IBETEL - Curso de Teologia - Os Evangelhos 72 PDF
IBETEL - Curso de Teologia - Os Evangelhos 72 PDF
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Os Evangelhos
IBETEL
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Os Evangelhos 3
Os Evangelhos
4
Apresentação
Estávamos em um culto de doutrina, numa sexta-feira destas quentes do
verão daqui de São Paulo e a congregação lotada até pelos corredores
externos. Ouvíamos atentamente o ensino doutrinário ministrado pelo Pastor
Vicente Paula Leite, quando do céu me veio uma mensagem profética e o
Espírito me disse “fale com o pastor Vicente no final do culto”. Falei: - Jesus
te chama para uma grande obra de ensino teológico para revolucionar a
apresentação e metodologia empregada no desenvolvimento da Educação
Cristã.
Prefácio
Este Livro dos Evangelhos, parte de uma série que compõe a grade curricular
do curso em Teologia do IBETEL, se propõe a ser um instrumento de
pesquisa e estudo. Embora de forma concisa, objetiva fornecer informações
introdutórias acerca dos seguintes pontos: Evangelho de Mateus; Evangelho
de Marcos; Evangelho de Lucas e Evangelho de João.
Declaração de fé
O que é doutrina? À luz da Bíblia, doutrina é o ensino bíblico normativo,
terminante, final, derivado das Sagradas Escrituras, como regra de fé e
prática de vida, para a igreja, para seus membros. Ela é vista na Bíblia como
expressão prática na vida do crente. As doutrinas da Palavra de Deus são
santas, divinas, universais e imutáveis.
A mesma palavra aparece para "doutrina dos apóstolos" (At 2.42), que
parece ser uma indicação das crenças dos apóstolos. A segunda tem o
mesmo sentido e aparece em Mateus 15.9 e Marcos 7.7. É, portanto, nas
epístolas pastorais que elas aparecem com o sentido mais rígido de crenças
ou corpo doutrinal da igreja - a Teologia propriamente dita.
O que é Credo? Credo vem do latim e significa "creio", e desde muito cedo na
história do Cristianismo é mais que um conjunto de crenças. É uma confissão
de fé. Ele tem como objetivo sintetizar as doutrinas essenciais do cristianismo
para facilitar as confissões públicas, conservar a doutrina contra as heresias
e manter a unidade doutrinária. Encontramos no Novo Testamento algumas
declarações rudimentares de confissões fé: A confissão de Natanael (Jo
1.50); a confissão de Pedro (Mt 16.16; Jo 6.68); a confissão de Tomé (Jo
20.28); a confissão do Eunuco (At 8.37); e artigos elementares de fé (Hb 6.1-
2).
Os Evangelhos 7
O IBETEL crê:
No batismo bíblico com o Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a
intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras línguas,
conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7).
invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da grande
tribulação; Segunda - visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar
sobre o mundo durante mil anos (1Ts 4.16.17; 1Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc
14.5; Jd 14).
Sumário
Apresentação
Prefácio
Declaração de fé
Introdução
A Bíblia num Relance
O que é o Evangelho
Evangelhos e Evangelistas
Os Evangelhos Sinóticos
Por quê quatro Evangelhos?
Capítulo 1
Evangelho de Mateus
1.1. Autoria
1.2. Data
1.3. Cristo Revelado
1.4. O Espírito Santo em ação
1.5. Conteúdo
1.6. O tema Central
1.7. Estilo e material literário
1.8. Abordagem Peculiar
1.9. Pontos salientes em Mateus
1.10. O grande discurso sobre o fim. Capítulos (24 e 25)
1.11. Estudando as parábolas de Mateus
1.12. Contexto histórico do ministério público de Jesus até Mateus 13
1.13. Parábolas
Capítulo 2
Evangelho de Marcos
2.1. Importância do Evangelho
2.2. Autoria
2.3. Data
2.4. Considerações
2.5. Características teológicas e literárias
2.6. Cristo Revelado
2.7. O Espírito Santo em Ação
2.8. Conteúdo
2.9. Contexto Histórico
Capítulo 3
Evangelho de Lucas
3.1. Autor
3.2. Autor e objetivo do Evangelho
3.3. Data
10
Capítulo 4
Evangelho de João
4.1. Introdutório
4.2. Autoria
4.3. O prólogo
4.4. Propósito
4.5. Perfil teológico do autor
4.6. Particularidades do Evangelho
4.7. Cristo Revelado
4.8. O Espírito Santo em ação
4.9. Conteúdo
4.10. Abordagem Peculiar
4.11. Destaques no Evangelho
4.12. Pontos salientes em João
Conclusão
Referências
Os Evangelhos 11
Introdução
Os quatro Evangelhos compreendem cerca de 46 por cento no Novo
Testamento. A igreja primitiva colocou os Evangelhos no início do Cânon do
Novo Testamento, não por serem eles os primeiros livros escritos, mas por
serem o fundamento sobre o qual Atos e as Epístolas são edificados. Os
Evangelhos ao mesmo tempo se originam do Antigo Testamento e o
cumprem, bem como fornecem um cenário histórico e teológico para o
restante do Novo Testamento.
O que é o Evangelho
Evangelhos e Evangelistas
O propósito principal dos evangelistas não foi oferecer uma história detalhada
das circunstâncias que rodearam a vida do nosso Senhor e dos eventos que
a marcaram; tampouco se propuseram a reproduzir ao pé da letra os seus
discursos e ensinamentos, nem as suas discussões com as autoridades
religiosas dos judeus. Há, conseqüentemente, muitos dados relativos ao
homem Jesus de Nazaré que nunca nos serão conhecidos, embora, por outro
lado, não reste dúvida de que Deus já revelou por meio dos evangelistas (cf.
Jo 20.30; 21.25) tudo o que não devemos ignorar. Na realidade, eles não
escreveram para nos transmitir uma completa informação de gênero
biográfico, mas, como disse João, “para que creiais que Jesus é o Cristo, o
Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (20.31).
Os Evangelhos Sinóticos
Daí se conclui que, assim como o Evangelho Segundo João requer uma
consideração à parte, os de Mateus, Marcos e Lucas estão estreitamente
relacionados. Seguindo vias paralelas, oferecem nas suas respectivas
narrações três enfoques diferentes da vida do Senhor. Por causa desse
paralelismo, pelas muitas analogias que aproximam esses Evangelhos tanto
na matéria exposta como na forma de dispô-la, vêm sendo designados desde
o séc. XVIII como “os sinóticos”, palavra tomada do grego e equivalente a
“visão simultânea” de alguma coisa.
A pergunta que naturalmente surge é a seguinte: Por que quatro? Não teria
bastado uma só narrativa direta e contínua? Não teria sido mais simples e
claro? Isso não nos teria poupado algumas das dificuldades surgidas em
torno do que alguns têm chamado de narrativas divergentes? A resposta é
simples: Uma ou duas pessoas não nos teriam dado um retrato completo da
vida de Cristo. O Dr. Van Dyke disse: “Suponhamos que quatro testemunhas
comparecessem perante um juiz para depor sobre certo acontecimento e
cada uma delas usasse as mesmas palavras. O juiz provavelmente,
concluiria, não que o testemunho delas era de valor excepcional, mas que a
única coisa certa, sem sombra de dúvida, é que haviam concordado em
contar a mesma história. Todavia, se cada uma tivesse contado o que tinha
visto e como o tinha visto, aí então a prova seria digna de crédito. E quando
16
Capítulo 1
Evangelho de Mateus
Os profetas do Antigo Testamento predisseram e ansiaram pela vinda do
Ungido que entraria na história para trazer redenção e livramento. O primeiro
versículo de Mateus anuncia aquele evento há muito esperado: “Livro da
genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão”. Mateus fornece a
ponte essencial entre o Antigo e o Novo Testamento. Através de uma série
cuidadosamente selecionada de citações do Antigo Testamento, Mateus
documenta a reivindicação de Jesus Cristo de ser o Messias, Jesus possui
as credenciais do Messias, ministra no modelo predito do Messias, prega
mensagens que somente o Messias poderia pregar, e finalmente morre a
morte que somente o Messias poderia morrer.
1.1. Autoria
A tradição da Igreja tem atribuído desde o séc. II a composição deste
Evangelho a Mateus, o publicano (9.9; 10.3), chamado também de Levi, filho
de Alfeu (Mc 2.14; Lc 5.27), o coletor de impostos a quem Jesus chamou e
uniu ao grupo dos seus discípulos (10.1-4; Mc 3.13-1 9; Lc 6.13-16). Mateus
foi um dos que foram batizados com o Espírito Santo no dia de Pentecostes
(At 1.13).
Embora haja controvérsia sobre o autor, verifica-se que este evangelho foi
escrito por um cristão vindo do judaísmo, conhecedor da Escritura, fiel à
tradição. Sabe-se da sua origem judaica porque este evangelho fala em 'reino
dos céus' e não 'reino de Deus', porque os judeus não pronunciavam o nome
de Deus. Além disso, dispensa a explicação dos costumes dos judeus,
porque era fato corriqueiro para o seu autor, no entanto Marcos explica estes
costumes, que para ele eram novidades. Por exemplo, em 24, 20 tem a
seguinte passagem: “pedi para que a vossa fuga não seja no inverno nem no
sábado. A mesma passagem há em Marcos 13.18, porém sem a parte final
('nem no sábado'), que é um acréscimo de Mateus, por causa do costume
judeu.
1.2. Data
O tempo em que foi escrito este evangelho varia entre 80 e 100 d.C.
Seguramente foi depois de 70, pois pressupõe que já houve a destruição de
Jerusalém, e também é posterior ao evangelho de Marcos, pois demonstra
grande evolução teológica em relação a este. Foi escrito na Palestina em
grego, em bom estilo literário, para leitores de língua grega.
Antes de Jesus começar seu ministério público, ele foi tomado pelo Espírito
de Deus (3.16) e foi conduzido ao deserto para ser tentado pelo diabo como
preparação adicional a seu papel messiânico (4.1). O poder do Espírito
habilitou Jesus a curar (12.15-21 e a expulsar demônios (12.28). Da mesma
forma que João imergia seus seguidores na água, Jesus imergirá seus
seguidores no ES (3.11). Em 7.21-23, encontramos uma advertência dirigida
contra os falsos carismáticos, aqueles que na igreja, profetizam, expulsam
demônios e fazem milagres, mas não fazem a vontade do Pai.
Presumivelmente, o mesmo ES que inspira atividades carismáticas também
deve permitir que as pessoas da igreja façam a vontade de Deus (7.21) Jesus
declarou que suas obras eram feitas sob o poder do ES, evidenciando que o
Reino de Deus havia chegado e que o poder de satanás estava sendo
derrotado. Portanto, atribuir o Espírito Santo ao diabo era cometer um pecado
imperdoável (12.28-32).
1.5. Conteúdo
O objetivo de Mateus é evidente na estrutura deste livro, que agrupa os
ensinamentos e atos de Jesus em cinco partes. Este tipo de estrutura,
comum ao judaísmo, pode revelar o objetivo de Mateus em mostrar Jesus
como o cumprimento da lei. Cada divisão termina com uma fórmula como:
“Concluindo Jesus estes discursos...” (7.28; 11.1; 13.53; 19.1; 26.1).
Mateus, mais do que Marcos e Lucas fazem citações abundantes da lei e dos
Profetas (5.17-18; 7.12; 11.13; 22.40) e, com freqüência, da fé em tradições e
práticas religiosas dos judeus vigentes na época (cf., entre outras, 15.2;
23.5,16-23).
1.8.5.1. Personagens
1.8.5.2. Objetivos
despertar o interesse de outro judeu. Seu mestre deveria ser alguém versado
no Antigo Testamento e nos costumes judaicos. Eles precisavam saber que
esse Jesus viera cumprir as profecias do Antigo Testamento. Repetidamente
lemos em Mateus: “para que se cumprisse...”, “...Como falou Jeremias, o
profeta...”. Temos hoje em dia o mesmo tipo de pessoa, que se deleita em
profecias cumpridas e por se cumprirem. Procuram saber o que os profetas
disseram e como se poderá cumprir. Mateus prova, pela genealogia, que
Jesus é o Messias (Mt 1.1-17). Talvez tenha sido escrito em língua aramaica
sendo o único livro do Novo Testamento que não foi redigido em grego.
Maria passou com Isabel os três primeiros meses seguintes à visita que lhe
fez o mensageiro celeste. Quando voltou a Nazaré e José soube do seu
estado, este deve tê-lo levado a uma “perplexidade estranha, agônica”. Era,
porém, um homem bom e dispôs-se a resguardar a reputação de Maria do
que ele supunha ser uma desmoralização pública ou coisa pior. Foi quando o
anjo apareceu-lhe e explicou tudo. Teve ainda de guardar o segredo de
família, para evitar escândalo, porque ninguém acreditaria na história de
Maria. Mais tarde, quando a natureza divina de Jesus foi comprovada por
Seus milagres e Sua ressurreição dentre os mortos, Maria podia falar
livremente do seu segredo celestial e da concepção sobrenatural de seu filho.
Muito pouco se diz de José. Foi com Maria a Belém e estava com ela quando
Jesus nasceu, (Lc 2.4,16). Com ela estava quando Jesus foi apresentado no
Templo, (Lc 2.33). Guiou-os na fuga para o Egito e na volta para Nazaré, (Mt
2.13,19-23). Levou Jesus a Jerusalém quando Este tinha 12 anos, (Lc
2.43,51). Depois disso o que mais se sabe dele é que era carpinteiro e chefe
de família de pelo menos sete filhos, (Mt 13.55,56). Com certeza devia ser
um homem exemplarmente bom, para que Deus assim o acolhesse a fim de
servir de pai adotivo do Seu Filho. Comumente se pensa que ele faleceu
24
Maria foi uma mulher calma, meditativa, devotada, prudente, a mais honrada
das mulheres, rainha das mães, que partilhou dos cuidados próprios da
maternidade. Admiramo-la, honramo-la e amamo-la porque foi a mãe do
nosso Salvador.
Deve ter ocorrido quando Jesus tinha entre 40 dias e 2 anos de idade (Mt
2.16; Lc 2.22,39). Os “2 anos” parecem denotar o tempo quando a estrela
primeiro apareceu, (v.7), época em que os magos empreenderam a viagem,
que durou muitos meses; não assinalam necessariamente o tempo exato do
nascimento do menino. Herodes, porém, como medida de precaução, aceitou
o limite extremo. Pelo menos o menino não estava mais na manjedoura,
como tantas vezes se vê em gravuras, mas na “casa” (v.11).
Os Evangelhos 25
Estes magos vieram da Babilônia, ou de país mais além, região onde a raça
humana teve sua origem, terra de Abraão e do cativeiro judaico, onde muitos
judeus ainda viviam. Pertenciam à classe de pessoas ilustradas, eram
conselheiros de reis. Talvez estivessem familiarizados com as Escrituras
judaicas e sabiam da expectação existente pelo rei Messias. Era a terra de
Daniel e, sem dúvida, conheciam a profecia das 70 Semanas, e também a de
Balaão acerca da “Estrela a proceder de Jacó”, (Nm 24.17). Eram homens de
elevada posição social, tanto que tiveram acesso à presença de Herodes.
Comumente são mencionados como “Três Magos”, mas as Escrituras não
dizem quantos foram. Provavelmente foram mais de três, ou pelo menos
vieram com uma comitiva de dezenas ou centenas de pessoas, como medida
de segurança, visto que não seria seguro um pequeno grupo viajar milhares
de quilômetros, através de desertos infestados de bandidos. A chegada deles
a Jerusalém foi bastante espetacular, para alvoroçar a cidade inteira.
Calcula-se que houve uma conjunção de Júpiter e Saturno, 6 a.C. Mas isto
não explica o fato de “a estrela ir adiante deles até que se deteve sobre o
lugar onde o menino estava.” Pensam uns que, possivelmente, foi uma
''nova”, isto é, estrela que explode e por um tempo se queima
fulgurantemente. Dizem os astrônomos que na Via Láctea umas 30 estrelas
explodem cada ano assim de súbito, e se tornam mais de 10.000 vezes mais
brilhantes, voltando depois à luminosidade ordinária. Mas como pode esse
fato ajustar-se ao caso?
A estrela, vista pelos magos, foi, sem dúvida, um fenômeno distinto, uma luz
sobrenatural que, pela direta revelação de Deus, foi adiante deles e indicou-
lhes o lugar exato; anúncio sobrenatural de um nascimento sobrenatural.
Não sabemos por que a tentação de Jesus seguiu-se logo ao Seu batismo. A
descida do Espírito Santo sobre Ele nessa ocasião envolvia possivelmente
duas coisas novas na Sua experiência humana: uma, o poder ilimitado de
operar milagres; a outra, plena restauração de Seu conhecimento de antes da
encarnação.
26
Antes, na eternidade, Jesus sabia que viria ao mundo sofrer como o Cordeiro
de Deus pelo pecado humano. Veio, porém, pelo caminho do berço.
Devemos supor que Jesus, criancinha, conhecia tudo quanto sabia antes de
assumir as limitações da carne humana? Não é mais natural pensar que o
conhecimento que tinha antes de encarnar-Se veio-Lhe gradativamente à
proporção que crescia, em paralelo com a Sua educação humana?
Naturalmente Sua mãe contou-Lhe as circunstâncias do Seu nascimento. Ele
sabia que era o Filho de Deus e o Messias. Sem dúvida, Ele e Sua mãe
conversaram muitas vezes sobre planos e métodos de realizar Sua obra
como Messias no mundo. Quando, porém, o Espírito Santo desceu sobre Ele
no batismo, “sem medida”, então Lhe veio plena e claramente, pela primeira
vez como homem, a ciência de algumas coisas que Ele conhecera antes de
humanizar-Se: entre elas, a CRUZ como o meio pelo qual cumpriria Sua
missão. Isto O aturdiu; fê-Lo perder o apetite; afastou-O do convívio dos
homens, e por 40 dias Ele não pensou noutra coisa.
Qual foi a natureza de Sua tentação? Esta pode ter incluído as tentações
ordinárias dos homens na luta pelo pão e no desejo de fama e poder. Foi,
porém, mais. Jesus era muito grande para pensarmos que tais motivos
pesassem muito no Seu espírito. A julgar pelos Seus antecedentes e Sua
formação, devemos crer que Ele já alimentava uma paixão absorvente de
salvar o mundo. Sabia ser esta a Sua missão. A pergunta era, Como realizá-
la? Usando os poderes miraculosos que Lhe acabavam de ser concedidos -
poderes que nenhum mortal conhecera antes - para fornecer pão aos
homens, sem que estes precisassem trabalhar, e para vencer as forças
ordinárias da natureza, Ele podia ter-Se imposto ao domínio do mundo e pela
força levar os homens a fazer Sua vontade. Foi essa a sugestão de Satanás.
Mas a missão de Jesus foi não compelir os homens à obediência, mas
transformar seus corações.
A essência da tentação de Jesus foi fazê-Lo procurar alcançar Seus fins por
meios mundanos, antes que pelo sofrimento. Produzir resultados espirituais
por métodos mundanos. O que Jesus recusou fazer, a igreja, através dos
séculos, tem feito e, em escala, ainda hoje faz, permitindo-se a cobiça do
poder do mundo.
O diabo esteve realmente presente? Ou foi só uma luta íntima? Não se diz
sob que forma o diabo apareceu a Jesus. Mas evidentemente Jesus
reconheceu que as sugestões partiam de Satanás, que ali estava resolvido,
seriamente, a frustrar-Lhe a missão.
Jesus jejuou 40 dias. Moisés jejuara 40 dias no Monte Sinai quando os Dez
Mandamentos foram dados, (Êx 34.28). Elias jejuara 40 dias, a caminho para
o mesmo monte, (1Rs 19.8). Moisés representava a Lei. Elias, os profetas.
Jesus era o Messias, para quem a Lei e os profetas apontavam. Os três
grandes representantes da revelação divina ao homem. Do alto do monte
onde Jesus jejuava, olhando a Leste para o outro lado do Jordão, podia
divisar a Cordilheira do Nebo, onde Moisés e Elias, séculos antes, subiram
para Deus.
Uns três anos depois, estes três homens tiveram um encontro, em meio às
glórias celestes da transfiguração, no Monte Hermom, 160 km ao Norte, cujo
pico nevado via-se distintamente do Monte da Tentação: companheiros no
sofrimento e agora companheiros na glória.
Este discurso foi proferido após Jesus ter deixado o Templo pela última vez.
Versou sobre a destruição de Jerusalém, Sua vinda e o fim do mundo.
Algumas de Suas palavras se referem a um fato, outras aludem a outro.
Algumas estão de tal forma intricadas que é difícil saber a qual dos eventos
se referem. Talvez esse estilo pouco claro fosse intencional. Parece claro que
Ele tinha em mente dois eventos distintos, separados por um intervalo,
indicados por “esta geração” em 24.34, e por “aquele dia” em 24.36. Alguns
entendem, por “esta geração” (24.34), “esta nação”, isto é, a raça judaica que
não passaria sem que o SENHOR voltasse. A opinião mais comum é que
Jesus quis significar o seguinte: Jerusalém seria destruída ainda naquela
geração que então vivia. Quem olha para dois cumes de montanhas
distantes, estando um atrás do outro, parece vê-los juntos, embora estejam
muito afastados um do outro. Assim, na perspectiva de Jesus, esses dois
eventos, estavam muito aproximados entre si, apesar de longo intervalo entre
os dois. O que disse numa sentença pode referir-se a uma era inteira. O que
aconteceu num caso pode ser o “princípio de cumprimento” do que
acontecerá no outro.
“Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com Ele”,
(Mt 25.31).
“O Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos e então
retribuirá a cada um conforme as suas obras”, (Mt 16.27).
“Assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do homem”
(Mt 24.37).
“O mesmo aconteceu nos dias de Ló... assim será no dia em que o Filho do
homem se manifestar” (Lc 17.28-30).
“Então se verá o Filho do homem vindo numa nuvem, com poder e grande
glória” (Lc 21.27).
“Vou preparar-vos lugar voltarei e vos levarei para mim mesmo” (Jo 14.2-3).
Sua vinda será anunciada “com grande clamor de trombeta” (Mt 24.31), como
outrora se fez para reunir o povo (Êx 19.13,16,19). O fato de Paulo haver
repetido esta expressão “a trombeta soará”, em conexão com a ressurreição,
(1Co 15.52), e em (1Ts 4.16) onde diz, “O Senhor mesmo (...) ouvida a voz
do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus”, indica que
pode ser mais do que mera figura de linguagem. Um grandioso
acontecimento histórico, real e repentino, quando Ele agregará os Seus a Si,
dentre os vivos e os mortos, numa escala vasta e maciça.
Os Evangelhos 29
E é melhor não obscurecer a esperança de Sua vinda com uma teoria muito
circunstanciada sobre o que irá acontecer quando Ele vier. Muita gente,
supomos, vai ficar tremendamente desapontada, se Jesus não proceder de
acordo com o programa que ela já traçou para Ele.
A necessidade pessoal do estudo deste assunto vai além das exigências para
o cumprimento dos requisitos parciais desta matéria, pois tenho a intenção de
30
O Seu batismo feito por João Batista (Mt 3.13-17) tinha como objetivo seguir
a ordem de Deus e também a tradição de que, “quando um sacerdote
começava a oficiar nessa capacidade, com a idade de trinta anos, lavava-se
com água”1 (Ex 29.1-4; Lv 8.1-6). E então Jesus através do Seu batismo
reivindicou sobre Si o conceito assim de Sacerdote. Foi também uma maneira
de se apresentar ao povo (não sendo claro o ato do batismo em si mas o
momento experimentado por Ele). Estava também cumprindo com o conceito
da Kenosis onde Ele se auto-esvaziou a fim de se fazer igual ao povo.
1
RYLE, J.C. Meditações no Evangelho de Mateus. Editora Fiel: São José dos Campos, 1991. p. 18
Os Evangelhos 31
aquele que foi “tentado em todas as cousas, à nossa semelhança, mas sem
pecado” (Hb 4.15b - VRA).
A tentação também foi prova de que de fato Jesus se expôs à todas as
características espirituais, físicas, emocionais, etc. que os seres humanos
possuem, fazendo-se assim homem.
1.12.2. Seu ministério em Jerusalém (Judéia)
Nessa nova fase do ministério público de Jesus na Galiléia é que Ele começa
a se tornar popular, pois os galileus estavam informados de que este tal
Jesus operava sinais, milagres e maravilhas na Judéia. E então os moradores
32
da Galiléia O recebem de braços abertos quando Ele pisa pela primeira vez
no solo galileu (Jo 4.45).
Ainda que a motivação dos galileus não fossem a mais correta possível, pois
eles estavam mais interessados nos feitos e realizações de Jesus do que
propriamente com Suas palavras, Jesus foi atingindo gradativamente a Sua
popularidade ministerial como pessoa e também como um “milagreiro” da
época. A estratégia que Jesus utilizou para atingir tal posição foi mediante os
Seus feitos: milagres, curas, sinais, prodígios e também o simples fato d'Ele
andar no meio do povo.
Após o término da segunda viagem que Jesus fez pela Galiléia, Ele então
volta para Sua casa em Cafarnaum (Mt 13.1), como era de costume pois
sempre após uma viagem pela Galiléia, Ele logo voltava para Cafarnaum, e
entrando num barco que estava às margens do Mar da Galiléia, Ele então
pronuncia as parábolas do Reino (Mt 13.1-52) à uma multidão que estava em
pé na praia ouvindo Seus ensinamentos.
Desde Gênesis 3.15 Deus revelou ao povo hebreu através dos vários
escritores vétero-testamentários de que Ele enviaria Aquele que haveria de
instituir um reino eterno e sem igual, vindo da parte Deus e que reinaria sobre
toda a nação de Israel. A vinda do Messias seria o
cumprimento da atividade redentora de Deus ao ser humano. A instituição do
Reino de Deus seria a “manifestação perfeita de Deus a Seu povo, e Sua
permanência eterna entre os homens.”
Textos como 2Sm 7.12-16; Sl 132.11; Is 9.1,2,6,7; 16.5; 43.1-3; 53.4; Jr 23.5;
Dn 2.44; 7.14,27; Mq 4.7; 5.2, sugeriram bases concretas para que este povo
hebreu, em toda a sua história, ficassem ansiosos com a vinda deste Messias
e Rei e cressem de que Ele seria o libertador eterno da nação de Israel.
Os Evangelhos 33
Porém o que nenhum judeu com certeza esperava é de que o prometido Rei-
Messias de Israel teria como paradeiro a cruz, o lugar maldito predito para os
reconhecidos malfeitores do povo.
Com Sua vinda Jesus começa então a quebrar alguns paradigmas que os
judeus haviam tornado-os em absolutos a respeito do Rei e do Seu Reino.
Jesus através das Suas pregações demonstra para o povo de que o Rei que
eles estavam esperando já estava ali com eles, porém não para realizar e
cumprir com todos os requisitos, exigências e qualificações que eles haviam
alistado como uma ordem de serviço a ser apenas executada ou satisfeita
pelo Messias.
Uma das maneiras que Jesus Se utilizou para anunciar de que o Reino ainda
não estava totalmente instaurado foi através do Sermão do Monte (Mt 5-7),
pois este apresenta “os requisitos de Cristo para os que vivem na expectativa
da plena manifestação do reino” . O outro discurso que Jesus fala a respeito
34
do Reino Messiânico são as parábolas em Mateus 13, onde Ele diz que o
Reino seria algo a se concretizar plenamente no futuro.
1.13. Parábolas
Antes de propriamente entrarmos na questão das parábolas do reino
descritas em Mateus 13, há a grande necessidade de traçarmos uma linha de
raciocínio lógica, teológica e também histórica no que diz respeito às
parábolas como um todo.
1.13.1. Definição
Até o contexto de Mateus 13 Jesus falava por meio de parábolas apenas com
o objetivo de que esta servisse de ilustração aos Seus ensinamentos em
questão, onde, se fosse necessário saber sua interpretação o contexto em
que foi proclamada cuidaria muito bem de fazê-lo.
Outro conceito escatológico que Jesus possuía e estava passando para Seus
discípulos através da parábola do grão de mostarda (13.31,32) é que as
influências da mensagem do reino englobaria todo tipo de gente, quer judeu
quer gentio, sendo que esta mensagem do reino terá um crescimento rápido
e repentino.
que aconteceu, pois Jesus não tipificava o manequim de Rei que os judeus
estavam a tanto tempo esperando.
Jesus contestou a Sua tão alta posição de Rei instaurando o Seu majestoso
Reino no momento da Sua vinda através das parábolas do reino em Mateus
13. Jesus nada mais fez do que explicar aos judeus de que aquele reino que
eles tanto esperavam ainda não seria totalmente estabelecido, devido à
incredulidade e dureza de seus corações em receberem a mensagem de
arrependimento e conversão que Jesus até então pronunciava.
Capítulo 2
Evangelho de Marcos
Marcos, o mais breve e mais simples dos quatro Evangelhos, apresenta um
relato conciso e de cenas rápidas da vida de Cristo. Com pequenos
comentários, Marcos deixa a narrativa falar por si só, quando conta a história
do servo que está constantemente em movimento, ao pregar, curar, ensinar
e, por fim, morrer pelos pecadores. Seu ministério começa com as massas,
logo restringindo-se aos doze discípulos, e por fim culmina na cruz. Ali o
Servo que “não veio para ser servido, mas para servir” faz o supremo
sacrifício de serviçal, dando “sua vida em resgate de muitos” (10.45). E esse
padrão de serviço altruísta se torna o modelo para aqueles que seguem os
passos do Servo.
2.2. Autoria
Mesmo que o Evangelho de Marcos seja anônimo, a antiga tradição é
unânime em dizer que o autor foi João Marcos, seguidor próximo de Pedro
(1Pe 5.13) e companheiro de Paulo e Barnabé em sua primeira viagem
missionária. O mais antigo testemunho da autoria de Marcos tem origem em
Papias, bispo da Igreja em Hierápolis (cerca de 135-140 d.C.), testemunho
que é preservado na História Eclesiástica de Eusébio. Papias descreve
Marcos como “interprete de Pedro”. Embora a igreja antiga tenha tomado
cuidado em manter a autoria apostólica direta dos Evangelhos, os pais da
igreja atribuíram coerentemente este Evangelho a Marcos, que não era um
apóstolo.
Os Evangelhos 39
João Marcos era filho de certa Maria, cuja casa em Jerusalém era lugar de
reunião dos discípulos, (At 12.12). Sendo parente de Barnabé, (Cl 4.10).
Conjectura-se que foi ele o moço que “fugiu desnudo”, na noite em que Jesus
foi preso, (Mc 14.51,52), quando começou a interessar-se por Jesus. A
linguagem de (1Pe 5.13) pode querer dizer ter sido ele um convertido desse
apóstolo.
Uns 12 anos depois, cerca de 62 d.C., acha-se em Roma com Paulo, (Cl
4.10; Fm 24). Quatro ou 5 anos mais adiante, este apóstolo, logo antes do
martírio, pede que Marcos vá ter com ele, (2Tm 4.11). Parece, assim que
Marcos, nos seus últimos anos, tornou-se um dos auxiliares íntimos e
queridos do Apóstolo Paulo.
2.3. Data
Os fundadores da Igreja declaram que o Evangelho de Mc foi escrito depois
da morte de Pedro, que aconteceu durante as perseguições do Imperador
Nero por volta de 67 d.C. O Evangelho em si, especialmente o cap. 13,
indica ter sido escrito antes da destruição do Templo em 70 d.C. A maior
parte das evidências sustenta uma data entre 65 e 70 d.C.
2.4. Considerações
Marcos não é um historiador no sentido que hoje damos ao termo. Antes, é
um narrador que conta o que chegou ao seu conhecimento. Escreve em
grego, com a rusticidade característica de quem está usando um idioma que
não lhe é próprio e, contudo, sabe desenvolver um estilo vivo e vigoroso.
40
Uma característica típica de Marcos é que dedica mais espaço aos atos que
aos discursos de Jesus. Na realidade, só dois desses últimos podem ser
considerados como tais: a série de parábolas de 4.1-34 e o sermão
escatológico de 13.3-37. Tudo mais são breves intervenções de
ensinamento, exortação ou controvérsia. Por outro lado, o evangelista
concede à descrição dos atos um espaço mais amplo, inclusive, às vezes,
superior ao que Mateus e Lucas dedicam a narrativas paralelas (cf. 5.21-43
com Mt 9.18-26 e Lc 8.40-56; 6.14-29 com Mt 14.1-12; 6.30 com Mt 14.13-21
e Lc 9.10-17).
Jesus Cristo fazia parte do plano de salvação de que Deus o havia incumbido
(8.32-38; 16.19-20).
2.8. Conteúdo
Marcos fundamenta seu Evangelho em torno de vários movimentos
geográficos de Jesus, que chega ao clímax com sua morte e ressurreição
subseqüente. Após a introdução (1.1-13), Marcos narra o ministério público
de Jesus na Galiléia (1.14-9.50) e Judéia (caps 10-13), culminando na paixão
e ressurreição (caps 14-16). O Evangelho pode ser visto como duas metades
unidas pela confissão de Pedro de que Jesus era o Messias (8.27-30) e pelo
primeiro anúncio de Jesus e sua crucificação (8.31).
padecesse muito, e que fosse rejeitado pelos anciãos, e pelos príncipes dos
sacerdotes e pelos escribas, que fosse morto, mas que, depois de três dias,
ressuscitaria” (8.31) Esse pronunciamento de sofrimento e morte é repetido
(9.31; 10.32-34), mas torna-se uma norma para o comprometimento do
discipulado: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a
sua cruz e siga-me” (8.34). Marcos guia seus leitores à cruz de Jesus, onde
eles podem descobrir o significado e esperança em seu sofrimento.
2.9.2. Objetivos
Foi na tarde da terça-feira. Cerca de um mês antes disto, depois que Jesus
ressuscitou a Lázaro, o sinédrio decidira definitivamente matá-Lo, (Jo 11.53).
Mas a popularidade dEle tornou-o difícil, (Lc 22.2). Até em Jerusalém as
multidões não O deixavam, (Mc 12.37; Lc 19.48). A oportunidade chegou, na
segunda noite depois desta, com a traição de Judas que, num movimento de
surpresa, entregou-O a eles de noite, enquanto a cidade dormia.
Apressaram-se em fazer que fosse condenado antes que clareasse o dia e,
de manhã, antes que as multidões na cidade despertassem, já O tinham
pregado na cruz.
Jesus “sabia desde o princípio” que Judas o trairia. Por que foi escolhido, é
um dos mistérios de Deus. Trinta moedas de prata eram equivalentes ao
preço de um escravo, (Êx 21.32). Judas pode ter pensado que Jesus usaria
Seu poder miraculoso para livrar-Se, ou pode ser que ele procurasse forçar
Jesus a revelar-Se. Todavia, aos olhos de Deus foi um ato de perfídia, porque
Jesus disse que fora melhor para Judas não ter nascido, (Mt 26.24). Tudo
isso foi admiravelmente predito, (Zc 11.12-13). “Jeremias”, (Mt 27.9-10) ou
entrou aí por engano do copista, ou porque o grupo inteiro de livros proféticos
era algumas vezes chamado pelo nome de Jeremias.
Capítulo 3
Evangelho de Lucas
Lucas, um médico gentio, elabora sua narrativa evangélica em torno de uma
apresentação histórica e cronológica da vida de Jesus. Lucas é o mais
extenso e abrangente dos quatro Evangelhos, apresentando Jesus Cristo
como o Homem Perfeito que veio buscar e salvar os pecadores. Fé crescente
e oposição crescente se desenvolvem lado a lado. Os que crêem em suas
reivindicações são desafiados a assumir o preço do discipulado; os que se
opõem a ele não ficarão satisfeitos até que o Filho do Homem penda sem
vida numa cruz. A Ressurreição, porém, assegura que seu ministério de
buscar e salvar os perdidos continue na pessoa de seus discípulos, uma vez
que estejam equipados com seu poder.
3.1. Autor
Esse Evangelho foi escrito por Lucas, um médico grego para os seus
patrícios que amavam a beleza, a poesia e a cultura. Viviam num mundo de
grandes conceitos. Era difícil agradá-los. O Evangelho de Lucas fala do
nascimento e da infância de Jesus, dos cânticos inspirados relacionados com
a vida de Cristo. Nele encontramos a saudação de Isabel ao receber a visita
de Maria (Lc 1.42-45). Também o cântico de Maria (Lc 1.46-55).
Igualmente, como faria mais tarde ao compor o livro dos Atos dos Apóstolos,
também agora dedica Lucas o seu “primeiro livro” (At 1.1) a um personagem
de destaque chamado Teófilo, acerca de quem não nos chegou maior
informação. Apenas o conhecemos por essas dedicatórias, que na moldura
dos seus respectivos prólogos (Lc 1.1-4; At 1.1-5), correspondem às formas
literárias usuais entre os escritores gregos de então.
3.3. Data
Eruditos que admitem que Lucas usou o Evangelho de Marcos como fonte
para escrever seu próprio relato datam Lucas por volta do ano 70 d.C.
Outros, entretanto, salientam que Lucas o escreveu antes de Atos, que ele
escreveu durante o primeiro encarceramento de Paulo pelos romanos, cerca
de 63 d.C. Como Lucas estava em Cesaréia de Filipe durante os dois anos
em que Paulo ficou preso lá (At 27.1), ele teria uma grande oportunidade
Os Evangelhos 49
durante aquele tempo para conduzir investigações que ele menciona em 1.1-
4. Se for este o caso, então o Evangelho de Lucas pode ser datado por volta
de 59-60 d.C., mas no máximo até 75 d.C.
Espírito Santo (1.15). O mesmo Espírito capacitou Jesus para cumprir seu
ministério. Em segundo lugar: O Espírito Santo capacita Jesus para cumprir
seu ministério - o Messias ungido pelo Espírito Santo. Nos caps 3 e 4, há
cinco referencias ao Espírito, usadas com força progressiva.
Em quarto lugar: O Espírito Santo espalha alegria tanto a Jesus como à nova
comunidade. Cinco palavras gregas denotando alegria ou exultação são
usadas duas vezes com mais freqüência tanto Lucas como Mateus ou
Marcos. Quando os discípulos voltam com alegria de sua missão (10.17),
“Naquela mesma hora, se alegrou Jesus no Espírito Santo e disse...” (10.21).
Enquanto os discípulos estão esperando pelo Espírito prometido (24.49),
“adorando-o eles, tornaram com grande júbilo para Jerusalém. E estavam
sempre no templo, louvando e bendizendo a DEUS” (24.52-53).
Sabia desde menino que o Evento dos séculos estava próximo, e que
nascera para anunciar sua chegada.
Sabendo que seria o Elias profetizado, (1.17; Mt 11.14; 17.10-13; Ml 4.5 (não
Elias em pessoa, Jo 1.21), de propósito, talvez, copiou os hábitos e a maneira
de trajar daquele profeta.
O local de suas pregações era o baixo Jordão, defronte de Jericó, numa das
principais encruzilhadas da região e uma das principais vias de acesso a
Jerusalém.
Cerca de um ano depois que batizou Jesus, Herodes prendeu a João, para
satisfazer ao capricho de uma mulher perversa, (Mt 14.1-5). Foi isto ao
encerrar-se o primeiro ministério de Jesus na Judéia, dezembro, (Mt 4.12; Jo
3.22; 4.35).
Não se menciona o lugar em que ficou detido, mas supõe-se que foi ou
Maquero, a Leste do Mar Morto, ou Tiberias, na praia ocidental do Mar da
Galiléia; em ambos os lugares Herodes tinha residência. Foi decapitado mais
ou menos pela segunda Páscoa que se seguiu, (Mt 14.12-13; Jo 6.4).
Admitindo que João começou Seu ministério pouco antes de batizar Jesus,
provavelmente no verão de 29 d.C., o mesmo durou cerca de um ano e meio,
ou menos 30 anos de isolamento. Ano e meio, ou menos, de pregação
pública. Um ano e 4 meses na prisão. Depois cerrou-se a cortina. Temos aí
breve sumário da vida do homem que introduziu em cena o Salvador do
mundo, e de quem Jesus disse ter sido maior que qualquer outro, (Mt 11.11).
João não operou milagres, (Jo 10.41).
Não há a menor base para se identificar esta mulher com Maria Madalena, ou
com Maria de Betânia. Esta unção NÃO foi a mesma que houve em Betânia
(Jo 12.1-8). Esta mulher, muito conhecida na cidade por sua má reputação,
(v.37), era provavelmente uma das meretrizes que se converteram fosse por
João Batista, fosse por Jesus, (Mt 21.31-32), e agora, profundamente
envergonhada, arrependida e humilhada, vinha protestar francamente sua
gratidão a Jesus. Foi na casa de um fariseu. Um banquete no Oriente era
mais ou menos aberto ao público. Jesus, meio reclinado num divã, Seu rosto
voltado para a mesa, Seus joelhos dobrados, foi acessível à mulher
aproximar-se. Chorando, beijando-lhe os pés, banhando-os com o rico
perfume e enxugando com os seus cabelos as lágrimas que caíam - a nós, os
54
respeitáveis que somos, ela faz que nos envergonhemos, assim inclinada, em
inteira humildade e adoração reconhecida aos pés do seu Senhor.
Jesus tinha maneiras muito delicadas com mulheres que haviam errado (Jo
4.18; 8.11). Todavia, ninguém nunca Lhe atribuiu motivos duvidosos, (Jo
4.27).
Pode ser recomendável que nós, humanos, façamos entre nós mesmos
distinção entre pecados respeitáveis e pecados grosseiros, e estigmatizemos
aquelas pessoas culpadas de certas modalidades de pecados vulgares.
Assim procedendo, podemos ajudar a salvar nossa sociedade humana da
completa ruína. Mas, para Deus, todo pecado é pecado. E, sem dúvida, a
Deus tanto custa “perdoar nossos pecados decentes” como aqueles que
atraem sobre o pecado r a maldição da sociedade. Uma prostituta ter seus
pecados perdoados, e ser aceita na companhia dos salvos é uma coisa, mas
seria outra bem diferente colocar logo tal pessoa à frente de uma obra
religiosa.
Era com a crucifixão que Roma punia escravos, estrangeiros e os mais vis
criminosos, que não fossem cidadãos seus. Era a morte mais agoniada e
ignominiosa que uma época de crueldade podia inventar. Batiam-se pregos
nas mãos e pés e deixava-se a vítima ali suspensa a agonizar, submetida à
Os Evangelhos 55
“Pai, perdoa-lhes: porque não sabem o que fazem”, diz quando O pregam à
cruz. É difícil para nós conter a indignação, apenas com a leitura do fato.
Quanto mais para Ele. Mas Jesus não tem absolutamente qualquer
ressentimento. Admirável domínio próprio!
Suas vestes dividem-nas os soldados entre si. Colocam a inscrição “Rei dos
Judeus” sobre a Sua cabeça, redigida em três línguas - hebraico, latim e
grego - de modo que todos leiam e entendam qual é o crime de que O
acusam.
“Mulher, eis aí teu filho.” A João, “eis aí tua mãe.” Provavelmente, quando
estava perto do meio-dia, após afastar-se a turba dos escarnecedores. Que
morte gloriosa! Orou pelos Seus algozes; prometeu o Paraíso ao ladrão; e
providenciou um lar para Sua mãe - Seu último ato neste mundo.
Capítulo 4
Evangelho de João
4.1. Introdutório
O Evangelho de João é singular. Mateus, Marcos e Lucas são chamados
Evangelhos Sinóticos porque, a despeito de suas ênfases individuais,
descrevem muitos dos mesmos eventos da vida de Jesus de Nazaré. João se
volta principalmente para eventos e discursos não comuns aos outros
evangelhos, com intuito de provar a seus leitores que Jesus é Deus na carne,
a eterna Palavra vinda à terra, que nasceu para morrer como sacrifício
oferecido a Deus para tirar o pecado humano. Sete sinais miraculosos
provam que “Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais
vida em seu nome” (20.31). Jamais se escreveu um tratado evangélico mais
excelente que a narrativa inspirada que João elaborou sobre a vida, morte e
ressurreição de Cristo.
4.2. Autoria
A tradição que atribui o Evangelho ao filho de Zebedeu (Mc 3.17), remonta ao
séc. II. Detalhes indicados no livro o caracterizam como um autêntico judeu
palestínico, profundamente religioso e bom conhecedor das tradições e das
expectativas do seu povo, um judeu que encontrou em Jesus de Nazaré o
Messias esperado, o Salvador e Senhor, “de quem Moisés escreveu na lei, e
a quem se referiram os profetas” (1.45; 12.34,38-40; 15.25). No entanto, não
contamos com muito mais informação acerca da pessoa deste evangelista.
Dir-se-ia, melhor, que o mesmo deseja ocultar a sua identidade por trás de
um anonimato apenas rompido quando se refere àquele discípulo “a quem
ele amava” (13.23; 19.26; 20.2; 21.20), de quem em 21.24 se diz que “dá
testemunho a respeito destas coisas e que as escreveu”.
4.3. O prólogo
Em João tudo também se conforma a um padrão e propósitos especiais.
4.4. Propósito
João deixa claro o propósito do seu Evangelho, em 20.31, a saber: “para que
creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais
vida em seu nome”. Alguns manuscritos gregos deste Evangelho
apresentam, nesta passagem, formas verbais distintas para “crer”. Uns
contêm o aoristo subjuntivo (“para que comecem a crer”); outros contêm o
presente do subjuntivo (“para que continuem crendo”), No primeiro caso,
João teria escrito para convencer os incrédulos a crer em Jesus Cristo e
serem salvos. No segundo caso, João teria escrito para consolidar os
fundamentos da fé de modo que os crentes continuassem firmes, apesar dos
Os Evangelhos 59
falsos ensinos de então, e assim terem plena comunhão com o Pai e o Filho
(cf. 17.3). Estes dois propósitos são vistos no Evangelho segundo João.
Mais que oferecer uma biografia de Jesus no sentido estrito que hoje damos
à palavra, João pretende introduzir o leitor numa profunda reflexão acerca da
pessoa do Filho de Deus e do mistério da redenção que nele nos tem sido
revelado. Em Cristo manifestou-se o amor de Deus, e, por meio dele, o crente
tem acesso às moradas eternas (14.2,23), isto é, a uma vida de comunhão
com o Pai.
60
A linguagem simbólica (p. ex.: o Verbo Jo 1.1; a água: 7.37; o pão: 6.35; a
luz: 8.12). As imagens tiradas do Antigo Testamento (p. ex.: o pastor e as
ovelhas: 10.1-1 8; cf. Sl 23; a videira e os ramos: 15.1-6; cf. Is 5.1-7). As
referências culturais ou à natureza humana; (p. ex.: as bodas em Caná, a
personalidade de Nicodemos, a mulher samaritana, o cego de nascimento).
4.9. Conteúdo
No decorrer dos anos têm sido feitos diversos esforços para estabelecer de
algum modo a cronologia dos acontecimentos referidos no quarto Evangelho
ou para agrupar logicamente os seus elementos literários. Como é evidente
que o propósito de João não foi redigir uma crônica, mas criar uma atmosfera
de reflexão que conduza o leitor à fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus, a
composição do livro também deve ser considerada desse ponto de vista. Por
outro lado, aquilo que se torna claro num primeiro contato com o texto é a sua
divisão em duas grandes seções. Delas, uma chega até o final do cap. 12 e
está centrada no ministério público de Jesus; a outra, que compreende os
caps. 13-21, narra o acontecido em Jerusalém durante a última semana da
vida terrena de Jesus, incluindo a sua paixão e morte e a sua ressurreição.
sinais realizados pelo Senhor para manifestar a sua glória e para que os seus
discípulos cressem nele (2.11; 4.48; 5.18; 6.14,16; 9.35-38; 11.15,40). São os
seguintes:
“No lugar onde Jesus fora crucificado, havia um jardim, e neste um sepulcro
novo, no qual ninguém tinha sido, ainda, posto” Significa que o sepulcro em
que Jesus foi sepultado ficava bem perto do lugar onde foi crucificado.
separadas por uma parede baixa. A sepultura da frente parece que nunca foi
concluída. Tudo indica que só a sepultura do fundo foi alguma vez ocupada, e
ainda assim sem indícios de restos mortais. O túmulo é suficientemente
grande para acomodar um grupo de mulheres e dois anjos, com espaço à
cabeça e aos pés onde um anjo podia sentar-se, (Mc 16.5; Jo 20.12). À
direita da porta, vê-se uma janela por onde, ao romper do dia, a luz solar teria
penetrado na sepultura ocupada. Cada pormenor destes combina com a
narrativa bíblica.
Numa cripta funerária, junto ao túmulo, foi achada uma pedra tumular,
inscrita: “Enterrado perto do seu Senhor.”
No acúmulo da evidência, parece haver base para a opinião que este túmulo
no jardim é o verdadeiro lugar onde Jesus foi sepultado e donde surgiu vivo.
Para os cristãos, é o lugar sagrado donde surgiu a garantia da vida eterna.
4.12.4. A ressurreição
Foi Sua primeira aparição, (Mc 16.9-11). As outras mulheres tinham ido
embora. Pedro e João, também. Maria Madalena lá estava só, chorando
como se fosse lhe arrebentar o coração. Nada de pensar que Jesus
ressuscitara. Ela não ouvira o anjo anunciar que Jesus estava vivo. O próprio
Jesus dissera repetidamente que ressuscitaria ao terceiro dia. Fosse como
fosse, ela não O compreendera. Mas, oh! quanto O amava! E agora, eis que
estava morto. Até o Seu corpo desaparecera. Nesse momento de aflição,
Jesus postou-Se ao lado, e chamou-a pelo nome. Ela reconheceu Sua voz e
deu um brado em transportes de alegria. Jesus não estava morto, mas vivo!
Eles não esperavam isso, apesar de Jesus lhes ter dito repetida e claramente
que ressuscitaria ao terceiro dia, (Mt 16.21; 17.9,23; 20.19; 26.2; 27.63; Mc
8.31; 9.31; Lc 18.33; 24.7). Devem ter tomado Suas palavras como parábola
de algum sentido misterioso. Quando as mulheres foram ao túmulo, não foi
para ver se Ele ressuscitara, mas para Lhe prepararem o corpo, com vistas
ao sepultamento definitivo.
Maria Madalena só pensava numa coisa: que alguém tinha tirado o corpo (Jo
20.8).
Quando os dois, voltando de Emaús, disseram aos onze que Jesus lhes
aparecera, “não lhes deram crédito” (Mc 16.13).
Pedro relatou que Jesus lhe aparecera (Lc 24.34). Mas ainda não
acreditaram (Mc 16.14).
Então, ao aparecer Jesus aos dez naquela noite, lançou-lhes em rosto sua
indisposição e dureza de coração para crer naqueles que O haviam visto, Mc
16.14. Ainda pensavam que era apenas um espírito, pelo que os convidou
Os Evangelhos 67
para olhar de perto Suas mãos, lado e pés, e apalpá-Lo. Em seguida, pediu o
que comer, e “comeu diante deles”, (Lc 24.28-43; Jo 20.20).
Pelo fato da população da Palestina nos dias de Cristo ter sido em grande
parte Bilingue, segue-se quase necessariamente que o Senhor falava em
ambas as línguas. Vemos que ele falava algumas vezes em aramaico pelas
suas palavras nessa língua não terem sido retiradas em alguns pontos:
“Talita cumi” (Mc 5.41): “Eli, Eli, lemá sabactâni” (Mt 27.46). Na capital,
especialmente, ao dirigir-se aos chefes judeus, o Senhor Jesus usaria mais o
grego. Que Ele falava é indicado na pergunta que os judeus fizeram entre si
depois de Jesus dizer que eles haveriam de procurá-lo, mas não o
encontrariam: “Disserem, pois, os judeus uns aos outros: Para onde irá este
que não o possamos achar? irá, porventura, para a Dispersão (Judeus) entre
os gregos com o fim de os (gregos) ensinar?” (Jo 7.35). Se não estivessem
acostumados a ouvir Jesus falar em grego, tal pergunta não seria feita.
Conclusão
Alguns comentários usa muito, por exemplo, o argumento da “redação tardia”
dos Evangelhos como uma prova da pouca confiabilidade histórica dos dados
neles contidos. Essa é, porém, uma visão muito pobre e incompleta. Para
começar, há diversas descobertas recentes que indicam serem os
Evangelhos mais antigos do que até há pouco se pensava, já havendo alguns
registros escritos desde os primeiros anos após a morte e ressurreição de
Jesus. Além disso, é importante lembrar que os textos bíblicos não surgiram
do nada, não são textos “originais” do autor, mas são sempre fruto e registro
de uma tradição oral já de há muito estabelecida, tendo mesmo sido redigidos
com a provável ajuda de escritos avulsos pré-existentes. Portanto, a data de
redação de um texto bíblico não significa, em absoluto, que antes daquela
data não se falava no assunto.
Os relatos evangélicos não devem ser olhados como se fossem uma notícia
de jornal ou uma crônica dos acontecimentos nos moldes de hoje. Eles não
foram redigidos com pretensões de exatidão matemática, mas isso não
significa que os acontecimentos neles narrados não sejam históricos.
Significa, sim, que na Bíblia a história é um instrumento, é um meio e não um
fim. O mais importante não é a precisão dos dados ou a sua ordem
cronológica, e sim a leitura que se deve fazer dos acontecimentos, o
significado teológico e catequético neles contido.
Isso é o que os teólogos geralmente dizem - e não estão errados. Mas eles
deveriam enfatizar mais que tal circunstância não significa, absolutamente,
uma falsificação da história.
Isso mostra que havia, sim, no Oriente, sábios pagãos capacitados para
discernir um sinal enviado por Deus sobre o nascimento do Messias judeu. A
estrela, além de ser o símbolo da nação judaica, era imagem comum entre os
judeus para designar o aparecimento de um grande homem, podendo
representar também um anjo, ou qualquer sinal de que se sirva a Providência
para guiar os
homens.
Sabe-se também que havia, entre os medos e persas, uma casta sacerdotal
muito bem conceituada, designada pelo nome de “magos” (o que, em sua
língua, significava “sacerdote”), e que se ocupava da adivinhação, astrologia
e medicina. Sabe-se, igualmente, que era comum a presença de reis e outras
personalidades pagãs em Jerusalém, atraídos - entre outros motivos -
também pela religião aí praticada.
Agora, quanto à afirmação de que “não eram três e não eram reis”: de fato, o
Evangelho não diz que eles eram reis, nem diz quantos eram; só fala em
“magos do Oriente”. Nem por isso se pode afirmar com certeza que não eram
três ou não eram reis, pois é perfeitamente possível que o fossem. A
abordagem mais razoável seria dizer, simplesmente, que não é possível
saber se essa tradição retrata a verdade, e que o Evangelho não traz essa
informação (nem a desmente).
Referências
FRANCISCO, Clyde T. Introdução ao Velho Testamento. Rio de Janeiro:
Juerp. Edição 1979.
GILBERTO, Antonio. A Bíblia através dos séculos. São Paulo: CPAD, 1995.
SHEDD, Russel. O novo comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1993.