Principios Fisicos em Radiologia PDF
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A palavra átomo significa “sem divisão”. Assim, ao longo da história acreditava-se que o
átomo era a menor partícula, indivisível e minúscula. No decorrer do tempo verificou-se que
isso não era verdade, pois áreas como a Física Atômica e Nuclear encontraram partículas
ainda menores no interior dos átomos como os elétrons na parte mais externa e os pósitrons
e outros na parte mais interna, por exemplo.
Os átomos constituem tudo na natureza, associando-se para formar moléculas que se
mantém unidas por meio de ligações químicas e interações físicas. Tais uniões obedecem a
um princípio de equilíbrio entre estas ligações de forma a manter os átomos ou moléculas
estáveis ou neutros (sem cargas). Porém, sob algumas situações pode-se transferir energia
para eles que, consequentemente, podem ficar instáveis e perderem sua neutralidade,
transformando-se em íons. Os íons podem ser positivos ou negativos, quando o átomo
perde ou ganha um elétron, respectivamente1.
Deste modo, encontram-se descritas na história várias descobertas sobre a divisibilidade
dos átomos. Abaixo, estão relacionadas algumas datas importantes que identificam as
descobertas que explicam a estrutura atômica hoje aceita pela comunidade científica, bem
como algumas características importantes, como a massa destes elementos, por exemplo.
1
Física Médica do Instituto de Física da Universidade de São Paulo. Doutora em Tecnologia Nuclear -
Aplicações (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - SP), Especialista em Radiologia Diagnóstica
(Associação Brasileira de Física Médica)
1
Tabela 1 Histórico das descobertas das estruturas atômicas
No ano seguinte, o famoso modelo atômico do “pudim de ameixas” (Figura 2) foi proposto
por J. J. Thomson. Os elétrons carregados negativamente (ameixas) estariam distribuídos
no interior de uma matéria carregada positivamente (pudim), assim garantia-se a condição
de neutralidade do átomo1.
2
Figura 2 Modelo atômico de J. J. Thomson
3
Em 1911, Niels Bohr, foi trabalhar com J. J. Thomson e depois se mudou para
Manchester (Inglaterra) e para o grupo de Rutherford onde formulou seu modelo
atômico a partir do átomo de hidrogênio (constituído de um próton e um elétron), o
chamado modelo orbital (Figura 4). Uma das primeiras adequações do modelo de
Rutherford foi definir que os elétrons não giravam em qualquer órbita, mas existiam
posições permitidas para o elétron em vários níveis orbitais. Normalmente, o elétron
fica a órbita de menor raio, mais perto do núcleo atômico, chamado de estado
fundamental.
Bohr descreveu, também, que quando o átomo de hidrogênio recebia algum tipo de
energia (diz-se excitado), seu elétron migrava para outra órbita de raio maior (nível
mais energético); porém, ele não ficava muito tempo neste nível mais energético e
voltava para o estado fundamental, emitindo o excesso de energia na forma de um
fóton (quantum ou pacote de energia)1,2.
O que a ciência utiliza hoje como modelo atômico, ainda é o proposto por Bohr.
Podemos simplificar a representação da estrutura atômica se fizermos uma
comparação com o sistema solar. Assim, o núcleo central seria o sol e os elétrons
seriam os vários planetas girando ao seu redor em órbitas bem definidas. Abaixo
estão algumas características das principais partículas que compõem um átomo:
2 Radiação eletromagnética
Considere um lago com água parada e uma folha de árvore, repousada sobre a
superfície da água. Quando uma pedra é lançada, observa-se que ondas circulares
se formam e começam a se propagar; chegando à folha, esta começará a se mover.
5
O que se vê neste cenário é a transmissão da “energia de movimento” por um meio
físico (água) que levou a folha a movimentar-se também. A onda não é um objeto
físico, isto é nenhuma gota de água viajou da pedra até a folha, mas a superfície da
água oscilou (sobe-desce) à medida que a onda passava. Desta maneira, radiação é
a palavra utilizada para esta “energia em movimento”, essa propagação, saindo do
local onde a pedra foi lançada e fazendo a folha se mover.
De forma semelhante, a onda eletromagnética também é responsável por
transportar informações e energia, porém este tipo de onda não precisa de um meio
físico para se mover, ela se move no vácuo. A luz visível é um exemplo deste tipo de
onda eletromagnética, que é constituída pelos campos elétricos e magnéticos,
oscilantes e perpendiculares entre si com uma velocidade de propagação de
300.000 km/s (Figura 6) 1.
6
Figura 7 Espectro de energia das ondas eletromagnéticas
De acordo com esta classificação têm-se os dois grandes grupos1 radiação não
ionizante e radiação ionizante. O primeiro grupo envolve ondas de rádio,
microondas, infravermelho, luz visível e ultravioleta, e são radiações cujas energias
não são suficientemente altas para quebrar as ligações atômicas nos materiais. O
segundo grupo está dividido entre raios X, gama e radiação cósmica e são capazes
de ionizar o meio por onde passam, isto é, transferem parte ou toda a energia que
carregam. A diferença entre um fóton de raios X e outro de raios gama está na sua
origem: o primeiro é produzido fora do núcleo atômico e o segundo é gerado em seu
interior, como exemplifica a Figura 8.
Figura 8 Geração de um fóton de raios X na eletrosfera do átomo (a) e fóton de raios gama
gerado no núcleo atômico (b)
7
3 Descoberta dos raios X
8
Tubo de Crookes: consiste em um tubo de vidro selado a vácuo, contendo internamente,
dois eletrodos metálicos (catodo e anodo) entre os quais se aplicava uma diferença de
potencial. A partir do eletrodo negativo ocorria algum fenômeno que provocava a emanação
dos então chamados raios catódicos, que sofriam alterações em suas trajetórias quando
influenciados por campos magnéticos entre outras reações que foram estudadas por vários
pesquisadores naquele período da história.
4 Atenuação de raios X
I = I 0 ⋅ e − µx (1)
9
µ do material
absorvedor
Io I(x)
x
Figura 9 Diagrama da atenuação de fótons ao passarem por um material absorvedor.
Também conhecido por espalhamento Thompson (físico que primeiro observou tal
fenômeno) ou clássico, tem maior probabilidade de ocorrer quando os fótons de
raios X possuem energias menores que 10 keV. Nesta interação entre os fótons e
um átomo, não há transferência de energia e, portanto não causa sua ionização.
Este efeito está demonstrado na Figura 10 onde, um fóton incidente (comprimento
de onda I) interage com um átomo deixando-o excitado. Para voltar ao seu estado
original, o átomo todo vibra, reemitindo o mesmo fóton (ainda com o mesmo
comprimento de onda I = I’), mudando apenas a direção (ângulo) do fóton3.
10
Figura 10 Espalhamento Coerente
11
O espaço deixado pelo fotoelétron pode ser ocupado por elétrons das camadas superiores,
gerando o que chamamos de radiação característica que aparece nos espectros. Falaremos
de espectros e da radiação características mais adiante no texto.
O efeito fotoelétrico é inversamente proporcional ao cubo da energia dos raios X (1/E3), por
isso a probabilidade de interação fotoelétrica cai rapidamente com o aumento da energia. A
energia mínima necessária para se iniciar uma interação fotoelétrica deve ser ligeiramente
maior que a energia de ligação do elétron na camada K.
Ele, também, é diretamente proporcional ao cubo do número atômico (Z3) do material
absorvedor, tendo maior probabilidade de interagir com materiais de Z alto em comparação
aos de Z mais baixo. Por causa disto, podemos utilizar os materiais de contraste para
melhorar a visualização em algumas estruturas, por exemplo, o tecido mole apresenta um
número atômico efetivo (Zef) de 7,4, enquanto que o Bário tem Zef = 56.
Agora que entendemos como este processo acontece, podemos retomar o que falamos no
início e compreender que o osso tem aparência “branca” e o pulmão, “preta”, pois o primeiro
tem Zef maior que o segundo (osso = 13,8 e pulmão = 7,4), além de maior densidade o que
favorece a maior absorção dos fótons incidentes que ficam retidos no osso; transmitindo
poucos fótons, o filme é pouco irradiado na região dos ossos, deixando-o com a aparência
“branca”; o oposto acontece com o pulmão, que, por ser preenchido com ar, é menos denso,
absorve poucos e transmitindo muitos fótons, que impressionam o filme ficando com a
aparência escura na região dos pulmões.
12
5.3 Espalhamento Compton
13
Tabela 2 Comparação entre o efeito fotoelétrico e espalhamento Compton.
Descrição Efeito Fotoelétrico Espalhamento Compton
- mais internos - mais externos
- mais fortemente ligados - mais fracamente ligados
Probabilidade com elétrons:
- energia pouco maior que a
de ligação
3
Energia de raios X: - diminui (1/E ) - diminui com (1/E)
3
Número atômico do alvo: - aumenta com Z - não depende
Densidade do material do alvo: - aumentam com materiais mais densos
A Figura 13 apresenta o processo de interação conhecido por produção de pares que ocorre
somente se o fóton incidente de raios X possui energia maior que 1,02 MeV, assim, ele se
aproxima do núcleo atômico e fica sob influencia da força do campo nuclear. Nesta
condição, o fóton incidente desaparece, originando duas partículas carregadas: o pósitron
(positivo) e o elétron (negativo)3. O primeiro se combina com um elétron livre do meio,
gerando dois fótons de 0,512 MeV (radiação de aniquilação); este processo é o princípio de
funcionamento na tomografia por emissão de pósitrons. Já o elétron perde sua energia por
meio de excitação ou ionização.
14
5.5 Fotodesintegração
Figura 14 Fotodesintegração.
15
Tecnologia e funcionamento dos equipamentos
6 Geradores
6.1 Definição
1
Física Médica do Instituto de Física da Universidade de São Paulo.
2
Física Médica do Instituto de Física da Universidade de São Paulo. Doutora em Tecnologia Nuclear -
Aplicações (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - SP), Especialista em Radiologia
Diagnóstica (Associação Brasileira de Física Médica)
3" Física Médica do Instituto de Física da Universidade de São Paulo. Doutora em Tecnologia Nuclear -
16
Carga elétrica Carga elétrica
negativa positiva
Interações entre
as cargas
elétricas
17
Cabo rede elétrica
Figura 16 ensão (kV) e corrente (mA) aplicadas nos cabos de alimentação da rede
elétrica de um hospital ou clínica.
Figura 17 As tensões (kV) fornecidas pela rede elétrica dos hospitais e clínicas não são
as selecionadas no painel de controle de um equipamento de raios X
convencional.
18
Então, como os equipamentos de raios X alcançam essas altas
tensões?
19
Linhas de campo magnético
Figura 18 Campo magnético gerado pelo ímã (A) e por carga em movimento
(B).
20
Achar os pólos norte e sul e a direção do campo magnético !!!!⃗
(! )!
Ímã Espira
Colocar sobre limalha de ferro e observar as
linhas de campo magnético formadas
Regra da mão direita
i
S N
!⃗
!
Bússola = ímã em forma de agulha que gira sobre Polegar = no sentido da corrente elétrica (i)
N S
Globo
O L
Terrestre
!⃗
!
S
Bússola N i
Pólo sul geográfico Pólo sul geográfico
Pólo norte magnético Pólo norte magnético
Se atraem
N S N S S N S N i
S N
Se repelem
N S S N S N N S
21
Uma carga em movimento está sempre associada a um campo magnético ao seu
redor – e essa carga pode sofrer a influência de um campo magnético associado à
outra carga também em movimento ou algum ímã. Por exemplo, uma espira
passando corrente elétrica gera campo magnético e se inserida perto de um ímã que
também tem seu próprio campo magnético, eles sofrerão uma interação denominada
força magnética (F), que gira esta espira. Esta força é vetorial, ou seja, é
caracterizada por uma direção e sentido.
Se a corrente elétrica que passa pelos fios variar (corrente alternada) produzirá um
campo magnético variável, de acordo com a primeira lei do eletromagnetismo. Por
isso, os transformadores são alimentados com correntes (i) alternadas senoidais de
frequência (f) de 60 Hz, que é o tipo de corrente fornecida pelas redes elétricas de
um hospital ou clínica, como observado nas Figuras 20 e 21.
22
f = Número de ciclos em um
Se for ciclos por segundo (s), a
intervalo de tempo específico
unidade utilizada é a Hertz (Hz)
23
Bobina primária Bobina secundária
Núcleo de ferro
=?
110 V =
= 0,5 A
=?
=4
=8
24
Autotransformadores
Ns = 9
(número de
Np = 25
Vp = 110 V voltas bobina
(número de
(tensão bobina secundária)
voltas bobina
primária)
primária)
Aplicar a lei dos
Vs = ?
transformadores
(tensão bobina
secundária)
25
direção ao anodo, e os retificadores são dispositivos que garantem esta única
direção sempre. Para a produção dos elétrons no catodo é aplicada uma tensão (VB)
pelo transformador abaixador de tensão em um filamento localizado nesta região.
Anodo Catodo
Filamento
Raios X
26
Figura 25 Representação do diodo e sentido da corrente e elétrons no tubo de raios X.
27
Equipamentos de raios X com retificador de onda completa direcionam a
corrente com pelo menos quatro diodos. Neste circuito retificador, durante o
ciclo negativo da onda os elétrons são redirecionados de forma que o anodo
esteja sempre com potencial positivo. Consequentemente, ocorre produção
de raios X durante todo o ciclo da onda como pode ser observado na
segunda metade do ciclo na Figura 27.
A principal vantagem da retificação de onda completa é que o tempo de
exposição para qualquer técnica de exame escolhida é reduzido à metade,
diminuindo a exposição do paciente à radiação3.
28
Figura 27 Retificação de onda completa.
Geradores
Potencial
Monofásic constante
Trifásico Alta
frequência
29
6.2.1 Monofásicos
1 ciclo ; 1 pulso
Kmáx
100% variação
(ripple)
A) 0
1 ciclo ; 2 pulsos
Kmáx
100% variação
(ripple)
B)
0
30
6.2.2 Trifásicos
Uma forma de superar essa alta variação de tensão e perda de eficiência é gerar
três formas de onda simultâneas e fora de fase, ou seja, tem seu início em tempos
diferentes. Essa manipulação resulta em uma tensão trifásica e gera múltiplas
formas de onda superpostas, resultando em uma forma de onda que mantém um
valor de alta tensão aproximadamente constante, com uma variação de somente
13%, como observado na Figura 29.
31
6.2.3 Alta frequência
32
6.2.4 Potencial constante
< 2%
Variação
(ripple)
6.3 Localização
33
Figura 32 Posicionamento das partes de um equipamento de raios X em uma sala de
exames.
34
7 Tubos de raios X
O tubo de raios X, como visto anteriormente, consiste de uma cápsula a vácuo, que
pode ser de vidro ou metal. A condição de vácuo é utilizada para evitar colisões dos
elétrons com moléculas de gás no percurso do catodo para o anodo, garantindo
assim um bom isolamento elétrico.
A cápsula de vidro ou metal é envolta por uma cúpula que exerce a função de
sustentá-la, isolá-la e protegê-la do meio externo. A cúpula é revestida inteiramente
com chumbo, exceto em uma janela radiotransparente designada para saída dos
raios X, bloqueando assim os outros raios X emitidos em outras direções, pois eles
são emitidos em todas as direções após sua formação no anodo, como pode ser
observado na Figura 19. Os fótons de raios X que passam por esta janela
constituem o chamado feixe útil. A produção deste feixe gera muito calor,
necessitando de um sistema de resfriamento dentro da cúpula. Este resfriamento
pode ser feito através de ar, óleo ou água. Muitos dos tubos resfriados por ar são
equipados com tipos de ventiladores ou circuladores de ar, já o óleo (ou água)
circula com o auxílio de uma bomba, que controla sua ida para o resfriamento e volta
para o tubo através de mangueiras especiais. Quando ocorre aquecimento
excessivo do óleo, há na cúpula uma parede com capacidade de expansão, como
observado na Figura 34.
35
7.1.1 Catodo
36
Então, durante o aquecimento do filamento, esta nuvem de elétrons é formada ao
seu redor, como visto na Figura 36 e quando uma tensão é aplicada no tudo de raios
X esses elétrons são acelerados em direção ao anodo, gerando uma corrente
elétrica. Porém, se a tensão for muito baixa, alguns elétrons retornam pra o
filamento em vez de seguirem em direção ao anodo, reduzindo assim a corrente no
tubo. Este efeito é conhecido como efeito espacial de carga. Assim, tensões maiores
produzem correntes no tubo levemente maiores para a mesma corrente de filamento
até que todos os elétrons sejam acelerados e ocorra a saturação.
Materiais que são bons emissores termoiônicos possuem uma função de trabalho
baixa e um ponto de fusão alto. O tungstênio tem ponto de fusão a 3400ºC e uma
função trabalho de 4,5 eV, por isso é tão utilizado como material do filamento do
catodo3.
Apesar de o ponto de fusão dos materiais usados serem altos, o filamento pode
sofrer vaporização se mantido por muito tempo a essa alta temperatura. Então, a
corrente do tubo é mantida em um valor inferior, que mantém o filamento pré-
aquecido em uma temperatura menor do que a necessária durante a exposição. Por
isso, os equipamentos de diagnóstico por imagem normalmente possuem botões de
duas etapas, a 1º etapa chamada preparo, quando o filamento é pré-aquecido, e a
2º chamada exposição, quando a alta tensão entre o anodo e o catodo é acionada e
a exposição é realizada. Também, encontram-se equipamentos com dois botões, um
designado para o preparo e o outro para a exposição.
Os elétrons ejetados do filamento interagem com uma pequena área no anodo. Para
manter pequena esta área de interação no disco do anodo, o caminho entre o
catodo e o anodo é orientado pela estrutura de focalização que se encontra ao redor
37
do filamento, pois os elétrons tendem a se repelir por possuírem mesma carga
negativa. A focalização é feita por uma tensão aplicada a esta estrutura, de mesmo
valor da fornecida ao filamento ou mais negativa. No segundo caso, o circuito que
fornece a tensão para a estrutura de focalização é isolado do circuito que fornece a
tensão para o filamento, resultando em uma largura de feixe de elétrons menor.
A largura da área atingida no disco de anodo é definida pela tensão aplicada à
estrutura de focalização, e o comprimento pelo comprimento do filamento. Esta área
atingida no anodo é conhecida por ponto focal e o comprimento do filamento
determina se o foco é grosso (comprimento maior) ou fino (comprimento menor),
como observado na Figura 37.
Figura 37 A) Foco fino, área de comprimento menor no anodo; B) Foco grosso, área de
comprimento maior no anodo.
38
7.1.2 Anodo
39
Disco do anodo
Catodo
giratório
40
ao contrário do anodo giratório que consegue uma área de interação no anodo muito
maior do que o anodo fixo, tendo melhor capacidade de dissipação de calor.
Ângulo do alvo
θ
Comprimento do feixe
de elétrons
Comprimento real do
Figura 40 A inclinação do anodo permite que se alcance um ponto focal efetivo menor
do que o real.
41
A área no anodo que os elétrons colidem é chamada ponto focal real e a que atingi o
paciente é chamada de ponto focal efetivo e sua largura permanece a mesma da do
ponto focal real, porém seu comprimento (CPFE) é igual ao comprimento do ponto
focal real (CPFR) multiplicado pelo seno do ângulo do anodo, tornando-o menor. Este
encurtamento é chamado de princípio de linha do foco.
O comprimento do ponto focal efetivo varia com a posição no plano da imagem e na
direção anodo-catodo. Em direção ao lado do anodo o comprimento projetado do
ponto focal encurta, enquanto que alonga em direção ao lado do catodo, como
observado na Figura 41. Na dimensão da largura, o tamanho do ponto focal não
muda com a posição na imagem no plano.
42
Figura 42 Variação ângulo do anodo.
43
reduzido quando a distância da fonte-detector é grande, pois o detector recebe um
ângulo menor do feixe.
Para evitar que este efeito prejudique muito a qualidade da imagem, procura-se
posicionar o catodo sobre as partes mais espessas e densas do paciente, como
pode ser observado na Figura 44, conseguindo assim um balanceamento dos fótons
ao longo do eixo anodo-catodo, produzindo assim uma imagem mais uniforme.
Além do efeito anódico, a qualidade da imagem sofre também com uma pequena
fração dos elétrons acelerados em direção ao anodo que se espalham e são
reacelerados para fora da área do ponto focal, como observado na Figura 45. Estes
elétrons colidem com esta área e produzem raios X de baixa energia,
consequentemente o comprimento do ponto focal efetivo aumenta, a resolução
espacial diminui, prejudicando a qualidade da imagem e ocorre um aumento
desnecessário de exposição ao paciente. Para evitar isto, um pequeno colimador de
chumbo pode ser colocado perto da saída do tubo de raios X com a finalidade de
interceptar esses fótons indesejados. Tubos com cápsula de metal com mesma
diferença de potencial aplicada ao anodo podem atrair os elétrons perdidos tanto
quanto o anodo e interceptá-losiv.
44
Parte superior do tórax
E posicionada do lado do anodo
S
T Tubo de
A raios X
TI
V
A
Parte inferior (mais espessa) do
tórax posicionada do lado do
catodo
45
7.2 Interações no anodo: Bremsstrahlung e radiação característica
Quando a interação ocorre com os elétrons mais externos das camadas orbitais, a
energia cinética é convertida em radiação infravermelha. A energia transferida excita
os elétrons para um nível de energia mais elevado, porém imediatamente eles
retornam a seus níveis normais de energia (estado fundamental) com liberação de
radiação infravermelha, como mostrado na Figura 46.
A radiação infravermelha é uma radiação eletromagnética com comprimento de
onda até 700 nanômetros, recebe este nome por estar localizada logo depois da luz
vermelho no espectro de luz e não é visível ao olho humano. Apesar de não poder
ser vista, esta radiação pode ser notada no material em forma de calor.
Aproximadamente 99% da energia cinética dos elétrons projetados é convertida em
calor e apenas 1% é usada na produção de raios X3. Este calor intenso limita o
número de fótons de raios X que podem ser produzidos em um dado tempo sem
destruir o alvo.
46
Figura 46 Emissão radiação infravermelha
Os elétrons que colidem com o anodo podem ir mais fundo no átomo, interagindo
com camadas orbitais mais internas. Se a energia transferida é do valor da energia
que mantém os elétrons nestas camadas (energia de ligação), este será arrancado
da sua camada orbital e esta ficará com um buraco vazio, uma vacância.
Enquanto este elétron arrancado é ejetado podendo interagir com outros átomos, a
vacância deixada é preenchida por um elétron de uma camada mais externa,
liberando energia neste processo em forma de raios X característico como
observado na Figura 47.
O elétron pode ser removido de qualquer uma das camadas orbitais. Cada elétron
no alvo tem uma energia de ligação que depende da camada em que reside, sendo
os raios X característicos produzidos com energias específicas, iguais às diferenças
das energias de ligação para as várias transições possíveis entre os elétrons das
diversas camadas orbitais (transições eletrônicas), como mostrado na Tabela 3 que
mostra Raios X característicos do tungstênio (geralmente o material utilizado no
anodo do tubo de raios X).
47
Tabela 3 Energias aproximadas de Raios X característicos produzidos no Tungstênio.
Energia Energias aproximadas emitidas das Transições eletrônicas
Número
Camadas aproximadas das camadas do tungstênio
de
orbitais de ligação Camada Camada Camada Camada Camada
elétrons
(keV) L M N O P
69 69 – 12 = 69 – 3 = 69 – 1= 69 – 0,1= 69
K 2
57 66 68 68,9
L 8 12 12 – 3= 12 - 1= 12 – 0,1= 12
9 11 11,9
M 18 3 3 – 1= 3 – 0,1= 3
2 2,9
N 32 1 1 – 0,1= 1
0,9
O 12 0,1 0,1
P 2 - - - - - -
Os elétrons podem penetrar ainda mais fundo nos átomos do alvo e interagirem com
seus núcleos. Nesse tipo de interação, a energia cinética do elétron incidente é
também convertida em energia eletromagnética, só que na forma de raios X de
freamento (ou bremsstrahlung).
A energia emitida por raios X de freamento acontece pois quando o elétron incidente
de carga negativa se aproxima do núcleo que contém prótons de carga positiva
ocorre uma força de atração entre eles que causa a perda de energia cinética do
elétron, desacelerando-o e mudando sua trajetória. Neste processo, a energia
cinética perdida é revertida em raios X de freamento e o elétron segue sua nova
48
trajetória com valor de energia igual a sua energia incidente no alvo menos a energia
cinética perdida em forma de raios X de freamento, podendo sofrer muitas outras
interações e produzir mais raios X de fretamento antes de perder toda essa energia.
Há também a possibilidade de interação do elétron com o núcleo e produção e
conversão total da energia incidente em energia de raios X de freamento, porém isto
é muito difícil de acontecer devido ao pequeno tamanho do núcleo em relação a todo
o átomo, como mostrado na Figura 48.
As energias de raios X de freamento produzidos podem variar de zero até a energia
de pico dos elétrons. A energia de pico é a energia máxima que pode ser produzida,
que é definida pela tensão selecionada no painel de controle e aplicada ao tubo de
raios X. Por exemplo, uma seleção de tensão de 80kV, vai proporcionar aos elétrons
uma energia cinética de no máximo 80 kV, e ele pode perder toda sua energia,
nenhuma ou qualquer energia entre esse intervalo.
A quantidade de energia cinética perdida depende da distância de interação do
elétron com o núcleo do átomo. A força de atração aumenta com o inverso do
quadrado da distância da interação, então para distâncias menores, a força de
atração do elétron aumenta, causando uma mudança de trajetória e perda de
energia maior, produzindo raios X de freamento com altas energias formando um
espectro de emissão contínuo, como mostrado na Figura 49.
49
Figura 49 Um espectro de emissão de raios X típico contém raios X característicos e de
freamento.
50
7.3.1 Alteração de corrente (mA) e tempo (s) e seu efeito no espectro
de raios X e densidade da imagem.
51
paciente é o produto da corrente (mA) pelo tempo de exposição (ms), que é
chamado de corrente-tempo (mAs).
Além de mudanças no espectro de raios X, a imagem radiográfica produzida
também será alterada. O produto corrente-tempo (mAs) influencia diretamente a
densidade da imagem radiográfica3.
Q
A lei da reciprocidade define que a densidade gerada em um filme radiográfico é
proporcional a exposição total, quantidade de raios X, recebida por este filme, por
exemplo, se um filme A for duas vezes mais exposto que um filme B, ele terá
densidade duas vezes maior, como demonstrado na Figura 523.
52
Esta lei apresenta falhas em exposições extremamente curtas (<0,05 segundos)
com alta corrente ou exposições extremamente longas e baixa corrente, porém ao
longo do tempo os filmes foram fabricados com características especiais para
compensar tal falha3.
Tendo o conhecimento desta lei e correção de sua falha, o técnico em radiologia
pode ajustar o produto corrente-tempo (mAs) de modo que obtenha uma imagem
com densidade adequada, evitando repetições de exames e consequentemente
expor o paciente um maior tempo à radiação. Por exemplo, um exame com um
tempo de exposição mais curto pode evitar borrões na imagem devido a movimentos
do paciente, sejam eles voluntários ou involuntários, e conseguir manter a mesma
quantidade de raios chegando no receptor de imagem e mantendo a mesma
densidade com o ajuste adequado da corrente (mA), como já observado na Figura
51, onde o tempo no painel de controle 1 foi diminuído pela metade e a corrente foi
duplicada, conseguindo assim manter o mesmo produto corrente-tempo (mAs) de 10
em ambos os painéis de controle.
53
freamento e a quantidade total de raios X emitidos aumenta (elevação da altura da
curva do espectro, aumentando a área encontrada em baixo desta curva)3.
54
Porém, a imagem produzida não é a mesma que se obteria duplicando o produto
corrente-tempo (mAs) para obter o dobro de densidade. Elevando-se a tensão do
tubo, os raios X produzidos possuem mais energia e maior poder de atravessar
certas estruturas internas do paciente que raios X de menores energias não
conseguem. Deste modo, regiões que antes não tinham sua imagem gravada no
filme radiográfico, pois os fótons de raios X que passavam por elas não conseguiam
atingi-lo, são agora representadas na imagem por tons de cinza. O tom de cinza da
imagem produzida no filme representa o quanto de raios X conseguiu atravessar
aquela região. Quanto mais tecidos forem atravessados, mais tons de cinza a
imagem terá. A tonalidade deste cinza é definida pela quantidade de raios X que
consegue atravessar a respectiva estrutura. Quanto mais raios X atravessarem,
mais escuro o tom de cinza no filme radiográfico, quanto menor, mais claro, como
observado na Figura 54. E como cada estrutura do corpo é composta por tecidos
com características diferentes, eles absorvem ou deixam passar raios X
diferentemente, deixando a imagem com grande variedade de tonalidades de cinza.
Deste modo, podemos concluir que quanto maior essa variedade, maior a
quantidade de estruturas internas que conseguiram obter sua imagem no filme
radiográfico.
Em uma imagem com tantas tonalidades, a diferença entre os tons de cinzas é
baixa, não é tão contrastante ao ser visualizada como diferenças entre tons bem
escuros e tons bem claros.
55
Figura 54 Efeito da alteração da tensão na densidade da imagem.
56
tubo de raios X, além do óleo isolante e da janela. Normalmente, o fabricante
do equipamento converte as espessuras de cada um destes materiais,
informando o valor da filtração inerente em um material equivalente, por
exemplo, o alumínio. Em radiologia convencional este valor é equivalente a
0,5 mmAl e em mamografia encontramos filtração inerente de 0,1 mmAl3.
Figura 55 Exemplo de filtro adicional fixo de alumínio (a) e roda de filtro (b) destacando-
se a combinação de filtro (1 mmAl + 0,2 mmCu)
57
Existem ainda outros tipos de filtros conhecidos como filtros compensadoresv, cuja
principal finalidade é melhorar a qualidade da imagem radiográfica, estes filtros não
são para proteção do paciente.
Figura 56 Filtro em cunha (a), filtro tipo cocho (b) e “gravata borboleta” (c).
58
Vamos aprofundar nossos conhecimentos sobre como tais filtros alteram as
características do espectro de radiação X, para isto precisamos entender o que é um
espectro.
Se ligarmos a parte superior de cada barra com uma linha de contornos suaves,
criamos o que chamamos de espetro (linha azul). Com relação aos fótons de raios X
podemos fazer algo semelhante.
59
Mas o que é “fóton”?
! É a menor parte de qualquer energia eletromagnética, chamado de
“pacote” de energia que, dependendo de como é estudado ou
observado em experimentos, pode-se identificar tanto seu
comportamento ondulatório (como a luz se propagando) quanto de
partícula (estudados pela Física Nuclear).
O feixe de raios X é composto por fótons de várias energias, por isso é chamado de
policromático ou polienergético. Considere que ao invés de bolinhas, agora temos
fótons de várias energias. Vamos separá-los, colocando em cada canaleta fótons de
energias iguais. Assim, nas canaletas 1, 2 e 3 (Figura 57), por exemplo,
colocaremos os fótons de baixa energia, nas canaletas 4, 5 e 6 os de energia
intermediária, e nas restantes os de energia mais alta. Ao final, teríamos uma
distribuição análoga ao das bolinhas, com algumas diferenças que são intrínsecas
aos raios X, que descrevemos a seguir:
60
N ( E ) = N 0 ( E ) ⋅ e − µ ( E )⋅ x (2)
Os filtros têm a função de atenuar os fótons de baixa energia3, que ficam no início do
espetro (Figura 58). Para o paciente a presença destes filtros é muito importante,
pois diminuiremos a dose absorvida na entrada da pele que seria causada por estes
“raios moles”, como são usualmente chamados. Podemos notar como os filtros
alteram o espectro de raios X observando a diferença entre as curvas de 2 mmAl e
de 4 mmAl da Figura 58. Percebemos que a região de baixas energias tem sua
altura (quantidade de raios X) diminuída, isso significa que boa parte destes fótons
foram absorvidos pelo filtro de 4 mmAl e reduzirão a dose na pele do paciente. O
nome filtro é muito apropriado, pois remove de a parte de menor energia de forma
seletiva. Outra característica que podemos observar na Figura 58 é que o pico do
espectro de 4 mmAl está um pouco deslocado para a direita, isso significa que a
energia média deste feixe de radiação tem valores maiores quando comparada com
a energia do feixe com 2 mmAl.
61
7.4 Caracterização de feixes de raios X
Assim como cada um de nós tem características físicas que descrevem nossa
aparência como estatura, cor dos olhos ou pele etc - podemos descrever os feixes
de raios X por meio de alguns parâmetros físicos que atribuem características
específicas ou uma qualidade para cada um deles.
Entre tais parâmetros está a camada semirredutora.
62
Na primeira mediação não há nada interceptando o feixe de radiação e obtemos a
leitura N0 = 1,18 mGy. O passo seguinte é acrescentar um filtro absorvedor, uma fina
placa de 1,0 mm alumínio, por exemplo; e por meio de uma nova irradiação
conseguimos a leitura de N1 = 0,82 mGy. Outro filtro e adicionado e nova irradiação
é realizada obtendo-se N2 = 0,63 mGy. E assim, continuamos acrescentando filtros
de alumínio sucessivamente até que a intensidade da radiação seja 1/3 da leitura
inicial N0, por exemplo.
Podemos construir um gráfico com as leituras obtidas com a câmara de ionização
em relação a espessura do filtro de alumínio. Assim, temos representado esta curva
de atenuação da radiação na Figura 59. Nele podemos descobrir qual é a espessura
de alumínio que indica que metade da intensidade de radiação X foi atenuada.
Observe no gráfico a seta horizontal em vermelho que indica o valor de N0/2 = 0,59
mGy, que é metade da irradiação inicial de N0 = 1,18 mGy. Prolongamos esta seta
até a curva de atenuação e, dali, “desenhamos” outra seta vertical que desce até o
eixo onde estão indicados valores das espessuras dos filtros de alumínio. Fazendo
isto, descobrimos que 2,4 mmAl é a espessura de material absorvedor (alumínio)
necessário para fazer a intensidade de radiação inicial (N0 = 1,18 mGy) ser atenuada
pela metade (N0/2 = 0,59 mGy), esta é a camada semirredutora.
A avaliação deste parâmetro é um teste de controle de qualidade muito importante,
pois nos ajuda a identificar se a quantidade de filtração total do equipamento de
raios X está adequada; diminuindo a dose na superfície da pele do paciente.
63
espectros, um obtido com 72 kVp e outro com 82 kVp, observe que a tensão
de pico equivale, numericamente a energia máxima apresentada em ambos
os espectros. Dependendo da tensão selecionada, o pico da radiação
característica não será visualizado.
64
14,0
y = 0,0003x2 + 0,062x - 1,8938
12,0 11,8
10,0
Dose (mGy)
9,3
8,0
6,9
6,0
4,7
4,0
2,7
2,0
1,0
0,0
20 40 60 80 100 120 140 160
Tensão de pico (kVp)
65
Efeito fotoelétrico: fóton de raios X com energia um pouco maior que a energia de
ligação dos elétrons da camada mais interna tem maior probabilidade de realizar o
efeito fotoelétrico. Ao interagir o fóton é totalmente absorvido (desaparece) e transfere
toda sua energia para o elétron mais fortemente ligado, que é ejetado de sua órbita. O
espaço deixado pelo fotoelétron pode ser ocupado por elétrons das camadas
superiores, gerando o que chamamos de radiação característica que aparece nos
espectros1.
Interação Compton: fóton de raios X interage com um elétron da camada mais externa,
dizemos que este elétron está fracamente ligado ao átomo. Ao absorver parte da
energia incidente, o elétron secundário (ou elétron Compton) é ejetado desta órbita com
certa energia cinética (energia de movimento). Mas não é apenas isso que acontece, o
restante da radiação incidente é defletido como outro fóton em outra direção e com
energia menor, este é o fóton espalhado.
66
1,8
y = 1,7x + 0,3 1,69
1,6
1,4 1,37
1,2
Dose (mGy)
1,0 1,04
0,8
0,71
0,6
0,4 0,36
0,2
0,0
10 30 50 70 90 110
Corrente (mA)
Figura 62 Exemplo da variação da dose de radiação com o aumento da corrente (mA)
67
Destacamos o seguinte:
! A variação da corrente afeta diretamente a densidade óptica (no caso do
filme), assim, se um valor muito baixo de corrente for escolhido com
tempo de exposição também muito pequeno, produziremos imagens
subexpostas de baixíssima qualidade pois serão “muito claras” e com
muito ruído. O mesmo vale para o contrário, isto é, correntes altas e
tempos de exposição longos, causarão a superexposição gerando
imagens “muito enegrecidas”.
Na prática clínica temos algumas regras básica para seleção do valor de corrente3
! Utilizam-se valores baixos de corrente associados ao ponto focal
pequeno para visualização de estruturas detalhadas
! Em radiologia pediátrica e com pacientes não colaborativos, recomenda-
se a utilização de altos valores de correntes combinados com tempos de
exposição bem curtos, para evitar o borramento das imagens.
! Combinam-se também valores mais altos de corrente quando se deseja
abaixar a tensão (kV) com a finalidade de melhorar o contraste
Assim como a luz, que ao sair de um foco começa a divergir conforme se aumenta a
distância e se diminui sua intensidade, a radiação X também diminui com o aumento
da distância, conforme exemplificado na Figura 64. Vamos considerar um
equipamento de raios X emitindo de forma contínua e dois planos (A e B), o primeiro
a 50 cm do ponto focal e o segundo a 100 cm, ambos divididos em pequenos
quadrados de 1 cm2 cada um. Vamos supor que o feixe de radiação atinja uma área
de 4 cm2 no plano A (4 quadradinhos), ao chegar ao plano B o feixe de raios X
passará a cobrir 16 cm2 uma vez que a distância foi duplicada, porém a intensidade
do feixe cairá para ¼ em cada quadradinho de 1 cm2. Isto é conhecido com a lei do
inverso do quadrado da distância.
Ela pode ser descrita pela relação matemática (3):
68
I1 d 22
= 2
I 2 d1 (3)
Ponto Focal
d1 = 1m
I1 = 4mGy
d2 = 2m
I2 = 1 mGy
69
8 Tipos de radiações X:
Na interação com o ponto focal real no anodo, alguns elétrons podem se espalha ao
se chocarem e ser novamente acelerados em direção anodo, porém acabam
atingindo outras regiões que não pertencem a esta área, como já foi observado na
Figura 45. A radiação emitida por outras área que não seja o ponto focal real é
denominada radiação extrafocal6.
70
Figura 65 Radiação de fuga.
A radiação primária atinge o paciente e ao interagir com ele pode emitir radiação
ionizante originada desta interação, e esta radiação é chamada radiação
secundária5.
71
8.1.6 Radiação espalhada
9 Sistemas de Colimação
9.1 Função
72
9.2 Tipos de colimadores
Para delimitar este feixe, três tipos de dispositivos são utilizados acoplados ao tubo
de raios X durante os exames, são eles: diafragma de abertura, cones e cilindros, e
colimador de abertura variável, como observado na Figura 663.
9.2.1 Diafragma
O Diafragma consiste de uma lâmina de chumbo com uma abertura fixa acoplada ao
tubo de raios X. Esta abertura é projetada para delimitar uma área do receptor de
imagem a uma distância fonte-receptor de imagem constante, como demonstrado na
Figura 673. Esta abertura pode ter diversos tamanhos, como por exemplo, 20 cm x
25 cm, 24 cm x 30 cm e 35 cm x 43 cm.
73
Tubo de raios X
Paciente
Área delimita no
receptor de
Receptor de
imagem
imagem
Extremidade
distal
A) B)
Cone Cilindro
74
9.2.2 Colimador de abertura variável e campo luminoso
Lâmina de
chumbo
Lâmina de Lâmina de
chumbo chumbo
Lâmina de
chumbo
Espelho
75
10 Minimização da Radiação espalhada
76
10.1 Grades Antiespalhamento
10.1.1 História
Por muito tempo o controle da radiação espalhada era feito somente por formas
variadas de diafragmas e cones de chumbo inseridos na saída do tubo de raios X.
Em 1913, foi construída por Gustav Bucky a grade antiespalhamento. Esta grade era
fixada atrás do paciente e na frente do receptor de imagem com o objetivo de
impedir que raios X espalhados chegassem no último e prejudicassem a boa
qualidade da imagem formada. Porém, a grade aparecia na imagem formada,
atrapalhando a visualização das estruturas desejadas e um bom diagnóstico. Então,
Dr. Hollis Potter resolveu o problema dando movimentação a grade durante a
exposição e diminuindo a espessura de suas dimensões. A primeira grade comercial
com movimento foi anunciada em 1920 e ficou conhecida como diafragma de Potter-
Bucky. O movimento da grade possibilitou seu borramento na imagem, eliminando
seu aparecimento na imagem e melhorando o contraste5.
77
Radiação primária que
Radiação primária atenuada e Raios X paralelos a grade
conseguiu penetrar o paciente e
não contribui para formação da (alinhados com a grade)
formar imagem no filme
imagem
radiográfico
Filme Radiográfico
As tiras de chumbo podem ser orientadas paralelas umas as outras, grade linear, ou
podem formar um padrão crosshatch ou rhombic, grades transversais, como
mostrado na Figura 72.
78
crosshatch rhombic
Padrão de Moiré
As grades transversais são duas grades lineares sobrepostas com suas linhas de
grade perpendiculares entre si. As fatias de chumbo não podem ser construídas no
mesmo plano, pois haveria uma perda de densidade em cada intersecção das fatias,
formando assim um artefato com padrão de moiré, como observado na Figura 72.
Independentemente da orientação das fatias de chumbo, as grades podem ser fixas
ou com movimento5. A grade fixa não se movimenta durante a exposição; assim, sua
estrutura, fatias espaçadas uniformemente, aparece na imagem da radiografia. Este
79
artefato é eliminado com a introdução de movimento nas grades. Este movimento
pode ser para frente e para trás ou um movimento circular4. De qualquer forma, as
linhas de grade são efetivamente borradas, reduzindo ruído e aumentando a
quantidade de informação visível na imagem5. Adicionalmente, o movimento da
grade possibilita uma maior atenuação da radiação espalhada.
Além de poderem ser fixas ou com movimento, as grades ainda podem ser
focalizadas ou paralelas. A focalização da grade se da pela inclinação das fatias de
chumbo partindo do centro para as laterais apontando em direção a fonte de raios X
como observado na Figura 735.
Devido a essa focalização introduzida na grade, ela deve ser posicionada em
relação ao alvo do tubo de raios a uma distância especificada pelo raio da grade em
uso. O raio da grade é a distância das linhas das fatias de chumbo, com seus vários
graus de inclinação, convergindo para um ponto focal ou ponto convergente que é o
alvo do tubo de raios X. Uma vez que existe uma margem de erro, raios da grade
real são dados como intervalos em vez de um número específico. Os dois intervalos
mais comuns são de 91 cm a 106 cm e de 167 cm a 188 cm, designado para duas
v.
distâncias fonte-receptor de imagem, normalmente usadas de 100 cm e 180 cm
Se a grade não for colocada a essas distâncias específicas, as fatias de chumbo
absorverão mais radiação primária do que o desejado e ocorrerão falhas, cortes na
imagem radiográfica. Isto ocorre, pois os raios X que chegam mais periféricos
colidem nas fatias da grade lateralmente. Colocando o tubo de raios X muito perto
ou muito longe da grade, resultarão os mesmo cortes de grade e perda de
informação5.
Grades paralelas não tem inclinação das fatias de chumbo. Cada fatia aponta uma
linha reta. Então, grades paralelas tem um raio infinito – quanto mais distante o tubo
de raios X da grade, mais paralelo os raios X primários serão das fatias de chumbo,
como observado na Figura 73. Por esta razão, problemas de cortes na imagem
nunca ocorrem tendo o tubo muito longe da grade paralela. No entanto, colocando o
tubo de raios X muito perto da grade paralela, uma grande quantidade de radiação
primária será absorvida em direção a periferia e ocorrerá perda de informação, pois
o feixe de raios X emitido é um feixe divergente, ou seja, nem todos os raios X
entram paralelamente à grade5.
80
Ponto de convergência
(ponto focal no tubo de raios X)
Raio da grade
Grade focalizada
Raio infinito
(sem ponto de convergência)
Fatia de chumbo
atenua raios X
B)
1. Corte devido a grade estar fora de centro: O centro do feixe de raios X não
está alinhado com o centro da grade. Este tipo de corte produz uma
diminuição geral em densidade sobre o filme inteiro8, como observado na
Figura 74.
81
Alvo
Raios X
Grade
Primário Transmitido
Filme
Efeito
visualizado
no filme
2. Corte devido à grade estar fora de foco: é causado por ter o tubo de raios X
posicionado fora do intervalo focal especificado de uma grade focalizada.
Este tipo de corte produz densidades mais claras do lado da borda do filme
enquanto o centro permanece sem ser afetado8, como observado na
Figura 75.
82
Alvo
Raios X
Grade
Primário Transmitido
Filme
Efeito
visualizado
no filme
Figura 75 Tubo de raios X posicionado muito perto da grade, fora da distância focal
especificada por ela. Este erro de posicionamento gera diminuição da
densidade nas bordas do filme.
83
Alvo
Raios X
Grade desalinhada
Primário Transmitido
Filme
Efeito
visualizado
no filme
Figura 76 Devido à inclinação da grade, os raios X vão incidir com grandes ângulos,
aumento a sua absorção pela grade e diminuindo a densidade em todo o
filme.
4.
Corte devido ao posicionamento reverso da grade: grade posicionada de
cabeça para baixo. Este tipo de corte resulta em uma diminuição na
densidade ao redor de todas as bordas do filme, como observado na Figura
778.
84
Alvo
Raios X
Grade
Primário Transmitido
Filme
Efeito
visualizado
no filme
85
10.1.5.1 Razão de grade
A razão de grade é a razão entre a altura pela largura dos espaços de material de
baixa atenuação da grade, como observado na Figura 78. Este parâmetro
representa a capacidade da grade em remover a radiação espalhada antes que essa
atinja o receptor de imagem. Assim, quanto maior a razão da grade, melhor é a
eficiência na remoção da radiação espalhada.
Infelizmente, não somente fótons espalhados são removidos pela grade, mas
também alguns fótons úteis para a formação da imagem, como já observado na
Figura 71. Por isso, o valor da razão da grade não pode ser muito elevado, se não
maior quantidade de fótons úteis serão removidos e a exposição ao paciente terá
que ser aumentada para compensar.
Razões de grade são usualmente expressas como dois números, com o primeiro
número sendo a razão real e o segundo sempre um5. Os números 8:1, 10:1 e 12:1
são mais comuns em radiografia geral. Esta representação de razão de grade de 8:1
quer dizer que os espaços são altos e estreitos e que a profundidade é 8 vezes a
largura4. Com razões de grade menores, menos radiação espalhada é eliminada.
Porém, grades com razões menores são menos sensíveis em relação ao
posicionamento e distância entre tubo de raios X e grade, conseguindo manter uma
boa qualidade da imagem sem uma grande precisão nesses parâmetros. Isto ocorre,
pois esta grade não absorve muitos fótons úteis para a formação da imagem, não
afetando a densidade e o contraste desta e consequentemente não tendo que
aumentar a exposição ao paciente para compensar.
Fatia de material
radiotransparente
Largura
Fatia de chumbo
Altura
!"#$%&
!"#ã!!!"!!"#$% = !
!"#$%#"
86
10.1.5.2 Frequência da grade
Fatia de material
radiotransparente
Fatia de chumbo 1 cm
Frequência da grade
87
capazes de passar através dos espaços sem colidir com uma tira de chumbo. Para
minimizar o número de fótons primários atenuados, uma alta razão de grade deve
ser mais perfeitamente centralizada e alinhada com o raio central. Mesmo quando
isto é feito, a alta razão de grade absorverá mais radiação e o aumento da técnica é
necessário para manter uma densidade adequada na imagem. O técnico em
radiologia deve saber a razão de grade da grade antiespalhamento do equipamento
que esta utilizando para melhor ajustar a técnica que será usada no exame5.
Fatias, mais finas, de chumbo, encontradas em uma grade com uma alta frequência
não serão visíveis na radiografia. Uma grade com fatias grossas de chumbo (ou
baixa frequência de grade) reduzirão muito a radiação espalhada, mas a imagem
das fatias de chumbo aparecerão no filme como linhas de grade4. Este artefato
causado pelas linhas de grade pode ser eliminado pela movimentação desta.
88
10.1.5.5 O fator de Bucky
!"#$"çã!!!"#!$%"&%
!"#$%!!"!!"#$% = ! !"#$"çã!!!"#$%&'!'(#!!!!!!!!! (4)
89
10.2 Técnicas de Espaçamento de ar
90
Figura 82 Magnificação devido ao afastamento entre paciente e detector de imagem.
Janela de
Telas identificação
Janela de
identificação intensificadoras
es
Filme
A B
91
11.1.1 Função e composição
92
escrita “tube side” (lado do tubo). Esta superfície frontal é feita de fibra de carbono
ou outro material de baixa atenuação, maximizando a transmissão dos raios X3.
Já a tampa traseira é feita geralmente de metal pesado, pois a radiotransparência
não é necessária nesta parte e materiais com esta característica ajudam a minimizar
a radiação retroespalhada3.
A radiação de retroespalhamento surge, pois alguns os raios X que não são
utilizados na formação da imagem são transmitidos pelo chassi, interagem com
estruturas colocadas atrás do chassi durante o exame, como o bucky onde o chassi
é inserido, um suporte que o sustenta ou até mesmo uma parede próxima e voltam
ao filme. Estes fótons retroespalhados resultam em velamento indesejado do filme e
perda na qualidade da imagem formada3. Devido ao efeito indesejado deste
retroespalhamento, na maioria dos chassis a cobertura de trás inclui uma fina folha
de cobre ou chumbo. O propósito desta folha é também minimizar e absorver à
radiação retroespalhada3.
A tampa traseira do chassi é também onde as travas estão localizadas e a troca de
filme acontece. A troca é realizada em um ambiente apropriado chamado de câmera
escura5.
Cartão de identificação
do paciente
Chassi (janela de
identificação alinhada
com o cartão)
93
abre a pequena borda do chassi e opticamente grava a imagem do cartão no filme5.
Esta câmara é utilizada para todo tamanho disponível de chassi.
Os chassis são disponíveis para todo tamanho padrão de filme usado em radiografia
(ex.: 18 x 24 cm, 24 x 30 cm, 35 x 35 cm e 35 x 43 cm) e são compatíveis com todas
as marcas de equipamentos de raios X4.
11.2.1 Função
94
11.2.2 Composição e construção
Base
Tela Intensificadora
Camada refletora
Camada de fósforo
Camada protetora
Filme Radiográfico
95
e atingirem a camada refletora da tela oposta e então refletirem de volta para a
emulsão do filme. Este longo caminho percorrido aumenta o espalhamento dos
fótons de luz e reduz a percepção de detalhes na imagem. Por esta razão, alguns
chassis designados para exames específicos que exigem uma alta resolução
possuem somente uma tela intensificadora 5.
96
bolha de ar. O resultado são bordas de penumbra ou borrão, e consequentemente
uma perda severa na resolução espacial da imagem5. A resolução é medida
geralmente pelo espaçamento mínimo entre linhas que pode ser detectado e
distinguido. Quanto menor for este espaçamento, menor será o objeto que pode ser
visualizado e melhor será a resolução espacial.
11.2.3 Base
97
11.2.4 Camada refletora
Figura 88 Produção dos fótons de luz na camada de fósforo e sua reflexão pela
camada refletora.
Figura 89 Perda de resolução devido ao uso de tela intensificadora com camada refletora.
98
A luz emitida pelo écran é produzida pelos cristais de fósforo da emulsão. Esta
emissão é isotrópica, em todas as direções. Os fótons de luz emitidos na direção do
filme contribuem para a formação da imagem, porém os fótons emitidos lateralmente
e atrás do filme são perdidos e inutilizados. Para resolver este problema, uma
camada fina de substância reflexiva, dióxido de titânio ou um branco similar, é
espalhada sobre a base 5. Esta camada age como espelho, refletindo os fótons de
luz que são emitidos em direções contrárias a do filme, de volta a direção do filme,
maximizando o número de fótons de luz úteis para a produção da imagem, como
observado na Figura 88.
Infelizmente, a luz refletida por esta camada tem uma maior distância a percorrer
antes de alcançar o filme, sofrendo um espalhamento levemente maior do que a luz
emitida diretamente a ele, como observado na Figura 89. Este espalhamento
contribui para penumbra ou borrão na imagem, causando perda de resolução
espacial nesta. Por esta razão, algumas marcas de écrans finos ou chassis
dedicados para exames de extremidades, desenhados para atingir alta resolução de
detalhe não empregam camada refletora 5.
99
No inicio de 1970s, fósforos de terras raras foram introduzidos e devido a sua maior
eficiência em converter raios X em luz eventualmente substituíram o CaWO4 em
telas intensificadoras pelo mundo3.
O grupo de terras raras consiste de elementos de número atômico de 57 (Lantânio,
La) a 71 (Lutécio, Lr), e incluem Túlio (Tm, Z = 69), Térbio (Tb, Z = 65), Gadolínio
(Gd, Z = 64) e Európio (Eu, Z = 63). Devido ao lantânio ser o primeiro elemento, o
grupo de terras raras é também conhecido como a série dos lantanídeos na tabela
periódica4. O fósforo mais comum de terras raras usado em telas intensificadoras
hoje é o oxissulfureto de gadolínio (Gd2O2S)5.
Ao contrário do CaWO4, os fósforos de terras raras não fluorescem apropriadamente
no estado puro, necessitando do acréscimo de outros compostos, chamados
ativadores5. Os fósforos de terras raras são produzidos como cristais de
oxissulfureto de gadolínio ativado com térbio (Gd2O2S:Tb) e oxibrometo de lantânio
ativado com túlio (LaOBr:Th) e emitem luz na região do verde.
100
A espessura da camada de fósforo varia consideravelmente com a velocidade da
conversão de raios X em luz ou a necessidade de uso do écran, e pode variar de 80
a 250 micrometros4.
101
11.2.7.1 Eficiência de absorção
Átomos com um alto número atômico têm muito mais elétrons nas suas camadas. O
diâmetro real do átomo, medido através da camada mais externa, somente aumenta,
levemente, quando comparado a átomos com números atômicos menores. Isto
acontece devido a força de atração entre prótons do núcleo e elétrons das camadas.
Quanto maior a quantidade de prótons e elétrons, maior a força de atração entre
eles, e mais perto do núcleo as camadas, onde os elétrons estão localizados,
estarão. Então, os átomos com um alto número atômico não são tão largos e sim
mais concentrados5. Este aumento de concentração dos elétrons dentro do espaço
em volta do núcleo se refere a densidade eletrônica do átomo. Átomos com alto
numero atômico tem uma nuvem de elétrons mais densa, aumentando a
probabilidade de absorção de um fóton de raios X pela colisão com um elétron, que
é o efeito fotoelétrico5.
Além do número atômico e energia de ligação, a absorção também é influenciada
pela espessura da camada de fósforo e sua densidade.
102
11.2.7.1.2 Espessura da camada de fósforo
Camada de fósforo mais espessa absorverá mais fótons de raios X, e mais fótons de
luz serão produzidos pela tela. Isto ocorre, pois mais átomos estão no caminho do
feixe de raios X, e então a probabilidade de absorver um fóton em particular
aumenta e a eficiência de absorção aumenta3. O tamanho do cristal de fósforo e a
espessura da camada de fósforo determina a sensibilidade da tela intensificadora. A
tela que contém cristais maiores ou que tem uma camada espessa de fósforo emite
significantemente mais luz para uma dada quantidade de radiação do que telas de
menores cristais, ou camada mais fina.
Com uma espessura maior da camada de fósforo, alguns dos fótons de luz
produzidos terão que percorrer um caminho mais longo para escapar da tela e
atingir o filme radiográfico. Durante tal percurso, podem colidir com outros cristais de
fósforo, dificultando sua chegada ao receptor de imagem e assim diminuindo a
eficiência de emissão da tela intensificadora. No entanto, este efeito é muito menor
quando comparado ao grande aumento da eficiência de absorção5.
Apesar do aumento de espessura da camada de fósforo e tamanho de seus cristais,
conseguir um aumento na eficiência de detecção, também causa uma perda de
resolução espacial, demonstrado na Figura 91. Quando a luz se propaga através da
tela, se espalha em todas as direções com igual probabilidade (difusão isotrópica).
Para telas mais espessas e com cristais maiores, consequentemente, os fótons de
luz propagam distâncias laterais maiores antes de alcançar a superfície da tela. Esta
difusão lateral da luz causa um leve borrão na imagem4.
Apesar de perda de resolução na imagem, a velocidade da tela intensificadora
aumenta , produzindo mais fótons de luz por raios X, conseguindo o enegrecimento
desejado do filme em menor tempo e consequentemente diminuindo à exposição ao
paciente.
103
Figura 91 Maior redução na resolução espacial em camadas mais espessas de fósforo
e com cristais de fósforos de tamanhos maiores.
104
11.3 Eficiência de conversão
Com uma camada mais espessa de fósforo, os fótons de luz produzidos terão
que percorrer um caminho mais longo para escapar da tela e durante este
percurso estes fótons podem colidir com outro cristal de fósforo e não
conseguir sair da tela. Devido a isto, a eficiência de emissão é levemente
reduzida. Porém, este efeito é mínimo quando comparado com o aumento da
eficiência de absorção.
105
11.3.1.2.2 Acréscimo de corante na camada de fósforo
106
11.3.2 Velocidade das telas intensificadoras
107
11.3.3 Cuidados com as telas intensificadoras
A interação dos raios X com o fósforo não provoca desgaste. Não há nada
semelhante à fadiga causada pela radiação. A única maneira das telas deixarem de
ser úteis nos serviços de radiologia é por falta de cuidado no seu manuseio e
manutenção de sua estrutura3.
As telas intensificadoras devem ser mantidas limpas. Qualquer material estranho na
tela, como papel, sangue, fiapos e poeira bloqueará os fótons de luz e produzirá
uma área não exposta no filme correspondendo ao tamanho e forma da área suja5.
A limpeza pode ser realizada com água e sabão neutro, porém as telas são mais
bem limpas com uma solução contendo um composto antiestético e um detergente;
a solução deve ser aplicada gentilmente (nunca esfregar vigorosamente) com um
pano macio sem fiapos. As telas devem ser enxaguadas com cuidado e secas
completamente antes do fechamento do chassi. Se a tela estiver úmida, a camada
de emulsão do filme pode aderir nela, possivelmente causando dano permanente3. A
frequência de limpeza é determinada pela intensidade do uso e nível de poeira do
ambiente. Em um departamento de radiologia com grande volume de exames, pode
se necessário limpar as telas uma vez por mês ou mais frequentemente. Sob outras
circunstâncias, a frequência da limpeza pode ser estendida com segurança para
dois ou três meses3,5.
Exceto durante a limpeza, a superfície não deve ser tocada ou manuseada para
evitar arranhões e marcas de dedos4. Depois de limpos, os chassis devem ser
carregados, fechados e armazenados na câmera escura, mas a uma distancia
segura dos químicos, pois manchas de revelador não podem ser removidas da tela
intensificadora4.
Ao pegar o chassi na câmera escura pra carrega-lo com um filme alguns cuidados
devem ser tomados nesse procedimento. Ao carregar o chassi, não deslize o filme
dentro, o canto afiado ou a borda pode riscar a tela. Coloque o filme dentro do
chassi. Remova o filme do chassi deixando-o cair sobre os dedos. Não retire o filme
para fora do chassi com auxilio das unhas. Não deixe os chassis abertos porque as
telas podem ser danificadas por qualquer objeto que possa cair sobre elas, sejam
produtos químicos da câmara escura ou poeira3.
108
11.4 Filmes radiográficos
O grande cuidado com o chassi e suas telas intensificadoras é necessário para obter
uma boa qualidade de imagem. O chassi é a proteção do filme radiográfico e a tela
intensificadora a responsável em sensibilizá-lo de modo otimizado.
O filme radiográfico é o responsável pela formação e armazenamento da imagem
radiográfica. Ele é o receptor dos fótons de raios X que conseguem emergir da tela
intensificadora. Estes fótons sensibilizam o filme, formando a imagem. Esta imagem
ficará “impressa” no filme radiográfico e após passar por um processo de revelação,
será utilizada para o diagnóstico e posterior armazenamento.
O filme radiográfico utilizado em radiologia convencional é constituído por duas
camadas de emulsão. Cada camada de emulsão contém cristais de brometo de
prata suspensos em uma gelatina. Estas camadas são ligadas, por uma espessura
fina de material adesivo, a ambos os lados de um suporte transparente de poliéster
tingido de azul, a base, garantindo uma ligação firme entre suporte e emulsão, como
observado na Figura 93.
A emulsão é coberta por uma camada protetora de gelatina chamada de camada de
recobrimento. Essa camada de recobrimento protege a emulsão de arranhões e
contaminação durante o manuseio, processamento e armazenamento3.
109
11.4.1.1 Base
A principal função da base é ser o suporte para a emulsão. Para a base exercer sua
função de modo que não prejudique a formação ou a visualização da imagem, ela
deve possuir algumas características: não deve produzir um padrão visível ou
absorver muita luz quando a radiografia é visualizada; a flexibilidade e espessura
devem permitir fácil processamento, manuseio e possuir rigidez adequada para
colocá-la no negatoscópio. Além destas características, a base deve ter estabilidade
dimensional, ou seja, manter sua forma e tamanho durante o processo de revelação
e armazenamento5. Uma falha neste último requerimento pode ocasionar distorções
na imagem.
O primeiro material utilizado como base foi o vidro. Porém, durante a Primeira
Guerra Mundial, o vidro de alta qualidade ficou quase indisponível devido a sua alta
demanda e fragilidade. Em 1914, o nitrato de celulose, previamente usado como
base de filme fotográfico, foi adaptado para uso como filme de raios X. Entretanto,
por ser um material inflamável causou diversos incêndios hospitalares na década de
1920. Nesta mesma década, filmes com base de triacetato de celulose foram
introduzidos. Ele tem propriedades similares às do nitrato de celulose, mas não é
inflamável. No início da década de 1960, uma base de poliéster foi introduzida. O
poliéster é mais resistente a deformação com o tempo e mais forte que o triacetato
de celulose, permitindo um transporte mais rápido através das processadoras
automáticas, equipamentos utilizados na revelação dos filmes. As bases de poliéster
são mais finas que as bases de triacetato (aproximadamente 175 µm), mas
igualmente fortes3,5. Várias tentativas foram feitas para melhorar a qualidade do filme
ao longo dos anos, e a adição de tintura na base foi uma delas. Filmes com este tipo
de base reduzem o cansaço visual, permitindo uma melhor análise da imagem pelos
radiologistas3.
O primeiro método de uso de tintura comercializado a ser aplicado para o filme de
raios X na América foi descrito em 1933 por George A. Scanlan e Charles Holzwarth
de Parlin, Nova Jersey que introduziu a tintura na coloração azul no filme4.
11.4.1.2 Emulsão
110
emulsão consiste em uma mistura homogênea de gelatina e cristais de haleto de
prata. Ela é colocada homogeneamente na base em uma camada de 3 a 5 µm de
espessura no máximo, devido a incapacidade da luz de penetrar mais
profundamente3,5.
11.4.1.2.1 Gelatina
111
O cristal formado de íons de prata (Ag+), íons de bromo (Br-), e íons de iodo (I-) são
arranjados em uma rede cúbica com alguns átomos de prata livres misturados, como
observado na Figura 94. Estes íons de prata livre, que saíram da sua posição normal
na rede cristalina podem migrar dentro do cristal. Isto é um tipo de defeito inerente
da estrutura do cristal, o defeito de Frankel, como pode ser visualizado na Figura
944,5,7 e dependendo da intenção da aplicação da imagem, os cristais de haleto de
prata podem ter formas tabulares, cúbica, octaedral, poliedral ou irregulares como
observado na Figura 953.
112
Figura 96 Centros de sensibilização
Quando os fótons de luz interagem com o filme, essa interação com a prata e os
átomos do haleto (Ag, Br, I) produz uma imagem, chamada de imagem latente. A
energia absorvida de um fóton de luz por um elétron o fornece energia suficiente
para escapar e viajar por grandes distâncias dentro do cristal. A maioria desses
elétrons é proveniente dos íons de bromo ou iodo por terem os íons negativos (um
elétron extra). Esses íons negativos são convertidos em átomos eletricamente
neutros, e a perda da carga iônica resulta no rompimento da rede cristalina3.
Os átomos de bromo e iodo estão agora livres para se mover, pois não estão mais
ligados na rede cristalina. Eles migram para fora do cristal até a gelatina. Durante a
travessia no cristal, o elétron pode ter energia suficiente para remover outros
elétrons da rede cristalina. Consequentemente, como resultado da interação dos
raios X, vários elétrons são liberados e viajam através da rede cristalina3.
Os elétrons migram até o centro de sensibilidade e são aprisionados. Quando um
centro de sensibilidade captura um elétron, ele se torna mais carregado
113
negativamente e atrai íons de prata intersticiais móveis, carregados positivamente. A
associação do íon de prata intersticial com o elétron aprisionado no centro de
sensibilidade neutraliza a prata e forma o átomo de prata3.
-
Br + fóton de luz Br + elétron
-
I + fóton de luz I + elétron
Neutralização da prata
- +
e + Ag Ag
114
Fótons de luz
+ + + Os centros de sensibilização
+ + se tornam mais carregados negativamente e atraem íons de prata (+),
carregados positivamente
Um filme de raios X não exposto e processado aparece com coloração muito clara,
praticamente transparente. Já um filme exposto adequadamente apresenta várias
tonalidades de cinza, e um filme intensamente exposto possui coloração escura,
sem diferenças de tons de cinza3.
115
Como essas tonalidades de cinza são medidas?
11.4.3.1 D.O
!!
!. ! = ! !"#!! (5)
!
!!
A divisão mede a opacidade do filme, a habilidade do filme de parar a luz. Já o
!
!
T =! (6)
!!
! !
!" = ! − log ! = log = log( ! ) (7)
! !
116
radiação de fundo podem revelar alguns grãos de haleto de prata e desenvolver um
velamento uniforme de fundo, o chamado véu. Níveis de base+véu que excedem
aproximadamente 0,2 são considerados inaceitáveis, e a substituição de tal filme
deve ser considerada4.
A quantificação da DO em um filme é realizada através de um densitômetro.
O densitômetro é um dispositivo que emite luz branca em um lado do filme e mede a
quantidade de luz que alcança o outro lado. O densitômetro tem uma pequena área
sensível (abertura), aproximadamente 3 mm de diâmetro, e mede a DO
correspondente para aquela área específica do filme, como mostrado na Figura 984.
Área de
D.O de D.O
117
primeiramente publicou tal curva na Inglaterra em 1890). A densidade do
filme é colocada no eixo vertical e a exposição do filme no eixo horizontal3,8.
Note que o eixo X da curva H&D está em uma escala logaritimca, e este eixo
é frequentemente chamado de exposição relativa de log. A DO (o valor no
eixo y) é por si só o logaritimo da transmissãoo, e então a curva H&D é um
gráfico log10-log10 de transmissão optica versus exposição de raios X4.
Exposição do filme é referida como produto da intensidade da exposição
(miliamperes da corrente do tubo de raios X) e o tempo de exposição
(expresso em segundos). Exposição é expressão em miliampere por
segundo, mAs8.
A exposição também é gravada como o logaritimo da exposição, pois permite
um amplo intervalo de exposição serem expressos em um gráfico compacto,
facilitando a analise8.
O formato da curva característica a divide em três partes: pé, ombro e uma
parte que é quase uma linha reta e se localiza entre as outras duas partes. O
pé corresponde a densidade de base+véu, a linha reta densidade é
aproximadamente proporcional ao log da exposição relativa, e o ombro
demonstra a densidade de saturação da curva, nenhum aumento de
exposição a partir deste ponto ira elevar a Densidade do filme.
Análise da curva característica de um filme radiográfico provém informação
sobre o contraste (gradiente), velocidade (sensibilidade), e latitude do filme,
proporcionando uma melhor orientação sobre uso deste e consequentemente
evitando futuros erros de exposição8.
118
A representação numérica do contraste de um filme radiográfico é o é o gradiente
médio. O gradiente médio é uma inclinaçãoo de uma linha reta conectando dois
pontos bem definidos na curva H&D. O ponto mais baixo é usualmente definido em
OD1 = 0,25 + base + véu, e o ponto mais alto é tipicamente definido em OD2 = 2,0 +
base + véu. Para calcular o gradiente médio, estes dois valores de DO são
identificados no eixo y da curva H&D, e correspondem as exposições, E1 e E2, são
então identificados. O gradiente médio é a inclinação da curva4:
!"! !!"!
!"#$%&'(&!!é!"# = ! (8)
!"#!" !! !!"#!" !!
Gradientes médios para filme radiográfico variam entre 2,5 a 3,5. As exposições
ótimas, exposição adequada para geração de uma imagem de qualidade, ocorrem
na região perto do máximo da curva de contraste. Se os níveis de exposição são
muito altos ou muito baixos, o contraste sofrerá4.
11.4.3.4 Velocidade
!
!"#$%&'('" = ! (9)
!"#$%&#$'
119
velocidade do filme pela velocidade da tela e dividir por 100. Por exemplo, se uma
tela de velocidade 100 foi usada com um filme de velocidade 50, a velocidade total
do receptor de imagem será 100 x 50/100 = 50. Se uma tela de 200 foi usada com
um filme de velocidade também 200, a velocidade total do receptor será 200 x 200 =
4005.
O sistema comercial, para definir velocidade, faz uso de uma medida relativa.
Quando telas de CaWO4 eram de uso comum, sistemas tao chamados de
velocidade equivalente eram arbitrariamente classificados com velocidade de 100. A
velocidade de outros sistemas tela-filme em uma linha de produtos de venda era
relacionada ao sistema equivalente daquele vendedor – então, por exemplo, um
sistema de velocidade 200 é aproximadamente duas vezes mais rápido que um
sistema de velocidade 100. Hoje, com combinações de terra rara prevalecendo, a
maioria das instituições usa sistemas de velocidade 400 para radiografia geral. Filme
mais lentos são usados para trabalho de detalhe, tipicamente radiografia de ossos
de extremidades. Sistemas tela-filme na classe de velocidade de 600 são usados em
alguns departamentos de radiologia para aplicações especiais (ex.: angiografia)
onde temos de exposições curtos são muito importantes4.
11.4.3.5 Latitude
120
filmes de baixo contraste usam uma distribuição de tamanho de grãos mais
heterogênea4. Uma desvantagem de um contraste maior é reduzir a latitude.
Além de filme para tela intensificadora, são disponíveis filme para exposição direta e
filmes para aplicações especiais (como aqueles que são usados para mamografia,
de emulsão única como mostrado na Figura 99, videodocumentação, duplicação,
subtração, cinerradiologia e radiologia odontológica). Com ampla certeza, o filme
mais comum é o filme para tela intensificadora. O filme para tela intensificadora é o
tipo de filme usado juntamente com telas intensificadoras3.
Os tamanhos padrões de filme utilizados em radiologia são 18 x 18 cm, 20 x 25 cm,
24 x 30 cm, 35 x 35 cm e 35 x 43 cm3.
Base
Camada adesiva
Emulsão
Camada de recobrimento
121
baixas do que 20ºC aproximadamente. A película nunca deve ser armazenada perto
de tubulações de vapor ou de outras fontes de calor3.
Armazenamento, sob circunstâncias de umidade elevada (por exemplo, acima de
60%) igualmente reduz contraste por causa da nevoa aumentada.
Consequentemente, antes de usar, o filme deve ser armazenado em lugar fresco,
seco, idealmente em ambiente com climatização controlada. O armazenamento em
área que esteja demasiado seca pode ser igualmente não recomendável. Os
artefatos de eletricidade estativa surgem quando a umidade relativa fica,
aproximadamente, abaixo de 40%3.
O filme deve ser armazenado e manuseado na escuridão. O controle da luz é
assegurado por uma câmera escura bem selada e por uma estrutura de
armazenamento para os filmes exposto e não expostos clinicamente, como
observado na Figura 100. O escaninho de armazenamento tem um sistema de
fechamento que impede que as partes reservadas para filme exposto e filme não
exposto sejam abertas simultaneamente, o que impede a entrada de luz na câmara
escura e possível danos ao filme3.
Figura 100 Armário acoplado a câmara escura para armazenamentos de filmes expostos
e não expostos.
O uso de filme radiográfico requer certa precaução na câmara escura. A maioria das
luzes de segurança é de lâmpadas incandescentes com filtros coloridos; a lâmpada
de segurança fornece luz suficiente para iluminar a câmara escura e, ao mesmo
tempo, garante que o filme permaneça sem ser exposto3.
122
A iluminação apropriada da câmara escura não depende somente da cor do filtro,
mas também da potência da lâmpada e da distância entre a lâmpada e a superfície
de trabalho. Uma lâmpada de 15W não pode ficar mais próximo que 1,5 m da
superfície de trabalho3.
Com filme sensível a luz azul, um filtro âmbar é usado. O filtro âmbar transmite luz
com comprimento de onda maior que 550 nm, que esta acima da resposta espectral
do filme sensível a luz azul3.
O uso de filtro âmbar causa velamento em filmes sensíveis à luz verde, Assim, um
filtro vermelho é utilizado, o qual transmite somente luz com comprimento de onda
acima de 600 nm e deve ser usado nessa situação. O filtro vermelho é adequado
para os filmes sensíveis a luz azul e a luz verde3.
Alguns filmes são empacotados em forma intercalada, com papel protetor
quimicamente tratado entre cada folha de filme. Cada caixa contém a data de
validade, que indica a vida útil máxima do filme3.
O filme deve ser usado antes de sua data de validade, que é geralmente de um ano
ou dois após a compra. O envelhecimento conduz a perda de velocidade e de
contraste, e aumento no velamento3.
É sempre recomendado armazenar as caixas de filme inclinadas e não deitadas,
como mostrado na Figura 101. Quando armazenadas em PE e inclinadas, é menos
provável que se deformem e, no caso de empacotamento não intercalado com papel
protetor, é menos provável que haja aderência umas as outras ou artefatos de
pressão causados pelo peso de caixas na parte superior3.
123
11.5 Detectores digitais e computadorizados
12 Tipos de equipamentos
124
Figura 103 Dois modelos de equipamento de raios X móvel ou transportável
125
Figura 105 Equipamento tipo arco em C (geralmente com fluoroscopia)
126
(a)
(b)
Figura 106 Equipamento odontológico intraoral ou periapical (a) móvel e (b) de parede
127
Módulo
Cefalométrico
Módulo
Panorâmico
(a)
Cúpula Detector
com tubo digital
de Raios X
Seleção de
técnica
(b)
128
Tabela 4: Lista comparativa entre os tipos de equipamentos de radiologia
Raios X Raios X Móvel Raios X Odontológico Odontológico
Partes do equipamento Arco em C
Convencional (Transportável) com Fluoroscopia Periapical Panorâmico
Monofásico Trifásico Trifásico
Monofásico Trifásico
Geradores Trifásico Alta frequência Alta frequencia
Alta Alta frequência Monofásico
Alta frequência Potencial Potencial
frequência Potencial constante
Potencial constante constante constante
Anodo
giratório ou fixo
Anodo giratório Catodo com
Tubos de Raios X Catodo com dois dois filamentos
Anodo giratório Anodo giratório Anodo fixo Anodo fixo
filamentos ou único
Foco fino e grosso Foco fino e
grosso ou Foco
único
Colimadores Abertura Fenda
Abertura variável Abertura variável Abertura variável Diafragma
variável Diafragma
Grades antiespalhamento Possui Não possui Possui Não possui Não possui Não possui
Filme radiográfico
Filme
Placa de Imagem Intensificador de Filme Filme
Sistema receptor de imagem Filme radiográfico radiográfico
(radiografia) Imagem radiográfico radiográfico
Placa de Imagem Placa de
Intensificador de Detector digital Detector digital Detector digital
Imagem
Imagem (fluoroscopia)
130
13 Formação de imagens
131
rolos. Este tempo ainda abaixaria mais com a criação em 1987 de uma
processadora com processamento de 45 segundos.
O processamento dos filmes na processadora automática se inicia com a introdução
do filme na bandeja de entrada, como observado na Figura 109. Ele será preso e
transportado através de um sistema de rolos por tanques onde se encontram os
químicos de revelação, fixação, a água para lavagem e um sistema de ventilação
que o secará antes de devolvê-lo para o exterior da processadora. Todo esse
processo tem tempo de emersão nos tanques e velocidade de transporte controlado.
Assim como a temperatura e concentração dos químicos nos tanques de imersão. A
temperatura do revelador é a mais crítica, sendo do mantida geralmente em 35ºC
(95ºF) e bombas circulam o liquido em cada tanque para assegurar mistura
adequada4.
132
Transporte manual
Suporte para prender
o filme e auxiliar seu
transporte manual
pelos quatro tanques
Filme
Radiográfico
1 2 3 4
1) Químico de revelação Abundância de elétrons que se juntam aos íons de prata formando
prata metálica nos cristais expostos à radiação
Afetado por:
- Tempo de revelação;
- Temperatura e concentração do químico de revelação.
5
Figura 108 Processamento manual do filme radiográfico .
133
À medida que filmes passam pelo processamento, as reações que ocorrem entre os
químicos em cada tanque e a emulsão do filme age para diminuir a concentração de
alguns químicos. A processadora automática repõe revelador e fixador
impulsionando de tanques de armazenagem desses químicos Quando o filme é
colocado na bandeja de inicio, é acionado um sistema que ativa a reposição de
químicos4. Fabricantes de filmes radiográficos e de substancias químicas de
revelação tem muito cuidadosamente estabelecido as condições ótimas de tempo,
temperatura e concentração para a revelação apropriada. Podem ser esperadas
ótimas condições de contraste, velocidade e velamento se as recomendações do
fabricante para a revelação forem seguidas. O não cumprimento das
recomendações do fabricante pode resultar em perdas na qualidade da imagem5.
A introdução do processamento automático possibilitou alguns melhoramentos na
qualidade da imagem fornecida e na dinâmica do serviço de radiologia em questão.
A qualidade da imagem produzida melhorou devido a eliminação da variação no
modo de processamento ocasionado pelo manuseio manual do filme por diferentes
técnicos e consequentemente o numero de radiografias refeitas diminuiu, reduzindo
assim à exposição do paciente à radiação. Além da redução de tempo exposto a
radiação, o paciente reduziu também o tempo de espera pela sua radiografia
analisada pelo médico6.
134
O banho de parada não é usado, pois o
Sistema de rolos que transporta fixador agora também exerce tal função
o filme radiográfico durante o e os rolos ao pressionarem o filme
processamento ajudam na sua limpeza
Filme radiográfico
Bandeja
Saída do filme
em um Quando o filme é inserido na
compartimento bandeja, o sistema de
exterior à câmara reabastecimento de químicos
escura e água é ativado, mantendo a
quantidade de químicos
apropriada para o
processamento e renovando
Secagem Lavagem Fixação Revelação continuamente a água utilizada
na lavagem.
136
controla isso nos hospitais são o RIS (radiology information systems), usado para
ordenar e agendar procedimentos mantendo um histórico do paciente, e o HIS
(hospital information systems), que além de armazenar informações médicasmantém
dados de todo o gerenciamento hospitalar4,7.
Para o PACS se comunicar entre seus vários computadores e com os sistemas RIS
e HIS, ele tem que “falar” a mesma “língua” que eles. Por isto, protocolos padrão de
comunicação são usados, e tem o nome de DICOM, faz a comunicação entre os
equipamentos digitais e o PACS, e o HL-7, faz a comunicação entre o PACS e o
RIS/HIS, como observado na Figura 1107.
Modalidade de
aquisição de
PACS RIS/HIS
imagem
DICOM HL-7
(CR, DR...)
Figura 110 Comunicação entre equipamentos digitais e o PACS através da linguagem DICOM e
do PACS com HIS/RIS através da linguagem HL-7.
137
segurança, uma barreira que impeça alguém não autorizado de ter acesso a esses
dados, isto é chamado de firewall.
139
WW (window width)
A cada tom de cinza é
Intervalo de tons de cinza da imagem
atribuído um número. No
caso deste exemplo,
quanto maior o número,
mais claro o tom
-1500 0 +1500
WL (window level)
Tom de cinza central da imagem
A imagem terá mais números acima do A imagem terá mais números abaixo do
centro, ou seja, números de valores centro, ou seja, números menores,
maiores, deixando-a mais clara deixando-a mais escura
Apesar de a imagem gerada ser digital e o grande objetivo do sistema PACS é poder
armazená-la em meio eletrônico, há alguns serviços médicos que tem como
protocolo imprimir estas imagens digitais. Atualmente, impressoras a laser são
utilizadas para impressão das imagens em filmes.
140
O funcionamento destas impressoras consiste de um feixe laser focado por lentes
que o direcionam ao filme. A luz desse laser é geralmente vermelha e sua
intensidade ao longo das regiões do filme é modulada de acordo com o valor do
número atribuído a imagem digital naquela região4. Deste modo, a imagem
produzida tem seus tons de cinza de acordo com o reproduzido na estação de
trabalho pela imagem digital, como observado na Figura 112.
141
Referências:
1
OKUNO, E., YOSHIMURA, E., Física das Radiações, São Paulo, Oficina dos
Textos, 2010
2
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núcleos e partículas. Rio de Janeiro: Campus,1994
3
BUSHONG, S. C., Ciência Radiológica para tecnólogos – Física, Biologia e
Proteção, tradução 9a ed, Rio de Janeiro, Mosby Elsevier, 2010
4
BUSHBERG, J. T. et al. The essencial physics of medical imaging. 2. ed.
Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2002
5
CARROL, Q. B. Fuchs's Radiographic Exposure Processing and Quality
Control. 6. ed. Springfield: Charles C Thomas, 1998. 558 p.
8
III CURRY, T. S.; DOWDEY, J. E.; MURRY, R. C. Cristensen's Introduction to
the Physics of Diagnostic Radiology. 3. ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 1984.
515 p.
9
HAUS, A.G.; JASKULSKI, S.M. The Basics of Filme Processing in Medical
Imaging. Madison: Medical Physics Publising, 1997.
10
SEERAM, E. Digital Radiography: An Introduction. Estados Unidos: Delmar
Cengage Learning, 2011.
142