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00000000000 - DEMO
DIREITO DO TRABALHO P/ TRT-SC
Teoria e Questões
Aula 00 – Prof. Antonio Daud Jr
AULA 00
Aula demonstrativa
Sumário
1 - Apresentação ..................................................................................... 2
2 - Cronograma ....................................................................................... 4
3 - Desenvolvimento ................................................................................ 6
3.1. Jornada de trabalho .......................................................................... 6
3.1.1. Tempo à disposição do empregador .............................................. 7
3.1.2. Tempo in itinere ......................................................................... 9
3.1.3. Prontidão e sobreaviso .............................................................. 13
3.1.4. Tempo residual à disposição do empregador ................................ 16
3.2. Modalidades de jornada de trabalho .................................................. 19
3.2.1. Jornada padrão (normal) de trabalho .......................................... 19
3.2.2. Jornadas especiais de trabalho ................................................... 19
3.3. Jornada extraordinária .................................................................... 28
3.3.1. Compensação de jornada .......................................................... 30
4 – Questões comentadas ....................................................................... 35
5 – Lista das Questões Comentadas ......................................................... 71
6 – Gabarito.......................................................................................... 85
7 – Resumo .......................................................................................... 86
8 – Conclusão ....................................................................................... 89
9 – Lista de Legislação, Súmulas e OJ do TST relacionados ao tema ............. 90
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- Introdução
- Desenvolvimento (parte teórica)
- Questões comentadas de concursos anteriores (FGV, FCC e
Cespe)
- Lista das questões comentadas (para o aluno poder praticar sem
olhar as respostas)
- Gabaritos das questões
- Breve resumo
- Conclusão, com destaque para aspectos mais relevantes
- Lista de artigos da legislação e Súmulas do TST (relacionados ao
tema da aula)
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2 - Cronograma
O cronograma de nosso curso será o seguinte:
Aula 00 Apresentação do curso. Trecho teórico demonstrativo sobre Duração
(28/06) do Trabalho.
1. Dos princípios, fontes, integração e aplicação direta e subsidiária
inclusive no tempo e no espaço, do Direito do Trabalho. Convenções
da OIT.
Aula 01 2. Dos direitos constitucionais dos trabalhadores (arts. 7º a 11 da
(30/06) CF/88) e demais direitos constitucionais aplicáveis às relações de
trabalho (arts. 5º, I a VI, VIII a XVIII, XX, XXIII, XXIX, 6º, 37, II e
170, da CF/88 e 10, I e 19, do ADCT da CF/88).
28. Da renúncia e transação.
3. Da relação de trabalho e da relação de emprego: requisitos e
distinção; relações de trabalho lato sensu: trabalho autônomo,
trabalho eventual, trabalho temporário e trabalho avulso.
4. Dos sujeitos do contrato de trabalho stricto sensu: do empregado
Aula 02 e do empregador: conceito e caracterização; empregado de confiança
(02/07) e altos empregados: tratamento jurídico; dos poderes do
empregador no contrato de trabalho e sanções
disciplinares; regulamento de empresa.
5. Do grupo econômico; da sucessão da empregadoras; das
responsabilidades solidária e subsidiária.
Aula 3 6. Da prestação de serviços a terceiros: conceito, limites, hipótese e
(09/07) efeitos.
7. Do contrato individual de trabalho: conceito, classificação e
características. Contratos especiais
de trabalho. Trabalho presencial e teletrabalho. Bens
extrapatrimoniais, direitos indisponíveis e direitos negociáveis. Do
dano moral: caracterização e critério de quantificação.
Aula 04
8. Da alteração do contrato de trabalho: alteração unilateral e
(10/07)
bilateral; alterações quantitativas, qualitativas e circunstanciais; o
jus variandi.
9. Da suspensão e interrupção do contrato de trabalho:
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essenciais.
Aula 13
[Trabalho doméstico]
(23/07)
Aula 14 Simulado questões FGV
(25/07)
3 - Desenvolvimento
Veremos nesta aula um dos assuntos mais exigidos em provas, que são duração
do trabalho, jornada de trabalho e descansos.
É um assunto que cai em muitas questões, além de ser extremamente importante
no dia a dia, pois gera inúmeras ações trabalhistas em curso nos Tribunais do
Trabalho.
1
CLT, art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é
obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo,
de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder
de 2 (duas) horas.
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Serão devidas as
CASA TRABALHO
horas in itinere
➢ Fornecimento da condução
Em face das circunstâncias, quando o empregador fornece a condução pode-se
configurar a jornada in itinere.
Percebam que se o empregador fornece a condução, mas o local de trabalho é
servido por transporte público e não se enquadra como difícil acesso, não será o
caso de horas in itinere!
Ponto de
CASA TRABALHO
ônibus
Quanto a esta última alínea da Súmula 90, vamos pensar o seguinte: considere
a jornada in itinere de um empregado que labora 8 horas diárias, além de 30
minutos in itinere pela manhã (itinerário casa-trabalho) e 30 minutos in itinere à
tarde (itinerário trabalho-casa).
Neste caso deve haver meio de controle da jornada no veículo de transporte (um
registrador eletrônico de ponto móvel, por exemplo) e, como está havendo 9
horas de jornada por dia (8 horas de trabalho efetivo e 1 hora in itinere), em
princípio o empregado deve ser remunerado em 1 hora extraordinária (inclusive
com seu respectivo adicional).
Quanto ao tempo in itinere, a CLT permite que haja um controle diferenciado para
as microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP):
SUM-428 SOBREAVISO
O uso de aparelho de intercomunicação, a exemplo de BIP, “pager” ou
aparelho celular, pelo empregado, por si só, não caracteriza o regime de
sobreaviso, uma vez que o empregado não permanece em sua residência
aguardando, a qualquer momento, convocação para o serviço.
SUM-428 SOBREAVISO. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 244, § 2º DA CLT
I - O uso de instrumentos telemáticos ou informatizados fornecidos pela
empresa ao empregado, por si só, não caracteriza regime de sobreaviso.
II – Considera-se em sobreaviso o empregado que, à distancia e submetido
a controle patronal por instrumentos telemáticos ou informatizados,
permanecer em regime de plantão ou equivalente, aguardando a qualquer
momento o chamado para o serviço durante o período de descanso.
A atual redação do item I tem o mesmo sentido da anterior, de modo que não
basta apenas o uso de meios de comunicação fornecidos pela empresa para que
se configure o sobreaviso.
Sobre o instituto do sobreaviso e sua relação com os meios de comunicação é
interessante conhecer a lição de Sérgio Pinto Martins2:
“O sobreaviso se caracteriza pelo fato do empregado ficar em sua casa (e
não em outro local), aguardando ser chamado para o serviço. Permanece
em estado de expectativa durante o seu descanso, aguardando ser
chamado a qualquer momento. Não tem o empregado condições de assumir
outros compromissos, pois pode ser chamado de imediato, comprometendo
até os seus afazeres familiares, pessoais e até o seu lazer. (...) Em razão
da evolução dos meios de comunicação, o empregado tanto pode ser
chamado pelo telefone ou pelo telégrafo (como ocorria nas estradas de
ferro), como também por BIP, “pagers”, lap top ligado à empresa, telefone
celular, etc. O artigo 244 da CLT3 foi editado exclusivamente para os
ferroviários, pois os últimos meios de comunicação na época ainda não
existiam. O Direito do Trabalho passa, assim, a ter de enfrentar essas novas
situações para considerar se o empregado está ou não à disposição do
empregador, principalmente quanto à liberdade de locomoção do obreiro”.
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2
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários às Súmulas do TST. 11 ed. São Paulo: Atlas, 2012, p. 340.
3 CLT, art. 244. As estradas de ferro poderão ter empregados extranumerários, de sobre-aviso e de prontidão,
para executarem serviços imprevistos ou para substituições de outros empregados que faltem à escala
organizada.
(...)
§ 2º Considera-se de "sobre-aviso" o empregado efetivo, que permanecer em sua própria casa, aguardando a
qualquer momento o chamado para o serviço. Cada escala de "sobre-aviso" será, no máximo, de vinte e
quatro horas, As horas de "sobre-aviso", para todos os efeitos, serão contadas à razão de 1/3 (um terço) do
salário normal.
CLT, art. 58, § 1º Não serão descontadas nem computadas como jornada
extraordinária as variações de horário no registro de ponto não
excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez
minutos diários.
Percebam, então, que a desconsideração do tempo residual somente terá lugar
quando as variações de registro não excederem de 05 (cinco) minutos e, além
disso, sendo observado o limite máximo diário de 10 (dez) minutos.
Se algum destes requisitos for extrapolado, toda a variação será acrescentada na
jornada de trabalho. Reforça tal entendimento a Súmula 366 (com redação
atualizada em maio de 2015):
CARTÃO PONTO
Saída do Retorno do
Dia Entrada Saída
intervalo intervalo
(...)
(...)
4 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho.12 Ed. São Paulo: LTr, 2013, p. 930.
5
DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 915.
Jornada
Intervalo Descanso Início da jornada às
encerrada às
interjornada de semanal de 24 09h00min de
22h00min de
11 horas horas segunda
sábado
horas. Nessa situação, Jacinto não tem direito ao pagamento de hora extra.
6
CARRION, Valentim. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 37ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012,
p. 150-151.
horas semanais.
Com base nesta previsão legal, o TST estendeu a regra aos empregados que
operam telefone de mesa (de empresas em geral):
SUM-178 TELEFONISTA. ART. 227, E PARÁGRAFOS, DA CLT.
APLICABILIDADE
É aplicável à telefonista de mesa de empresa que não explora o serviço de
telefonia o disposto no art. 227, e seus parágrafos, da CLT.
Os operadores de teleatendimento e telemarketing (atividades recentes, que
não existiam quando da publicação da CLT) não possuem restrição legal de sua
jornada de trabalho.
Estas pessoas laboram em locais denominados call centers, que são ambientes
de trabalho nos quais a principal atividade é conduzida via telefone e/ou rádio
com utilização simultânea de terminais de computador.
Ainda não há consenso doutrinário sobre a aplicação analógica do artigo 227 da
CLT (comentado acima) para as atividades de teleatendimento e telemarketing.
Sobre isto é de notar que havia um verbete do TST, cancelado em 2011, que
dispunha ser inaplicável, por analogia, a jornada reduzida do art. 227 a esta
categoria:
OJ-SDI1-273 "TELEMARKETING". OPERADORES. ART. 227 DA CLT.
INAPLICÁVEL
A jornada reduzida de que trata o art. 227 da CLT não é aplicável, por
analogia, ao operador de televendas, que não exerce suas atividades
exclusivamente como telefonista, pois, naquela função, não opera mesa de
transmissão, fazendo uso apenas dos telefones comuns para atender e
fazer as ligações exigidas no exercício da função.
Frise-se que há disposições específicas sobre intervalos durante a jornada de
trabalho dos operadores de teleatendimento e telemarketing na NR 17
(ERGONOMIA), mas este é um assunto a ser tratado no curso de Segurança e
Saúde no Trabalho.
Em relação à categoria dos jornalistas profissionais a CLT possui seção
específica, onde se estipula jornada diferenciada:
CLT, art. 303 - A duração normal do trabalho dos empregados
compreendidos nesta Seção não deverá exceder de 5 (cinco) horas, tanto
de dia como à noite.
CLT, art. 304 - Poderá a duração normal do trabalho ser elevada a 7 (sete)
horas, mediante acordo escrito, em que se estipule aumento de ordenado,
correspondente ao excesso do tempo de trabalho, em que se fixe um
intervalo destinado a repouso ou a refeição.
Quanto aos operadores cinematográficos a Consolidação define jornada
padrão de 06 (seis) horas:
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jornada de trabalho
(A) poderá ser livremente pactuada entre as partes, desde que não
ultrapasse vinte e oito horas semanais, sendo vedada a prestação de horas
extras.
(B) não poderá exceder a vinte horas semanais, sendo vedada a prestação
de horas extras.
(C) deverá ser obrigatoriamente de vinte e quatro horas semanais.
(D) poderá ser livremente pactuada entre as partes, desde que não
ultrapasse dezoito horas semanais, bem como oito horas extras mensais.
(E) não poderá exceder a vinte e cinco horas semanais, sendo vedada a
prestação de horas extras.
Isto permite concluir que toda hora suplementar será remunerada com o
respectivo adicional?
A resposta é negativa.
No caso de regime de compensação de horas haverá a prestação de labor além
da jornada padrão mas, como as horas serão compensadas, não será devido o
respectivo adicional.
Nesta linha, segue o ensinamento do Ministro Godinho7, citando Amauri Mascaro
Nascimento:
“A noção de jornada extraordinária não se estabelece em função da
remuneração suplementar à do trabalho normal (isto é, pelo pagamento do
adicional de horas extras). Estabelece-se em face da ultrapassagem da
fronteira normal da jornada. A remuneração do adicional é apenas um
efeito comum da sobrejornada, mas não seu elemento componente
necessário.”
Quanto ao percentual, cuidado para não confundirmos a disposição da CLT (que
previa 20%) com a redação da CF/88, vista acima, com adicional mínimo de
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50%:
CLT, art. 59, § 1º - Do acordo ou do contrato coletivo de trabalho deverá
constar, obrigatoriamente, a importância da remuneração da hora
suplementar, que será, pelo menos, 20% (vinte por cento) superior à da
hora normal.
Considera-se que este dispositivo celetista supratranscrito não foi recepcionado
pela CF/88.
Também é viável (e bastante comum) que acordos coletivos de trabalho (ACT) e
convenções coletivas de trabalho (CCT) prevejam percentuais maiores que 50%.
7
DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 936.
Compensação de jornada
Acordo de prorrogação de
Banco de horas
jornada
CARTÃO PONTO
Saída do Retorno do
Dia Entrada Saída
intervalo intervalo
Sábado - - - -
Domingo - - - -
escrito:
CESPE/TRT17 – Analista Judiciário – Área Administrativa - 2009
O acordo de prorrogação de horas pode ser celebrado de forma verbal.
➢ Banco de horas
Outra possibilidade de compensação de jornada é o banco de horas, na qual a
compensação extrapola o período de uma semana.
Para que haja banco de horas (período máximo de um ano) é necessária previsão
em negociação coletiva de trabalho.
O banco de hora atende ao jus variandi do empregador, que exigirá mais labor
(hora extras) quando haja maior demanda do mercado e, ao revés, quando a
produção ficar em ritmo mais lento, poderá dispensar o empregado de alguns
dias de trabalho para compensar as horas positivas do banco, tudo isso sem
pagamento de horas extraordinárias.
A previsão legal é a seguinte:
CLT, art. 59, § 2º Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por
força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em
um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de
maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das
jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite
máximo de dez horas diárias.
➢ Compensação 12 x 36 horas
Destacamos esta possibilidade em tópico específico tendo em vista a edição da
Súmula 444 em setembro de 2012.
Em algumas profissões é comum se estabelecer organização de escalas de 12
horas de trabalho seguidas de 36 horas de descanso.
Apesar da duração diária do trabalho extrapolar as 10 horas, o módulo semanal
acaba sendo reduzido, pois há 36 horas de descanso entre uma jornada e outra.
Com a edição da Súmula 444 o TST materializa seu entendimento de que é
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Segue abaixo um dos julgados que serviram de precedente para a Súmula 444:
HORAS EXTRAS - JORNADA 12X36. A jurisprudência desta Corte é pacífica
em reconhecer a validade do regime de compensação de 12 por 36 horas,
quando autorizado por norma coletiva, considerando indevido o pagamento
como horas extras da 11ª e da 12ª horas diárias. Agravo de Instrumento
não provido. (...)
(ARR - 101800-54.2008.5.04.0002, 8ª Turma, Rel. Juíza Conv. Maria Laura Franco
Lima de Faria, DEJT 27.4.2012).
E se a jornada de 12 x 36 foi pactuada diretamente com o empregado, ou seja,
sem a participação do sindicato obreiro e nem com base em previsão legal?
A teor da Súmula 444, esta pactuação não é admitida. Neste caso, conforme
ementa abaixo, o regime será inválido:
RECURSO DE REVISTA. (...) JORNADA ESPECIAL - 12X36 HORAS - SÚMULA
444/TST. INVALIDADE - SÚMULA 85/TST. O Tribunal Pleno, na sessão
extraordinária do dia 14.09.2012 (Semana do TST), aprovou o enunciado
de Súmula n.º 444, (...). Entretanto, uma vez reconhecida a invalidade
desse regime de jornada 12x36, é razoável a observância dos parâmetros
dos itens III e IV da Súmula 85/TST, para fins de pagamento das horas
extras. Assim, a condenação deve limitar-se ao pagamento do adicional de
horas extras relativamente às horas laboradas, quando não dilatada a
duração máxima semanal, e da hora extraordinária, acrescida do respectivo
adicional, quando ultrapassada a duração semanal normal. Recurso de
revista conhecido e parcialmente provido no particular.
(RR - 133200-86.2009.5.04.0023, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado,
Data de Julgamento: 12/12/2012, 3ª Turma, Data de Publicação: 14/12/2012)
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4 – Questões comentadas
4.1 – Jornada de trabalho normal
1. FCC/TRT23 – Técnico Judiciário – Área Administrativa –
2016
De acordo com o artigo 58, caput, da Consolidação das Leis do Trabalho “a
duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade
privada, não excederá de oito horas diárias, desde que não seja fixado
expressamente outro limite”. Segundo entendimento Sumulado do TST,
para estes empregados quando sujeitos a 40 horas semanais de trabalho,
para o cálculo do valor do salário-hora aplica-se o divisor
(A) 200.
(B) 220.
(C) 176.
(D) 160.
(E) 170.
Comentários
Gabarito (A), nos termos da SUM-431 do TST:
SUM-431
Para os empregados a que alude o art. 58, caput, da CLT, quando sujeitos
a 40 horas semanais de trabalho, aplica-se o divisor 200 (duzentos)
para o cálculo do valor do salário-hora.
Para quem desejar conhecer a lógica matemática por trás dessa súmula, note o
seguinte: sendo o módulo semanal de 40 horas, respeitado um dia de descanso
semanal, restam 6 dias por semana para o trabalho; dividindo-se 40 por 6, temos
6,66h/dia.
6,66h/dia = 6h + 0,66h = 6h + 2/3h = 6h + 40min = 6h40min
00000000000
Compensação de jornada
Acordo de prorrogação de
Banco de horas
jornada
Comentários
Gabarito (D). Trata-se da jornada in itinere, tratada no art. 58, § 2º, da CLT, e
na SUM-90 do TST.
A alternativa (A) está incorreta, já que não há previsão para redução unilateral
da jornada de trabalho.
A alternativa (B) está incorreta, já que, por exemplo, no caso de jornada de
trabalho noturna, haverá, por força da CF e da CLT, o pagamento de um adicional.
Caso os trabalhadores noturnos tenham a mesma função dos diurnos, eles irão
receber a mais que estes.
A alternativa (C) está incorreta. É possível haver compensação de jornada e
esta extrapolar as 8 horas diárias. É possível, também, no caso dos empregados
Comentários
Gabarito (D), visto que a CLT permite que haja um controle diferenciado para
as microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP):
CLT, art.58, § 3º Poderão ser fixados, para as microempresas e empresas
de pequeno porte, por meio de acordo ou convenção coletiva, em caso de
transporte fornecido pelo empregador, em local de difícil acesso ou não
servido por transporte público, o tempo médio despendido pelo
empregado, bem como a forma e a natureza da remuneração.
A alternativa A está incorreta porque, como não é possível que todos registrem
simultaneamente o ponto (e a maioria chega à empresa no mesmo horário), e
considerando a prática jurisprudencial, foi inserida na CLT regra que permite
desconsiderar pequenas variações no ponto do empregado, qual seja:
CLT, art. 58, § 1º Não serão descontadas nem computadas como jornada
extraordinária as variações de horário no registro de ponto não
excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez
minutos diários.
Portanto, as variações dentro deste limite não são consideradas jornada
extraordinária, ao contrário do que diz a questão.
Por sua vez, a alternativa B está incorreta porque ignorou a exceção prevista
no final do §2º abaixo, que trata justamente do tempo in itinere:
CLT, art. 58, § 2º O tempo despendido pelo empregado até o local de
trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será
computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de
difícil acesso ou não servido por transporte público, o empregador fornecer
a condução.
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8
Além do encargo de gestão a CLT também exige a percepção de gratificação de função não inferior
a 40%, como estudado anteriormente.
Por fim, a letra E peca ao citar os limites do horário noturno para o trabalhador
urbano, já que este é, na verdade, das 22 hs às 05 hs do dia seguinte.
9
Restrição não recepcionada pela CF/88.
Comentários
Gabarito (A), consoante previsão celetista:
CLT, art. 73, § 4º Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem
períodos diurnos e noturnos, aplica-se às horas de trabalho noturno o
disposto neste artigo e seus parágrafos.
Tal artigo prevê o adicional de hora noturna, a hora ficta noturna (52’30’’) e o
período que se considera noturno - para os empregados em geral, das 22h00min
às 05h00min.
10
CLT, art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a
vinte e cinco horas semanais.
11
Tal restrição ao alcance do direito ao adicional noturno não foi recepcionada pela Constituição Federal.
12
Para os rurais o adicional é de 25%, conforme previsto na Lei do Trabalho Rural (Lei 5.889/73).
2 horas, e não 4:
CLT, art. 59 - A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas
suplementares, em número não excedente de 2 (duas), mediante acordo
escrito entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de
trabalho.
A alternativa (E) errou ao sugerir que o intervalo, no caso, seria de 20 minutos:
CLT, art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6
(seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou
alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo
escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas)
horas.
00000000000
13
Além do encargo de gestão a CLT também exige a percepção de gratificação de função não inferior
a 40%, como estudado anteriormente.
e Horas in itinere
A primeira condição não foi atendida, pois o enunciado mencionou que havia
condução do empregador "embora pudesse utilizar transporte público coletivo
para fazer o trajeto, diante da proximidade da empresa e de sua casa do ponto
de ônibus”.
2013
Conforme normas contidas na Constituição Federal e na Consolidação das
Leis do Trabalho,
(A) é considerado trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração
não exceda a 30 horas semanais.
(B) a duração normal do trabalho poderá ser acrescida por até quatro horas
suplementares por dia, mediante acordo verbal ou escrito entre empregado
e empregador.
(C) os empregados sob o regime de tempo parcial poderão prestar até duas
horas extras por dia, desde que haja ajuste por meio de norma coletiva.
Não há obrigatoriedade de
Igual ou inferior a 04 horas concessão de intervalo
intrajornada
(B) terá direito a 16 dias de férias, sendo que, se tiver mais de sete faltas
injustificadas durante o período aquisitivo, terá o período de férias reduzido
à metade.
(C) poderá prestar no máximo 5 horas extras por semana, em razão do
regime de contratação a tempo parcial.
(D) terá direito ao adicional de periculosidade, em percentual inferior ao
legal e proporcional ao tempo de exposição ao risco, desde que tal condição
conste do acordo coletivo de trabalho que autorizou a contratação a tempo
parcial.
Comentários
Gabarito (D). Questão praticamente idêntica a uma da ESAF, de 2003, aplicada
na prova de AUDITOR FISCAL DO TRABALHO_MTE.
A alternativa D está correta, conforme art. 59 da CLT:
CLT, art. 59 - A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas
suplementares, em número não excedente de 2 (duas), mediante
acordo escrito entre empregador e empregado, ou mediante contrato
coletivo de trabalho.
§ 1º - Do acordo ou do contrato coletivo de trabalho deverá constar,
obrigatoriamente, a importância da remuneração da hora suplementar, que
será, pelo menos, 20% (vinte por cento) [50%] superior à da hora
normal.
Comentários
Gabarito (C). Sabemos que, por força constitucional, o adicional horas extras é
de no mínimo 50%, e não 100% como afirmado na letra (A). Como se não
bastasse, o examinador também trocou o percentual do adicional noturno de 20%
(correto) para 50% na questão. Portanto, item errado.
A assertiva (B) começa bem, mas no final afirma que a compensação de horas
dentro do mês depende de decisão do empregador. As principais diferenças para
fins de prova entre as modalidades de compensação de jornada (banco de horas
e acordo de prorrogação de jornada) são as seguintes:
Acordo de prorrogação de
Banco de horas
jornada
Comentários
Gabarito (A). A questão cobra posicionamentos do TST acerca da realização de
horas extras, intervalos e duração do trabalho.
As horas extras habitualmente prestadas incorporam-se sim à gratificação
natalina (Súmula 45) e ao DSR (Súmula 172). Vejamos:
SUM-172 REPOUSO REMUNERADO. HORAS EXTRAS. CÁLCULO
Computam-se no cálculo do repouso remunerado as horas extras
habitualmente prestadas.
16
Lei que institui a Gratificação de Natal para os Trabalhadores.
Por fim, a letra (E), também incorreta, tenta confundir a exigência para se
estabelecer compensação de jornada intrassemanal (via simples acordo escrito
entre empregado e empregador) com a exigência para o estabelecimento de
banco de horas (negociação coletiva).
Nestes casos,
(A) apenas Simone terá direito ao pagamento de horas extraordinárias uma
vez que ultrapassou a jornada normal de trabalho.
(B) Simone e Flaviana terão direito ao pagamento de horas extraordinárias
uma vez que ultrapassaram a jornada normal de trabalho, bem como a
variação de jornada legal permitida de cinco minutos diários.
(C) nenhuma das empregadas terá direito ao pagamento de horas
extraordinárias, uma vez que não serão descontadas nem computadas
como jornada extraordinária as variações de horário no registro de ponto
não excedentes de quinze minutos diários.
(D) nenhuma das empregadas terá direito ao pagamento de horas
extraordinárias, uma vez que não serão descontadas nem computadas
como jornada extraordinária as variações de horário no registro de ponto
não excedentes de quinze minutos, observado o limite máximo de vinte
minutos diários.
(E) nenhuma das empregadas terá direito ao pagamento de horas
extraordinárias, uma vez que ambas chegaram na empresa antes do
horário de trabalho, iniciando o labor a revelia da empresa empregadora.
Comentários
Gabarito (A). O objeto desta questão consiste nos minutos que antecedem e
sucedem a jornada de trabalho. Portanto, são as disposições contidas no art. 58,
§ 1º, da CLT e a Súmula 366 do TST.
Súmula nº 366 do TST - Não serão descontadas nem computadas como
jornada extraordinária as variações de horário do registro de ponto não
excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez
minutos diários. Se ultrapassado esse limite, será considerada como extra
a totalidade do tempo que exceder a jornada normal, pois configurado
tempo à disposição do empregador, não importando as atividades
desenvolvidas pelo empregado ao longo do tempo residual (troca de
uniforme, lanche, higiene pessoal, etc).
00000000000
semana) semanal
00000000000
servido por transporte público, poderão ser fixados, por meio de acordo ou
convenção coletiva, o tempo médio despendido pelo empregado, bem como
a forma e a natureza da remuneração.
(E) a duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas
suplementares, em número não excedente de duas horas diárias, desde
que haja previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho.
(A) a duração do trabalho normal não será superior a oito horas diárias e
quarenta horas semanais, facultada a compensação e a redução de jornada.
(B) não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária
as variações de horário no registro de ponto não excedentes de dez
minutos, observado o limite máximo de quinze minutos diários.
(C) entre duas jornadas de trabalho diário haverá um período mínimo de
onze horas consecutivas para descanso, além de um descanso semanal
remunerado de vinte e quatro horas consecutivas, preferencialmente, aos
domingos.
(D) a duração normal do trabalho diário poderá ser acrescida de horas
suplementares, em número não excedente de quatro, mediante acordo
escrito, individual ou coletivo.
(E) em qualquer trabalho contínuo cuja duração ultrapassar de quatro horas
e não exceder de seis horas ao dia, será obrigatório um intervalo de vinte
minutos para refeição e descanso.
(B) a duração normal do trabalho poderá ser acrescida por até quatro horas
suplementares por dia, mediante acordo verbal ou escrito entre empregado
e empregador.
(C) os empregados sob o regime de tempo parcial poderão prestar até duas
horas extras por dia, desde que haja ajuste por meio de norma coletiva.
(D) a hora do trabalho noturno urbano será computada como de 52 minutos
e 30 segundos.
(E) as variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco
minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários, serão
descontadas, bem como computadas como jornada extraordinária.
Mandados - 2011
Os digitadores
(A) equiparam-se aos trabalhadores nos serviços de mecanografia
(datilografia, escrituração ou cálculo), razão pela qual têm direito a
intervalos de descanso de
10 minutos a cada 90 minutos de trabalho consecutivo.
(B) não se equiparam aos trabalhadores nos serviços de mecanografia
(datilografia, escrituração ou cálculo), tratando-se de categorias distintas
com direitos distintos, não havendo qualquer analogia relacionada aos
períodos de descanso.
máximo de duas horas diárias, as quais deverão ser pagas com adicional
mínimo de 50%.
(E) em casos excepcionais, em que a preservação do contrato dependa da
dilação horária sem a remuneração correspondente, pode o trabalhador
renunciar ao crédito resultante desse labor.
22. FCC/TRT2 – Analista Judiciário – Oficial Avaliador - 2014
Em relação ao trabalho extraordinário, é correto afirmar que
(A) os empregados contratados sob o regime de tempo parcial poderão
prestar horas extras, desde que acordado expressamente com o sindicato
da categoria.
26.
Maria Marta é empregada do hotel fazenda “Vale das Águas Claras”, hotel
este localizado em área urbana. Maria Marta exerce a função de cozinheira
e, sendo assim, todo dia se desloca a pé da portaria do hotel até a cozinha
que fica no final do terreno. Neste trajeto, Maria Marta demora diariamente
cerca de quinze minutos. Neste caso, de acordo com o entendimento
sumulado do Tribunal Superior do Trabalho, o tempo necessário ao
deslocamento de Maria Marta entre a portaria do hotel e o local de trabalho
(A) só será considerado tempo à disposição do empregador se ultrapassar
trinta minutos.
(B) não se considera à disposição do empregador, em nenhuma hipótese.
00000000000
6 – Gabarito
Questão 01 – A Questão 02 – B Questão 03 – D Questão 04 – E
00000000000
7 – Resumo
Jornada de trabalho
• Tempo de trabalho efetivo
• Tempo à disposição do empregador
• Tempo in itinere
• Sobreaviso
• Prontidão
Tempo in itinere
Jornadas especiais:
Bancários: 6 horas diárias e 30 horas semanais
Mina de subsolo e atividades de telefonia: 6 horas diárias e 36 horas
semanais
Jornalistas profissionais: 5 horas diárias (prorrogável até 7 horas por
acordo escrito)
Operadores cinematográficos: 6 horas diárias (5 horas na cabina + 1 hora
para limpeza/lubrificação)
Tempo parcial: até 25 horas semanais
Jornada extraordinária:
Em regra:
• não excedente de 2 (duas) horas diárias
• mediante acordo escrito ou negociação coletiva
• remunerada com, no mínimo, 50% de adicional
Em necessidades imperiosas:
Serviços
Recuperação
inadiáveis ou
do tempo
cuja
perdido
inexecução
Força maior decorrente de
possa
causas
acarretar
acidentais ou
prejuízo
força maior
manifesto
Comunicação Comunicação
Comunicação ao MTE, dentro ao MTE, dentro Comunicação
ao MTE de 10 (dez) de 10 (dez) prévia ao MTE.
dias. dias.
2 (duas) horas
ao dia, desde
que não exceda
de 10 (dez)
Não há limite Não poderá
horas diárias, em
Sobrejornada expressamente exceder de 12
período não
fixado na CLT (doze) horas
superior a 45
(quarenta e
cinco) dias por
ano
00000000000
Máximo de 12
(doze) horas e
Trabalho de desde que o
Proibido Proibido
menores trabalho do
menor seja
imprescindível
Compensação de jornada:
Compensação de jornada
Acordo de prorrogação de
Banco de horas
jornada
Hora noturna:
Trabalhador urbano (CLT) Trabalhador rural
00000000000
8 – Conclusão
Bem, pessoal,
00000000000
CLT
Art. 248 - Entre as horas 0 (zero) e 24 (vinte e quatro) de cada dia civil, o
tripulante poderá ser conservado em seu posto durante 8 (oito) horas, quer
de modo contínuo, quer de modo intermitente.
§ 1º - A exigência do serviço contínuo ou intermitente ficará a critério do
comandante e, neste último caso, nunca por período menor que 1 (uma)
hora.
Art. 381 - O trabalho noturno das mulheres terá salário superior ao diurno.
§ 1º - Para os fins desse artigo, os salários serão acrescidos duma
percentagem adicional de 20% (vinte por cento) no mínimo.
CLT, art. 501 - Entende-se como força maior todo acontecimento inevitável,
em relação à vontade do empregador, e para a realização do qual este não
concorreu, direta ou indiretamente.
Legislação específica
Lei 605/1949, art. 1º Todo empregado tem direito ao repouso semanal
remunerado de vinte e quatro horas consecutivas, preferentemente aos
domingos e, nos limites das exigências técnicas das empresas, nos feriados
civis e religiosos, de acordo com a tradição local.
Lei 605/49, art. 6º Não será devida a remuneração [do descanso semanal]
quando, sem motivo justificado, o empregado não tiver trabalhado durante
toda a semana anterior, cumprindo integralmente o seu horário de
trabalho.
TST
SUM-14 CULPA RECÍPROCA
Reconhecida a culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho (art. 484
da CLT), o empregado tem direito a 50% (cinqüenta por cento) do valor do
aviso prévio, do décimo terceiro salário e das férias proporcionais.
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