Jesus e O Fim Do Tempo. Thomas Ice
Jesus e O Fim Do Tempo. Thomas Ice
Jesus e O Fim Do Tempo. Thomas Ice
Uma Interpretação de
Mateus 24 e 25
O Mal-Entendido dos
Discípulos
O Literalismo Preterista
Conclusão
Quando se faz uma análise de todo o discurso do Monte das Oliveiras nos
registros de Mateus 24 e de Marcos 13, constata-se que não há nenhuma
referência de derramamento da ira de Deus ou de juízo contra Israel. Ao invés
disso, Israel é liberto do ataque de seus inimigos invasores, conforme é
mencionado em Mateus 24.31: “E ele enviará os seus anjos, com grande
clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos,
de uma a outra extremidade dos céus” (veja, também, Marcos 13.27).
Levanta-se, então, a seguinte pergunta: “Em que momento o povo de Israel
foi liberto no ano 70 d.C.?”. A resposta é: Em nenhum momento foram eles
salvos da destruição! Todos os acontecimentos descritos em Mateus 24 e em
Marcos 13 (bem como em Lucas 21.25-28) se cumprirão na tribulação que há
de vir no futuro.
Portanto, a primeira pergunta que os discípulos fizeram a Cristo no
discurso do Monte das Oliveiras dizia respeito à destruição de Jerusalém no
ano 70 d.C. O relato do cumprimento dessa predição foi registrado somente
em Lucas 21. Os textos de Mateus 24–25 e Marcos 13 tratam apenas da
última pergunta que os discípulos fizeram a Jesus, cuja resposta profetiza
acontecimentos que, em relação aos dias atuais, ainda são futuros. Maranata!
NOTAS
1
Kenneth L. Gentry, Jr., Before Jerusalem Fell:Dating the Book of Revelation, Tyler, Texas: Institute
for Christian Economics, 1989, p. 176.
2
Gary DeMar, Last Days Madness: Obsession of the Modern Church, Powder Springs, GA: American
Vision, 1999, p. 72.
3
Kenneth L. Gentry, Jr., He Shall Have Dominion: A Postmillennial Eschatology, Tyler, Texas:
Institute for Christian Economics, 1992, p. 206.
4
J. C. Ryle, Expository Thoughts on the Gospels: Luke, 2 vols., Cambridge: James Clarke & Co.,
1858, vol. II, p. 374.
5
William Kelly, An Exposition of the Gospel of Luke, Oak Park, IL: Bible Truth Publishers, 1971, p.
332-33.
Parte 4
O Ponto de Vista do
Período Interadventos
Dores de parto
O texto de Mateus 24.8 denomina os acontecimentos descritos nos
versículos 4-7 de “...o princípio das dores”. A palavra grega ôdinon significa
“dores de parto, trabalho ou contrações de parto”. Dizem tratar-se de uma
“angústia insuportável referente às catástrofes horrendas que, conforme
supunham os judeus, ocorreriam antes da chegada do Messias”.8 Outra
autoridade no assunto concorda com essa definição e faz menção “das
‘aflições Messiânicas’, os horrores e flagelos que antecedem a chegada da
Era Messiânica”.9
É muito provável que nosso Senhor tivesse em mente a referência do
Antigo Testamento às dores de parto feita em Jeremias 30.6-7, que diz:
“Perguntai, pois, e vede se, acaso, um homem tem dores de parto. Por que
vejo, pois, a cada homem com as mãos na cintura, como a que está dando à
luz? E por que se tornaram pálidos todos os rostos? Ah! Que grande é
aquele dia, e não há outro semelhante! É tempo de angústia para Jacó; ele,
porém, será livre dela”. O Dr. Randall Price explica as dores de parto do
Messias da seguinte maneira:
As dores de parto são importantes na cronologia da Tribulação, como Jesus revela
no discurso do Monte das Oliveiras (Mt 24.8). A declaração de Jesus sobre as
“dores” indica especificamente que os acontecimentos da primeira metade da
Tribulação (v. 4-7) são apenas o “princípio”, gerando uma expectativa de dores de
parto mais intensas na segunda metade (i.e., a Grande Tribulação). Com base nessa
analogia, todo o período da septuagésima semana se compara a dores de parto.
Assim como uma mulher precisa suportar todo o período de trabalho de parto antes
de dar à luz, assim também Israel precisa suportar todo o período de sete anos da
Tribulação. As divisões de tempo da Tribulação também são ilustradas pela figura
utilizada, pois, da mesma forma que o processo natural se intensifica até que cessem
as dores e aconteça o parto, nesse texto, também a Tribulação aumenta
gradativamente rumo à Segunda Vinda (v. 30-31), que se dará “logo em seguida” ao
fim da Tribulação (v. 29). Assim como há duas fases nas dores de parto (o início do
trabalho de parto e o exato momento de dar à luz), assim também os sete anos da
Tribulação se dividem em duas fases, uma de sofrimentos menos severos e outra de
sofrimentos mais severos, resultantes das manifestações terrestres e cósmicas da ira,
tal como foi progressivamente revelado no discurso do Monte das Oliveiras e na
seção de juízos registrada em Apocalipse 6–19.10
Paulo também usa o tema das dores de parto em 1 Tessalonicenses 5.3,
onde declara: “Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes
sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para
dar à luz; e de nenhum modo escaparão”. O contexto dessa passagem se
refere ao período da Tribulação, o que se encaixa com as outras ocorrências
bíblicas do termo dores de parto.
Raphael Patai, em seu utilíssimo livro The Messiah Texts (Os Textos do
Messias), apresenta inúmeras referências a comentários extrabíblicos
provenientes de escritos judaicos, num capítulo intitulado “As Dores dos
Tempos”.11 Patai nos diz: “Pelo que se imagina, as dores de parto dos tempos
Messiânicos têm causas e manifestações tanto terrestres quanto celestiais [...]
As situações chegarão a um ponto tão crítico que as pessoas perderão a
esperança de livramento. Isso durará sete anos. Então, inesperadamente, o
Messias virá”.12 Essa concepção judaica muito difundida se ajusta
perfeitamente à estrutura apresentada por Jesus no discurso do Monte das
Oliveiras. As dores de parto do Messias, também conhecidas como “as
pegadas do Messias”,13 dão apoio à concepção de que o texto de Mateus
24.4-14 se refere ao período da Tribulação que antecede o Segundo Advento
do Messias, já que é identificado como um tempo de Grande Tribulação que
culmina na chegada do Messias à Terra.
Conclusão
Sempre que sou convidado para dar uma entrevista no rádio as pessoas me
perguntam se incidentes como terremotos, fomes, guerras, entre outros, dão a
entender que o fim está próximo. Eu, naturalmente, sempre digo que não.
Minha resposta normalmente surpreende os entrevistadores, pelo fato de que
eles já estão acostumados a ouvir de outros expositores da profecia bíblica
que esses incidentes têm importância profética para os dias atuais. Como
você pode constatar, se tais incidentes não dizem respeito à era da Igreja, eles
só podem se referir à Tribulação vindoura. Embora seja provável que
estejamos no limiar dos acontecimentos que se cumprirão na Tribulação,
ainda não estamos vivendo nesse período de tempo. Se o texto profético de
Mateus 24.4-14 só chegará ao seu cumprimento depois do Arrebatamento da
Igreja e a partir do começo da Tribulação, é um equívoco afirmar que tais
incidentes são profeticamente relevantes para os nossos dias. As dores de
parto só iniciarão quando Israel enfrentar seu tempo de angústia. Maranata!
NOTAS
1
John F. Walvoord, Mathew: Thy Kingdom Come, Chicago: Moody Press, 1974, p. 183.
2
Walvoord, Mathew, p. 183.
3
Arnold Fruchtenbaum, The Footsteps of the Messiah: A Study of the Sequence of Prophetic Events,
San Antonio: Ariel Press, 1982, p. 439-40. Para conhecer a exposição mais completa que, até hoje,
encontrei desse ponto de vista, veja, a obra de David L. Cooper, Future Events Revealed: According
to Matthew 24 and 25, Los Angeles: David L. Cooper, 1935.
4
Arno C. Gaebelein, The Gospel of Matthew: An Exposition, Neptune, NJ: Loizeaux Brothers (1910),
1961, p. 476.
5
Gaebelein, The Gospel of Matthew, p. 481.
6
John McLean, “Chronology and Sequential Structure of John’s Revelation”, publicado na obra de
Thomas Ice e Timothy Demy, When the Trumpet Sounds: Today’s Foremost Authorities Speak Out o
End-Time Controversies, Eugene, OR: Harvest House, 1995, p. 323.
7
McLean, “Chronology and Sequential Structure of John’s Revelation”, p. 326.
8
Joseph Henry Thayer, A Greek-English Lexicon of the New Testament, Nova York: American Book
Company, 1889, p. 679.
9
William F. Arndt e F. W. Gingrich, A Greek-English Lexicon of the New Testament, Chicago:
University of Chicago Press, 1957, p. 904.
10
J. Randall Price, “Old Testament Tribulation Terms”, publicado na obra de Thomas Ice e Timothy
Demy, When the Trumpet Sounds: Today’s Foremost Authorities Speak Out o End-Time
Controversies, Eugene, OR: Harvest House, 1995, p. 72.
11
Raphael Patai, The Messiah Texts: Jewish Legends of Three Thousand Years, Detroit: Wayne State
University Press, 1979, p. 95-103.
12
Patai, The Messiah Texts, p. 95-6.
13
Price, “Old Testament Tribulation Terms”, p. 450, nota de rodapé 56.
Parte 5
NOTAS
1
William Kelly, Lectures on The Gospel of Matthew, Sunbury, PA: Believers Bookshelf, 1971 (1868),
p. 479.
2
Kelly, Lectures on The Gospel of Matthew, p. 479.
3
Ed Glasscock, Matthew: Moody Gospel Commentary, Chicago: Moody Press, 1997, p. 464.
4
Stanley D. Toussaint, Behold The King: A Study of Matthew, Portland: Multnomah Press, 1980, p.
270.
5
Alan Hugh M’Neile, The Gospel According to St. Matthew, Londres: MacMillan, 1915, p. 345.
6
O historiador romano “Dio Cassius relata que os Romanos demoliram 50 fortalezas, destruíram 985
aldeias e mataram 580 mil pessoas, fora as que morreram de fome, por doenças e queimadas pelo
fogo”. Encyclopaedia Judaica, 17 vols., Jerusalém: Keter Publishing House (sem data), vol. 4, p.
233.
7
Robert H. Gundry, Matthew: A Commentary on His Handbook for a Mixed Church under
Persecution, 2ª edição, Grand Rapids: Eerdmans, 1994, p. 477.
8
James R. Gray, Prophecy on The Mount: A Dispensational Study of the Olivet Discourse, Chandler,
AZ: Berean Advocate Ministries, 1991, p. 29.
9
Thomas O. Figart, The King of The Kingdom of Heaven: A Verse by Verse Commentary on the
Gospel of Matthew, Lancaster, PA: Eden Press, 1999, p. 438.
10
Arno C. Gaebelein, The Gospel of Matthew: An Exposition, Neptune, NJ: Loizeaux Brothers (1910),
1961, p. 481-82.
11
Essas três razões foram coletadas na obra de Arnold Fruchtenbaum, “The Nationality of the Anti-
Christ”, Englewood, NJ: American Board of Missions To The Jews (sem data).
12
Fruchtenbaum, “The Nationality of the Anti-Christ”, p. 8.
13
Fruchtenbaum, “The Nationality of the Anti-Christ”, p. 11-22.
14
Fruchtenbaum, “The Nationality of the Anti-Christ”, p. 24,26.
15
Gray, Prophecy on The Mount, p. 29.
Parte 6
Falsos Messias
NOTAS
1
Gary DeMar, Last Days Madness: Obsession of the Modern Church, Power Springs, GA: American
Vision, 1999, p. 73.
2 Kenneth L. Gentry, Jr., Perilous Times: A Study in Eschatological Evil, Texarkana, AR: Covenant
Media Press, 1999, p. 46.
3 Gentry, Perilous Times, p. 46-7.
4 DeMar, Last Days Madness, p. 74.
5 Heinrich August Wilhelm Meyer, Critical and Exegetical Handbook to The Gospel of Matthew, 2
vols., Edimburgo, T. & T. Clark, 1879, vol. 2, p. 128.
6
W. D. Davies e Dale C. Allison, Jr., A Critical and Exegetical Commentary on The Gospel
According to Saint Matthew, 3 vols., Edimburgo: T. & T. Clark, 1997, vol. 3, p. 338-39.
7
Leon Morris, The Gospel According to Matthew, Grand Rapids: Eerdmans, 1992, p. 597.
8
Donald A. Hagner, Word Biblical Commentary: Matthew 14–28, vol. 33B, Dallas: Word Books,
1995, p. 690.
9
Randolph O. Yeager, The Renaissance New Testament, 18 vols., Bowling Green, KY: Renaissance
Press, 1978, vol. 3, p. 277.
10 Richard C. Trench, Synonyms of the New Testament, Grand Rapids: Eerdmans, (1880), 1953, p.
322.
11
Meyer, Handbook to The Gospel of Matthew, vol. 2, p. 129.
12
William Kelly, Lectures on the Gospel of Matthew, Sunbury, PA: Believers Bookshelf, (1868),
1971, p. 482.
13
Kelly, Lectures on the Gospel of Matthew, p. 483.
14
Alan Hugh M’Neile, The Gospel According to St. Matthew, Londres: MacMillan, 1915, p. 346.
15
A. T. Robertson. Word Pictures in the New Testament, VI vols., Nashville: Broadman Press, 1930,
vol. I, p. 189.
16
Meyer, Handbook to The Gospel of Matthew, vol. 2, p. 129.
17
Davies e Allison, The Gospel According to Saint Matthew, vol. 3, p. 349, nota de rodapé 81.
18
Morris, The Gospel According to Matthew, p. 598.
19
James R. Gray, Prophecy on The Mount: A Dispensational Study of the Olivet Discourse, Chandler,
AZ: Berean Advocate Ministries, 1991, p. 29-30.
Parte 7
Cumprimento futuro
Com base nos versículos 6 e 7, pode-se dizer que essa passagem descreve
os acontecimentos futuros que se darão durante a primeira parte da
Tribulação. Pelo fato de estar correlacionado com o juízo do segundo selo
predito em Apocalipse 6.3-4, o texto de 24.6-7 se projeta como parte do
futuro período da Tribulação. Apocalipse 6.4 declara: “E saiu outro cavalo,
vermelho; e ao seu cavaleiro, foi-lhe dado tirar a paz da terra para que os
homens se matassem uns aos outros; também lhe foi dada uma grande
espada”. Portanto, no começo da Tribulação o Anticristo estará envolvido
numa guerra contra nações e reinos (veja, também, Dn 7.8,23-24; 11.36-45).
Robert Cooper, o velho diplomata inglês que auxiliou o primeiro ministro
da Inglaterra, Tony Blair, a conceber seu ponto de vista das relações
internacionais, escreveu um artigo interessante que apresenta uma visão do
motivo pelo qual Blair foi um dos mais ferrenhos defensores do presidente
americano George W. Bush na invasão antecipada do Iraque.16 Em sua visão
da história, Cooper sustenta que, nos últimos séculos, o mundo presenciou a
ascensão do nacionalismo, causador da instabilidade internacional. Ele
acredita que atualmente estejamos no processo de transição para um tempo de
internacionalismo pós-moderno, marcado por coalizões globais tais como a
União Europeia, na qualidade de estágio transitório. Cooper crê que o uso do
poderio militar é justificável quando há países traidores que se neguem a
entrar em cooperação com esse sistema pós-moderno, como no caso do
Iraque. Cooper esclarece:
Qual é a origem dessa mudança básica no sistema governamental? Nesse caso, a
questão essencial é “o desenvolvimento da credibilidade mundial”. Um grande
número dos países mais poderosos não quer mais entrar em guerra, nem conquistar.
É isso que origina tanto o surgimento do mundo pré-moderno quanto do mundo
pós-moderno. O imperialismo, em seu sentido tradicional, está morto, pelo menos
entre as potências ocidentais. 17
Ele prossegue ao dizer que “a União Europeia é o exemplo mais
desenvolvido de sistema pós-moderno”.18
Já que estamos na transição de um mundo pré-moderno para um mundo
pós-moderno, “o desafio do mundo pós-moderno é o de se acostumar com a
ideia do uso de dois modelos”.19 O que ele quer dizer com isso? Se há nações,
como o Iraque, que não querem entrar voluntariamente nessa maravilhosa
comunidade internacional, a solução é lidar com elas à moda antiga – a saber,
pela ação militar. Desse modo, ao contrário do antigo liberalismo com sua
tendência pacifista, o novo liberalismo é seletivamente combativo. Cooper
justifica “um novo tipo de imperialismo” que se constrói alicerçado na
unidade econômica, enquanto lida de modo militar com dissidentes. Essa é a
razão pela qual Cooper conclui seu ensaio com um apelo para a formação de
um “império cooperativo, semelhante a Roma”.20
À medida que observamos o mundo atual em preparação para os
acontecimentos que ocorrerão após o Arrebatamento, não me surpreende o
fato de um intelectual europeu apelar para uma revitalização do Império
Romano, mas revitalizado com um toque excêntrico pós-moderno. Como é
impressionante constatar que a Bíblia prevê uma conjuntura semelhante a
essa durante a Tribulação sob o governo do Anticristo. Ao interpretarmos
coerentemente as passagens bíblicas, podemos verificar que as Escrituras
confirmam a necessidade de um período futuro, tal como é descrito em
Mateus 24.6-7. Não devemos ficar surpresos com o fato de que o mesmo
Deus que escreveu esse texto bíblico é o Deus que conduz tudo o que se
passa no presente para levá-lo ao pleno cumprimento, provavelmente no
futuro próximo. Maranata!
NOTAS
1
Para ter acesso a um estoque interminável de exemplos, veja, Francis X. Gumerlock, The Day and
the Hour: Christianity’s Perennial Fascination with Predicting the End of the World, Powder
Springs, GA: American Vision, 2000.
2
Veja meus pontos de vista em Thomas Ice e Timothy Demy, A Verdade Sobre os Sinais dos Tempos,
Porto Alegre, RS: Actual Edições, 1999, p. 9-77; ou em Thomas Ice e Timothy Demy, Prophecy
Watch: What to Expect in the Days to Come, Eugene, OR: Harvest House, 1998, p. 9-76.
3
H. E. Dana e Julius R. Mantey, A Manual Grammar of the Greek New Testament, Toronto: The
MacMillan Company, (1927) 1955, p. 242.
4
Dana e Mantey, A Manual Grammar, p. 243.
5
Alan Hugh M’Neile, The Gospel According to St. Matthew, Londres: MacMillan, 1915, p. 345.
6
William F. Arndt e F. W. Gingrich, A Greek-English Lexicon of the New Testament, Chicago:
University of Chicago Press, 1957, p. 217.
7
Arndt e Gingrich, A Greek-English Lexicon, p. 134.
8
James Morison, A Practical Commentary on the Gospel According to St. Mark, Boston: N. J. Bartlett
& Co. 1882, p. 355.
9
Morison, Gospel According to St. Mark, p. 355.
10
M’Neile, The Gospel According to St. Matthew, p. 346.
11
Gary DeMar, Last Days Madneess: Obsession of the Modern Church, Power Springs, GA:
American Vision, 1999, p. 79. Para ler um ponto de vista semelhante, veja, também, a obra de
Kenneth L. Gentry, Jr., Perilous Times: A Study in Eschatological Evil, Texarkana, AR: Covenant
Media Press, 1999, p. 47-9.
12
Craig A. Evans, Word Biblical Commentary: Mark 8:27–16:20, vol. 34B, Dallas: Word Books,
2001, p. 307.
13
Heinrich August Wilhelm Meyer, Critical and Exegetical Handbook to The Gospel of Matthew, 2
vols., Edimburgo: T. & T. Clark, 1879, vol. 2, p. 130.
14 M. F.
Sadler, The Gospel According to St. Mark: with Notes Critical and Practical, Londres: George
Bell and Sons, (1884), 1911, p. 298.
15
M. F. Sadler, The Gospel According to St. Luke: with Notes Critical and Practical, Londres: George
Bell and Sons, (1886), 1911, p. 527-28.
16
Robert Cooper, “The New Liberal Imperialism”, publicado em Observer Worldview Extra,
Londres: 7 de abril de 2002, através deste endereço na Internet:
www.observer.co.uk/international/story/0,6903,680094,00.html.
17
Cooper, “The New Liberal Imperialism”.
18
Cooper, “The New Liberal Imperialism”.
19
Cooper, “The New Liberal Imperialism”.
20
Cooper, “The New Liberal Imperialism”.
Parte 8
Fomes e Terremotos
Direcionada Para os
Judeus
Conclusão
Essa passagem bíblica projeta um tempo futuro de grande perseguição e
ódio. Robert Gundry diz: “Ao longo de todo esse texto, percebe-se uma
progressão lógica: a perseguição dos de fora faz com que muitos dentro da
Igreja tentem evitar a perseguição, entregando seus condiscípulos nas mãos
dos perseguidores; e, diante da negligência em condenar essa deplorável falta
de amor fraternal, os falsos profetas ficam à vontade para acentuar, ainda
mais, o problema da traição na irmandade”.14 Os acontecimentos descritos
por nosso Senhor Jesus ocorrerão durante o futuro período da Tribulação. Tal
época exigirá uma enorme perseverança da parte do remanescente judeu.
Maranata!
NOTAS
1
William F. ARNDT e F. W. GINGRICH, A Greek-English Lexicon of the New Testament, Chicago:
University of Chicago Press, 1957, p. 760.
2
Thomas FIGART, The King of The Kingdom of Heaven: A Commentary of Matthew, sem menção de
editora, 1999, p. 438-39.
3
Craig S. KEENER, A Commentary on The Gospel of Mattew, Grand Rapids: Eerdmans, 1999, p. 571.
4
Donald A. HAGNER, Word Biblical Commentary: Matthew 14–28, vol. 33B, Dallas: Word Books,
1995, p. 694-95.
5
Veja, por exemplo, Gary DEMAR, Last Days Madness: Obsession of the Modern Church, Power
Springs, GA: American Vision, 1999, p. 82-85. Kenneth L. GENTRY, Jr., Perilous Times: A Study in
Eschatological Evil, Texarkana, AR: Covenant Media Press, 1999, p. 52-53. R. C. SPROUL, The Last
Days According To Jesus, Grand Rapids: Baker, 1998, p. 35.
6
TACITUS, Annals, 15:44.
7
GENTRY, Perilous Times, p. 52.
8
TACITUS, Annals 15:44.
9
Isso não pode ter se cumprido quando Judas traiu Jesus, porque ele era apenas um indivíduo e o texto
diz “muitos”. Além do mais, a deslealdade de Judas ocorreu, pelo menos, 40 anos antes que
Jerusalém fosse destruída no ano 70 d.C.
10
Veja, GENTRY, Perilous Times, p. 53-54 e DEMAR, Last Days Madness, p. 84-85.
11
Bruce A. WARE, “Is the Church in View in Matthew 24–25?” Bibliotheca Sacra, abril-junho de
1981; vol. 138, nº 550, p. 169.
12
Arno C. Gaebelein, The Gospel of Matthew: An exposition, Neptune, NJ: Loizeaux Brothers,
(1910), 1961, p. 484.
13
WARE, “Is the Church in View?” p. 169.
14
Robert H. GUNDRY, Matthew: A Commentary on His Handbook for a Mixed Church under
Persecution, segunda edição, Grand Rapids: Eerdmans, 1994, p. 479.
Parte 11
A Multiplicação da
Iniquidade
O Evangelho do Reino
A Abominação da
Desolação
Josefo informa que Tito não queria que o templo fosse queimado. Contudo,
os soldados romanos estavam tão irritados com os revoltosos judeus que,
mesmo assim, desobedeceram às ordens de seu comandante e puseram fogo
no templo. Tito só conseguir entrar na estrutura do templo e dar uma volta
rápida no lugar santo antes que incendiasse totalmente.9 Isso não é
compatível com o cenário que a Bíblia retrata de uma imagem erigida sobre o
altar do Templo na metade da septuagésima semana de Daniel, provocando a
cessação dos sacrifícios regulares e criando, em lugar disso, um sistema
antagônico de adoração por três anos e meio. O Dr. Stanley Toussaint declara
o seguinte:
Em virtude do fato de Cristo ter relacionado especificamente a profecia da
abominação desoladora com aquilo que Daniel predisse, parece mais razoável
verificar a correspondência entre a abominação desoladora cometida por Antíoco
Epifânio, e aquela abominação desoladora que Cristo predisse. Se esse fosse o caso,
isso acarretaria não apenas a profanação do altar por sacrifícios oferecidos com
impureza de coração, mas também uma adoração de outro deus pela real utilização
do templo como meio de se praticar algo tão vil. Aqueles intérpretes preteristas que
concordam com essa perspectiva alegam que se trata do culto aos símbolos romanos
na área do templo. Entretanto, quando se parte de uma interpretação desse tipo, fica
difícil, para não dizer impossível, explicar o texto de Mateus 24.16-20. A essa
altura, seria tarde demais para que os seguidores do Senhor Jesus escapassem; nesse
meio tempo os romanos já teriam tomado a cidade.
Se o abominável da desolação, mencionado em Daniel 9.27 e 12.11, é prefigurado
por Antíoco Epifânio (11.31), é melhor dizer que se trata de uma profanação
executada por uma pessoa que usa o Templo de forma abominável para promover a
adoração de outro deus em vez de Javé. Isso é o que foi predito em 2
Tessalonicenses 2.10
Outra importante disparidade entre o preterismo de Gentry e o texto de
Mateus 24 é que, segundo Mateus, “nem a cidade, nem o templo são
destruídos, de modo que as duas situações estão em gritante contraste”.11 A
referência de Lucas 21.20-24 relata os dias de vingança que sobreviriam a
Jerusalém. Verifiquemos alguns outros detalhes vinculados ao fato de que o
cumprimento futuro de Mateus 24 é aquele em que Cristo livrará os judeus,
em vez de destruí-los, como ocorreu no ano 70 d.C.
Em primeiro lugar, à medida que Lucas se desloca da destruição de
Jerusalém no ano 70 d.C., registrada em Lucas 21.20-24, para a Segunda
Vinda de Cristo registrada em Lucas 21.25-28, ele relata no versículo 28 o
que Jesus lhes disse: “... exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa
redenção se aproxima”. Trata-se de uma linguagem de livramento da ameaça
imposta pelas nações, não de destruição. Essa linguagem de livramento se
reflete em Zacarias 12-14.12 Esses três capítulos contêm três fatores
importantes: 1) Jerusalém será cercada pelas nações que procurarão destruí-la
(12.2-9; 14.2-7); 2) O Senhor lutará em defesa de Israel e de Jerusalém para
derrotar as nações que impuseram o cerco contra a cidade (14.1-8); 3) Nessa
mesma ocasião, o Senhor também salvará Israel de seus pecados e, assim, a
nação se converterá a Jesus, o Messias (12.9-14).
NOTAS
1
John F. Walvoord, “Christ’s Olivet Discourse on the Time to the End: Signs of the End of the Age”.
Bibliotheca Sacra, vol. 128, nº 512, outubro-dezembro, 1971, p. 318-19.
2 J. Randall Price, “Historical Problems with a First-Century Fulfillment of the Olivet Discourse”,
publicado na obra de Tim LaHaye e Thomas Ice, orgs., The End Times Controversy: The Second
Coming Under Attack, Eugene, OR: Harvest House, 2003, p. 387.
3
Walvoord, “Olivet Discourse”, p. 319.
4
Walvoord, “Olivet Discourse” p. 319.
5
Kenneth L. Gentry, Jr., Perilous Times: A Study in Eschatological Evil, Texarkana, AR: Covenant
Media Press, 1999, p. 22-6.
6
Gentry, publicado na obra de Thomas Ice e Kenneth L. Gentry,Jr., The Great Tribulation: Past or
Future?, Grand Rapids: Kregel, 1999, p. 47-8.
7
Gentry, publicado na obra de Ice e Gentry, Great Tribulation, p. 47.
8 D. A. Carson, “Matthew”, The Expositor’s Bible Commentary, vol. 8, Grand Rapids: Zondervan
Publishing House, 1984, p. 500.
9
Veja a obra de David Chilton, Paradise Restored: An Eschatology of Dominion, Tyler, TX:
Reconstruction Press, 1985, p. 274-6.
10
Stanley D. Toussaint, “A Critique Of The Preterist View Of The Olivet Discourse”, um ensaio, que
não foi publicado, apresentado ao Pre-Trib Study Group, Dallas, Texas, 1996.
11
Walvoord, “Olivet Discourse”, p. 317.
12
Para saber mais a respeito de Zacarias 12–14 e sobre o fato de que esse texto se cumprirá no futuro,
veja, Arnold G. Fruchtenbaum, “The Little Apocalypse”, publicado em LaHaye e Ice, orgs., The End
Times Controversy, p. 251-81.
Parte 14
Conclusão
Fica claro que o remanescente judeu fugirá para o deserto da Judeia, onde
os textos do Antigo Testamento (juntamente com Apocalipse 12)
demonstram que ele será miraculosamente protegido durante a segunda
metade da Tribulação. O Antigo Testamento menciona a localidade na qual o
remanescente judeu estará sob proteção: “Porque por mim mesmo jurei, diz o
Senhor, que Bozra será objeto de espanto, de opróbrio, de assolação e de
desprezo; e todas as suas cidades se tornarão em assolações perpétuas. Ouvi
novas da parte do Senhor, e um mensageiro foi enviado às nações, para lhes
dizer: Ajuntai-vos, e vinde contra ela, e levantai-vos para a guerra”
(Jeremias 49.13-14). Bozra é uma região situada a sudoeste do rio Jordão,
onde se localiza a antiga cidade fortificada de Petra. O texto de Isaías 63.1-3
pergunta: “Quem é este que vem de Edom, de Bozra, com vestes de vivas
cores, que é glorioso em sua vestidura, que marcha na plenitude da sua
força? Sou eu que falo em justiça, poderoso para salvar. Por que está
vermelho o traje, e as tuas vestes, como as daquele que pisa uvas no lagar?
O lagar, eu o pisei sozinho, e dos povos nenhum homem se achava comigo;
pisei as uvas na minha ira; no meu furor, as esmaguei, e o seu sangue me
salpicou as vestes e me manchou o traje todo”. Bozra (i.e., Petra) é o lugar
onde, a partir da metade do período da Tribulação, cerca de dois milhões de
judeus se refugiarão quando fugirem da Judeia. O Senhor os alimentará,
durante aqueles três anos e meio, e defenderá esse remanescente judeu que,
na ocasião da Segunda Vinda, há de se converter em massa a Jesus, como seu
Messias prometido. Cristo terá suas vestes manchadas de sangue por sair em
defesa dos judeus contra o exército do Anticristo, cujas tropas se ajuntarão
num lugar chamado Armagedom para atacar os judeus. Tal poderio bélico
posto em ordem de combate contra o povo do Senhor exigirá Sua intervenção
pessoal. É o que Ele vai fazer, começando por Petra. Maranata!
NOTAS
1
Gary DeMar, Last Days Madness: Obsession oh the Modern Church, Powder Springs, GA:
American Vision, 1999, p. 111.
2 Kenneth L. Gentry, Jr., Perilous Times: A Study in Eschatological Evil, Texarkana, AR: Covenant
Media Press, 1999, p. 61.
3 J. Randall Price, “Historical Problems with a First-Century Fulfillment of the Olivet Discourse”,
publicado na obra de Tim LaHaye e Thomas Ice, orgs, The End Times Controversy: The Second
Coming Under Attack, Eugene, OR: Harvest House, 2003, p. 394.
Parte 15
A Tribulação
Conclusão
O texto de Mateus 24 se assemelha a essas passagens do Antigo
Testamento pelo fato de que Cristo prediz que a nação passará pelo tempo da
Grande Tribulação (v.21), mas quando esses acontecimentos se cumprirem,
Jesus voltará para resgatar o remanescente eleito (v. 29-31). O discurso
profético de Jesus, registrado em Mateus, segue o padrão que já estava bem
estabelecido no Antigo Testamento. Uma vez que o capítulo 24 de Mateus
discorre sobre tribulação, seguida imediatamente de libertação (v. 29), a
predição de Jesus só pode se referir a um tempo ainda futuro para nós, pois,
até agora, o povo judeu não passou por uma situação dessa gravidade em toda
a sua história. Maranata!
NOTAS
1
Ed Glasscock, Matthew: Moody Gospel Commentary, Chicago: Moody Press, 1997, p. 470-71.
2 James R. Gray, Prophecy on The Mount: A Dispensational Study of Olivet Discourse, Chandler, AZ:
Berean Advocate Ministries, 1991, p. 78.
3 J. Dwight Pentecost, Things To Come: A Study in Biblical Eschatology, Grand Rapids: Zondervan,
1958, p. 170.
4 John F. Walvoord, Matthew: The Kingdom Come, Chicago: Moody Press, 1974, p. 188.
5 John MacArthur, Jr., The MacArthur New Testament Commentary: Matthew 24–28, Chicago:
Moody Press, 1989, p. 44.
Parte 16
O Historicismo
A Abreviação Daqueles
Dias
Esse trecho (v. 26-28) do Discurso do Monte das Oliveiras só pode ser
encontrado com exclusividade no relato feito por Mateus. Jesus continuava a
dirigir sua advertência aos escolhidos para que estes não fossem ludibriados.
Ele basicamente diz que se alguém no decorrer da Tribulação se dirigir a
você dizendo que o Messias está disfarçado e se escondeu em algum lugar
não acredite no relato dessa pessoa. Por quê? A razão de tanto ceticismo se
deve ao fato de que a volta do Messias será tão visível e notória que não
haverá a menor dúvida de que Ele chegou. Os falsos cristos e falsos profetas
é que aparecerão de modo clandestino e sigiloso com o intuito de enganar.
Não obstante, se existe algo que essa passagem diz, e diz “em alto e bom
som”, é que essa vinda referida por Jesus acontecerá num advento pessoal,
corpóreo e público.
É interessante salientar que a interpretação preterista dessa passagem no
que se refere ao modo pelo qual Cristo voltará é muito próxima daquela com
a qual os eleitos deveriam tomar cuidado, segundo a própria advertência de
Jesus. Se quiser ver um modelo de obscurecimento e prática sofista, observe
estes dois exemplos. O Dr. Kenneth Gentry faz o seguinte comentário sobre
esse texto:
O Senhor, de forma absolutamente enfática, previne os Seus discípulos de que Ele
não voltaria de um modo pessoal e visível naqueles dias. Por duas vezes Ele declara
que qualquer relato de Sua presença corpórea seria falso: [...] Sem dúvida esses
pronunciamentos desencorajaram a expectativa que eles tinham de qualquer volta
visível naquele dia; Ele afirma expressamente que qualquer ordem para procurá-lO
especificamente em determinada localidade seria um equívoco.
Contudo, ocorreria uma “vinda” de Cristo naquele dia (...) Essa, no entanto, seria
uma vinda espiritual para juízo, em vez de ser uma vinda pessoal.1
Seu colega preterista, Gary DeMar, também adota o ponto de vista de que
essa passagem prediz uma vinda impessoal de Jesus, ao dizer o seguinte:
Jesus voltaria “assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no
ocidente”, ou seja, subitamente e sem aviso prévio (...) O que as pessoas viram foi a
manifestação da vinda do Senhor, ainda que elas de fato não O tenham visto [...]
Será que Deus estava corporalmente presente? Não, Ele não estava. Ele veio? É
claro que sim!...
O texto de Mateus 24.27 revela que Jesus de alguma maneira participou da
destruição de Jerusalém. Essa é exatamente a questão...
Jesus veio “como o relâmpago” para “por fogo em toda a” cidade de Jerusalém.
Caso você se lembre, foi Tito que, como agente representante de Deus, pôs fogo no
templo e arrasou seu prédio...
No ano 70 d.C., Roma foi enviada por Deus para executar uma tarefa semelhante.
“Nosso Senhor previne Seus discípulos de que Sua vinda a esse cenário de juízo
seria distinta e súbita como o relâmpago se mostra numa localização e, ao mesmo
tempo, parece estar em toda parte”.2
As afirmações desses dois intérpretes preteristas são exemplos daquele tipo
de propaganda que os eleitos de Deus devem evitar no decorrer da
Tribulação, conforme Jesus os advertiu. A passagem de Mateus 24.27-31 faz
nítida referência a um segundo advento predito para ocorrer em ocasião ainda
futura. Examinarei, agora, as razões que nos levam a crer que o versículo 27
de fato faz alusão à Segunda Vinda de Cristo.
Um acontecimento futuro
Tanto Gentry quanto DeMar procuram torcer o sentido dessa passagem,
como se ela não confirmasse uma volta pessoal e corpórea de Jesus Cristo.
Essa concepção preterista tem sido adotada apenas por cerca de 1% (se
chegar a isso) dos intérpretes que comentaram essa passagem bíblica ao
longo da história da Igreja. O contexto dessa passagem comprova que Cristo
faz referência à Sua volta pessoal. Em contraste com a volta de Cristo predita
no versículo 27, estão os falsos cristos e falsos profetas preditos nos
versículos 23-24, os quais, sem dúvida, são pessoas que podem ser
fisicamente vistas. A volta de Cristo se justapõe a eles. Cristo não voltará
para se esconder no cômodo dos fundos de algum lugar, enquanto um agente
secreto leva as pessoas até aquele local para encontrá-lO. Pelo contrário, a
volta de Cristo será pública e evidente a todos, fato esse que não se encaixa
com a concepção de “uma vinda em juízo” por intermédio do exército
romano. A despeito do que outras passagens bíblicas possam ensinar em
outros contextos, o contexto de Mateus 24 só respalda a concepção de uma
volta pessoal de Jesus, que tem de ser a futura Segunda Vinda.
No versículo 27, Jesus compara Sua vinda especificamente com a queda de
um raio. Concordo com DeMar quando este diz que na figura usada por Jesus
está inclusa a ideia de presteza ou rapidez. Contudo, visto que a tônica do
contexto (versículo 26) é se Ele aparecerá secretamente (i.e., “no interior da
casa”) ou publicamente (i.e., “como o relâmpago”), isso obviamente aponta
para uma ênfase no aparecimento. Além do mais, a palavra grega traduzida
por “se mostra” tem o sentido de “aparecer, tornar visível, ou revelar”.3
Nesse caso, por tratar-se da aparição de um relâmpago, o termo seria
traduzido de forma idiomática por “reluz”. Quando se refere a uma pessoa,
sempre é traduzido por “aparecer”. Essa é a forma na qual foi usado no
versículo 30: “Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem...”. Para
dizer a verdade, Wycliffe traduz esse termo do versículo 27 em inglês arcaico
com o significado de “aparecer”.4 Quando esse aspecto se junta ao fato de
que em ambos os versículos 27 e 30 aquele que aparece é chamado de “o
Filho do Homem” (um designativo que sempre enfatiza a humanidade de
Cristo), a conclusão óbvia é a de que Cristo anuncia nessa passagem a Sua
volta pessoal e corpórea. Até os preteristas concordam em que Ele não voltou
de forma pessoal e corpórea no ano 70 d.C. Se o texto pretendia falar de uma
volta invisível por intermédio do exército romano, a divindade de Cristo teria
sido enfatizada, não Sua humanidade. Meyer declara o seguinte:
O advento do Messias não será dessa natureza, a ponto de alguém precisar de
orientação para procurar o Messias aqui ou ali; ao invés disso, será como o
relâmpago que, assim que aparece, anuncia, de imediato, sua presença em toda
parte; (...) Isso quer dizer que quando o advento do Messias se cumprir, ele se
mostrará de repente e publicamente, numa gloriosa exibição diante do mundo
inteiro. Ebrard (cp., Schott) está errado em supor que o ponto de comparação se
encontra apenas no fator circunstancial de que o acontecimento seria repentino e
sem aviso prévio. Isso, certamente, não tenderia a demonstrar, como Jesus
realmente pretendia demonstrar, que esta afirmação “Eis que ele está no deserto!’ é
um pretexto injustificável.5
Em todo o seu esforço para dizer a razão pela qual “a vinda do Filho do
Homem” predita em Mateus 24.27 não é uma vinda de Cristo literal, Gentry
falha em não informar a seus leitores que a palavra grega parousia é usada
nesse versículo. Das quatro vezes que a palavra parousia ocorre em Mateus
24, Gentry admite que três delas se referem à Segunda Vinda de Cristo ainda
por acontecer no futuro.6 O dicionário léxico da língua grega, BAG
[organizado por Bauer, Arndt e Gingrich, daí a sigla BAG] declara que o
termo parousia significa “presença, vinda, advento [...] de Cristo, e quase
sempre diz respeito ao Seu Advento Messiânico em glória, para julgar o
mundo no final desta era”.7 O BAG cita todas as quatro ocorrências de
parousia em Mateus 24 como uma referência ao segundo advento de Cristo.
Para falar a verdade, o BAG nem chega a reconhecer o significado proposto
por Gentry ou DeMar como um dos possíveis significados do termo. No caso
em questão, parece que a fonte de referência dos preteristas é a sua própria
necessidade de inventar.
A mãe de todas as obras de estudo de vocábulos da língua grega, o
Dicionário de Kittel, em concordância com o BAG, nos diz que a essência do
sentido dessa palavra é a de “estar presente (...) denota especificamente uma
presença ativa (...) uma aparição”.8 O Dicionário de Kittel descreve parousia
como um termo técnico “para designar a ‘vinda’ de Cristo em glória
Messiânica”.9 Desse modo, o termo parousia transmite a ideia de uma “vinda
em pessoa” antagônica à concepção preterista de uma “vinda impessoal”,
uma vinda invisível. O uso que nosso Senhor fez da palavra parousia implica
obrigatoriamente Sua presença pessoal e corpórea.
Toussaint apresenta mais argumentos a favor de uma interpretação
futurista do termo parousia usado nessa passagem:
“... que sinal haverá da tua vinda...?” (Mt 24.3). O que significa “vinda” (do gr.
parousia)? Esse termo está repleto de significado. É um substantivo que ocorre
quatro vezes no sermão do Monte das Oliveiras (são as únicas ocorrências desse
termo no livro de Mateus e são as únicas ocorrências nos Evangelhos). A primeira
ocorrência se encontra na pergunta levantada pelos discípulos. É muito interessante
constatar que as três ocorrências restantes se encontram em cláusulas idênticas,
“assim há de ser a vinda do Filho do Homem” (...) (Mateus 24.27,37,39). (...) O
problema dessa interpretação localiza-se no significado de parousia antes do
versículo 36 e depois dele. Se a vinda do Filho do Homem em Mateus 24.37,39
corresponde ao Segundo Advento, seria de se esperar que a cláusula idêntica de
24.27 se refira ao mesmo acontecimento. Nesse caso, a palavra teria o mesmo
significado em 24.3. Em cada um desses casos, a palavra tem que se referir ao
Segundo Advento.
Além disso, a palavra parousia em suas ocorrências no Novo Testamento sempre
é usada no sentido de presença real. Pode ser empregada para se referir à presença
de pessoas, como ocorre em: 1 Coríntios 16.17; 2 Coríntios 7.6-7; 10.10; Filipenses
1.26; 2.12 e 2 Tessalonicenses 2.9. Em cada um destes casos, a pessoa está
pessoalmente presente. Em todos os outros casos, o termo parousia é usado em
referência à presença do Senhor na Sua Segunda Vinda. Confira: 1 Coríntios 15.23;
1 Tessalonicenses 2.19; 3.13; 4.15; 5.23; 2 Tessalonicenses 2.1,8; Tiago 5.7,9; 2
Pedro 1.16; 3.4,12; 1 João 2.28. As únicas ocorrências da palavra parousia nos
Evangelhos estão em Mateus 24 e tudo leva a crer que elas também se referem à
volta de Cristo ainda por acontecer no futuro.10
Gentry se aventura a dizer que a descrição do “relâmpago” em Mateus
24.27 “é um sinal que espelha os exércitos romanos marchando do oriente
para o ocidente rumo a Jerusalém”.11 É difícil imaginar que a demorada
marcha dos exércitos romanos seja a correta interpretação dessa passagem.
Mais uma vez, tomo por modelo a explanação que Toussaint faz desse texto:
Então, o que o texto de Mateus 24.27 está dizendo? Diz apenas que as pessoas não
deveriam se deixar enganar por falsos mestres e por Messias impostores que fazem
seus clamores enganosos de algum deserto ou do interior de algum santuário secreto
(24.26). Eles podem até mesmo incrementar suas pretensões pela realização de
milagres fantásticos (24.24). O motivo pelo qual os discípulos do Senhor não
deveriam se deixar seduzir fundamenta-se no fato de que a vinda do Senhor Jesus
será tão espetacular que ninguém deixará de vê-la. Será como um raio reluzente que
risca o céu de uma extremidade à outra do horizonte. Essa é a razão pela qual o
Senhor usou os advérbios gregos correlativos hosper... houtos [i.e., “assim como...
assim também”]; Ele estava simplesmente usando uma analogia ou comparação.
Seu Segundo Advento será tão evidente quanto um relâmpago radiante que percorre
o céu. Assim será o aparecimento real e inconfundível do Senhor Jesus Cristo na
Sua Segunda Vinda à Terra.12
Maranata!
NOTAS
1
Kenneth L. Gentry, Jr., Perilous Times: A Study in Eschatological Evil, Texarkana, AR: Covenant
Media Press, 1999, p. 71.
2
Gary DeMar, Last Days Madness: Obsession of the Modern Church, Powder Springs, GA: American
Vision, 1999, p. 123-25.
3
William F. Arndt e F. W. Gingrich, A Greek-English Lexicon of the New Testament, Chicago:
University of Chicago Press, 1957, p. 859.
4
James Morison, A Practical Commentary on the Gospel According to St. Matthew, Londres: Hodder
and Stoughton, 1883, p. 475.
5
Heinrich August Wilhelm Meyer, Critical and Exegetical Handbook to The Gospel of Matthew, 2
vols., Edimburgo: T. & T. Clark, 1879, vol. 2, p. 143.
6
Gentry, na obra de Thomas Ice e Kenneth L. Gentry, Jr., The Great Tribulation: Past or Future?,
Grand Rapids: Kregel, 1999, p. 53.
7
Arndt e Gingrich, Greek-English Lexicon, p. 635.
8
Gerhard Kittel e Gerhard Friedrich, eds., Theological Dictionary of The New Testament, X vols.,
Grand Rapids: Eerdmans, 1967, vol. V, p. 859.
9
Kittel e Friedrich, Theological Dictionary, vol. V, p. 865.
10
Stanley D. Toussaint, “A Critique Of The Preterist View Of The Olivet Discourse”, ensaio não-
publicado que foi apresentado ao Pre-Trib Study Group, Dallas, Texas, 1996, sem informações de
editora.
11
Gentry, na obra de Ice e Gentry, Great Tribulation, p. 54.
12 Toussaint, “Critique”, sem informações de editora.
Parte 20
Cadáveres e Abutres
NOTAS
1
Kenneth Gentry, publicado na obra de Thomas Ice e Kenneth L. Gentry, Jr., The Great Tribulation:
Past or Future?, Grand Rapids: Kregel, 1999, p. 55.
2
Gentry, na obra de Ice e Gentry, Great Tribulation, p. 55.
3 Gentry in Ice and Gentry, Great Tribulation, p. 56.
4
Robert L. Thomas, “New Evangelical Hermeneutics and Eschatology”, Um ensaio apresentado no
12º Annual Pre-Trib Study Group, Irving, TX, 8 de dezembro de 2003, p. 32.
5
D. D. Buck, Our Lord’s Great Prophecy, Nashville: South-Western Publishing House, 1857, p. 229.
6 Richard Cunningham Shimeall, Christ’s Second Coming: Is It Pre-Millennial or Post Millennial?,
Nova York: John F. Trow and Richard Brinkerhoff, 1866, p. 157-59.
Parte 23
O Escurecimento do Sol
Conclusão
Após examinarmos as quatro primeiras afirmações de Mateus 24.29 sobre
a volta do Senhor, percebemos que a esmagadora evidência pesa em favor de
uma interpretação futurista da passagem. Com toda a sinceridade digo que os
intérpretes preteristas não têm nenhuma base de sustentação nesse texto.
Assim como o capítulo 24 de Mateus não significa o que eles afirmam, assim
também o capítulo 13 de Isaías não significa o que eles alegam. O Dr. Gentry
e outros preteristas como ele precisam manipular o texto de Isaías 13 para
criar um tipo imaginário do Antigo Testamento que não encontra nenhum
respaldo no próprio texto. É evidente que se as passagens de Mateus 24 e
Isaías 13 forem interpretadas de acordo com o que era a intenção do autor
bíblico, chegar-se-á à conclusão de que o sentido desses textos é futurista,
não preterista. Maranata!11
NOTAS
1
Kenneth Gentry in Thomas Ice e Kenneth L. Gentry, Jr., The Great Tribulation: Past or Future? ,
Grand Rapids: Kregel, 1999, p. 55.
2 Kenneth L. Gentry, Jr., Perilous Times: A Study in Eschatological Evil, Texarkana, AR: Covenant
Media Press, 1999, p. 77.
3
F. Delitzsch, “Isaiah”, vol. VII, na obra de C. F. Keil e F. Delitzsch, Commentary on the Old
Testament in Ten Volumes, Grand Rapids: Eerdmans, 1975, p. 299-300.
4
Randolph O. Yeager, The Renaissance New Testament, Bowling Green: Renaissance Press, 1978,
vol. 3, p. 312.
5
Delitzsch, “Isaiah”, p. 300.
6
Gentry, Perilous Times, p. 77.
7
Para ler uma excelente explicação e defesa de meu ponto de vista, veja, J. Randall Price, “Old
Testament Tribulation Terms”, publicado na obra de Thomas Ice e Timothy Demy, orgs., When the
Trumpet Sounds, Eugene, OR: Harvest House, 1995, p. 57-83. Embora esta última obra não seja
mais publicada, o mesmo artigo pode ser encontrado na obra de Thomas ICE e Timothy Demy, orgs.,
The Return: Understanding Christ’s Second Coming and The End Times, Grand Rapids: Kregel,
1999, p. 27-53.
8 Willem A. VanGemeren, Gen. Ed., New International Dictionary of Old Testament Theology &
Exegesis, 5 vols., Grand Rapids: Zondervan 1997, vol. 4, p. 272-73.
9
Delitzsch, “Isaiah”, p. 300-01.
10
G. W. Grogan, “Isaiah”, The Expositor’s Bible Commentary, vol. 6, Grand Rapids: Zondervan
Publishing House, 1986, p. 101.
11
Grogan, “Isaiah”, p. 102.
Parte 24
A Poesia Hebraica
Um abalo celeste
O verbo “abalar” é usado por 15 vezes no Novo Testamento Grego. Em
algumas ocorrências, esse verbo é empregado de forma metafórica, como em
2 Tessalonicenses 2.2: “...a que não vos demovais da vossa mente, com
facilidade...”. Porém, na maioria de seus usos, o termo significa abalar ou
sacudir fisicamente, a exemplo do texto de Atos 16.26: “De repente,
sobreveio tamanho terremoto, que sacudiu os alicerces da prisão; abriram-
se todas as portas, e soltaram-se as cadeias de todos”. No contexto de
Mateus 24.29 o Senhor Jesus se referiu a um abalo físico dos céus.
Entretanto, intérpretes preteristas como Ken Gentry não acreditam que essa
frase faça alusão a um abalo físico. Gentry declara o seguinte:
Por conseguinte, podemos legitimamente aplicar o texto de Mateus 24.29 à
destruição de Jerusalém ocorrida no ano 70 d.C. Cristo extrai essa figura dos textos
do Antigo Testamento referentes a juízo, os quais soam como se retratassem
acontecimentos da consumação do século. Em certo sentido, é a “consumação do
século” para aquelas nações contra as quais Deus exerce o Seu juízo. Esse foi o caso
de Israel no ano 70 d.C.6
A maioria dos comentaristas bíblicos admite que o abalo dos céus
mencionado nessa passagem é uma alusão derivada de Ageu 2.6, que diz:
“Pois assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda uma vez, dentro em pouco,
farei abalar o céu, a terra, o mar e a terra seca”. O que esse texto quer
dizer? No capítulo 12 de Hebreus já temos um comentário divino que
podemos consultar para saber o significado dessa passagem.
“...aquele, cuja voz abalou, então, a terra; agora, porém, ele promete,
dizendo: Ainda uma vez por todas, farei abalar não só a terra, mas também o
céu. Ora, esta palavra: Ainda uma vez por todas significa a remoção dessas
coisas abaladas, como tinham sido feitas, para que as coisas que não são
abaladas permaneçam. Por isso, recebendo nós um reino inabalável,
retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com
reverência e santo temor” (Hebreus 12.26).
Nesse trecho do capítulo que pronuncia a quinta advertência divina, o autor
da Epístola aos Hebreus compara o primeiro abalo da Terra, um abalo de
natureza física ocorrido na ocasião do Êxodo, com um futuro abalo que
também abrangerá os céus. Ele também considera a passagem de Ageu 2.6. O
futuro abalo será muito mais intenso do que o abalo ocorrido no passado, já
que também envolverá os céus. Ora, se o primeiro abalo verificado na
ocasião do Êxodo foi de natureza física, o segundo também será um abalo
físico, tal como Cristo descreve em Seu discurso profético registrado em
Mateus 24. “O discurso é absolutamente claro”, comenta o intérprete
amilenista, R. C. H. Lenski, na sua concepção de que se trata de um
acontecimento físico ainda futuro. “Todo o espaço sideral entrará em colapso
[...] isso fica claro pela última frase que diz: ‘os poderes dos céus serão
abalados’ ou desconjuntados. Cessará tudo o que mantém os corpos celestes
em suas respectivas órbitas e a condição para que o sol e a lua iluminem a
Terra”.7 H. A. W. Meyer faz a seguinte observação: “Essa convulsão nos
céus, antes que de lá desça o Messias, não deve, até então, ser considerada a
consumação do século, mas apenas um prelúdio da mesma. A Terra ainda
não será destruída por essa desordem celeste”.8
Sinais nos céus
Os Evangelhos de Mateus e Marcos não relatam nenhuma afirmação de
Cristo acerca da reação da humanidade a esses terríveis acontecimentos, mas
Lucas o faz em seu Evangelho. William Kelly declara: “Lucas é o único que
menciona os sinais comportamentais da angústia dos homens apesar dos
enganos e fingimentos que caracterizarão aquele período”.9 Naquele que é
sem dúvida o mesmo contexto verificado em Mateus e Marcos, Jesus declara
o seguinte:
“Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; sobre a terra, angústia entre
as nações em perplexidade por causa do bramido do mar e das ondas;
haverá homens que desmaiarão de terror e pela expectativa das coisas que
sobrevirão ao mundo; pois os poderes dos céus serão abalados” (Lucas
21.25-26).
Somente Lucas denomina de sinais os incidentes que ocorrerão no céu
envolvendo o sol, a lua e as estrelas. Robert Stein comenta: “Os sinais
relacionados com a vinda do Filho do Homem são de natureza cósmica, ao
passo que os sinais relacionados com a destruição de Jerusalém são terrestres,
de modo que Lucas manteve a distinção entre esses dois acontecimentos”.10
Em Sua criação, um dos propósitos para os quais Deus formou o sol, a lua
e as estrelas é o de que eles sejam “...para sinais, para estações, para dias e
anos” (Gn 1.14b). Para quem esses luzeiros seriam sinais? Serão sinais para
aqueles que habitam sobre a Terra. Quando se faz uma análise dos mais
importantes acontecimentos da história, chega-se à conclusão de que em
nenhum outro acontecimento os sinais nos céus seriam tão apropriados
quanto na Segunda Vinda de Cristo em Sua descida do céu para a Terra.
O relato de Lucas
O texto de Lucas claramente se refere à destruição de Jerusalém imposta
pelos romanos no ano 70 d.C. A segunda metade do versículo 24 diz: “...e,
até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles”
(Lucas 21.24). Também fica evidente que essa última metade do versículo 24
descreve um período de tempo que começou a partir da vitória dos romanos
sobre Jerusalém no primeiro século. Essa específica frase tem um ponto
inicial que começa a partir do ano 70 d.C. Ela evidencia um intervalo de
tempo pela expressão: “...Jerusalém será pisada por eles”. Esse versículo
também mostra o ponto final desse período quando diz: “...até que os tempos
dos gentios se completem”. Não há nenhuma chance de que esse versículo já
tenha se cumprido; além do mais, a passagem prevê um tempo em que os
acontecimentos ocorridos no ano 70 d.C. serão revertidos.
O versículo 24b propicia uma transição textual que passa do ocorrido no
ano 70 d.C. aos acontecimentos que se darão imediatamente antes da segunda
vinda de Cristo. Até mesmo um renomado intérprete preterista como F. W.
Farrar admite que nos versículos 20-24 há uma mudança de assunto que vai
da predição do que aconteceu no ano 70 d.C. para a predição da Segunda
Vinda nos versículos 25-28, a qual ele denomina de “a Última Vinda”.11 E.
H. Plumptre afirma o seguinte:
A partir desse ponto, a profecia assume uma abrangência maior e ultrapassa os
estreitos limites da destruição de Jerusalém para predizer a última vinda do Filho do
Homem, de forma que este último acontecimento é retratado em Mateus como algo
que ocorre “logo em seguida” ao primeiro acontecimento. Por conseguinte, Marcos
identifica o momento de sua ocorrência pela expressão “naqueles dias”. Essas
palavras não tinham nenhum outro significado quando foram ouvidas ou lidas pela
primeira vez.12
Nesse trecho do capítulo 21 de Lucas temos um bom exemplo daquilo que
Tim LaHaye e eu denominamos “Os Picos de Montanha da Profecia” em
nosso livro Charting The End Times [N. do T.: Esse livro foi publicado em
português pela Editora Abba Press sob o título Glorioso Retorno].13 Plumptre
oferece uma excelente explanação desse assunto na seguinte afirmação:
De certa distância, um homem contempla os picos reluzentes de duas montanhas
cobertas de neve que aparentemente estão muito próximas uma da outra, mas não se
dá conta de que, entre essas duas montanhas, há uma extensão de terra que pode
chegar a muitos quilômetros de distância. Assim aconteceu com aqueles cujas
concepções devem ter sido formadas a partir dessa predição, principalmente os
apóstolos e seus discípulos imediatos, os quais, apesar de estarem bastante
conscientes de sua ignorância acerca de “tempos ou épocas” (cf., At 1.7) para
marcarem o dia ou o ano da volta de Cristo, viveram e morreram na expectativa de
que não estava longe de acontecer, convictos de que eles podiam apressar a Sua
vinda através da oração e de seus atos (2 Pe 3.12).14
É evidente que Cristo prediz dois acontecimentos distintos no texto de
Lucas 21. Um que se cumpriu no primeiro século (Lc 21.20) e outro que
ainda aguarda seu cumprimento em tempos futuros (Lc 21.25-28). Contudo,
nem Mateus 24 nem Marcos 13 fazem qualquer menção ao ocorrido no ano
70 d.C., já que nenhuma dessas duas passagens menciona a destruição do
templo ou a destruição de Jerusalém. Pelo contrário, os relatos que Mateus e
Marcos fazem do Discurso do Monte das Oliveiras tratam nitidamente do
livramento do povo judeu, não do juízo que sobreviria a esse povo em 70 d.C.
A maioria dos intérpretes preteristas nem sequer trata desse assunto, muito
menos oferece uma resposta satisfatória ao problema em questão.
Em suma, verificamos que grandes fenômenos sobrenaturais hão de
ocorrer na ocasião da volta de Cristo ao planeta Terra. Será que isso é tão
difícil de imaginar ou de se crer? Ao que parece, para muitos é. Todavia, as
Escrituras Sagradas (tanto no Antigo Testamento quanto no Novo
Testamento) predizem que Israel seria reagrupado na sua própria terra, como
um estado nacional, numa condição de incredulidade (como hoje em dia se
pode constatar). Essa nação passará por um período denominado de “a
tribulação”, durante o qual o remanescente do povo judeu será levado a uma
conversão genuína pela fé em Jesus como seu Messias prometido. Isso, então,
provocará a Segunda Vinda de Cristo para livrar a nação recém-convertida, a
qual suplicará a proteção de Jesus contra os exércitos de todas as nações,
reunidos em Israel para aniquilar os judeus. Antes que isso ocorra, Cristo
voltará e destruirá os inimigos de Israel, dando início a Seu reino de mil anos
sediado em Jerusalém. É isso que a Bíblia declara. Nesse caso, todos aqueles
que professam ser cristãos e crêem na Bíblia deveriam dizer: “Amém!”.
Maranatha!
NOTAS
1
Leon Morris, The Gospel According to Matthew, Grand Rapids: Eerdmans, 1992.
2 Stanley D. Toussaint, Behold the King: A Study of Matthew, Portland, OR: Multnomah, 1980.
3
Ao contrário do que afirma Robert Govett, The Prophecy on Olivet, Miami Springs, FL: Conley &
Schoettle, 1881.
4
Morris, Matthew, p. 609-10. Para conhecer outras razões pelas quais não se deve interpretar esse
texto como uma referência a anjos, veja, Heinrich August Wilhelm Meyer, Critical and Exegetical
Handbook to the Gospel of Matthew, 2 vols., Edimburgo: T. & T. Clark, 1879.
5 John MacArthur, Matthew 24–28, The Macarthur New Testament Commentary, Chicago: Moody,
1989.
6
Kenneth L. Gentry, publicado na obra de Thomas Ice e Kenneth L. Gentry, The Great Tribulation:
Past or Future?, Grand Rapids: Kregel, 1999.
7
R. C. H. Lenski, The Interpretation of St. Matthew’s Gospel, Columbus, OH: The Wartburg Press,
1943, p. 947.
8
Meyer, Matthew, vol. 2, p. 149.
9
William Kelly, An Exposition of the Gospel of Luke, Oak Park, IL: Bible Truth Publishers, 1971.
10
Robert H. Stein, Luke, The New American Commentary, Nashville: Broadman Press, 1992.
11
F. W. Farrar, The Gospel According to St. Luke, with Maps, Notes and Introduction, Cambridge: At
The University Press, 1899.
12
E. H. Plumptre, The Gospel According to St. Luke, 12 vols., vol. 3, Ellicott’s New Testament
Commentary, Londres: Cassell & Company, sem data de publicação.
13
Tim LaHaye e Thomas Ice, Charting the End Times: A Visual Guide to Understanding Bible
Prophecy, Eugene, OR: Harvest House, 2001.
14
Plumptre, Luke, p. 345.
Parte 26
O Sinal do Filho do
Homem
A glória Shekiná
Mas o que é a Glória Shekiná? Em que se baseia minha convicção de que
Jesus tinha isso em mente quando proferiu essas palavras? A Glória Shekiná
é a manifestação visível da presença de Deus, a qual geralmente aparecia na
forma de uma nuvem, de fogo, ou de ambos combinados. O termo hebraico
shekiná não ocorre no texto bíblico. Os rabinos judeus cunharam esta
expressão extra-bíblica “Glória Shekiná” para distinguir as passagens bíblicas
nas quais eles criam que uma nuvem ou luz de glória fisicamente visível
estava presente quando a palavra hebraica traduzida por “glória” foi usada.
Shekiná é uma variação da palavra hebraica que literalmente significa “fazer
habitar ou levar a habitar”, dando a entender que quando a glória de Deus
aparecia dessa forma ocorria uma visitação da presença ou da habitação de
Deus na nuvem de glória. Fruchtenbaum afirma que “a Glória Shekiná é a
manifestação visível da presença de Deus. No Antigo Testamento, a maioria
dessas manifestações visíveis assumiu a forma de luz, ou de fogo, ou de
nuvem, ou ainda, de uma combinação de todos esses elementos. Uma nova
forma aparece no Novo Testamento, a saber: A Palavra que se fez carne”.2 É
necessário fazer um levantamento das aparições da Glória Shekiná no
passado, para que se possa entender seu significado na profecia bíblica de
cumprimento futuro.
Acredita-se que os seguintes acontecimentos são manifestações da Glória
Shekiná ao longo da história:
NOTAS
1
Arnold Fruchtenbaum, The Footsteps of the Messiah: A Study of the Sequence of Prophetic Events,
edição revisada, Tustin, CA: Ariel Ministries, 2003, p. 643.
2 Fruchtenbaum, Footsteps, p. 599.
3
Extraído da obra de Fruchtenbaum, Footsteps, p. 599-628.
4 Gentry, publicado na obra de Thomas Ice e Kenneth L. Gentry, Jr., The Great Tribulation: Past or
Future?, Grand Rapids: Kregel, 1999, p. 58.
5
Nigel Turner, A Grammar of New Testament Greek, vol. III, Syntax, Edimburgo: T. & T. Clark,
1963, p. 214.
6 William F. Arndt e F. W. Gringrich, A Greek-English Lexicon of the New Testament, Chicago:
University of Chicago Press, 1957, p. 598-600.
7
Arndt e Gingrich, A Greek-English Lexicon, p. 599.
8
D. D. Buck, Our Lord’s Great Prophecy, Nashville: South-Western Publishing House, 1857, p. 292.
9
Gentry, Great Tribulation, p. 60.
10
Richard Cunningham Shimeall, Christ’s Second Coming: Is It Pre-Milleannial or Post-Millennial?,
Nova York: John F. Trow and Richard Brinkerhoff, 1866, p. 159-60.
Parte 27
Um Ajuntamento
Executado Por Anjos
A Unidade Das
Parábolas
Kenneth Gentry, um intérprete da Bíblia que assume uma postura
parcialmente preterista, acredita que a primeira dessas cinco parábolas está
relacionada com os versículos 4-31, os quais, na sua concepção, cumpriram-
se no ano 70 d.C. Todavia, ele interpreta as outras quatro parábolas como
referentes ao segundo advento de Cristo ainda por acontecer. Gentry declara:
“Após enunciar Sua profecia sobre a aniquilação do templo, o Senhor Jesus
passa a considerar o Seu glorioso Segundo Advento (Mt 24.36ss.)”. “Ele
afirma que não haveria sinais específicos desse acontecimento que ainda
estava longe de se cumprir”.1 Entretanto, seu colega preterista, Gary DeMar,
acredita que todo o Discurso Profético do Monte das Oliveiras (i.e., os
capítulos de Mateus 24 e 25 na íntegra) já se cumpriu durante os fatos
ocorridos no ano 70 d.C. DeMar comenta o seguinte:
Por semelhante modo, há pouca evidência de que “a vinda do Filho do Homem”,
mencionada em Mateus 24.27,30,39 e 42, seja diferente da “vinda do Filho do
Homem”, referida em Mateus 25.31. Compare esse texto de Mateus 25.31 com o de
Mateus 16.27 que se constituiu numa alusão à destruição de Jerusalém no ano 70
d.C.2
Ao longo desta exposição, já mostrei a razão pela qual nenhuma predição
de Mateus 24.4-31 se cumpriu no primeiro século d.C., todavia, concordo
com DeMar quando ele diz que todo o Discurso Profético do Monte das
Oliveiras, registrado em Mateus 24 e 25, diz respeito ao mesmo período de
tempo. Embora eu creia que DeMar esteja errado em interpretar todo o
Discurso Profético de Cristo como algo que já se cumpriu no passado,
considero a concepção dele mais consistente do que a de seu colega
preterista, Gentry, o qual interrompe a sequência narrativa para interpretar o
texto de Mt 24.35 como uma ocorrência passada e o texto de Mt 24.36 como
um acontecimento ainda futuro.
Todas essas parábolas se relacionam com o ensino de Cristo na seção
anterior de Mateus 24.4-31 e não introduzem nenhum assunto novo no Seu
ensino. O propósito dessas parábolas é o de esclarecer as principais lições à
luz do ensino que acabara de ser proferido. Em termos literários, não faria
nenhum sentido que Cristo ensinasse algo (como, de fato, Ele o fez nos
versículos 4-31) e, em seguida, proferisse parábolas ou ilustrações desse
ensino (a exemplo do que fez nos versículos 32-51), mas mudasse de assunto
na segunda parábola (conforme a opinião de Gentry) para se referir a outro
acontecimento que Ele nem sequer havia apresentado no Seu Discurso
Profético. Não, isso não faz nenhum sentido! Em vez disso, todas as cinco
parábolas ilustram um único ensino de Cristo exposto nos versículos 4-31.
Por que Jesus Cristo, o Mestre por excelência, confundiria Seus alunos
introduzindo um elemento completamente novo durante Sua série de
parábolas, sem ter abordado tal assunto no período de ensino que Ele acabara
de lecionar?
Ao que parece, a interpretação esquizofrênica de Gentry se explica pelo
fato de que ele, apesar de ser um intérprete preterista, não consegue admitir
que certas frases nitidamente alusivas à Segunda Vinda e ao juízo, tenham
alguma relação com os fatos que se deram no primeiro século d.C. DeMar
não possui tal sensibilidade. Com tantas referências feitas à “vinda” no texto
de Mateus 24.36-51, fica difícil, até mesmo para Gentry, encaixá-las nos
acontecimentos que se cumpriram no ano 70 d.C. Mais difícil ainda é forçar,
enfiar, e fazer descer goela abaixo um cumprimento preterista (i.e., passado)
da passagem de Mateus 25.31-46, texto esse que associa o juízo com a vinda
de Cristo. Essa vinda e juízo mencionados só podem se referir a um futuro
acontecimento, pois os que forem julgados “...irão [...] para o castigo eterno,
porém os justos, para a vida eterna” (Mt 25.46).
Cinco ilustrações
Essas parábolas ou ilustrações proferidas por Jesus são as seguintes:
Primeira, a ilustração da figueira (24.32-35); segunda, a comparação
ilustrativa com os dias de Noé (24.36-39); terceira, a comparação ilustrativa
entre os dois homens e entre as duas mulheres (24.40-41); quarta, a ilustração
do pai de família vigilante (24.42-44); e quinta, a ilustração do servo fiel e
prudente (24.45-51).
Essas cinco parábolas são ensinamentos importantes que dizem respeito à
nação de Israel. Na realidade, eu vou ainda mais longe para dizer que todas as
parábolas do Novo Testamento estão diretamente relacionadas com Israel.
Elas geralmente se referem à rejeição de Jesus como Messias por parte de
Israel e mencionam as consequências decorrentes dessa atitude da nação. Em
Mateus 13.10-17, Cristo disse a Seus discípulos que falaria aos ouvidos
“deste povo” para que ficassem cegos em relação à verdade, por terem
rejeitado Jesus como o Messias que lhes fora prometido. Contudo, aqueles
que cressem em Jesus poderiam entender o significado das Suas parábolas,
porque somos receptivos à revelação apresentada por Cristo. Portanto, todas
as parábolas estão relacionadas com Israel de alguma maneira, modo ou
forma, e geralmente nos proporcionam alguma informação sobre o que Deus
planejou para o futuro.
Ao mencionarem uma vinda de Cristo, todas as parábolas proferidas no
Discurso Profético do Monte das Oliveiras se referem à Segunda Vinda, não
ao Arrebatamento da Igreja. Isso se deve ao fato de que tal Discurso Profético
foi inteiramente dirigido a Israel e diz respeito àquele período de tribulação
pelo qual a nação passará, além de se referir à volta de Cristo no fim daquele
período. As verdades referentes ao Arrebatamento da Igreja foram reveladas
exclusivamente nas Epístolas do Novo Testamento, as quais foram
especificamente escritas com o intuito de explicar o propósito e a natureza da
Era da Igreja. A única exceção a isso se encontra no Discurso de Jesus
proferido no cenáculo (João 14.1-3), quando Ele fez a primeira revelação
sobre a esperança da Igreja [i.e., o Arrebatamento], momentos antes de Sua
morte.
A ilustração da figueira
A primeira dessas parábolas, a saber, a lição depreendida da ilustração da
figueira, é uma passagem bíblica que já tem sido vastamente comentada. Meu
grande amigo Hall Lindsey, por exemplo, explica que a figueira representa a
nação de Israel, numa possível implicação de que Cristo voltaria no decorrer
de uma geração, a contar-se da fundação do moderno Estado de Israel. Em
seu famoso livro intitulado The Late Great Planet Earth (publicado em
português sob o título: A Agonia do Grande Planeta Terra), o qual foi a
primeira exposição relevante da profecia bíblica que li em 1970, Hal diz o
seguinte:
Contudo, o sinal mais importante predito em Mateus tem de ser a restauração dos
judeus à sua terra no renascimento de Israel. Até mesmo a “figueira”, como figura
de linguagem, tem sido um símbolo histórico da nação de Israel. Quando o povo
judeu, depois de quase 2000 anos de exílio sob implacável perseguição, veio a se
tornar de novo uma nação em 14 de maio de 1948, a “figueira” brotou suas
primeiras folhas. Jesus disse que isso seria indício de que Ele estava “às portas”,
pronto para voltar. Depois afirmou, “Em verdade vos digo que não passará esta
geração sem que tudo isto aconteça” ( Mt 24.34). Que geração? É óbvio que o
contexto se refere à geração que veria os sinais – sendo o principal deles o
renascimento de Israel. Na Bíblia, uma geração equivale a cerca de quarenta anos.
Então, Se essa dedução estiver correta, dentro de aproximadamente quarenta anos,
contados a partir de 1948, todas essas coisas poderão acontecer. Muitos eruditos que
investiram toda a sua vida no estudo da profecia bíblica acreditam que essa é a
interpretação.3
Eu concordo com Hal Lindsey em grande parte do que ele ensina no
campo da profecia bíblica, porém sou forçado a discordar dele nessa
específica passagem das Escrituras, ainda que no início da década de 1970 eu
tenha adotado o mesmo ponto de vista que Hal defende. Naquela época eu
adotei esse ponto de vista porque o livro sobre profecia bíblica que, até então,
mais me influenciara intitulava-se A Agonia do Grande Planeta Terra, da
autoria de Hal Lindsey (eu ainda creio que esse seja um excelente livro para
alguém que queira começar a estudar a profecia bíblica e o recomendo). Eu
tendo a concordar que a figueira algumas vezes é usada como um símbolo do
Israel nacional (veja: Jz 9.10-11; Jr 8.13; Os 9.10; Hc 3.17; Ag 2.19; Mt
21.19; Mc 11.13,20-21; Lc 13.6-7). Porém, a despeito de a figueira ser ou não
um símbolo da nação de Israel, uma interpretação coerente do texto nos leva
a perceber que esse não é o assunto da passagem em questão, nem é um fator
decisivo para interpretá-la. Eu também concordo com Hal Lindsey na sua
concepção de que a fundação do moderno Estado de Israel em 1948 é
profeticamente significativa, como um indício de que talvez estejamos
próximos do começo da Tribulação, contudo, não creio que a parábola da
figueira seja base para tal ponto de vista.
O problema fundamental da concepção de Hal Lindsey é que ele interpreta
a parábola de Jesus, transformando o que seria uma ilustração numa profecia.
Cristo simplesmente ilustra o fato de que quando alguém visse uma figueira
(no relato que Lucas faz do mesmo episódio, Cristo diz o seguinte em Lc
21.29: “...Vede a figueira e todas as árvores”) cujas folhas começassem a
brotar (i.e., na primavera), deveria saber que a próxima estação do ano (i.e.,
verão) estava chegando. Então Jesus conclui: “Assim também, quando virdes
acontecerem estas coisas, sabei que está próximo o reino de Deus” (21.31).
Portanto, nesse contexto, o Senhor Jesus não enfatiza a simbologia usada para
representar a nação de Israel. Cristo, na realidade, estava dizendo que quando
alguém visse os acontecimentos preditos para se cumprir nos sete anos da
Tribulação, deveria saber que Seu Segundo Advento está próximo.
Hal Lindsey e outros que defendem essa mesma concepção se apropriaram
da ilustração que Cristo usou para demonstrar um ensinamento exposto nos
versículos 4-31 e criaram uma profecia do nada, que nem mesmo existe. Hal
criou a profecia de que a volta de Cristo aconteceria 40 anos depois da
fundação do moderno Estado de Israel. Cristo não tinha a menor intenção de
que Sua ilustração se tornasse uma profecia; era uma ilustração das verdades
reveladas no contexto anterior. Devia estar mais do que claro que esse ponto
de vista de Lindsey está equivocado, principalmente porque já se passaram
mais de 20 anos da data em que se completaram os 40 anos por ele preditos.
Nesse caso, não faz diferença alguma saber o tempo de duração de uma
geração, porque os acontecimentos preditos nos versículos 4-31 ocorrerão
num período delimitado de sete anos. Aquela geração que presenciar os
acontecimentos do período de sete anos da Tribulação “não passará” (em
outras palavras, não levaria centenas de anos, nem um longo período de
tempo) até que ocorra a Segunda Vinda de Cristo (veja, Mt 24.33). Essa
primeira parábola esclarece, pelo uso de ilustração, aquilo que Jesus afirmou
em Mateus 24.29-30: “Logo em seguida à tribulação daqueles dias [...] verão
o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu...”.
Conclusão
Qual seria a lição a ser aprendida com a parábola da figueira? A lição é a
de que no momento em que figueira atinge certo estágio no ciclo sazonal
(neste caso, quando ela faz com que suas folhas brotem), as pessoas
percebem que já chegaram a certa época do ano (neste caso, elas sabem que o
verão está próximo). A parábola é uma lição por comparação, que parte de
algo conhecido para explicar aquilo que é desconhecido. No caso em questão,
as folhas da figueira que surgem antes do verão seriam uma referência aos
acontecimentos da Tribulação delineados por Cristo nos versículos 4-31.
Dessa forma, quando as pessoas constatarem os acontecimentos preditos,
devem ter consciência de que a volta de Cristo está próxima, “às portas” (Mt
24.33). De que maneira poderão saber que o advento de Cristo se aproxima?
Elas saberão pelo fato de que “...não passará esta geração sem que tudo isto
aconteça” (Mt 24.34). Ou seja, aquele período de tempo no qual os
acontecimentos culminarão na volta de Cristo não ultrapassará os sete anos.
Chegará o dia em que “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras
não passarão” (Mt 24.35). As palavras de Cristo se cumprirão na íntegra;
elas jamais passarão sem o seu respectivo cumprimento.
NOTAS
1
Kenneth L. Gentry, Jr., Perilous Times: A Study in Eschatological Evil, Texarkana, AR: Covenant
Media Press, 1999, p. 89.
2 Gary DeMar, Last days Madness: Obsession of the Modern Church, Powder Springs, GA: American
Vision, 1999, p. 200.
3 Hal Lindsey, The Late Great Planet Earth, Grand Rapids: Zondervan, 1970, p. 53-54.
Parte 31
A Perspectiva Preterista
O dia e a hora
Há, pelo menos, seis textos bíblicos (se incluíssemos as passagens
correlatas, o total chegaria a oito) que especificamente advertem os crentes
em Jesus contra o perigo de se marcar a data da Segunda Vinda de Cristo e
do Arrebatamento da Igreja. Em primeiro lugar, seria impossível marcar a
data do Arrebatamento pelo fato de que se trata de um acontecimento sem
sinais preditos que o antecedam, ou seja, iminente. Como alguém poderia
apresentar um cronograma com data marcada para o Arrebatamento da Igreja,
se, como crentes, somos exortados a aguardar continuamente a volta do
Senhor Jesus para encontrá-lO a qualquer momento nos ares? Isso explica a
razão pela qual as pessoas que marcaram a data do Arrebatamento nunca
usaram aquelas passagens bíblicas que realmente dizem respeito ao
Arrebatamento como base para seus esquemas cronológicos, pois tais textos
não dão nenhum apoio a alguém que tente se aventurar naquilo que é
proibido. Esses especuladores invariavelmente recorrem a textos bíblicos que
dizem respeito a Israel (não à Igreja) ou a passagens bíblicas nas quais as
pessoas confundem a Segunda Vinda de Cristo com o Arrebatamento.
Basta que algo seja declarado apenas uma vez na Bíblia para que se
comprove como verdade. Entretanto, quando Deus reafirma alguma coisa por
várias vezes, tal ênfase deve dar mais clareza ao que foi declarado. Abaixo,
relaciono especificamente estes textos das Escrituras para que possamos
identificar, sem dificuldade, essas importantes admoestações bíblicas:
Mateus 24.36: “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe,
nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai”.
Mateus 24.42: “Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem
o vosso Senhor”.
Mateus 24.44: “Por isso, ficai também vós apercebidos; porque, à
hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá”.
Mateus 25.13: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora”; o
texto de Marcos 13.33-37 é uma passagem correlata.
Atos 1.7: “Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou
épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade”.
1 Tessalonicenses 5.1-2: “Irmãos, relativamente aos tempos e às
épocas, não há necessidade de que eu vos escreva; pois vós mesmos
estais inteirados com precisão de que o Dia do Senhor vem como
ladrão de noite”.
Ninguém Sabe
Nessa passagem, Jesus é referido como “o Filho”. Quando usa termos
como “o Filho” ou “o Filho do Homem”, a exemplo do que ocorre no
versículo subsequente, o Novo Testamento salienta Sua humanidade e
encarnação. Essa passagem não diz “que ninguém nunca há de saber. Isso
Jesus realmente não disse”.1 Concordo com a maioria dos comentaristas ao
afirmarem que, durante o período de Sua encarnação como Filho do Homem,
não foi concedido a Jesus (ou a Ele não foi revelado) saber o tempo exato de
Sua volta. Porém, não tenho a menor dúvida de que, após Sua ascensão ao
céu, Jesus sabe o dia e a hora de Sua volta. John MacArthur comenta o
seguinte:
Portanto, mesmo naquele último dia que antecedeu Sua prisão, o Filho não sabia o
dia e hora precisos em que Ele voltaria à Terra por ocasião da Sua Segunda Vinda.
Durante a encarnação de Cristo, unicamente o Pai exerceu irrestrita onisciência
divina.2
Ed Glasscock repercute essa mesma concepção: “O Senhor Jesus não
procurou exibir Sua divindade; pelo contrário, buscou enfatizar Sua
humanidade. Como um servo obediente na Sua humanidade, Jesus não sabia
o dia nem a hora de Sua volta”.3 Em essência, Jesus diz que não lhes contaria
naquela ocasião o momento da Sua volta. Contudo, isso não quer dizer que
no futuro alguns não seriam capazes de identificar o momento da Sua vinda.
Yeager faz a seguinte observação: “O contexto transmite a ideia de que
naquele momento em que Jesus se dirigiu a Seus discípulos, e mesmo no
atual momento em que estou escrevendo, ninguém sabe o dia e a hora”.4 Tal
condição perdurará até que ocorra o Arrebatamento da Igreja, mas, depois
disso, o relógio profético de Deus voltará a marcar o tempo durante o período
da Tribulação. Aqueles que se converterem a Cristo durante aquele período
serão capazes de precisar pelo menos o dia em que Jesus voltará ao planeta
Terra.
Os dias de Noé
Na segunda ilustração depois de Seu Discurso no Monte das Oliveiras (Mt
24.4-31), Jesus propõe uma comparação parabólica entre Sua Segunda Vinda
e os dias de Noé (Mt 24.37). Apesar de não haver menção ao termo parábola
nessa passagem, o texto apresenta as peculiaridades de uma comparação
parabólica. “A vinda do filho do homem vai ser exatamente como nos dias
de Noé” (grifo do autor). Cristo faz uma comparação entre a Sua volta (Mt
24.36) e os dias antediluvianos de Noé.
Em primeiro lugar, a passagem diz que a Segunda Vinda de Cristo será
“assim como” aconteceu nos dias de Noé. A ordem das palavras na língua
original diz o seguinte: “Pois assim como os dias de Noé, assim será também
a vinda do Filho do Homem”. A partícula intensiva grega hosper (i.e., “assim
como”) é um “marcador de similaridade entre acontecimentos e
circunstâncias”.5 Quando associada ao advérbio demonstrativo grego houtos
(i.e., “assim, desta forma”), expressa a afirmação de Cristo de que os dias de
Noé retratam exatamente o que acontecerá na época da volta de Cristo.
Será que isso significa haver uma extensa lista de aspectos que podem ser
comparados com os dias de Noé? Não creio. Nas parábolas que proferiu,
Cristo sempre enfatizou um único ponto principal. Neste caso, o ponto
principal é a prontidão. Toussaint declara: “A semelhança se identifica na
surpresa da chegada do juízo e no despreparo do mundo para enfrentá-lo.6
Daniel Harrington diz o seguinte: “O cerne da comparação entre os dias de
Noé e a vinda do Filho do Homem é a imprevisibilidade da crise [...] o
dilúvio foi tão inesperado que as pessoas só o reconheceram quando já
estavam sendo atingidas por ele”.7
Em mais de uma ocasião, o Novo Testamento compara a Segunda Vinda
de Cristo ao dilúvio dos dias de Noé (Lucas 17.26-27; 2 Pe 2.4-11) e a outros
juízos, tais como o que ocorreu nos dias de Ló (Lucas 17.28-30). O ponto
central identificado nessas passagens é de que os descrentes não estavam
preparados para o juízo de Deus. Era isso que Cristo também queria dizer
nessa passagem de Mateus 24.
Comiam e bebiam
A falta de prontidão é reiterada pelos exemplos que o Senhor Jesus
menciona. A palavra grega trogo, traduzida aqui por “comer”, não é um
termo comumente utilizado. Ela significa “morder ou mastigar o alimento,
comer (fazendo barulho), e no que se refere aos animais... ruminar, roer,
mastigar ruidosamente”.8 Essa palavra é usada apenas seis vezes no Novo
Testamento Grego; as outras cinco ocorrências desse termo se encontram no
Evangelho de João, geralmente em referência a comer a carne de Cristo. A
palavra normalmente usada no Novo Testamento Grego para denotar o ato de
comer é esthio que ocorre na passagem correlata de Lucas 17.27. Ela é usada
158 vezes no Novo Testamento Grego e significa: “ingerir algo através da
boca, normalmente alimentos sólidos, mas também líquidos; comer”.9 Mas,
então, qual seria o sentido do texto em questão? O sentido parece “implicar
uma vida suntuosa”.10 Os desprevenidos daqueles dias estarão tão obcecados
por satisfazer seus apetites ou, dito de outra maneira, mastigando
ruidosamente seus alimentos, que nem se darão conta de estarem vivendo
numa época incomum, durante a qual seria razoável abandonar as práticas
rotineiras e normais da vida. Alfred Plummer também explica da seguinte
forma:
O elemento especial da analogia não é o de que a geração arrastada pelo dilúvio
foi excessivamente ímpia; nenhuma das práticas mencionadas pode ser considerada
pecaminosa; mas aquela geração estava tão ocupada com suas buscas mundanas que
não deu nenhuma atenção às advertências solenes. Em vez de dizerem: “É certo que
vai acontecer; portanto temos que estar preparados e ficar em constante alerta”, eles
diziam: “Ninguém sabe quando vai acontecer; por isso, ninguém precisa ficar
preocupado com isso ainda. Há outras coisas muito mais urgentes.11
Os acontecimentos que Cristo acabara de descrever (i.e., a Tribulação em
Mt 24.4-31) deviam provocar um interesse pelo desenvolvimento do plano de
Deus na história. Ao invés disso, os descrentes preferem continuar nas
atividades e passatempos da sua rotina diária. Robert Govett explica: “O
amor pelo mundo se evidencia no fato de que os seres humanos estariam
entregues à comida e à bebida. Se eles cressem no anúncio da chegada de um
juízo iminente, jejuariam e chorariam arrependidos”.12 Esse desejo de manter
o status quo é uma manifestação de despreparo.
Casavam e davam-se em casamento
Se a preocupação com o comer e o beber revela o despreparo diário, a
busca de se casar e dar em casamento ilustra a despreocupação numa
perspectiva de longo prazo. Embora o casamento seja bom na qualidade de
instituição criada por Deus, a questão, neste caso, é de que alguém não
deveria se comprometer num planejamento de longo prazo, estando
despreparado para um juízo iminente. Meyer comenta que se trata da
“descrição de um modo de vida despreocupado, sem qualquer pressentimento
de uma catástrofe iminente”.13 Assim como na época de Noé não fazia
sentido alguém planejar um casamento durante os dias que antecederam o
Dilúvio, sem estar preparado para enfrentar o juízo de Deus, assim também
não fará sentido que alguém planeje se casar em face dos acontecimentos do
período da Tribulação que culminarão na Segunda Vinda de Cristo.
Em seus dias, Noé pregara acerca do juízo de Deus que estava por
acontecer (2 Pe 2.5), contudo, ninguém, exceto a família de Noé, prestou
atenção à sua mensagem. Em vez disso, cada um cuidou da sua própria vida e
de seus negócios, como de costume, negligenciando as advertências da
Palavra de Deus. Govett captou o sentido desse texto com muita propriedade
ao dizer:
Portanto, as atividades aqui mencionadas não são por si mesmas malignas, mas
criam um clima de descrédito para as advertências de Deus. Elas só são aceitáveis
enquanto a atual situação perdurar. Acumular bens, quando a vida, as posses e a
posteridade estão na iminência de ser destruídos é tolice.14
Essas práticas dos desprevenidos cessaram no “...dia em que Noé entrou na
arca”, assim como tais práticas hão de cessar no futuro quando Cristo voltar
a este mundo.
E não o perceberam
Talvez a afirmação mais sensata dessa passagem seja: “...e não o
perceberam”. Eles não chegaram a uma conclusão a partir dos fatos. Jesus
disse: “...senão quando veio o dilúvio e os levou a todos”. Em seguida Jesus
inferiu: “...assim será também a vinda do Filho do Homem”. Aqui temos
uma construção semelhante à que já vimos no versículo 37, que é o
“marcador de similaridade entre acontecimentos e circunstâncias”.15
Não apenas as semelhanças devem ser observadas, mas é fundamental que
os contrastes também sejam identificados. É importante notar que os
rejeitadores da Palavra de Deus mencionados no versículo 39 como aqueles
que “...não o perceberam”, estão em justaposição com a advertência feita no
versículo 33, que diz: “Assim também vós: quando virdes todas estas coisas,
sabei que está próximo, às portas”. O verbo grego ginosko é usado em ambas
as passagens, sendo traduzido no versículo 33 pelo termo “sabei” e no
versículo 39 pelo termo “perceberam”. Nesses respectivos contextos, essa
palavra grega significa o seguinte: “captar o significado ou o sentido de
alguma coisa, entender, compreender”.16 A diferença entre aquele que
entende e aquele que não entende, baseia-se respectivamente nas atitudes de
aceitar a Palavra de Deus e não aceitá-la.
Na verdade o versículo 39 afirma claramente que os descrentes da época de
Noé não chegaram a perceber essas coisas. Todavia, eles não perceberam
“senão quando” lhes sobreveio o Dilúvio e arrastou a todos. Esse diferencial
é apenas um dentre muitos que distinguem entre crentes e descrentes. Os
crentes aceitam a Palavra de Deus antes que se cumpram os acontecimentos
preditos, porque confiam no Senhor e em Sua Palavra Profética. Por outro
lado, um descrente só aprende essas coisas pela experiência, no caso em
questão, uma experiência tremendamente amarga. E você? Será que confia
em Deus e em Sua Palavra porque Ele assim declara ou é um daqueles que só
aprende pela experiência? Há uma enorme diferença entre esses dois tipos de
pessoa. Maranata!
NOTAS
1
Randoph O. Yeager, The Renaissance New Testament, Bowling Green: Renaissance Press, 1978, vol.
3, p. 324.
2
John MacArthur, The New Testament Commentary: Matthew 24–28, Chicago: Moody Press, 1989, p.
72.
3
Ed Glasscock, Matthew: Moody Gospel Commentary, Chicago: Moody Press, 1997, p. 476.
4
Yeager, Renaissance, vol. 2, p. 326.
5
Walter Bauer, William F. Arndt e F. Wilbur Gingrich, A Greek-English Lexicon of the New Testament
and Other Early Christian Literature, terceira edição, revisada por Frederick W. Danker, Chicago:
University of Chicago Press, 2000, p. 1106, abreviado pela sigla BDAG.
6
Stanley D. Toussaint, Behold The King: A Study of Matthew, Portland: Multnomah Press, 1980, p.
280.
7
Daniel J. Harrington, Sacra Pagina: The Gospel of Matthew, Collegeville, MN: The Liturgical Press,
1991, p. 342.
8
BDAG, p. 1.019.
9
BDAG, p. 396.
10
A. Carr, Cambridge Greek Testament for Schools and Colleges. The Gospel According to St.
Matthew, Cambridge: The University Press, 1896, p. 273.
11
Alfred Plummer, An Exegetical Commentary on the Gospel According to S. Matthew, segunda
edição, Minneapolis: James Family, sem data de publicação, p. 340.
12
Robert Govett, The Prophecy on Olivet, Miami Springs, FL: Conley & Schoettle Publishing Co.,
(1881), 1985, p. 95.
13
Heinrich August Wilhelm Meyer, Critical and Exegetical Handbook to The Gospel of Matthew, 2
vols., Edimburgo: T. & T. Clark, 1879, vol. 2, p. 155.
14
Govett, Prophecy, p. 96.
15
BDAG, p. 1.106.
16
BDAG, p. 201.
Parte 34
Um Será Tomado
A ilustração usada nessa parábola é clara e direta em ambos os exemplos.
Haverá uma separação na qual uma pessoa será tirada e a outra será deixada
para trás. O contexto também deixa claro que um dos indivíduos é crente e o
outro não. A passagem descreve um nítido processo de separação. A questão
nessa passagem consiste em identificar quem será levado e quem será
deixado. Aqueles que defendem a concepção pré-tribulacionista têm
sustentado as duas interpretações nesta questão: Será que esse texto implica
que o crente será levado e o descrente será deixado para trás, ou é exatamente
o oposto, a saber, que o descrente será levado e o crente será deixado para
que entre no reino de Cristo? Creio que esta última interpretação é a correta.
O descrente é que será levado em juízo.
Em toda esta exposição de Mateus 24, tenho argumentado que o foco do
texto se concentra na Segunda Vinda de Cristo, ao passo que o
Arrebatamento da Igreja não é mencionado em nenhum lugar dessa
passagem. Em Mateus 24, o Senhor Jesus discorre sobre os acontecimentos
que precederão a Sua volta (i.e., os acontecimentos da Tribulação descritos
nos versículos 4-26) e faz uma revelação de Sua Segunda Vinda, para, então,
proferir parábolas que proporcionam uma vívida compreensão do que Ele
acabara de ensinar (v. 32-51). Em minha opinião, seria incoerente que Cristo
enunciasse parábolas sobre o Arrebatamento, quando não ensinou nada
acerca desse acontecimento na referida passagem.1
É fato que quando se der o Arrebatamento haverá uma separação entre
crentes e descrentes no exato momento em que formos arrebatados do planeta
Terra. Também é verdade que estarão dois juntos, quando um será tomado e
outro será deixado, contudo, o contexto de Mateus 24 demonstra que esse
capítulo não se refere ao Arrebatamento. Essas parábolas tratam daquilo que
Cristo ensinou em Mt 24.4-31.
“Tomado” para Juízo ou para Salvação
A palavra grega usada nos versículos 40 e 41 é paralambano, formada pela
raiz verbal lambano que significa “pegar”, “levar” ou “receber”, e pela
preposição para, cujo significado é “ao lado de”. Dessa forma, o significado
desse verbo composto é “associá-lo estreitamente consigo, tomar (para si),
levar consigo”.2 O único texto bíblico no qual pude constatar que essa palavra
foi usada em alusão ao Arrebatamento é o de João 14.3, onde Cristo começa
a revelar esse mistério ao dizer: “...voltarei e vos receberei para mim
mesmo...”. Uma vez que o verbo paralambano não é um termo técnico que
tem o mesmo sentido em todas as suas ocorrências no Novo Testamento, seu
significado deve ser determinado pela maneira na qual é usado em
determinado contexto, tal como acontece com toda palavra em qualquer
língua.
Alguns tentam argumentar que o termo “tomado” nessa passagem se refere
ao Arrebatamento pré-tribulacionista. Há uma pequena minoria de pré-
tribulacionistas que considera esses dois versículos como alusões ao
Arrebatamento.3 Por exemplo, David L. Cooper afirmou o seguinte: “A ideia
dominante é a de que aquele que é um filho de Deus será levado, ao passo
que aquele que nunca fez as pazes com o Senhor será deixado neste mundo
para passar pela Grande Tribulação”.4 Como Louis Barbieri assinalou: “O
Senhor não estava descrevendo o Arrebatamento, pois a remoção da Igreja
não será um juízo contra a mesma. Se esse texto se referisse ao
Arrebatamento, como alguns comentaristas afirmam, o Arrebatamento da
Igreja teria de ser pós-tribulacionista, pois o acontecimento referido ocorre
imediatamente antes da volta do Senhor Jesus em glória”.5
Há quem afirme que o termo paralambano só é usado em alusões
positivas. Porém, isso não se confirma. Essa palavra grega é usada para
descrever a ação dos soldados romanos, quando levaram Jesus embora do
Jardim do Getsêmani para o Pretório e, finalmente, O crucificaram (Mt 27.27;
Jo 19.16). Esse termo foi usado para descrever a atitude do Diabo ao levar
Jesus consigo para mostrar-Lhe todos os reinos do mundo (Mt 4.4,8). Esse
verbo também foi usado para retratar a ação de um demônio que, após ser
expulso de uma pessoa, retorna para a casa vazia, varrida e ornamentada de
onde saíra, e leva consigo outros sete espíritos (Mt 12.45; Lucas 11.26). Stan
Toussaint faz a seguinte análise dessa questão:
Será que esse texto é uma descrição do Arrebatamento da Igreja ou descreve a
ação de levar os ímpios para o juízo? Aqueles que adotam a primeira concepção
alegam que o verbo “levar” (do gr. Paralambano), aqui usado, precisa ser
diferenciado do verbo “levar” (do gr. airo), que ocorre no versículo trinta e nove.
Assevera-se que paralambano significa o ato no qual Cristo recebe para Si aqueles
que Lhe pertencem. Contudo, o verbo paralambano também é usado num mau
sentido (cf. Mateus 4.5,8; João 19.16). Uma vez que o termo usado nessa passagem
está numa relação de paralelismo conceitual com aqueles que foram levados no
juízo do Dilúvio, é melhor que esse verbo seja entendido em referência àqueles que
serão levados no juízo que antecederá o estabelecimento do reino. A diferença no
sentido dos verbos pode ser esclarecida pela exatidão da descrição. A frase “Veio o
dilúvio e os arrastou a todos” é uma boa tradução.6
A consideração do contexto
Em minha opinião, a razão mais forte para se interpretar a separação
retratada nessa passagem como uma referência àqueles que serão levados em
juízo é o próprio contexto. Parece que os versículos 40-41 ilustram o assunto
que foi antes exposto nos versículos 36-39, a saber, que nos dias de Noé, as
pessoas que não estavam preparadas foram levadas em juízo, pelo Dilúvio. O
final do versículo 39 diz: “...assim será também a vinda do Filho do
Homem”. Fica claro que a ênfase desse versículo está nos descrentes sendo
levados no juízo do Dilúvio. Assim, os versículos 40-41 comprovam essa
interpretação, apresentando dois exemplos da futura separação que
acontecerá naquele período de juízo. Arno Gaebelein salienta o seguinte:
Nos dias de Noé, havia duas classes de pessoas. Uma formada por aqueles que não
criam, os quais foram devastados pelo juízo divino. Outra formada por Noé e sua
família. Noé e os seus foram poupados da destruição imposta pelo juízo e deixados
neste mundo. Isso novamente acontecerá na vinda do Filho do Homem. Os
descrentes serão levados no dia do juízo e da ira; os outros serão deixados na terra
para receberem e desfrutarem as bênçãos da era vindoura, ao entrarem no reino que
então será estabelecido.7
Vigiai
Na sequência imediata dos versículos que afirmam: “um(a) será tomado(a)
e deixado(a) o(a) outro(a)”, Jesus leva à conclusão de que é preciso estar de
prontidão para a Sua vinda. Esse versículo 42 forma uma articulação que liga
o contexto anterior, na sua ênfase à prontidão, ao contexto seguinte que
enfatiza a vigilância à luz daquele dia que há de chegar. James Gray comenta
o seguinte: “Essa é a principal exortação de uma seção de parábolas que se
intercala. É a conclusão da parábola anterior (indicada pela conjunção
‘portanto’) e constitui um estímulo ou ponte de acesso para as parábolas que
ilustram a necessidade de tal vigilância”.1
O verbo grego gregoreo é traduzido por “vigiar” nessa passagem e é usado
22 vezes no Novo Testamento Grego. Em algumas passagens, esse verbo
comunica a ideia de “ficar atento, ser vigilante”.2 A palavra é usada no apelo
que Cristo faz aos Seus discípulos sonolentos quando foi orar no Jardim do
Getsêmani, pouco antes de Sua crucificação (Mt 26.38,40,41; Marcos
14.34,37,38). Também é usada nesse mesmo sentido no próximo versículo
desse capítulo (Mt 24.43). Entretanto, a maioria de seus usos no Novo
Testamento comunica a sutil diferença de “estar em constante prontidão” e
“ficar em estado de alerta”,3 que é o modo pelo qual é usada aqui em Mateus
24.42. John MacArthur salienta que “o termo ‘vigiai’ é a tradução de um
verbo no presente do imperativo, o que assinala uma conclamação para
manter-se em contínua expectativa”.4
Arrebatamento ou Segunda Vinda?
Alguns intérpretes alegam que se alguém é advertido nesse texto para ficar
de prontidão, isso implica que essa passagem e seu contexto imediato não se
referem à Segunda Vinda, mas, sim, ao Arrebatamento. Dave Hunt declara o
seguinte:
Quando Cristo diz, “...assim como foi nos dias de Noé [...] o mesmo aconteceu nos
dias de Ló”, fica absolutamente claro que Ele não descrevia as condições que vão
predominar na época da volta de Cristo. Nesse caso, essas só podem ser as
condições que devem prevalecer imediatamente antes do Arrebatamento, numa
ocasião diferente, e, obviamente, antes da devastação que se dará no período da
Tribulação.5
Não há a menor dúvida de que eu creio piamente no Arrebatamento pré-
tribulacionista, mas não creio que isso era o que Cristo tinha em mente nessa
passagem.
Defendo a concepção de que mesmo que alguém passe pelos graves
acontecimentos da Tribulação, as Escrituras Sagradas mostram que os
descrentes não estarão de prontidão para a volta de Cristo, por causa de
insensibilidade para com as coisas de Deus. Considere outras duas passagens
importantes que fazem uso da palavra grega traduzida por “vigiar”: Em
primeiro lugar, verifique em 1 Tessalonicenses 5 o ensino de Paulo acerca do
modo pelo qual os crentes e os descrentes estão relacionados com o período
da Tribulação ainda por vir. O apóstolo Paulo menciona que os descrentes
nessa época buscarão paz e segurança, mas “...eis que lhes sobrevirá
repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz;
e de nenhum modo escaparão” (1 Ts 5.3). Em contrapartida, sobre os crentes
Paulo diz: “Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse Dia como
ladrão vos apanhe de surpresa” (1 Ts 5.4). A explicação que o apóstolo dá
sobre a razão pela qual os crentes não serão pegos de surpresa é: “porquanto
vós todos sois filhos da luz e filhos do dia...”(1 Ts 5.5). Na sequência de seu
raciocínio até este ponto, Paulo conclui: “Assim, pois, não durmamos como
os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios” (1Ts 5.6). Neste texto
ocorre o mesmo termo usado pelo Senhor Jesus em Mateus 24, o qual é
empregado por Paulo em sentido semelhante para denotar constante
prontidão ou vigilância em relação ao “Dia do Senhor”, pois somos “filhos
do dia”. A questão é que os descrentes (os filhos das trevas) estão
adormecidos e não estão vigilantes para as coisas de Deus. Eles serão pegos
desprevenidos porque são descrentes. Sua incredulidade é a causa de seu
despreparo.
O segundo uso significativo do termo “vigiar” se encontra no texto de
Apocalipse 16.15, que diz: “(Eis que venho como vem o ladrão. Bem-
aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu,
e não se veja a sua vergonha.)”. Essa frase é traduzida como uma declaração
parentética intercalada no final da descrição do juízo da sexta taça da cólera
de Deus. É incongruente a lógica daqueles que dizem que a expressão “vem
como ladrão” não é evidência de que os descrentes serão pegos de surpresa.
Até esse momento referido em Apocalipse, já terão ocorrido 18 dos 19 juízos
mais dramáticos do período da Tribulação e a terra estará prestes as ser
destruída junto com mais da metade população mundial. No entanto, o texto
adverte para estar vigilante; sim, porque os descrentes nunca estão atentos ao
que Deus está fazendo. Essa é a questão! O ponto em questão não é se o
mundo estará vivendo um momento de transtorno, mas, sim, se alguém dará
ouvidos à Palavra de Deus e estará apercebido. Nesse tempo, os crentes
estarão em alerta, ao passo que os descrentes, como de costume, não estarão
vigilantes.
O remanescente judeu
O significado dessa parábola é claro e inteligível. Os crentes estarão de
vigia, por entenderem que um ladrão está para chegar durante aquele tempo.
Dessa forma, eles estarão de prontidão e vigilantes. Cristo apresenta o clímax
da parábola no versículo 44, quando diz: “Por isso (tal como afirmara nos
dois versículos anteriores), ficai também vós apercebidos...”. A quem se
refere o pronome “vós”? Eu creio que se refira ao remanescente judeu. Ao
longo de todo o Discurso do Monte das Oliveiras Jesus utiliza o pronome
“vós” em referência ao povo judeu. Uma vez que Ele faz clara alusão aos
crentes no versículo 44, já que só os crentes estarão vigilantes, conclui-se que
essa passagem se refere de modo específico ao remanescente judeu crente
que passará pela Tribulação. Arno Gaebelein declara o seguinte: “Essa
palavra de alerta será entendida e atendida pelo remanescente judeu ao qual
foi dirigida. Eles devem estar vigilantes para a vinda do Filho do Homem;
ao passo que a Igreja deve esperar o seu Senhor”.6
Israel não estava apercebido e vigilante quando Cristo veio pela primeira
vez; contudo, o remanescente judeu estará apercebido e vigilante quando
Jesus voltar. O fato de que Jesus tinha em mente o remanescente judeu ao
dizer essas palavras, ganha mais credibilidade pela constatação de que todas
as parábolas proferidas por Cristo dizem respeito a Israel e à atitude do povo
judeu para com o Messias. John McArthur comenta o seguinte: “Nesse
contexto, estar apercebido parece se referir primordialmente a ser salvo, no
sentido de estar espiritualmente preparado para se encontrar com Cristo como
Senhor e Rei, não como Juiz”.7 Assim, o Senhor Jesus comunica ao povo de
Israel que eles precisam estar apercebidos ou vigilantes para a Sua volta, seja
esta quando for. A pessoa passa a estar pronta e apercebida a partir do
momento que confia em Jesus Cristo como seu Messias. Stanley Toussaint
conclui: “O ensino está evidente. Quando o dono da casa já sabe de modo
geral a hora em que o ladrão está para chegar, fica apercebido e devidamente
preparado. ‘Por isso’, os crentes do período da Tribulação devem estar
vigilantes. Os sinais do fim possibilitarão que esses crentes saibam, de modo
geral, em que ‘vigília’ o Filho do Homem deve voltar”.8
As parábolas proferidas nessa sessão de Mateus 24 preparam o caminho
para os ensinamentos contidos nas parábolas de Mateus 25. Randolph Yeager
resumiu essa sessão nos seguintes termos:
A passagem toda, desde o versículo 36, mostra no seu contexto que: 1) Quando
Jesus esteve neste mundo ninguém sabia a data do Seu segundo advento, senão o
Pai; 2) os dias de Noé foram semelhantes ao que serão os últimos dias; 3) na época
de Noé os perdidos não sabiam quando ocorreria o Dilúvio; 4) os salvos (Noé e sua
família), por conseguinte, já sabiam o momento em que se daria o Dilúvio, no
mínimo com sete dias de antecedência; 5) assim que o Senhor voltar, Ele fará
separação entre os santos e os pecadores perdidos; 6) devemos estar atentos aos
sinais dos tempos que nos proporcionarão indícios de quando Ele voltará, 7) visto
que no presente momento ainda não temos tal informação.9
Maranata!
NOTAS
1
James R. Gray, Prophecy on The Mount: A Dispensational Study of the Olivet Discourse, Chandler,
AZ: Berean Advocate Ministries, 1991, p. 101.
2
Walter Bauer, William F. Arndt e F. Wilbur Gingrich, A Greek-English Lexicon of the New Testament
and Other Early Christian Literature, terceira edição, revisada por Frederick W. Danker, Chicago:
University of Chicago Press, 2000, p. 209, doravante identificado pela sigla BDAG.
3
BDAG, p. 209.
4
John MacArthur, Matthew 24–28, The MacArthur New Testament Commentary, Chicago: Moody,
1989, p. 75.
5
Dave Hunt, How Close Are We? Compelling Evidence for the Soon Return of Christ, Eugene, OR:
Harvest House, 1993, p. 210-11.
6
Arno C. Gaebelein, The Gospel of Matthew: An Exposition, Neptune, NJ: Loizeaux Brothers, (1910),
1961, p. 516, grifo do autor original.
7
MacArthur, Matthew 24-28, p. 77.
8
Stanley D. Toussaint, Behold The King: A Study of Matthew, Portland: Multnomah Press, 1980, p.
282.
9
Randolph O. Yeager, The Renaissance New Testament, 18 vols., Bowling Green, KY: Renaissance
Press, 1978, vol. 3, p. 335.
Parte 36
NOTAS
1
Stanley D. Toussaint, Behold The King: A Study of Matthew, Portland: Multnomah Press, 1980, p.
283.
2
J. Dwight Pentecost, The Words and Works of Jesus Christ: A Study of the Life of Christ, Grand
Rapids: Zondervan, 1981, p. 407.
3
J. Dwight Pentecost, The Parables of Jesus, Grand Rapids: Zondervan, 1982, p. 154.
4
Charles C. Ryrie, Basic Theology: A Popular Systematic Guide To Understanding Biblical Truth,
Wheaton: Victor Books, 1986, p. 480.
5
Randolph O. Yeager, The Renaissance New Testament, Bowling Green: Renaissance Press, 1978,
vol. 3, p. 345.
6
John F. Walvoord, The Rapture Question, Revised and Enlarged Edition, Grand Rapids: Zondervan,
1979, (1957), p. 104.
7
Walvoord, The Rapture Question, p. 104.
Parte 38
A Volta Gloriosa de
Cristo e o Julgamento