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3.
O PRINCÍPIO DA JURIDICIDADE
Porque entender o princípio da juridicidade como um princípio norteador da
Administração Pública. Porque não se restringe a apenas uma modalidade principiológica e se sobrepõe quando de sua matriz, ao fundar-se em um grande princípio que englobaria todas as leis (princípio da legalidade), as regras internas e os costumes. O que se busca neste novo princípio norteador vai além dos princípios já apontados por diversos doutrinadores, corrobora em uma convergência de ações que devam ser praticadas pelo agente público sem o qual tornar-se-ia maculado o ato administrativo. Ainda neste esteio, o princípio da juridicidade não pode estar aparelhado a princípios gerais constitucionais ou quiçá princípios específicos da administração pública pois nasceu para fortalecer o atual momento jurídico do Brasil e de boa parte do mundo aonde se busca a integração entre norma e fato social. Por todo este diapasão é que entendo ser o princípio da juridicidade um novo supraprincípio da administração pública pois os dois primeiros tem abrangência em seara diversas não contemplando a proposta deste princípio. Ao abordarmos o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado, o que se pretende a priorizar o interesse coletivo ao sobreporem-se aos individuais. Preconizando ó interesse público primário, ou seja, a coletividade. Quando ressaltamos o princípio da indisponibilidade do interesse público, os agentes não podem transacionar o que é indisponível, ou seja, os bens públicos. Corroborando esta seara, o princípio da juridicidade reveste-se de toda regra inclusive os costumes, a ética e a eficiência, todo esse desiderato de ordenamentos visa promover a conduta do agente público fulcrado na norma fundamental do agir conforme a lei, e neste novo princípio, a leis revestem-se de toda forma de conduta no mundo jurídico, as positivadas e não positivadas ou sociais. Parafraseando o doutrinador Alexandre Mazza, podemos entender que o princípio da juridicidade compõe-se de um bloco de legalidade e, superando esta proposta, vamos adiante no anotar que o princípio da juridicidade não é só um somatório de legalidade mas e sobretudo reveste-se de legalidade e legitimidade quando denotado como costume ou procedimentos não normatizados. , portanto um novo princípio que visa nortear as ações dos gestores públicos, alicerçado na proposta do neoconstitucionalismo, na busca da garantia objetiva dos direitos fundamentais do cidadão consumidor de serviço público assim como, dos deveres explícitos e implícitos da administração pública para com os seus administrados, ou com ela mesma em suas ações costumeiras. primeiro lugar, há que se notar que a juridicidade possui um reflexo importantíssimo, sobretudo no que concerne aos direitos fundamentais, já que, apesar de não existir uma hierarquia entre as normas constitucionais, é indubitável que aqueles possuem uma primazia axiológica com relação às demais normas da Lei Maior. novos encargos assumidos pelo Estado determinam o crescimento de seu aparelho administrativo, fazendo aumentar, consideravelmente, a responsabilidade dos agentes públicos. Nesta proposta, o princípio da juridicidade representaria um macro sistema de alguns princípios da Administração Pública e especificamente estariam sob sua abrangência os princípios constitucionais dispostos no Art. 37 § 4º da CF/88 que são: a legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência, tornando estes princípios, espécies do princípio da juridicidade. virtude do princípio do Estado de Direito e de sua eficácia de ordenação dos elementos que o compõem, é possível permitir a atuação do administrador independentemente de lei que regulamente por exemplo, o direito à saúde, para normatizar uma política de concessão de medicamentos ainda que não haja lei definidora de tal política, até que sobrevenha diploma legal dispondo sobre a dita concessão. O princípio da juridicidade atem-se a nova ordem de subordinação da administração pública ao direito no atual Estado Democrático de direito ou tão- somente o Estado social. As mudanças operadas na segunda metade do século XX, já antes referidas — alteração do sentido e do conceito material de lei; alargamento do domínio juridicamente relevante; desenvolvimento exponencial das esferas de atuação administrativa — tem como consequência a ampliação e a diversificação das relações entre a Administração e o Direito, gerando um novo paradigma. A compreensão ora proposta de juridicidade permite que se tracem alguns desdobramentos possíveis que exsurgem a partir da concepção trabalhada. Assim, serão explicitadas possíveis consequências do fenômeno da juridicidade, pois, evidentemente, não seria possível sequer almejar-se exaurir a matéria, a qual é inesgotável. A partir da noção de juridicidade apontada, verifica-se a possibilidade de juridificação de fatos não formalizados, isto é, a atribuição de axiologia jurídica a fatos que, a priori, não poderiam ser reconhecidos juridicamente. Em outras palavras, é dizer que a juridicidade pode conferir relevância jurídica à mera existência fática de determinadas situações, algo inimaginável sob o prisma legalista/positivista. Nesse sentido o princípio da juridicidade contempla, não só as normas posititvas, mas, sobretudo, o costume administrativo, as praxes, práticas e usos administrativos e o precedente administrativo. Tais fatos, praticados pela própria Administração, têm o poder de “subverter” a legalidade e a dicotomia entre validade e invalidade, pois mesmo não sendo tais atos formais sob a perspectiva estrita da legalidade (razão pela qual seriam ilícitos e inválidos pelo paradigma da legalidade), são merecedores de consideração pela simples existência, a qual é capaz de lhes conferir validade jurídica, a despeito da ilegalidade formal. Ressalte-se, ainda, que o reconhecimento de tais atos ou precedentes da Administração tem força jurídica para normatizar ou até mesmo vincular a própria Administração, que não poderá alegar a ilegalidade da sua própria conduta, salvo, evidentemente, as hipóteses em que houver argumentos – de interesse público - suficientes para desconsideração de tal situação, à luz de uma análise sistemática. Tal compreensão tem por fundamento, no direito brasileiro as ações discricionárias do administrador público que devem pautar-se nos princípios da juridicidade pública, princípio este que, aos poucos, vem fazendo parte do arcabouço jurídico brasileiro, mormente ancorado no neoconstitucionalismo moderno e na visão de aplicação de decisões não só tomando-se por base a legalidade kelseniana, mas, levando-se em conta toda sistemática da práxis no afã de afastar-se do engessamento normativo e a aproximação da justiça e não só da legalidade aplicada.
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