Relatório Do Mestrado - Ana Sofia Beato
Relatório Do Mestrado - Ana Sofia Beato
Relatório Do Mestrado - Ana Sofia Beato
(Licenciatura Pré-Bolonha)
Para que este trabalho tivesse sido possível contei com a amizade e apoio de
diversas pessoas.
Aos meus amigos, Sofia, Paulo, Cristina, Nuno, Paula, Dora e Samuel por toda a
paciência, amizade e por nunca me terem deixado desistir.
À minha família, em especial à minha mãe, ao meu pai e à minha irmã pela
confiança, apoio e carinho.
vii
RESUMO:
Palavras chave:
viii
ABSTRACT:
The term “Inclusive Education” involves a radical rethinking of the policy and
pedagogic practices of a school, having as main mission the ethic, the justice and the
human rights. For this reason, the objective of this report is to analyze how the
inclusion process of the students with educative special needs follows in schools, as
well as the attitudes and educative practices of the kindergarten teachers from that
institution.
To these professionals there are doubts and interrogations about how to act in an
inclusive environment, proceeding repeatedly on empirical conducts. However, they
refer the importance and fondness of teaching in an inclusive paradigm, assuring the
capital gain of communicating with a child carrying special needs. We verified that, to
this sample, inclusion is seen as fruitful for both personal and social development of
these children, such as for the enrichment of their pairs.
Still, the obtained results manifest some apprehensions related to the inclusion
process of these children, noting as pertinent certain important conditions to its
improvement, such as the training of the teachers, the school conditions (both physical
and human resources) and the number of students per class.
Keywords:
Special Education Needs, inclusion, school and teachers
ix
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ...................................................................................................vii
ABSTRACT: ................................................................................................................ ix
INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 1
4. CURRÍCULO ....................................................................................................... 23
x
2.6. TRATAMENTO DE DADOS ............................................................................. 36
CONCLUSÕES........................................................................................................... 70
LIMITAÇÕES .......................................................................................................... 73
xi
ANEXOS
Anexo F - Categorização da questão aberta dos inquéritos dos docentes ................ 120
xii
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 16 - Aceitação e integração de crianças com NEE pelos seus pares ............. 65
xiii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2 – Contributo da formação inicial para o docente trabalhar, em conjunto, com alunos
com e sem necessidades educativas especiais ............................................................................ 45
Figura 4 – Apoios e condições adequadas por parte da Instituição escolar para crianças com
NEE .............................................................................................................................................. 62
xiv
INTRODUÇÃO
A. Apresentação da situação
A opção por esta temática tornou-se pertinente dado que atualmente, sob o
ponto de vista inclusivo e de acordo com Correia (2008a) o docente e técnicos de
1
educação têm como missão ensinar e educar todos os alunos, respeitando-os e
compreendê-los de forma a melhorar o seu desenvolvimento.
Este tema é importante e relevante, uma vez que aparece enquadrado
temporalmente após um período de quase duas décadas da Declaração de
Salamanca (UNESCO, 1994), e que segundo Martins (2005, p. 10) propõe-se uma
sensibilidade da sociedade para esta nova visão de inclusão, o que aponta a
necessidade de continuamente ponderarmos sobre as atitudes da sociedade em geral
e dos profissionais da educação em particular, e conjuntamente reconhecer sucessos
e fracassos nas medidas promovidas para oferecer igualdade de direitos a todos,
neste caso, das crianças com necessidades educativas especiais.
C. Objetivos de estudo
2
D. Metodologia utilizada
Este estudo é de natureza qualitativa, e tal como citam Bogdan e Biklen (1994),
essa investigação possui cinco características:
3
Capítulo 2 - Metodologia - é efetuada a caracterização do campo (instituição
de ensino) e o alvo do estudo (docentes e encarregados de educação da turma
com aluno com necessidades educativas especiais). São definidas as fontes de
dados utilizadas para o atual estudo, fundamentando as técnicas e critérios de
recolha de dados.
4
CAPÍTULO 1 – ENQUADRAMENTO TEÓRICO
Sabemos que cada ser humano é diferente, cada um nasce com a sua própria
herança cultural, com os seus próprios gostos, interesses e carências, assim como, as
suas capacidades e limitações. Todos os indivíduos se diferenciam pelos seus valores,
atitudes, capacidades, destrezas, práticas, hábitos, mas todo o ser humano tem direito
à educação, sendo ela um procedimento de aprendizagem e de transformação para o
aluno. Para Correia (2008a, p. 45), o conceito de necessidades educativas especiais
(NEE) aplica-se a crianças e adolescentes com “problemas sensoriais, físicos e de
saúde, intelectuais e emocionais e, também com dificuldades de aprendizagem
específicas (…) derivadas de factores orgânicos ou ambientais”. Landívar e
Hernández (1994) entendem que os alunos têm necessidades educativas especiais
quando estas derivam de uma incapacidade, sobredotação ou qualquer outra
circunstância associada e que limitam as suas capacidades pessoais.
Todo o aluno, com ou sem NEE, deve ser respeitado como um indivíduo que
pensa, age, produz, ou seja, que existe, independentemente das suas limitações.
Ferreira (2007) defende que este conceito (NEE) “abrange não só os alunos a
frequentarem as escolas e as salas especiais, mas também as crianças colocadas nas
salas de apoio ou nas salas de aula do regular” (p. 44). Neste sentido, o “conceito de
necessidades educativas especiais está relacionado com as ajudas ou serviços
educativos que determinados alunos possam precisar ao longo da sua escolarização,
para conseguir o máximo crescimento pessoal e social” (Bautista, 1997, p. 10). Este
apoio poderá ser na totalidade ou apenas durante parte do período escolar do aluno.
Para Correia (2008a), uma criança com NEE é aquela que pode não acompanhar o
currículo normal sentindo-se necessidade de adaptá-lo, recorrendo, caso seja
inevitável aos apoios e serviços acima referidos. A situações como esta, Correia
(1999, p. 48) afirma que o “conceito de NEE abrange, portanto, crianças e
adolescentes com aprendizagens atípicas”, de ordem intelectual, sensorial, emocional
5
e física. Correia (1993 como citado em Correia, 1999, p. 48) evidencia as
problemáticas associadas às necessidades educativas especiais (Figura 1):
Necessidades
Educativas
Especiais
(NEE)
Dificuldades
Físicas Sensoriais de Intelectuais Emocionais
aprendizagem
Conforme Correia (1999), o termo NEE vem propiciar uma filosofia de integração
na sociedade, oferecendo uma igualdade de direitos, sobretudo no que diz respeito à
não descriminação por razões de raça, religião, opinião, características intelectuais e
físicas, a toda a criança em idade escolar. Correia (2008b) evoca que uma criança
com NEE só deve sair da turma regular, caso o seu sucesso escolar seja posto em
6
causa, mesmo com os apoios e ajudas suplementares. Ao referir-se ao conceito de
NEE, Brennan (1998 como citado em Correia, 1999), afirma que:
É importante que no futuro as NEE sejam reconhecidas como uma parte comum
do ser humano e que se aprenda a aceitá-las com respeito, dignidade e convivência
harmoniosa entre os indivíduos da sociedade. Rodrigues (2001) refere que a
proclamação da “Declaração de Salamanca” (UNESCO, 1994) mostra um novo
entendimento do papel da escola regular na educação de alunos com NEE: “as
escolas regulares, seguindo esta orientação inclusiva, constituem os meios mais
capazes para combater as atitudes discriminatórias criando comunidades abertas e
solidárias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos” (p.
19). A mesma declaração refere que “as crianças e jovens com necessidades
educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares, que a elas se devem
adequar através de uma pedagogia centrada na criança, capaz de ir ao encontro
destas necessidades”.
2. INTEGRAÇÃO VS INCLUSÃO
7
necessidade de integrar crianças com NEE na escola regular, no meio físico, social e
pedagógico. Ferreira (2007, p. 42) afirma que se pretendia integrar crianças com NEE
num ambiente “menos restritivo possível”, para que a mesma pudesse frequentar um
ambiente “normal”, mas tendo em conta diversas condutas legislativas para tornar
possível este processo educativo. Contudo, esta ideia de educação integrada era
representada por uma escola comum, mas só considerava integradas crianças com
necessidades educativas especiais que fossem capazes de se adaptarem e
acompanharem os restantes alunos. Como Friend e Bursuck (1996 como citado em
Ferreira, 2007, p. 44) mencionam o termo “mainstreaming” é “usado para designar a
colocação de alunos com incapacidade em contextos educativos regulares apenas
quando são capazes de atingir as tradicionais expectativas académicas com um
mínimo de apoio, ou quando essas expectativas não são relevantes”. A mesma
situação é referida por Dudley e Dippo (1995 como citado em Ferreira, 2007, p. 52)
que afirmam que as crianças com NEE são aceites pela escola desde que estas não
“’incomodem’ os pressupostos fundamentais da curva normal nem os princípios da
meritocracia e da realização potencial total”.
(…) mais do que integrar no ensino regular crianças que dele estariam
excluídas, trata-se da escola incluir desde o início todas as crianças em idade
escolar, quaisquer que sejam as suas características físicas, sociais,
linguísticas ou outras, e de aí as manter evitando excluí-las e procurando
criar oportunidades de aprendizagem bem sucedidas para todas, graças à
diferenciação de estratégias que impuser. (p. 11)
10
necessidades educativas serem satisfeitas (Stainback e Stainback, 1990,
como citado em Odom, 2007, p. 17)
INTEGRAÇÃO INCLUSÃO
Esta nova visão da inclusão vem mostrar que toda a sociedade sairá
beneficiada, pois permitirá uma metodologia mais individualizada, dispondo de uma
maior quantidade e variedade de recursos que desenvolverão valores e atitudes de
solidariedade, colaboração e respeito. Por inclusão entende-se que todos os alunos da
comunidade escolar têm direito às melhores condições de vida e de aprendizagem
possíveis. “Não apenas alguns, mas todos os alunos, necessitam e devem beneficiar
11
da aceitação, ajuda e solidariedade, dos seus pares, num clima onde ser diferente é
um valor” (Leitão, 2006, p. 34). A multiplicidade de pessoas e conhecimentos promove
um enriquecimento interior, pois a inclusão cria uma ampliação de presença de
indivíduos com necessidades educativas especiais em contexto escolar. Esta
educação inclusiva não se centra somente em pessoas com deficiência, mas em todas
as que necessitem de apoio educacional. Segundo Costa (1996), a educação inclusiva
em Portugal surge no sentido de defender o direito à plena dignidade e igualdade da
criança enquanto ser humano. É assim concebido um “novo modelo de escola aberta
à diferença, onde se tenta que as minorias encontrem uma resposta às suas
necessidades especiais sem prejudicar os outros, mas muito pelo contrário,
beneficiando todos os alunos em geral, por tudo o que traz mudança e renovação e
pelos novos recursos e serviços com que pode contar” (Jimínez, 1997, p. 21). Com a
publicação da Lei n.º 46/86, de 14 de Outubro – Lei de Bases do Sistema Educativo,
assiste-se a uma modificação no que respeita a esta conceção de ‘Escola Inclusiva’.
Assim, um dos principais objetivos consagrados é “assegurar às crianças com
necessidades educativas específicas, devidas designadamente a deficiências físicas e
mentais, condições adequadas ao seu desenvolvimento e pleno aproveitamento das
suas capacidades”. (Artigo 7º, alínea j). Os alunos têm “direito à educação, sempre
que possível, nas estruturas regulares de ensino, no meio menos restritivo possível
(Lei de Bases do Sistema Educativo, n.º 46/86)” (Costa, 1996, p. 158). “Assegurar a
igualdade de oportunidades, proporcionando a cada um o que necessita, em função
das suas características e necessidades individuais” (Guijarro, 2005, p. 10). Todas as
crianças com NEE possuem um conjunto de princípios que, de acordo com Correia
(2008a, p. 16):
Correia (2008a, p. 25) reforça a ideia que o modelo inclusivo é direcionado para
o aluno como um todo, tendo por base o nível académico, socioemocional e pessoal,
nunca esquecendo “as suas características e necessidades”, pois estamos perante um
ambiente heterogéneo e diversificado. A Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994
como citado em Guijarro, 2005, p. 10) menciona que
12
Todas as escolas devem acolher a todas as crianças, independentemente de
suas condições pessoais, culturais ou sociais. (…) As escolas inclusivas
representam um marco favorável para garantir a igualdade de oportunidades
e a completa participação, contribuem para uma educação mais
personalizada, fomentam a solidariedade entre todos os alunos e melhoram a
relação custo-benefício de todo o sistema educacional.
13
1. Cada criança tem o direito fundamental à educação e deve ser-lhe dada a
oportunidade de alcançar e manter um nível aceitável de aprendizagem;
4. Os alunos com NEE devem ter acesso à escola regular, que os deve
acomodar através de uma pedagogia centrada na criança capaz de
responder às suas necessidades.
Correia (2008b) contempla três tipos de inclusão: a inclusão total (nível I), onde
engloba situações ligeiras e moderadas; a inclusão moderada (nível II), englobando as
situações moderadas e severas que requeiram práticas excecionais; e a inclusão
limitada (nível III), que diz respeito a um número muito reduzido de alunos, pois refere-
se a situações muito severas que o exijam. Com a implementação deste novo
paradigma na educação, as crianças passam a ser vistas como um indivíduo com
direitos, como todos os outros, perspetivando a possibilidade de aprender a viver
juntos, aprendendo a ser. A Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994 como citado
em Martins, 2005, p. 26) refere ainda que:
Esta nova filosofia também revela algumas dificuldades referidas por Guijarro
(2005), como a transferência do modelo educacional da escola especial à escola
comum; o modelo homogeneizador da escola comum; informação insuficiente ou
inadequada dos docentes da educação comum, assim como dos profissionais de
apoio. Segundo Périssé (2007) só se pode afirmar que uma escola é inclusiva se
todas as pessoas que dela fazem parte (docentes, não docentes, alunos, pais e
comunidade) imbuírem essa missão, considerando que esses alunos são parte
integrante. Caso contrário, não será bem sucedida, levando assim à “exclusão
funcional”, e por este motivo, a adoção das práticas inclusivas apela à necessidade de
modificar a lógica de atividade das escolas. O mesmo ponto de vista é partilhado por
14
Simon (1999), ao afirmar que, para que haja sucesso no processo de inclusão, é
necessário que os pais da criança com NEE, os pais das outras crianças da classe e
os docentes, os diretores ou outros responsáveis da escola estejam preparados para
tal situação de inclusão.
Autores como Allen e Schwartz (1996 como citados por Correia 2008a), reforçam
a ideia de que é importante fazer-se a inclusão na idade pré-escolar, “em contextos
naturais”. Estes ambientes promovem nas crianças “níveis mais elevados de
socialização e padrões superiores de interacção verbal com os companheiros,
reflectindo, na sua actividade lúdica, níveis cognitivos mais elevados” (pp. 146 – 147).
Piantino (2005) defende que a inclusão não se limita somente ao contexto escolar,
mas a qualquer ambiente de convívio social, onde todos devem ser respeitados. A
mesma teoria é defendida por Leitão (2006) que alerta para a importância de
abordagens inclusivas de “alunos com deficiência e de todo o tipo de diversidade
cultural (…), arma importante na luta contra a marginalização, os preconceitos,
estereótipos e discriminações” (p.21).
15
3. ESCOLA E PROFESSORES
Para que uma educação inclusiva se desenvolva com sucesso, existem fatores
que poderão influenciar o seu papel positiva ou negativamente, entre eles, a escola e
os professores / educadores, desempenham um papel importante.
17
estabelecidos pelo currículo. Segundo Ruela (2000), numa escola para todos é fulcral
a operacionalização efetiva de mudanças tanto na organização do contexto educativo,
como no currículo e também na formação de professores.
Este processo de ecologia de sala é referido por Schulte (1996, como citado em
Ferreira, 2007) onde declara que “a criação de ecologias de sala de aula adaptadas às
necessidades das crianças com dificuldades de aprendizagem requer que os
professores possuam uma melhor compreensão das mudanças nas escolas e do que
as impedem e facilitam” (p. 88). O mesmo afirmam Rebelo, Simões, Fonseca e
Ferreira (1995), dizendo que seria essencial que as escolas dispusessem de meios,
sejam eles: “espaços físicos, professores especializados e outros técnicos” e que
assentissem um sistema de apoio adequado às crianças, a que a escola, segundo
Leitão (2006), não tem respondido nem acompanhado da forma mais adequada. Deste
modo, cabe à escola encontrar os meios adequados e necessários, atendendo às
necessidades de cada aluno com objetivo de aproximar alunos com NEE aos seus
pares, para que todos possam participar na vida escolar. O mesmo autor refere que a
mudança não se pode focar no aluno com necessidades educativas especiais, mas
sim na “própria escola, no currículo, nas condições e contextos de aprendizagem, na
18
forma como se estruturam as interacções e as interdependências entre alunos” (2006,
p. 33).
A escola apresenta algumas funções e projetos que deve cumprir para que haja
um desenvolvimento de uma política de NEE de qualidade. Essas funções são
descritas por Rodrigues (2001, p. 85):
Leitão (2006) afirma que caso esta situação seja bem sucedida a escola
encontra-se preparada para admitir o aluno e esta mudança permite que se aprenda a
lidar com a diversidade, como por exemplo, as turmas devem ser compostas em
função da diversidade dos alunos (dimensões culturais, étnicas, linguísticas,
competências motoras, cognitivas, sociais, características comportamentais, género,
estatuto socio-económico, valores, estilos de aprendizagem) e não nas suas
semelhanças. “Utilizar a diversidade como fonte de criatividade, produtividade e
energia é um dos maiores desafios actuais” (Leitão, 2006, p. 18). Promover a
educação inclusiva em contexto escolar é a realização de um valor inerente à missão.
Este tipo de educação, como já foi referido, requer uma modificação na ética da
instituição escolar e Sailor (1991 como citado em Ferreira, 2007, pp. 85 - 86) identifica
seis itens dessa mudança:
19
4. A colocação na escola é baseada na idade e no grau apropriado, não
havendo salas de apoio ou classes de educação especial;
20
tem aptidão para trabalhar com classes heterogéneas. Um estudo realizado por Simon
(1999) afirma que muitos dos docentes encontram dificuldades ao lidar com crianças
com necessidades educativas especiais, pois não estão preparados e “admitem que
uma melhor informação lhes é necessária” (p.35). Por vezes os professores
apresentam mais dificuldades no processo de inclusão por considerarem que os seus
conhecimentos são insuficientes. Schumm e Vaughn (1991 como citado em Ferreira,
2007) após diversos estudos, concluíram que:
21
O docente alcança um papel de extrema importância no seio da nova filosofia da
escola inclusiva, pois “nada ou ninguém é mais importante para a melhoria da escola
que um professor; a mudança educacional depende do que os professores fazem e
pensam” (Fullen, 1991, como citado em Rodrigues, 2001, p. 115). Leitão (2006) refere
que um dos papéis do professor é apoiar o aluno a eliminar as dificuldades e
limitações que se deparam no processo de aprendizagem, mas levando-o sempre a
criar e a elevar níveis de participação e responsabilidade. É importante que o
professor proporcione um ambiente harmonioso na sua sala de aula e com a turma,
existindo o apoio e carinho, oferecendo uma atmosfera positiva e enriquecedora. O
docente é um espelho para as crianças, pois como afirma Nielsen (1999), “o professor
não só lhes deve transmitir sentimentos positivos como deve também revelar-lhes
afecto. A criação de um ambiente positivo e confortável é essencial para que a
experiência educativa tenha sucesso e seja gratificante para todos os alunos” (p. 23).
As atitudes do professor são rapidamente detetadas e adotadas pelos restantes
alunos como um reflexo imediato em todas as crianças pois, como afirma Correia
(2008a, p. 96), “as suas atitudes influenciam imenso a inserção harmoniosa dos
alunos com NEE na classe regular”. Através das interações desenvolvidas no seio de
uma escola inclusiva “os alunos aprendem a ser sensíveis, a compreender, a respeitar
e crescer confortavelmente com as diferenças e as semelhanças individuais entre os
seus pares” (Stainback e Stainback, 1999, p. 23). Este movimento inclusivo, que
promove a heterogeneidade, permite a construção e solidificação das relações
interpessoais, da amizade, do apoio social ou instrucional dos pares de idade, alunos
apoiando-se uns aos outros, proporcionando um ambiente de solidariedade entre eles.
Leitão (2006) afirma mesmo que este tipo de situações “rara ou dificilmente podem ser
desenvolvidas quando os alunos estão física e socialmente separados dos seus pares”
(p. 31). Este apoio e carinho dos seus pares, reflete-se também nos pais e
encarregados de educação.
4. CURRÍCULO
Uma resposta eficaz às NEE de cada aluno que conduza ao sucesso escolar
passa pela implementação de um currículo adequado ao seu perfil e onde se
respeitem as particularidades de cada um. Existindo turmas com alunos com
necessidades educativas especiais, há uma necessidade de adaptar, diferenciar e
individualizar o currículo, pois deve-se respeitar a individualidade de cada aluno, tendo
em atenção as suas possibilidades, de modo a ser pertinente para todos. Conforme
Rodrigues (2001), “a forma como é planeado, organizado, desenvolvido e avaliado um
currículo habilitativo é determinante para o seu sucesso” (p.29). Segundo o mesmo
autor, o currículo necessita conter toda a informação, metodologia, oportunidades e
intervenções, e em especial para as crianças com NEE é importante que se averigue o
seu modelo, a sua diferenciação e a sua funcionalidade, pois a sua base deve ser feita
em função das “experiências de aprendizagem que pretende proporcionar à criança”
(p.29). Rodrigues (2001) afirma mesmo “que todos os alunos são diferentes no que
respeita aos seus ritmos de aprendizagem e ao processo de construção de
conhecimentos” (p. 96). De acordo com a Lei 46/86 de 14 de outubro, Lei de Bases do
Sistema Educativo, o número 4 do artigo 18º, defende que todos os alunos com NEE
que frequentem a escolaridade básica devem ter acesso a currículos e programas
convenientemente adequados às características e necessidades de cada aluno. Trata-
se de avançar para uma educação inclusiva, uma educação para todos numa
perspetiva individual. Contudo, de acordo com Zigmond e Miller (1986 como citados
em Ferreira, 2007) a grande parte dos professores modifica o currículo em função dos
materiais que têm disponíveis e de impressões subjetivas e não dos conhecimentos
adquiridos ao longo da sua formação.
24
alunos. Questionarmo-nos permanentemente sobre a forma de tornar as
aprendizagens significativas e funcionais para todos os alunos, envolvê-los
em tarefas relevantes fortemente ligadas às aprendizagens do dia-a-dia e aos
contextos reais de vida, utilizar e partir das experiências e saberes que os
alunos possuem, são estratégias que nos aproximam desse desígnio e
podem potenciar o aumentos dos níveis de participação dos alunos (Leitão,
2006, p. 39)
26
alunos, em especial os alunos com NEE, e prestar serviços diretos nas áreas em que
os alunos sintam uma maior dificuldade.
27
CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA
A Escola, no seu aspeto físico, pode considerar-se com muito boas instalações,
tendo salas com boa iluminação, aquecimento, ventilação e ótimas instalações
sanitárias. O equipamento é de qualidade e o material didático em quantidade
suficiente. É uma instituição muito bem preparada para receber crianças na valência
do pré-escolar e 1º ciclo do ensino básico. O refeitório é arejado com amplas janelas,
onde são servidas as refeições do almoço e lanche a todos os utentes da instituição,
em condições de boa higiene. Tem como motivo decorativo azulejo de Bordalo
Pinheiro.
O espaço físico exterior é muito bom com espaços livres com muitas árvores e
um jardim. A entrada de pessoas faz-se através de três portões dois dos quais
possuem muito boas acessibilidades, existindo um outro portão de acesso a
fornecedores e mercadorias. Existe uma horta pedagógica com um pequeno telheiro
com tanque, um lago com tartarugas, equipamentos lúdicos (escorrega, baloiços),
campo de jogos (basquete e futebol) e na fachada principal um relógio de Sol. Para o
tempo invernoso está dotado de um telheiro.
29
2.3 FONTES DE DADOS
De acordo com Bogdan e Biklen (1994, p.149) dados são “materiais em bruto
que os investigadores recolhem do mundo que se encontram a estudar; são os
elementos que formam a base da análise.”
Deste modo, para este estudo foram utilizados dados substantivos adquiridos
através das técnicas de recolha de dados, nomeadamente: inquéritos por entrevista e
por questionário, bem como, análise de documentação.
Os dados acima referidos, foram obtidos a partir dos docentes da escola onde
decorre o presente estudo e dos pais e encarregados de educação de uma turma da
escola onde é promovida a inclusão de uma criança com necessidades educativas
especiais motoras. Tratando-se de um estudo sobre o modo como decorre a inclusão
de crianças com necessidades educativas especiais, interessa que estes constituam a
matéria-prima para a recolha de dados relevantes.
30
2.4. TÉCNICAS E CRITÉRIOS DE RECOLHA DE DADOS
Morgan (1988 como referido em Bogdan e Biklen, 1994, p. 134) define entrevista
como “uma conversa intencional, geralmente entre duas pessoas, embora por vezes
possa envolver mais pessoas, dirigida por uma das pessoas, com o objetivo de obter
informações sobre a outra”.
Ludke e André (1986) afirmam que na entrevista deve existir uma relação de
interação, existindo um exemplo de influência recíproca entre quem pergunta e quem
31
responde. Ao existir um clima de estímulo e de aceitação mútua, as informações
fluirão de forma notável e autêntica.
Afonso (2005, p. 97) refere que a aplicação das entrevistas “constitui uma das
técnicas de recolha de dados mais frequentes na investigação naturalista, e consiste
numa interacção verbal entre o entrevistador e o respondente, em situação de face a
face”. Este autor divide as entrevistas em dois tipos: entrevista não estruturada e
entrevista semi-estruturada. A entrevista semi-estruturada é conduzida a partir de um
guião. Este deve ser construído a partir das questões de pesquisa e eixos de análise
do projeto de investigação. A estrutura típica tem um caráter matricial, em que a
substância da entrevista é organizada por objetivos, questões e itens ou tópicos. A
cada objetivo corresponde uma ou mais questões. Quanto a este tipo de entrevista
Puig et al. (2004) referem que as perguntas são abertas, o que permite obter uma
informação mais rica. É uma modalidade que permite ir cruzando temas e ir
construindo conhecimento holístico (integral) e compreensivo da realidade. Obriga o
entrevistador a estar muito atento às respostas para poder solicitar esclarecimentos e
fazer conexões. Estes autores esclarecem que as entrevistas semi-estruturadas
“partem de um guião que determina de antemão qual é a informação relevante que se
pretende obter” (p. 336). Para Puig et al. (2004, p. 336) a entrevista é caracterizada
como “uma técnica cujo objectivo é obter informações de forma oral e personalizada,
sobre acontecimentos vividos e aspectos subjectivos da pessoa, como crenças,
atitudes, opiniões, valores em relação aquilo que está a ser estudado”.
32
ou de um problema, ou ainda sobre qualquer outro ponto que interesse os
investigadores” (p.160).
34
bem como, o tema e a sua finalidade. Foram dadas instruções para o seu
preenchimento e referida a sua confidencialidade.
5 – Envolvimento parental;
As questões dos questionários feitas aos docentes foram previamente validadas com
uma amostra mais reduzida de dois docentes.
2 – Processo de inclusão;
3 – Envolvimento parental.
35
As questões dos questionários feitos aos encarregados de educação foram
validadas previamente com uma amostra mais reduzida de oito encarregados de
educação. Entre a data que entregámos os inquéritos à instituição e a data da recolha
dos mesmos decorreu um mês, sensivelmente.
2.6.1. Entrevistas
Para a realização deste estudo foram efetuadas sete entrevistas (Anexo D). A
cada entrevista transcrita foi dado um número de código, consecutivo de 1 a 7,
correspondendo a cada entrevistado. Este número foi subscrito à direita (ex: E1, E 2 ou
E3, consoante se trate do primeiro, segundo ou terceiro entrevistado). É de salientar
que as iniciais dos nomes das crianças referidas pelos entrevistados são fictícias.
À medida que se foi elaborando a seleção dos dados cada um deles foi colocado
numa unidade de análise específica, a qual foi designada por unidade de registo (UR).
Cada unidade de registo encontra-se intimamente relacionada com cada um dos
conceitos que emergem dos objetivos do trabalho, aqui denominados por categorias
de análise de dados. (Anexo E – quadro de categorização das entrevistas)
36
O quadro seguinte apresenta a caracterização dos entrevistados (Quadro 2).
Formação
Tempo de Habilitação
Entrevistado Idade Especializada em
serviço Académica
Educação Especial
Licenciatura em
E1 43 21 Não
Educação de Infância
Licenciatura em
E2 48 26 Não
Educação de Infância
Licenciatura em
E3 28 6 Não
Educação de Infância
Licenciatura em
E4 56 35 Não
Educação de Infância
Licenciatura em
E5 34 9 Não
Educação de Infância
Licenciatura em
E6 36 8 Não
Professora 1º ciclo
Licenciatura em
E7 34 12 Sim
Professora 1º ciclo
37
Quadro 3 – Idade dos docentes
De 30 a 40 5 31,25%
De 41 a 50 6 57,5%
Mais de 51 1 6,25%
N = 16
Menos de 30 anos 0 0%
De 30 a 40 14 77,8%
De 41 a 50 4 22,2%
Mais de 51 0 0%
N = 18
38
As questões onde se utiliza a escala de Likert, escala que consiste na
representação de uma série de proposições, as questões serão seguidamente cotadas
com as cotações -2 -1 0 +1 +2 correspondendo respetivamente a: discordo totalmente,
discordo parcialmente, não tenho opinião, concordo totalmente, concordo
parcialmente.
39
A codificação corresponde a uma transformação (…) dos dados em bruto do
texto, transformação esta que, por recorte, agregação e enumeração, permite
atingir uma representação do conteúdo, ou da sua expressão; susceptível de
esclarecer o analista acerca das características do texto. (p. 129)
2.7.2. Categorias
Dos cinco objetivos dos inquéritos por entrevista e dos inquéritos por
questionários dos docentes, emergem cinco conceitos, cada um deles constituindo
uma unidade de análise. De seguida estão representadas as categorias e
subcategorias que se pretendem estudar relativamente à perspetiva dos docentes
(Quadro 5)
40
Quadro 5 – Categorização da perspetiva dos docentes entrevistados e inquiridos
Categoria Subcategoria
41
Quadro 6 – Categorização da perspetiva dos encarregados de educação
inquiridos
Categoria Subcategoria
42
CAPÍTULO 3 – APRESENTAÇÃO DE DADOS
43
necessidades educativas especiais em simultâneo (UR001, E1; UR021, E2; UR055, E4;
UR076, E5; UR093, E6; UR127, E7). Esta ideia é partilhada por todos os entrevistados,
com a exceção de um. A falta de preparação sentida por parte dos docentes deve-se à
ausência de “uma disciplina onde conversássemos sobre algumas dificuldades
que…que as crianças poderiam apresentar” (UR128, E7), ou seja, “alguma disciplina
que nos pudesse ter ajudado nesse campo” (UR129, E7). Uma das falhas mais
sentidas nessa preparação deve-se à falta de contacto no terreno, pois deveria ter
havido “se calhar mais prática direta” (UR077, E5), “alguma cadeira mais específica
que nos desse mais parte prática a nível da educação especial,… porque a teoria é
muito diferente da prática” (UR094, E6) e nessa disciplina “faltou mais dicas sobre
como trabalhar” (UR078, E5). Foi mesmo mencionado que “faltou mais formação da
parte da escola que não nos preparou para isso e o estágio (…) não havia grande
apoio também da parte dos monitores que lá estavam” (UR022, E2). Este sentimento
de falta de preparação leva a um entrevistado afirmar que “a preparação foi só para
crianças sem…sem necessidades especiais” (UR056, E4) e que na sua altura de curso
“nem havia integração, pelo menos não havia muito a integração de crianças com
necessidades” (UR057, E4). Sabendo da importância de um cuidado acrescido com
este tipo de crianças e visto a formação inicial não lhes ter proporcionado mais
conhecimentos e práticas, alguns entrevistados dizem que “foi a intuição que eu
utilizei” (UR004, E1), ou seja, foi com “experiência e dia-a-dia que as coisas
aconteceram” (UR023, E2). Foi desta forma que encontraram uma solução para que a
falha que mencionam na preparação da formação inicial ser minimamente
ultrapassada. É referido mesmo que “é uma questão de hábito” (UR096, E6).
No entanto, esta ideia não é partilhada por um entrevistado, que afirma que a
sua formação inicial o preparou para trabalhar com crianças com e sem necessidades
educativas especiais em simultâneo, referindo que o que o ajudou foi “acima de tudo a
prática pedagógica e depois poder falar com os professores que me acompanhavam
na altura, sobre os diferentes casos” (UR037, E3). Este entrevistado afirma que teve
apoio por parte da instituição escolar, pois apoiavam “a darem dicas de como atuar”
(UR038, E3).
Para Simon (1999) a formação inicial deveria incidir numa preparação “teórica,
mas também prática” (p. 41).
44
Na figura 2 encontra-se representado o gráfico relativo à primeira questão do
questionário sobre o contributo da formação inicial para o docente trabalhar, em
conjunto, com alunos com e sem necessidades educativas especiais.
45
subcategorias: tipo de NEE, número de casos e a procura de formação na área de
NEE.
Pugach (1995 como citado em Ferreira, 2007, p. 73) afirma mesmo e, relação à
prática profissional com crianças com NEE que “o primeiro passo a dar consiste em
mudar as representações do conceito de deficiência, tornando-o menos estranho e
mais confortável para os professores”
47
3.1.3. Promoção da inclusão na sala de aula e recreio
49
“Numa escola inclusiva só pode existir uma educação inclusiva, uma educação
em que a heterogeneidade do grupo não é mais um problema, mas um desafio à
criatividade e ao profissionalismo dos profissionais da educação” (Sanches e Teodoro,
2007, p. 110).
Discordo Totalmente 0 0%
N = 16
Segundo Rose (1998, p. 63) “os professores que trabalham para desenvolver um
currículo que corresponda às necessidades de todos os alunos estão a desenvolver
um veículo para a inclusão; aqueles que tentam ajustar os alunos às estruturas
existentes constituirão, mais provavelmente, uma alavanca para a exclusão”.
Discordo Parcialmente 0 0%
N = 16
51
socialização com os pares decorrer de uma forma positiva, um entrevistado afirma que
os colegas de turma “nem notam que a criança tem deficiência… quando é da turma
deles, eles nem notam como seja diferente. Não notam as diferenças” (UR065, E4).
Por este motivo, e se existir uma preparação prévia, na opinião do entrevistado, os
colegas de turma “têm sempre uma sensibilidade maior para lidar com eles, nunca se
esquecendo deles, há sempre aquela vontade de ajudar sempre” (UR109, E6). A
importância e veracidade deste desenvolvimento de competências ao nível dos
valores é partilhada por outro entrevistado, que verifica nos colegas de turma “o
respeito que têm por ele. E pelas suas dificuldades aprendem a esperar por ele, a
ajudá-lo a fazer as tarefas, toda a inter-ajuda foi fabulosa” (UR019, E1). Um dos
docentes entrevistados realizou uma atividade com a sua turma, tentando promover
valores e atitudes nos colegas de turma, tendo em vista as dificuldades que a criança
com necessidades educativas especiais motoras tinha, ou seja, “faze-los sentir o
mesmo que a criança na sala estava a sentir. (…) Tentei que eles conseguissem
brincar sem ser a correr, a saltar, a pular, sem ser a usar as pernas. Tentei que todos
se pusessem no lugar do colega e tentassem imaginar como é que é o dia dele todo
sentado”. (UR042, E3). Para este docente esta estratégia foi benéfica e importante,
pois após a mesma os colegas perceberam “que era importante passarem as mãos
pelas costas do colega, fazerem uma massagem” (UR043, E3). O mesmo entrevistado
afirma que ao realizar estratégias e atividades para promover um meio inclusivo tentou
sempre “dar a volta à situação” (UR044, E3).
Trabalhar em meio inclusivo faz com que seja “exigido aos educadores e
professores um elevado nível de profissionalismo e de competência no desempenho
das suas responsabilidades” (Correia, 2008a, p. 23)
Relativamente à aceitação dos alunos com NEE por parte dos seus colegas
(Quadro 9), verifica-se que os docentes inquiridos concordam, quer parcialmente quer
totalmente, que os alunos com necessidades educativas especiais são bem aceites
pelos seus colegas de turma. Os docentes inquiridos dividem-se, sendo que 50%
concorda totalmente com a questão colocada e outros 50% concorda parcialmente.
52
Quadro 9 – Aceitação dos alunos com NEE
Discordo Totalmente 0 0%
Discordo Parcialmente 0 0%
N = 16
De acordo com Fonseca (2002, p. 21) estamos, assim perante uma escola que
reúne “a promoção de valores de aceitação, de pertença, de tolerância, de respeito, de
reconhecimento, de igualdade de oportunidades, de direitos de cidadania, etc.”.
Discordo Totalmente 0 0%
N = 16
53
A opinião dos docentes corrabora a ideia de Correia (2008a) de que
salienta:
A filosofia da inclusão traz sempre vantagens para os alunos sem NEE, uma
vez que lhes permite perceber que todos somos diferentes e, por
conseguinte, que as diferenças individuais devem ser respeitadas e aceites.
Desta forma eles aprendem que cada um de nós, sejam quais forem os
nossos atributos, terá sempre algo de valor a dar aos outros. (p. 24)
Discordo Totalmente 0 0%
N = 16
54
3.1.4. Dificuldades
56
Quadro 12 – Inclusão de alunos com NEE traduz-se em exigências e esforços
para os docentes
Discordo Parcialmente 0 0%
N = 16
Ainda sob esta subcategoria podemos observar (Quadro 13) que a grande
maioria dos docentes concorda parcialmente, 12,5%, e mais totalmente, 81,25%, que
uma turma onde decorra processo inclusivo requer uma particular atenção aos alunos
com NEE, afetando deste modo, o tempo disponível do professor para os restantes
alunos. Somente um docente inquirido responde que discorda totalmente com a
questão abordada.
Discordo Parcialmente 0 0%
N = 16
57
Esta preocupação e necessidade de saber conjugar a atenção e tempo de todos
os alunos é mencionada por Santos e Morato (2002, p. 152) quando refere que o
docente “deve adoptar um papel activo ao longo do percurso escolar dos alunos
(alterando e modificando o que considerar adequado às características de cada um),
conjugadas com as condições disponíveis na sua classe”.
Discordo Totalmente 0 0%
Discordo Parcialmente 0 0%
N= 16
Para Pereira (1996, p. 42) é importante que “os professores ajudem as famílias e
os alunos a pensar acerca das decisões educacionais”, pois “não faz sentido, excluir,
ou mesmo marginalizar, os pais do processo de intervenção / educação, dado que
58
desempenham papéis importantes na determinação dos resultados da criança”
(Correia e Serrano, 1998, p. 47).
É possível verificar que dois inquiridos referem que este processo “depende do
grau de NEE do aluno” (UR125, ID1 e ID11) e que estas crianças deveriam de ser
integradas “numa turma regular, mas apenas com um professor de apoio para o
aluno” (UR126, ID8) e que “devia haver mais apoios especializados para estes alunos
terem a atenção que precisam” (UR127, ID9) É mencionado que para o processo
inclusivo decorrer com sucesso os professores “deverão estar preparados para
trabalhar de acordo com as necessidades destes alunos” (UR128, ID10) e para isso era
importante um investimento em “recursos pedagógicos, nomeadamente em
formações” (UR129, ID9). A inclusão de crianças com NEE em turmas regulares não
decorre de uma forma mais positiva, nomeadamente a atenção dispensada pelo
professor, “devido ao alargado número de alunos por turma” (UR130, ID5). No entanto,
60
é referido que os colegas de turma dos alunos com NEE são, geralmente, “bastantes
sensíveis aos colegas que necessitam de uma atenção especial” (UR131, ID15). Para
um inquirido, o decorrer do processo inclusivo depende das condições “da escola, dos
professores, dos pais da criança com NEE e dos pais das outras crianças que
pertencem à turma” (UR132, ID16). Podemos analisar que um docente inquirido
menciona que este processo decorre “com o maior sucesso” (UR133, I D14) e que é
um “processo muito rico e valioso de ser presenciado e vivido” (UR134, ID11).
Conforme Correia (1999), para que haja sucesso numa educação inclusiva, são
necessárias condições favoráveis, como “os recursos humanos e materiais existentes,
o relacionamento entre o professor do ensino regular e o da educação especial, a
participação parental, os apoios prestados por outros serviços, a formação do
professor e de outros agentes educativos” (p. 38).
61
3.2. PERSPECTIVAS DOS ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO
Observando o gráfico (Figura 4), podemos verificar que 83% dos encarregados
de educação inquiridos, ou seja a maioria, considera que a escola em estudo tem
condições e apoio apropriado para crianças com NEE frequentarem. Apenas 11%, ou
seja dois inqueridos, dão resposta negativa à questão em causa e um inquirido não
respondeu.
62
poder responder mais eficazmente às necessidades de um aluno com NEE” (Correia,
2008, p. 19). Para Costa (1999, p. 16) “as escolas são cada vez mais co-responsáveis
pela utilização dos seus recursos, pela elaboração do seu projecto educativo, com
maior liberdade para determinarem quais são os seus objectivos”.
63
NEE incluída numa turma regular possa exigir uma atenção especial e individualizada
e, consequentemente, muito do tempo do professor. Dois encarregados de educação
não têm opinião formada sobre esta questão e somente seis concordam parcialmente
com o assunto.
Concordo Totalmente 0 0%
N = 18
64
Quadro 16 - Aceitação e inclusão de crianças com NEE pelos seus pares
Discordo Totalmente 0 0%
Discordo Parcialmente 0 0%
N = 18
Discordo Totalmente 0 0%
N = 18
65
Quanto à subcategoria: socialização, aprendizagem e desenvolvimento,
podemos observar que de acordo com as respostas obtidas, que os encarregados de
educação inquiridos concordam maioritariamente que a inclusão de alunos com NEE
em turmas regulares promove uma maior sensibilização e tolerância nos colegas
(Quadro 18). Apenas um encarregado de educação não tem opinião formada
relativamente a esse assunto.
Discordo Totalmente 0 0%
Discordo Parcialmente 0 0%
Concordo Parcialmente 0 0%
N = 18
66
Quadro 19 - Contributo importante para a socialização e desenvolvimento
psicoafectivo dos alunos com NEE
Discordo Totalmente 0 0%
Discordo Parcialmente 0 0%
N = 18
Discordo Totalmente 0 0%
N = 18
67
No que se refere ao modo como decorre o processo de inclusão não se obteve
resposta de três encarregados de educação inquiridos. As respostas revelam a
opinião que cada encarregado de educação tem em relação ao modo como decorre o
processo de inclusão de alunos com NEE em turmas regulares (Anexo G – quadro
categorização da questão aberta do inquérito dos encarregados de educação).
Podemos verificar que algumas opiniões dos docentes são partilhadas pelos
encarregados de educação. Tal como os docentes, três encarregados de educação
inquiridos referem que este processo “depende do tipo de NEE” do aluno (UR136, IEE2,
IEE10,), mas também da turma em que está integrada e dos recursos da escola”
(UR137, IEE11). Todas “as escolas deveriam ter um professor especializado” para
acompanhar esses alunos (UR138, IEE16). É referido que o processo inclusivo poderá
depender das “condições físicas, materiais e ambientais” das escolas (UR139, IEE5).
Os encarregados de educação partilham da opinião dos docentes que nesta filosofia
de educação “nem sempre a escola e os professores estão preparados” para
lecionarem com estas crianças especiais (UR140, IEE8). Para um inquirido “nem
sempre as práticas educacionais parecem estar adequadas” às pessoas ou situações
(UR141, IEE5) e que existem “algumas lacunas na comunicação / interação do aluno
com a comunidade escolar” (UR142, IEE5). Estes inquiridos mencionam ainda que “os
métodos utilizados e a forma como são incluídos é um apoio importante para o
desenvolvimento desses alunos” (UR143, IEE12). Muitos dos inquiridos referem que
este processo decorre de “um modo positivo e adequado (UR144, IEE9, IEE11) e, tal
como os docentes, mencionam que é uma mais valia para os colegas de turma, pois
“para os colegas sem NEE é muito bom conviverem com os outros, humaniza-os e
torna-os mais realistas e menos egoístas” (UR145, IEE2) que se “nota um carinho
especial pelo colega” (UR146, IEE3) e que é uma “experiência enriquecedora, quer
para os colegas, quer para os próprios educadores” (UR147, IEE7). Um encarregado
de educação inquirido considera que o processo da inclusão decorre com maior
sucesso, revelando que “a inclusão desde a educação infantil revela melhores
resultados” (UR148, IEE1). Segundo um inquirido, os “restantes alunos aceitam bem os
alunos com necessidades especiais e, deste ponto de vista, estes alunos integram-se
bem” (UR149, IEE8), existindo “um esforço coletivo para que a criança com
necessidades especiais se sinta perfeitamente integrada na sua turma” (UR150, IEE4).
Para um encarregado de educação inquirido a inclusão de crianças com NEE em
turmas regulares “contribui para um melhor desenvolvimentos da criança em causa”
(UR151, IEE14), mas que existem crianças com NEE que “exigem escolas especiais,
quando a deficiência é muito elevada, sobretudo a intelectual” (UR152, IEE10).
68
“A educação inclusiva promove o desenvolvimento de valores de justiça,
solidariedade e igualdade e faz o possível o ‘aprender a viver juntos’ e o ‘aprender a
ser’” (Guijarro, 2005, p. 11)
Discordo Totalmente 0 0%
Discordo Parcialmente 0 0%
N = 18
69
CONCLUSÕES
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da análise de dados, podemos constatar que para estes docentes não
existiu na sua formação inicial qualquer preparação para lecionarem turmas com
alunos com e sem necessidades educativas especiais em simultâneo. No entanto,
outro aspeto que emerge dos resultados apresentados é a falta de procura, por parte
dos docentes, de formação profissional que pudesse colmatar as lacunas referidas na
70
formação inicial. De acordo com Nielsen (1999, p. 11) “só através do conhecimento
será possível que as atitudes mudem e que os educadores se sintam menos
apreensivos quando têm de ensinar alunos com necessidades educativas especiais”.
É referido pelos docentes entrevistados a necessidade de uma disciplina onde
abordasse mais esta temática e a existência de uma componente mais prática. Muitas
das suas atividades didática-pedagógicas foram desenvolvidas e executadas através
de forma empírica, tentando sempre promover a inclusão na sala de aula. De acordo
com a perspetiva de Ruela (2000), cabe aos professores definir estratégias adequadas
e flexíveis de modo a respeitar o ritmo de cada um, e para tal, é fundamental que os
profissionais de ensino “disponham de conhecimentos que lhes permitam ensinar, na
mesma classe, crianças diferentes, com capacidades diferentes de aprendizagem e
com níveis diferentes de conhecimentos prévio; os gestores escolares saibam como
modificar a organização do estabelecimento educativo e saibam fomentar a auto
formação dos professores (…)” (Costa, 1996, p. 154). Existe ainda um longo caminho
a percorrer ao nível da formação dos docentes.
72
LIMITAÇÕES
Outra limitação sentida foi do ponto de vista bibliográfico, pois estando a viver
em Macau houve dificuldade em encontrar bibliografia escrita em português ou inglês.
NOVAS PESQUISAS
Visto este estudo ter-se realizado somente numa escola, poderia ser
interessante incidir a amostra noutras instituições escolares e comparar os resultados
obtidos sobre o modo como decorre o processo de inclusão em turmas regulares.
Após a reflexão efetuada, pode-se sugerir uma análise mais focada, no impacto
que a intervenção precoce tem na aprendizagem e socialização das crianças com
NEE em turmas de ensino regular. Outro ponto a ser estudado em maior profundidade
relaciona-se com o papel dos pais e encarregados de educação no desenvolvimento
da educação e ensino das crianças com e sem NEE.
73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Jimínez, R. (1997). Uma Escola para Todos: a Integração Escolar .In R. Jimínez
(Ed.). Necessidades Educativas Especiais . Lisboa: Dinalivro.
75
Marcos, E.M.C. (2009). A Percepção dos Professores do Ensino Básico face à
Inclusão das Crianças/Jovens com Trissomia 21, nas Turmas/Escolas do Ensino
Regular. Tese de Mestrado inédita, Universidade de Coimbra, Coimbra.
Rebelo, J. A.; Simões, A.; Fonseca, A. C. & Ferreira, J.A. (1995). Intervenção
Escolar em Dificuldades de Aprendizagem. Coimbra: Revista Portuguesa de
Pedagogia, 3, 119 – 113.
76
Rief, S. F. & Heimburge, J. A. (2000). Como ensinar todos os alunos na sala de
aula inclusiva. Estratégias prontas a usar, lições e actividades concebidas para
ensinar alunos com necessidades de aprendizagem diversas. Porto: Porto Editora
77
Veiga, M. A. (1987). Democracia – problema educacional. Revista Portuguesa de
Pedagogia, 31, 5 - 10.
LEGISLAÇÃO CONSULTADA
WEBGRAFIA
78
Anexo A
Guião de Entrevista
79
ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO JOÃO
DE DEUS
MESTRADO EM EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR
GUIÃO DE ENTREVISTA
Idade
Tempo de serviço
Habilitações Académicas
Formação em educação
especial
80
1. FORMAÇÃO INICIAL
1.1. Considera que a sua formação inicial a preparou para trabalhar com crianças com
e sem necessidades educativas especiais em simultâneo?
1.2. B) O que faltou para se sentir preparada para trabalhar com crianças com NEE?
2. EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
2.1. Tem ou teve experiência profissional com crianças com necessidades educativas
especiais?
3.1. A) Tendo em conta que já trabalhou com crianças com necessidades educativas
especiais que estratégias de aprendizagem é que utilizou na sala de aula? E no
recreio ou rotinas do dia-a-dia?
3.1. B) Tendo em conta que não trabalhou com crianças com Necessidades
Educativas Especiais que ideias tem de possíveis estratégias de aprendizagem que
possam ser utilizadas na sala de aula? E no recreio ou rotinas do dia-a-dia?
4. DIFICULDADES
4.1. A) Que dificuldades teve ao trabalhar com crianças com necessidades educativas
especiais?
81
4.1. B) Que dificuldades pensa que iria ter ao trabalhar com crianças com
necessidades educativas especiais?
5. VANTAGENS DA INCLUSÃO
5.1. A) Quais foram os aspetos positivos que sentiu quer a nível profissional, quer a
nível pessoal ao trabalhar com crianças com necessidades educativas especiais?
5.1. B) Que aspetos positivos poderá sentir, quer a nível profissional, quer a nível
pessoal ao trabalhar com crianças com necessidades educativas especiais?
82
Anexo B
83
QUESTIONÁRIO
1) A sua formação inicial capacitou-o para trabalhar, em conjunto, com alunos com e sem
necessidades educativas especiais.
Sim Não
2) Ao longo da sua atividade profissional já teve experiência com alunos com necessidades
educativas especiais.
Sim Não
3) Quando preciso de trabalhar com alunos com necessidades educativas especiais sei quais as
estratégias que vou adotar na sala de aula ou onde posso procurar apoio para desenvolver
essas estratégias.
Não tenho
Discordo Discordo Concordo Concordo
opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente
formada
Não tenho
Discordo Discordo Concordo Concordo
opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente
formada
Não tenho
Discordo Discordo Concordo Concordo
opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente
formada
84
6) Alunos com necessidades educativas especiais aprendem mais incluídos nas turmas regulares
com os seus pares de idades.
Não tenho
Discordo Discordo Concordo Concordo
opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente
formada
7) Os alunos com necessidades educativas especiais são bem aceites pelos outros alunos da
turma.
Não tenho
Discordo Discordo Concordo Concordo
opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente
formada
8) A inclusão de alunos com necessidades educativas especiais exige uma atenção especial e
individualizada a esses alunos e, consequentemente, muito do tempo do docente.
Não tenho
Discordo Discordo Concordo Concordo
opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente
formada
Não tenho
Discordo Discordo Concordo Concordo
opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente
formada
10) O aluno, com e sem necessidades educativas especiais, tem um maior sucesso na escola
quanto maior o envolvimento parental.
Não tenho
Discordo Discordo Concordo Concordo
opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente
formada
11) Qual a sua opinião do modo como decorre a inclusão de alunos com necessidades educativas
especiais em turmas regulares?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
85
Anexo C
(Encarregados de Educação)
86
QUESTIONÁRIO
Não tenho
Discordo Discordo Concordo Concordo
opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente
formada
2) Os alunos com necessidades educativas especiais são bem aceites e incluídos pelos seus
colegas.
Não tenho
Discordo Discordo Concordo Concordo
opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente
formada
3) Considera que as crianças com necessidades educativas especiais são incluídas pelos colegas
nos programas sociais da turma, como por exemplo, festas de aniversário?
Poucas
Nunca Às Vezes Muitas Vezes Sempre
Vezes
Não tenho
Discordo Discordo Concordo Concordo
opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente
formada
87
5) Alunos com necessidades educativas especiais aprendem mais incluídos nas turmas
regulares com os seus pares de idades.
Não tenho
Discordo Discordo Concordo Concordo
opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente
formada
6) A inclusão de alunos com necessidades educativas especiais em turmas regulares exige uma
atenção especial e individualizada a esses alunos afetando o tempo disponível do professor para
os restantes alunos.
Não tenho
Discordo Discordo Concordo Concordo
opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente
formada
7) O aluno, com e sem necessidades educativas especiais, tem um maior sucesso na escola
quanto maior o envolvimento parental.
Não tenho
Discordo Discordo Concordo Concordo
opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente
formada
9) Na escola que o(s) meu(s) filho(s) frequenta(m) existe apoio adequado para crianças com
necessidades educativas especiais?
Sim Não
10) Qual a sua opinião do modo como decorre a inclusão de alunos com necessidades especiais em
turmas regulares?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
88
Anexo D
Entrevistas Transcritas
89
Entrevista 1 (E1)
Idade: 43 anos
As crianças com necessidades especiais precisam de muito mais cuidados que nós
não temos… que eu nem sequer imaginava. Portanto, foi o meu intuito, como mulher,
que me fez conseguir trabalhar com essas crianças. (UR002, E1) Tive três vezes em
vinte e um anos crianças com necessidades especiais (UR003, E1) e foi intuição que
eu utilizei. (UR004, E1) E procurar ajuda, a psicólogos… fui falando com pessoas para
me ajudarem a desenvolver ao máximo essas crianças.
Hum.. uma menina, a S., era essencialmente motoras, tinha a coluna bífida. (UR005,
E1) O E. tinha… células do cérebro que morreram porque esteve tempo demais no
parto, portanto, ficou com um atraso mental muito grande. (UR006, E1) E foi o T. que é
também só físico.
Ora, uma atividade que eu acho que o T. adorou: fazer um jogo livre lá fora no recreio,
na relva. Menino sem mobilidade, tu sabes, mas que adorou quando pode participar
90
na rua, num jogo com os colegas, bem como a pintura, ele adorava. (UR008, E1) O R.
adorava fazer tudo. Eu nunca pus o T. fora das atividades dos outros meninos.
(UR009, E1) O T. apenas tinha mais um bocadinho de tempo para realizar as tarefas.
(UR010, E1) Ele estava completamente dentro das atividades do grupo. Ora, se uns
demoravam, imaginemos, cinco minutos, se ele precisasse de dez minutos para
realizar a tarefa (isto é um exagero), era os dez minutos que ele tinha. A fazer o
Froebel, a exigência que eu tinha a fazer as construções para os outros era diferente
da exigência que tinha para o T. Na construção, porque no cálculo depois exigia
exatamente a mesma coisa. Na construção ele demorava mais um bocadinho, mas
não faz mal, o que interessa é que ele conseguia fazer. (UR011, E1)
Hum… essa pergunta é difícil, porque é uma dificuldade interna, minha. (UR012, E1)
Faz-me muita confusão as crianças com problemas. (UR013, E1) Depois de eu me
adaptar, a mim própria, que vou ter que trabalhar com aquela criança com aquele tipo
de dificuldade, já não sinto dificuldade. (UR014, E1) Faço-me perceber? Quando a A.
me disse “vai ficar com o grupo do R.”, fartei-me de chorar, porque não sabia como é
que…como é que ia conseguir lidar com o T., pegar-lhe ao colo, todo o corpo dele me
fazia impressão. (UR015, E1) Depois de me mentalizar, foi muito bem, não sei…
passou. (UR016, E1)
5. Quais foram os aspetos positivos que sentiste, quer a nível profissional, quer
a nível pessoal, ao trabalhar com crianças com necessidades educativas
especiais?
Uma riqueza imensa! Uma riqueza da vida… toda por completo! (UR017, E1) Primeiro
porque tenho dois filhos saudáveis, que não sabem aproveitar o bom que é ser
saudável, depois achei muito bom as outras crianças terem um bom relacionamento
com o R. (UR018, E1) e o respeito que têm por ele. E pelas suas dificuldades
aprenderam a esperar por ele, a ajuda-lo a fazer as tarefas, toda a inter-ajuda foi
fabulosa. (UR019, E1) Acho que é um ensinamento muito grande para a vida, mas se
pudesse não repetir, não repetia. (UR020, E1)
91
Entrevista 2 (E2)
Idade: 48 anos
Não.. (UR021, E2) só fiz um mês de ensino especial e acho que não fiquei
especialmente preparada para isso.
Acho que faltou mais formação da parte da escola que não nos preparou para isso e o
estágio também foi só num sítio onde só havia crianças com paralisia cerebral e
síndroma de Down e não havia grande apoio também da parte dos monitores que lá
estavam. (UR022, E2) Foi um bocado experiência e dia-a-dia que as coisas
aconteceram. (UR023, E2)
Sim, (UR024, E2) já tive uma criança, há uns anos, não sei bem há quantos, talvez há
uns nove anos.
2.1 Que tipo de necessidades educativas especiais tinha a criança com que
trabalhaste?
Quando eu comecei aqui tive uma criança com uma deficiência bastante grave: não
falava, não comia sozinha, não fazia nada sozinha. Tínhamos que ser nós a começar,
a fazer tudo com ela, desde levar à casa-de-banho, de ir almoçar, de fazer os
trabalhos com ela, comia papel, não falava. Portanto, eu não sei exatamente se era
uma paralisia, não sei exatamente muito bem, porque também…também nunca se
falou muito sobre o assunto. Os pais também não aceitavam muito bem a deficiência
da filha e então foi assim tudo muito camuflado nesse ano. (UR025, E2) Por isso foi
uma experiência assim um bocadinho… logo no primeiro ano foi uma experiência
assim um bocadinho complicada, porque acabar o curso e vir para aqui foi um
92
bocadinho complicado. Nessa altura não tínhamos apoio absolutamente nenhum, nem
de apoios especiais aqui na escola nem nada… e foi assim um bocadinho, pronto, dia-
a-dia e ver o que é que ela precisava e… foi isso. Depois tive há nove anos, talvez,
outra criança e aí já houve um apoio, vinha uma senhora que vinha quê? Vinha duas
vezes por dia. Estava com ela cerca de uma hora. Ela falava, mas a nível cognitivo era
muito difícil, ela não aprendia. Hum… de resto fazia tudo sozinha, era mais problemas,
acho que era cognitivos, mesmo. Depois tive outro menino, a G., também tem uma
paralisia. Também estive com ele até, hum… abril ou… para aí abril, também sozinha,
nunca tive apoio. Depois só mais tarde é que veio o apoio, mas um apoio só a nível de
uma ajudante, uma tarefeira. Não houve apoio especial… que ele não falava, comia
sozinho, mas pronto, era preciso muito vigilância. Aqui na sala também era necessário
estar alguém sempre perto dele, (UR026, E2) porque ele, pronto, punha tudo na boca,
era uma criança muito complicada. Foram estes casos, estes três casos.
Hum…deixa-me ver…. As crianças… Não havia diferença, (UR028, E2) porque eles
entendiam-se bem. Apesar das crianças…. eu lembro-me do J., uma criança que não
falava, mas interagia bem com os outros. A não ser, pronto, que às vezes lhe tirassem
as coisas e ele ficasse mais agressivo e tentasse retirar, mas fora isso, não houve
assim necessidade, como é que hei-de explicar, de… pô-lo assim ao lado ou isso, não
houve assim necessidade. Tinha é que estar sempre perto de alguém e a única coisa
que eu tinha que fazer mesmo era quando não estava essa senhora, tinha que pedir a
uma auxiliar daqui da escola para estar perto, porque não podia estar sozinha com o
grupo, que era um grupo na altura, se não estou em erro, de vinte e sete e era um
bocadinho complicado. Eu tentava sempre chamar uma criança, pronto, que estivesse
mais ligada a ele para ele poder estar mais à vontade, para poder brincar, (UR029, E2)
até propriamente aqui na sala, punha sempre uma criança que achava que se dava
bem com ele e que não causasse assim grande perturbação na sala. (UR030, E2)
Utilizava tipo essa estratégia, ou pronto, chamar uma funcionária, para quando estava
a fazer determinado trabalho com outras crianças que precisavam de mais atenção,
93
claro, eu tinha que pedir a alguém para vir, para estar mais perto dele… pronto, para
estar mais vigiado. Foi mais esta estratégia que eu consegui.
A dificuldade era grande, (UR031, E2) especialmente por causa do número de alunos
que eram. Não podia estar mais tempo com ele, porque tinha os outros para estar
também. (UR032, E2) Foi mais essa a dificuldade, de serem muitos e não ter o tempo
que ele precisava. Foi essa a dificuldade que acho que senti mais.
5. Quais foram os aspetos positivos que sentiste, quer a nível profissional, quer
a nível pessoal, ao trabalhar com crianças com necessidades educativas
especiais?
É assim, hum… em relação ao J. foi complicado, porque ele nunca… hum… não
houve assim nada que… é como eu digo, como era uma criança que não falava,
pronto, só havia aquela proximidade mais de… tipo, carinho. Via-se que às vezes ele
vinha abraçar-me, e pronto, precisava daquele carinho, daquele contacto físico.
(UR033, E2) E acho que isso consegui transmitir-lhe. (UR034, E2) Em relação à B.,
também era outra criança que tinha necessidades, mais na parte cognitiva… aí penso
que não há assim nada de especial a salientar. Em relação à outra menina, que era a
M., também era muito complicado, ela não falava. Foi benéfico, (UR035, E2) foi já uma
grande experiência assim… digamos... como é que eu hei-de explicar… um calo,
digamos. Comecei logo, nesse ano, em “cheio”, como se costuma dizer.
94
Entrevista 3 (E3)
Idade: 28 anos
1.3 O que é que houve nessa formação que tenha ajudado para tal?
Acima de tudo a prática pedagógica e depois poder falar com os professores que me
acompanhavam na altura, (UR037, E3) sobre os diferentes casos… e eles apoiarem-
me nesse sentido, a darem-me dicas de como atuar. (UR038, E3)
2.1 Que tipo de necessidades educativas especiais tinha a criança com que
trabalhaste?
Era uma criança que tinha… hum… tem uma patologia, salvo erro, se chama atrofia
neuromuscular. (UR040, E3) Penso que é assim que se diz. Ou seja, a criança a nível
cognitivo é normal, é uma criança dita normal, em termos de aprendizagem, de fala…
hum… a nível físico e motor tem muitas limitações.
95
Faze-los… hum… sentir o mesmo que a criança que estava na sala de aula estava a
sentir, ou seja, aquela criança não pode… andar, não pode correr, não pode saltar,
então… tentei que eles conseguissem brincar sem ser a correr, a saltar, a pular, sem
ser a usar as pernas. Tentei que todos se pusessem no lugar, neste caso, do colega e
tentassem imaginar como é que é o dia dele todo sentado. (UR042, E3) Porquê?
Porque o colega queixava-se constantemente de dores de costas e havia meninos que
diziam muitas vezes “Estás-te sempre a queixar das costas. É uma chatice, que seca,
estás sempre com dores nas costas”. Então eu disse “vamos experimentar estar o dia
todo sentados”, não nos vamos levantar, neste caso, não foi o dia todo, foi uma parte
do tempo suficiente para eles perceberem que estar o dia todo sentado, na mesma
posição e sem se poder mover de maneira nenhuma para qualquer um dos lados não
era hum… fácil. E… para eles perceberem que era importante passarem as mãos
pelas costas do colega, fazerem uma massagem, (UR043, E3) hum… e dizerem “não
te importes de estar assim, porque também é bom estar assim”… tentar dar a volta à
situação. (UR044, E3) Quanto ao recreio, quando eu tive essa criança poucas vezes
ele foi ao recreio, ele fazia pneumonias constantes. E o facto de tomar antibióticos
fazia com que ele tivesse as defesas muito em baixo, estava constantemente, …
hum… estava constantemente a apanhar tudo e mais alguma coisa, bastava ficar um
bocadinho de mudança de temperatura ele ficava doente… então a mãe pediu-me
para eu não o levar ao recreio e ele ficar dentro da escola. As vezes que foi ao recreio
coloquei uma carpete na relva, ele sentava-se nessa carpete e escolhia um grupo de
amigos para brincar com ele. Quando não ia ao recreio ficava na sala com um grupo
de amigos e com uma funcionária, sempre que possível, a vigiar… a brincar também,
sentado, ou com legos, ou com puzzles, ou com uma bola que ele adorava jogar
futebol, (UR045, E3) mas pronto, era a passar a bola uns para os outros.
As dificuldades foi… hum… conseguir manter-me, como é que se diz… hum… ser
imparcial, exatamente… conseguir ser imparcial. (UR046, E3) O facto de eu saber que
essa criança tinha aquele tipo de patologia e que mais cedo ou mais tarde a vida dele
pode mudar para pior, ou seja, é uma criança que a nível… hum… pessoal e a nível
de crescimento e de felicidade tem tendência… a felicidade somos nós que a vamos
proporcionando a ele. O facto de saber que ele pode ter uma vida… uma esperança
de vida muito, muito curta eu não conseguia ser imparcial, então não conseguia tratar,
muitas vezes, da mesma maneira que tratava os outros. (UR047, E3) Vinha muitas
96
vezes à boca o “coitadinho”, “como é que o vou ajudar?”… hum… “será que estou a
fazer bem?”, “será que o tou a aleijar?”… tinha muito medo de o aleijar, uma vez que
era uma doença, e é, uma vez que é uma doença física acima de tudo… tinha muito
medo de não saber se estava a agarrar bem. (UR048, E3) Senti muitas das vezes que
precisava de um apoio, acima de tudo de um médico, de um técnico, fisiatra…
fisioterapeuta… não sei… que me tentasse explicar como é que eu podia agarrar, se
na maneira que ele pegava no lápis se eu não estava a magoar, se aquela era a
maneira correta… a maneira como ele mexia a cabeça… quando eu pedi para falar
mais alto será que os pulmões dele e o nível da respiração, será que eu não o estava
a prejudicar? (UR049, E3) A nível… neste caso com esta criança, foi a única criança
que tive, foi as dificuldades físicas.
5. Quais foram os aspetos positivos que sentiste, quer a nível profissional, quer
a nível pessoal, ao trabalhar com crianças com necessidades educativas
especiais?
Foi um enriquecimento inexplicável, (UR050, E3) porque… hum… deu-me uma grande
lição de vida. (UR051, E3) A força de vontade, a força de viver que… que aquela
criança… foi a única experiência que eu tive, me transmitiu… que eu tive no contexto
de sala de aula e como meu aluno, das outras crianças com quem eu passei também
foi muito enriquecedor. É uma criança que tem perfeita consciência das suas
limitações e que tem uma força de vida inexplicável. (UR052, E3) E isso fez-me crescer
(UR053, E3) muito e pensar que às vezes as coisas que eu dou, que nós nos
preocupamos como mínimas coisas não valem nada, porque há coisas muito piores.
(UR054, E3)
97
Entrevista 4 (E4)
Idade: 56 anos
1. Considera que a sua formação inicial a preparou para trabalhar com crianças
com e sem NEE em simultâneo?
A preparação foi só para crianças sem… sem necessidades especiais, (UR056, E4)
aliás, quando eu tirei o curso nem havia integração, pelo menos não havia muito a
integração de crianças com necessidades. (UR057, E4)
Agora tenho de pensar um bocado… É assim, eu tive com problemas motores… e não
intelectuais… motores. Tive..tive. (UR058, E4)
2.1 Que tipo de necessidades educativas especiais tinha a criança com que
trabalhou?
É assim,… hum… nós tratamos as crianças com necessidades igual como tratamos as
outras, não estamos até a fazer diferença. (UR061, E4) E os colegas também não
98
costumam fazer diferença. Nós adaptamos, hum… as… pronto, nós fazemos igual
como fazemos para os outros. (UR062, E4) Claro que se a criança não se pode mover,
nós ajudamos nesse sentido. (UR063, E4) Mas de resto, acho que não é preciso
estratégia nenhuma. (UR064, E4) Não é? Uma criança que não se desloca, nós
ajudamos nesse sentido, mas… Eu acho que os colegas nem notam, sendo colega da
mesma turma, acho que eles nem notam que a criança tem deficiência. Se for um que
eles não conheçam até são capazes de apontar “olha não anda, não fala…”, quando é
da turma deles, hum… eles não notam como, como… seja diferente. Não notam as
diferenças. (UR065, E4)
Pois… é assim, a nível pessoal…, a pessoa tenta sempre proteger, queira que não
queira, acaba sempre por proteger, porque tem que dedicar um bocadinho mais de
atenção, não é? Hum… As dificuldades é assim… se há uma criança, por exemplo,
que não se desloca, vamos para o recreio, vamos para a ginástica… aquela criança,
temos que esperar que haja alguém que a possa levar , porque nós levando o grupo
não podemos levar essa criança. (UR066, E4) Por exemplo, estou-me a lembrar de
uma criança que eu tinha que de deslocava numa, numa cadeirinha e antes não se
deslocava na cadeirinha, deslocava-se num carrinho de bebé e nem sempre era eu
que levava. E era preciso, pronto…, a criança não podia ficar sozinha, (UR067, E4) era
preciso muitas vezes ou ficar um colega ou o grupo todo esperar… (UR068, E4) quer
dizer, condiciona um bocadinho, (UR069, E4) só que nós adaptamo-nos ao que há.
(UR070, E4)
5. Quais foram os aspetos positivos sentiu, quer a nível profissional, quer a nível
pessoal, ao trabalhar com crianças com necessidades educativas especiais?
Pois… é assim, é uma experiência diferente, nós temos que dar um bocadinho de nós,
temos que… temos que nos adaptar, (UR071, E4) não é? E tentar que a nossa atitude
seja o mais natural possível, (UR072, E4) daí as outras crianças não notarem que há
diferença. Geralmente são crianças muito felizes e muito…hum… de bem com a vida
(UR073, E4) e…, porque também são muito bem tratadas, (UR074, E4) não é?
Porque… não se sentem diferentes, porque nós tentamos não fazer a diferença.
(UR075, E4)
99
Entrevista 5 (E5)
Idade: 34 anos
Tive, mas não diretamente. (UR079, E5) No meu primeiro ano de serviço, peguei numa
turma em abril, portanto, foi só abril, maio e junho, embora que abril foi só metade do
mês, porque era altura da páscoa,… uma criança com síndroma de Down (UR080, E5)
e…, e… na sala que… eu tinha mais ou menos quinze crianças, de 3 e de 4 anos, e
tinha duas crianças com necessidades especiais. Só que um tinha síndrome de down
e a outra espinha bífida, (UR081, E5) mas um nível bem acentuado. Mas só que nesse
caso eu tive sempre uma educadora do Estado a apoiar essas duas crianças, quase
que diariamente. Portanto, não tive, é o que eu digo, não tive que diretamente
trabalhar com elas…(UR082, E5) aulas de tema de vida, de matemática, embora
assistissem, a educadora tava sempre ao lado a trabalhar os diferentes materiais com
elas.
100
Já fiz.. (UR083, E5) hum.. dois, durante… durante a minha vida no pré escolar, só que
também aprendi várias coisas, hum…, mas foi mais direcionado a atividades lúdicas,
musicoterapias e… coisas do género. Diretamente não.
É complicado… pois não faço ideia nem nunca pensei nisso. (UR084, E5) Uma pessoa
se tivesse assim algum menino com necessidades educativas especiais na sala se
calhar tentava pensar mais nisso e arranjar outras estratégias. (UR085, E5) Nunca
pensei sequer nisso, até porque quando eu tive a trabalhar tinha sempre uma
educadora e uma auxiliar lá com eles, sempre. (UR086, E5)
Não senti, nenhuma. (UR087, E5) Até porque o que tinha Síndrome de Down falava…
era… e interagia com as outras crianças, fazia tudo na rotina do dia-a-dia… casa-de-
banho, controlava os esfíncteres, tanto um como o outro. E… nunca senti assim
grandes dificuldades, até porque na parte de, digamos, educativa… tinha lá sempre a
tal educadora que me apoiou muito, mesmo em fichas de trabalho… (UR088, E5) era
uma educadora só com licenciatura em pré-escolar. Agora, nos últimos anos que
tivemos lá um menino que também nasceu muito prematuro e a parte direita ficou um
bocadinho paralisada, já era uma educadora com pós-graduação em necessidades
educativas especiais, sim.
5. Quais foram os aspetos positivos que sentiste, quer a nível profissional, quer
a nível pessoal, ao trabalhar com crianças com necessidades educativas
especiais?
Conseguir fazer algo por eles, conseguir com que eles evoluam, e… vê-los crescer,
(UR089, E5) principalmente quando tentamos incutir-lhes alguma coisa e eles
conseguem como os outros. (UR090, E5) Não tudo, mas algumas partes. Foi muito
bom… (UR091, E5) e sentir que eles, tal como os outros, gostam de nós e precisam de
nós… (UR092, E5) muito bom!
101
Entrevista 6 (E6)
Idade: 36 anos
2.3. Que tipo de necessidades educativas especiais tinham essas crianças com
quem trabalhaste?
Hum… uma menina tinha espinha bífida, (UR098, E6) hum… dependia de nós para a
levarmos para qualquer tipo de atividade, até mesmo para almoçar, para ir à casa-de-
banho, todas essas situações. Hum… hiperatividade também já tive… (UR099, E6)
também é considerado não é? Hum… défice de atenção… e agora também o T., mas
é mais naquela situação de dar só apoio na hora de almoço, porque não é meu aluno
direto, não é?
102
2.4. Tens frequentado algum workshop ou ação de formação sobre educação
especial?
Hum… fiz um uma vez, (UR100, E6) Mas já foi há algum tempo… (UR101, E6) Falava
sobre… mas era só mais a falar sobre hiperatividade… dislexia… Ah! Esqueci-me de
dizer que tive um menino com dislexia também, mas assim, super, super avançado.
Uma das NEE’s que eu tive, foi uma menina, como eu já referi há pouco com espinha
bífida, hum… em que uma das estratégias que eu fazia era, no recreio, jogos em que
ela pudesse sempre participar. (UR102, E6) Evitar a corrida, a não ser quando ela
tivesse a cadeirinha e ela é que utilizava a bola e… situações assim, que ela fosse,
hum… vamos lá… a personagem principal. E depois…na sala de aula, hum... até
mesmo para as festas e tudo, tudo se organizava em função dela nunca ficar de fora.
(UR103, E6) Hum… rodas e etc. Com… meninos com dislexia, uma das situações era,
… fazer o ditado para esse menino e para os outros também, mas dando dicas, hum…
da nossa voz, onde batia a língua, onde não batia, fazer esses estratagemas. (UR104,
E6) Os meninos com… hiperatividade, era serem eles a serem chefes de alguma
coisa… (UR105, E6) e dar-lhes essa… hum… falta-me o termo… responsabilidade. Ao
serem chefes de alguma coisa eles tinham de ficar responsáveis por determinada
situação e ajudava, imagina… se fossem chefes, sei lá… das folhas ou de qualquer
outro tipo de material, o facto de eles poderem levantar-se com mais frequência que
os outros meninos, (UR106, E6) hum… acabava por lhes dar um certo destaque e de
não… da pessoa não ter sempre que chamar à atenção, hum… para estar sentado, ou
por não se virar… era uma forma de terem uma maior mobilidade e de não se notar
tanto, hum… o facto de se movimentarem mais ou menos que os outros meninos.
Hum… muito sinceramente, aquilo que senti mais dificuldade era na maneira como
falar com os pais, (UR107, E6) porque temos sempre que pensar que quando falamos
com os pais é pensar “se fosse meu filho, o que é que eu gostaria de ouvir?”. E é
muito mais fácil nós ouvirmos dizer que os nossos são os melhores do que ouvirmos
103
os defeitos. Quer queiramos, quer não, essas hum… diferenças, os pais sentem-nas,
não como diferenças, mas como defeitos. E é complicado ouvir-se dizer que o menino
dá mais erros, que o menino continua a cometer aquele erro, o tempo passa e…, ou
que há uma avaliação e que determinado ponto a nível de educação física não foi
avaliado, porque o menino não se desloca… enfim… essas coisas são sempre… tem
de haver uma certa diplomacia para se falar com os pais e essas palavras tem que ter
algum carinho, (UR108, E6) alguma… Começar sempre pela parte positiva e depois
chegar àqueles pontos que são menos bons, ou àqueles pontos que por qualquer
motivo não conseguem alcançar. Essa é a parte que eu senti mais dificuldade, porque
esses meninos acabam por nos dar imenso, porque se… hum… cria-se simpatia,
normalmente esses meninos que têm essas necessidades, os próprios colegas têm
sempre, se nós os prepararmos, têm sempre uma sensibilidade maior para lidar com
eles, nunca se esquecem deles, hum... há sempre aquela vontade de ajudar sempre
(UR109, E6) que… ver qual deles é que vai auxiliar o colega, ou o que é que precisa,
ou até no ir à casa-de-banho possa acompanhar, para esse menino não ir sozinho,
(UR110, E6) enquanto que os outros vão em fila à casa-de-banho, vão… vão na forma,
esses meninos por qualquer motivo, ou nesse caso, da menina que eu referi que não
se deslocava, hum… vai sozinha com uma empregada ou tem de ir pelo lado da
rampa, então porque não ter um coleguinha que a acompanhe?! (UR111, E6) E… e é
engraçado porque todos os meninos perguntam: “hoje posso ir eu? Hoje eu…?” e
acaba por haver essa cumplicidade, (UR112, E6) e entre nós, tem que ser a mesma
coisa. Pois eu acho que esses meninos como percebem que nós lhes damos muito,
acabam por ser, vamos lá…, mais agradecidos, (UR113, E6) se é que podemos
chamar assim… com os outros meninos fica sempre aquela empatia… e é engraçado
que hoje com os facebooks e tal, nota-se eles virem pedir-nos a amizade, com o
passar dos anos, não é? quer dizer que ficou lá alguma coisa, não foi só o momento
5. Quais foram os aspetos positivos que sentiste, quer a nível profissional, quer
a nível pessoal, ao trabalhar com crianças com necessidades educativas
especiais?
A nível pessoal acho que ganhei imenso, (UR114, E6) nós fazemos uma tempestade
num copo de água quando alguma coisa nos corre mal, e estes meninos apesar das
suas dificuldades, uns em menor grau e outros em grau superior, … apesar das
dificuldades que sentem, eles mostram-nos sempre que os nossos problemas não
existem. Estes meninos fazem-nos ver que os nossos problemas quase não existem,
(UR115, E6) hum… nós fazemos qualquer coisa que nos corre menos bem, dizemos
104
logo “Ai…o dia hoje foi péssimo, correu mal isto, aquilo, aqueloutro”… e quando nós
olhamos para meninos ou alguém que têm problemas físicos, hum… aí é muito
complicado. Nós pensamos logo que os nossos problemas realmente não existem.
Porque esses meninos sorriem, puxam por nós, dão-nos apoio, ajudam mesmo os
pais, tão sempre com um sorriso, sempre com boa disposição, (UR116, E6) pelo
menos os meninos todos que por mim passaram, ou na minha turma ou na turma do
lado, sempre meninos muitíssimo bem dispostos, muito alegres, (UR117, E6) hum…
nós pensamos… vemos um recreio inteiro a correr de um lado para o outro, a pular, a
saltar e esses meninos não têm essa mobilidade. Mas mesmo assim, ouve-se a
gargalhada deles, (UR118, E6) eles brincam com os colegas perfeitamente…(UR119,
E6) uma coisa que eu noto, é que esses meninos são perfeitamente bem integrados.
(UR120, E6) Hum… muito positivos, muito bem dispostos, hum… muito menos
birrentos do que os outros meninos que fazem uma vida dita normal e, hum… isso
enriquece-nos muito, faz-nos pensar que, hum… há coisas na vida que são para ser
aproveitadas (UR121, E6) e que esses meninos aproveitam e que nós por vezes
dramatizamos. A nível pessoal é isso. A nível profissional, claro que é bom, porque
abre-nos uma panóplia de situações em que nós habituamo-nos a lidar com todos,
com todos os meninos, (UR122, E6) hum…, mas aquilo que se vê é que ao longo do
tempo nós começamos a ter uma sensibilidade muito diferente e uma forma de
trabalhar até diferente com essa experiência, (UR123, E6) não é? com os vários casos
que vão surgindo. Portanto, é sempre enriquecedor (UR124, E6) e nunca podemos ver
“ah, vou ter uma criança com estes problemas” e ver isso como um fardo… não.
Temos de ver como uma mais valia…. (UR125, E6) Porque essas pessoas mesmo
para a nossa sociedade acabam por ser uma mais valia. Claro que para a família é
sempre complicado pensar… porque os pais pensam sempre que depois quando
terminarmos que qualidade de vida é que… é que vão ter. Claro que sim… mas nós
temos de pensar que essas pessoas são uma mais valia, porque nos incutem força,
(UR126, E6) hum…acho que é por aí.
105
Entrevista 7 (E7)
Idade: 34 anos
Este ano…este ano. (UR130, E7) A nível, a nível motor, apenas! (UR131, E7) Apenas!
Porque a nível cognitivo é um bom aluno. Motricidade fina não tem… praticamente.
Ele para pegar num lápis hum… tem bastante dificuldade, embora já tenha melhorado.
Hum… tem que ter um lápis próprio para ele, com uma ponta bastante grossa, porque
ele… como não pega bem no lápis, não é? para escrever precisa de algo que…que…
que quando ele mexa a mão consiga desenhar no papel. E o lápis tem de ser um lápis
bastante grosso… pronto. Mas de resto, a nível cognitivo é um aluno normal.
Agora não, já frequentei (UR132, E7) há coisa de…. de… quatro anos, quatro anos.
(UR133, E7)
106
3. Tendo em conta que já trabalhaste com crianças com necessidades
educativas especiais, dá-me um exemplo de uma estratégia que tenhas utilizado
na sala de aula, ou no recreio de modo a promover a inclusão.
O T. para escrever no quadro tem muitas dificuldades porque não consegue agarrar o
giz. Encontrei um quadro de caneta, um quadro…como é que se chamam aqueles
quadros? Aquelas canetas de acetato… e ele como consegue agarrar na caneta, que
é um material mais grosso, hum… ele enquanto os outros iam ao quadro fazer
operações ele fazia nesse quadro que era próprio para ele. (UR134, E7) Logo, ele
interagia com a turma ao mesmo tempo, fazendo as operações tal e qual como os
outros, (UR135, E7) não num quadro de giz, mas num quadro de caneta.
Nenhuma! Nenhuma! (UR136, E7) Com este aluno, não! (UR137, E7) Estes
alunos…esta turma…esta turma é muito unida e eles próprios ajudam o colega,
portanto, não senti dificuldade nenhuma. Nenhuma. (UR138, E7)
5. Quais foram os aspetos positivos que sentiste, quer a nível profissional, quer
a nível pessoal, ao trabalhar com crianças com necessidades educativas
especiais?
Hum…a evolução do meu aluno foi bastante positiva em todos os níveis. (UR139, E7)
Hum… na escrita, principalmente. Ele melhorou bastante a caligrafia, a ortografia...
Agora ele tem um computador que o vai ajudar a escrever, porque ele cansa-se com
muita facilidade. Hum… eu apenas utilizei o computador agora no final do período
para expressão escrita, porque acho que ele ditados precisa de continuar a trabalhar
como todos os outros. Hum…. Mas… e a nível da matemática acho que ele melhorou
bastante a nível de raciocínio e das operações. E o que me interessa também é que
ele seja feliz, (UR140, E7) e ele foi feliz durante este ano, (UR141, E7) pelo que sei!
Pelo que sei ele foi feliz.
107
Anexo E
108
Anexo E - Quadro de categorização das entrevistas
109
poder falar com os professores que
me acompanhavam na altura…”
(UR037)
“….eles apoiarem-me nesse sentido, E3
a darem-me dicas de como atuar”.
(UR038)
“…foi o meu intuito, como mulher, E1
que me fez conseguir trabalhar com
essas crianças”. (UR002)
“…foi a intuição que eu utilizei”. E1
(UR004)
“…experiência e dia-a-dia que as E2
coisas aconteceram”. (UR023)
“…é uma questão de hábito…” E6
(UR096)
“Tive três vezes em vinte e um anos E1
2. Experiência 2.1. Contacto crianças com necessidades
profissional profissional com especiais…” (UR003)
alunos com NEE “Sim, já tive uma criança…” (UR024) E2
“Tive. Sim, tive”. (UR039) E3
“Tive…tive”. (UR058) E4
“Tive, mas não diretamente”. E5
(UR079)
“Sim”. (UR097) E6
“Este ano…este ano”. (UR130) E7
“…tinha a coluna bífida…” (UR005) E1
2.2. Tipo de NEE “…células do cérebro que morreram E1
porque esteve tempo demais no
parto, portanto, ficou com um atraso
mental muito grande”. (UR006)
“…nunca se falou muito sobre o E2
assunto. Os pais também não
aceitavam muito bem a deficiência
da filha e então foi assim tudo muito
camuflado nesse ano”. (UR025)
110
“…uma patologia, salvo erro, se E3
chama atrofio neuromuscular”.
(UR040)
“Foi motora…” (UR059) E4
“…uma criança com síndrome de E5
down…” (UR080)
“…espinha bífida…” (UR081, E5, E6
UR098)
“…tive sempre uma educadora do E5
Estado a apoiar essas duas
crianças, quase que diariamente.
Portanto, (…) não tive que
diretamente trabalhar com elas…”
(UR082)
“…hiperatividade também já tive…” E6
(UR099)
“A nível motor, apenas!” (UR131) E7
“Não” (UR007, UR027, UR060) E1, E2, E4
2.3. Procura de “Já frequentei”. (UR041) E3
formação na área “Já fiz…” (UR083) E5
“…fiz um uma vez…” (UR0100) E6
“Mas já foi há algum tempo…” E6
(UR101)
“Já frequentei…” (UR132) E7
“…há coisa de…de…quatro anos…” E7
(UR133)
“Menino sem mobilidade (…), mas E1
3. Promoção 3.1. Estratégias que adorou quando pode participar
da inclusão na utilizadas na rua, num jogo com os colegas,
sala de aula / bem como, a pintura, ele adorava”.
recreio (UR008)
“Eu nunca pus o T. fora das E1
atividades dos outros meninos”
(UR009)
“…tinha mais um bocadinho de E1
111
tempo para realizar as tarefas”.
(UR010)
“…demorava mais um bocadinho, E1
mas não faz mal, o que interessa é
que ele conseguia fazer”. (UR011)
“Não havia diferença…” (UR028) E2
“…chama uma criança, pronto, que E2
estivesse mais ligada a ele para ele
poder estar mais à vontade, para
poder brincar”. (UR029)
“…grande perturbação na sala.” E2
(UR030)
“…uma carpete na relva, ele E3
sentava-se nessa carpete e escolhia
um grupo de amigos para brincar
com ele. Quando não ia ao recreio
ficava na sala com um grupo de
amigos e com uma funcionária,
sempre que possível, a vigiar… a
brincar também, sentado, ou com
legos, ou com puzzles, ou com uma
bola que ele adorava jogar futebol”.
(UR045)
“…nós tratamos as crianças com E4
necessidades igual como tratamos
as outras, não estamos até a fazer
diferença.” (UR061)
“...nós fazemos igual como fazemos E4
para os outros.” (UR062)
“…se a criança não se pode mover, E4
nós ajudamos nesse sentido.”
(UR063)
“…não é preciso estratégia E4
nenhuma.” (UR064)
“…pois não faço ideia nem nunca E5
112
pensei nisso.” (UR084)
“…se tivesse assim algum menino E5
com necessidades educativas
especiais na sala se calhar tentava
pensar mais nisso e arranjar outras
estratégias.” (UR085)
“…tinha sempre uma educadora e E5
uma auxiliar lá com eles, sempre.”
(UR086)
“…ela pudesse sempre participar…” E6
(UR102)
“…a personagem principal. (…) tudo E6
se organizava em função dela nunca
ficar de fora.” (UR103)
“…dando dicas … da nossa voz, E6
onde batia a língua, onde não batia,
fazer esses estratagemas.” (UR104)
“…serem chefes de alguma E6
coisa…e dar-lhes essa…
responsabilidade.” (UR105)
“…poderem levantar-se com mais E6
frequência que os outros meninos.”
(UR106)
“…ver qual deles é que vai auxiliar o E6
colega, ou o que é que precisa, ou
até no ir à casa-de-banho possa
acompanhar, para esse menino não
ir sozinho.” (UR110)
“…porque não ter um coleguinha E6
que a acompanhe?!” (UR111)
“…um quadro de caneta (…) e ele E7
consegue agarrar na caneta, que é
um material grosso (…) ele
enquanto os outros iam ao quadro
fazer operações ele fazia nesse
113
quadro que era próprio para ele.”
(UR134)
“…ele interagia com a turma ao E7
mesmo tempo, fazendo as
operações tal e qual como os
outros.” (UR135)
“…achei muito bem as outras E1
3.3. Socialização crianças terem um bom
com os pares relacionamento com o T.” (UR018)
“...nem notam que a criança tem E4
deficiência. (…) quando é a turma
deles, hum…eles nem notam como
seja diferente. (…) Nem notam as
diferenças.” (UR065)
“…haver essa cumplicidade…” E6
(UR112)
114
“…tentar dar a volta à situação.” E3
(UR044)
“…é uma dificuldade interna, minha.” E1
4. Dificuldades 4.1. Identificação de (UR012)
dificuldades “Faz-me muita confusão as crianças E1
com problemas.” (UR013)
“…como é que ia conseguir lidar E1
com o R., pegar-lhe ao colo, todo o
corpo dele me fazia impressão.”
(UR015)
“…sempre perto dele…” (UR026) E2
“A dificuldade era grande.” (UR031) E2
“…por causa do número de alunos E2
que eram. Não podia estar mais
tempo com ele, porque tinha os
outros para estar também.” (UR032)
“…conseguir ser imparcial.” (UR046) E3
“O facto de saber que ele pode ter E3
uma vida…uma esperança de vida
muito, muito curta eu não conseguia
ser imparcial, então não conseguia
tratar, muitas vezes, da mesma
maneira que tratava os outros.”
(UR047)
“…tinha muito medo de o E3
aleija…tinha muito medo de não
saber se estava a agarrar bem…”
(UR048)
“… acima de tudo um médico, de um E3
técnico, fisiatra… fisioterapeuta.
…que me tentasse explicar como é
que eu podia agarrar, se na maneira
que ele pagava no lápis se eu não
estava a magoar, se aquela era a
maneira correta… a maneira como
115
ele mexia a cabeça….quando eu
pedi para falar mais alto será que os
pulmões dele e o nível de
respiração, será que eu não o esta a
prejudicar?” (UR049)
“…porque nós levando o grupo não E4
podemos levar essa criança.”
(UR066)
“…a criança não podia ficar E4
sozinha.” (UR067)
“…muitas vezes ou ficar um colega E4
ou o grupo todo esperar…” (UR068)
“…condiciona um bocadinho.” E4
(UR069)
“Não senti, nenhuma.” (UR087, E5, E7
UR036)
“…nunca senti assim grandes E5
dificuldades, até porque na parte de,
digamos educativa… tinha lá
sempre a tal educadora que me
apoiou muito, mesmo em fichas de
trabalho.” (UR088)
“…foi complicado adaptar-me à E6
situação…” (UR095)
“…era na maneira como falar com E6
os pais…” (UR107)
“…uma certa diplomacia para se E6
falar com os pais e essas palavras
têm que ter algum carinho…”
(UR108)
“Com este aluno, não!” (UR137) E7
“…esta turma é muito unida e eles E7
próprios ajudam o colega, portanto,
não senti dificuldade nenhum.
Nenhuma.” (UR138)
116
“Depois de eu me adaptar, a mim E1
própria, que vou ter que trabalhar
com aquela criança com aquele tipo
de dificuldade, já não sinto
dificuldade.” (UR014)
“Depois de me mentalizar, foi muito E1
bem, não sei… passou.” (UR016)
“…nós adaptamo-nos ao que há…” E4
(UR070)
“É uma criança que tem perfeita E3
5. Processo de 5.1. Reconheci- consciência das suas limitações e
inclusão mento pessoal e que tem uma força de vida
profissional inexplicável.” (UR052)
“Geralmente são crianças muito E4
felizes e muito…hum… de bem com
a vida…” (UR073)
“…mais agradecidos…” (UR113) E6
“…esses meninos sorriem, puxam E6
por nós, dão-nos apoio, ajudam
mesmo os pais, tão sempre com um
sorriso , sempre com boa
disposição…” (UR116)
“…sempre meninos muitíssimo bem E6
dispostos, muito alegres…” (UR117)
“…vemos um recreio inteiro a correr E6
de um lado para o outro, a pular, a
saltar e esses meninos não têm
essa mobilidade. Mas mesmo assim
ouve-se a gargalhada deles…”
(UR118)
“…ele foi feliz durante este ano…” E7
(UR141)
“…é um ensinamento muito grande E1
para a vida, mas se pudesse não
repetir, não repetia.” (UR020)
117
“Via-se que às vezes ele vinha E2
abraçar-me, e pronto, precisava
daquele carinho, daquele contacto
físico.” (UR033)
“…acho que consegui transmitir-lhe.” E2
(UR034)
“…mínimas coisas não valem nada, E3
porque há coisas muito piores.”
(UR054)
“…é uma experiência diferente, nós E4
temos que dar um bocadinho de
nós, temos que… temos que nos
adaptar…” (UR071)
“…que a nossa atitude seja o mais E4
natural possível…” (UR072)
“…não se sentem diferentes, porque E4
nós tentamos não fazer a diferença.”
(UR075)
“…fazem-nos ver que os nossos E6
problemas quase não existem…”
(UR115)
“…há coisas na vida que são para E6
serem aproveitadas...” (UR121)
“…começamos a ter uma E6
sensibilidade muito diferente e uma
forma de trabalhar até diferente com
essa experiência…”(UR123)
“…como uma mais valia…” (UR125) E6
“…porque nos incutem força…” E6
(UR126)
“…foi bastante positiva em todos os E7
níveis.” (UR139)
“E o que me interessa também é E7
que ele seja feliz…” (UR140)
“Uma riqueza imensa! Uma riqueza E1
118
de vida…toda por completo!”
(UR017)
“Foi benéfico…” (UR035) E2
“Foi um enriquecimento E3
inexplicável….” (UR050)
“…uma grande lição de vida.” E3
(UR051)
“…fez-me crescer muito…” (UR053) E3
“…são muito bem tratadas…” E4
(UR074)
“Conseguir fazer algo por eles, E5
conseguir com que eles evoluam,
e… vê-los crescer…” (UR089)
“…incutir-lhes alguma coisa e eles E5
conseguem como os outros.”
(UR090)
“Foi muito bom…” (UR091) E5
“….acho que ganhei imenso…” E6
(UR114)
“…eles brincam com os colegas E6
perfeitamente…” (UR119)
“…esses meninos são perfeitamente E6
bem integrados.” (UR120)
“…uma panóplia de situações em E6
que nós habituamo-nos a lidar com
todos, com todos os meninos.”
(UR122)
“…é sempre enriquecedor…” E6
(UR124)
119
Anexo F
120
Anexo F - Categorização da questão aberta do inquérito dos docentes
QUESTÃO ABERTA DO
CATEGORIA SUBCATEGORIA CÓDIGO
INQUÉRITO DOS DOCENTES
121
área nomeadamente formações.”
(UR 129)
122
Anexo G
123
Anexo G - Categorização da questão aberta
do inquérito dos encarregados de educação
QUESTÃO ABERTA DO
CATEGORIA SUBCATEGORIA INQUÉRITO DOS ENC. CÓDIGO
EDUCAÇÃO
“Depende do tipo de
necessidade especial…” IEE2, IEE10
1. Necessidades 1.1 Tipo de NEE do
(UR136)
educativas aluno
especiais “…poderá depender do tipo de
necessidades da criança, da
turma em que é integrada e IEE11
dos recursos da escola.”
(UR137)
124
mais realistas e menos
egoístas.” (UR145)
“…decorre de um modo
positivo e adequado…” IEE11
(UR144)
escola
“…algumas lacunas na
comunicação / interação do
3.2. Práticas IEE5
aluno com a comunidade
educacionais e
escolar (…)” (UR142)
preparação dos
docentes “ …nem sempre as práticas
pedagógicas e educacionais
IEE5
parecem estar adequadas…”
(UR141)
125
“…Nem sempre a escola e
professores estão IEE8
preparados.” (UR140)
126