Catálogo O Maior Ator Do Brasil - 100 Anos de Grande Othelo
Catálogo O Maior Ator Do Brasil - 100 Anos de Grande Othelo
Catálogo O Maior Ator Do Brasil - 100 Anos de Grande Othelo
1ª Edição
Outubro de 2015
ISBN 978-85-66110-21-0
que lhe acontece através delas. E ele tenta viver a sua vida
Jean-Paul Sartre
Grande Othelo
36 Brasilidade cinemanovista e
marginal
Rodrigo Fonseca
88 Cronologia
Angélica Coutinho
100 Filmografia
124 Agradecimentos
126 Créditos
“Othelo é um grande artista.
Roberto Farias
Cineasta e Diretor Presidente da Academia Brasileira de Cinema
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Ziraldo
“Sob todos os pontos de vista, a arte brasileira deve muito a Othelo, que
também abriu espaços para o negro nos grandes espetáculos. Ele levou
o Carlos Machado durante anos. Apesar da beleza das roupas de Gise-
la, das mulheres lindas, Othelo era o ponto alto. Era aquele negrinho e
seu grande charme que levavam ricaços à platéia. Mas teve humildade
e foi escada, consciente, sem a menor animosidade.”
Chico Anysio
Ator, comediante, roteirista
Érico Brás
Ator
Murilo Salles
Cineasta
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cabado Its all true, de Orson Welles. De Noites Cariocas até Moleque Tião, se
passaram oito anos, e o pequeno Grande Othelo já se tornara um nome co-
nhecido dos palcos da cidade, principalmente do Cassino da Urca. O filme
dirigido por Burle tinha uma forte inspiração na história de vida do seu ator
protagonista. Assim como Othelo, Tião era um negrinho do interior que so-
nhava em ser artista de sucesso na cidade grande.
Infelizmente não existe mais nenhuma cópia desse marco do cinema brasi-
leiro. Marco não só por ser o primeiro longa-metragem da Atlântida, que nos
anos seguintes reinaria nas telas do país com as chanchadas estreladas por
Othelo e Oscarito, mas marco por ter sido uma produção ousada para a época,
que trouxe como protagonista um ator negro, que não era ainda conhecido do
grande público. O ano de 1943 foi marcante na carreira cinematográfica do ator.
Só nesse ano chegaram aos cinemas quatro filmes que contavam com sua par-
ticipação, incluindo Moleque Tião, que foi um sucesso. A partir daí Othelo osci-
la participações entre produções da Cinédia (Samba em Berlim, Caminho do Céu,
Romance proibido) e da Atlântida (Tristezas não pagam dívidas).
Passa a se dedicar exclusivamente aos filmes realizados pela Atlântida a
partir do ano de 1945. No período que vai até 1954, participa de 18 filmes da
produtora carioca. Faz dupla com Oscarito em 10 filmes, entre eles E o mundo
se diverte, Aviso aos navegantes, Dupla do barulho e Matar ou correr. Othelo tam-
bém firma parceria com dois importantes realizadores: José Carlos Burle (que
o dirigiu em Moleque Tião) e Watson Macedo. Os dois diretores se revezam no
trabalho com Othelo, que não se resume apenas às chanchadas.
Sob a direção de Burle, Othelo é a estrela de Também somos irmãos, forte drama
lançado pela Atlântida em 1949, onde a discriminação aos negros é o tema cen-
tral. Na história, um rico viúvo adota quatro crianças, duas negras e duas brancas.
Othelo faz um dos filhos, o Moleque Miro, que se torna um perigoso marginal.
Mas é dirigido por Watson Macedo que Othelo faz, com Oscarito, aquela
que talvez seja a sequência mais marcante das chanchadas, para não dizer
do cinema brasileiro: a cena do balcão de Romeu e Julieta. O ano era 1950. E
o filme Carnaval no fogo.
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Breno Lira Gomes é jornalista, produtor cultural e curador da mostra O maior ator do Brasil –
“Eu me dava muito bem com Grande Othelo. Ele foi sempre meu ami-
go, ligava todos os dias para mim. Eu o apoiava e ele me apoiava em
momentos difíceis. Eu fiz 23 filmes e todos ao lado dele, Oscarito e Elia-
na. Nós formamos um grupo na Atlântida. E Othelo era um “leque”, ele
era engraçadinho, improvisava e largava para lá o que estava no script.
Ele mudava tudo, mas dava certo! E fazia um sucesso! Filas e filas na
frente do cinema para ver os filmes.”
Adelaide Chiozzo
Atriz
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Grande Othelo era muito querido por todos, simpático, um artista ex-
traordinário, de um talento enorme. Não era apenas um comediante,
mas um grande ator dramático. Aprendi muito com ele. Só posso lem-
brar com muito carinho e respeito pelo grande artista que ele foi. Na
verdade, é. Grande Othelo é um dos maiores nomes da nossa vida ar-
tística. Inesquecível. Deve ser sempre lembrado.”
Agnaldo Rayol
Cantor
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Brasilidade
cinemanovista
e marginal
Rodrigo Fonseca
Rodrigo Fonseca é crítico de cinema, colunista do site Omelete, blogueiro do jornal O Estado S.
A certa altura, olhei de novo em sua direção, meu ídolo cochilava sobre
a mesa, ainda sozinho, o charuto seguro entre os dedos. Não vacilei.
Caminhei em sua direção sem saber o que ia lhe dizer, mas convencido
de que íamos iniciar ali uma amizade histórica.
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Welles tinha razão, o Brasil sempre foi e sempre será Grande Othelo,
agora centenário. Não só pelos filmes que fez, mas também, e talvez,
sobretudo, pelo que representou para nossa população. Não apenas a
população frequentadora de cinema, mas todos nós que tínhamos al-
guma curiosidade sobre o Brasil e sua construção utópica.
Grande Othelo não foi apenas, desde os 20 anos de idade, um dos maio-
res atores de nossos teatro e cinema. Ele foi também a personificação
de alguma coisa que buscávamos em nossa própria ingenuidade, em
nosso desejo de ser brasileiros e, sendo-o, ser diferente de tudo o que
conhecíamos. Grande Othelo nos fazia sentir que, afinal de contas, éra-
mos alguma coisa incomparável.”
Cacá Diegues
Cineasta
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Grande Othelo,
um brasileiro a
produzir cultura1
Mauricio R. Gonçalves
quisador do Centro Universitário Senac, autor do livro Identidade nacional e cinema no Brasil 1898
–1969. [email protected].
Nota
1
Os dados biográficos contidos neste texto foram extraídos do livro Grande Otelo, uma biografia,
Herivelto Martins
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Praça Onze
Herivelto Martins & Grande Othelo
Pai, esteja onde estiver, meus parabéns pelo seu centenário, meus e
daqueles que o conheceram e não esqueceram jamais.”
“Se a vida imita a arte, sempre fui um dos privilegiados pela vida, por
ter a minha disposição uma obra de arte chamada Grande Othelo,
definida por Werner Herzog (diretor alemão do filme Fitzcarraldo)
como ‘Completamente’ caótico e selvagem. Havia tanta vida naque-
le pequeno homem! Simplesmente maravilhoso”. Enquanto pai seu
legado pra mim foi Jorge Amado, Chico Xavier, Vinicius de Moraes e
Mãe Menininha do Gantois. Cada encontro uma história inesquecível
e fantástica, assim era o Sebastião Bernardes de Souza Prata. Para-
béns meu Pai, BRAVO!”
Mario L. Prata
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52
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ram histórias que enriquecem o folclore que cerca o malfadado filme. A me-
lhor delas abre o documentário concebido por Khrom & Meisel: em belas
imagens da BBC de Londres, registradas em 1955, Welles conta que, no Rio, um
feiticeiro fincou uma agulha num boneco que o representava para amaldiçoar
o filme. Ou seja, aquilo que ele chama de vodu. Embora saibamos todos que
esta prática tem no Haiti o seu espaço geográfico. Um pouco, portanto, de sam-
ba do gringo doido (ou criativo demais) para evocarmos Stanislaw Ponte Pre-
ta. Descontado este aspecto, o melhor está no segundo volume da biografia
de Welles escrita por Simon Callow. Em ótima resenha do livro, o crítico Sérgio
Augusto registrou: “Foi Richard Wilson quem teve sua cópia de roteiro (de It’s
All True) perfurada por uma agulha voduísta”. Welles, autor do fascinante F For
Fake (Verdades e Mentiras, 1976/77) gostou tanto da história, que preferiu prota-
gonizá-la. E o faz com a genialidade do performer que ele sempre foi.
E é Sérgio Augusto quem relembra outra experiência singular vivida por
Welles no carnaval carioca: o diretor de A Marca da Maldade integrou o júri do
concurso de fantasias ao lado de um time de notáveis. Tão notáveis que co-
legiado igual nunca mais se reuniu aqui nos trópicos: o pintor Cândido Porti-
nari, o escritor José Lins do Rego, a poeta Adalgisa Nery e o jornalista Herbert
Moses (presidente da ABI – Associação Brasileira de Imprensa).
Da trágica experiência brasileira, Welles levou, além do carinho por Gran-
de Othelo e pela música brasileira, imensa paixão pelo Carnaval. Em sua pas-
sagem pelo Festival É Tudo Verdade 2015, organizado no Brasil por Amir Labaki,
o pesquisador Jonathan Rosembaum destacou, entre os escritos jornalísticos
que o cineasta-ator publicou em sua coluna no jornal New York Post, pará-
grafo de texto muito especial:
“Há aqueles que condenam o carnaval, pois acham que é apenas uma descul-
pa para se embebedar. Eu estava no Rio há três anos para o último grande carna-
val na mais carnavalesca das cidades, e vi com estes dois olhos um par de milhão
de pessoas dançando e cantando nas ruas (a maioria delas sem nem ao menos
ir para a cama por três dias), e ninguém, em lugar algum naquela enorme farra,
parou de celebrar tempo suficiente para beber algo. Eles têm Carnaval de novo
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depois da Guerra e você terá de voar até lá e ver você mesmo. É mais reluzente
do que um circo, maior que a World Series e mais barulhento que o Quatro de
Julho. É tudo desses bons tempos reunidos num só. É a virada do ano, a noite de
Haloween e a manhã de Natal. É selvagem e é alegre e é totalmente sóbrio, pois
no Carnaval você não precisa de álcool para ajudá-lo a se esquecer de que está fi-
cando velho. Você está ocupado demais, lembrando-se de como era quando era
jovem” (13-02-1945).
Maria do Rosário Caetano é jornalista e pesquisadora, Trabalhou nos jornais Correio Brazilien-
se, Jornal de Brasília e na TV Globo-DF. Colabora com a Revista de Cinema e com o semanário
Brasil de Fato. É autora dos livros Cineastas Latino-Americanos – Entrevistas e Filmes e de três volu-
mes da Coleção Aplauso (João Batista de Andrade, Fernando Meirelles e Marlene França). Escre-
veu ainda o livro 40 Anos do Festival de Brasília. Organizou as coletâneas ABD 30 Anos – Mais Que
Uma Entidade Um Estado de Espírito, Cangaço, o Nordestern no Cinema Brasileiro e DocTV – Operação de
Rede. Já foi homenageada por serviços prestados à difusão do cinema brasileiro pelos festivais
de Cinema (Abraccine).
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Helena Ignez
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por sua vez para sempre associado a comédias musicais da década de 1930.
Ao escalar Grande Othelo, Bressane repetiu a mesma estratégia de sucesso
empregada quatro anos antes por Joaquim Pedro de Andrade em Macunaí-
ma. No filme de Bressane, o personagem de Grande Othelo vive um caso dis-
creto com uma mulher exuberante interpretada por Marta Anderson – atriz
loura que trazia uma referência óbvia a atriz norte-americana Jayne Mans-
field10. Apesar de ter uma narrativa que tende a quebrar com as expectativas
do público, o filme oferece um final feliz convencional para os dois protago-
nistas, que pouco se tocaram durante a história, mas terminam em um lon-
go beijo reminiscente de clássicos hollywoodianos. Além desse filme, Othelo
atuou em outro projeto de Bressane, Agonia (1978), no qual ele fez um pe-
queno papel neste filme de estrada que dialoga com Limite (1930), de Mário
Peixoto. Também em 1978, Grande Othelo interpretou o papel de Sexta-Feira
em uma adaptação da história de Robinson Crusoe intitulada As aventuras de
Robinson Crusoe, de Mozael Silveira.
E quase dez anos depois, em 1987, Othelo reprisa o personagem Macunaíma
em outra adaptação, mais livre e experimental, Exu Piá-coração de Macunaíma,
dirigido por Paulo Veríssimo, que escalou outro ator branco para dar vida ao he-
rói preguiçoso que dá nome ao filme, Carlos Augusto Carvalho. Veríssimo usou
o status de Othelo como estrela para alavancar a publicidade do filme ao usá-
-lo em uma publicidade do filme onde Othelo fazia uma paródia do filme E.T.
– O extraterreste, de Steven Spielberg, fantasiado como o protagonista alieníge-
na do blockbuster hollywoodiano. Em uma sequência do filme, Grande Othelo
participa de um desfile de carnaval, utilizando imagens de arquivo de um car-
ro alegórico representando uma criatura mitológica. Roberto Moura, em seu li-
vro biográfico sobre Grande Othelo, diz que uma das razões pelas quais Veríssi-
mo queria revisitar Macunaíma devia-se ao fato de que o diretor acreditava que
Othelo não tinha tempo de tela suficiente na versão de Joaquim Pedro 11. Exu
Piá-coração de Macunaíma, diferente do filme anterior no qual Othelo claramen-
te domina o protagonista até ser substituído por Paulo José, permite que ambas
as faces de Macunaíma coexistam na tela, recriando a estratégia da chanchada
68
bul, Léa Garcia e Zezé Motta. Oscarito, no entanto, não tentou uma carreira no
cinema após o declínio da chanchada. Contudo, caso ele tivesse vivido por mais
tempo, Oscarito teria certamente a chance de ser redescoberto no trabalho de
cineastas mais alternativos como Rogério Sganzerla, Julio Bressane ou, mais
tarde, Ivan Cardoso. Mas Oscarito faleceu em 1970 deixando como seus dois úl-
timos filmes a paródia A espiã que entrou em fria (1967), de Sanin Cherques e Jo-
vens prá frente (1968), de Alcino Diniz. Já Grande Othelo viveu por mais tempo,
até os 78 anos, falecendo em 1993, e, de diversas formas, conseguiu influenciar
novas gerações, especialmente na televisão onde era uma presença constante
não apenas em programas cômicos como também na publicidade.
João Luiz Vieira é Professor Titular do Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Fe-
deral Fluminense. Doutor em Estudos Cinematográficos pela New York University (1984), pes-
quisador, conferencista e autor de inúmeros ensaios sobre chanchada, musicais, gêneros cine-
Notas
1
Anteriormente tida como perdida, uma cópia de Também somos irmãos foi afinal encontrada e o
filme começa a ser estudado, adquirindo maior importância como precursor do cinema social-
mente engajado feito por Nelson Pereira dos Santos entre meados e final dos anos 1950.
2
Benamou (2007, pp. 236-237)
3
Em uma entrevista concedida para o famoso programa de televisão Roda Viva no ano de 1987,
quando Grande Othelo foi questionado a respeito de sua relação com Oscarito, ele negou que hou-
vesse a rivalidade e ressentimento entre ambos. Afirmou que assim que as filmagens eram concluí-
das, ‘Eu seguia o meu caminho e Oscarito o dele’. Mais informações a respeito da relação entre os
dos/grande_othelo_1987.htm
70
4
A sequência pode ser vista no site oficial da Atlântida: http://www.atlantidacinematogra-
fica.com.br/
5
Vieira, João Luiz. ‘Industrialização e cinema de estúdio no Brasil: a fábrica Atlântida’. In GAT-
TI, André; FREIRE, Rafael de Luna (orgs). Retomando a questão da indústria cinematográfica brasilei-
gos de palavras, como pode ser visto no próprio título. O nome da cidade ficcional City Down
lembraria ao público uma versão ‘abrasileirada’ da pronúncia do inglês ‘sit down’ (sente-se). O
nome do personagem Cisco Kada é uma alusão irreverente clara ao cowboy hollywoodiano Cis-
co Kid, com a virada cômica de que a versão brasileira do cowboy heroico é um homem inega-
velmente negro.
7
Othelo estava envolvido com esse projeto ao mesmo tempo em que trabalhava em Assalto
ao trem pagador, um papel bastante diferente e dramático. Essa não foi a primeira vez que ele de-
monstrou sua versatilidade dramática trabalhando em dois projetos distintos no mesmo ano.
Ainda em 1949, estrelou na chanchada clássica Carnaval no fogo, bem como no melodrama ra-
cial Também somos irmãos. Também, em 1952, ele fez o papel do faxineiro do estúdio em Carnaval
Deixa amorzinho...deixa (1975), de Saul Lachtermacher e Tem alguém em minha cama (1976), de Pe-
dro Camargo.
10
O fato de que os dois amantes tinham idades e identidades raciais diferentes proporciona
um intertexto interessante com a utilização de Oscarito e Grande Othelo como Romeu (branco)
(1973-74), Sinhá moça (1986), e Mandala (1987), todas da rede Globo. Nos anos 90 ele foi escalado
lian Cinema and Culture, Durham, NC and London: Duke University Press, 1997, p. 103.
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“Falar de Othelo é falar de mim. Ele é dos primeiros que, com seu ta-
lento, vem vencendo, rompendo barreiras, rompendo preconceitos,
fazendo história. Milagre dos milagres! Sobreviveu numa dramatur-
gia que não o levou em conta. Mesmo assim seu talento explodiu:
Moleque Tião, Moleque Othelo, Tinguá, Sancho Pança, Justo, são fa-
ses deste Othelo múltiplo de sentimentos e atitudes controversas.
Milton Gonçalves
Ator
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Grande Othelo:
na comédia revela-se
o drama
Rita A. C. Ribeiro
Rita A. C. Ribeiro é pesquisadora na área de culturas urbanas e líder do grupo de pesquisa De-
“Saudades, padrinho.
“Ele era um grande colega. Grande Othelo era um gênio. Ninguém sa-
bia que ele era um gênio. Usou o nome Othelo e fez com que esse nome
se tornasse respeitado. Nós éramos muito amigos. Eu o chamava para
decorar texto e ele reclamava: ‘já vai você me fazer trabalhar’. Depois
dizia que ia para minha casa estudar o texto, mas o que queria, na ver-
dade, era comer o feijão da Dona Alaíde, minha mãe, que gostava mui-
to dele. Othelo era um grande amigo..”
Ruth de Souza
Atriz
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O Imaginário de Sebastião
Prata/Grande Othelo em
Uberlândia-MG
Tadeu Pereira dos Santos
tre, ocorre num intervalo de tempo de cerca de 16 anos e conta com o seu
próprio consentimento.
As aproximações não se eximem de distanciamentos, pelo contraditório que
ele próprio representa ao firmar-se enquanto negro. Cada visita provoca dupla-
mente o obscurecimento de sua real condição de sujeito e ao mesmo tempo a
aceitação local. Sua infância passa a ser então instrumentalizada para suavizar
o seu possível entranhamento ao pretendido imaginário da localidade de seu
nascedouro com vistas a dele se valerem para a promoverem a cidade.
Nessa perspectiva, as elites locais sempre objetivaram transformar a loca-
lidade num polo industrial e o tão acalentado sonho da industrialização pas-
sa a ser uma realidade, a partir da década de 1960. Coincidentemente com a
construção do distrito industrial o seu busto foi instalado na Praça Tubal Vi-
lela em 1972, fixando-o como elemento histórico indissociável do pensar e
viver dos uberlandenses.
84
Tadeu Pereira dos Santos é doutorando em História pela Universidade Federal de Uberlândia/
bolsista Capes. Tem realizado pesquisa nas áreas de cidade, memória e biografia e participa das
atividades desenvolvidas pelo laboratório de Pesquisa em Cultura Popular & Vídeo Documen-
Hildegard Angel
O maior ator do Brasil – 100 anos de Grande Othelo | 87
“Nasci para mim mesmo, pois é daí que eu começo a lembrar-me das
coisas. Para os outros eu nasci em 1915.
Desde que nasci - 1923 ou 24 - dei pra fugir de casa. Vovó Silvana - minha
avó – fazia sabão, polvilho, mandioca capinava e fazia biscates para o
Chico Sapo, que depois tomou nossa casa... Mas isso é outra história...
Cronologia
1923 Aos oito anos assiste ao filme O garoto, de Charles Chaplin, e se en-
canta com a atuação do menino Jackie Coogan.
1935 Volta aos palcos na peça Goal, do empresário Jardel Jércoles. Rece-
be o nome artístico Grande Othelo com o qual estreia no cinema, no mesmo ano, em
Noites Cariocas, de Henrique Cadicamo, coprodução Brasil-Argentina, filmada nos es-
túdios da Cinédia. Faz turnê pela América Latina com a Companhia de Jardel e viaja
para Portugal e Espanha.
“Todas as mulheres que eu já tive, foram pra cama com Grande Othelo e
acordaram com o Sebastião Prata... Poucas resistiram.”
[Grande Othelo parafraseando Gilda, ou melhor a grande Rita Hayworth]
O maior ator do Brasil – 100 anos de Grande Othelo | 95
“Quando era garoto, eu ia atrás da vovó Silvana, que era a minha bisa-
vó, (...) eu via as seriemas, (...) e queria pegar a seriema. Então eu ia de-
vagarzinho, ela ia devagarzinho, eu andava mais depressa, ela andava
mais depressa, eu corria e ela abria as asas e voava. (...) e a liberdade a
gente vai devagarzinho e quando a gente corre para pegar a liberdade,
a liberdade voa e a gente não alcança”.
“Eu fui ensaiar com Ari Barroso. Levei das grandes broncas da minha
vida. Eu não canto direito não, sou desafinado. Levei muitas broncas
do Ari Barroso. Afinal de contas o tabuleiro da baiana foi pra cena. Mas
o que eu não entendia em matéria de canto eu fazia com gestos (...). O
público me viu e realmente começou a minha vida artistica.”
[Grande Othelo e o grande Ari]
96
“Amigo, sinceramente
Não dá pra se aguentar
As coisas não têm mais
O que tem não presta
Assim mesmo nós estamos
Olhando com os olhos
E lambendo com a testa.”
“Desperta, Brasil
Raiou teu alvorecer
Desperta, Brasil
Queremos lutar
Queremos vencer
Pequenino sei que sou
Mas sou brasileiro também
Desperta, meu Brasil
Você não pode perder pra ninguém”
Filmografia
Noites cariocas • 1935 • Direção Enrique Cadicamo • Roteiro Enrique Cadicamo, Jar-
del Jércolis e Luís Iglesias • Com Grande Othelo, Mesquitinha, Lódia Silva, Carlos Vi-
van, Maria Luísa, Palomero, Manuel Vieira, Oscarito, Jardel Jércolis.
João Ninguém • 1937 • Direção Mesquitinha • Argumento João de Barro e Alberto
Ribeiro • Roteiro Rui Costa • Com Grande Othelo, Mesquitinha, Déia Silva, Barbosa Jú-
nior, Darci Cazarré, Paulo Gracindo.
Futebol em família • 1938 • Direção e roteiro Rui Costa • Com Grande Othelo Dirci-
nha Batista, Jaime Costa, Arnaldo Amaral, Heloísa Helena, Ítala Ferreira, Jorge Murad
e o time de futebol do Fluminense.
Onde estás, felicidade? • 1939 • Cinédia • Roteiro e direção Mesquitinha, baseado
na peça de Luís Iglesias • Com Grande Othelo, Mesquitinha, Alma Flora, Rodolfo Ma-
yer, Paulo Gracindo, Manuel Pêra, Nilza Magrassi.
Pega ladrão! • 1940 • Sonofilmes • Roteiro e direção Rui Costa • Com Grande Othe-
lo, Mesquitinha, Heloísa Helena, Manuel Pêra, Jorge Murad, Armando Lousada, Ma-
nezinho Araújo, Lídia Matos, Nair Alves, Celina Moura.
Laranja da China • 1940 • Sonofilmes • Roteiro e direção Rui Costa • Com Grande
Othelo, Barbosa Júnior, Dircinha Batista, Arnaldo Amaral, Nair Alves, Lauro Borges,
Francisco Alves, Alvarenga e Ranchinho.
Céu azul • 1941 • Sonofilmes • Roteiro e direção Rui Costa • Com Grande Othelo, Jai-
me Costa, Heloísa Helena, Oscarito, Déia Silva, Arnaldo Amaral, Laura Suarez, Fran-
102
Costinha, Bill Far, Zezé Macedo, Malu, Pedro Dias, Emilinha Borba, Nélson Gonçalves,
Dircinha Batista, Jorge Goulart, Jamelão, Fred e Carequinha.
Lina, mujer de fuego/A mulher de fogo • 1958 • Mier y Brooks-Artistas Asso-
ciados • Roteiro Neftall Beltrán, Tito Davison, Orígenes Lessa e Ulisses Petit de Mu-
rad, baseado no romance Vazante, de José Mauro Vasconcelos • Direção Tito Davison
• Com Grande Othelo, Ninón Sevilla, Carlos Baena, Osvaldo Lousada, Carlos Cotrim,
Jece Valadão, Alicia Montoya, Joãozinho da Goméia.
E o bicho não deu • 1958 • Herbert Richers • Roteiro Sérgio Porto e Josip B. Tanko •
Direção Josip B. Tanko • Com Grande Othelo, Zé Trindade, Aída Campos, Paulo Gou-
lart, Vera Regina, Costinha, Julie Joy, Pedro Dias, Irmãs Marinho.
Mulheres à vista • 1959 • Herbert Richers • Argumento Chico Anísio e Zé Trindade
• Roteiro e direção Josip B. Tanko • Com Grande Othelo, Zé Trindade, Renato Restier,
Consuelo Leandro, Bill Far, Aída Campos, Carlos Imperial, Virgínia Lane, Dircinha Ba-
tista, Nélson Gonçalves, Emilinha Borba, Jorge Goulart.
Garota enxuta • 1959 • Herbert Richers • Argumento Herbert Richers, Chico Aní-
sio e Josip B. Tanko • Direção Josip B. Tanko • Com Grande Othelo, Ankito, Neli Martins,
Jaime Costa, Renato Restier, Iracema de Alencar, Emilinha Borba, Elisete Cardoso, Ma-
rion, Vera Regina, Moreira da Silva, Orlando Silva.
Pé na tábua • 1959 • Herbert Richers-Nova América • Roteiro e direção Vitor Lima •
Com Grande Othelo, Ankito, Renata Fronzi, Carlos Tovar, Neli Martins, Bill Far, Carlos
Imperial, Vera Regina, Valdir Maia, Sérgio Ricardo.
Pistoleiro bossa nova • 1960 • Herbert Richers • Roteiro e direção de Vitor Lima •
Com Grande Othelo, Ankito, Renata Fronzi, Renato Restier, Ana Maria Nabuco, Wilson
Grey, Aurélio Teixeira, Consuelo Leandro, Carlos Lira.
Os três cangaceiros • 1961 • Herbert Richers • Roteiro e direção Vitor Lima • Com
Grande Othelo, Ankito, Ronald Golias, Neide Aparecida, Átila Iório, Carlos Tovar, Neli
Martins, Paulete Silva, Wilson Grey, Angelito Melo.
Um candango na Belacap • 1961 • Herbert Richers • Argumento Roberto Farias e
Herbert Richers • Roteiro Roberto Farias e Mário Meira Guimarães • Direção Roberto
Farias • Com Grande Othelo, Ankito, Marina Marcel, Vera Regina, Milton Carneiro, José
Policena, Pedro Dias, Rafael de Carvalho, César Viola, Carlos Lira.
O maior ator do Brasil – 100 anos de Grande Othelo | 107
O dono da bola • 1961 • Herbert Richers • Argumento Josip B. Tanko • Diálogos Má-
rio Meira Guimarães • Roteiro e direção Josip B. Tanko • Com Grande Othelo, Ronald
Golias, Vera Regina, Norma Blum, Costinha, César Viola, Carlos Imperial.
Os cosmonautas • 1962 • Herbert Richers • Roteiro e direção Vitor Lima • Com Gran-
de Othelo, Ronald Golias, Neide Aparecida, Átila Iório, Álvaro Aguiar, Telma Elita, Car-
los Tovar, Wilson Grey, César Ladeira.
Assalto ao trem pagador • 1962 • Herbert Richers • Argumento Roberto Farias e
Luís Carlos Barreto, com a colaboração de Alinor Azevedo • Roteiro e direção Roberto
Farias • Com Grande Othelo, Eliézer Gomes, Luísa Maranhão, Reginaldo Farias, Ruth
de Souza, Átila Iório, Helena Ignez, Jorge Dória, Dirce Migliaccio, Osvaldo Lousada,
Clementino Quelé, Gracinda Freire, Nélson Dantas.
O homem que roubou a Copa do Mundo • 1963 • Herbert Richers • Roteiro José
Cajado Filho e Vitor Lima • Direção de Vitor Lima • Com Grande Othelo, Ronald Golias,
Renata Fronzi, Ângela Bonatti, Dorinha Duval, Maurício do Vale.
Quero esta mulher assim mesmo • 1963 • Lupofilmes • Argumento Roberto Men-
des • Roteiro Ronaldo Lupo • Diálogos Pedro Anísio • Direção Ronaldo Lupo e Carlos
Alberto de Souza Barros • Com Grande Othelo, Ronaldo Lupo, Anilza Leoni, Renata
Fronzi, Violeta Ferraz, Matinhos, Átila Iório, Herval Rossano, Amílton Ferreira.
Samba • 1964 • Cesareo González-Suevia-Condor • Argumento José López Rubio •
Roteiro José Lopez Rubio, Jesus Arosema e Rafael Gil • Direção Rafael Gil • Com Gran-
de Othelo, Sara Montiel, Marc Michel, Fosco Giachetti, Carlos Alberto, Eliézer Gomes,
Zeni Pereira, Nestor Montemar, Antônio Pitanga, Ciro Monteiro.
Crônica da idade amada • 1965 • Atlântida-Christensen • Episódio Um pobre mor-
reu • Argumento Paulo Rodrigues • Roteiro Millôr Fernandes • Direção Carlos Hugo
Christensen • Com Grande Othelo.
Arrastão/Les amants de la mer • 1966 • Antoine d’Ormeson • Argumento Viní-
cius de Morais • Roteiro e direção Antoine d’Ormeson • Com Grande Othelo, Duda Ca-
valcanti, Cecil Thiré, Jardel Filho.
Uma rosa per tutti/Uma rosa para todos • 1966 • Vides • Roteiro Eduardo Bor-
ras e Ennio de Concini, baseado na peça Procura-se uma rosa, de Gláucio Gil • Direção
Franco Rossi • Com Grande Othelo, Claudia Cardinalle, Nino Manfredi, Mario Adorf,
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Gladys, Wilson Grey, Helena Ignez, Poty, Kleber Santos, Guará Rodrigues.
O donzelo • 1970 • Direção Stefan Wohl • Com Grande Othelo, Leila Diniz, Flávio
Migliacio, Marília Pêra, Maria Gladys, Plínio Marcos, Márcia Rodrigues, José Lewgoy,
Fregolente, Mara Rúbia.
Se meu dólar falasse • 1970 • Direção Carlos Coimbra • Com Grande Othelo, Der-
cy Gonçalves, Zilda Cardoso, Milton Ribeiro, Sadi Cabral, Davi Cardoso, Dedé Santana,
Manuel Vieira, Dino Santana.
O barão Otelo no barato dos bilhões • 1971 • Direção Miguel Borges • Com Grande
Othelo, Dina Sfat, Ivan Cândido, Milton Morais, Wilson Grey, Hildegard Angel, Procópio
Mariano, Henriqueta Brieba, Tânia Caldas, Rogério Fróes, Zilka Salaberry, Elke Maravilha.
Cômicos + Cômicos • 1971 • Direção, argumento e roteiro Jurandir Passos Noronha •
Coletânea de filmes antigos com a participação de Grande Othelo, Paulo Silvino, Vitto-
rio Alcânfora, Rafael de Carvalho, Welington Botelho, Santa Cruz, Costinha, Wilza Carla.
Sebastião Prata ou, melhor dizendo, Grande Otelo • 1971 • Direção Ronaldo
Foster e Murilo Sales • Com Grande Othelo.
Cassy Jones, o magnífico sedutor • 1972 • Direção Luís Sérgio Person • Com Grande
Othelo, Paulo José, Sandra Bréa, Sônia Clara, Glauce Rocha, Hugo Bidet, Gracinda Freire,
Carlos Imperial, Susana Gonçalves, Henrique Brieba, Ilva Niño, Mano Rodrigues.
O Negrinho do Pastoreio • 1973 • Direção Antônio Augusto Fagundes • Argumen-
to João Simões Lopes Neto • Roteiro Rui Favell Bastide • Com Grande Othelo, Breno
Melo, Rejane Vieira Costa, Darci Fagundes, Édson Acri Ortunho, Antônio Augusto Fa-
gundes, Darci Fagundes.
O rei do baralho • 1974 • Direção, produção e roteiro Júlio Bressane • Com Grande
Othelo, Marta Anderson, Wilson Grey, Fininho, Cauê Filho.
A estrela sobe • 1974 • Direção Bruno Barreto • Com Grande Othelo, Betty Faria, Ál-
varo Aguiar, Irma Alvarez, Roberto Bonfim, Nélson Dantas, Carlos Eduardo Dolabel-
la, Wilson Grey, Labanca, Luís Carlos Mièle, Vanda Lacerda, Ordete Lara, Paulo César
Pereio e Neila Tavares.
A transa do turfe (“Sexo”) • 1974 • Direção Fritz M. L. Mellinger • Com Grande
Othelo, Jacira Silva, Wilson Grey, Colé Santana, Fátima Braun, Vera Lúcia, Carmem
Pascoal, Durval Silva, Michel Espírito Santo, Galeno Martins.
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Hittsher, Peter Berling, Milton Nascimento, Salvador Godinez, Dieter Milz, Rui Polanah.
Paraíba, mulher macho • 1983 • Direção Tizuki Yamazaki • Com Grande Othelo,
Tânia Alves, Walmor Chagas, Luís de Lima, José Dumont, Osvaldo Loureiro, Isa Fer-
nandes, Cristina Cavalcanti, Cláudio Marzo, Bráulio Tavares.
Quilombo • 1984 • Direção e roteiro Cacá Diegues • Com Grande Othelo, Antônio Pi-
tanga, Toni Tornado, Daniel Filho, João Nogueira, Arduíno Colassanti, Camila Pitanga,
Jorge Coutinho, Zózimo Bulbul, Vera Fischer, Milton Gonçalves, Zezé Mota, Lea Garcia.
Brasa adormecida • 1985 • Direção Djalma Limonge Batista • Com Grande Othelo,
Paulo César Grande, Anselmo Duarte, Edson Celulari, Marcelia Cartaxo, Sérgio Mam-
berti, Zeni Pereira, Cristina Mutarelli, Miriam Pires, Maitê Proença, Ilca Soares.
Nem tudo é verdade • 1985 • Direção, roteiro, argumento e música Rogério Sgan-
zerla • Arrigo Barnabé, Helena Ignez, Nina de Paula • Com Grande Othelo.
Jubiabá (Bahia de todos os deuses) • 1986 • Direção e roteiro Nélson Pereira dos
Santos • Fotografia José Medeiros • Adaptação da novela de Jorge Amado • Com Gran-
de Othelo, Antônio José Santana, Luís Santos de Santana, Charles Baiano, Tatiana
Issa, Françoise Goussard, Eliana Pitman, Betty Faria, Zezé Mota.
Exu Piá, Coração de Macunaíma • 1987 • Direção Paulo Veríssimo • Com Grande Othe-
lo, Joel Barcelos, Paulo Gracindo, Marco Ribas, Mano Melo, Jair Assunção, Cacá Carvalho.
Éclats noirs du samba (Glórias negras do samba) • 1987 • filme da francesa Ariel
de Bigault, com Os Cariocas, Gilberto Gil, Paulo Moura, Zezé Mota • Com Grande Othelo.
Running out of luck • 1987 • Direção Julien Temple • Com Grande Othelo, Mick Ja-
ger, Norma Benguel, Rae Daw Chong, Dennis Hopper, Jerry Hall, Jorge Coutinho, Már-
cia de Souza, José Dumont, Raul Gazzola, Carlos Kroeber, Marcelo Madureira, Toni
Tornado, Tonico Pereira.
Natal da Portela • 1988 • Direção Paulo César Saraceni • Coprodução Brasil-França
• Com Grande Othelo, Mílton Gonçalves, Almir Guineto, Zezé Mota, Adele Fátima, An-
tônio Pitanga, Tijolo, Toni Tornado, Ana Maria Nascimento e Silva.
Abolição • 1988 • Direção Zózimo Bubul • Documentário • Com Grande Othelo.
Fronteras, a saga de Euclides da Cunha • 1988 • Direção Noilton Nunes • O fil-
me jamais foi concluído como Noilton sonhava. Uma das suas providências durante a
busca de recursos foi mudar o nome da obra para A paz é dourada, título extraído, se-
O maior ator do Brasil – 100 anos de Grande Othelo | 113
Filmes programados
los Imperial, Virgínia Lane, Dircinha Batista, Nélson Gonçalves, Emilinha Borba, Jorge Goulart.
100 minutos. Livre.
João Flores é empresário de uma companhia teatral mambembe formada por ele, a vedete Boca
de Caçapa, o ex-ajudante de palhaço Josafá e o cantor sem voz Benedito. Ele tenta organizar um
grande teatro de revista numa renomada casa teatral carioca e para conseguir o dinheiro aplica
vários golpes. Ajudado pelos seus companheiros: assedia Virtuosa, a viúva dona do teatro e com-
pra a prazo e vende a vista diversos produtos. A quantidade de credores a persegui-lo se torna
enorme e para complicar ainda mais a situação, o antigo empresário que alugava o teatro, Gali-
leu, busca evitar que João alcance o sucesso, pois quer conseguir de volta o teatro, em condições
mais vantajosas.
Macunaíma 1969
Direção e roteiro de Joaquim Pedro de Andrade – Com Grande Othelo, Paulo José (Macunaíma
branco), Dina Sfat, Milton Gonçalves, Rodolfo Arena, Jardel Filho, Joana Fomm, Maria do Rosá-
rio, Rafael de Carvalho, Wilza Carla, Zezé Macedo. 108 minutos. 12 anos.
Macunaíma é um herói preguiçoso, safado e sem nenhum caráter. Ele nasceu na selva e de negro
virou branco. Depois de adulto, deixa o sertão em companhia dos irmãos. Macunaíma vive vá-
rias aventuras na cidade, conhecendo e amando guerrilheiras e prostitutas, enfrentando vilões
milionários, policiais, personagens de todos os tipos. Depois dessa longa e tumultuada aventura
urbana, ele volta à selva. Um compêndio de mitos, lendas e da alma do brasileiro, a partir do
clássico romance de Mário de Andrade.
Os herdeiros 1969
Direção de Cacá Diegues – Com Grande Othelo, Sérgio Cardoso, Paulo Porto, Isabel Ribeiro, Mário
Lago, Daniel Filho, Wilza Carlo, Hugo Carvana, Odete Lara, Nara Leão. 101 minutos. 16 anos.
Um fazendeiro, barão do café de São Paulo, arruinado pela crise do café, casa sua filha única com
um jornalista que chega fugido, em sua fazenda, a fim de escapar às graves consequências das
injunções políticas da época. Oportunista, o jornalista acaba por trair o sogro, fugindo com a mu-
lher para a capital, depois da mudança de governo, com a queda de Vargas no pós-guerra. Na
capital, busca uma ascensão rápida, passando a trair desde a mulher até os chefes, tornando-se
um dos homens mais importantes do país. Um dia, chega a sua casa o filho que abandonara em
São Paulo na casa do avô, e que passa a enfrentar o pai por vingança, aliando-se a uma notória
atriz de rádio, até por fim conseguir destruí-lo.
Sobre os curadores
Breno Lira Gomes
Jornalista e produtor cultural, com passagens pelo curso de cinema da Universidade Estácio de Sá,
pela Pipa Produções, pelo Ponto Cine e pela Mostra Geração do Festival do Rio. É curador do festi-
val Curta Cabo Frio desde 2007. Assinou a curadoria e coordenação geral das mostras El Deseo - O
apaixonante cinema de Pedro Almodóvar; Cacá Diegues - Cineasta do Brasil; Simplesmente Nel-
son e A luz (imagem) de Walter Carvalho, todas realizadas na Caixa Cultural. Foi curador e produtor
tra Os Melhores Filmes do Ano da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ) des-
de 2010. Foi produtor executivo das mostras Irmãos Coen – Duas mentes brilhantes; Filmes à mesa;
Dario Argento e seu mundo de horror; James Dean – Eternamente jovem; Claudio Pazienza, o en-
contro que nos move; Neville d’Almeida – Cronista da beleza e do caos; Cine Doc Fr – Mostra de Ci-
e do curso Questão de Crítica. Coordenou a produção das mostras John Waters – O papa do trash;
Jornada nas Estrelas: Brasil – A fronteira final; David Lynch – O lado sombrio da alma e a 1ª Mostra
Cine Literário. Fez a direção de produção do 18º Festival Brasileiro de Cinema Universitário. É pes-
quisador do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, realizado anualmente pela Academia Brasileira
de Cinema. Em 2016, será o coordenador geral e curador da mostra Pérola Negra: Ruth de Souza.
João Monteiro
Estudante de Produção Cultural da UFF, tem trabalhado na produção de mostras e festivais e
também na produção audiovisual. Foi estagiário da Mostra Geração do Festival do Rio 2012 e
ta do Brasil, Os Melhores Filmes do Ano 2012, A Luz (Imagem) de Walter Carvalho, Jornada nas
e John Waters – O papa do trash. Foi assistente de produção do curta metragem Toca pra Diabo.
Também trabalhou na produção executiva da série “Meus Dias de Rock” e em eventos como Rio
Realização
Singularte Produções
A Singularte é uma empresa brasileira, criada em 2008, com atuação em diversas áreas cultu-
rais. Foi responsável pela elaboração e formatação de mais de 50 projetos culturais e sociais,
além de ter realizado trabalhos de captação de recursos, captação de apoios, produção executi-
va, gestão e prestação de contas de diversos projetos. Em sua trajetória, destacam-se: produção
executiva e realização da mostra A luz (imagem) de Walter Carvalho, no RJ, em Brasília, Forta-
leza e São Paulo; administração da primeira edição da mostra El Deseo – O apaixonante cinema
filmes Amor Puro e Simplesmente e Ensaio Chopin; realização do premiado espetáculo Chopin
& Sand: Romance sem Palavras; agenciamento e administração do musical Carmen, o It Brasi-
leiro;realização do espetáculo de dança Raízes & Frutos; gestão e prestação de contas do proje-
to Livro de Pinturas Carlos Vergara; aplicação do curso Gestão de Projetos, em evento do Sebrae,
em São Luís do Maranhão; produção executiva da 51ª, 52ª e 53ª edições do Festival Villa-Lobos e
BLG Entretenimento
A BLG Entretenimento é uma produtora voltada para a realização e promoção de mostras e festi-
vais de cinema, além de espetáculos teatrais. Fundada em 2012, pelo jornalista Breno Lira Gomes,
Pedro Almodóvar, Cacá Diegues – Cineasta do Brasil; Simplesmente Nelson; A luz (imagem) de
Walter Carvalho; irmãos Coen – Duas mentes brilhantes; Claudio Pazienza, o encontro que nos
move; John Waters – O papa do trash; Cine Doc Fr – Mostra de Cinema Documentário Francês Con-
temporâneo e David Lynch – O lado sombrio da alma. É responsável pela produção do Curso de Crí-
tica Cinematográfica, ministrado pelo crítico Mario Abbade. Fez a produção local no Rio de Janeiro
das mostras Retrospectiva Carlos Hugo Christensen e Godard inteiro ou o mundo em pedaços. Fez
a produção de cópias das mostras África, Cinema e Cine Design, edição Rio de Janeiro e Florianópo-
lis. No teatro atuou na produção dos espetáculos Chopin & Sand – Romance sem palavras; O Gato
Agradecimentos
Agradecimentos especiais
À Grande Othelo, por tantas alegrias e emoções.
À família de Grande Othelo:
seus filhos Carlos Sebastião Vasconcelos Prata, Mario Luiz de Souza Prata, José
Antônio de Souza Prata e Jaciara Prata da Silva (in memorian). E suas netas Iracema
da Silva Prata e Roberta Prata da Silva.
Ao Dr. Heron Simões Mattos – Diretor Geral da FGO - Fundação Grande Othelo
Agradecimentos às instituições
Arquivo Nacional, Cinemateca Brasileira, Cinemateca do MAM, CTAV, Funarte,
Fundação Grande Othelo
Agradecimentos
Abraão Silvestre, Academia Brasileira de Cinema, Adelaide Chiozzo, Agnaldo Rayol, Ale-
xandre Lino, Alfredo Jacinto Melo, Alice Andrade, Alice Gonzaga, Aline Borba, Aluísio
Sobreira, Amanda Clark, Ana Clara Andrade, Ana Cristina Murai, Ana Maria Nascimento
Silva, Anndré Taquari Fagundes, Aníbal Massaini, Antonio Laurindo, Bete Bullara, Bruno
Berlinger, Cacá Diegues, Carlos Henrique Teixeira, Caroline Catanhede, Cavi Borges, Ce-
lina Richers, Chef Luiz Incao, Cleber Tumasonis, Claudia Gori, Daniel Leite, Denise Marx
Winther, Denise Miller, Djalma Limongi Batista, Eduarda Clark, Eliete Cotrim, Érico Bráz,
Equipe São Brigadeiro, Fábio Vellozo, Fátima Costa, Fátima Taranto, Fernanda Assumpção,
Fernanda Basílio, Fernanda Bruni, Fernando Bruni Clark, Fernando Lelis, Glênio Póvoas,
Grupo South, Gustavo Fleury, Hector Babenco, Helena Ignez, Herbert Richers Jr., Herna-
ni Heffner, Isabela Fraga, Ivan Sugahara, Ivelise Ferreira, Joana Nogueira, João Luiz Vieira,
João Vinícius Saraiva, Joelma Neris, José Ferreira Gomes, Juliana Valença, Júlio Bressane,
Karen Kushiyama, LC Barreto, Leandro Pardí, Leandro Valladão, Lili de Paula, Lúcia Bravo,
Luciana Clark, Ludmila (Mercúrio Produções), Ludmila Olivieri, Luiz Carlos Barreto, Luiz
Carlos Lacerda, Luiz Matias, Lula Cardoso Ayres, Marcelo Nogueira, Marcelo Pontes Cruz,
Marcia Santanna Pereira dos Santos, Marcio Lima, Marcos Barreto, Marcos Bruno, Marga-
rida Maria Lira Gomes, Maria do Rosário, Maria do Socorro de Carvalho Monteiro, Maria
Gabriela Reis, Maria José Ribeiro Lira, Mario Abbade, Maristela Rangel, Mauricio R. Gonçal-
ves, Mônica Alves, Murilo Salles, Murillo Almeida, Nando Mercês, Neilda de Souza, Nelson
Pereira dos Santos, Olga Futemma, Paradise Video, Patrick Siaretta, Paulo Malta Campos,
Paulo Moussalli, Paulo Rocha, Pedro Genescá, Pedro Roxo Nobre Franciosi, Rafael Dorilêo,
Raquel Couto, Renato Braz, Regis Mendonça, Renan de Andrade, Renata Magalhães, Re-
nata Ramos, Renato Bissa, Rita A. C. Ribeiro, Roberto Aguiar, Roberto de Castro Monteiro,
Roberto Farias, Rodrigo Fonseca, Ronaldo Leite, Ronaldo Richers, Rosângela Sodré, Sergio
Mota, Silvia Oroz, Sarau Agência de Cultura Brasileira, Suellen Felix, Tadeu Pereira dos San-
tos, Thaís Sobreira, Vera Lucia Sobreira, Yuri Rosenthal Robert e Zenaide Alves.
O maior ator do Brasil – 100 anos de Grande Othelo | 125
Fontes consultadas
CABRAL, Sérgio. Grande Otelo, uma biografia. São Paulo: Editora 34, 2007.
FLÓRIDO, Eduardo Giffoni. Cinema brasileiro 1930-1959. Rio de Janeiro: Fraiha, 1999.
OTELO, Grande. Bom dia,manhã. Rio de Janeiro: Topbooks, 1993.
SERAFIN, Marly; FRANCO, Mário. Grande Otelo, em preto e branco. Rio de Janeiro: UltraSet, 1987.
Programa do espetáculo Grande Othelo – Eta moleque bamba! (2004), direção Andre Paes Leme, tex-
to Douglas Tourinho e realização Sarau Agência de Cultura Brasileira.
Acervo Grande Othelo
Jornais A Noite, Correio da Manhã, Jornal do Brasil, O Globo e Última Hora
Revistas Fon-Fon, Revista de Domingo, Revista do Rádio, UH Revista,Veja
Programa Ensaio, TV Cultura, 1990.
Programa Roda Viva, TV Cultura, 1987.
Sites
www.adorocinema.com.br
www.ctac.gov.br/otelo/index.asp
www.guiadoscuriosos.com.br/categorias/759/1/grande-otelo.html
www.funarte.gov.br
Créditos Fotografias
Academia Brasileira de Cinema, Acervo Grande Othelo, CEDOC Funarte, Cinemateca do MAM, Fil-
mes do Serro, HB Filmes, LC Barreto, Regina Filmes, Roberto Farias.
As fotos que não foram creditadas, a produção pede desculpas. Em futuras edições corrigiremos.
Depoimentos
Os depoimentos de Chico Anysio, Milton Gonçalves, Ziraldo e Hidelgard Angel foram retirados
do livro Grande Otelo em preto e branco, de Marly Serafin de Souza e Mario Franco Morante.
O depoimento de Herivelto Martins foi retirado de entrevista à TV Cultura, para o programa
Ensaio, de 1990.
Os depoimentos de Adelaide Chiozzo, Agnaldo Rayol, Cacá Diegues, Érico Brás, Helena Ignez,
José Prata, Luiz Carlos Barreto, Mario L. Prata, Murilo Salles, Nelson Pereira dos Santos, Ruth de
Souza, foram colhidos por Angélica Coutinho e Breno Lira Gomes.
A frase de Orson Welles foi retirada do livro Grande Otelo, uma biografia, de Sérgio Cabral.
Os poemas de Grande Othelo foram retirados do livro Bom dia, manhã.
As frases de Grande Othelo foram retiradas de fontes citadas acima.
O Esboço de uma autobiografia (não efetivada), escrito por Grande Othelo foi retirado de suas anota-
ções que se encontram no Acervo Grande Othelo, no CEDOC Funarte, no Rio de Janeiro.
Filmografia
A filmografia de Grande Othelo contida nesse catálogo foi retirada do livro Grande Otelo, uma bio-
grafia, de Sérgio Cabral.
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Créditos
produção patrocínio