Xango
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Xango
AULA DE XANGÔ
Xangô é o Deus da Justiça e sua força está nas pedreiras, exercendo uma influência muito
forte em seus filhos, principalmente a Justiça. Todos os Orixás, evidentemente, são justos,
e transmitem este sentimento aos seus filhos, entretanto com os filhos de Xangô a Justiça
deixa de ser uma virtude para passar uma obsessão, o que faz de seus filhos um sofredor,
principalmente porque o parâmetro da Justiça é o seu julgamento, e não o da Justiça
Divina, quase sempre diferente do nosso que é muito terra. Esta análise é muito
importante.
Xangô é a Divindade que está assentada no pólo positivo ou irradiante da 4ª.
Linha de Umbanda, que é a da Justiça Divina.
Na Linha da Justiça, Pai Xangô forma um par puro com o Orixá Feminino
Egunitá, pois ambos atuam pelo elemento Fogo.
Além disso, Xangô também polariza com Iansã (Trono Feminino da Lei),
formando com Ela uma Linha Mista, uma vez que atuam por elementos
diferentes: Xangô é o
Fogo e Iansã é o Ar que expande esse Fogo Divino. Isso acontece porque há
uma ligação estreita entre Justiça e Lei e, portanto, também entre as atuações
dos Orixás Regentes de cada uma dessas Linhas (Xangô e Egunitá na Linha
da Justiça; Ogum e Iansã na Linha da Lei).
Xangô está em tudo que gera habilidade no trato das relações humanas ou nos
governos, de um modo geral.
Para Xangô, a Justiça está acima de tudo e sem ela nenhuma conquista vale a
pena: o respeito pelo rei é mais importante que o medo. É o protetor dos juízes
e operadores do Direito em geral.
Quando pedimos a intervenção da Justiça Divina é preciso lembrar que ela vai
atuar em primeiro lugar em nós mesmos, verificando o quanto temos sido
justos com a nossa própria vida e com os nossos semelhantes. A balança da
Justiça pesa os dois lados de uma questão. E a machadinha dupla de Xangô
corta tudo que não esteja de acordo com a Justiça Divina, para só então trazer
o equilíbrio, a razão e a estabilidade, sempre de acordo com a nossa
necessidade e o nosso merecimento.
que aparecem nas saudações dos seus devotos, na África. Porém, o desafio é
feito sempre para ratificar o poder de Xangô.
O trono de Òyó já pertencia a Xangô por direito, pois foi seu pai, Oranian, o
fundador do reino. Xangô só fez apressar sua ascensão e foi o grande Alafim
de Òyó porque tomava as decisões mais acertadas e sábias e demonstrou,
acima de tudo, sua capacidade para o comando e um senso de justiça muito
apurado. Suas medidas, embora impostas, eram sempre justas. Era um rei
amado pelo povo, pois nos momentos de tensão respondia com eficiência e
também assumia a postura de um pai. Muitas lendas destacam seu destemor
e senso de justiça, sempre voltados para o bem coletivo.
Tudo o que se relaciona com Xangô lembra realeza: suas vestes, sua riqueza,
sua forma de gerir o poder. A cor vermelha, por exemplo, sempre esteve ligada
à nobreza, só os grandes reis pisavam sobre o tapete vermelho. E Xangô pisa
sobre o fogo, o vermelho original, o seu tapete.
A terceira foi Obá, que amou e não foi amada, sendo capaz de “cortar a orelha
esquerda” por amor ao seu rei. Tudo isso para dizer que os Orixás se
interrelacionam, atuam de forma conjunta e se complementam.
Esse “talismã” de Iansã seria o elemento Ar, que Ela rege, e que expande o
fogo.
Em algumas situações, além do oxé, Xangô também usa um làbà, uma bolsa
grande de couro ornamentado, onde guarda seus èdùn àrà, que lança sobre a
terra durante as tempestades. Os èdùn àrà são pedras neolíticas em forma de
machado, as pedras de raio consideradas emanações de Xangô, e são
colocados sobre um pilão de madeira esculpida (odó) consagrado a Xangô.
Outra vez a referência ao fogo e agora às pedras, fazendo lembrar a atuação
contundente de Xangô: o fogo que queima e destrói, mas que acalenta e
depois traz a razão, o equilíbrio e uma estabilidade firme como a das pedras,
dando sustentação a tudo e a todos.
Lendas de Xangô
Xangô era filho de Oranian, valoroso guerreiro, cujo corpo era preto à direita e
branco à esquerda. Homem valente à direita e à esquerda. Homem valente em
casa e na guerra. Oranian fundou o Reino de Oyó, na terra dos Nagôs-
Yorubás. Durante suas guerras, ele sempre passava por Empê, território Tapá,
cujo rei fez uma aliança com Oranian e lhe deu a filha em casamento. Desta
união nasceu Xangô.
Xangô gostava de sentar-se ao lado da forja para ver Ogum trabalhar. Vez por
outra, Xangô olhava para Iansã que, furtivamente, também o espiava. Xangô
era vaidoso e elegante. Impressionada pela distinção e pelo brilho de Xangô,
Iansã fugiu com ele e tornou-se sua primeira mulher.
Xangô volta para Kossô, por pouco tempo. Depois segue com seus súditos
para Oyó, o reino fundado por seu pai. Lá encontrou o trono ocupado pelo
irmão mais velho, chamado Dadá-Ajaká, um rei pacífico, que amava a beleza e
as artes.
Sete anos mais tarde veio o fim do seu reino: Xangô, acompanhado de Iansã,
subiu a colina de Igbeti, cuja vista dominava seu palácio. Ele queria
experimentar uma nova fórmula que inventara para lançar raios. Mas a fórmula
era tão boa que destruiu todo o seu palácio! Adeus mulheres, crianças, servos,
riquezas, cavalos, bois e carneiros! Tudo havia sido fulminado, espalhado e
reduzido a cinzas...
Xangô, desesperado, e seguido apenas por Iansã, voltou para Tapá. Mas
chegando a Kossô, seu coração não suportou tanta tristeza, pela destruição de
seu reino. Xangô então bateu violentamente com os pés no chão e afundou
dentro da terra. Oxum e Obá se transformaram em rios. E todos se tornaram
Orixás; sendo Xangô o Orixá do trovão.
2- A justiça de Xangô
Certa vez, Xangô e seus exércitos enfrentaram soldados inimigos que tinham
ordens superiores de não fazer prisioneiros. As ordens eram para aniquilar o
exército de Xangô. E assim foi feito: os que caíam prisioneiros eram mortos,
mutilados, e tinham seus pedaços jogados ao pé da montanha onde Xangô
estava.
Isso provocou a ira de Xangô que, num movimento rápido, bateu com seu
machado na pedra, provocando faíscas que mais pareciam raios. Quanto mais
ele batia, mais os raios ganhavam forças, e mais inimigos eram abatidos.
Mas Xangô não concordou, dizendo: “- Não! O meu ódio não pode ultrapassar
os limites da justiça. Eram guerreiros cumprindo ordens. Seus líderes é que
devem pagar!”
Essa lenda fala do domínio de Xangô no campo da Justiça; a Justiça que não
se engana e que alcança a tudo e a todos, na justa medida.
Sàngò, filho de Obatalá, era um jovem rebelde e vez por outra saía pelo mundo
botando fogo pela boca, queimando cidades e fazendo arruaça. Obatalá era
informado de seus atos, recebendo queixas de todas as partes da terra, e
alegava que o filho era assim por não ter sido criado junto dele; mas que algum
dia conseguiria dominá-lo.
Certo dia, Sàngò estava na casa de Obá e deixou seu cavalo branco amarrado
junto à porta da casa. Obatalá e Odudua passaram por lá, viram o animal e o
levaram. Ao sair, Sàngò deu pela falta do animal e, enfurecido, saiu em sua
busca, perguntando aqui e acolá. Numa vila próxima, informaram-lhe que dois
velhos estavam levando consigo o animal, o que deixou Sàngò ainda mais
colérico. Alcançou os dois velhos e, ao tentar agredi-los, percebeu que eram
Obatalá e Odudua. Obatalá levantou seu opaxorô (cajado) e ordenou: "Sàngò
kunlé, foribalé".
Essa lenda nos fala do campo de atuação de cada Orixá. Um Orixá não é
maior que outro. Existe um “respeito” entre Eles. Cada Orixá tem uma
atribuição na Criação, e assim devemos amá-los, respeitá-los e reverenciá-los.
Diz uma lenda que, apesar de ser um grande guerreiro, justo e conquistador,
Xangô detesta doenças, a morte e tudo aquilo que já morreu. É avesso a
eguns. Admite-se até que seja uma espécie de “ímã de eguns”, daí sua
aversão a eles.
Quem tem a proteção de Xangô sente que nada nem ninguém abatem um filho
desse Orixá. Podem até conseguir levá-lo ao fundo do abismo, mas depois de
algum tempo ele renasce com mais vigor e volta a enfrentar o mundo de peito
aberto, sem medo.
Amaci: Água de cachoeira com hortelã macerada e curtida por três dias.
Cozinha ritualística:
Exu Labareda, Exu Pedra Negra, Exu da Pedra Preta, Exu 7 Montanhas, Exu
das Pedreiras, Exu do Fogo, Exu Pinga Fogo, Exu Brasa, Exu 7 Fagulhas, Exu
Pedra do Fogo, Exu Corta-Fogo, Exu Pimenta, Exu 7 Pedreiras.
Linha Justiça
Essência Ígnea.
Elemento Fogo e Ar
Chacra Umbilical
Bebida Cerveja preta, vinho tinto doce, vinho tinto seco, licor de
ambrosia, água mineral
Números 03, 06 e 12
Senhor do trovão raiado olhai por mim no poder desta reza. Xângô poderoso,pai bondoso,mas
justiceiro,
peço aos teus Doze Ministros por mim,
para que me absolva no seu grande tribunal do céu e da terra.
Doze pedras sustentam tua coroa no mais altodos penhascos,
que pai Zambi te deu.Olhai por mim,meu pai.
Tu és um Deus,um orixá que reina no céu e na terra como:
Senhor Kaô
senhor Bá
Senhor Doju
Senhor Alafim
Senhor Agodô
Senhor Ajacá
Senhor Afunjá
Senhor Abomi
Senhor Sambará
Senhor Aganju
Senhor Airá
Senhor Baru