Sua posição central no livro é aceita por todos e notada-
mente ativa em todas as suas páginas. Ela não é meramente carnal ou uma prudência comum, mas sim,
baseada no temor do Senhor. Por isto, estes provérbios não são ditos populares, mas uma destilação da
sabedoria dos que conheciam a Lei de Deus.
Livros Poéticos
Nesse Livro, quase todas as facetas dos relacionamentos humanos são mencionados e seus ensinos são
aplicáveis a todos os homens em todos os lugares e em todos os tempos, formando uma biblioteca de
instrução sobre como viver uma vida piedosa na terra e como estar seguro da recompensa eterna na vida
por vir.
3.5. Tema
Como vimos, o tema central de Provérbios é: A sabedoria para um viver justo através da submissão humil-
de do crente a Deus pela obediência à Sua Palavra.
3.6.2 Neste livro, encontramos palavras – chaves que permeiam todos seus ensinamentos:
101
Teologia
b) Conhecimento: 1.4,7, 22, 29; 25,6,10; 3.20; 5.2; 8.9,10,12; 9.10; 10.14; 1.9; 12.1,23; 13.16;
14.6; 15.2,7,14; 17.27; 18.15; 19.27; 20.15; 21.11; 22.12,17,20; 23.12; 24.4; 29.7; 30.3.
c) Entendimento: 2.3,6; 3.4,5, 13,19; 4.1,5, 7; 6.32; 7.4; 8.1,14; 9.4, 6, 9, 10,16; 10.13,21; 11.12;
12.8,11; 14.29; 15.21, 32; 16.16, 22; 17.16,18,27; 18.2; 19.8, 25; 21.16,3 0; 23.23; 24.3, 30;
28.11,16; 29.7; 30.2.
Qual é o seu significado nestes textos:
d) Filho meu: 1.15; 4.10; 5.20; 6.3; 19.27; 23.19; 24.13; 27.11; 31.2.
e) Para: 1.2, 3, 4, 6; 2.2,7,12; 3.8,18, 22; 4.10, 22; 5.2,9,10; 6.24; 7.5; 8.6, 9; 10.13,16,
29; 13.14; 14.23, 27; 16.4, 22; 19.23; 20.25; 21.5; 23.29, 30; 24.14; 25.8,10,12,13,16;
27.11,21; 30.5,10.
102
Livros Poéticos
103
Teologia
2- Ewil (19 vezes). Esta palavra tem o mesmo significado de kesil, porém, em Provérbios , este é
um termo ainda mais sinistro.
Ele é:
• Conhecido assim que abre a boca -10.14; 24.7; 17.28;
• Briguento desenfreado – 12.16; 20.3;
• Devastador – 27.3; 29;
• Rebelde à disciplina e à repreensão – 1.7; 10.8; 12.15; 15.5; 27.22.
Ele precisa:
• Ser disciplinado muito cedo – 22.15;
• 3- Nabal (3) Acrescenta pouca coisa ao quadro já composto a não ser um pouco mais de peso de
grosseria – 17.7 (Compare Sl 14.1 e 1 Sm 25.17).
c) O Escarnecedor
1- Aparece 17 vezes e é contrastado com os sábios ou juntado com os insensatos.
2- É a sua atitude mental e não a sua capacidade mental que o classifica como tal.
Ele é:
• Averso a correção – 9.7,8; 13.1; 15.12.
• Impossibilitado de encontrar a sabedoria -14.6
• Causador consciente de problemas – 21.24; 22.10; 29.8;
Suas derrotas trazem:
• Exemplo aos fiéis – 19.25,29; 21.11;
• Confiança em Deus para os justos – 3.34.
O Preguiçoso
Este comportamento em Provérbios é tratado não apenas como algo anormal na vida do homem, mas a
um desvio de propósito que reflete uma degeneração de caráter.
1. Comportamentos de preguiçoso:
a) Ele não começa nada (6.9,10)
Não se isenta de assumir compromissos, mas não se compromete de forma direta e objetiva por causa
da quantidade de vezes em que se engana com os seus pequenos adiamentos. Suas frases mais comuns
são:
“Eu estou terminando um servicinho depois eu venho” ou “Eu estou planejando algo
tremendo, assim que eu colocar todas as ideias no lugar eu venho te ajudar”. Outra, muito
comum dele, é: “Rapaz, eu ando tão cansado que não consigo fazer mais nada”. E alguém
que convive com ele lhe pergunta: “mas o que é que você já fez até hoje?” Entre risos ou
lágrimas (?) o preguiçoso responde: “Nada!”.
104
Livros Poéticos
105
Teologia
a) O poder de Penetração – O que se faz contra você é nada comparado com aquilo que se faz em você,
e este último pode ser para o bem ou para o mal, uma vez que as palavras:
• Formam crenças e convicções 10.21; 11.9.
• Podem curar ou destruir o corpo e a alma 12.18,25; 15.30; 16.24.
• Conduzem à ruína, pelas ações impensadas que provoca 18.6-8; 19.5.
b) O poder de Propagação – Já que as palavras implantam ideias nas mentes de outras pessoas, há uma
disseminação de seus efeitos também para o bem ou para o mal:
• A conversa do perverso espalha contendas 16.27b, 28 e mal 6.12-14.
• As palavras do justo produzem benefícios divinos para si (12.14) como para outras pessoas
(10.11; 15.4; 18.4).
A Fraqueza das Palavras
a) Não servem como substituto dos atos (14.23).
b) Não podem alterar os fatos (24.12; 26.23-28; 28.24) disfarces, omissões ou negações não enganam
Aquele que tudo vê e tudo sonda.
c) Não podem compelir uma resposta.
O professor não conseguirá transmitir nada de bom ao aluno apático (17.10), da mesma forma o male-
dicente não causará dano ao prudente, mas apenas ao que faz opção à mentira e a injustiça (17.4).
O Melhor das Palavras
a) As Características das boas palavras
• Serão honestas - 16.13; 24.24-16; 25.12; 27.5,6; 28.23.
• Serão poucas – 10.14,19; 11.12,13; 13.3.
• Serão calmas – 15.1; 17.27; 18.13,17; 25.15.
• Serão aptas – 10.20,32; 15.23; 22.11; 25.12.
b) A Composição das boas palavras
• Através do estudo e da meditação – 15.2,28; 16.1; 2:6 (compare Is 50.4).
• Através do que o homem é – 12.17; 14.5; 4.23 (compare Mt 12.34).
A Família
a) O Esposo e a Esposa
• Entre todas do lar devem falar em uníssono – 1.8,9; 6.20.
• Deve haver mais que respeito e mais ardente amor – 5.19.
• A esposa não é uma escrava ou produtora de filhos, antes:
• É um presente de Deus – 18.22; 19.14 para o fiel,
• Estabiliza a família com sua sabedoria – 14.1, 31, 10,ss.
106
Livros Poéticos
Atenção!
Sua mão foi feita para abençoar, acariciar e mostrar a direção a seus filhos e não para espancá-los. Deus
fez um lugar específico para receber as disciplinas físicas. Não “BATA” em qualquer lugar, isto é pecado e
crime. Pense sobre a razão pela qual você está disciplinando seu filho. Talvez ele tenha errado por falta de
instrução, ou, por algo que você “acha” que é errado, mas não é. Ou ainda por um problema seu (trabalho,
trânsito, financeiro, emocional, físico, espiritual, etc.). Seu filho não é seu “saco de pancadas”. Verifique
como está o seu coração na hora da disciplina. Nervosismo, mágoa, vergonha e ira não podem ser nossas
motivações. A disciplina sempre é motivada pelo amor de quem disciplina por quem é disciplinado.
“E já vos esquecestes da exortação que vos admoesta como a filhos: Filho meu, não desprezes a
correção do Senhor, nem te desanimes quando por ele és repreendido; pois o Senhor corrige ao que
ama, e açoita a todo o que recebe por filho. É para disciplina que sofreis; Deus vos trata como filhos;
pois qual é o filho a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos se têm
tornado participantes, sois então bastardos, e não filhos. Além disto, tivemos nossos pais segundo a
carne, para nos corrigirem, e os olhávamos com respeito; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos
espíritos, e viveremos? Pois aqueles por pouco tempo nos corrigiam como bem lhes parecia, mas este,
107
Teologia
para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade. Na verdade, nenhuma correção
parece no momento ser motivo de gozo, porém de tristeza; mas depois produz um fruto pacífico de
justiça nos que por ele têm sido exercitados. (Hb 12.5-11).
Recapitulação 6
3R3. Quais são as versões em hebraico que temos para a palavra “insensato” e quantas vezes cada uma
delas aparece em Provérbios?
108
4. Eclesiastes
4.1. Título
O título deste livro em hebraico é Koheleth, derivado de kahal, reunir-se. Literalmente significa - “aquele
que reúne uma assembleia e lhe dirige a palavra”. A palavra correspondente no grego da Septuaginta é
ekklesiastes e dela deriva o título em português. Este termo ocorre sete vezes no livro (1.1,2, 12; 7.27;
12.8-10) e é geralmente traduzido por Pregador ou Mestre.
4.3.Tema
Segundo a tradição judaica, Salomão escreveu Cantares quando jovem; Provérbios, quando estava na
meia-idade, e Eclesiastes, no final da vida.
Em Eclesiastes, Salomão registra suas reflexões negativas a respeito da futilidade de buscar felicidade
nesta vida, à parte de Deus e de Sua palavra. Ele teve riquezas, poder, honrarias, fama e prazeres sensuais,
em grande abundância, mas no fim, o resultado de tudo foi o vazio e a desilusão.
Alguns propósitos do livro de Eclesiastes podem ter sido:
a) Remover o escândalo por ele dado a todo o povo de Deus, bem como ao mundo.
b) Advertir especialmente aos mais jovens das suas terríveis experiências, para que não cometessem os
mesmos erros (compare 7.27-29).
Teologia
c) Revelar que bens materiais e conquistas pessoais não podem dar significado, alegria e paz, preen-
chendo as reais necessidades do homem (1.2; 12.8).
d) Mostrar que o homem pode desfrutar de uma forma saudável e equilibrada de todas as boas dádi-
vas de Deus, sem, entretanto, viver em função das mesmas (11.9,10).
e) Enfatizar com veemência que o único “estilo de vida” que dá sentido a vida é viver no temor do
Senhor em obediência à Sua Palavra (12.13 e 14).
Eclesiastes nos ensina o que devemos evitar ou deixar de fazer; Provérbios nos
ensina o que devemos procurar e fazer.
Liturgicamente, o livro de Eclesiastes é um dos cinco rolos da terceira parte da Bíblia hebraica – os
Hagiographa (Escritos Sagrados), cada um dos quais era lido em público anualmente numa das festas
sagradas judaicas. Eclesiastes era assim lido na Festa do Tabernáculo.
110
Livros Poéticos
Recapitulação 7
1R4. Segundo a tradição judaica, escreveu quando
jovem; , quando estava na meia-idade, e , no final da
vida.
2R4. Eclesiastes no ensina o que evitar ou de fazer, Pro-
vérbios nos ensina o que procurar e fazer.
3R4. Como devo entender as palavras do livro de Eclesiastes que contrariam as doutrinas da Bíblia?
111
5. Cântico dos Cânticos
5.1. Título
Chamado de “Cântico dos cânticos” segundo o título hebraico por ser extraído do primeiro versículo
“shir hash-shirim”, sugerindo ser o mais excelente de todos os cânticos que Salomão compôs (1 Rs 4.32).
5.3. Tema
O livro de Gênesis revela que a sexualidade humana e o casamento existiam antes da queda de Adão
e Eva no pecado (Gn 2.18 - 25). Com o pecado estas duas experiências humanas foram grandemente
afetadas; basta observarmos o degradante comportamento sexual em nossa geração e o caos que o casa-
mento como instituição a social se tornou.
Contudo, Deus que é o Criador de ambos, quer que saibamos que há uma oportunidade, ou melhor,
uma única oportunidade de tornar o sexo e o casamento puros, sadios, nobres de forma que glorifiquem
a Deus, e a inspiração deste livro nas Escrituras ressalta esta verdade. Sendo uma poesia oriental (onde
a clareza e a objetividade podem chocar ou até mesmo ser desagradável aos ocidentais) descreve a beleza
de um amor puro e maduro entre um homem e uma mulher.
Mensagem básica deste livro é a pureza e o caráter sagrado do amor e do sexo no casamento.
Muitos estudiosos da Bíblia do passado interpretavam este livro apenas alegoricamente, ou seja, ensina-
vam que era uma parábola do amor de Deus (o esposo) com Israel (a esposa) e de Jesus Cristo (o Noivo)
com a Igreja (a noiva).
Livros Poéticos
As parábolas sempre foram um recurso didático muito utilizado nas Escrituras, porém, quando um
fato do dia-a-dia é utilizado com o propósito de ensinar uma verdade espiritual, a Bíblia faz questão de
enfatizá-lo como tal, por exemplo: Mt 12.39-40. Jesus utiliza-se da experiência de Jonas, para ensinar a
respeito da sua morte.
Em João 3.14-15, Jesus utiliza-se da atitude de Moisés ao levantar a serpente no deserto (Nm 21.5-9)
para ensinar sobre a recompensa da fé no sacrifício dEle. Contudo, em nenhum lugar das Escrituras,
tanto no Velho como no Novo Testamento, encontramos qualquer alusão ao amor de Deus com Israel
ou de Cristo com a Igreja que tenha como base um único versículo do livro de Cântico dos Cânticos.
Por este motivo é difícil de acreditar que a forma alegórica e a única maneira de interpretarmos este livro.
Podemos e devemos “aplicar” as verdades do compromisso conjugal observadas neste livro à nossa expe-
riência com Cristo, em diversos textos as Escritura refletem este ensinamento, mas “interpretá-lo” unica-
mente como alegoria devocional é um crime contra todos os princípios de interpretação das Escrituras.
113
Teologia
presentes e que voltaria em breve. De noite ela sonhava com ele e em certas ocasiões acreditava que ele
estava voltando (3.1). Finalmente, um dia ele voltou com todo o seu majestoso esplendor para fazê-la
sua esposa (3.6,7).
Recapitulação 8
1R5. As referências contidas no livro de Cântico dos Cânticos sugerem que
o tinha livre acesso a todas as , o que só seria possível
antes da da nação em dois reinos.
3R5. Contudo, em nenhum lugar das , tanto no Velho como no Novo Testa-
mento, qualquer alusão do amor de Deus com ou
de Cristo com a tenha como base um único versículo do
de Cântico dos Cânticos.
4R5. Por que não devemos interpretar o Livro de Cântico dos Cânticos apenas como alegorias?
114
Livros Poéticos
Revisao geral
1. A base da hebraica é o paralelismo do e não a semelhança
de pela rima.
3. Mencione dois fatos internos que aponte para uma data de autoria por volta dos tempos de Abraão.
4. Cite os dois escritores bíblicos e suas referências que mencionam a existência de Jó.
5. Ele não pretende mimar a para que ela tenha uma vida neste
mundo, mas, usará de tudo (até Satanás), para para a eternidade.
7. Qual personagem do NT mostra com seu sofrimento que mesmo que estejamos dentro da vontade
de Deus podemos sofrer? Como isso aconteceu?
115
9. Deus pode usar nosso sofrimento para aperfeiçoar o caráter do cristão? Dê exemplos bíblicos.
11. Satanás pode nos afligir quando ele quiser? (analise os seguintes textos: Sl 23.4; Is 43.2; 1 Jo 5.18;
1Co 10.13, Jó 1.12; 2.6, e responda).
12. Em geral, Deus não nos das aflições, Ele nos livra nas ,
(José foi vendido e preso, foi parar na cova dos leões, seus amigos foram
lançados na ,...) tendo em vista que a fé cristã não na
remoção de fraquezas e _____________, mas na manifestação do poder através
da fraqueza humana (2 Co 4.7).
15. Quais são os Salmos acrósticos e por que são assim chamados?
Livros Poéticos
16. Quais foram os autores de salmos que não eram sacerdotes ou levita?
23. Quais são as versões em hebraico que temos para a palavra “insensato” e quantas vezes cada uma
delas aparece em Provérbios?
117
Teologia
29. Como devo entender as palavras do livro de Eclesiastes que contrariam as doutrinas da Bíblia?
32. Contudo, em nenhum lugar das , tanto no Velho como no Novo Testamen-
to, qualquer alusão do amor de Deus com ou de Cristo
118
Livros Poéticos
33. Por que não devemos interpretar o Livro de Cântico dos Cânticos apenas como alegorias?
119
Teologia
120
História
da igreja I
Autoria
Elias Antonio de Araújo, Pastor da igreja OBPC em Diadema, SP, Escritor e Professor de
teologia. Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo, Especialização em
Teologia Bíblica pelo Andrew Jumper (Mackenzie); Licenciatura em Letras (Univ. Anhanguera)
e Pós-graduação em Língua e Literatura pela Universidade Metodista de SP.
Casado há 33 anos com Quésia, tem quatro filhos: Miquéias, Jaqueline, Lucas e Elias.
Sumário
Introdução 125
2. O judaísmo 136
2.1. Origem e desenvolvimento 136
2.2. Instituições religiosas 137
2.3. judaísmo Palestino e judaísmo Helenístico 138
2.4. A esperança Messiânica 140
4. Os apóstolos 146
4.1. Perfil dos doze Apóstolos 147
1. Apologética
Os movimentos heréticos surgidos de dentro da igreja e a ameaça das seitas ao cristianismo levaram
alguns pais da igreja e pensadores cristãos a desenvolverem raciocínios e argumentos lógicos para defen-
derem a ortodoxia de todo o perigo. Algumas das atuais seitas e tendências heréticas tiveram sua origem
nos primeiros séculos e estão com uma “roupagem” mais atraente e agradável e nem por isso menos
nociva.
2. Teológica
Ao combater os falsos mestres e as heresias, a igreja viu a necessidade de desenvolver a sua teologia quan-
to às doutrinas fundamentais do cristianismo como a Trindade e a Cristologia, por exemplo. A atual
teologia deve muito aos escritores, apologistas e pensadores dos primórdios da igreja que contribuíam
muito para preservação da sua pureza e combateram toda sorte de ataques provenientes dos pagãos, de
filósofos e dos falsos mestres.
3. Devocional
O testemunho, o estilo simples de vida e a fé que os cristãos tiveram, quando sob perseguição é digno de
exemplo para ser imitado pelos cristãos modernos. A fé destes primeiros cristãos era testada numa arena
quando tinham que enfrentar as feras num espetáculo macabro para os milhares que assistiam. Milhares
de cristãos deram suas vidas por amor à Cristo e nem na hora da morte negavam deixando para nós um
exemplo vivo de fé.
1. O mundo do Novo Testamento
A história da igreja começa com Jesus, mas todo o contexto que envolveu sua história iniciou-se séculos
antes, no que é conhecido como o “Período Interbíblico”. Este período abrangeu cerca de 400 anos que
se dá entre as profecias de Malaquias e o alvorecer do Novo Testamento. As potências dominantes nessa
época foram a Pérsia, a Grécia, os Macabeus e Roma.
Os contextos culturais, religiosos e sociais do Novo Testamento que foram formados neste período,
foram determinantes em alguns aspectos da vida e da história da igreja. O mundo do Novo Testamento
foi o resultado da combinação de elementos culturais e religiosos de três grandes povos: Os orientais,
(Babilônia e Pérsia), gregos e romanos.
A religião da sociedade era pagã e sincretista, não tinha uma identidade própria e bem definida, era um
misto de elementos religiosos das nações orientais, como Assíria, Babilônia e a Pérsia, que foram unidos
aos elementos dos sucessivos povos conquistadores como os gregos e romanos. Essa religião pagã-polite-
ísta foi rejeitada pela igreja e os seus membros. Vindos dessa influência, tiveram que aprender a adotar o
monoteísmo judaico-cristão como uma verdade indubitável exposta a partir do Decálogo (Ex 20. 1-5),
e presente no Novo Testamento (I Ts 1.9).
Se a religião greco-romana fora rejeitada pelo cristianismo, o mesmo não se pode dizer da sua cultura.
Alguns elementos do pensamento da filosofia grega e principalmente o idioma grego koinê, foram fato-
res preponderantes na composição do Novo Testamento.
Para que o estudante da História da Igreja tenha uma visão mais ampla dos fatores que permearam a vida
e o desenvolvimento histórico da Igreja, serão fornecidas informações sobre o pano de fundo histórico,
religioso, cultural e social do Novo Testamento.
Zorobabel e exortações do profeta Ageu, o templo, após quatro anos de seu início, foi reerguido e no
ano de 444 foram levantados os muros em 52 dias.
128
História da Igreja I
Recapitulação 1
1R1. Em sua opinião, por que é importante estudar os fatores que envolveram o mundo do Novo Tes-
tamento?
2R1. Quais foram os povos que exerceram domínio político no período interbíblico?
129
Teologia
As religiões misteriosas foi outro fator importante na religiosidade da sociedade do período interbí-
blico e do primeiro século cristão. Alguns deuses dos povos orientais, especialmente os egípcios, eram
adorados. Cultos a Dionísio, Cibele, Mitra e Ísis, incluíam alguns ritos secretos de iniciação, lavagens e
aspersões com sangue. Era comum a crença na ressurreição de deuses, como também as superstições, as
práticas mágicas, horóscopos, augúrios e predições sobre o futuro.
Grupos Religiosos
Alguns grupos religiosos tiveram uma destacada importância no primeiro século cristão. Fariseus e
saduceus aparecem em várias cenas com Jesus, mas geralmente em oposição a Ele. Outros, de caráter
mais político como os zelotes e os herodianos, tinham vários adeptos. Outros dois grupos, essênios e
zadoqueus, não são mencionados no Novo Testamento, mas sua importância é inegável e é registrada
tanto pelo judeu Filo como pelo historiador Flávio Josefo.
1. Fariseus. (“Separado”).
Surgiram após a revolta dos Macabeus. Foi um grupo reacionário que fez objeção à helenização da
cultura judaica. Eles tinham controle sobre a sinagoga e eram extremamente legalistas e apegados às
tradições humanas (Mt 23. 13 – 36). Várias vezes foram repreendidos duramente juntamente com
os escribas, por Jesus. Eles se preocupavam em demasia com o exterior em detrimento do interior.
2. Saduceus.
Era um grupo menor que os fariseus, herdeiros dos hasmoneanos. Controlavam o templo e perten-
ciam à aristocracia da nação judaica. Diferentemente dos fariseus, não criam na ressurreição, nem
em anjos e nem em espírito, aceitavam apenas o Pentateuco como autoridade escriturística e despre-
zavam as leis e tradições orais. Este grupo religioso desapareceu com a destruição de Jerusalém e do
templo no ano 70 d.C.
3. Essênios. (“Piedosos”).
As informações sobre este grupo são dadas por Filo e Josefo. A sua origem, assim como os fariseus,
se deu após a revolta dos Macabeus. O seu estilo de vida era ascético e mais rigoroso do que o dos
fariseus. O seu legalismo os levou a se estabelecerem nas regiões desertas do Mar Morto em Qunran.
4. Herodianos.
Simpatizantes e seguidores da dinastia herodiana, apoiavam os Herodes e fundamentavam suas es-
peranças nacionais nessa família. Alguns acreditavam que Herodes fosse o Messias que os libertaria
do jugo romano.
5. Zelotes. (“Zelosos”).
Não era um grupo religioso, mas aparece nos relatos do Novo Testamento como um partido de cará-
ter político. Os zelotes eram revolucionários que tinham o interesse de derrubar o governo romano
e tornar independente a nação judaica. Eles se recusavam a pagar impostos aos romanos e causaram
várias rebeliões inclusive naquela que resultou com a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. Um dos
doze discípulos de Jesus fora um zelote, Simão (Lc 6.15). Um grupo mais radical, que surgiu entre os
zelotes, foram os sicários (gente da adaga), que circulavam entre as pessoas com uma adaga escondida
e matavam os simpatizantes romanos e os inimigos da nação judaica.
130
História da Igreja I
Recapitulação 2
3R1. Quais eram as características das religiões pagãs?
5R1. Em sua opinião por que é importante estudar os fatores que envolveram o mundo do Novo Tes-
tamento?
1.3.1 O Helenismo
Foi um período de influência da cultura grega sobre o mundo conquistado por Alexandre o Grande. A
cultura helênica que incluía a filosofia, as artes e o idioma koinê, foram implantados em grandes cidades
e moldou o estilo de vida de seus moradores.
Alexandre fundou setenta cidades moldando-as conforme o estilo grego. A cidade de Alexandria, ca-
pital do Egito, se tornou o centro da cultura grega. Nessa cidade havia a maior biblioteca com cerca
de um milhão de livros. A influência da cultura helênica se vê tanto no idioma usado pelos escritores
canônicos nos livros do NT, como também nos escritos dos apóstolos Paulo e João em alguns concei-
tos (vide 1 Jo 1.1-3; I Co 2.10; Fp 2.6,7; Cl 1.15).
131
Teologia
• A Septuaginta (LXX)
Foi a primeira tradução da Bíblia. É a tradução do texto hebraico para o grego koinê. Traduzida em
Alexandria, no Egito, em 285 a.C. por 72 eruditos judeus que foram convocados pelo rei Ptolomeu
Filadelfo que desejava ter uma tradução das Escrituras hebraicas para a sua biblioteca real em Alexan-
dria. Como os judeus alexandrinos adotaram o grego koinê como sua língua oficial e os que estavam na
diáspora também a conheciam, o Antigo Testamento passou a ser lido num idioma acessível já que os
judeus não se lembravam mais do hebraico.
132
História da Igreja I
Recapitulação 3
5R1. Relacione a 2ª coluna de acordo com a 1ª.
1.4.1 Família
É necessário fazer uma distinção entre uma família da Palestina e uma da sociedade greco-romana.
Geralmente uma família de judeus era numerosa e o nascimento de meninos era mais esperado e trazia
mais alegria que o de meninas. Já numa família tipicamente greco-romana, havia uma baixa taxa de
nascimentos. As famílias romanas eram incentivadas pelo governo, com concessões especiais a terem
mais de dois filhos.
As famílias da Palestina não tinham sobrenomes e as pessoas com um mesmo nome eram diferenciadas
por alguma característica especial (“Simão, o curtidor”; “Simão, o zelote”).
1.4.2 Moradias
As casas da Palestina eram diferentes das do império romano. Eram baixas e tinham um quarto para hós-
pede. Eram construídas com tijolos de barro amassado e com palha ressecada ao sol. As casas romanas já
eram superiores às dos judeus quanto ao estilo e ao material de construção. Eram construídas de tijolos
e os telhados eram cobertos com telhas ou palhas.
1.4.3 Idioma
Havia três idiomas falados no Império Romano. O latim, que era a língua oficial deste império, poste-
riormente substituiu o grego como língua universal. O aramaico era a língua falada predominantemente
na Palestina juntamente com o hebraico. Entretanto, o grego sobrepujava a essas duas em importância
porque era mais universal e era a língua do comércio e da filosofia. Provavelmente Jesus e os discípulos
eram trilíngues, falavam o hebraico, o aramaico e o grego.
133
Teologia
1.4.4 Trabalho
Havia diversas profissões entre os trabalhadores do primeiro século: carpinteiros, pedreiros, ferreiros,
padeiros, tintureiros, pastores de rebanho, soldados, agricultores, comerciantes, pescadores, médicos,
professores e advogados. Alguns trabalhadores chegaram a organizar seus sindicatos para representar os
direitos de seus empregados junto aos patrões. Entre os trabalhadores judeus, as profissões mais exercidas
eram as de pescador, agricultor, pastor de ovelhas e comerciante.
1.4.5 Entretenimentos
Eram várias as formas de diversões na sociedade do mundo greco-romano, mas a mais popular era a luta
entre os gladiadores. Os gladiadores eram escravos, criminosos ou voluntários que eram treinados para
lutarem até a morte. Esses espetáculos eram apresentados em grandes arenas e assistidos por milhares de
pessoas. Os gladiadores lutavam entre si e às vezes com alguns animais ferozes.
Outros espetáculos apresentavam lutas entre os próprios animais como leões, tigres, elefantes, croco-
dilos, hipopótamos e panteras. Outra forma de diversão, mais esportiva, incluía competições esporti-
vas que foram chamadas de jogos olímpicos. Na área artística havia representações teatrais, música e
literatura. Quanto às crianças, eram comuns os brinquedos como bonecas, chocalhos, jogos infantis,
esconde-esconde e a cabra-cega.
1.4.5 Alimentação
Os judeus faziam duas refeições diárias; uma ao meio dia, e outra à noite. Essas refeições consistiam de
frutas e legumes. Nas ocasiões festivas eles se alimentavam de carne assada ou cozida. Na ausência de
carne, se utilizavam de peixes.
Quanto à postura para fazer a refeição nas ocasiões formais, os judeus se reclinavam em divãs acolchoa-
dos e em outras ocasiões, informais, eles ficavam sentados.
134
História da Igreja I
Recapitulação 4
5R1. Quais eram os idiomas falados na época de Jesus?
135
2. O judaísmo
Jesus e a maioria de seus discípulos eram judeus. O cristianismo surgiu dentre o judaísmo. Por esses motivos
é importante entender a religião judaica e seus conceitos que foram o pano de fundo da religião cristã. A reli-
gião judaica conhecida na época de Jesus teve sua origem no exílio babilônico. Sem templo e sem sacrifícios,
foram obrigados a desenvolver um sistema religioso para manter sua comunhão com Deus. Neste período,
até a construção do templo em 516, as sinagogas desempenharam um importante papel na religiosidade
judaica. Mesmo depois com a existência do templo as sinagogas continuaram a ter sua importância.
2.2.1 O Templo
Com a reconstrução do templo, os sacrifícios prescritos pela lei, puderam novamente ser oferecidos.
Os utensílios e vasos sagrados voltaram a ocupar o seu lugar no templo sagrado com exceção da arca da
aliança que estava desaparecida ou fora destruída em algum momento após a destruição do primeiro
templo em 586 a.C. Os serviços no templo eram realizados pelos sacerdotes e pelos levitas. A religião
judaica passou a girar em torno das atividades conduzidas pelos sacerdotes e levitas.
Esse templo foi reconstruído por Herodes, o Grande, no ano 19 a.C. e só concluído em 64 d.C. Foi
nesse templo inacabado que Jesus realizou vários milagres e o chamou de ”A casa do meu Pai” (Jo 2.16).
Jesus predisse a destruição do templo o que ocorreria no ano 70 d.C.
2.2.2 A Sinagoga
Não se tem absoluta certeza quanto à origem das sinagogas, se foi no exílio da Babilônia, ou mais tar-
de, no período interbíblico. Mas a sinagoga (“assembleia”, “lugar de reunião”) não foi construída para
substituir o templo, mas se tornou um local para reuniões de oração, leitura e ensino das Escrituras que
eram oferecidos pelos escribas.
Mesmo com a construção do templo, as sinagogas foram construídas em várias cidades do império. Elas
eram administradas por um grupo de oficiais liderados pelo presidente que era “chefe principal”. Esse
grupo de oficiais era constituído de anciãos que eram escolhidos pela congregação que, por sua vez,
supervisionavam a vida religiosa dos judeus. Os que fossem flagrados em algum erro eram disciplinados
por meio de açoites ou de exclusão.
2.2.3 O Sinédrio
Do termo grego “sinédrion”, significa: “sentados juntos”, porque os seus membros se assentavam em
semicírculos. Em algumas versões o termo é traduzido por “concílio” (Mt 5.22; 26.59; Mc 14.55; Lc
22.66; Jo 11.47).
O sinédrio tinha um caráter legislativo, judiciário e religioso. Era composto por um grupo de setenta
e um anciãos judeus que eram presididos pelo sumo sacerdote. O sinédrio exercia jurisdição civil e cri-
minal e tinha autoridade administrativa, e podia ordenar aprisionamentos por seus próprios oficiais de
justiça (Mt 26.47; Mc 14.43). A jurisdição civil incluía até mesmo os judeus da dispersão (At 9.1,2).
O Grande Sinédrio, que julgava as questões mais sérias, ficava estabelecido em Jerusalém. Os sinédrios me-
nores julgavam as questões menos importantes. O sinédrio tinha o poder de julgar e prender, mas não podia
aplicar a pena capital; esta era uma incumbência exclusiva das autoridades romanas (Jesus, por exemplo).
No âmbito religioso, o sinédrio exercia a superintendência religiosa da nação judaica. Com a destruição
de Jerusalém no ano 70, o sinédrio foi abolido e sua história chegou ao fim depois de haver durado cerca
de cem anos.
137
Teologia
Recapitulação 5
1R2. Descreva com suas palavras acerca da origem e desenvolvimento do judaísmo.
138
História da Igreja I
gregas. A cidade de Cesareia, que foi a capital da Palestina no tempo dos procuradores, tinha edifícios
característicos de uma cidade helenista: um teatro, um anfiteatro, uma rua de colunatas, um hipódromo
(arena para corridas), e um templo.
Todas as áreas de vida do judeu na Palestina haviam sido influenciadas pela cultura helênica: a cultura, a
arquitetura, a filosofia, a alimentação, a indumentária, as diversões e as artes. O maior conflito já ocor-
rido entre os judeus e sua tentativa de helenização, foi, como já mencionado, na época de Antíoco IV,
quando milhares de judeus foram perseguidos e mortos, e posteriormente provocou a insurreição dos
Macabeus. Depois disso, os judeus não foram mais forçados a aceitar uma cultura estrangeira.
Na época do governo romano, os judeus tiveram não somente liberdade, como também sua religião re-
conhecida. Muitos judeus obtiveram cidadania romana e suas questões civis e religiosas eram resolvidas
no próprio sinédrio. Os benefícios da cidadania romana protegiam o cidadão de ser preso sem julgamen-
to e de ser açoitado, o que era uma prática comum imposta aos prisioneiros.
139
Teologia
Recapitulação 6
3R2. O judaísmo palestino e o helenístico são a mesma coisa? Explique.
140
História da Igreja I
Recapitulação 7
141
3. Jesus Cristo – Vida e obra
A maior religião do mundo, o cristianismo, se fundamenta na pessoa de Cristo. Sua historicidade foi
testemunhada por judeus e romanos além dos autores dos evangelhos. Ainda que os evangelhos não
apresentem uma biografia completa de Jesus, até mesmo porque não foi esse o propósito de seus autores,
eles fazem uma descrição real e histórica de Jesus. Os testemunhos extracanônicos e romanos são parcos;
entretanto, provam a existência de Cristo.
nho. Tácito (55 – 117) talvez tenha sido o historiador mais importante. Ele escreveu os “Anais” que
descrevem o período de Tibério César que era o imperador quando Jesus exerceu seu ministério, até
Nero. Ele registra que Nero incendiou Roma e colocou a culpa nos cristãos. Sobre Cristo ele afirmou:
“O nome deles (isto é, os cristãos), vem de Christus, que foi executado por Pôncio Pilatos, governador
da Judeia, durante o governo de Tibério”.
Plínio, o Moço (62 – 113) foi governador da Bitínia e em uma de suas obras escritas endereçadas ao
imperador Trajano, ele se queixa de que os templos pagãos estavam vazios porque os frequentadores
haviam se convertido ao cristianismo. Nesta carta, ele afirmou que os cristãos cantavam hinos de louvor
a Cristo como se Ele fosse um deus.
Suetônio (70 – 160) escreveu “A Vida dos Doze Césares” que é uma historiografia romana de grande
valor que abrange a história do período de Júlio César até Domiciano. Nessa obra, ele afirmou que a
expulsão dos judeus de Roma foi devido a uma confusão por causa das ideias de “Chrestus” (Cristo).
Luciano (125 – c. 190) escreveu uma sátira sobre os cristãos e sua fé onde ele retratou Jesus como al-
guém “que foi crucificado na Palestina” por ter iniciado “este novo culto”.
Os testemunhos desses historiadores e escritores romanos são de grande valor histórico principalmente
porque eles são livres de qualquer suspeita, nos seus registros sobre Jesus e os cristãos, já que eram hostis
ao cristianismo.
Recapitulação 8
1R3. A historicidade de Cristo descrita pelos evangelhos é aceita pela teologia liberal? Explique.
2R3. Por que o testemunho judeu e romano sobre a historicidade de Jesus é tão importante?
143
Teologia
144
História da Igreja I
ser necessário ir à Jerusalém e sofrer as conseqüências de sua missão (Lc 18.31-34) que culminaria na
sua morte.
Recapitulação 9
3R3. Descreva resumidamente o testemunho canônico sobre Jesus desde seu nascimento até a sua in-
fância.
145
4. Os apóstolos
Nos evangelho, eles são chamados de discípulos (Mt 10.1; Mc 3.7; Lc 19.29; Jo 20.19) e apóstolos (Mc
6.30; Lc 22.14); porém, o termo mais comum para designá-los, era “discípulos”. Como discípulos eles
foram chamados para estar com Jesus e aprender com Ele; como apóstolos, seriam enviados com poder
e autoridade para pregar e expulsar demônios (Mc 3.14,15; 6.30; Lc 9.10). A maioria deles pertencia à
região de Cafarnaum, na Galileia.
O número de apóstolos se limitou a doze, o que relembra as doze tribos de Israel. A escolha e seleção dos
apóstolos foram feitas após oração à noite inteira. Os doze homens selecionados teriam a incumbência
de ajudar Jesus na sua missão de pregar o evangelho, curar os enfermos e expulsar demônios.
Eles seriam embaixadores com uma mensagem urgente. Eles receberam a missão com a instrução de
pregarem primeiramente aos judeus. Eles foram enviados aos pares e caso fossem perseguidos não deve-
riam se preocupar com o que haveriam de dizer por que naquele momento o Espírito Santo colocaria as
palavras certas em suas bocas (Mt 10.19,20).
A missão dos apóstolos é resumida na ordem de Jesus narrada em Mateus: “... pregai que está próximo o
reino dos céus. Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebes-
tes, de graça dai” (Mt 10.7,8). Depois de enviados, “percorriam todas as aldeias anunciando o evangelho
e efetuando curas por toda parte” (Lc 9.6).
Lucas registra um episódio em que setenta discípulos receberam instruções semelhantes às dadas aos
doze em Mateus. Eles foram enviados de dois em dois e, no regresso deles, Lucas não informa quanto
tempo ficaram fora; e, na ocasião, prestaram um entusiasmado relatório a Jesus. Durante a realização da
obra missionária dos discípulos, Jesus testemunhou a derrota de Satanás como a queda de um relâmpa-
go; o triunfo do evangelho ocasionou a derrota de Satanás.
Há quatro listas com os nomes dos apóstolos: Mt 10.2-4; Mc 3.16-19; Lc 6.14-16; At 1.13,26. Pedro
sempre encabeça a lista e Judas Iscariotes sempre aparece em último lugar, exceto no livro de Atos. A lista
de Mateus coloca os apóstolos em pares provavelmente na mesma ordem em que foram enviados em
sua missão de dois em dois. Os apóstolos eram: Simão Pedro e André (irmãos), Tiago, filho de Zebedeu
e João, seu irmão; Filipe, Bartolomeu, Tomé, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o zelote e
Judas Iscariotes.
O N.T. não nos informa sobre o fim dos apóstolos, exceto sobre Tiago, o irmão de João que foi morto
por Herodes Agripa II (At 12. 1,2). Com a morte de Judas Iscariotes, Matias foi escolhido em seu lugar
(At 1.26). Além dos doze, outros foram chamados de apóstolos como Paulo, Barnabé e Tiago, o irmão
de Jesus (Gl 1.19; At 14.4,14).
História da Igreja I
1. Simão Pedro
O nome Simão é a forma grega de “Simeon” que talvez signifique “ouvir”. O segundo nome, Pedro, é
grego e significa. “pedra” ou “rocha”. O seu terceiro nome é “Cefas”, um nome aramaico que significa
“rocha”. Pedro era irmão de André e filho de João (Jo 1.42). Ele e André eram pescadores de profissão
e estavam trabalhando no Mar da Galileia quando foram chamados por Jesus (Mt 4.18,19). Sua cidade
natal era Betsaida (Jo 1.47); e residia em Cafarnaum, na Galileia (Mc 1.21,29). O relato de Jo 1.42 – 47
informa que Pedro foi levado a Jesus pelo seu irmão. Pedro tinha um temperamento forte, imprevisível
e muitas vezes, por essa razão, ficava em dificuldades.
A narrativa de Mt 16. 15-23 deixa evidente que Pedro, ao mesmo tempo em que fazia declarações con-
sagradoras (Mt 16.16), também era levado a outro extremo quando era identificado com Satanás (Mt
16.23). Pedro logo se destaca entre os Doze e se torna o líder dos apóstolos e, posteriormente, o líder mais
influente da igreja primitiva. Foi após a sua pregação no dia de Pentecostes que cerca de três mil pessoas
foram acrescentadas a igreja em Jerusalém. Foi considerado por Paulo, como apóstolo dos judeus (Gl 2.8).
Não há registro bíblico sobre a morte de Pedro, mas o historiador da igreja, Eusébio de Cesareia, infor-
ma que ele morreu no ano 68 d.C. Tertuliano e Orígenes afirmaram que Pedro foi crucificado de cabeça
para baixo em Roma, sob perseguição de Nero.
2. André
Seu nome em grego é “Andreas” e significa “varonil”. Irmão de Pedro, também era pescador e discípulo
de João Batista até quando este, apontando para Jesus exclamou: “Eis o cordeiro de Deus!” (Jo 1.36).
A partir daí, passou a seguir a Jesus. Logo em seguida foi a procura de seu irmão e disse: “Achamos o
Messias...”, e o conduziu a Jesus (Jo 1.41,42). Juntamente com Filipe, outro apóstolo, apresentou a Jesus
um grupo de gregos (Jo 12.20-22). Por esta razão, tanto ele como Filipe são considerados os primeiros
missionários estrangeiros. A tradição da igreja afirma que ele viveu seus últimos dias em Cítia, região
próxima ao Mar Negro e que foi crucificado numa cruz em forma de X, e que se tornou o símbolo reli-
gioso conhecido como “Cruz de Santo André”.
3. João
Era discípulo de João Batista o que se pode inferir de Jo 1.35-37. Ele também deve ser distinguido de
João Marcos. Seu nome vem do hebraico “Iohanan” que significa “Javé tem sido gracioso”. Era irmão
de Tiago e filho de Zebedeu e Salomé (Mc 1.19,20). Seu pai tinha uma pequena empresa de barcos de
pesca. Ele foi chamado por Jesus, juntamente com seu irmão. O apelido de “Filhos do trovão”, que os
filhos de Zebedeu receberam, pode indicar o temperamento explosivo e imprevisível deles (Mc 3.17).
Algumas vezes João deixou transparecer sua emotividade com Jesus e logo passou a fazer parte do círculo
de discípulos íntimos de Jesus juntamente com Pedro e João (Mt 17.1; Mc 9.2; Lc 9.28). Ele é identifi-
cado como o “discípulo amado” (Jo 19.26; 20.2).
147
Teologia
No livro de Atos aparece sempre com Pedro (At 3.1-4; 4.13; 8.14,25) e foi o autor do quarto evangelho,
das três epístolas e do Apocalipse o que significa que dentre os Doze, ele foi o que mais escreveu livros
do NT. A tradição da igreja afirma que ele teve uma vida longa em Éfeso onde pastoreou uma congre-
gação e morreu. É provável que João tenha sido o único apóstolo que não morreu como mártir cristão.
5. Bartolomeu
São escassas as informações sobre Bartolomeu. Com base em Jo 1.45, ele é identificado como Natanael.
Outros, porém, creem que Bartolomeu era o sobrenome de Natanael. Ele foi apresentado a Jesus por
Filipe (Jo 1.47). O nome “Bartolomeu” significa “Filho de Talmai”. Se Bartolomeu e Natanael são a
mesma pessoa, então ele veio de Caná da Galileia. Sobre Natanael, Jesus disse: “israelita em quem não
há dolo” (Jo 1.47). Jesus apareceu após sua ressurreição a Bartolomeu nas margens do Mar de Tiberíades
(Jo 21.1,2). Eusébio e Jerônimo mencionam que Bartolomeu foi missionário na Índia. A tradição afirma
que Natanael foi missionário na Índia e que foi para a Armênia onde levou muitos a Jesus. Segundo
a tradição, ele foi crucificado de cabeça para baixo e uma lenda afirma que ele foi esfolado vivo pelos
bárbaros.
6. Filipe
Seu nome significa “Amante de cavalos”. Filipe era um nome comum naquela época e ele deve ser distin-
guido do Filipe diácono-evangelista (At 6.5). Somente no evangelho de João encontramos informações
sobre Filipe. Ele era natural de Betsaida (Jo 12.21) e foi chamado individualmente por Jesus. Filipe
apresentou Natanael a Jesus (Jo 1.45 – 51). No deserto Jesus perguntou a Filipe como alimentariam a
multidão ao que ele respondeu que duzentos denários de pão não seriam suficientes (Jo 6.5-7). Noutra
ocasião, alguns gregos solicitaram a Filipe que lhes apresentasse a Jesus para conhecê-lo (Jo 12.20-22).
Na ocasião da última refeição com Jesus, Filipe pediu a Jesus para que lhe mostrasse o Pai (Jo 14.8).
Uma tradição preservada por Clemente de Alexandria afirma que foi ele o homem quem pediu permis-
são para sepultar seu pai, antes de seguir a Jesus (Mt 8.21). Eusébio afirma que ele viveu na Ásia e foi
sepultado em Hierápólis com duas filhas virgens. Dois livros apócrifos foram atribuídos a Filipe, um
Evangelho e um Atos.
7. Mateus
Seu nome significa “Dom de Deus” e também tinha o nome de “Levi” (Mc 2.14; Lc 5.27). Era filho de
Alfeu (Mc 2.14) o que alguns pensam que ele tinha algum grau de parentesco com Tiago que era filho
148
História da Igreja I
de Alfeu (Mt 10.3). Era publicano, coletor de impostos a serviço do governo romano. Ele estava na
coletoria quando recebeu o convite de Jesus e deixou seu posto de trabalho para ser discípulo, apóstolo
e escritor do evangelho que leva seu nome. (Mt 9.1; 10.3). Os cobradores de impostos eram odiados e
desprezados pelo público porque extorquiam os cidadãos com uma cobrança acima do permitido por
lei. Mateus era desprezado também pelos judeus, pelo fato de que ele era um judeu que estava a serviço
do governo romano.
Mateus tinha boas condições financeiras o que se vê no relato de Lc 5.29 que informa que ele tinha casa
própria e recebeu, para um banquete, “numerosos publicanos” o que indica que ele era mais rico do que
um publicano comum. Ele escreveu o evangelho que leva seu nome, e como constava no começo dos
manuscritos gregos, faz muitas referencias ao A.T.; além de seu caráter judaico, foi aceito universalmente
assim que ele começou a circular.
Após o seu chamado, Mateus não é mais mencionado a não ser em At 1.13 na relação dos apóstolos que
estavam no cenáculo em Jerusalém. Depois disso ele não aparece mais no NT. Tradições sobre Mateus
informam que ele esteve no Egito e na Etiópia e a igreja ocidental informa que ele foi martirizado.
8. Judas
Mateus e Marcos registram Tadeu enquanto Lucas traz “Judas, filho de Tiago” (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc
6.16; At 1.13). Provavelmente Judas recebeu o acréscimo de “Tadeu” devido ao estigma ligado ao nome
de Judas Iscariotes. O nome “Judas” era muito comum na Palestina. Além do Iscariotes havia Judas o
irmão de Jesus (Mt 13.55; Mc 6.3), e Judas, o galileu (At 5.37). Não se pode ter certeza com respeito
a identificação de Tiago, o pai de Judas. Alguns creem ser o irmão de Jesus; outros, Tiago, filho de Ze-
bedeu.
Eusébio afirma que Judas Tadeu foi enviado por Jesus ao rei Abgar da Mesopotâmia a fim de orar pela
sua cura. Judas teria ido após a ascensão de Jesus e lá permaneceu para pregar em várias cidades da Me-
sopotâmia. Outra tradição afirma que Judas foi assassinado por mágicos na Pérsia a pauladas e pedradas.
9. Tomé
No evangelho de João há mais informações sobre Tomé que nos sinóticos. João informa que ele também
era chamado de Dídimo (Jo 20.24). Seu nome no grego é “Thomas” e significa “gêmeos”. Ele aparece
em quatro episódios: No primeiro, quando Jesus pretendia voltar para a Judeia e foi advertido pelos
discípulos para que não fosse, Tomé disse: “vamos também nós para morrermos com Ele” (Jo 11.16).
No segundo, ele perguntou para Jesus: “... como saber o caminho?” (Jo 14.4,5). No terceiro, quando ele
duvidou da realidade da ressurreição de Jesus (Jo 20.24,29) e o último episódio, quando ele juntou-se a
seis discípulos para pescar (Jo 21.1,2). Depois disso ele aparece na lista dos apóstolos em At 1.13 e não
é mais mencionado no N.T.
Uma tradição encontrada no livro não canônico, “Atos de Tomé”, escrito no fim do segundo século,
afirma que ele foi missionário na Índia onde enfrentou muitas provas e foi martirizado e sepultado pelos
seus convertidos. Outra tradição informa que seus restos mortais foram levados para a Mesopotâmia.
149
Teologia
150
5. A origem da Igreja em Jerusalém
A cidade de Jerusalém foi o palco do surgimento da igreja. Antes, porém, essa cidade havia sido o berço
do judaísmo; nela, ficava localizado o templo que era o centro da vida religiosa dos judeus. A origem da
cidade santa remonta a cerca de 3000 a.C. Ela foi a capital do reino do sul e foi destruída pelos romanos
no ano 70 d.C. na ocasião da Guerra Judaico-Romana (66 d.C. – 70 d.C.). Alguns anos mais tarde, por
volta de 132 d.C. – 135 d.C., a revolta comandada por Bar Kokhba levou mais uma vez à destruição
da cidade.
Recapitulação 10
1R5. Descreva resumidamente a fundação da igreja em Jerusalém
152
História da Igreja I
Atos. Mas o que está em foco, pelo autor e historiador sagrado, é o surgimento e o desenvolvimento do
cristianismo em Jerusalém e a partir daí, se observa o seu crescimento.
Em At 4.4, o número dos que creram subiu de três para quase cinco mil. Em At 5.14 há um relato de
multidões que eram integradas a igreja. Muitos sacerdotes também creram (At 6.7). Este rápido cresci-
mento da igreja em Jerusalém levantou uma forte oposição por parte dos judeus que viu no cristianismo,
uma grande ameaça ao judaísmo. A princípio, as autoridades romanas imaginavam que o cristianismo
fosse apenas mais uma seita judaica e não se incomodou com o seu crescimento. Mas os incomodados
judeus logo partiram para o combate.
Foram encolhidos sete homens, provavelmente helenistas, para administrarem a área social da igreja,
já que não estava sendo feita justiça quanto à distribuição de alimentos para as viúvas helenistas. Um
deles, Estevão, logo se revelaria como um eloqüente pregador. Na sua pregação ele denunciou os líderes
judeus por sua rejeição a Cristo. Diante do Sinédrio, Estevão não se intimidou e os acusou de “traidores
e assassinos” (At 7.52). Estas foram as últimas palavras de Estevão; logo em seguida ele se tornaria o
primeiro mártir cristão (At 7.54 – 60). Este episódio deu início a uma onda de perseguição quando a
igreja em Jerusalém foi perseguida “e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia
e Samaria” (At 8.1).
Até o capitulo sete de Atos, a atenção é voltada exclusivamente para a igreja-mãe em Jerusalém; mas a
partir do capitulo seguinte, os cristãos perseguidos foram para Samaria e Antioquia da Síria onde prega-
ram a fé cristã e fizeram muitos convertidos. (At 8. 5 – 8).
153
Teologia
Após sua pregação, Cornélio e os demais gentios que estavam presentes, receberam o batismo com o Es-
pírito Santo para a surpresa dos que acompanhavam Pedro (At 10.45). Outro momento importante da
expansão da igreja está registrado por Lucas (At 11.19). Os dispersos chegaram a Fenícia, Chipre e An-
tioquia pregando somente aos judeus. Mas os convertidos de Chipre e Cirene (como Barnabé – At 4.36)
pregaram em Antioquia da Síria.
Em Antioquia, a igreja é fundada por leigos e se torna o centro missionário da igreja gentia. Por direção
do Espírito Santo esta igreja enviou Paulo e Barnabé numa viagem missionária à Ásia Menor (At 13 –
14). Esta foi a primeira das três viagens missionárias de Paulo. O mundo gentílico seria alcançado pelo
apóstolo dos gentios e o cristianismo chegaria à Ásia Menor e em partes da Europa.
Recapitulação 11
2R5. Quais foram os personagens principais do crescimento e da expansão do cristianismo, e quais
foram as primeiras cidades alcançadas?
154
História da Igreja I
Os diáconos também ocupavam uma posição de destaque na igreja, mas eram subordinados aos presbí-
teros. Suas qualificações exigidas eram praticamente as mesmas dos presbíteros como se vê em 1 Tm 3.
8 – 13 e At 6.3. Os diáconos exerciam uma função administrativa na igreja. Eles cuidavam dos aspectos
físicos e financeiros da igreja, bem como do serviço social (At 6. 1 – 6).
Além dos presbíteros e diáconos, que eram oficiais escolhidos pela igreja, havia também outras pessoas
como profetas, evangelistas, pastores e mestres, além de apóstolos que tinham dons especiais, concedi-
dos pelo Espírito Santo, que tinham a responsabilidade com a proclamação e o ensino da Palavra.
5.4.2 As Ordenanças
As duas ordenanças da igreja primitiva eram o batismo e a ceia que foram instituídas por Jesus. A
imersão parece ter sido a forma comum de batismo no primeiro século. Mas de acordo com o Didaquê
(Ensino dos Doze Apóstolos), o batismo podia ser administrado com água na cabeça, se não houvesse
água suficiente para o batismo para a imersão. Há indícios de que a igreja batizava por imersão até o IV
século. O batismo simbolizava a morte do batizando para o mundo e a nova vida com Cristo (Rm 6.4;
Cl 2.12).
Não há indícios históricos de que a igreja batizasse crianças a não ser pessoas que tivessem chegado à
idade da discrição. A primeira referência ao batismo de criança, é um pouco obscura e é de autoria de
Irineu por volta do ano 185. Entretanto, não há indicações quanto ao surgimento do batismo infantil.
A Ceia do Senhor foi uma prática observada desde o início da história da igreja. Era uma refeição sim-
bólica realizada uma vez por semana aos domingos (At 20.27). Somente os batizados podiam participar
deste memorial ordenado por Jesus quando Ele celebrou a Páscoa com seus discípulos para comemorar
a libertação de Israel do Egito (Mt 26.17; Jo 13.1).
Paulo afirma que Cristo é o nosso cordeiro pascal (1 Co 5.7). Os que creem e foram batizados deveriam
comer a Sua carne e beber o Seu sangue (Jo 6.54). A Ceia era celebrada em conjunto com uma refeição
comunitária chamada de “festa de amor” quando as pessoas levavam algum tipo de alimento. Somente
no segundo século a Ceia do Senhor foi separada da refeição comunitária.
5.4.3 O Culto
O culto cristão primitivo era constituído da leitura das Escrituras, pregação, orações e hinos. Os cultos
eram realizados nas casas dos irmãos e essa prática da reunião nos lares perdurou até a época de Cons-
tantino quando alguns templos começaram a ser construídos para os propósitos do culto.
O culto constava de duas partes. Na primeira parte eles faziam orações, cantavam hinos, liam e expli-
cavam as Escrituras. E nessa primeira parte, qualquer visitante tinha acesso. Na segunda parte do culto,
na celebração da Ceia do Senhor que era o momento mais importante do culto, somente os batizados
podiam participar. No primeiro século, o culto era realizado aos domingos e era caracterizado pela ale-
gria e comunhão. As quartas e sextas eram dedicadas ao jejum e a oração.
Quanto ao calendário eclesiástico, não há qualquer evidência de que a igreja observasse qualquer dia
santo a não ser o domingo que era separado como o “Dia do Senhor”.
155
Teologia
Recapitulação 12
3R5. Como era a organização da igreja? Explique as ordenanças e o seu culto.
156
6. Apóstolo Paulo: Vida e obra
Paulo foi apóstolo e o instrumento que Deus usou para levar o evangelho por vários lugares do mundo
gentio. Após sua conversão e batismo, que deve ter sido por volta do ano 35, passou os três anos seguin-
tes pregando em Damasco (Gl 1.17; At 9.19 ss.) Quando ele foi para Jerusalém, ficou lá por cerca de
duas semanas por causa dos judeus que queriam matá-lo, e depois retornou para Tarso onde ficou por
cerca de 10 anos.
Esse período silencioso da vida de Paulo não é narrado por Lucas, mas Paulo certamente pregou em sua
cidade natal até quando Barnabé foi buscá-lo para ajudá-lo na novel igreja em Antioquia provavelmente
no ano 46 ou 47.
A cidade de Antioquia era a terceira cidade do império com uma população de aproximadamente
500.000 habitantes. A igreja de Antioquia se tornaria a base de operações das viagens missionárias de
Paulo. Dessa igreja, Paulo e Barnabé foram enviados, em viagem missionária, para Chipre, Salamina,
Pafos, Perge, Antioquia da Psídia, Icônio, Listra e Derbe.
Quanto à sua formação cultural, além de conhecedor do judaísmo, suas epístolas mostram que ele tinha
conhecimento de filosofia estóica, da cultura grega, do Velho Testamento e do grego koinê. Sua profissão
era a de fabricante de tendas (At 18.3). Com respeito a sua família, Lucas informa que ele tinha uma irmã
que vivia em Jerusalém (At 23.16), mas não há qualquer menção a um irmão. Há uma referência ao seu
sobrinho que teve acesso entre os líderes de Jerusalém. Talvez ele fosse membro do Sinédrio; mas certa-
mente era influente o que indica que sua família era de posição proeminente e tinha recursos financeiros.
Sua conversão ocorreu quando ele estava a caminho de Damasco, numa distância de 240 km, com auto-
rização para prender os “que eram do caminho” (At 9.2). Sua experiência é relatada em 1 Co 9.1; 15.8;
Gl 1.11 – 18 e registrada por Lucas em At 9.1 – 31; 22.9; 26.12 – 18. Os relatos de sua conversão em
At 9.7 e At 22.9 parecem contraditórios, mas o erudito Robert Gundry afirma que:
“A construção grega difere entre uma e outra dessas passagens, e talvez signifiquem que os
companheiros de Paulo ouviram o som da voz de Jesus, embora não tivessem compreendido
as palavras. Alternativamente, os companheiros de Paulo ouviram a voz dele (At 9.7), mas
não a de Jesus (At 22.9)”.
No momento de sua conversão, Saulo teve o nome mudado para “Paulo” (“pequeno”), que era um nome
latino. Ele foi orientado por Jesus a ir para a cidade onde receberia novas instruções acerca da sua futura
missão. Depois de três dias sem poder enxergar, teve um encontro com Ananias que se tornou seu ami-
go e conselheiro. Após orar por ele, Paulo teve a visão restaurada. Diante de uma relutância inicial de
Ananias em receber Paulo, devido a sua fama de perseguidor da igreja, Ananias foi confortado por uma
mensagem de Jesus de que ele “é pra mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os
gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel” (At 9.15). A partir desse momento Paulo seria esse
instrumento. Sua experiência e convicção o impulsionaram para a obra missionária.
Recapitulação 13
4R6. Quem foi o apóstolo Paulo? Fale sobre sua origem, profissão, família, formação e etc.
158
História da Igreja I
trabalhava na sua profissão de construtor de tendas para se manter. Geralmente ele ficava o tempo
necessário em certa cidade até que ficasse convicto de que poderia partir para outro local e regiões não
alcançadas. Em Corinto ele ficou por cerca de dois anos e em Tessalônica, por volta de três semanas.
Paulo foi um grande estrategista na obra missionária, mas também fica evidente a sua dependência
da orientação do Espírito Santo (At 13. 2,4; 16. 6,7). Certamente muitas igrejas foram fundadas
indiretamente por Paulo. A forte igreja de Colossos deve ter sido fundada por cristãos da igreja de Éfeso
que ele enviara para lá.
159
Teologia
• Em Bereia, na sinagoga, Paulo prega aos bereanos que “eram mais nobres que os de Tessalônica”,
e comprovam a veracidade da pregação de Paulo, a partir das Escrituras do AT (17. 10 – 12).
• Em Atenas Paulo prega na sinagoga e no Areópago (Supremo tribunal) – Timóteo e Silas reú-
nem-se a ele, mas Timóteo é enviado de volta a Tessalônica e Silas vai para algum outro lugar (17.
16 – 34).
• Em Corinto Paulo encontra Áquila e Priscila com quem passa a morar e trabalhar na mesma
profissão – Timóteo e Silas reúnem-se de novo a Paulo – Conversão de Crispo, chefe da sinagoga
– Gálio, governador romano, recusa-se a condenar Paulo por haver pregado – Paulo permanece
em Corinto por 18 meses (18.1– 17).
• Em Cencreia Paulo rapa a cabeça por causa de um voto (18.18).
• Em Éfeso, Áquila e Priscila, que haviam acompanhado Paulo até este ponto, são deixados (18.19).
• Partindo de Éfeso foram para Cesareia desembarcando em Jerusalém, onde saudaram a igreja, e
depois seguiram para Antioquia (18. 22,23).
A segunda viagem teve uma duração de cerca de dois anos e terminou entre os anos 51/52. Nessa ocasião
foram fundadas igrejas em Corinto, Éfeso, Tessalônica e Filipos.
Recapitulação 14
7R6. Quais foram as cidades alcançadas pelos missionários na primeira viagem?
9R6. Em que cidade Paulo permaneceu por mais tempo na segunda viagem? Quanto tempo ele ficou
lá?
160
História da Igreja I
161
Teologia
Recapitulação 15
10R6. Quais foram as cidades visitadas por Paulo na terceira viagem missionária?
11R6. Em que cidade Paulo permaneceu por mais tempo? Quanto tempo?
162
História da Igreja I
14R8. Por que Paulo esperou dois anos para ser julgado?
163
7. O fim da era apostólica
Os últimos fatos sobre a maioria dos apóstolos e o seu martírio, são desconhecidos pela história cristã.
Somente a tradição cristã, através de livros pseudepígrafos, dá algumas informações sobre eles. Entretan-
to essas fontes não podem ser consideradas as mais confiáveis.
Os apóstolos Pedro e Paulo, provavelmente foram martirizados vítimas da perseguição infligida por
Nero no ano 67 ou 68. Nero acusou injustamente os cristãos do incêndio da capital do império, Roma,
em julho de 64. Muitos cristãos foram mortos e Nero transformou o martírio deles em espetáculo pú-
blico. Essa perseguição se limitou a essa cidade onde havia uma rica e grande igreja que sobreviveu a essa
perseguição.
A Guerra Judaico-Romana causou a destruição de Jerusalém e de seu templo, e causou um grande golpe
na igreja-mãe e a partir daí, as igrejas de Roma, Antioquia e Éfeso tornaram-se os centros do cristianismo.
João deve ter sido o último dos apóstolos. Ele foi exilado na Ilha de Patmos onde teve uma revelação
entre os anos 95 e 100 e escreveu às sete igrejas da Ásia Menor: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes,
Filadélfia e Laodicéia. Essas igrejas provavelmente ficavam sob a supervisão de João. Depois do exílio,
provavelmente ele voltou para Éfeso onde teria morrido em avançada idade.
No final do primeiro século, o cristianismo estava fortemente representado na Ásia Menor, na Síria,
Macedônia, Grécia, Roma e provavelmente no Egito. O cristianismo estava bem estabelecido, mas logo
cedo, algumas heresias começaram a surgir no seio da igreja e mereceram a atenção e o repúdio dos
apóstolos Paulo e João.
somente no ano 135, com a segunda destruição de Jerusalém pelos romanos, eles perderam sua influên-
cia e desapareceu completamente no IV séc.
7.1.3 Nicolaísmo
O nicolaísmo também foi uma forma de gnosticismo que influenciou a igreja do primeiro século (1 e 2
Jo; Ap 2. 6, 14,15). Defendia a ideia de que, como a matéria é má e só o espírito é bom; somente o que
o espírito fazia era importante e o corpo estava livre para se entregar a imoralidades sexuais indiscrimi-
nadas, comer alimentos que tinham sido oferecidos a ídolos.
Alguns estudiosos atribuem a Nicolau, um dos sete discípulos (At 6.5), a origem do Nicolaísmo. Iri-
neu afirmou que essa seita teve origem com Nicolau que se deleitava no adultério. Outros estudiosos
identificam essa seita com os seguidores de Balaão que são aludidos em Ap 2.14. Porém, os estudiosos
modernos rejeitam essa ideia.
Recapitulação 16
1R7. Quais foram algumas das heresias primitivas?
165
Teologia
166
História da Igreja I
foram escritas durante sua viagem para Roma quando seria martirizado. Essas cartas tratavam sobre as
heresias de tendências gnósticas que ameaçavam a igreja, a obediência aos bispos e a hierarquia da igreja:
bispo, presbítero e diácono.
4. O Pastor de Hermas
De caráter apocalíptico, foi escrito por volta do ano 150 por Hermas. É um livro de exortação na for-
ma de visões e parábolas. O autor era um escravo e depois de libertado se tornou um rico comerciante.
Posteriormente, ele e a esposa se converteram e ele escreveu este livro que tem o arrependimento e a vida
cristã como temas.
5. A Epístola de Barnabé
Esta epístola é de categoria pseudepígrafa porque não foi escrita por Barnabé do NT. Foi escrita por
volta de 130, trata do relacionamento entre o judaísmo e o cristianismo, a fé cristã e a lei mosaica.
6. Epístola a Diogneto
Escrita por volta de 170, de natureza apologética, é de autoria anônima e é uma apologia cristã dirigida
ao professor de filosofia do imperador Marco Aurélio, Diogneto. O autor apresenta a superioridade do
cristianismo e faz uma defesa racional do cristianismo.
167
Teologia
surgiram vários apologistas que defenderam a fé cristã de uma perspectiva teológico-filosófica e escre-
veram suas apologias endereçadas inclusive a imperadores. Justino Mártir (100 – 165) foi um dos pri-
meiros apologistas e escreveu em 153, uma obra chamada “Apologia”, que foi dirigida ao imperador
Antonino Pio (138 – 161), onde ele defendeu o cristianismo contra a perseguição e as críticas pagãs.
Mas as perseguições infligidas pelo Estado foram de natureza física e causaram a morte de milhares de
cristãos durante um período de dois séculos e meio.
A princípio o cristianismo gozou de relativa liberdade, porque ele era considerado pelo estado romano
como uma seita judaica. Como o judaísmo era amparado por lei, assim também o foi o cristianismo.
Quando a distinção entre cristianismo e judaísmo se tornou mais evidente, o cristianismo começou a
sofrer perseguição política. As perseguições geralmente foram locais e esporádicas até a época de Décio
em 250.
O primeiro imperador romano a perseguir a igreja foi Nero (54 – 68). Após o incêndio de Roma (64),
quando dez, dos quatorze bairros, foram destruídos, Nero, principal suspeita pelo incêndio, já que de-
sejava reconstruir a cidade de Roma, colocou a culpa sobre os cristãos. Muitos cristãos foram mortos e
provavelmente Pedro e Paulo estavam entre os mártires de Nero. Essa perseguição se limitou apenas à
cidade de Roma.
Após o imperador Nero, a igreja só voltaria a sofrer uma grande perseguição com o imperador Domiciano
em 95. Na ocasião a igreja fora acusada de ateísmo e juntamente com a anarquia e o canibalismo, foram as
acusações comumente usadas contra os cristãos causando perseguições e milhares de martírios. O sangue
dos mártires resultou na multiplicação de novos convertidos, muitos dos quais também conheceriam na
pele o alto preço do discipulado.
A era apostólica foi seguida pela era patrística quando novos líderes, alguns, discípulos de apóstolos, (ex.
Policarpo), foram chamados de “pais da igreja” e lutariam pela sobrevivência e pela ortodoxia da igreja.
Neste período, a igreja viu a conversão de alguns filósofos ao cristianismo que seriam os defensores da fé
cristã ante a filosofia, à sociedade pagã e às autoridades romanas (ex. Justino).
A igreja patrística foi alvo de muitas perseguições que ocorreram esporadicamente no império romano.
Os mártires foram contados aos milhares e, dentre eles, tanto mulheres, como crianças e anciãos, foram
mortos indiscriminadamente. Mas apesar de tudo, a igreja enfrentou todas as calúnias, diversidades e per-
seguições e deixaria um exemplo insofismável do verdadeiro cristianismo para a sua posteridade.
No final da era apostólica (c. ano 70), a igreja havia sofrido a sua maior perseguição (em 64) deflagrada
por um dos piores imperadores romanos, Nero. Nesta perseguição, Paulo e Pedro foram martirizados e
ainda que a perseguição tenha se limitado à capital do império, muitos cristãos tiveram suas vidas ceifadas
sob a falsa acusação de terem incendiado a cidade de Roma. Nero passou a ser considerado o protótipo do
anticristo pela tradição cristã.
Entre os anos 70 e 110 temos um dos períodos mais obscuros do cristianismo. Lucas termina a história
com a prisão de Paulo em Roma e a partir daí, Eusébio de Cesareia é a principal fonte histórica da igreja.
Antes do fim do primeiro século, as cidades de Antioquia, Roma e Éfeso tornaram-se os principais centros
de cristianismo. Por volta do ano 100 o cristianismo já havia chegado à Ásia Menor, Síria, Macedônia,
Grécia, Roma e provavelmente no Egito; mas foi na Ásia Menor que teve uma maior expansão. Provavel-
mente o último apóstolo a morrer foi João em Éfeso (c. do ano 100), e com exceção de Tiago (irmão de
João), martirizado por Herodes Agripa I em 44, não se tem certeza acerca do destino e morte dos demais
apóstolos a não ser as informações fornecidas por algumas tradições judaicas e algumas lendas da época.
168
História da Igreja I
Recapitulação 16
1R1. A História da revelou um Deus que e na sua his-
tória
2R1. Nos primeiros 1500 anos de história da igreja como ela pode dividida?
4R1. Quem foi considerado o protótipo do anticristo na tradição cristã? Por quê?
5R1. Com o fim das narrativas históricas de Lucas quem ficou como principal fonte da história da
igreja?
169
8. A igreja Patrística
Patrística é o ramo da teologia e da história que estuda a vida, a doutrina e as obras dos primeiros e
mais proeminentes lideres da igreja cristã, chamados de “pais da igreja”. Essa expressão, “pais da igreja”,
se originou do título “pai” dado aos bispos especialmente no ocidente para exprimir o relacionamento
carinhoso dos cristãos com seus líderes.
(At 19), quando o apóstolo colocou em risco a profissão do ourives Demétrio. Situações como essas se
repetiram em vários lugares do império que causou curta animosidade contra os cristãos.
171
Teologia
Recapitulação 17
1R2. O que é patrística?
3R2. Qual foi a causa econômica que resultou em perseguições aos cristãos?
172
História da Igreja I
4R2. Quem foi o primeiro imperador a perseguir a igreja e qual foi o motivo?
5R2. A igreja gozou de relativa até o ano 94, quando organizou uma perse-
guição aos cristãos nos dois últimos anos de seu , sob a acusação de ateus.
173
9. Pais da igreja – Vida e Obras
Os pais da igreja têm sido divididos cronologicamente em pais antenicenos e pós-nicenos (Concílio de
Nicéia). Os que viveram mais próximos dos apóstolos têm sido chamados de “Pais Apostólicos”, mais
tarde a designação de pais da igreja se estendeu também aos principais teólogos dos primeiros séculos.
Algumas características comuns entre ele que talvez tenham sido qualificações necessárias foram: orto-
doxia substancial, santidade de vida, aprovação e reconhecimento generalizados a antiguidade.
Há poucas informações acerca da vida de Papias. Foi bispo de Hierápolis na Frigia, companheiro de
Policarpo e, talvez, discípulo de João. Sua principal obra foi “Interpretação das afirmações do Senhor”,
uma extensa obra em cinco volumes. A tradição afirma que ele foi martirizado juntamente com Policarpo
por volta de 155.
9.1.8 Contribuição
Esses escritos fornecem uma ampla visão dos ensinamentos, organização e da fé dos cristãos e de
seus líderes. A literatura produzida nos primórdios do cristianismo teve grande importância para o
desenvolvimento e pensamento cristão, e preenche o hiato entre o Novo Testamento e o cristianismo
posteriormente organizado e estruturado.
175
Teologia
Recapitulação 18
1R3 Quais deveriam ser as características para alguém ser considerado pai da igreja?
2R3. De quem é esta frase: “Sou trigo de Deus, e os dentes das feras hão de moer-me, para que possa
ser oferecido como pão limpo de Cristo”.
176
História da Igreja I
também haviam sido ateus. As apologias foram em sua maioria endereçadas aos imperadores romanos
sem que se tenha certeza de que elas tenham sido lidas por eles.
Os apologistas podem ser classificados em ocidentais e orientais. Os orientais foram os maiores pensa-
dores que usaram a filosofia para responder as diversas acusações nas suas apologias, dentre eles, Justino
foi o maior. Os apologistas ocidentais se preocupavam mais com o cristianismo em si, com a ortodoxia
e em combater as heresias. O principal deles foi Tertuliano.
177
Teologia
escritor eclesiástico importante em língua latina e recebeu o título de “pai da teologia latina”. No ano
207 ele se uniu ao movimento herético. Escreveu uma obre intitulada “Apologeticum” para o governador
de sua província onde defende os cristãos das acusações dos pagãos.
Recapitulação 19
5R3. Qual é a principal diferença entre o apologista do ocidente e do oriente?
6R3. Escreveu uma harmonia dos que ficou conhecida como o “ ” (através
dos quatro evangelhos).
7R3. Quem foi o escritor eclesiástico que recebeu o título de “pai da teologia latina”?
178
História da Igreja I
teológica foi a grande “Philosophoumena”, onde refuta a heresia gnóstica, “Tradição Apostólica”, onde
trata sobre batismo, ordenação, costumes organizacionais e litúrgicos da igreja. Comentários também
fizeram parte de sua produção literária como o de Daniel, que é o mais antigo comentário da igreja
ortodoxa.
Recapitulação 20
8R3. Qual a diferença entre os polemistas do Oriente e do Ocidente?
179
Teologia
180
História da Igreja I
antiga. Com dezoito anos de idade já discipulava os catecúmenos na igreja de Alexandria. Foi famoso
como mestre cristão por ser um gênio espetacular. Seu conhecimento da Bíblia sobrepujou ao dos es-
critores anteriores. Orígenes combinava conhecimento da filosofia platônica e das Escrituras com um
estilo de vida ascético com jejum e oração, e chegou a interpretar Mt 19.12 de forma literal e se castrou
com o objetivo de instruir suas almas sem risco de escândalo. Grandemente influenciado pela filosofia
platônica, ensinava a preexistência da alma e no ciclo eterno de quedas e restaurações da humanidade.
À semelhança de seu pai, que fora martirizado, Orígenes foi preso e torturado em consequência do seu
sofrimento; morreu em Tiro, provavelmente no ano 254. Ele foi declarado herege no ano de 553. A sua
produção literária foi vasta; escreveu sobre várias áreas da teologia, mas se dedicou com mais afinco à
Critica Textual e à exegese bíblica. Suas obras principais foram “De princípios” que foi um verdadeiro
tratado de teologia sistemática onde desenvolveu um sistema alegórico de interpretação, e a “Hexapla”,
o nome de uma edição da Bíblia editada em seis versões diferentes alinhadas lado-a-lado.
181
Teologia
Recapitulação 21
13R3. Quem foi o escritor sistemático que ficou conhecido como representante do gnosticismo cris-
tão?
14R3. Quem foi o escritor grandemente influenciado pela filosofia platônica, que ensinava a preexis-
tência da alma e do ciclo eterno de quedas e restaurações da humanidade?
15R3. Quem é considerado o “pai da história da igreja” e por que assim é conhecido?
182
História da Igreja I
16R3. O seu cognome de “ ” foi dado após sua morte e significa “boca de ouro”, pela
sua de oratória.
Revisão geral
1. Em sua opinião por que é importante estudar os fatores que envolveram o mundo do Novo Testa-
mento?
2. Quais eram as características das religiões pagãs do mundo do Novo Testamento?
3. Quais eram os idiomas falados na época de Jesus?
4. Cite cinco profissões dos trabalhadores nessa época
5. Como era a organização da igreja? Explique as ordenanças e o seu culto
6. Quais foram os personagens principais do crescimento e da expansão do
7. cristianismo, e quais foram as primeiras cidades alcançadas?
8. Descreva resumidamente a fundação da igreja em Jerusalém
9. Descreva resumidamente o testemunho canônico sobre Jesus desde seu nascimento até a sua in-
fância.
10. Por que o testemunho judeu e romano sobre a historicidade de Jesus é tão importante?
11. O judaísmo palestino e o helenístico são a mesma coisa? Explique.
12. Descreva com suas palavras acerca da origem e desenvolvimento do judaísmo.
13. O que é a “Esperança messiânica?”.
14. Quem foi o apóstolo Paulo? Fale sobre sua origem, profissão, família, formação e etc.
15. Quais foram as cidades alcançadas pelos missionários na primeira viagem?
16. Quais foram as cidades alcançadas pelos missionários na segunda viagem?
17. Em que cidade Paulo permaneceu por mais tempo na segunda viagem? Quanto tempo ele ficou lá?
18. Quais foram algumas das heresias primitivas?
19. Quais eram as seitas mais importantes na época da igreja do primeiro século?
20. Quais foram alguns dos motivos de conflitos da Igreja com o Estado?
21. Qual foi a primeira perseguição sofrida pela igreja?
183
Teologia
Bibliografia básica
CAIRNS, Earle E. O cristianismo Através dos Séculos. São Paulo: Vida Nova, 1995.
CHAMPLIN, R.N.; BENTES, J. M. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, São Paulo; Vida
Nova, 1990.
DANA,D.A.; H.E. O Mundo do Novo Testamento. Rio de Janeiro: Juerp, 1977.
ELWELL, Walter A.; Enciclopédia Histórico – Teológica da Igreja Cristã. 3 vols., São Paulo: Vida Nova,
1990.
Eusébio de Cesareia; História Eclesiástica. Rio de Janeiro, CPAD, 2007.
GONZALES, Justo. Uma História Ilustrada do cristianismo,. 10 vols., São Paulo: Vida Nova 1983.
GUNDRY, Robert H.; Panorama do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2003.
HALE, David Broadus. Introdução ao Estudo do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2002.
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. Rio de Janeiro: CPAD, 1990.
MARSHALL, Howard I. Atos, Introdução e Comentário. São Paulo: Mundo Cristão, 1982.
NICHOLS, Robert Hastings. História da Igreja Cristã. São Paulo: Ed. Cultura Cristã, 2000.
PACKER, J.I.; TENNEY, Merril C.; WHITE.; William. O Mundo do Novo Testamento. São Paulo:
Vida Nova, 2003.
SKARSAUNE, Oskar. À Sombra do Templo. São Paulo: Vida, 2001.
WALKER, W. História da Igreja Cristã 2 vols. São Paulo: Juerp, 1983.
Sugestão de leitura
O cristianismo através dos Séculos. Earle Cairns, São Paulo: Vida Nova (Muito bom).
À Sombra do Templo. Oskar Skarsaune, São Paulo: Vida. (Excelente).
184
Epístolas
Paulinas
Autoria
José Hélio de Lima, pastor da Igreja OBPC Central de Telêmaco Borba, Paraná (2009); diretor
e coordenador nacional do IBBC (2005); Teólogo; mestre em Ciências da Religião (2008);
coordenador e implantador do curso de Bacharelado em Teologia da Faculdade Telêmaco Borba
(FATEB) e Instituto Bíblico O Brasil para Cristo (IBBC) na modalidade EAD - Reconhecido
pelo MEC (2017); membro da JUNEC - Junta de Educação Cristã das Igreja OBPC (2006);
escritor e palestrante.
Fabiano Gomes, Teólogo pelo Seminário Presbiteriano do Brasil. Graduando Filosofia pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie. Especializado em Psicologia Pastoral pela Faculdade
Cristã de São Paulo, Mestrando Antropologia pelo Centro de Pós-graduação Presbiteriano
Andrew Jumper. Professor, Escritor e Conferencista. Diretor fundador do Diaconia Integral.
Sumário
Introdução 191
1. Autor 193
Anexo 241
Bibliografia 246
Introdução
É
atribuída a Paulo a autoria de 13 epístolas escritas em suas viagens missionárias, algumas das
quais foram escritas período em que esteve preso, tanto em Jerusalém quanto em Roma. Nelas
trataremos de assuntos como: a conduta cristã, o caráter cristão, a segunda vinda de Jesus Cristo,
os dons do Espírito, o fruto do Espírito, etc. Paulo nos mostra o que é padecer por Cristo e o perigo das
falsas doutrinas dos judaizantes, dos gnósticos e dos costumes pagãos.
Pouquíssimos eruditos atribuem a Paulo a autoria da epístola aos Hebreus, apesar de haver aqueles que
lhe atribui a escrita, especialmente por causa do profundo conhecimento que o autor possuía da religião
judaica.
As referidas epístolas são, antes de tudo, cartas escritas com objetivos específicos, tais como: corrigir
os rumos doutrinários da igreja, aparar as arestas de comunidades por ele fundadas que, por motivos
alheios a sua vontade, enfrentavam crises entre os próprios membros, responder perguntas feitas por seus
filhos na fé, orientar seus discípulos que estavam exercendo o ministério, combater hereges, disciplinar
os crentes, e, enfim, cumprir o seu ministério como apóstolo dos gentios.
Em nenhum momento Paulo, como nenhum outro autor do sagrado livro, poderia saber que suas cartas
um dia fariam parte dos escritos aprovados pelo cânon da igreja e transformadas em Palavra de Deus.
As cartas paulinas são tão importantes para o cristianismo, tanto quanto foi seu próprio trabalho como
missionário; o que não dá para pensar é o que seria do cristianismo entre os gentios se não fosse uma
pessoa levantada por Deus como Paulo.
Se de um lado ele pregava o evangelho entre judeus e gentios formando comunidades cristãs, do outro,
apascentava os neófitos mesmo quando estava longe através de suas cartas. O método empregado por ele
possibilitava que as pessoas não apenas conhecessem a Jesus, mas que também o seguissem.
Iremos estudar nesta unidade os escritos que possibilitou a igreja ter uma “cara” própria e não ser vista
apenas como reduto do judaísmo ou ainda como mais uma das muitas seitas que surgiram no seio da
religião dos hebreus que ao longo do tempo sumiram.
Portanto, é fundamental observar os mínimos detalhes de todas as epístolas até porque seria impossível
imaginar o cristianismo nos moldes que temos, sem os Escritos Paulinos.
1. Autor
O autor das epístolas é Paulo, o apóstolo dos gentios. Nasceu em Tarso, Cilícia; filho de comerciante
hebreu bem sucedido; era um genuíno judeu da tribo de Benjamim, pertencia à seita dos fariseus, fazia
parte do Sinédrio e era cidadão romano. Quando mais jovem foi mandado para Jerusalém a fim de ser
instruído por Gamaliel onde aprendeu as estreitas doutrinas do farisaísmo sendo extremamente zeloso
das tradições dos seus pais (Gl 1.14). Pela sua cultura, estava em contato com o mundo grego; pelos seus
privilégios de cidadão, estava em contato político com o mundo romano.
Paulo é mencionado pela primeira vez em Atos dos Apóstolos na descrição do martírio de Estevão;
com certeza ele não participou do apedrejamento, mas observou tudo de longe onde guardava as capas
daqueles que mataram o jovem diácono. Paulo participou intensamente das perseguições e neste proce-
dimento julgava ele que estava trabalhando para Deus segundo as tradições de seus pais (At 22.3; 26.9;
Gl 1.14).
Na sua missão de servir a Deus, tomou o caminho de Damasco. Foi então que o perseguidor se trans-
formou em discípulo de Jesus Cristo. O zelo que tinha mostrado contra o cristianismo mudou em apoio
e auxilio aos perseguidos. Na igreja de Antioquia, o Espírito Santo separou Paulo e Barnabé para a pri-
meira viagem missionária num total de três.
A tradição da igreja cristã afirma que Paulo sofreu martírio por decapitação no final do reinado de Nero
(67 d.C.). O apóstolo dos gentios era um eclético, pois conhecia como poucas pessoas a Torá e a tradição
religiosa de seu povo. Era um estudioso das leis romanas (basta observar sua defesa diante de Agripa e
Festo), fazia parte de uma geração influenciada pelos filósofos gregos; e, com sua conversão ao cristianis-
mo, passou a estudar a lei e os profetas numa perspectiva cristã.
Em virtude de seus conhecimentos passou a sistematizar a doutrina cristã, por isso há aqueles que o acu-
sem de ter paganizado o cristianismo devido à influência helenista; outros, de ter rabinizado a fé cristã
por causa da escola onde estudou.
Para os que o acusam de transformar o cristianismo em uma religião de práticas filosóficas gregas,
basta observar o conteúdo de sua mensagem anunciada aos filósofos gregos no Areópago em Atenas
(At 17.15-34), para constatar que o conteúdo de suas pregações baseavam-se na ressurreição de Jesus.
Observa-se também o fato dele ter sido recebido e aprovado pelos outros apóstolos, que por certo não o
teriam aceitado entre eles, mas o teriam rejeitado.
Quanto aos que o acusam de fazer do cristianismo uma extensão do judaísmo, os tais precisam observar
seus escritos para os cristãos da Galácia, assim como sua apologia da salvação do homem pela graça e
não pela pratica da lei.
Algo não se pode negar quanto aos conhecimentos paulinos: ele foi a pessoa que Deus preparou, desde
o ventre de sua mãe para ser um instrumento divino na propagação do evangelho. O fato de ser um
Teologia
poliglota, pois falava grego, hebraico, aramaico e latim, e ter estudado na melhor faculdade teológica
judaica e ter conhecimento dos pensamentos filosóficos de seus dias, facilitou a pregação do evangelho.
Sua cultura e conhecimento foram transformados por Jesus Cristo em ferramentas para alcançar o mun-
do gentílico onde estava concentrada a maior parte da população mundial.
Convém fazer uma observação quanto à necessidade que os cristãos têm de estudar. Alguém já dizia que
“machado afiado corta melhor”; com isso estou afirmando que O Espírito Santo vai te usar na medida
em que você estiver preparado; você vai pregar o evangelho para pessoas de fala espanhola se falar espa-
nhol; vai pregar ou ensinar acerca do reino de Deus para pessoas de fala inglesa, se você falar inglês; vai
ensinar e pregar Bíblia se estudar Bíblia. Nada contra pastores que são advogados, filósofos, pedagogos,
psicólogos, etc. desde que sejam teólogos; o que não é normal é ser pastor e estudar tudo, menos teolo-
gia. Quer ser pastor? Estude Bíblia (teologia). Quer ser missionário? Estude a Bíblia (teologia com es-
pecialização em missiologia) e os idiomas dos povos para quem você se sente chamado para evangelizar.
Que seja o apóstolo Paulo também neste quesito, nosso paradigma.
Ao se debruçar sobre os escritos do apóstolo Paulo com intuito de aprender, faça-o com muito esmero,
pois sem dúvida estamos diante de textos que também foram inspirados por Deus para a exortação,
consolação e edificação da igreja de Cristo. Começaremos com a “rainha” de suas cartas: Romanos.
Recapitulação 1
3R2. Podemos afirmar que os muitos conhecimentos de Paulo foram úteis para o cristianismo? Por
quê?
194
2. Epístola aos Romanos
A epístola aos romanos é uma daquelas cartas escritas por Paulo, que foi endereçada a uma das igrejas
que ele não fundou. A igreja de Roma provavelmente tenha sido fundada pelos judeus dispersos que
moravam na capital do império romano e foram a Jerusalém, entre outras, por ocasião da Festa do
Pentecoste. Em Jerusalém eles se converteram ao cristianismo e voltaram para suas residências levando
consigo a salvação proveniente de Cristo Jesus.
Esta epístola é considerada por muitos cristãos, em todos os tempos, como o livro mais importante do
N.T. Esse reconhecimento é tanto que Lutero disse que a carta de Paulo aos romanos e o Evangelho de
João seriam o suficiente para existência do cristianismo. O apóstolo dos gentios consegue desenvolver
o elementar da doutrina cristã em tão pouco espaço como nenhum outro o fez; deixando claro, como
nunca, que a salvação, quer sejam de judeus, gregos ou bárbaros, somente é possível mediante a justifi-
cação que há em Jesus Cristo. Ninguém consegue sua redenção pelas suas próprias obras.
O evangelho que Paulo pregava da justificação unicamente pela fé estava sendo caçado. Muitos se opu-
nham abertamente a tal evangelho, enquanto outros o distorciam para que atendesse a seus interesses
pessoais. Diziam os judaizantes que a salvação podia ser pela Graça, mas o crente é mantido pela Lei.
Insistiam em que a circuncisão era absolutamente necessária para a salvação. No outro extremo estavam
os antinomianos os quais ensinavam que a pessoa poderia ser salva pela graça e continuar vivendo da
forma que desejasse até mesmo em pecado.
Só a explanação clara do evangelho poderia refutar tais erros. Paulo, ansioso por comprovar o poder do
evangelho para salvar e santificar tanto judeus como gentios, assume o papel de doutor e advogado. Ele
convoca o evangelho para o banco das testemunhas e examina-o por todos os lados. O resultado é a epístola
aos romanos, uma obra prima teológica. Se dissermos que a carta de Paulo aos romanos é o seu evangelho,
não será nenhum exagero. Por isso, há dentre os estudiosos do N.T., aqueles que afirmam ser a epístola aos
romanos, o “Evangelho segundo Paulo”, assim como tem o de Mateus, Marcos, Lucas e João.
2.1. Data
Aproximadamente em 57 d.C. quando Paulo estava em Corinto; encerrada sua terceira viagem missio-
nária, às vésperas de partir para Jerusalém, levando a oferta para os crentes pobres (Rm 15.22-27).
2.2. Tema
A justificação dos pecadores, a santificação dos justificados e a glorificação dos santificados pela fé em
Jesus Cristo e pelo poder de Deus que opera através de Seu Filho.
Teologia
2.3. Propósito
Ao escrever para igreja em Roma o apóstolo dos gentios tinha em mente, primeiro, preparar os crentes
para sua primeira visita a capital do império e aos cristãos para fortalecer a fé dos irmãos; segundo, bus-
car recursos financeiros para cumprir uma missão de anunciar Jesus ao povo da Espanha.
2.4. Esboço
A epístola pode ser dividida em três aspectos gerais:
196
Epístoloas Paulinas
gundo capítulo fala sobre a atitude da justiça própria do mundo judaico; e a primeira metade do terceiro
capítulo sumaria a culpa da humanidade geral. Deve-se destacar que para Paulo, os pecados (plural) são
apenas sintomas do problema real que é o pecado (singular) na forma de um princípio dominante na
experiência humana.
197
Teologia
devido a sua justiça própria, e sua recusa em crer no que tanto ouvira quanto entendera do evangelho
(vide o capítulo10). Portanto, Israel foi posto para um lado de modo apenas parcial e temporário. Um
judeu pode obter a salvação tão facilmente quanto um gentil bastando-lhe confiar em Cristo; e Deus
haverá de restaurar a nação de Israel inteira ao Seu favor, no futuro. Entretanto, os gentios usufruem de
igualdade diante de Deus em relação aos judeus (vide capítulo 11).
2.5.7 Conclusão
Paulo conclui essa epístola traçando os seus planos para o futuro e enviando diversas saudações (vide os
capítulos 15 e 16).
Recapitulação 2
2R3. Para o apóstolo Paulo qual é o único meio do homem ser salvo, quer seja judeu, gregos ou bárbaros?
198
Epístoloas Paulinas
5R3. Paulo afirmava que o evangelho não é uma mera inovação. Então o que é o evangelho para o
apóstolo dos gentios?
199
3. Primeira epístola aos Coríntios
O pecado abundava na cidade cosmopolita de Corinto, principal cidade da Grécia. Nela erguia-se so-
branceira sobre o estreito istmo que ligava a Grécia ao Peloponeso e recebia navios em seus dois pontos.
Houve época em que se contavam pelo menos doze templos pagãos. Os coríntios estavam intrigados
com a filosofia grega e sentiam-se cativados pelo treinamento disciplinado e pelos eventos atléticos
realizados no istmo. Precisavam desesperadamente ouvir as boas novas de Jesus Cristo, que morrera
crucificado em lugar dos pecadores.
As cerimônias de culto, realizadas por mil prostitutas cultuais ligadas ao templo de Afrodite (deusa do
amor), alimentavam a imoralidade desenfreada por toda Corinto. As prostitutas exerciam sua profissão
abertamente. O mercado de carne prosperava por causa da venda de animais sacrificados aos deuses nos
templos. Os coríntios comiam bem, satisfaziam seus apetites sexuais sem nenhuma restrição ou conde-
nações, encantavam-se com a sabedoria humana e faziam tudo que lhes estava ao alcance para manter
seus corpos tão belos como os dos deuses gregos.
Para cada um dos duzentos e cinqüenta mil cidadãos livres, havia quase dois escravos na cidade. De que
mais precisavam os coríntios? Precisavam de liberdade. Precisavam ser libertos do pecado e da morte.
Deus atendeu a essa necessidade dos coríntios ao bloquear as saídas de Paulo, em sua segunda viagem
missionária, até que o apóstolo recebesse a convocação para ir à Macedônia: “Passa à Macedônia, e aju-
da-nos”.
Depois de fundar uma igreja em Corinto, Paulo acabou partindo para Éfeso onde permaneceu por três
anos (At 20.31), na sua terceira viagem missionária (At 18.23-21.16). Ele soube em Éfeso dos proble-
mas encontrados em Corinto, (1.11); depois, uma delegação dessa congregação entregou uma carta a
Paulo em que lhe pediam instruções sobre vários assuntos. Porém, antes de escrever esta carta, podemos
afirmar que ele escreveu outra que se perdeu e por isso não tivemos acesso a mesma.
Podemos confirmar isso com a declaração que se acha em 1 Coríntios 5.9. “Já em carta vos escrevi que
não vos associeis com os impuros”. Podemos entender que Paulo já havia escrito uma epístola anterior à
igreja de Corinto, mas que depois se perdeu. Aqueles crentes haviam entendido mal o apóstolo, como se
ele quisesse dizer que eles deveriam separar-se de todos os impuros. Mas Paulo esclarece aqui que tivera
em mente a separação somente dos cristãos professos que viviam em pecado flagrante e aberto. Portanto,
a nossa primeira carta aos coríntios, é, na verdade, a segunda.
3.1. Data
Aproximadamente 55/56 d.C. No fim dos três anos de Paulo em Éfeso (At 20.31; 1 Co 16.5).
Epístoloas Paulinas
3.2. Tema
A conduta cristã na Igreja, no lar e no mundo.
3.3. Propósito
Podemos resumir desta maneira o propósito de Paulo ao escrever esta epístola.
1. Para corrigir as seguintes desordens:
a. Divisões
b. Imoralidades
c. Disputas entre os crentes
d. Desordens durante a Ceia do Senhor
e. Desordens durante o culto
6. Para responder às seguintes perguntas:
a. Concernente ao matrimônio
b. Concernente ao comer carne oferecida aos ídolos
c. Concernente aos dons do Espírito
3.4. Esboço
a. Correção de desordens morais e sociais (caps. 1 - 8)
b. Autoridade apostólica (cap. 9)
c. Ordem na igreja (caps. 10 - 14)
d. A ressurreição (cap. 15)
e. Conclusão (cap. 16)
4.5.1 Reprimendas em resposta ao relatório prestado pelos escravos de Cloé, acerca de:
a. Divisões - a igreja deveria unificar-se, mediante a humildade, à luz da cruz (1 - 4)
b. Um caso específico de imoralidade - a igreja deveria disciplinar o ofensor (5)
c. Pendências judiciais entre os crentes - a igreja precisava resolver tais litígios fora dos tribunais
seculares (6.1-8),
201
Teologia
3.5.2 Respostas às indagações feitas na carta enviada pelos coríntios concernentes a estas questões.
a. Matrimônio - casar é bom, mas nem sempre é o melhor para o crente (7),
b. Alimentos, particularmente carnes dedicadas aos ídolos - os crentes podem comê-los, mas
deveriam refrear-se na presença daqueles em cujas mentes tais carnes estão religiosamente
contaminadas (8.1 - 11.1).
Uso do véu pelas mulheres, nos cultos - as mulheres crentes devem demonstrar sua submissão me-
diante o uso do véu (11.2-16), (acréscimo do coordenador teológico do IBBC) Em Corinto, especifi-
camente, as mulheres que se convertiam ao cristianismo, dentre elas ex-prostitutas, tinham que usar o
véu também por uma questão de ordem para diferenciá-las das prostitutas que tinham a cabeça raspada
como símbolo de vida promíscua; nesse caso a igreja que tinha neófitos, que abandonara a prostituição,
também se precavia de ser associada a uma religião de meretrizes.
Celebração da Ceia do Senhor - Todos devem participar juntos em espírito de reverência e exame próprio
(11.17-34), e dons espirituais, sobretudo o falar em línguas - a igreja deveria dar menos importância ao
falar em línguas e dar ênfase à profecia, mormente com o acompanhamento da virtude do amor (12 - 14).
• Ressurreição
A crença na passada ressurreição de Cristo e na futura ressurreição dos crentes é crucial para fé
cristã. (15).
• A coleta
A igreja deveria começar imediatamente a recolher a coleta para os crentes de Jerusalém para que
estivesse pronta quando da chegada de Paulo (16.1-9).
• As observações
Concludentes consistem de exortações miscelâneas, saudações e notícias sobre Timóteo e Apolo
(vide 16.10-24).
Recapitulação 3
1R4. Qual era o principal culto pagão para o povo de Corinto e quem era a divindade?
202
Epístoloas Paulinas
2R4. Podemos afirmar que a nossa primeira carta escrita à igreja de Corinto, na verdade, é a segunda.
Por quê? Prove com texto bíblico.
3R4. Quem foi responsável pelo relatório que foi enviado ao apóstolo Paulo dizendo quais eram os
principais problemas da igreja em Corinto?
203
4. Segunda epístola aos Coríntios
Paulo escreveu esta epístola à igreja de Corinto e aos crentes de toda a Acaia (1.1). Tendo ele fundado a
igreja em Corinto, durante sua segunda viagem missionária manteve contato frequente com os coríntios
por causa dos problemas enraizados naquela igreja.
A sequência desses contatos e o contexto em que 2 Coríntios foi escrita são os seguintes: Depois de
alguns contatos e correspondência inicial com a igreja (1 Co 1.1; 5.9; 7.1), Paulo fez uma viagem a Co-
rinto cruzando o mar Egeu para tratar de problemas surgidos na igreja. Essa visita, no período entre a
1ª e a 2ª carta aos Coríntios (2 Co 13.1-2), foi espinhosa para Paulo e para a congregação (2 Co 2.1-2).
Depois dessa visita, informações chegaram a Paulo em Éfeso de que seus adversários estavam atacando
a sua autoridade apostólica em Corinto tentando persuadir uma parte da igreja a rejeitá-lo. Diante do
referido acontecimento, Paulo sentiu a necessidade de fazer uma “visita dolorosa” a Corinto e voltar por
causa dos conflitos entre ele e os crentes daquela igreja. Essa afirmação de que ele tenha feito uma visita
à igreja, ainda que Lucas não a mencione em Atos, pode ser afirmada a partir da alusão feita por Paulo
em 2 Coríntios 12.14 e 13.1,2 a uma terceira visita que faria àquela igreja.
Talvez essa tenha sido uma das fases mais difíceis da vida do apóstolo dos gentios; afinal, ele está sendo
questionado pelos seus próprios filhos de fé. Não que eles negassem seu trabalho como missionário e
fundador daquela igreja, mas sim o fato dele ser um apóstolo. Naqueles tempos para ser considerado
um apóstolo, entre outros requisitos, era necessário ter sido discípulo de Jesus, e, portanto, ter convivi-
do com o divino Mestre. Não foi o caso de Paulo que sequer conheceu Jesus pessoalmente durante seu
ministério terreno, pelo menos ele não faz menção em nenhuma de suas defesas ou testemunho. Daí
surgirem opositores que negaram seu apostolado.
Para alguns crentes de Corinto o importante não era seu trabalho; e, sim, se ele era ou não apóstolo.
Diante da referida desconfiança, mesmo depois de ter ido pessoalmente tentar reverter a situação e não
ter êxito, coube a ele escrever essa epístola para lembrá-los que as maiores testemunhas de seu apostolado
eram eles mesmos que foram alcançados pelo evangelho através de seu ministério.
Diante da referida oposição, Paulo não titubeou; enviou Tito com esta carta e a orientação para discipli-
nar os líderes do motim conforme pode ser constatado em 2 Coríntios 2.12,13 e 7.4 -16; e, ao mesmo
tempo, expressar sua alegria em saber que a maior parte de igreja não foi contaminada com os revoltos,
pelo contrario, continuavam tendo Paulo em honra e autoridade apostólica; e lembra-os de prepararem
a oferta para os irmãos de Jerusalém.
Pouco depois, ele viajou outra vez à cidade permanecendo ali cerca de três meses (At 20.1-3a).
Epístoloas Paulinas
4.1. Data
Cerca de 55/56 d.C. Provavelmente escrita em Filipos durante a sua terceira viagem missionária.
4.2. Tema
O conceito de Paulo acerca de seu ministério, conforme se vê no seu relacionamento com a igreja de
Corinto.
4.3. Propósito
Defender sua autoridade apostólica
4.4. Esboço
É excessivamente difícil analisar a carta. Como diz certo escritor, “É quase impossível analisar esta carta
que é a menos sistemática dos escritos de Paulo. Assemelha-se a um rio africano. Às vezes corre cal-
mamente e espera-se uma análise satisfatória, mas repentinamente aparece uma grande catarata e uma
agitação terrível, quando se fendem as grandes profundezas de seus corações”.
Dividiremos a carta em quatro seções, da seguinte maneira:
1. Uma visão retrospectiva (1.1-2.13)
2. A dignidade e eficiência do ministério de Paulo (2.14-7.1-16)
3. A oferta para os judeus crentes (caps. 8 e 9).
4. A defesa que Paulo faz de seu apostolado (10.1-13.14)
205
Teologia
7. Tito finalmente chegou com as boas novas de que a igreja disciplinara o oponente de Paulo, de
que a maioria dos crentes coríntios se submetera à autoridade do apóstolo;
8. Paulo escreveu 2 Coríntios estando na Macedônia (ainda durante a terceira viagem missionária),
em resposta ao relatório favorável de Tito.
Recapitulação 4
1R5. Qual foi o motivo que levou Paulo a fazer uma visita a Corinto, que ficou conhecida como “visi-
ta dolorosa”?
2R5. Qual seria o conteúdo de uma carta que se perdeu escrita à igreja de Corinto, que ficou conheci-
da como a “carta triste”?
3R5. O que a igreja de Corinto fez com o líder do motim contra Paulo?
5R5. Mencione dois fatos que demonstram a profunda relação de Paulo com os crentes de Corinto.
206
5. Espístola aos Gálatas
A epístola aos Gálatas tem em torno de si uma questão pouco relevante do ponto de vista doutrinário,
mas importante no que diz respeito ao teológico, que é o destinatário. A questão é se ela foi escrita à
Galácia do Sul ou à do Norte. Se ele escreveu para a do Sul, o fez na primeira viagem missionária, antes
do Concilio em Jerusalém quando ficou definido o futuro dos gentios dentro da igreja; se o fez para a
do Norte, isso teria ocorrido somente depois do Concilio de Jerusalém durante a segunda viagem mis-
sionária. De uma perspectiva teológica, a questão é: faz alguma diferença? Sim, muita!
Caso esta carta tenha sido escrita antes do concilio da igreja em Jerusalém, portanto para a Galácia
do Sul, Paulo foi o pioneiro na definição do papel do gentio na igreja. Basta olhar para o conceito do
apóstolo em sua epístola aos Gálatas e perceberemos que ele define uma ruptura com a teologia judaica
e, portanto, define a igreja como uma instituição independente da religião dos hebreus, apesar de ter
nascido em seu berço. O fato iria acontecer somente no concílio apostólico em Jerusalém onde a con-
clusão, quanto aos gentios que estavam sendo salvos, era que eles não deveriam comer carne de animais
sufocados e deveriam fugir da idolatria, conforme encontramos em Atos 15.
O assunto principal de Gálatas é o mesmo debatido e resolvido em Jerusalém. Tal assunto implica numa
dupla pergunta:
1. A fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador é o requisito único para salvação?
2. É necessário obedecer a certas práticas e leis judaicas do AT para se obter a salvação em Cristo?
É muito provável que Paulo tenha escrito Gálatas antes da controvérsia da Lei na Assembleia de Jeru-
salém (At. 15) antes da igreja comunicar a sua posição final. Se assim foi, então Gálatas é a primeira
epístola que Paulo escreveu.
Alguns escritores a chamam de a “Carta Magna da Igreja”; seu principal argumento é a defesa da liber-
dade cristã em oposição ao ensino dos judaizantes.
O pano de fundo que envolve a epístola é de uma igreja que Paulo fundou; e, logo depois de sua saída,
surgiu um grupo de judeus religiosos que afirmava ser uma obrigação dos neo-cristãos a prática de ce-
rimoniais e cultos da religião judaica, inclusive com sacrifícios de animais levando o apóstolo a escrever
com certa indignação para corrigir o curso da igreja. Devemos levar em consideração que se ele não
tivesse assumido aquela postura, o cristianismo teria corrido o risco de ser engolido pelo judaísmo, assim
como outras religiões, que nasceram do judaísmo, teriam também sucumbido.
5.1. Data
Por volta do ano 49 d.C.. Foi escrita após a primeira viagem missionária de Paulo
Teologia
5.2. Tema
A justificação e a santificação, não pelas obras da Lei, mas sim pela fé em Jesus Cristo.
5.3. Propósitos
1. Defender seu apostolado
2. Argumentar que a salvação é somente pela fé sem obras
3. Fundamentar os gálatas numa liberdade cristã que evite tanto o legalismo como o antinomismo.
5.4. Esboço
1. O apóstolo da liberdade (caps. 1, 2).
2. A doutrina da liberdade (caps. 3, 4).
3. A vida de liberdade (caps. 5, 6).
6.5.1 Introdução: Saudação aos crentes da Galácia e anátema aos judaizantes, que pervertiam o verda-
deiro evangelho (1. 1-10).
6.5.2 Argumentação Autobiográfica em Favor do Evangelho da Livre Graça de Deus (1.11 – 2.21).
a. Revelação direta do Evangelho a Paulo, por Jesus Cristo (1.11,12).
b. Impossibilidade de sua origem no passado extremamente judaico de Paulo (1.13).
c. Impossibilidade de Paulo tê-lo aprendido de fontes meramente humanas, os apóstolos, a quem
Paulo não conhecera senão três anos após sua conversão, e por pouquíssimo tempo (1.14-24).
d. Reconhecimento posterior do evangelho Paulino da parte dos líderes da igreja de Jerusalém (2.1-10).
e. Paulo repreende (com êxito) a Pedro por haver cedido às pressões dos judaizantes, em Antioquia
da Síria (2.11-21).
6.5.3 Argumento Teológico em Favor do Evangelho da Livre Graça de Deus (3.1 – 5.12).
a. A suficiência da fé (3.1-5).
b. O exemplo de Abraão (3.6-9).
c. A maldição imposta pela lei (3.10-14).
d. O divino pacto da promessa a Abraão e seu descendente (Cristo e aqueles que a Ele se une pela fé),
anteriores a lei das obras (3.15-18).
208
Epístoloas Paulinas
e. O propósito da lei: Não o de prover a salvação através do mérito humano, mas o de demonstrar a
necessidade de graça divina, por meio da fé em Cristo (3.19-4.7).
f. Apelo para que se confie somente na graça divina com uma alegoria sobre a liberdade crista baseada
sobre Abraão e seus dois filhos, o escravo Ismael e o livre Isaque (4.8-5.12).
Recapitulação 5
1R6. Que diferença faz, teologicamente, se a epístola foi escrita para a Galácia do Sul ou do Norte?
2R6. Quais são as duas perguntas importantes que são respondidas na Epístola aos Gálatas?
3R6. Quem foram os responsáveis pelos problemas causados na igreja da Galácia, que levou Paulo a
escrever a epístola? E quais eram os problemas?
209
Teologia
5R6. O que significa antinomismo? Qual o mal que ele pode causar a fé cristã?
210
6. Espístola aos Efésios
São atribuídas a Paulo algumas epístolas que ficaram sendo conhecidas como as “epístolas da prisão”; isso,
porque quando ele escreveu, encontrava-se preso. São elas: Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon.
Há dois períodos conhecidos por suas prisões, uma em Cesareia, durante o período do governo de Felix
e Festo (vide Atos 23 - 26), e outro em Roma, enquanto Paulo esperava para ser julgado por César (vide
Atos 28). Não que ele não tenha sido preso outras vezes como podemos constatar na cidade de Filipos; e,
outras vezes, conforme ele afirma em 2 Coríntios 11.23; porém compreende-se que foram por poucos dias.
Outra peculiaridade desta carta é que a mesma não foi escrita, como em outros casos, para resolver
problemas enfrentados pela igreja, ou, ainda, para sanar dúvidas suscitadas pelos crentes. Ela transmite
um momento especial do apóstolo que apesar de preso, mantém sua comunhão com Cristo e recebe do
Espírito Santo revelações especiais quanto à igreja e seu papel na sociedade.
No tema partilhado com a carta aos Colossenses, Cristo, o cabeça da Igreja, que é seu Corpo - em Efé-
sios encontramos a Igreja como o Corpo de Cristo enquanto em Colossenses, Ele é o cabeça. Quanto à
cidade de Éfeso, ela era a quarta maior cidade do Império Romano; abrigava o templo da deusa Ártemis
a quem às vezes se dá o nome de Diana. Todavia, na época de Paulo, a posição de Éfeso como centro de
comércio decaíra porque seu porto se tornara impróprio para receber navios.
A partir de então, o culto de Ártemis tornou-se o meio de sobrevivência econômica da cidade. A explo-
ração comercial e turística e a peregrinação religiosa associada à Ártemis enriqueceram muitas pessoas de
Éfeso. A própria tesouraria do templo funcionava como banco e emprestava grandes somas de dinheiro
a muitas pessoas, incluindo reis. Visto que Ártemis era a padroeira do sexo, as prostitutas vendiam seus
corpos sem sofrer nenhuma condenação no bordel de dois andares da Estrada de Mármore.
A epístola aos efésios transmite a impressão de um rico transbordar de revelação divina brotando da vida
de oração de Paulo. Ele escreveu a carta quando estava prisioneiro por amor a Cristo, em Roma. Efésios
tem muita afinidade com Colossenses e talvez tenha sido escrita logo após esta.
6.1. Data
Provavelmente no ano 62 d.C. Foi escrita durante a primeira prisão de Paulo em Roma. Foi enviada por
Tíquico que também levou cartas aos colossenses e a Filemon.
6.2. Tema
A igreja é escolhida, redimida e unida em Cristo de sorte que ela deve andar em unidade, em novidade
de vida, na força do Senhor e com a armadura de Deus.
Teologia
6.3. Propósito
1. Instruir os cristãos sobre o plano de Deus para a salvação.
2. Informar os cristãos gentios sobre o privilégio de serem incluídos com os judeus no reino de Deus.
3. Exortar os cristãos a viverem dignamente conforme sua alta vocação.
6.4. Esboço
1. Doutrina. A vocação da Igreja (caps. 1-3)
a) A tríplice fonte da nossa salvação (1.1-18)
b) A tríplice manifestação do poder de Deus (1.19 -2.22)
c) Uma declaração tríplice referente a Paulo (cap. 3)
2. Prática. A conduta da Igreja (caps. 4-6)
a) Uma exortação tríplice à igreja (4.1- 5.21)
b) Uma exortação tríplice à família (5.22 - 6.9)
c) Uma expressão tríplice da vida espiritual (6.10-24)
212
Epístoloas Paulinas
Recapitulação 6
1R7. Por que Efésios é considerada uma das epístolas da prisão?
2R7. Quem era Ártemis e qual sua importância para a população de Éfeso?
3R7. Em Efésios 2.1-10 encontramos a razão pela qual o homem é regenerado. Que meio é este? Qual
a contribuição do homem nesse processo?
4R7. Qual é o meio utilizado pelo Espírito Santo para manter a unidade na Igreja?
213
Teologia
5R7. Os escravos convertidos ao Senhor Jesus foram orientados a obedecer aos seus senhores. Como
podemos aplicar este texto para a igreja de hoje?
214
7. Epístola aos Filipenses
Paulo sentiu-se impelido pelo Espírito de Deus em dirigir-se à Ásia e a Bitínia e teve uma visão de um
homem da Macedônia que lhe pediu que fosse a essa região e ajudasse a igreja ali. Confiante de que era
Deus quem o orientava, Paulo navegou com Timóteo e Lucas saindo de Trôade em sua segunda viagem
missionária (At 16.9-40). A cidade de Filipos, na Macedônia, tinha também a vantagem de ser colônia
de Roma, o que assegurava a todos os seus habitantes os benefícios da cidadania romana.
O ministério de Paulo, em Filipos, foi marcado, dentre outras coisas, pelo fato dele ter expulsado o de-
mônio de adivinhação de uma escrava; isso leva seu dono a denunciá-lo como um baderneiro, e assim,
tanto ele como Silas são levados a uma prisão. Após um milagre de libertação, com a quebra das cadeias,
o carcereiro e sua família são salvos.
A Epístola aos Filipenses é mais uma das que foram escritas pelo apóstolo Paulo por ocasião de uma de
suas prisões. Paira dúvidas quanto ao local em que ele estava preso; há tanta possibilidade de que fosse
em Éfeso ou em Roma, sendo esta última a mais provável.
O portador da carta foi Epafras, crente da igreja de Filipos, que visitou Paulo na prisão e, provavelmente,
levou uma contribuição financeira para o servo de Deus que estava dependendo financeiramente dos
irmãos.
Havia um forte elo de amizade entre o apóstolo e a igreja em Filipos que várias vezes enviou ajuda
financeira a Paulo (2 Co 11.9; Fp 4.15, 16) e contribuiu generosamente para a coleta que o apóstolo
providenciou para os crentes pobres de Jerusalém. Fatos como este fez com que Paulo enviasse uma carta
pessoal, a única escrita por ele, com este propósito, pois ele nutria um carinho especial pelos filipenses.
Não podemos afirmar que essa era a principal razão de sua amizade com aqueles crentes, no entanto,
sem dúvida alguma, o fato dos seus discípulos cuidarem dele demonstrava o quanto eles o amavam.
Permitam-me fazer a seguinte observação:
Com frequência encontramos obreiros valorosos que entregaram suas vidas em prol de um povo em nome
do evangelho de Jesus Cristo e, quando chegam à velhice ou adquirem alguma enfermidade, ficam impe-
didos de continuar exercendo seu ministério e são esquecidos por aqueles a quem serviu quando estavam
em boas condições físicas. Muitos desses obreiros, muitas vezes, não recebem sequer uma ajuda financeira.
Quando penso nisso vejo que Paulo tinha razão de ter tanta identidade com os filipenses, afinal ele
fundou diversas igrejas, mas parece que essa igreja, em Filipos, se não a única, foi uma das poucas que
tiveram preocupação com seu pai na fé. Reconheço que o obreiro deve trabalhar movido pela vocação e
não pelo dinheiro, no entanto é obrigação da igreja cuidar de seu pastor ou missionário especialmente
quando ele não conseguir mais produzir para o rebanho. Queira Deus que todos os bons obreiros te-
nham um povo como os filipenses para cuidarem deles, principalmente quando estiverem impossibili-
tados de exercer o ministério entre eles. (Pr. José Hélio de Lima Mar/05)
Teologia
Podemos também destacar que Paulo, com esta epístola, não perdeu a oportunidade de contra-atacar
a tendência de cisma que havia entre eles (vide 2.2 e 4.2); de combater o movimento judaizante (vide
capítulo 3) e preparar os crentes de Filipos para uma visita, num futuro próximo, de Timóteo e, quem
sabe, até mesmo do apóstolo dos gentios.
7.1. Data
Cerca de 62/63 d.C.. Foi escrita durante a primeira prisão de Paulo em Roma
7.2. Tema
A alegria da vida e do serviço cristão, manifestada em todas as circunstâncias.
7.3. Propósito
Agradecer a igreja pela ajuda financeira enviada a Paulo por meio de Epafrodito
7.4. Esboço
1. A situação e o trabalho de Paulo em Roma (cap. 1)
2. Três exemplos de abnegação (cap. 2)
3. Admoestações contra o erro (Cap. 3)
4. Exortações finais (cap.4)
216
Epístoloas Paulinas
Recapitulação 7
1R8. Por que a carta aos Filipenses é considerada de cunho pessoal?
4R8. O que representa o kenosis de Cristo para a igreja e onde está escrito?
217
Teologia
5R8. Por que Paulo faz tanta questão de agradecer aos filipenses pelas ofertas enviadas?
218
8. Epístola aos Colossenses
Colossos era uma cidade que distava cerca de 20 quilômetros de Laodicéia e cerca de 160 quilômetros
a leste de Éfeso. Muitos judeus, gregos e habitantes da Frígia iam a Colossos pelo fato dessa cidade ficar
na rota principal do comércio e ligação entre o ocidente e oriente. A variedade de culturas transformara
a cidade num centro cultural interessante, em que todo tipo de novas ideias e doutrinas do oriente eram
discutidas e estudadas.
Apesar de ter escrito para os colossenses é muito provável que Paulo nunca tenha ido a Colossos e,
portanto, não foi ele quem fundou a igreja. É atribuído ao discípulo paulino Epafras, a evangelização
e fundação daquela comunidade, daí eles terem aprendido com ele sobre a graça de Deus (vide 1.6,7).
Epafras pode ter encontrado dificuldade no trato dos problemas ali encontrados quando foi visitar Paulo
na prisão e pediu sua ajuda; isso resultou na Epístola aos Colossenses.
Pelo fato de sofrerem todas essas influências impiedosas não é de admirar que os cristãos de Colossos
tivessem lugar especial no coração do apóstolo Paulo enquanto ele esteve preso em Roma. Talvez ele ja-
mais tenha visto os seus rostos, mas pertenciam ao mesmo Cristo de Paulo pelo que o apóstolo se sentia
unificado com aquele povo em espírito. É possível que o apóstolo Paulo estivesse fisicamente encarce-
rado, mas podia chegar aos colossenses mediante a palavra escrita. Era um meio a sua disposição para
proteger aquelas ovelhas contra os lobos dispostos a devorar o rebanho de Deus.
Por meio de Epafras, Paulo ficou sabendo que falsos mestres procuravam acrescentar à fé cristã uma
doutrina que era mistura de judaísmo com especulações filosóficas gregas e misticismo oriental que ficou
conhecido como a “heresia colossense”. Paulo iria tomar algumas expressões dos falsos mestres como
“conhecimento” e “plenitude”, fazendo-as voltar contra os hereges e assim, preenchê-las com conteúdo
ortodoxo. Seguem os principais ensinos heréticos combatidos por Paulo:
1. Destratava a pessoa de Cristo, razão pela qual o apóstolo frisa a preeminência de Cristo (vide 1.15
-19);
2. Dava ênfase à filosofia humana, isto é, especulações vazias, à parte da revelação divina (vide 2.8);
3. Continha elementos próprios do judaísmo, como a circuncisão (vide 2.11 e 3.11), as tradições
rabínicas (vide 2.28), regulamentos sobre alimentos e observância do sábado e de festividades
religiosas (vide 2.16);
4. Incluía a adoração aos anjos, como intermediários a fim de que Deus altíssimo (puro Espírito)
fosse conservado incontaminado em contato com o universo físico (vide 2.18) - característica
tipicamente pagã, pois apesar de terem os judeus desenvolvido uma hierarquia angelical, eles não
os adoravam nem consideravam má a natureza física do universo; e alardeavam um ar exclusivista
de segredo e superioridade contra o que Paulo ressaltou a natureza toda - inclusa e pública do
evangelho (vide 1.20,23,28 e 3.11).
Teologia
8.1. Data
Por volta do ano de 62 d.C. foi enviada pelo mesmo mensageiro que levou as epístolas aos Efésios e a
Filemon, Tíquico.
8.2. Tema
A preeminência de Cristo. Ele é o Primeiro na natureza, na Igreja, na Ressurreição, na Ascensão e na
Glorificação. Ele é o único Mediador, Salvador e Fonte de Vida.
8.3. Propósito
Refutar a heresia que ameaçava a igreja e firmá-la na doutrina de Cristo.
8.4. Esboço
1. Prefácio e Saudação (1.1-12)
2. Explicação: A verdadeira doutrina declarada (1.13 -2.3)
3. Refutação: Desmascarada a falsa doutrina (2.4-23)
4. Exortação: Conduta santa requerida (3.1- 4.6)
5. Conclusão e saudação (4.7-18)
220
Epístoloas Paulinas
b. Aplicação do fato de nossa morte com Cristo em relação as ações pecaminosas (3.5-11).
c. Aplicação do fato de nossa ressurreição com Cristo em relação as ações retas (3.12-4.6).
Recapitulação 8
1R9. Quem foi o provável fundador da igreja de Colossos e qual era sua relação com apóstolo Paulo?
Mencione texto bíblico.
4R9. O que Paulo quis dizer em 3.5 -11 e qual a relação do assunto com as heresias ali combatidas por
ele?
221
9. Primeira Epístola aos Tessalonicenses
Tessalônica era capital da Macedônia, tinha o principal porto daquela província romana; fica na Via
Ignácia, a principal artéria que ligava Roma ao Oriente. Entre os duzentos mil habitantes da cidade,
havia ali uma grande comunidade judaica. Quando Paulo fundou a igreja em Tessalônica, na sua se-
gunda viagem missionária, seu frutífero ministério ali foi encerrado prematuramente devido à intensa
hostilidade judaica (At. 17.1-9).
Forçado a sair de Tessalônica, Paulo foi a Bereia, onde outro ministério breve, porém, bem-sucedido, foi
interrompido pela perseguição movida pelos judeus que o seguiram desde Tessalônica (At 17.10-13). A
seguir, viajou para Atenas (At 17.15 -34), onde Timóteo encontrou-se com ele depois. Paulo enviou Ti-
móteo de volta a Tessalônica para verificar as condições da nova igreja enquanto ele seguiu para Corinto
(At 18.1-17). Timóteo, ao completar sua tarefa, viajou para Corinto levando para Paulo informações
sobre a igreja dos tessalonicenses, e foi assim que Paulo redigiu sua primeira carta à igreja de Tessalônica,
entre três a seis meses depois de ter fundada a igreja.
As duas cartas escritas por Paulo à Tessalônica, o discurso de Jesus no Monte das Oliveiras e o Apocalipse
de João formam as três principais porções proféticas do Novo Testamento. Em primeira Epístola aos
Tessalonicenses, a nota escatológica está vinculada com o segundo desses dois temas importantes:
1. As congratulações aos crentes tessalonicenses, pela sua conversão e progresso na fé cristã. Mesmo
em meio à perseguição os tessalônicos permaneciam fieis, servindo de exemplos para os demais
cristãos da Macedônia e da Grécia.
2. Exortações tendentes a um maior progresso, com ênfase particular sobre o consolo derivado da
expectação acerca da parousia. Segue as exortações:
• Contra a conduta imoral (4.1-8)
• Acerca de um crescente amor mútuo (4.9,10)
• Acerca do consolo e de vigilância, em face da volta de Cristo (4.11 - 5.11)
9.1. Data
Provavelmente no ano 51 d.C. foi escrita em Corinto pouco depois de Paulo partir de Tessalônica.
9.2. Tema
A vinda do Senhor com relação ao ânimo, consolo, vigilância e santificação do crente.
Epístoloas Paulinas
9.3. Propósito
Exortar os cristãos a continuarem firmes e a crescerem num modo de vida que agrada a Deus.
9.4. Esboço
A vinda do Senhor é:
a. Uma esperança inspiradora para o recém-convertido (cap. 1);
b. Uma esperança animadora para o servo fiel (cap. 2);
c. Uma esperança purificadora para o crente (3.1-4.12);
d. Uma esperança consoladora para os enlutados (4.13-18);
e. Uma esperança despertadora para o cristão que dorme (cap. 5).
223
Teologia
Recapitulação 9
1R10. Em Atos 17.1-9 encontramos a razão pela qual Paulo teve que deixar Tessalônica. Qual foi o
motivo?
224
10. Segunda Epístola aos Tessalonicenses
É evidente que certas expressões da primeira carta de Paulo a esta igreja haviam sido mal interpretadas.
Quando se referiu à incerteza do dia da vinda de Cristo, suas palavras haviam sido entendidas como se
houvesse ensinado que o dia do Senhor estava perto. Esse mal entendido resultou numa desnecessária
comoção. Os convertidos estavam perturbados e alarmados. Tinham pontos de vista errados acerca da
proximidade da vinda do Senhor que acabou transformando suas vidas. A carta de Paulo foi escrita para
ajudar a esclarecer dúvidas que estava deixando-os confusos e preocupados.
As perseguições que os cristãos tessalônicos estavam vivendo com o conteúdo da primeira carta que
receberam de seu “pai” na fé, os levaram a viver um fanatismo escatológico, ou seja, estavam todos
aguardando para aqueles dias a volta de Jesus. A má compreensão da primeira carta de Paulo os levou
também ao fanatismo.
Portanto, o apóstolo escreve esta segunda carta para corrigir as suas ideias escatológicas, ao mesmo
tempo encorajando-os a uma perseverança contínua para o dia do retorno de Jesus. Apesar de Jesus não
ter voltado naqueles dias, conforme eles esperavam, Ele iria voltar tanto para os vivos quanto para os
mortos. Como a parousia não iria ocorrer por aqueles dias como eles imaginavam, então era importan-
te que os cristãos tessalônicos retornassem às suas atividades diárias e seus negócios que haviam sidos
abandonados por causa do suposto retorno imediato de Jesus. A ideia era: “Se Jesus está voltando não
preciso de mais nada desta vida”.
Deixe-me fazer a seguinte observação: Com o advento do movimento pentecostal moderno os crentes
passaram a pregar e “profetizar” com muita veemência o retorno imediato de Jesus; daí, encontrarmos
com frequência, principalmente entre os pentecostais, a ênfase da volta de Jesus.
Era comum ouvir que não precisávamos de bens ou estudos porque Jesus estava às portas. Alguns pseu-
do-estudiosos se atrevem a marcar a data da volta de Cristo. Não podemos nos esquecer de que foi assim
que surgiram heresias como a dos Adventistas que marcaram o dia do advento da volta de Jesus o que
acabou não acontecendo; e das Testemunhas de Jeová que cometeram erro semelhante; como o fato
acabou não acontecendo disseram que havia ocorrido um retorno “invisível nas nuvens”.
Aprendamos com o que Paulo escreveu aos tessalonicenses; afinal, Jesus vai voltar e Ele não vai revelar
o dia e nem a hora a nenhum (a) iluminado (a). Basta-nos o que diz a Bíblia, fora disso considere como
anátema (Gl 1.8,9).
10.1. Data
Ano 51 ou 52 d.C. Foi escrita pouco depois da primeira epístola de Paulo para a mesma igreja.
Teologia
10.2. Tema
A Segunda Vinda de Cristo.
10.3. Propósito
Corrigir a igreja quanto ao fanatismo originado da crença no retorno imediato do Senhor.
10.4. Esboço
Centraliza-se em redor da segunda vinda do Senhor com relação:
1. Os crentes perseguidos (1.1-7)
2. Os que não se arrependeram (1.8-12)
3. A apostasia (2.1-12)
4. Serviço (2.13-3.18)
226
Epístoloas Paulinas
Recapitulação 10
1R11. Qual o principal propósito da 2 Tessalonicenses?
3R11. Se Jesus não iria voltar por aqueles dias como eles pensavam, então qual deveria ser a atitude
dos tessalônicos?
4R11. Quais foram os dois grupos religiosos da atualidade que tiveram em seu inicio o equívoco de
marcar a data do retorno de Jesus Cristo?
227
Teologia
228
11. Primeira Epístola a Timóteo
São conhecidas como epístolas pastorais a primeira e segunda carta escrita a Timóteo e a Tito. São assim
chamadas por serem dirigidas a jovens pastores com o propósito de instruí-los na quanto à administra-
ção da igreja local.
A primeira epístola a Timóteo foi escrita depois de Paulo ter sido posto em liberdade, após a sua pri-
meira prisão. Tudo indica que Paulo foi preso por duas vezes em Roma, sendo que depois dos relatos da
primeira prisão (vide Atos 28) ele teria sido solto quando escreve a primeira carta a Timóteo e a Tito; e
teria voltado pela segunda vez a capital do império onde é condenado e martirizado.
No referido intervalo ele passou em Éfeso e deixou Timóteo como encarregado da igreja que estava em
perigo por causa de falsos ensinos (1 Tm 1.3). Da Macedônia escreveu a epístola para instruir a Timóteo
concernente aos seus deveres e também para animá-lo porque o jovem era de caráter sensível e retraído
e, portanto, inclinado a deixar de afirmar a sua autoridade.
Timóteo, seu colaborador fiel, estava pastoreando uma igreja de importância estratégica e poderia estar
precisando de uma mensagem escrita para expor perante as igrejas como lembrete sempre atual e nunca
ausente. Parece que Paulo, conhecendo bem Timóteo, sabia que ele não estava conseguindo resolver, ou
talvez sequer tenha detectado, um movimento herege que estava ameaçando a igreja, que já fora com-
batida antes com a epístola aos Colossenses; conforme se sabe teve origem em um judaísmo sincretista
da variedade gnóstica pré-cristã.
Outro aspecto do trato paulino é a organização da igreja e sua administração.
Encontramos nessa epístola, entre outras coisas, as qualificações necessárias para obreiros distinguidos
por função ou vocação, conforme segue:
• Bispo – do grego “epíscopos” - significa “supervisor”, “superintendente”, referindo-se ao ofício
preenchido por homens também chamados “anciãos” – do grego “presbuteroi”. Portanto, embora
“bispo” e “ancião” remetam-se a diferentes vocábulos gregos, são termos sinônimos.
• Diáconos, por sua vez, quer dizer “servo”, “ajudador”, aludindo aos assessores dos bispos, os quais cui-
davam das questões seculares da vida eclesiástica, particularmente a distribuição de caridades ou supri-
mentos de primeiras necessidades. É provável também o exercício realizado por mulheres (diaconisas)
ou pode ser uma alusão às esposas dos diáconos de quem se esperava que ajudassem seus maridos.
11.1. Data
Algo em torno do ano de 65 d.C. Foi escrita provavelmente na Macedônia, durante o intervalo entre as
duas prisões de Paulo.
Teologia
11.2. Tema
As qualidades e deveres do ministro cristão, a sua relação com a igreja, com o lar e com o mundo.
11.3. Propósitos
1. Advertir Timóteo contra os propagadores de doutrinas errôneas.
2. Dar instruções acerca da administração da igreja.
11.4. Esboço
1. A sã doutrina (cap. 1)
2. Oração pública (cap. 2)
3. Qualidades ministeriais (3.1-13)
4. Doutrina falsa (3.14-4.11)
5. Exortações finais (6.3-21)
230
Epístoloas Paulinas
• Escravos (6.1-2b)
• Como ensinar e exortar os crentes ao dever (6.2c-10)
• Como servir de exemplo (6.11-16)
• Como advertir aos ricos (6.17-19)
Recapitulação 11
1R12. O que é e quais são as epistolas pastorais?
2R12. Quem foi o pastor que Paulo deixou em Éfeso e por quê?
5R12. O que você entende a respeito do que Paulo está tratando em 6.11-16?
231
12. Segunda Epístola a Timóteo
Depois de ter deixado Tito em Creta, Paulo navegou rumo ao norte com a intenção de ir a Nicópolis
passando por Trôade e Macedônia (Tito 3.12). Trófimo, seu companheiro, adoeceu durante a viagem e
ficou em Mileto (2 Tm 4.20).
Navegando para Trôade, o apóstolo permaneceu na casa de um homem chamado Carpo. Naquele tempo
se levantou a perseguição contra os cristãos, instigada pelo imperador Nero, que os acusou de terem incen-
diado Roma. Paulo, o reconhecido chefe dos cristãos, foi preso, provavelmente em Trôade e a sua prisão
deve ter sido tão repentina, que algumas coisas que lhe pertenciam, ficaram na casa de Carpo (2 Tm 4.13).
Ao chegar a Roma, o apóstolo foi encarcerado, sendo esta a segunda vez na capital do império. Sabendo
que o seu martírio se aproximava, escreveu esta última carta a Timóteo, rogando a este que o visitasse.
Paulo necessitava muito do seu filho na fé porque os da Ásia, que deviam apoiá-lo, abandonaram-no.
Por causa da sua recente perseguição, a maioria dos cristãos temia mostrar-se seu amigo. Sabendo-se que
a timidez de Timóteo poderia fazer com que evitasse o risco da perseguição causada por uma eventual
visita a Roma, Paulo o aconselhou para que não temesse a perseguição, nem se envergonhasse dele, mas
que fosse valente em seu testemunho e que sofresse as dificuldades como fiel soldado de Jesus Cristo.
Admoestou-o também a respeito da sua atitude para com os falsos mestres e as suas doutrinas.
12.1. Data
Por volta do ano de 67 d.C. Foi escrita pouco antes do martírio de Paulo em Roma.
12.2. Tema
Lealdade ao Senhor e a verdade em vista da perseguição e da apostasia.
12.3. Propósitos
• Encorajar Timóteo a cumprir seu ministério
• Adverti-lo acerca da apostasia
• Pedir a Timóteo para que levasse alguns de seus pertences
Epístoloas Paulinas
12.4 Esboço
1. Introdução (1.1-5)
2. Exortações em vista dos sofrimentos e perseguições futuras (1.6-2.13)
3. Exortações em vista da apostasia atual (2.14-26)
4. Exortações em vista da apostasia futura (3.1- 4.8)
5. Conclusão (4.9-22)
12.5.2 Exortação à intensidade no ministério, em contraposição ao pendor a timidez que Timóteo re-
velava (1.3-2.7)
Recapitulação 12
1R13. Podemos afirmar que 2 Timóteo foi a última carta escrita por Paulo? Justifique sua resposta.
2R13. Por que Paulo foi preso pela segunda vez em Roma?
233
Teologia
234
13. Epístola a Tito
Na ordem de composição, a epístola a Tito segue a primeira carta a Timóteo. Depois de ter escrito esta
última, Paulo navegou com Tito para Creta onde o deixou a fim de pôr em ordem a igreja. Tito, um
gentio (Gl 2.3), provavelmente era um dos convertidos de Paulo (Tito 1.4). Esteve presente com o após-
tolo no Concílio em Jerusalém (At 15) onde apesar da insistência dos judaizantes, Paulo recusou que
ele fosse circuncidado (Gl 2.3). O apóstolo tinha grande confiança nele e, por isso, depositava em suas
mãos, grandes e importantes missões (2 Co 7.6; 13-16, 8.16-24).
Sabendo que o caráter indigno e imoral dos cretenses e a presença de mestres falsos tornariam difícil a
sua tarefa, Paulo escreveu a Tito uma carta para instruí-lo e animar em seus deveres. A epístola é curta
contendo apenas três capítulos, mas reúne num espaço limitado grande quantidade de instruções abran-
gendo doutrina, moral e disciplina.
O apóstolo, como fez em primeira de Timóteo, adverte no tocante aos falsos mestres e das orientações
acerca da conduta convenientes de várias classes de cristãos.
O livro tem como base doutrinária de tais instruções a graça de Deus, a qual confere salvação, conduz a
vida piedosa e oferece a “bendita esperança” da volta de Jesus Cristo (vide 2.11-14). A base experimental
destas instruções é a regeneração operada pelo Espírito Santo (vide 3.3-7).
Paulo, preocupado com as qualificações dos obreiros, vai orientar Tito quanto ao que ele considera
importante; perfil daqueles que exercerão o episcopado. Os bispos teriam que possuir algumas caracte-
rísticas, de ordem moral e social, indispensável para a nobre função (vide 1.5-9).
Era importante que o jovem pastor soubesse como tratar os falsos mestres, em especial por ele ser gentio,
e os hereges tivessem em seu meio, entre outros, alguns judeus que não se conformavam que o cristianis-
mo fosse uma religião independente do judaísmo e tivesse vida própria sem práticas da religião judaica
(vide 1.10-16)
13.1. Data
Cerca de 65/66 d.C. Foi escrita pouco depois da primeira carta a Timóteo, provavelmente em algum
ponto da Ásia Menor.
13.2. Tema
A organização de uma verdadeira Igreja de Cristo e um apelo à igreja para ser fiel ao Senhor Jesus Cristo.
Teologia
13.3. Propósitos
1. Instruir a Tito na organização da igreja
2. Advertir contra os falsos mestres
3. Encorajar Tito a cumprir o trabalho que Paulo deixou para ele realizar na Ilha de Creta.
13.4. Esboço
1. A ordem e doutrina da igreja (cap. 1)
2. A conduta da igreja (caps. 2, 3).
Recapitulação 13
1R14. Onde Tito estava quando recebeu a carta de Paulo?
2R14. Qual é a base doutrinária para as instruções que Tito recebe de Paulo?
236
Epístoloas Paulinas
237
14. Epístola a Filemom
Não contém instrução alguma direta referente à doutrina ou conduta cristã. O seu valor principal en-
contra-se no quadro que nos oferece do funcionamento pratica da doutrina cristã na vida diária e da
relação do cristianismo com os problemas sociais. Trata-se de um exemplo, que não era comum em seus
dias de que o evangelho é também a solução para as crises sociológicas.
Apesar de a escravidão ser comum nos tempos apostólicos, em nenhum momento encontramos nele
uma forma justa nas relações social; o que está mais que provado, é que o homem tem direito a liberdade
do ir e vir, exceto se ele tiver cometido algum crime contra a sociedade.
Sua história trata de um escravo fugitivo chamado Onésimo. Mais afortunado do que alguns de seus
companheiros; tem por amo, um cristão, Filemon, convertido de Paulo. Por causas não mencionadas,
Onésimo fugiu da casa de Filemon. Foi a Roma onde se converteu sob a pregação de Paulo. Após sua
conversão ele é orientado pelo apóstolo a retornar a seu senhor e viver a magnitude de seu nome; “Oné-
simo” significa “Útil” (vide os versículos 10-12), agora, em Cristo, ele seria mais que servo de Filemon,
pois acabara de receber a habilidade de Jesus para ser “Onésimo” para outras pessoas.
Onésimo chegou a ser tão querido por Paulo, que este quis retê-lo para lhe ministrar na prisão. Entre-
tanto, o apóstolo teve que abrir mão desse privilégio. Embora Onésimo tenha se arrependido de seu
pecado, havia necessidade de restituição que somente poderia ser cumprido pelo regresso do escravo e
a sua submissão ao seu dono. Este dever implicava em sacrifício não somente de Paulo, mas em outra
ainda maior de Onésimo que, voltando ao seu amo, estaria exposto a severo castigo da crucificação;
punição geralmente aplicada aos escravos fugitivos.
O senso de justiça requeria de Paulo que devolvesse o escravo, mas a força do amor fê-lo intervir por ele e
salvar-lhe a vida. Escreveu uma carta gentil e delicada de súplica afetuosa identificando-se com Onésimo
pedindo que Filemon, que era “devedor de sua própria vida” a Paulo (vide versículo 19), não somente
o perdoasse como também o recebesse como “irmão” e se propôs a pagar pelos prejuízos causados pelo
seu novo filho na fé.
14.1. Data
Ano de 62 d.C. Foi enviada por Tíquico com as cartas aos Colossenses e Efésios.
14.2. Tema
O poder do Evangelho na solução dos problemas sociais.
Epístoloas Paulinas
14.3. Propósito
Convencer a Filemon para que recebesse a Onésimo de volta, não como escravo, mas como um irmão
em Cristo.
14.4. Esboço
1. Introdução: saudações (v. 1-3)
2. Elogio de Filemom (v. 4-7)
3. Intercessão por Onésimo (v. 8-21)
4. Conclusão: saudações (v.22-25)
Recapitulação 14
1R15. Paulo com sua carta à Filemon estava dando novos rumos às relações entre os cristãos e seus
escravos?
3R15. Qual é a relação entre os escravos dos tempos apostólicos com os empregados cristãos em em-
presas de cristãos? Como deve ser o relacionamento de ambos no campo profissional?
239
Teologia
240
Anexo
Teologia Paulina
Durante seus estudos, Paulo teve acesso aos ensinos de Jesus por meio da tradição oral; era um perito no
Antigo Testamento e quanto a sua tarefa como mestre foi privilegiado com a presença do Espírito Santo
inspirando e iluminando sua vida.
Há quem diga que ele teve grandes evoluções durante sua caminhada modificando sua teologia. Por exem-
plo, a carta escrita aos Romanos é diferente de 1 Tessalonicenses, bem como Gálatas que utiliza um tom
áspero e mais ameno em Romanos. Isso se dá pelos anos de maturidade de Paulo, onde o apóstolo escreveu
diversas cartas durante 15 anos para diversos destinatários com contexto e necessidades diferentes.
Durante esses anos, Paulo desenvolveu sua dogmática crendo em:
• Universalidade - onde há um único desígnio e um único Deus;
• Providência - onde tudo ocorre por iniciativa e ação de Deus;
• Escatológica - onde Cristo é a marca divisora de dois tempos;
• A história é linear;
• Humanista - onde descreve a ação dos homens.
Portanto, suas cartas são relevantes porque revela Cristo e o ser humano, mostra a ação de Deus e o em-
penho de cada cristão, a providência divina e a liberdade humana, o reino de Cristo e o reino satânico.
A Cristologia de Paulo
É importante ressaltar que Paulo é o fundador da teologia cristã e suas temáticas têm provocado dis-
cussões entre vários teólogos de diversos períodos da história do cristianismo. Para alguns estudiosos da
teologia cristã, como J. Dunn, existem algumas características encontradas nos escritos paulinos e que
podem ser encontradas no seguinte esquema:
242
Epístoloas Paulinas
243
Teologia
esteja em uma relação de complementaridade e não de contradição com os demais escritos do NT. O
centro da pregação de Paulo é a consciência de que o tempo escatológico da salvação prometida no AT
foi inaugurado com a vinda de Cristo a este mundo. É a partir deste pensamento que ele desenvolve seu
ministério.
III. O Racionalismo
Ferdinand C. Baür - 1762 - 1860
Pressupostos: Hermenêutica Hengeliana
Hengel: Tese / Antítese / Síntese
Tese (Pedro e Tiago) cristianismo judaico
Antítese (Paulo) cristianismo gentílico
Síntese (Igreja Católica Séc. II) cristianismo universal
(Atos - não merece valor histórico)
Pensamento de Paulo: Espírito (antítese do finito e humano) - Reação ao cristianismo judaico.
244
Epístoloas Paulinas
Pensamento de Paulo: Espírito (em oposição à carne- “sensual”) - Aqui a questão é moral (ética) e não
forense!
A pregação de Paulo é ética - moralidade idealista e racionalista.
A comunhão com Cristo é mística e não objetiva. A salvação é uma união mística com o Cristo da fé.
Pressupostos: A história não tem valor. O que vale é o Cristo da fé.
Paulo tirou suas ideias das religiões de mistério, que eram populares na Grécia.
H. Holtzmann - 1832-1910 e W. Bousset - 1865-1920
Cristo: a-histórico
Reduz-se a religião de Paulo a uma religiosidade ético-racional independente dos atos redentores obje-
tivos de Deus.
Paulo foi influenciado pelo mito do redentor cósmico
William Wrede - 1859-1906 - desintegra as ideias de Holtzmann.
Mitte: A doutrina de Cristo e sua obra - redenção em escala cósmica.
Pressupostos: História da salvação - coluna vertebral do cristianismo paulino: A religião de Paulo = sua
teologia : está baseada nos acontecimentos (históricos e não subjetivos) redentores como a encarnação,
a morte e a ressurreição de Cristo.
Ruldof Bultmann - 1884 - 1976
Pressupostos: a matriz da Cristologia de Paulo não são as religiões gregas de mistério que adoram uma
divindade que morre e revive, mas o drama gnóstico, mitológico e cósmico.
Hermenêutica: Filosofia existencialista de Martin Heidegger - 1879-1976.
Background - grego: a figura do redentor gnóstico, o que Reitzenstein havia chamado do mistério da
redenção, baseado na mitologia da antiga Pérsia.
Pensamento de Paulo da sua pregação: oposição entre carne e espírito. Uma volta a Baur.
Paulo foi influenciado pelo Gnosticismo de sua época.
Pensamento de Paulo: A fonte da Cristologia de Paulo não está baseada no que ele herdou da tradição
acerca de Jesus, senão no que contemplou e viveu como gnóstico.
O conceito de que a alma vive aprisionada pela matéria, mas que ascende e retorna a Deus através da
gnose;
O mito do anthropos (“homem”, em grego). Segundo este mito, o salvador era uma representação do
homem original em quem o pneuma divino encontra expressão máxima.
O espírito é totalmente bom e a matéria totalmente má.
245
Teologia
Bibliografia
1. Através da Bíblia Livro Por Livro - Myer Pearlman
2. A Bíblia de Estudo Indutivo
3. A Bíblia de Estudo Pentecostal
246
Epístoloas Paulinas
247
Cristologia:
A doutrina de
Cristo
Autoria
Fabiano Gomes, Teólogo pelo Seminário Presbiteriano do Brasil. Graduando Filosofia pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie. Especializado em Psicologia Pastoral pela Faculdade
Cristã de São Paulo, Mestrando Antropologia pelo Centro de Pós-graduação Presbiteriano
Andrew Jumper. Professor, Escritor e Conferencista. Diretor fundador do Diaconia Integral.
Sumário
Introdução 253
Bibliografia 289
Introdução
U
ma das especialidades da Teologia Sistemática é o estudo da Santa Trindade e, nesta edição,
estudaremos de maneira bem sucinta a doutrina da segunda pessoa da Trindade, Jesus Cristo.
O que você não vai encontrar neste estudo?
Com certeza você não encontrará nenhum tratado sobre o assunto, muito menos definições profundas
sobre o mesmo. Entendemos que em um campo tão vasto com tantos tratados milenares e volumosos,
não temos nenhuma pretensão, tão pouco espaço e tempo, para expormos os amplos assuntos pertinen-
tes à Santa Pessoa de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Somos meros mortais e limitados tentando
estudar o Eterno e Onipotente Filho de Deus. Com certeza estamos diante de um grande paradoxo.
A que nos propomos?
Temos o compromisso de apresentarmos nestas modestas páginas, de maneira simples e objetiva, a base
que dá sustentação à nossa fé, assim como os principais ataques que ela sofreu, principalmente nos pri-
meiros séculos. Acreditamos ser o mínimo necessário para lermos, entendermos, pregarmos e ensinar-
mos acerca da doutrina de Cristo.
1. A Importância de estudar a doutrina de Cristo
O estudo da doutrina de Cristo implica em conhecer, mais do que um fundador de uma grande religião,
Jesus, o Messias que Israel rejeitou; a Raiz de Davi, a Luz que brilhou nas trevas do mundo gentio, Sua
divindade, humanidade, esvaziamento, morte e ressurreição.
Jesus Cristo é a figura central da história do mundo. Os impactos da pessoa de Cristo na história e cultu-
ras humanas promoveram: um divisor de datas na história do ocidente, uma civilização assim chamada
“cristã”, guerras e conflitos em “nome de Cristo”, valores “cristãos” e a cruz como um símbolo universal
de morte, etc.
Jesus Cristo deve ser a figura central na vida de todo indivíduo. Os impactos da pessoa de Cristo na
vida dos crentes podem ser vistos no aspecto interior: salvação, perdão, regeneração, justificação, novos
valores, etc. e no aspecto exterior: mudança de atitudes.
Não existe cristianismo sem Cristo. Não é uma religião, mas um modo de vida cuja proposta básica é:
“Cristo em vós, esperança da glória” (Cl 1.27). A maior diferença entre um cristão nominal e um cristão
autêntico é que, para este, Jesus é uma realidade existencial. O cristianismo não é medido pelo seu efeito
coletivo, mas pela presença de Jesus na vida do indivíduo.
Não existe comparação entre Jesus Cristo e os fundadores das outras grandes religiões. Confúcio, Buda
e Maomé, todos morreram propondo ao homem um caminho para encontrarem a verdade ou para se
tornarem em divindade, mas só Jesus podia afirmar: “eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14.6).
Somente Jesus arroga-se o título de “Deus” (Jo 10.30).
A base do cristianismo é a Palavra de Deus (Lc 24.27 é o primeiro ato de proclamação e apresentação
de Jesus com base na Palavra), onde Jesus é o tema central da mensagem transmitida pelos e para os
homens:
1. Pelos profetas (At 10.43, 3.21).
2. Pelos apóstolos (At 5.42)
3. Para os judeus (At 17.1-3)
4. Para os samaritanos (At 8.5)
5. Para os gentios (Gl 1.15-16, Ef 3.8).
6. Para o homem de hoje (Mc 16.15, 1 Co 15.1-4).
2. A pessoa de Cristo: Sua humanidade
Recapitulação 1
1R1. O cristianismo não é pelo seu efeito coletivo, mas pela
de Jesus na vida do indivíduo.
4R2. Quais são as provas bíblicas de que Jesus tinha limitações físicas e quais foram elas?
6. Nomes humanos:
• Filho do homem (Lc 19.10): identificação plena com a raça humana.
• Nazareno (Mt 2.23): identificação com uma localidade.
• Profeta (Mt 21.11): identificação com homens santos do passado de Israel.
• Carpinteiro (Mc 6.3): identificação com uma ocupação humana.
7. A ênfase da encarnação (Jo 1.14, 1 Jo 4.2-3): a negação da humanidade de Jesus é um dos sinais
do espírito do anticristo.
8. O testemunho dos discípulos (1 João 1.1): enfatizando a realidade da manifestação física de
Cristo.
257
Teologia
258
Cristologia: A doutrina de Cristo
Recapitulação 2
5R2. O testemunho dos (1 João 1:1); enfatizando a da manifesta-
ção de Cristo.
6R2. Mencione cinco sentimentos ou aspecto psicológico demonstrado por Jesus que apontam para
sua humanidade.
8R2. Qual a argumentação dos modernistas para negar o nascimento virginal de Cristo?
O duplo milagre da concepção virginal: Deus provê tanto o componente humano como a encarnação.
A relação entre a concepção virginal e a encarnação é a impecabilidade de Cristo. Alguns teólogos ar-
gumentam que o nascimento virginal não era indispensável para a sua encarnação (criação direta, sem
259
Teologia
a necessidade dos pais) e impecabilidade (porque o Espírito Santo santificaria qualquer influência peca-
minosa transmitida pelo macho somente ou pela mulher).
Recapitulação 3
9R2. A natureza torna a pecabilidade . O pecado não faz parte da
humana básica, mas sim da . Adão e Eva antes da queda e foram os
únicos seres humanos puros.
260
3. A Pessoa de Cristo: Sua Divindade
262
Cristologia: A doutrina de Cristo
1. Alguém ungido para realizar uma missão que envolve redenção, julgamento e representatividade
do próprio Deus (Is 45.1-7).
2. Expectativa escatológica (Dn 9.25-26).
3. Expectativa política (Is 9.1-7; Jo 6.15, 12.13, 18.33-36; Mt 16.20).
4. O objetivo dos evangelhos foi apresentar Jesus como o Messias (esse termo era usado como um
título no N.T. exceto em Jo 1.17, 17.3).
5. A ênfase da igreja primitiva: Jesus é Senhor (At 11.20; Rm 10.9).
6. Quando o evangelho penetra no mundo helênico, “Christos” passa a ser usado como nome pró-
prio, sem as conotações religiosas do V.T., e não como título (observar a mudança em At 2.36,
17.1-3, 18.5, At 28.31; Rm 1.1; Cl 2.2; 1 Jo 1.3).
Recapitulação 4
1R3. Jesus nunca disse “Sou Deus”, mas suas seriam impróprias
se por alguém menos do que .
2R3. O que exprime o uso da fórmula “Eu sou” dita por Jesus?
3R3. Mencione cinco figuras de linguagem usadas por Jesus que atestam sua divindade em que Ele usa
o “Eu Sou...”.
263
Teologia
264
Cristologia: A doutrina de Cristo
265
Teologia
Recapitulação 5
6R3. Qual a relação que há entre o kyrios do N.T. com Javé do VT?
7R3. João também Jesus como o único de Deus (Jo 1.18; 3.16,18); o
significado desta é distinguir a natureza de que Jesus tinha com o Pai
da dos relacionamentos com filhos de Deus (Jo 20.17).
8R3. (séc. III e IV). Jesus era um ser , apesar de ser o mais dos
seres, portanto não era e não tinha existência própria. Somente Deus o Pai é
e a origem de todas as coisas.
9R3. Complete as lacunas da primeira coluna com números correspondentes aos movimentos heréti-
cos da segunda coluna.
( ) Jesus não era Deus 1. Cristologia Funcional
( ) Jesus não era plenamente Deus 2. Ebionismo
( ) Dão ênfase aos feitos de Jesus não a sua pessoa 3. Arianismo
266
4. A Pessoa de Cristo: Sua Unidade
268
Cristologia: A doutrina de Cristo
“Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar em duas naturezas,
inconfundíveis e imutáveis, indivisíveis e inseparável; a distinção de naturezas de modo algum
é anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada pessoa e natureza
permanecem intactas, concorrendo para formar uma só Pessoa e Subsistência; não dividido
ou separado em duas pessoas, mas um só e mesmo Filho, Unigênito, Deus, Verbo, Jesus
Cristo Senhor; conforme os profetas outrora a seu respeito [testemunharam], e o mesmo
Jesus Cristo nos ensinou e o credo dos pais nos transmitiu”.
Recapitulação 6
1R4. A transposição entre o moral e espiritual entre e os homens depende
da entre a divindade e a de Cristo.
2R4. Apresente sua argumentação com base bíblica que combata as heresias do Nestorianismo e Euti-
quianismo.
3R4. Cristo existia na forma e de Deus e possuía status de igualdade com Deus, mas não
esta igualdade como algo a ser retido, e tomando a forma de servo (mesma essência,
mesmo status funcional).
269
Teologia
Ebionismo
Verdadeiro Deus
Arianismo
Docetismo
Verdadeiro homem
Apolinarismo
270
5. A Obra de Cristo: Seu Sofrimento e Morte
5.1. Importância
A morte de Cristo como a solução para o problema do pecado humano e como meio de trazer os ho-
mens à comunhão com Deus é uma das ideias centrais do NT (1 Co 15. 1-3).
Conexão vital com a encarnação: Jesus nasceu para morrer; a encarnação visava à expiação (Hb 2.14).
272
Cristologia: A doutrina de Cristo
Recapitulação 7
1R5. A morte de Cristo como a para o problema do humano e como
meio de trazer os homens à com Deus é uma das ideias do N.T. (1
Co 15. 1-3).
2R5. Quais são as duas cartas escritas pelo apóstolo Paulo onde ele não menciona a morte de Cristo?
3R5. A carta aos baseia-se na morte de Cristo para desenvolver o seu tema principal: o
valor do de Cristo e a perseverança dos crentes.
5R5. Preencha os espaços abaixo com o número correspondente ao efeito causado pela morte de Jesus.
1. Em relação ao universo físico
2. Em relação ao domínio exercido por Satanás
3. Em relação aos que creem
273
Teologia
274
6. A obra de Cristo: Significados teológicos da
morte de Cristo
6.2.1 Propiciação
Ato realizado para aplacar a ira de Deus, de modo a ser satisfeita a sua santidade e a sua justiça, tendo
como resultado o perdão do pecado e a restauração do pecador à comunhão com Deus (Ex 32.30; Rm
3.25; Hb 2.17; 1 Jo 4.10). Tem relação com o propiciatório do VT, onde o sumo sacerdote entrava uma
vez por ano para fazer expiação pelos pecados do povo (Ex 25.17-22; Lv 16.2). O propiciatório ficava
Teologia
oculto por uma cortina, mas Cristo foi “proposto” ou “exibido” por Deus. Existe divergência entre os
teólogos quanto ao conceito da propiciação: uns rejeitam a ideia de aplacar a ira de Deus e traduzem a
palavra como “expiação”; outros acham que esta é a interpretação correta. O grego hilasterion pode ser
traduzido como “propiciação” ou “expiação”.
6.2.3 Substituição
Cristo morreu em nosso lugar sofrendo Ele próprio a condenação e a penalidade do pecado; nossos
pecados foram transferidos para Ele (Is 53.5 - 6; 2 Co 5.14 e 21). Um advogado não toma o lugar do
cliente, mas Cristo tomou o nosso lugar e cumpriu a pena por nós. Cristo foi ao mesmo tempo o sacer-
dote e a oferta pelo pecado.
6.2.4 Redenção
Através de sua morte Cristo nos libertou da escravidão do pecado e nos adquiriu para Deus (Mc 10.45;
Rm 3.24; Ef 1.7; 1 Co 6.19-20). As quatro palavras gregas usadas para redenção no NT têm conotação
comercial e enfatizam três ideias básicas:
1. Do que fomos libertos (pecado e morte);
2. O preço pago (o sangue de Cristo);
3. Uma mudança de propriedade (escravos de Deus).
6.2.5 Justificação
Envolve duas interpretações com ênfases diferentes, mas complementares (Rm 5.1, 9, 18,19):
1. Deus, pela sua graça, perdoa o homem de sua culpa, tendo como base o fato de que Jesus cumpriu
a Lei em seu lugar e sofreu o castigo pelos seus pecados (contexto judicial ou forense).
2. Deus não nos fez justos (qualidade ética), mas nos declarou justos (status de relacionamento). A
ideia no V.T. é a de conformidade a um padrão, não necessariamente em virtude de qualidades
éticas ou morais, mas pela fidelidade mantida em um relacionamento (Gn 38.26). O homem que
crê em Cristo, apesar de pecador, é declarado justo por Deus porque em Cristo ele é colocado em
um novo relacionamento com Deus.
6.2.6 Reconciliação
A hostilidade contra Deus é removida por Sua própria iniciativa; Deus é o sujeito; o homem e o mun-
do são os objetos da reconciliação (Rm 5.10-11; 2 Co 5.18-19). A reconciliação não é uma mudança
da atitude humana em direção a Deus, mas uma atitude de Deus em relação ao homem e seu pecado.
Reconciliação e justificação são estreitamente relacionadas. Justificação é a declaração de absolvição da
culpa do pecado. Reconciliação é a restauração da comunhão que resulta da justificação. A paz resultante
(Rm 5.1) não é um estado mental, mas uma condição de relacionamento.
276
Cristologia: A doutrina de Cristo
6.3.4 Teoria do resgate ou da expiação como vitória sobre as forças do pecado e do mal.
Na luta cósmica entre bem e mal, Satanás estabeleceu controle sobre a humanidade. Cristo deu sua vida
em resgate ao diabo para que este libertasse a humanidade. Satanás foi derrotado, pois perdeu o controle
sobre as almas dos homens e não conseguiu deter a Cristo, que ressuscitou dos mortos. Teoria defendida
por Orígenes, Anselmo, Agostinho, foi muito popular na Idade Média. Embora Cristo em sua morte
tenha triunfado sobre as forças do mal (Cl 1.13, 2.14-15), a ideia de um resgate pago ao diabo não é
bíblica. A derrota do inimigo só foi possível pela sua morte vicária na cruz (Gl 3.13).
277
Teologia
2. Satisfação moderada → tudo depende da fé, que deve ser exercida durante a existência física.
Recapitulação 8
4R6. Preencha os espaços abaixo com o número correspondente aos conceitos de expiação.
( 1 ) Propiciação
( 2 ) Sacrifício vicário
( 3 ) Substituição
( 4 ) Redenção
( 5 ) Justificação
( 6 ) Reconciliação
( ) Deus não nos fez justos (qualidade ética), mas nos declarou justos (status de relacionamento).
( ) A hostilidade contra Deus é removida por Sua própria iniciativa.
( ) Através de sua morte Cristo nos libertou da escravidão do pecado e nos adquiriu para Deus.
( ) Cristo morreu por nós, em nosso favor, como nosso representante.
( ) Ato realizado para aplacar a ira de Deus, de modo a ser satisfeita a sua santidade e a sua justiça.
( ) Cristo morreu em nosso lugar sofrendo Ele próprio a condenação e a penalidade do pecado.
278
Cristologia: A doutrina de Cristo
5R6. Quem foram os principais defensores da teoria do resgate ou da expiação como vitória sobre as
forças do pecado e do mal?
279
7. A Obra de Cristo: Sua Ressurreição e Ascensão
3. A transformação na vida dos discípulos (comparar Mt 26.69-75 com At 2.14, 22-24, 5.27-32).
4. O testemunho do próprio Cristo (Ap 1.17-18).
281
Teologia
7.5.1 A Ressurreição e a Ascensão de Cristo foram eventos separados no tempo, mas parte de um único
processo: sua Exaltação em glória (Ef 1.0-23).
282
8. A Obra de Cristo: Seu ministério atual
1. Embora os aspectos passados da obra de Cristo sejam os mais conhecidos e ensinados, devemos
ter em mente que Jesus está vivo e atuante hoje.
2. Após a sua Ascensão Cristo está nos céus à direita de Deus (Mc 16.19; At 7.55,56; Rm 8.34; Cl
3.1; Hb 1.3, 12.2).
3. O exercício da autoridade universal: Cristo recebeu autoridade plena da parte de Deus, que usou
não só para criar o universo, mas também para mantê-lo sob sujeição (Mt 28.18; Cl 1.16,17; Ef
1.20,21).
4. Cristo é o cabeça da Igreja, que é o seu corpo, a qual reúne os crentes de todas as épocas e de todos
os lugares (Ef 1.22,23; Cl 1.18). A Igreja dá continuidade ao ministério de Cristo na terra (M.
28.18-20; 2 Co 5.20; Jo 14.12).
5. Cristo intercede junto a Deus por aqueles que são seus (Jo 17. 20; Rm 8.34; Hb 7.25).
6. Cristo é nosso Advogado (parakletos) junto a Deus, cuja expiação teve eficácia eterna (1 Jo 2.1; Jo
14.16,26; Ap 12.10; Jó 1.6-12).
9. A Segunda Vinda de Cristo e a implantação de seu
Reinado Eterno
Embora haja diferenças entre os teólogos mais ortodoxos quanto à natureza e sequência dos eventos fu-
turos, é ponto de aceitação geral que Cristo um dia retornará a terra (At 1.10-11) e que este dia marcará
a intervenção final de Deus na história humana (Mt 24.3; 2 Pe 3.1-13).
No A.T., a Segunda Vinda de Cristo é muitas vezes anunciada implicitamente no contexto da restaura-
ção final da nação de Israel, através do uso das expressões “dia do Senhor”, “naquele dia” ou “nos últimos
dias” (Am 5.18; Jl 1.15, 3.18; Sf 3.11; Zc 14.9; Is 2.2-4, Os 3.5; Ml 3.1-2). No N.T., a encarnação ou
primeira vinda de Cristo é vista como o cumprimento da esperança do V.T. e a sua segunda vinda como
a consumação dessa esperança. O cumprimento e a consumação são duas partes de uma única obra
redentora, com implicações passadas, presentes e futuras.
As referências neotestamentárias à Segunda Vinda de Cristo usam expressões correlatas às do V.T.: “Dia
do Senhor”, “Dia do Senhor Jesus”, “Dia de Cristo”, “aquele Dia”, “Último Dia”, etc. (Mt 24.36; Jo
12.48; 1 Co 1.7-8; Fp 1.6, 2.16; 1Ts 5.2; 2Ts 1.10; 2 Tm 1.18; 2 Pe 3.10).
8. Distribuir o galardão aos santos, de acordo com pensamentos e obras (2 Co 5.10; 1 Co 3.12-15;
1 Co 4.5).
9. Julgar os incrédulos (Ap 20.11-15).
10. Destruir a atual ordem das coisas e estabelecer novos céus e nova terra (2 Pe 3.7, 10 -13; Ap
21-22).
Recapitulação 9
7R1. Mencione as evidências da ressurreição de Cristo no N.T.
1R8. Embora os aspectos da obra de Cristo sejam os mais conhecidos e ensinados, deve-
mos ter em mente que Jesus vivo e atuante hoje.
285
Teologia
Revisão geral
3. Quais são as provas bíblicas de que Jesus tinha limitações físicas e quais foram elas?
4. Mencione cinco sentimentos ou aspecto psicológico demonstrado por Jesus que apontam para sua
humanidade.
286
Cristologia: A doutrina de Cristo
10. João também Jesus como o único de Deus (Jo 1.18, 3.16,18); o
significado desta ____________ é distinguir a natureza de que Jesus tinha com o Pai
da dos relacionamentos com filhos de Deus (Jo 20.17).
11. Complete as lacunas da primeira coluna com números correspondentes aos movimentos heréticos
da segunda coluna.
( ) Jesus não era Deus 1.Cristologia Funcional
( ) Jesus não era plenamente Deus 2. Ebionismo
( ) Dão ênfase aos feitos de Jesus não a sua pessoa 3. Arianismo
12. Apresente sua argumentação com base bíblica que combata as heresias do Nestorianismo e Euti-
quianismo.
287
Teologia
14. Quais são as duas cartas escritas pelo apóstolo Paulo onde ele não menciona a morte de Cristo?
15. A carta aos baseia-se na morte de Cristo para desenvolver o seu tema principal: o
valor do de Cristo e a perseverança dos crentes.
16. Preencha os espaços abaixo com o número correspondente ao efeito causado pela morte de Jesus.
1. Em relação ao universo físico
2. Em relação ao domínio exercido por Satanás
3. Em relação aos que creem
18. Preencha os espaços abaixo com o número correspondente aos conceitos de expiação.
1. Propiciação
2. Sacrifício vicário
3. Substituição
4. Redenção
5. Justificação
6. Reconciliação
( ) Deus não nos fez justos (qualidade ética), mas nos declarou justos (status de relacionamento).
( ) A hostilidade contra Deus é removida por Sua própria iniciativa.
( ) Através de sua morte Cristo nos libertou da escravidão do pecado e nos adquiriu para Deus.
( ) Cristo morreu por nós, em nosso favor, como nosso representante.
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Cristologia: A doutrina de Cristo
( ) Ato realizado para aplacar a ira de Deus, de modo a ser satisfeita a sua santidade e a sua justiça.
( ) Cristo morreu em nosso lugar sofrendo Ele próprio a condenação e a penalidade do pecado.
20. Embora os aspectos da obra de Cristo sejam os mais conhecidos e ensinados, devemos
ter em mente que Jesus vivo e atuante hoje.
Bibliografia
Bancroft, E. H. 1983. Teologia elementar doutrinária e conservadora. São Paulo, Imprensa Batista Regu-
lar, 378 p.
Chafer, L. S. 1974. Teologia Sistemática. Tomo III. Dalton, Publicaciones Españolas, 1145 p.
Erickson, M. J. 1997. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo, Vida Nova, 540 p.
Ladd, G. E. 1974. A theology of the New Testament. Grand Rapids, William B. Eerdmans Publ., 661 p.
Pinto, C. O. (sem data). Teologia Sistemática III. Apostila do Seminário Bíblico Palavra da Vida. Atibaia,
85 p.
Richardson, A. 1996. Introdução à Teologia do Novo Testamento. São Paulo, ASTE, p.389
289
Pneumatologia
Autoria
Walter Bastos, casado com Angela de Aguilar Bastos e pai de três filhos, é pastor auxiliar da Igreja O
Brasil Para Cristo na cidade de Mogi das Cruzes – SP. O pastor Walter Bastos também é graduado
em Teologia e Pedagogia, e é docente de Teologia há mais de 25 anos. Já escreveu dezenas de revistas
como esta, também é autor de inúmeros livros, alguns muito conhecidos e premiados (ex: Os Dez
Mandamentos do Casamento; 111 Sermões para todas as ocasiões – Vol. I, II, III e IV)). Especializou-
se em terapia de casais e, com sua esposa percorre o Brasil, Canadá e USA ministrando em encontros
de casais com Cristo, com o intuito de restaurar relacionamentos e fortalecer a família de um modo
geral. Lidera a JUNEC (Junta Nacional de Educação Cristã), órgão oficial do Conselho Nacional, desde
fevereiro de 2006.
Sumário
Introdução 295
Bibliografia 343
Introdução
A
doutrina do Espírito Santo, a julgar pelo lugar que ocupa nas Escrituras, é de valor inestimável.
Com exceção das epístolas de 2ª e 3ª de João, todos os livros do Novo Testamento contêm
referências à Pessoa e/ou a obra do Espírito Santo. No entanto, é reconhecida como a doutrina
mais negligenciada.
O formalismo, por parte de uns, e o fanatismo por parte de outros, tem produzido uma Igreja indife-
rente à obra e principal missão do Espírito Santo na experiência do cristão. As consequências disto é um
cristianismo onde as pessoas estão privadas do novo nascimento, de vida, paz, poder, alegria, maturida-
de, equilíbrio, dinamismo e santidade.
É de suma importância saber o que as Escrituras Sagradas ensinam acerca do Espírito Santo, não apenas
pelo fato de ser amplamente mencionado, mas pelo Seu importante e decisivo trabalho na história da
humanidade.
O conhecimento da doutrina da Pessoa e Obra do Espírito Santo livram-nos de cairmos na rede de
heresias que são muito comuns em nossos dias. Porém, se faz necessário o equilíbrio ao estudarmos esta
disciplina, pois mais do que conhecimento bíblico ou teológico, como Igreja de Jesus Cristo, temos a
necessidade de experimentarmos a ação poderosa e espiritual desta maravilhosa Pessoa.
1. A divindade do Espírito Santo
O Espírito Santo é Deus e Sua divindade ou deidade é provada na Bíblia pelo fato de que é possuidor
de atributos divinos, conforme constataremos a seguir.
1.1.1. Ele é Eterno (Hb 9.14). Existe antes de tudo e não tem começo, nem fim.
1.1.2. Ele é Onipresente - Está em todos os lugares ao mesmo tempo (Sl 139.7-10, Jo 14.17).
1.1.3. Ele é Onipotente – Tem poder ilimitado (Rm 15.19, 1 Co 12.11).
1.1.4. Ele é Onisciente - Tem conhecimento de tudo (Rm 11.33,34 com 1 Co 2.10,11).
1.2.3 - Como quem ressuscitou o Senhor Jesus Cristo, dos mortos (Rm 1.4, 8.11),
1.2.4 - Como o único que gera novas criaturas em Jesus Cristo (Jo 3.5, 2 Co 5.17) e a santifica (Rm
15.16; 1 Co 6.11),
1.2.5 - Quem nomeia (escolhe e capacita) e envia os crentes para o desempenho de obras específicas
(Atos 13.2,4 com Mt 9.38, At 20.28),
1.2.6 - Quem dirige e ilumina os pregadores sobre onde e o que devem ministrar (At 16.6,7, 10; 2 Pe
1.21; At 1.16),
Teologia
298
Pneumatologia
Recapitulação 1
1RI. Quais são os dois únicos livros do NT que não fazem menção ao Espírito Santo ou a Sua obra?
1R1. Mencione três atributos divinos encontrados no Espírito Santo e as referências bíblicas.
299
2. A personalidade do Espírito Santo
O Espírito Santo é uma pessoa ou apenas uma influência? Existem pessoas que descrevem o Espírito de
uma maneira impessoal como o sopro que preenche a unção que unge o fogo que ilumina e aquece a água
que é derramada e o dom do qual todos participam. Contudo, esses nomes são meramente descrições das
suas operações. As Escrituras O apresentam de forma que não deixa dúvidas quanto à Sua personalidade.
Veremos abaixo algumas características que demonstram que Ele é uma pessoa.
Recapitulação 2
1R2. Escreva qual a diferença que há entre personalidade e corporalidade.
301
3. O dinamismo do Espírito Santo
3.2.1 Na Criação.
a. Ele desempenhou um papel ativo na criação, preparando tudo para que a Palavra criadora de
Deus dessa forma ao mundo (Gn 1.2 – Pairava – Literalmente é a mesma palavra usada para a ave
que choca o ovo para dali produzir a vida),
b. Ele também é o autor da vida. Quando Deus criou Adão, Ele participou diretamente da criação.
(Gn 2.7 confira com Jó 27.3).
303
Teologia
3.3.1 - Na Anunciação.
Inspirando os profetas a anunciar a vinda e o ministério do Messias (Is 11.2; 42.1,2; 61.1-3).
3.3.2 - Na Concepção.
Participando diretamente na concepção de Jesus (Mt 1.18,23; Lc 1.27).
3.3.3 - No Batismo.
Revestiu Jesus no batismo com grande poder para levar a efeito seu ministério, uma vez que ao se fazer
homem esvaziou-se de toda a Sua glória e poder (Fp 2). Como também para testificar que Jesus era o
Amado Filho de Deus (Mt 3.16, 17; Lc 3.21,22; Jo 1.32).
304
Pneumatologia
3.3.4 - No Ministério.
Quando Jesus se referiu ao cumprimento da profecia de Isaías acerca do poder do Espírito Santo sobre
Ele, usou também a mesma passagem para sintetizar o conteúdo do seu ministério (compare Is 61.1-3
com Lc 4.16-19 e At 10.38).
3.3.5. Na Cruz.
Sustentando-O na cruz (Hb 9.14). O mesmo Espírito que o fortificou durante todo o seu ministério,
também lhe deu forças para consumar sua missão indo até a cruz e, por isso, o Senhor Jesus pôde “su-
portar a cruz desprezando a afronta” (Hb 12.2).
3.3.6. Na Ressurreição.
Foi mediante o poder do Espírito Santo que Jesus ressuscitou dentre os mortos (Rm 1.3,4; 8.11).
3.3.7. Na Ascensão.
O mesmo Espírito que o ressuscitou dos mortos, O fez assentar à direita nos céus (Ef 1.20).
Depois da ascensão o Senhor Jesus exerceu a grande prerrogativa messiânica que lhe
foi concedida - enviar o Espírito Santo sobre os que creem (At 2.33, Ap 5.6).
305
Teologia
que corriam em não crer em Jesus como o Messias de Deus (At 2.36), isto é, do pecado da in-
credulidade. Por maior e mais perigoso que seja este pecado, tal é a ignorância dos homens a seu
respeito que sua criminalidade é inteiramente desconhecida até que seja descoberto pela ação do
Espírito Santo.
b. Da justiça de Cristo. (16.10). Jesus Cristo foi crucificado como malfeitor e impostor, mas depois
do dia de Pentecostes com o derramamento do Espírito e a realização dos milagres em Seu nome,
convenceram milhares de judeus de que não somente Ele era justo e também a Única fonte que
produzia a justificação.
c. Do juízo sobre Satanás. (16.11).
• A Cruz foi a demonstração de que o poder de Satanás sobre a vida dos homens foi destruído, e
de que sua completa ruína foi decretada (Hb 2.14,15; 1Jo 3.8; Cl 2.15 Rm 16.20).
• Opera a Regeneração (Jo 3.5, 6; 1Jo 5.4). O homem natural está morto em seus delitos e peca-
dos (Ef 2.1), Cristo diz que o pecador impenitente é um morto vivo, porque, apesar de respirar,
seu espírito está morto pela separação de Deus (Mt 8.21, 22), sendo assim, no momento da
conversão, o Espírito Santo confere a Vida de Deus ao homem (2Co 5.17) implantando no
homem o caráter divino (1Jo 3.9; Tt. 3.4), tornando-o, a partir deste momento, não apenas
conhecedor do mundo espiritual, mas participante ativo deste Reino.
• Decide habitá-lo (Jo 14.17; Rm 8.9; 1 Co 6.19; 2Tm 1.14; 1 Jo 2.27, 3.24). Como Onipre-
sente, o Espírito Santo está em todo lugar, mas o mistério da habitação do Espírito no crente
descreve uma relação pessoal e amorosa, e não uma consequência da magnitude deste seu atribu-
to divino, pois este homem de carne e osso passa a ser o templo do Espírito Santo (1 Co 6.19).
• Completa a Santificação (2 Ts 2.13; 1 Pe 1.2). A santificação na vida do crente é um processo
gradativo, individual, voluntário e que leva em consideração a vontade do crente (2 Co 3.18).
O Espírito que atuou no nosso novo nascimento continua a ser o meio do nosso crescimento
espiritual (Fp 1.6). Este processo é de dentro para fora, transforma nossas motivações, pensa-
mentos e valores para ser manifestados em atos de justiça e boas obras (Ef 2.10, Mt 5.16). O
Espírito usará a Palavra (Jo 17.17) e o sangue de Cristo (Hb 13.12) para este seu propósito.
Recapitulação 3
1R3. Mencione uma das razões pelas quais se ungiam pessoas na Bíblia.
306
Pneumatologia
2R3. O poder do Espírito Santo no reino espiritual o que a água faz na ordem mate-
rial. A água , , sacia a sede e torna frutífero o estéril. Ele é a “Água
Viva” que nossas vidas não apenas lavando as imundícies do como
trazendo a Vida de Deus.
3R3. Qual é a palavra hebraica utilizada no A.T. para Espírito Santo e quais são seus significados?
4R3. Mencione textos da Bíblia que mostram a participação do Espírito Santo na vida terrena de Je-
sus:
Na concepção
No ministério
No batismo
5R3. Quais são as verdades usadas pelo Espírito Santo para convencer o homem?
307
Teologia
a. Na Administração.
• Na escolha de líderes - (At 13.2, 20,28; Ef 4.11).
• Na execução de projetos - (At 8.29; 10.19, 44; 13.4).
b. Na Pregação.
• Ele é quem ministra a mensagem - (1 Pe 1.12).
• Ele é quem produz alegria, certeza e poder - (1 Ts 1.5,6).
c. No Serviço.
• Ele é quem concede os dons e ministérios, capacitando os membros do Corpo para o trabalho.
(Rm 12; 1 Co 12; Ef 4).
d. Na oração.
Em Ef 6.18 lemos. “... orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito”. Judas descreve os
verdadeiros cristãos como os que “oram no Espírito Santo”. Em Romanos 8.26, 27 lemos que o Espírito
está fazendo em nós o mesmo que Cristo está fazendo por nós no céu, isto é, está intercedendo por nós
(Hb 7.25). A oração da igreja é muito mais do que um comportamento religioso; é uma arma poderosa
e eficaz quando é feita no Espírito (Tg 5.16; Mt 18.19,20).
e. Na Adoração.
Como resultado de serem cheios do Espírito Santo, os crentes estarão “falando entre vós com salmos e
hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” (Ef 5.18,19). Falando
entre vós significa canto congregacional. Com Salmos pode se referir ao uso dos salmos do A.T., os quais eram
cantados (como também o são em nossas Igrejas); agora cânticos espirituais denotam expressões espontâne-
as de melodia e louvor, inspirada diretamente pelo Espírito Santo (compare com 1Co 14. 15-17).
f. No Testemunho.
A metáfora “Corpo de Cristo” descreve bem o funcionamento da comunidade sob o controle do Espí-
rito Santo.
• Na Igreja Primitiva não havia essa linha de separação entre o ministério e o povo. Todos os
cristãos conheciam seu lugar no corpo, e desempenhavam suas funções através de seus dons.
Será que a busca de profissionais eclesiásticos que temos hoje não reflete a falta de
submissão ao Espírito Santo e da ignorância aos seus dons?
Na Igreja Primitiva não havia dia específico para evangelizar, todo dia era dia de conversões, uma vez
que eles experimentavam diariamente o poder do Evangelho de Jesus e o do Espírito Santo (At 1.8; 2.4;
4.31; 6.3...).
Será que os cultos e as campanhas evangelísticas que alguns servos de Deus fazem
não refletem a falta de novo nascimento da maioria dos que se dizem cristãos sendo
apenas religiosos?
308
Pneumatologia
Alguns têm chegado à conclusão de que o Espírito Santo, após o arrebatamento da Igreja, já não estará
no mundo (2 Ts 2.7). Isso não pode ser, pois o Espírito, como deidade, é onipresente. O que acontecerá
é a conclusão da Sua missão como o Espírito de Cristo e a partir daí Ele não mais interferirá no curso
da vida daquelas pessoas que ficarem. Com o arrebatamento, o Espírito Santo irá com a Igreja para as
Bodas do Cordeiro, como estudaremos na disciplina “Escatologia” que faz parte da grade do curso pleno
do IBBC.
Recapitulação 4
6R3. Em que dia ocorreu o inicio do ministério do Espírito Santo?
309
Teologia
7R3. Quais são as evidências que encontramos na vida da Igreja que provam a presença do Espírito
Santo?
310
4. Os pecados contra a pessoa do Espírito Santo
Basicamente são cinco os pecados, e são cometidos por duas classes de pessoas distintas.
4.1.2. Mentir para o Espírito Santo (At 5.3,4 comparar com Is 63.10).
Mentir é afirmar o que se sabe ser falso ou negar o que se sabe ser verdadeiro. A mentira tem origem em
Satanás, que é quem a inventou (João 8.44), e sempre está em oposição a Cristo que é a verdade (Jo 14.
6 17; Rm 3.4; 1 Jo 2.21).
Mentir ao Espírito Santo se constitui um ultraje ao Seu atributo divino de onisciência, isto é, tudo está
absolutamente diante d’Ele (1 Co 2.10,11).
A mentira é uma atitude que expressa carnalidade, hipocrisia e incredulidade diabólica de esconder algo
que sabemos ser errado e pecaminoso, e que muitas vezes está vestida de “roupagem religiosa”.
Sofrem as consequências deste pecado através de:
Teologia
Creio que a existência destes pecados na vida do cristão pode levá-lo a um estado de
“coma total”, porém, neste estado, ainda que não faça nada, o paciente ainda está
vivo, ou seja, salvo.
312
Pneumatologia
ferno. É importante que se afirme que o Diabo lança pensamentos imundos e blasfemos em nossa mente
de uma forma sutil para rapidamente nos acusar, e isto ele sabe fazer muito bem (Ap 12.10).
Contudo os pensamentos blasfemos, imorais, perniciosos ou qualquer outro de origem maligna não se
constitui em primeira instância, um pecado mortal, pois é impossível impedir o fluxo do pensamento
em nossa mente; não obstante torna-se pecado quando aprovamos e cultivamos, pondo-o em seguida
em prática.
Pelo fato de alguém se sentir culpado (por uma falsa acusação), arrependido e desejoso de perdão, é
suficiente prova de que não cometeu o pecado imperdoável, porque quem o tiver cometido não tem
semelhante comportamento.
Recapitulação 5
4R1. Relacione os três pecados cometidos pelo crente contra o Espírito Santo.
313
5. O fruto do Espírito Santo
5.1.1. A frutificação espiritual, na totalidade de seu desenvolvimento, não consiste meramente em resolu-
ções morais e esforços humanos.
5.1.2. A frutificação espiritual é a única forma de refletirmos a imagem de Cristo.
5.1.3. A frutificação espiritual são qualidades morais, porém, implantadas pelo Espírito Santo.
5.1.4. A frutificação espiritual, apesar de ser obra do Espírito Santo, condiciona-se à volição do homem
e ele deve procurar desenvolver, em conjunto com a operação do Espírito Santo, as virtudes nele im-
plantadas na regeneração.
Pneumatologia
5.2.1. Amor – Do termo grego “ágape” (1 Jo 4.8; Rm 5.5; 1 Co13. 13; Gl 5.6; Ef 5.2; Pv 10.12).
Esta qualidade aparece logo no começo da lista das virtudes cristãs geradas pelo Espírito, porque o amor:
a. É a fonte de todas as demais virtudes (1 Co 13.4-13),
b. É o solo onde todas as demais são cultivadas (1 Co 13.1-3),
c. É a principal característica do filho de Deus (1 Jo 4.7-12),
d. Consiste em querer para os outros, aquilo que queremos para nós (Mc 6.31),
e. É o que inspira e vitaliza a fé (Gl 5.6. 5.2.2) - Alegria (cara – chara) (Jo 15.11; 17.13; Rm 14.17;
2 Co 6.10, 8.2, 12.9, 1Ts 1.6).
5.2.2. Gozo ou Alegria - O termo grego “charis” traduzido em português por “graça”, vem da mesma
raiz. Por isso que, quem geralmente é alegre, é engraçado. Trata-se daquela virtude na vida que é graciosa
e bondosa, caracterizada pela boa vontade, generosa nas dádivas aos outros, como resultado de um senso
de bem-estar espiritual por causa de uma correta relação com Deus. Deus se agrada de corações alegres
e animados (Zc 9.9, Fp 4.4).
• Não é emocional, artificial, religiosa ou mecânica,
• Reflete conhecimento e confiança no Senhorio de Cristo,
• Reflete gratidão pelos cuidados de Cristo,
• Reflete esperança na fidelidade de Cristo,
• Não é circunstancial.
5.2.3. Paz – Termo grego “eirene” (Jo 14.27; 16.33; Rm 5.1, 15.33; Fp 4.7; 1 Ts 5.23, Hb 13.20).
• Evidencia intimidade com Deus. É mais que uma tranquilidade íntima que prevalece sobre as
tempestades externas, é produzida pela reconciliação, pelo perdão dos pecados e pela conversão
da alma.
• Evidencia a consciência grata, pelo que se é, e não pelo que gostaria de ser ou ter, por estar de
“bem” com o seu Criador.
• Evidencia o reconhecimento do perdão divino a si, imerecidamente, por isso, está sempre atento
para desarmar todo ódio, desavença, contenda, inveja que a tentar surgir como obra da carne.
• Evidencia que estamos aceitando o consolo que vem de Deus (Fp 4.6).
• Evidencia que é algo que existe em você e pode ser oferecido para outros (Is 52.7, Mt 5.9, Ef
6.15, Rm 12.18).
315
Teologia
5.2.4. Longanimidade – Do termo grego “makrothumia” – lit. “grande paciência”, “perseverança” (Ef
4.2; 1 Ts 5.14; 2 Tm 3.10; Hb 12.1; Pv. 15.18; 16.32).
a. Quando é uma qualidade atribuída a Deus, significa que Ele tolera pacientemente todas as iniqüi-
dades do homem, não se deixando arrebatar por explosões de ira e furor. Ele se mostra longânime
ante tais coisas, aplicando a sua misericórdia, e não a sua justa indignação (2 Co 6.6; Cl 1.11e
3.12 1; Tm 1.16; Rm 2.4; 9.22; 1 Pe 3.20; 2 Pe 3.9,15).
b. Como fruto da submissão do cristão ao Espírito, é a capacidade de suportar as fragilidades e pro-
vocações alheias com base na consideração onde Deus se tem mostrado extremamente paciente
para conosco.
c. É a capacidade espiritual para suportar todas as tribulações e dificuldades da vida, sem murmura-
ções e rebeldias, submetendo-se a cada dispensação da providência de Deus (Sl 23).
d. É a disposição paciente que nos permite subjugar a ira e o senso de contenda, tolerando as injú-
rias, recusando a revidar ou se vingar do mal recebido (Rm 15.1).
5.2.7. Fé – Do termo grego “pistis” (Mt 23.23; Rm 3.3; 1 Tm 6.12; 2 Tm 2.2; 4.7; Tt 2.10).
a. Pode significar tanto confiança, quanto fidelidade.
b. Não consiste em um credo ou na aceitação de um conjunto de doutrinas.
c. Princípio orientador e normativo da nova vida, (Rm 1.17).
d. Capacidade espiritual para depender, confiar e entregar-se a Cristo.
e. É uma visão espiritual que passa inevitavelmente à ação.
f. Lealdade constante e inabalável com quem está unido por promessas, compromisso, fidedignida-
de e honestidade.
316
Pneumatologia
Exemplos de mansidão:
• Cristo (Mt 11.29, Mc 3.5),
• Paulo (2 Co 10.1, 2 Co 10.4, 6 e Gl 1.9) ,
• Moisés (Nm 12.3 com Ex 32.19, 20).
5.2.9. Domínio próprio – Do termo grego “egkrateia” “reprimir com mão firme” (1 Co 7.9; 9.25; Tt
1.8; 2.5).
a. Controle ou domínio sobre os desejos e paixões com a intervenção do Espírito,
b. Fidelidade aos votos (espirituais, conjugais,...) com a ajuda do Espírito,
c. Controle do ego por meio da submissão ao Espírito.
Recapitulação 6
1R5. Por que a palavra “fruto”, referindo-se ao Espírito Santo, está no singular e não no plural se são
vários?
317
6. O REVESTIMENTO DE PODER
6.1.1. Trata-se de uma promessa feita pelo Deus Eterno (Jl 2. 28-32).
6.1.2. Está acessível a todos os regenerados pelo sangue de Cristo (At 2.39; 10.44-46).
319
Teologia
Lembre-se!
“Os sinais seguirão aos que crerem” (Mc 16.17). Falar em outras línguas - é um sinal!
Recapitulação 7
1R6. Quem são as pessoas que recebem o batismo “do” Espírito Santo?
2R6. O dom de “falar em outras línguas” é a única evidência de batismo com Espírito Santo? Explique
sua resposta e justifique-a com versículos bíblicos.
3R6. O que o cristão precisa fazer para receber o batismo com Espírito Santo?
320
Pneumatologia
321
7. Os dons do Espírito Santo
7.1.1. O propósito principal dos dons é a edificação (crescimento e amadurecimento) da Igreja de Cristo
(Ef 4.7-13), e não produzir astros ou estrelas do tipo “O PODEROSO servo de Jesus”.
7.1.2. Apesar da diversidade de dons e aparente importância de uns sobre outros (alguns são mais visí-
veis que outros), todos são igualmente importantes.
7.1.3. Que os dons espirituais nunca serviram, não servem e não servirão de atalho para o amadureci-
mento espiritual, tão pouco prova a maturidade de quem tem algum.
7.1.4. Que há um plano fundamental e divino em exercitá-los, mas existe algo mais importante do que
os dons na vida da Igreja. É de nossa responsabilidade a maneira com que usamos os dons espirituais.
Os imaturos olham com um pouco de inveja por dons que não receberam; outros mostram um pouco
de presunção e orgulho pelo dom que receberam.
O propósito com que os dons espirituais foram dados não pode ser julgado pela atitude imatura e me-
díocre de alguns dos seus recebedores.
O apóstolo Paulo compara a Igreja a um corpo físico, onde cada membro tem a sua função especial,
onde todos trabalham juntos e com o mesmo propósito (1 Co 12.14-21). Com isso, ele está afirmando
que se qualquer um de nós estiver faltando, o corpo está incompleto, ao mesmo tempo em que o mem-
bro, por estar longe do corpo, está morrendo.
c. É Ele quem decide se a sua busca por algum dom será concedida ou não.
d. A insatisfação com o dom que tem ou não é pecado.
e. A inoperância do dom que você tem também é pecado.
f. Como Ele é dinâmico e soberano, a lista de dons não está completa ou terminada.
g. Somente tem o dom enquanto estiver em Cristo.
h. Os dons somente serão usados para edificação, exortação e consolação (1 Co 14.3).
323
Teologia
Recapitulação 8
1R7. Apesar da diversidade de e aparente importância de uns sobre (al-
guns são mais visíveis que outros), todos são igualmente importantes.
324
Pneumatologia
3R7. Nas que falam dos dons (Rm 12; 1 Co 12; Ef 4; 1 Pe 4.10) acha-
mos aproximadamente 20 manifestações. O VT ainda alguns outros
que não aparecem nestes textos. Muitos destes se com habilidades ou
talentos que as pessoas podem ter ou com trei-
namento.
4R7. Quais são as duas verdades encontradas na palavra grega charismaton (dom da graça)?
5R7. Deriva da palavra usual para trabalho, obra. O termo que os dons
espirituais são diretas de Deus, isto é, o de
Deus em ação visando resultados definidos. Em outras , se refere ao grau
de em que um dom se manifesta nas realizações em uma es-
pecífica.
325
Teologia
326
Pneumatologia
Na apologética cristã (defesa da fé cristã), este dom é muito importante, pois a sua habilidade espiritual
de expressão e exposição das verdades divinas se faz necessárias (Lc 21.15).
É aplicado àqueles que têm a capacidade de interpretar sonhos (At 7.10) e visão (Ap 13.18; 17.9).
Exemplos do exercício deste dom se encontram em:
• Em José (Gn 41.1-38; At 7.9-10).
• Em Salomão (1 Rs. 3.9-12; 1 Rs. 3.16-18).
• No Senhor Jesus (Mt 13.54; Mc. 6.2).
327
Teologia
Recapitulação 9
6R7. Mencione quais são os dons de ministérios e onde está escrito na Bíblia.
8R7. Mencione o nome de três personagens bíblicos que possuíam o dom de sabedoria.
328
Pneumatologia
Dom da Fé.
Primeiro é necessário falar o que não é o dom da fé.
• Não é a fé para a salvação (Rm 10.9,10; At 16.31),
• Não é uma fé de acreditar simplesmente na Palavra de Deus (Rm 10.17, Hb 11.1). Esta fé tem
que existir em todos os crentes, pois sem a mesma, é impossível agradar a Deus (Hb 11.6),
• Não é uma fé esporádica que existe agora e daqui a alguns instantes não existe mais,
• Não é “positivismo”; ou seja, alimentar a mente com mensagens do tipo “eu sou um vencedor”,
“eu vou conseguir”, “eu sou forte”. Este é um comportamento sugestionado pelo próprio ho-
mem, e não pelo Espírito Santo.
• Não é um comportamento “teórico” que é visto apenas em palavras e não produz nada.
• Temos que distinguir entre a “graça da fé” e o “dom da fé”. A graça da fé é quando nós cremos
que Deus fará tudo que prometeu em Sua Palavra. Todo cristão tem essa fé, se não a tiver, não
é cristão!
O que é este dom:
• É uma capacitação divina concedida a alguns cristãos para crer em Deus e realizar coisas extra-
ordinárias e miraculosas (1 Co 13.2). É uma convicção em Deus sobre-humana, para realizar o
impossível (Mt 17.20),
• É uma capacitação espiritual que vai colocar o cristão, que a possuiu, sempre em situações de
extrema dificuldade (Dn 3.17; 1 Sm 17.37;) e ao lado de pessoas em crise (1 Rs 18.33-35; At
27.24-25) para conquistar grandes vitórias. É uma confiança inabalável, inquestionável, a des-
peito de situações adversas. Essa fé era característica na vida dos heróis descritos em Hebreus 11.
• É uma convicção tão grande em Deus que não apenas crê, mas é capaz de ver o invisível de Deus
(2 Rs 6.17).
• É uma convicção para crermos em coisas sobre as quais a Bíblia silencia, mas que de uma forma
clara e objetiva o Espírito Santo falou, testificou e/ou revelou.
• Opera em conjunto com outros dons espirituais como o de curas e milagres.
Exemplos deste dom:
• Quando Noé construiu a arca (Gn 6.22).
329
Teologia
• Quando Abraão saiu de sua terra sem saber para aonde ia (Gn 12. 1- 5; Hb 11.8).
• Quando Elias desafiou não apenas os falsos profetas, mas os seus falsos deuses (1 Rs 18.33-35).
• Quando Davi enfrentou o gigante Golias (1 Sm 17.37),
• Quando três jovens escravos, fiéis a Deus, se rebelaram contra uma ordem idólatra real. (Dn 3.17).
Dons de curas.
Da mesma forma que o dom de fé, há algumas observações que devem ser feitas sobre os dons de curas.
O dom de curas físicas às vezes é associado às curas de fé. Esta última pode ser identificada quando
reflete a confiança que na cruz, Cristo não só oferece o perdão dos nossos pecados, mas também a cura
física do nosso corpo (Is 53. 4-5; Mt 8.17).
Sua operosidade está condicionada a fé do enfermo como de quem está ministrando (orando/ungindo).
Confira em Tg 5.13-18; Lc 5.17-26; Mt 13.53-58. É o exercício da autoridade espiritual dada a todos
os membros da Igreja de Cristo (Mc 16.18). Com isso perceberemos que:
• Sua operação não é limitada a pessoas com funções eclesiásticas - pastores, presbíteros, evangelis-
tas, e objetos sagrados - óleo da unção, vinho da ceia (Tg 5.14),
• Não negligencia a validade da medicina (1 Tm 5.23), e deve ser exercitada quando a medicina
traz como diagnóstico final “incurável” e “Deus nos diz” que fará a cura.
Devemos neste momento distinguir a voz de Deus das “profetadas” tão comuns em
nosso meio.
• A colocação das palavras no plural, “dons de curas”, representa que, em si, o dom tem vários
aspectos.
1. Há dons de curas específicas, ou seja, um dom para problemas cardíacos, outro para distúrbios
gástricos, etc.
2. Há diversos aspectos de cura. Pode ser física, emocional e/ou espiritual.
3. Muitas vezes a manifestação deste dom é imediata se for um problema físico.
• Provocada por demônios (Lc 13.11-17),
• Provocada por distúrbios genéticos (At 14.8-14, Atos 3.2-11,)
• Provocada por fatos naturais (Mt 8.14-17,)
• Provocada por idolatria, rebeldia, incredulidade e iniquidades. (Ex 23.26; Dt 7.15; 2 Cr
21.12-20).
4. Gradativa, quando são doenças psicossomáticas (causadas por traumas, acidentes, complexos,
ou seja, começa na mente, depois se manifesta no físico). Pode ocorrer:
• À distância (At 19.11,12).
• Com unção e imposição de mãos (At 9.17; 28.8; Tg 5.14).
5. Na História da Igreja sempre esteve associado ao dom ministerial de Evangelista (Atos 8.5-8).
330
Pneumatologia
Operações de Milagres.
O significado da palavra milagres no grego é poderes (“dunamesin” – 2 Co 12.12). Um milagre é um
acontecimento que o poder de nenhuma lei física pode produzir; é uma ocorrência espiritual, produzi-
da pelo poder de Deus; uma maravilha, um prodígio. Na maioria das versões do VT a palavra milagre
geralmente é traduzida por prodígio ou feito poderoso. As versões do N.T. geralmente traduzem por sinais
(Jo 2.11) ou sinais e prodígios (João 4.48, Atos 5.12; 15.12).
O possuidor deste dom é habilitado a realizar milagres que fogem à razão humana, e estes milagres ou
maravilhas podem se manifestar como fenômenos extraordinários que mudam regras (leis) predetermi-
nadas ou preestabelecidas. Exemplos destes dons:
• Na vida de Moisés (Ex 7.20 - transformar água em sangue; Ex 14.21 - abriu o Mar Vermelho),
• Na vida de Josué (Js 10.12-14 - Detém o curso do sol e da lua),
• Na vida de Paulo (At 13.11- cega um mágico; At 20.21- ressuscita um morto),
• Na vida de Jesus (Jo 2.9 - transforma água em vinho; Mt 14; 15 – multiplicação de alimentos;
Mt 14.25 - anda sobre as águas; Jo 11.43 - ressuscitou a Lázaro).
Por intermédio deste dom, o Espírito Santo confere poder de Deus ao crente sobre elementos naturais
e sobrenaturais.
Profecia – 1 Co 12.10.
De forma concisa podemos dizer que profetizar significa “proclamar ou falar uma mensagem por inspi-
ração divina, para um fim proveitoso” (1 Co 14.3). Este dom é o primeiro da lista dos dons de expressão
e se destaca pelo fato de ser o único a expor ou exprimir a mensagem de Deus de forma clara e objetiva
aos seus ouvintes.
No VT os profetas eram conhecidos como quem falavam a palavra de Deus à sua geração. Possuíam a
capacidade de predizer o futuro com total precisão (Dt. 13.1-3; 18.22 - A ênfase estava na exposição do
que Deus disse e não na predição).
Alguns tinham um ofício vitalício, outros, temporários.
No NT o OFÍCIO acabou (Mt 11.13). Agora só existe o DOM de profeta (Ef 4.11)
e o ministério de profeta 1 Co 12.10.
331
Teologia
332
Pneumatologia
Recapitulação 10
11R7. Dê um exemplo do que não é dom da fé.
13R7. O que é necessário para que um enfermo seja curado através do dom de cura?
333
Teologia
Em Efésios 4.11,12, encontramos um ensinamento que em muitas situações está no extremo oposto
da escolha e do preparo da liderança eclesiástica hodierna. O apóstolo Paulo trata da liderança da igreja
não no âmbito de capacidades administrativas humanas natas ou adquiridas, mas homens escolhidos
por Deus com capacitações sobrenaturais concedidas pelo Espírito Santo. Denominaremos estes dons
descritos neste texto de dons ministeriais.
334
Pneumatologia
Pastor
A Bíblia não usa a palavra “pastor” no sentido de “função ou cargo eclesiástico de ministros ordenados”.
Tanto o AT como o NT descreve esta função espiritual comparando-a com quem cuida de ovelhas. O
uso do termo é compatível com o ministério do nosso Senhor que aplica a termo “pastor de ovelhas” a
Si mesmo (Jo 10.11,14 compare com Mt 26.31; Hb 13.20 e 1 Pe 5.4).
335
Teologia
Mestres.
A palavra grega usada em Efésios 4.11, “didaskalous”, significa “instrutor”. Na grande Comissão (Mt
28.18-20), logo depois da ordem de discipular, vem “ensinando-os (a mesma raiz de Ef 4.11) a guardar
todas as coisas que vos tenho ordenado”. Uma das coisas que a igreja mais precisa na atualidade é de
mestres em Bíblia. O objetivo do ensino cristão é que os cristãos sejam conformes à imagem de Jesus
Cristo. Isso pode e deve ser feito com simplicidade, humildade, amor e profundidade (profundidade
não é sinônimo de complicado, obscuro, difícil, ou que está além da capacidade de assimilação das ove-
lhas de Jesus).
O desempenho deste dom está associado ao dom de pastor. Isso revela a intenção e o propósito do Espí-
rito Santo de que o ensinador espiritual deve ter uma sensibilidade amorosa e meticulosa das verdadeiras
necessidades do rebanho de Cristo.
É muito importante que o possuidor deste dom procure aperfeiçoar-se através da realização de alguns
cursos, teológico, bíblico ou secular (cursos ou faculdades ligadas à área de ensino), que venham auxili-
á-lo no exercício de seu dom. Mas o desenvolvimento deste dom, de uma forma eficaz, não depende de
diplomas e sim de submissão e disciplina ao Espírito Santo e à Palavra de Deus.
Paulo estava convicto da importância do ensino para o crescimento quantitativo e qualitativo da Igreja
quando disse a Timóteo: “E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo
transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros” (2 Tm 2.2).
O ensino produz crescimento ordenado e saudável. A estes homens que faziam parte da liderança da
Igreja de Éfeso, a qual Timóteo pastoreava, o apóstolo escreveu: “Jamais deixando de vos anunciar coisa
alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa,... porque jamais deixei de
vos anunciar todo o desígnio de Deus” (Atos 20.17, 20, 27).
Quando os crentes entenderem que o “ensino” é tão importante quanto à “pregação”, a Grande Co-
missão será mais que uma proposta quase impossível de ser realizada; antes verão que o Cristo que os
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Pneumatologia
designou para efetuá-la, capacitou muitos membros com o dom do ensino para torná-la plenamente
executável.
Essa distorção antibíblica de trocar dons de ministérios por profissionais altamente capacitados tem
transformado a Igreja em um grande estádio onde 22 homens em campo precisam desesperadamente de
descanso e milhares nas arquibancadas precisam de trabalho.
Recapitulação 11
Apóstolo:
Profeta:
Evangelista:
Pastor:
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Teologia
Mestre:
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Pneumatologia
339
Teologia
Recapitulação 12
18R7. Relacione os dons da coluna um com o serviço prestado por quem possui o dom na descrito na
coluna dois.
Considerações finais
Eles descobriram que o Espírito Santo é uma pessoa!
“... Não vos deixarei órfãos... Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador...” (João
14.18 e 16). Foi com estas palavras que o Senhor Jesus Cristo afirmou que acabaria com a solidão,
insegurança, sofrimento e medo de todos os cristãos em todas as épocas em quaisquer situações.
Para os seus discípulos essa promessa desceu como um bálsamo revitalizante, porém eles não faziam
ideia de toda amplitude divina, sobrenatural e poderosa que eles estavam para experimentar.
É a partir do início do livro de Atos dos Apóstolos que observamos, meio que extasiados, perplexos e
maravilhados, a manifestação deste “outro Consolador” na vida daqueles homens que andaram com o
Senhor Jesus. Este outro Consolador, o Espírito Santo da promessa, correspondeu em muito não apenas
às expectativas como as necessidades de cada um dos discípulos do Senhor Jesus.
O livro de Atos dos Apóstolos também é chamado por estudiosos no N.T., de Atos do Espírito Santo,
porque é nele que encontramos a presença absoluta e inicio do ministério do Paracleto de Deus.
Aqueles irmãos descobriram que podiam experimentar individualmente o cumprimento da promessa
do Senhor Jesus, e o fizeram. O resultado foi tremendo, maravilhoso e inacreditável.
Foi um tempo de profundas transformações quando experimentaram alegria, paz e poder jamais imagi-
nado. Foi um tempo de “tocar em Deus” e “ser tocado por Deus”. Foi um tempo de libertação, de curas,
de milagres e de salvação. Foi um tempo de Deus muito especial!
O segredo deste tempo foi que os cristãos descobriram algo além da religião, além da teologia, além
de um espírito comunitário; eles descobriram que o outro Consolador, o Espírito Santo, não era uma
energia ou um poder divino, mas uma Pessoa; uma Pessoa Divina, para ser mais exato, a manifestação
do Deus Triúno através do Seu Espírito. Eles aprenderam a manter um relacionamento pessoal e íntimo
com Ele.
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Pneumatologia
O resultado nós conhecemos: “ ... e em Antioquia os discípulos pela primeira vez foram chamados cristãos”
( Atos 11.26). O Espírito transformou os simples seguidores em pessoas com o caráter de Cristo, com
a mesma autoridade e o mesmo amor de Cristo.
Tempo bom foi aquele! É o que muitos crentes falam hoje, mas por que muitos não vivem com a mesma
intensidade todas as promessas que há no Evangelho de Jesus Cristo? Será que o Consolador deixou de
Ser Deus? Ou será que os cristãos deixaram de se relacionar com Ele como Deus pessoal que é?
Quem você é? Um religioso evangélico, um teólogo monoteísta, um crente hereditário, ou um cristão
que é templo da pessoa maravilhosa do Espírito Santo e um vaso de barro cheio do poder emanado da
presença da terceira pessoa da Trindade? Se você também tem convicção que Ele é uma amável e pode-
rosa pessoa, pode esperar por aquele tempo maravilhoso que o que acontece na vida dos nossos irmãos,
acontecerá na tua vida também.
Revisão geral
3. Mencione textos da Bíblia que mostram a participação do Espírito Santo na vida terrena de Jesus:
Na concepção _________________________________________________________
No ministério __________________________________________________________
No batismo ___________________________________________________________
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Teologia
7. O dom de “falar em outras línguas” é a única evidência de batismo com Espírito Santo? Explique sua
resposta e justifique-a com versículos bíblicos.
11. Relacione os dons da coluna um com o serviço prestado por quem possui o dom na descrito na
coluna dois.
1. Ministério ( ) Tem predisposição e alegria em dar dinheiro para o Reino de Deus
2. Socorro ( ) Presta serviços a outras pessoas
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Pneumatologia
Bibliografia
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Anotações