TESE DR José Roberto Soares Ribeiro DEP UFSCAR 2018 Final Entregue-Conv PDF
TESE DR José Roberto Soares Ribeiro DEP UFSCAR 2018 Final Entregue-Conv PDF
TESE DR José Roberto Soares Ribeiro DEP UFSCAR 2018 Final Entregue-Conv PDF
SÃO CARLOS-SP
2018
1
SÃO CARLOS-SP
2018
2
3
AGRADECIMENTOS
RESUMO
O objetivo geral desta tese de doutorado foi verificar se o ambiente pode ser considerado na
Estratégia de Operações (EO) como uma nova prioridade competitiva das Operações,
conjuntamente com Custo, Entrega, Flexibilidade e Qualidade. Para isto analisou-se como a
Gestão Ambiental (GA) e a EO se relacionam em empresas industriais certificadas ISO-14001.
Os dados foram levantados através de pesquisa bibliográfica, entrevistas semiestruturadas,
observações sistemáticas e consulta documental. Tratou-se de uma pesquisa com abordagem
qualitativa utilizando a técnica de estudo de caso nas empresas Natura Cosméticos S/A, Tilibra
Produtos de Papelaria Ltda. e Empresas X e Y. Os resultados apontaram que o ambiente pode
ser considerado na EO uma nova prioridade competitiva das Operações, desta forma
constituindo em fator de diferenciação competitiva, porém em conjunção com a Inovação e a
Sustentabilidade (Triple Bottom Line). A GA, por sua vez, constitui-se em uma área de decisão
infra estrutural da EO, podendo embasar as Estratégias Competitivas de Diferenciação ou de
Baixo Custo. Ou seja, a empresa poderá trabalhar o ambiente como um fator de diferenciação
competitiva ou somente de qualificação junto ao mercado consumidor, podendo extrapolar o
objetivo de atender a legislação ou diretrizes corporativas. De qualquer forma, o ambiente
poderá estar na Missão, Visão e Valores da empresa e na sua EO, tendo potencial para a
diferenciação competitiva, para alavancar a empresa em seu mercado, e também para a redução
de custos através de projetos de melhoria contínua envolvendo consumos de insumos, tais como
água e energia.
ABSTRACT
The aim of this doctoral thesis was to verify if the environment could be considered in the
Operations Strategy (OS) as a new competitive priority of the Operations, together with Cost,
Delivery, Flexibility and Quality. For this, it was analyzed how the Environmental Management
(EM) and the OS are related in ISO-14001 certified industrial companies. Data were collected
through bibliographic research, semi-structured interviews, systematic observations and
documentary consultation. It was a research with a qualitative approach using the case study
technique in the companies Natura Cosméticos S/A, Tilibra Produtos de Papelaria Ltda. and
companies X and Y. The results pointed out that the environment can be considered in the OS a
new competitive priority of Operations, thus constituting a factor of competitive differentiation,
but in conjunction with Innovation and Sustainability or Triple Bottom Line. EM, on the other
hand, constitutes an infra-structural decision area of the OS, being able to base the Competitive
Strategies (CS) of differentiation or of low cost. That is, the company can work the environment
as a factor of competitive differentiation or only of qualification next to the consumer market,
being able to extrapolate the objective of complying with the legislation or corporate guidelines.
In any case, the environment may be in the Mission, Vision and Values of the company and its
OS, having the potential for competitive differentiation, for to leverage of the company in your
market, also for to reduce cost through continuous improvement projects involving
consumptions of imputs, such water and energy.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
PA - Produto Acabado
PCP - Planejamento e Controle da Produção
PPM - Partes por Milhão
P&D - Pesquisa & Desenvolvimento
Q - Qualidade
QA - Questão Ambiental
QE - Questão Ecológica
QFD – Quality Function Deployment
RCC - Recurso, Competência e Capacidade
RL – Reverse Logistic
ROE - Return On Environmental
ROI - Return On Investment
RSE - Responsabilidade Social Empresarial
RSC – Responsabilidade Social Corporativa
RVO - Rede de Valor de Operações
SBDB – Sócio Biodiversidade Brasileira
SC - Supply Chain
SAP - System Analysis and Program Development – Sigla de empresa fabricante de softwares
de gestão integrada (ERP)
SGA (EMS) - Sistema de Gestão Ambiental
SGADA – Sistema de Gestão e Avaliação de Desempenho Ambiental
SHE - Safeting, Health, Environment
SIG - Sistema Integrado de Gestão
SKU - Stock Keeping Unit
SOP - Standard Operation Procedure
SRS – Socially Responsible Supply - Aquisição Socialmente Responsável
TBL - Triple Bottom Line
TCA – Total Cost Annalise
TPM (MPT) - Total Productive Maintenance (Manutenção Produtiva Total)
TQEM – Total Quality and Environmental Management
TQM - Total Quality Management
UNCED - United Nations Conference on Environment and Development
VCP – Votorantin Papel e Celulose
WWF - World Wildlife Fund
WCM – World-Class Manufacturing
13
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 19
1.1 Problema de pesquisa....................................................................................................... 22
1.2 Objetivos ........................................................................................................................... 25
1.2.1 Objetivos específicos ................................................................................................... 25
1.3 Justificativa - Pertinência do tema-problema ................................................................ 26
1.4 Proposições ........................................................................................................................ 26
1.5 Metodologia....................................................................................................................... 27
1.5.1 Sobre a abordagem ..................................................................................................... 28
1.5.3 Sobre o método de pesquisa ....................................................................................... 29
1.5.4 Empresas pesquisadas nos estudos de caso ............................................................... 29
1.5.5 Técnicas de levantamento de dados ........................................................................... 31
1.6 Estrutura deste Relatório de Tese................................................................................... 32
1. INTRODUÇÃO
Esta tese de doutorado teve como motivação a discussão da Gestão Ambiental (GA) e
da Estratégia de Operações (EO). Tratou-se de uma pesquisa teórico-prática tratando do
relacionamento entre estes dois temas - EO e GA.
Quanto ao primeiro tema, EO, existem diversas pressões, com intensidades e origens
diferentes, às quais estão sujeitas as Operações da empresa e que precisam ser atendidas, de
forma a alinhar-se, junto com outras áreas, à Estratégia Competitiva (EC). Independente de qual
seja esta EC, até o final da década de 1960, as Operações somente tinham como modus operandi
teórico e prático a busca de redução de custo e aumento de produtividade. Somente a partir da
contribuição teórica de Skinner (1969), surgiu o conceito de EO, derivando para as Operações
outros objetivos de desempenho, por vezes conflitantes com o tradicional, e que são
considerados atualmente como sendo tradicionais, os quais são principalmente: Custo, Entrega,
Flexibilidade e Qualidade. Com o desenvolvimento da teoria de EO, esses objetivos passaram
a compô-la, tendo esta teoria iniciado há cinquenta anos, em um modelo hoje considerado
clássico de Prioridades Competitivas e Áreas de Decisão.
Quanto ao segundo tema, da GA, o tratamento e resolução das questões ambientais tem
sido colocado também desde a década de 1970, como devendo estar na ordem do dia dos
agentes sociais em nível global, nacional e regional. Dentre estes agentes sociais, destacam-se
particularmente as empresas industriais, pela sua importância não só econômica, mas também,
o que passou a ser notado, que é a “produção” não só de seus produtos (saída desejável), mas
também suas saídas indesejáveis ou não planejadas, que são os impactos ambientais negativos
da produção industrial praticada nas fábricas.
Quanto à GA em nível teórico, parece haver um consenso de que o tratamento da questão
ambiental deva fazer parte da Estratégia Competitiva, havendo evidências de que isto estaria
ocorrendo em algumas empresas. Independente disso, parece haver um consenso dos
pesquisadores do tema, de que a EO compreende um desdobramento da EC, e de que a teoria
de EO não sofreu alterações no sentido de incorporar o ambiente como prioridade competitiva.
Desta forma, fica caracterizada a questão relativa a se deveria (ou poderia) ser feita esta
incorporação do ambiente na EO.
Com relação ao estudo dessa Estratégia de Operações, quanto ao seu relacionamento
com a Estratégia Competitiva, há dois modelos principais ou fundamentais desenvolvidos na
literatura e em uso pelos pesquisadores deste tema: um primeiro modelo, do tipo top-down, que
será utilizado e aplicado nesta tese de doutorado, composto de Prioridades Competitivas e Áreas
20
autores que se trata do “desafio final do processo de construção de uma estratégia”, salientando
que para estar apta a “responder rapidamente aos rumos da estratégia”, a corporação “precisa
estar alinhada.” (CARVALHO; LAURINDO, 2010, p.72, 73).
Não poderia deixar de ser mencionada, neste sentido, essa ausência do ambiente
enquanto prioridade competitiva também nas obras de Nigel Slack, de Administração da
Produção, amplamente utilizadas e citadas pelos acadêmicos das áreas de Produção e
Operações e de Engenharia de Produção. Da mesma forma, em sua obra específica sobre EO,
Slack e Lewis (2011, p.16) citam os cinco objetivos de desempenho das Operações “que tem
significado para qualquer tipo de operação”, sendo os quatro objetivos tradicionais, mas com a
Entrega desdobrada em Rapidez e Confiabilidade. Por outro lado, Slack, Chambers e Johnston
(2002, p.698) colocam que “muitas empresas de maneira geral já começam a reconhecer suas
responsabilidades ambientais, em resposta às pressões de legisladores, reguladores,
consumidores e da comunidade local”. Além disso, colocam esses autores que, quanto à
administração ambiental, “já é claramente aceito que tem impacto estratégico em qualquer
negócio, tanto em termos de riscos ambientais e de reputação, bem como para identificar
oportunidades para eliminação de custos” (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002, p. 703,
grifo nosso).
Diante disso, pode-se questionar: deveria ser incluído ou não o ambiente na EO? O
ambiente deveria constituir-se em mais uma das prioridades competitivas ou objetivos de
desempenho das operações?
Por um lado, autores indicam que há uma crescente demanda dirigida para as empresas,
no sentido de adoção de adequada gestão e redução de impactos ambientais (LUCATO et al.,
2012). Por outro lado, apesar das pressões de partes interessadas (ONGs, reguladores do
governo e comunidades ativas) ter levado à adoção de certo nível de comprometimento com a
sustentabilidade por parte de muitas empresas, alguns compromissos são superficiais e outras
empresas ainda são hesitantes em comprometer-se, pois não são obrigadas a fazê-lo por lei. O
traço comum é que as empresas não têm um padrão para avaliar iniciativas de sustentabilidade
do negócio (HASSINI; SURTI; SEARCY, 2012).
Diante do exposto, se houve um avanço no tratamento da Gestão Ambiental no âmbito
da empresa como coloca Lucato et al. (2012), a teoria de EO não deveria incorporar este
avanço? Como essa teoria permanece a mesma neste aspecto, não tratando da interferência
das demandas ambientais na EO, tem-se aqui uma das questões desta tese de doutorado, a qual
analisando esta interferência poderá, se for o caso, realizar uma importante atualização na teoria
de EO.
22
Estratégia Corporativa
EO GA EO GA GA EO
EO GA
(a) (b) (c) (d)
Fonte: Elaborado pelo autor.
citadas? Neste sentido, sob esta ótica, esta tese pode trazer um avanço e refinamento da teoria
de EO.
Assim, o problema de pesquisa dessa tese de doutorado envolveu a questão da relação
entre estes dois constructos, EO e GA, no âmbito de empresas industriais certificadas ISO-
14001, tendo em vista sua EC. Desta forma, as questões de pesquisa podem ser colocadas da
seguinte forma:
a) Como podem ser caracterizadas e quais são as relações entre EC, EO e GA da empresa,
considerando sua Gestão de Operações?
b) Quais são os impactos estratégicos para a empresa, da consideração da variável
ambiente? Como esta variável, sendo considerada na EC da empresa, pode ser
materializada ou operacionalizada nas prioridades competitivas e áreas de decisão
estruturais e infra estruturais da sua EO?
c) O ambiente pode ser considerado uma nova prioridade competitiva das Operações –
juntamente com as tradicionais Custo, Entrega, Flexibilidade e Qualidade? Qual o
papel e impacto para a EO, das práticas de GA que vêm sendo implementada na
empresa?
A questão central desta tese (ambiente ser incorporado na EO junto com as outras
prioridades competitivas citadas consensualmente na literatura - Custo, Entrega, Flexibilidade
e Qualidade?) difere da questão do alinhamento vertical que deve ocorrer conforme Figura 1,
significando tratar de forma coerente as variáveis de gestão de acordo com a EC da organização,
seja ela qual for. Neste sentido, constitui uma das questões que compõe o problema de pesquisa
desta tese: se a EC for direcionada para Baixo Custo, o tratamento do ambiente e da GA será
diferente daquele que ocorre se a EC for direcionada para a Diferenciação (considerando Porter,
1991)? Em decorrência, tem-se uma das proposições desta tese respondendo afirmativamente
a esta questão.
Os dois temas, EO e GA, e sua relação, são importantes e há uma lacuna entre eles, na
teoria e na prática, a qual se constituiu no trabalho desenvolvido nesta tese de doutorado.
1.2 Objetivos
1
Ambiente é entendido enquanto variável, fator, dimensão ou indicador de desempenho ambiental, de tratamento
da questão ambiental ou das demandas ambientais por parte da empresa.
26
1.4 Proposições
c) P3 - Para essas empresas, o tratamento da questão ambiental faz parte de sua Estratégia
Competitiva enquanto fator de diferenciação;
f) P6 – Para empresas que adotam a EC de Menor Custo (Porter, 1991), o ambiente pode
ainda compor as prioridades competitivas das Operações, como elemento qualificador
junto aos clientes/mercado, podendo, além disso, sua GA contribuir para a redução de
custos.
1.5 Metodologia
Este tópico traz o detalhamento das escolhas metodológicas feitas para formatar a
pesquisa em pauta. O Quadro 1 traz um resumo das escolhas metodológicas, incluindo a
abordagem com o tipo de pesquisa realizada, onde se destacam: seu caráter qualitativo, o
método de pesquisa que foi o Estudo de Caso envolvendo quatro empresas industriais
certificadas ISO-14001 e líderes nos mercados em que atuam (Natura Cosméticos S/A, Tilibra
Produtos de Papelaria, Empresa X e Empresa Y), e finalizando com o detalhamento dos
instrumentos de coleta de dados.
28
No caso desta tese, pretendeu-se que a pesquisa estivesse aberta a captar elementos da
realidade não fornecidos diretamente pelas teorias e constructos obtidos das mesmas. Esta
abertura ao novo, com característica de não estruturação, pede uma abordagem qualitativa.
29
Assim, pode-se colocar que a pesquisa foi qualitativa devido à ênfase que se deu na
perspectiva do indivíduo ou do grupo social estudado, bem como teve as outras características
desta abordagem, conforme colocam as citações seguintes, sendo isso o que se pretendeu
realizar na pesquisa em pauta:
A preocupação é obter informações sobre a perspectiva dos indivíduos, bem como
interpretar o ambiente em que a problemática acontece. Isso implica que o ambiente
Natural dos indivíduos é o ambiente de pesquisa. Na engenharia de produção, significa
o pesquisador visitar a organização pesquisada fazendo observações e, sempre que
possível, coletando evidências ... Por indivíduos, aqui, entende-se desde trabalhadores
até diretores e outros profissionais que não são empregados da organização, como
fornecedores, por exemplo (MARTINS, 2010, p.52).
Além disso, foi considerada relevante “a realidade subjetiva dos indivíduos envolvidos
na pesquisa”, a qual poderá “interferir ... no desenvolvimento da pesquisa, na construção de
uma realidade objetiva, um dos marcos da ciência” (MARTINS, 2010, p.52).
O método utilizado na pesquisa foi o “Estudo de Caso”, o qual pode ser utilizado para
diferentes tipos de fins de pesquisa, tais como exploração, construção de teoria, teste de teoria
e extensão/refinamento de teoria (VOSS; TSIKRIKTSIS; FROHLICH, 2002).
Nesta tese de doutorado, o estudo de caso foi utilizado visando principalmente
extensão/refinamento de teoria e adicionalmente um certo nível de exploração e construção de
teoria.
O método do Estudo de Caso se adequou à pesquisa porque se relaciona com a
abordagem qualitativa. Com relação aos temas estudados, há certo nível de incerteza quanto
aos constructos, o que se coaduna com este método de pesquisa.
Quanto à contrução de teoria, Voss, Tsikriktsis e Frohlich (2002) afirmam que se trata
de uma área específica onde os casos são fortes. Pretende-se com esta pesquisa a obtenção de
uma grande e rica quantidade de dados primários, o que também se coaduna com o método do
estudo de caso.
b) Ter liderança significativa junto ao seu mercado, com reconhecimento e certificações na área
ambiental (ISO-14000), e que declare tratar da questão ambiental em suas políticas, no seu
planejamento estratégico ou contemplando-a na sua estrutura organizacional e de gestão;
a ser seguidos por outras empresas do mesmo ramo ou de forma mais geral, sugerindo novos
paradigmas para a EC, EO e Gestão de Operações, como ocorreu com a Toyota e os estudos
acerca do Just In Time e Lean Production no passado. Desta forma, terá uma posição, relativa
às demais, de vanguarda quanto ao tratamento da questão ambiental, estando posicionada à
frente, destacando-se das demais ao colocar o ambiente em sua EC e na sua EO como prioridade
competitiva. Enquanto isso, a maioria das empresas estaria em posição inferior quanto à este
tratamento do ambiente, podendo haver empresas atuando até abaixo da média com pouco ou
nenhuma preocupação com o ambiente ou com a questão ambiental.
b) Para os dados da prática das empresas, múltiplas fontes de evidência: consulta documental,
observações sistemáticas e entrevista semiestruturada, a partir de um roteiro ou guia básico
como premissa - o qual se encontra desenvolvido e detalhado nos tópicos 2.10 e 2.11.
a) A entrevista semiestruturada foi utilizada devido ao fato de que, uma parte das questões
pesquisadas foram formuladas de antemão com base na teoria, caracterizando a parte
estruturada da entrevista e outra parte não foi pré-desenvolvida, caracterizando a sua parte
não estruturada. Foram entrevistados, em entrevistas de profundidade, executivos-chave da
hierarquia ou staff gerencial da empresa nos setores de Operações e de Meio Ambiente, tais
como diretor industrial, gerente ou gestor de setor. Desta forma, na empresa Natura
Cosméticos S/A foram entrevistados a Diretora Industrial e o Gerente de Meio Ambiente; na
empresa Tilibra Produtos de Papelaria foram entrevistados o Diretor Industrial e a
Supervisora de Meio Ambiente; na Empresa X os Gerentes Corporativos de Sustentabilidade
e de Qualidade; e na Empresa Y o Diretor de Marketing e o Gerente de Produção.
32
c) As observações sistemáticas foram realizadas junto ao chão de fábrica das empresas, através
de visitas permitidas pela direção, para conhecer os detalhes dos processos produtivos, bem
como todo o possível que estivesse relacionado com as questões de pesquisa.
Esta seção traz conteúdos teóricos relativos à Estratégia Competitiva (EC) e à Estratégia de
Operações (EO), inicialndo com uma definição de estratégia colocada pelo autor pioneiro na criação do
conceito de EO.
Estratégia é um conjunto de planos e políticas pelos quais uma empresa pretende obter
vantagens sobre seus concorrentes. Geralmente uma estratégia inclui planos para
produtos e a comercialização desses produtos para um conjunto específico de clientes
... A empresa deve ter uma vantagem, um apelo particular, um empurrão ou um puxar
especial criado por seus produtos, canais de distribuição, propaganda, preço,
embalagem, disponibilidade, garantias ou outros fatores.(SKINNER, 1969, p. 136)
Segundo Porter (1991) – ver Figura 3 - são possíveis três estratégias competitivas das
empresas para enfrentar as cinco forças competitivas presentes em uma determinada indústria:
Liderança de Custo, Liderança de Diferenciação em mercado amplo, e Enfoque em mercado
restrito, com baixo custo ou diferenciação.
34
qual envolve redução da variedade, linha de produtos restrita, controles rígidos e centralizados
e obtenção de economia de escala. Atualmente, “os princípios de excelência operacional de
Ford são aplicados em indústrias tão diversas como varejo, corretagem, transportes, cartões de
crédito e, é claro, fabricação”. (TREACY; WIERSEMA, 1995, p. 65, 67, 69)
Um exemplo de empresas que adotam a excelência operacional são as fábricas de
commodities na área química - fábrica de sulfato de alumínio, de barrida, de cloro – que
produzem poucos produtos em grande escala, em grande volume, e que são vendidos a preços
muito baixos. Estas empresas ganham dinheiro na escala de produção e para isso desenvolvem
uma excelência operacional na manufatura. Saliente-se também que a excelência operacional
pode não ser focada só na fabricação, pois pode ocorrer nas atividades de administração ou de
vendas, pois estas também tem um processo ou ciclo no qual a empresa tem que ter excelência
na operação.
A disciplina da Liderança de Produto significa criar “um fluxo estável de produtos fora
do comum”, trabalhando com determinação criativa e persistência para “transformar invenções
em produtos”, com “capacidade e determinação para fazer produtos reconhecidos como
superiores pelos clientes”, os quais “prestam benefícios reais e apresentam melhor
desempenho”. Para isto apoiam-se na tecnologia e “criam estruturas organizacionais flexíveis
e processos robustos”, além de se estruturarem “para permitir que os recursos se movam na
direção das oportunidades mais promissoras, durante o desenvolvimento e no resultante ciclo
de vida do produto no mercado. ((TREACY; WIERSEMA, 1995, p.104-106, 113).
A Liderança de Produto trabalha com o desenvolvimento de produtos e tecnologias
novas que colocam no mercado rapidamente. Alguns exemplos são as empresas de telefone
celular, indústria eletrônica, farmacêuticas de ponta etc., as quais desenvolvem, produzem e
colocam constantemente no mercado produtos novos. São empresas líderes em seus mercado,
como a 3M que é um exemplo de empresa que tem forte liderança no desenvolvimento de
produto.
A disciplina da intimidade com o cliente é praticada por empresas inigualáveis, parceiras
de seu clientes, que oferecem valor não necessariamente em preços ou produtos com as
inovações mais recentes, mas através de conhecimento profundo do negócio e dos processos do
cliente, oferecendo “uma gama única de serviços superiores sob medida”, a melhor solução
total ou resultado global “sem igual no mercado”, atendendo “uma gama muito ampla de
necessidades” incomuns dos clientes. Elas oferecem um “nível extraordinário de atendimento,
orientação, conhecimento técnico e auxílio” inigualáveis, entregue “através de um modelo
operacional completamente sintonizado para esse fim”. Elas personalizam seus produtos e
36
serviços, ensinam como usá-los de forma eficaz, e tornam-se peritas em criar soluções e atingir
resultados ótimos, chegando a ajudar “a reformular os processos dos clientes que envolvem o
uso de seus produtos” e até propor correções em processos gerenciais dos clientes. Elas
descobrem “outros componentes da melhor solução total”, tais como “disposição para assumir
responsabilidades pelo alcance de resultados”, chegando a “assumir total responsabilidade por
uma operação e por um resultado garantido”. Desta forma, satisfazem “necessidades incomuns,
da educação ao auxílio direto, para que os gerentes possam obter o máximo de seus produtos”,
ajudando na melhora de seu desempenho com uma “solução sob medida que se estende ao
marketing”, com “alternativas ao desenho de embalagens, ao merchandising, à promoção” e a
aspectos da produção.” Para isso combinam auxílio no uso do produto com conselhos sobre a
transformação dos processos subjacentes e responsabilidade pelos resultados. Estas empresas
íntimas de seus clientes trabalham com “um modelo operacional baseado em princípios” tais
como ser movidas pelos clientes, ser pró-ativa, orientada para mudanças, com seu foco em
desenvolver conhecimento superior da aplicação de seus produtos, e medindo seu sucesso pelo
sucesso do cliente. A solução total sob medida é coordenada por uma equipe de ponta e
entregue com eficiência através de peritos selecionados, tendo uma força de vendas e
atendimento “mais bem treinada que o mundo jamais viu.” A empresa e sua empresa cliente
“obtém valor do relacionamento resultante” e o resultado é que “os clientes ficam
maravilhados”. (TREACY; WIERSEMA, 1995, p. 147-152)
A intimidade com o Cliente significa a empresa fornecedora conhecer muito bem o
processo produtivo da empresa cliente, de forma a poder ser seu consultor com condições de
propor soluções que nem sempre passam pela venda do produto da empresa, de forma a se
constituir em um consultor confiável.
As empresas estão sendo convocadas por Michael Porter a melhorar o planeta utilizando
a lógica capitalista do lucro e mudando o modo de competir. No Fórum Econômico Mundial
de 2011, Michael Porter agitou o mercado de gestão empresarial em Davos, com uma nova
sigla – CVC - que substituiria a Responsabilidade Social Empresarial (RSE)2
2
Entrevista concedida por Michael Porter a José Salibi Neto, publicada em HSM Management. N. 88. Set-Out
2011. p.42-48.
37
Falar em fazer o bem e se preocupar com o futuro do planeta é um belo discurso, mas o
fato é que a palavra ‘sustentabilidade’ é muito vaga para as empresas com fins
lucrativos. O que estamos tentando fazer é trazer o conceito de sustentabilidade para o
capitalismo, em vez de mantê-lo do lado de fora .... já temos diversos mecanismos de
classificação de RSE e investimento responsável, o que não pode ser simplesmente
jogado na lata do lixo. Mas estou convicto quanto ao valor compartilhado ... a
sustentabilidade não é operacional .... Impacto vem de empresa que esteja lucrando
enquanto aborda as questões sociais e não através de bons relatórios sociais3.
3
Entrevista de Michael Porter a José Salibi Neto. HSM Management. N. 88. Set-Out 2011. p.42-48, grifo nosso.
4
Entrevista de Michael Porter a José Salibi Neto. HSM Management. N. 88. Set-Out 2011. p.42-48.
38
5
Entrevista de Michael Porter a José Salibi Neto. HSM Management. N. 88. Set-Out 2011. p.42-48.
6
Entrevista de Michael Porter a José Salibi Neto. HSM Management. N. 88. Set-Out 2011. p.42-48.
7
Entrevista de Michael Porter a José Salibi Neto. HSM Management. N. 88. Set-Out 2011. p.42-48.
8
Entrevista de Michael Porter a José Salibi Neto. HSM Management. N. 88. Set-Out 2011. p.42-48.
9
Entrevista de Michael Porter a José Salibi Neto. HSM Management. N. 88. Set-Out 2011. p.42-48.
39
cadeia de valor distinta. A CVC atende novos clientes e necessidades, com novos produtos e
formas de configuração da cadeia de valor. Da CVC surgem vantagens competitivas muito mais
sustentáveis do que as convencionais melhorias de custo e qualidade. (PORTER; KRAMER,
2011)
CVC se baseia nos fundamentos da estratégia e dela precisa fazer parte, do marketing,
operações etc. e junta-se a abordagem de clusters e de localização, posicionamento, trade-offs,
vantagem competitiva, cadeia de valor único. CVC amplia as oportunidades para as empresas
pensarem em como gerar vantagens competitivas10.
A CVC lida com danos e restrições sociais de forma a aumentar a produtividade e
expandir mercados através de inovação e uso de novas tecnologias, métodos operacionais e
abordagens de gerenciamento; expande a quantidade total criada de valores econômicos e
sociais; melhora as técnicas de produção, fortalece o cluster local de fornecedores e outras
instituições de apoio, aumenta a eficiência, a produtividade, a qualidade dos produtos e a
sustentabilidade dos fornecedores, levando a uma maior receita e lucros (PORTER; KRAMER,
2011).
As empresas podem criar valor econômico criando valor social. Existem três maneiras
distintas de fazer isso: reconceber produtos e mercados, redefinir a produtividade na cadeia de
valor e criar clusters industriais de apoio nos locais da empresa. Cada um deles faz parte do
círculo virtuoso de valor compartilhado; melhorar o valor em uma área gera oportunidades nas
outras (PORTER; KRAMER, 2011).
O melhor motor de mudança são os exemplos bem sucedidos. Citam-se Nestlé, Unilever,
Novartis, Coca-Cola. A Nestlé implantou centrais de compra de leite em cidades indianas,
promoveu para produtores rurais treinamento, assistência técnica de agrônomos e veterinários,
e patrocinou perfuração de poços de água para o gado. Em consequência “cerca de 75 mil
produtores rurais melhoraram seu padrão de vida e ficaram mais produtivos, o que reverteu em
lucro para a Nestlé” (PORTER; KRAMER, 2011)
Empresas farmacêuticas que têm se saído melhor são as que encontraram uma forma de
abrir novos mercados com consumidores de baixa renda em áreas remotas – elas não
pensam apenas em vender medicamentos a quem pode comprar, mas também buscam
maneiras de melhorar o sistema de saúde dos países11.
10
Entrevista de Michael Porter a José Salibi Neto. HSM Management. N. 88. Set-Out 2011. p.42-48.
11
Entrevista de Michael Porter a José Salibi Neto. HSM Management. N. 88. Set-Out 2011. p.42-48.
40
Outro exemplo são as empresas alimentícias indo além de fornecer comida para
ficarmos mais gordos e abraçando o conceito de nutrição, ligada a saúde e bem estar12.
Como essas empresas citadas – Coca-Cola etc. – tem plantas no Brasil, uma agenda de
pesquisa poderia buscar se aqui ocorre alguma aplicação deste conceito de CVC. Neste sentido,
o próprio Porter13 coloca:
Os graves problemas sociais e ambientais que os países emergentes exigem não estão
sendo solucionados pelas instituições tradicionais – pelo menos, não com a rapidez
necessária ... e eles certamente serão, em algum ponto no futuro, entraves à continuidade
desse crescimento ... As multinacionais com sede em países emergentes ganharão uma
vantagem significativa diante de suas concorrentes mundiais se mudarem para o sistema
CVC, justamente por tenderem a conhecer melhor as necessidades a ser atendidas. Em
outras palavras, companhias européias como Nestlé, Novartis e Unilever estão
realmente criando valor compartilhado, mas, quando múltis brasileiras, indianas e
chinesas o fizerem de maneira sistemática, dentro de sua estratégia, poderão gerar ainda
mais diferença14.
O Quadro 2 traz uma lista de diferenças entre RSC e CVC. Segundo Porter e Kramer
(2011, p. 16), em ambos os casos, da RSC e da CVC, “o cumprimento de leis e padrões éticos
e a redução de danos das atividades corporativas são assumidos”. Porém, segundo os autores,
CVC “deve substituir a responsabilidade social corporativa (RSC) na orientação dos
12
Entrevista de Michael Porter a José Salibi Neto. HSM Management. N. 88. Set-Out 2011. p.42-48.
13
Entrevista de Michael Porter a José Salibi Neto. HSM Management. N. 88. Set-Out 2011. p.42-48.
14
Entrevista de Michael Porter a José Salibi Neto. HSM Management. N. 88. Set-Out 2011. p.42-48.
41
Segundo Corrêa e Corrêa (2012, p.38) a EO volta-se para “o processo global da função
de produção do negócio como um todo”, para suas interfaces, para seu preparo para adaptação
às mudanças e desafios futuros, para o “desenvolvimento de longo prazo dos processos e
recursos e com a criação de competências para que a organização possa ter níveis sustentáveis
de vantagens competitivas”, para estabelecer e manter “um padrão global de decisões visando
aumentar a competitividade sustentada”, criando e organizando seus recursos e competências,
para “prover um composto adequado de características de desempenho ao longo do futuro”.
Segundo esses autores, a EO volta-se para “a conformação e manutenção de um padrão
de tomada de decisões”, trabalha com uma escala de tempo de “um a dez anos à frente”, volta-
se para decisões mais agregadas com impacto mais duradouro, enfatizando “como a operação
relaciona-se com seu ambiente interno e externo”, está no “nível hierárquico decisório” da alta
direção, “lida com conceitos e ideias mais abstratos” e suas decisões “definem por prazos mais
longos as capacitações que a operação vai ter no futuro”, de forma a limitar e definir a
flexibilidade e liberdade das decisões no nível de Gestão das Operações (CORRÊA; CORRÊA,
2012, p.39).
Com essa caracterização de EO, como fica a Gestão de Operações (GO)? Qual é sua
diferença em relação à EO? Os autores colocam que, quanto à Gestão de Operações (GO), pode
ser definida como sendo “a atividade de gerenciamento de funções, recursos e processos
produtivos que produzem um pacote” de valor “entregue ao cliente de forma a gerar nele uma
percepção favorável de satisfação em relação às suas expectativas.” A Gestão de Operações
apoia “a tomada de decisões individuais de recursos de operações”, trabalha com escala de
tempo de até um ano, preocupa-se mais com “decisões detalhadas sobre recursos e processos”,
enfatiza do ponto de vista interno suas interfaces com outras áreas, tem nível hierárquico de
decisões “de escalão gerencial menor”, “lida com questões mais concretas do dia-a-dia” e suas
decisões “subordinam-se aos limites dados anteriormente” pela EO (CORRÊA; CORRÊA,
2012 p. 38,39).
42
Para Skinner (1969), a função de manufatura poderia fazer mais do que apenas produzir
e entregar produtos. Esse autor alertou para o fato da contribuição da produção para o sucesso
empresarial somente ser trabalhada através do errôneo objetivo-chave da manufatura de alta
eficiência e baixo custo, sendo este o conceito simplista para “uma boa operação de produção”.
43
Para esse autor, a origem deste “erro” remonta à 1ª Revolução Industrial com Adam Smith no
século XIX, tendo sido reforçado na 2ª Revolução Industrial por F.W.Taylor nos Estados
Unidos no início do século XX.
Convencionalmente, a produção tem sido gerida de baixo para cima. O processo
clássico da era da produção em massa é selecionar uma operação, decompô-la em seus
elementos, analisar e melhorar cada elemento, e colocá-la novamente. Esta abordagem
veio da contribuição ... de Frederick W. Taylor e outros engenheiros industriais que
seguiram seus passos. (SKINNER, 1969, p. 145)
“Durante 50 anos, a gestão nos EUA contou com especialistas em eficiência treinados
nas técnicas de Frederick W. Taylor. Os engenheiros industriais eram reis da fábrica”.
(SKINNER, 1969, p.142)
A elaboração de uma EO envolve o processo e seu conteúdo. O processo é um padrão
ou procedimento no qual a EO é desenvolvida e implementada. Já a abordagem de conteúdo da
EO tem sido vista como as escolhas estratégicas em processo e infraestrutura. (DANGAYACH;
DESHMUKH, 2001a, p.906)
O modelo de prioridades estratégicas - objetivos de desempenho - integra um modelo
de planejamento da estratégia de operações composto de uma abordagem em três passos
(GARVIN, 1993):
Objetivos de manufatura
Custo
Qualidade
Entrega
Flexibilidade
Estrutura Infraestrutura
Capacidade Força de trabalho
Facilidades Qualidade
Tecnologia PICS
Integração vertical Organização
Fonte: HORTE, LINDBERG e TUNALV (1987, p. 1574)
Dangayach e Deshmukh (2001, p.905), a partir de sua revisão de literatura, colocam que
“fica claro a partir dos dados que os aspectos de conteúdo parecem ser tema de pesquisa
dominante na literatura e o processo na pesquisa em Estratégia de Manufatura parece ter
recebido menos atenção”.
O processo é um padrão ou procedimento no qual EO é desenvolvida e implementada”.
(DANGAYACH; DESHMUKH, 2001, p. 904)
O conteúdo da Estratégia de Manufatura tem sido visto como as escolhas estratégicas
em processo e infraestrutura”. Até o momento da pesquisa destes autores, “os pesquisadores
desenvolveram três abordagens amplas: capacidade de manufatura, escolhas estratégicas e
melhores práticas” (DANGAYACH E DESHMUKH, 2001, p.906).
Em capacidade de manufatura, a literatura de conteúdo aborda questões de prioridades
competitivas, “que incluem custo, qualidade, confiabilidade de entrega, velocidade de entrega,
flexibilidade etc.” Em escolhas estratégicas abordam-se questões de “critérios estruturais e infra
estruturais, tais como recursos humanos, tecnologia, tecnologia da informação, organização e
aspectos de gerenciamento” (DANGAYACH; DESHMUKH, 2001, p.904).
Para Garvin (1993) o modelo de estrutura de EO dado pela literatura - desenvolver uma
estratégia global de negócios, identificar prioridades estratégicas e desenvolver políticas de
manufatura amplas/gerais - tem poder para a função de operações servir à finalidade estratégica,
ao permitir criar e sustentar uma vantagem competitiva. Isto porque retirou o isolamento desta
função e a concatenou com as necessidades de negócio, permitindo escolher entre políticas de
produção de maior impacto na competitividade.
Em decorrência desse modelo, a tomada de decisões de manufatura torna-se mais
complexa ao apontar para a maior competitividade (conforme Skinner, 1978 apud Correa e
Correa, 2011) e não mais para a maior eficiência (princípio taylorista). Esse novo alvo exige “o
conhecimento de elementos normalmente distantes do ambiente de manufatura, como o
mercado visado (cliente) e a concorrência” (CORREA; CORREA, 2011, p.457).
proposta também inicia, como no modelo clássico estabelecido e utilizado nesta tese de
doutorado, com a estratégia de negócios e em seguida ocorre a escolha de prioridades
competitivas. Nesta fase, o autor adiciona na lista tradiconal uma quinta prioridade: serviços..
(GARVIN, 1993)
Dangayach e Deshmukh (2001, p. 910, grifo nosso) colocam que “Custo, Qualidade,
Flexibilidade, Entrega e Inovação são prioridades de desempenho competitivo bem
estabelecidas”. Estes autores realizaram uma revisão de literatura de EO - 260 artigos de 31
revistas arbitradas e conferências internacionais. “Todos esses trabalhos são classificados em
conteúdo e área de processo”. Os autores colocam que “a literatura relacionada ao conteúdo
aborda questões de prioridades competitivas, que incluem aspectos de custo, qualidade,
confiabilidade na entrega, velocidade de entrega, flexibilidade e inovação (DANGAYACH;
DESHMUKH, 2001, p.887, grifo nosso).
Spring e Boaden (1997 apud Dangayach e Deshmukh, 2001, p.906), colocam as
seguintes prioridades competitivas com suas definições:
d) “Velocidade de entrega: reagir rapidamente aos pedidos dos clientes para entrega rápida”;
Alves Filho, Pires e Vanalle (1995, p.176,177) observam que “não há consenso a
respeito de quais devem ser as prioridades competitivas que irão orientar a implementação da
Estratégia de Operações, nem há definições genericamente aceitas dessas prioridades”.
Segundo estes autores, mesmo considerando somente as quatro dimensões mais mencionadas
(Custo, Qualidade, Entrega e Flexibilidade), a complexidade da rede de possíveis relações entre
os diversos elementos constitutivos dificulta definir e consagrar na literatura um modelo
conceitual para formular a Estratégia de Operações para aplicação prática na Administração de
Operações.
Segundo Cerra et al. (2009, p.162), a estratégia da empresa e diferentes circunstâncias
competitivas ocasionam uma variação nas prioridades competitivas. Salientam os autores que
47
não há consenso “sobre quais devam ser os conjuntos delas que orientam a implementação da
estratégia de operações”.
Já Garvin (1993) propõe uma desagregação de cada uma das prioridades competitivas
de operações para melhor entendimento:
a) Custo: Inicial (custo ou preço no momento da compra), Operacional (custo operacional de
um produto durante sua vida útil) e de manutenção (custo de pequenos reparos/manutenção)
b) Qualidade: Desempenho, Características, Confiabilidade, Conformidade, Facilidade de
manutenção, Durabilidade, Estética e Qualidade percebida.
c) Flexibilidade:
c1) Volume – capacidade de resposta às previsões incertas de mercado e súbitas mudanças
no volume de produtos; velocidade de novos processos para ir de pequenos volumes
para grande escala;
c2) Produto - capacidade de resposta a novos projetos e pedidos de personalização – novos
produtos, customização e modificações;
c3) Processo - capacidade de redirecionar e trocar rapidamente os fluxos de produção.
• Flexilidade de Mix - Capacidade de fabricar uma variedade de produtos, em um curto
espaço de tempo, sem modificar as instalações existentes;
• Flexibilidade de Transição - Capacidade de ajuste suave a mudanças no mix de
produtos a longo prazo;
• Flexibilidade de Reencaminhamento - Grau em que a seqüência de produção ou
montagem pode ser modificada caso as máquinas ou equipamentos estejam fora de
ordem;
• Flexibilidade de Material - Capacidade de acomodar variações e substituições na
matéria-prima;
• Flexibilidade de Sequenciação - Capacidade de reorganizar a ordem em que as peças
são alimentadas no processo de produção devido à incerteza de entregas de matéria-
prima.
d) Entrega: Precisão/Acuracidade, Completude, Confiabilidade, Disponibilidade,
Velocidade, Acessibilidade à informação, Qualidade após transporte, Facilidade de
encomenda, Flexibilidade de remessa (capacidade de redirecionar) e Facilidade de
retorno;
e) Serviço: Suporte ao cliente; Suporte às vendas; Resolução de problemas; e
Informações;
48
Garvin (1993) argumenta que essa desagregação foi feita para definir as necessidades
com mais precisão e evitar o problema de interpretação dos desejos dos clientes por parte dos
gerentes ao lidar com conceitos amplos e indiferenciados - qualidade, entrega e flexibilidade –
no lugar de termos mais precisos como esses colocados. Assim, deve-se começar com uma
pesquisa de mercado concentrada no exato peso que os clientes atribuem aos diversos atributos
do produto ou serviço.
Segundo Hill e Hill (2009 apud Correa e Correa, 2011, p.458) a resposta a essa questão
seria facilitada por “um questionamento orientado ao mercado que requeresse respostas da
manufatura”, e para isso “agregam dois conceitos úteis: o do critério ganhador de pedidos e o
do critério qualificador”, sendo que estes conceitos foram introduzidos por Hill (1985, apud
Correa e Correa, 2012, p.49) “no sentido de entender o processo de priorização dos critérios,
realizado pelos clientes”.
Hill (1993, apud Slack, Chambers e Johnston, 2002) distinguem critérios qualificadores
de ganhadores de pedido.
Critérios ganhadores de pedidos são os que direta e significativamente
contribuem para a realização de um negócio, para conseguir um pedido. São
considerados pelos consumidores como razões-chaves para comprar o produto
ou serviço”. Aumentar o desempenho em um critério ganhador de pedidos
resulta em mais pedidos ou melhora a probabilidade de ganhar mais pedidos.
(SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002, p.94).
de produção ou estágio do ciclo de vida do produto.” (Fine; Hax, 1985 apud MAIA et al.,
2016, p.60).
− Capacidade – Esta área de decisão determina “quanto é possível produzir a partir dos ativos
disponibilizados.” Envolvem os aspectos de “equipamentos, capital intelectual e planta
produtiva”, desencadeando “decisões sobre terceirização de atividades” derivadas de
estratégias de volumes de produção acima, abaixo ou acompanhando a demanda. (MAIA et
al., 2016, p. 60, 61)
As áreas de decisão infra estruturais são aquelas que podem com menor dificuldade
serem alteradas no decurso das atividades da empresa.
Esses tipos de decisão afetam pessoas e sistemas responsáveis pela produção de fato
ocorrer. (Leong et al., 1990 apud MAIA et al., 2016, p. 60)
4- “Definir com precisão as exigências para as operações, suas tarefas específicas decorrentes
da estratégia da empresa, seus efeitos ou implicações quanto a custos, entregas, prazos,
níveis de qualidade e confiabilidade;”
Restrições técnicas são impostas pelo posicionamento competitivo das operações e que
se traduzem em trade-offs entre seus objetivos de desempenho. A melhora em um objetivo
específico só pode ser possível com a piora de outro. (SKINNER, 1969)
Para Garvin (1993), como todas as prioridades são importantes necessita-se escolher
entre elas e ordená-las para enfatizar ou manter, pois seguir em todas as direções não leva a
competitividade superior.
A partir disso, diversos autores recomendam avaliar estes trade-offs nas decisões sobre
os recursos de manufatura. (CORREA; CORREA, 2011 p.459).
“Através da abordagem de trade-off, é possível auxiliar o processo de decisão,
direcionando as ações e os programas de melhorias”. (CARVALHO; LAURINDO; 2010, p.73)
Já a importância dos objetivos de desempenho é relativa e determinada “pelas
características competitivas e pelo posicionamento da empresa no mercado em que a produção
está inserida”. Ou seja, “também neste nível verifica-se a existência de trade-offs, os quais
devem estar alinhados com as estratégias genéricas”. (CARVALHO; LAURINDO; 2010, p.73)
Cerra et al. (2009, p.163) salientam que trade-offs continuam sendo um elemento
importante na teoria de EO, apesar de novas demandas da sociedade, de mudanças tecnológicas,
de perfis de consumidores e outras no ambiente em 30 anos (1979 a 2009) terem afetado o
projeto e operação de sistemas de produção, a natureza e os objetivos das operações.
Por outro lado, “alguns autores comprometidos com a eficiência operacional advogam
que as ‘Operações Classe Mundial’ não dão importância para a existência de trade-offs ou
restrições impostas pelo posicionamento”. Argumentam que “a postura ou-ou deve ser
substituída por uma postura ‘positiva’ em que se pode alcançar a ‘excelência’ nos diversos
objetivos de desempenho da manufatura”. (CARVALHO; LAURINDO; 2010, p.73)
Neste sentido, a discussão da existência ou não de trade-offs nas decisões de operações,
cuja admissão já não era unânime na literatura, passou a ser mais frequente após o sucesso dos
sistemas japoneses de gestão de operações. Tais sistemas trazem melhorias simultâneas em
diversos critérios de desempenho considerados conflitantes na visão tradicional. (CORREA;
CORREA; 2011 p.459)
55
Diversos autores defendem, então, que os sistemas produtivos podem obter excelência
simultânea em múltiplos critérios de desempenho, ao adotar as melhores práticas de operações
disponíveis. O sucesso no Total Quality Management (TQM) ou no Just in Time (JIT)
corroborariam esta colocação, já que são obtidas melhorias simultâneas em diversos critérios
de competição. Há, então, duas correntes na literatura (CORREA; CORREA; 2011 p.459):
b) Não admite existir trade-offs e as decisões de manufatura devem ser orientadas para a adoção
das melhores práticas disponíveis. Os efeitos cumulativos das melhores práticas levariam a
desempenhos excelentes em todos os critérios competitivos.
Apontam Alves Filho, Pires e Vanalle (1995, p. 177) que, em trabalhos mais antigos,
era admitida a existência de incompatibilidades entre as prioridades competitivas, sendo até
colocada como motivo para se formular a estratégia de operações, pois “esta formulação
implicava a escolha de quais dimensões deveriam ser priorizadas, ainda que em detrimento de
outras”. Segundo estes autores, o trade-off entre custo e qualidade é o exemplo então mais
utilizado nos primeiros trabalhos, podendo estar implícito “uma concepção estática dessas
incompatibilidades”. Isto significa que “num determinado instante, há limites tecnológicos que
praticamente forçam compromissos e requerem escolhas entre níveis incompatíveis de duas ou
mais dimensões competitivas”.
Alves Filho, Pires e Vanalle (1995, p.178) entendem que “as prioridades (e seus
elementos constitutivos) não são, em geral, mutuamente excludentes e podem ser compatíveis
dentro de determinadas faixas de desempenho”. Apontam esses autores que, “a partir de
determinados níveis, entretanto, algumas dessas prioridades tornam-se incompatíveis”. A partir
disso, os níveis de competência acumulados, o comportamento dos concorrentes e as exigências
do mercado consumidor levam a empresa a ter que priorizar “um determinado subconjunto de
dimensões competitivas”.
a) Estágio 1 – neutralidade interna – as operações tem como objetivo minimizar seus potenciais
efeitos negativos sobre o negócio;
b) “Estágio 2 – neutralidade externa - as operações buscam se igualar às práticas costumeiras
do mercado;
c) Estágio 3 – apoio interno – as operações buscam apoiar de forma adequada outros setores,
principalmente marketing;
57
Apesar do estudo ter sido exploratório e qualitativo com a técnica de estudo de caso,
não podendo ser generalizado estatisticamente, parece interessante mencionar seus resultados:
Embora os entrevistados tenham, de forma geral, indicado a crença de que a manufatura
pode e deve contribuir com a competitividade em outros critérios, além do custo, as
evidências indicam que o desempenho operacional em produtividade era, em geral,
o principal objetivo perseguido pelas manufaturas. Mas privilegiar o desempenho
operacional em produtividade sobre os demais desempenhos da manufatura resulta, em
última análise, em privilegiar o custo sobre os demais critérios competitivos,
independentemente de quais sejam os mais importantes para a competividade da
empresa. (CORREA; CORREA, 2011, p.466 grifo nosso)
A estratégia não deve ser confundida com eficácia operacional. Ambas são essenciais
para alcançar o objetivo primordial de toda empresa que é um desempenho superior, mas são
abordagens distintas. (Porter, 1999, p.47-48 apud BARBIERI, 2011, p.114)
Com eficácia operacional tem-se melhor desempenho em relação aos concorrentes
usando práticas resultando em melhor uso de insumos, redução de defeitos nos produtos,
desenvolvimento rápido de melhores produtos (Porter, 1999, p.47-48 apud Barbieri, 2011,
p.114). No contexto ambiental, a eficácia operacional envolve, por exemplo, práticas de
prevenção da poluição. (BARBIERI, 2011)
No posicionamento estratégico desempenham-se atividades diferentes dos concorrentes
ou as mesmas atividades de modo diferente. (Porter, 1999, p.48 apud BARBIERI, 2011, p.114).
Competir com base na eficácia operacional não é suficiente para manter um
desempenho superior prolongado devido à rápida difusão das melhores práticas entre os
concorrentes e à convergência competitiva decorrente da prática de competir baseando-
se no benchmarking e na terceirização. Estratégia competitiva é a busca de diferenças
que proporcionem um mix único de valores aos clientes. (Porter, 1999, p.51-53 apud
BARBIERI, 2011, p.114).
superior. A questão é que após algum tempo os concorrentes também conseguem eficácia
operacional. (PORTER, 1999).
repetição, se é capital intensivo ou m.o. intensivo. Também foi citado neste tópico sobre o
produto, de que forma a empresa se compara aos concorrentes;
Outro), podendo também usar capacidade e condição financeira, quais são as exigências que
a empresa faz aos fornecedores, como é seu sistema de qualidade e se possui certificações;
- Sobre a decisão fazer ou comprar, qual é o nível de terceirização, sua direção e extensão, ou
nível de internalização de processos, se alterou nos últimos tempos, se mudou este ‘fazer ou
comprar’. Também este tópico foi relatado como sendo outsorcing de componentes ou itens
terceirizados, se há terceirização parcial da produção, se ocorreu terceirização de atividades;
- Também foi relatado, sobre processos de terceirização, que impactos trouxe: se impactou no
custo ou nas outras prioridades competitivas;
- Quanto ao processo de terceirização, nos estudos de casos os autores mencionam que ocorre
uma passagem de “uma relação de integração vertical para um padrão de trocas comerciais”
e que a diferença do poder de barganha entre as empresas envolvidas em tais trocas” permite
à empresa que detém maior poder, a cobrança “ou mesmo imposição” de determinados
níveis de desempenho a seus fornecedores (MAIA et al., 2016, p. 319);
15
Certificação da indústria automotiva - Verband Der Automobilindustri
64
- Outro ponto relatado foi quanto a programa de melhoria contínua, se tem e qual é sua
finalidade.
Em decorrência do que foi apresentado nesta seção que tratou da EC e da EO, tem-se os
elementos principais ou variáveis que serviram de base e que foram usadas para o levantamento
e análise dos dados dos estudos de caso, ou seja, na parte prática ou de campo desta tese. Neste
sentido, destacam-se os seguintes elementos, que foram utilizados nesta tese de doutorado a
partir das referências teóricas:
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em Porter e Kramer (2011), Porter (1991), Hayes et al. (2005) e
Treacy e Wirsema (1995).
Esta seção traz considerações sobre a Gestão Ambiental (GA), sobre sua evolução, fases
e diferentes abordagem por parte das empresas, além de considerações os 4R’s (reduzir,
reutilizar, reciclar e remanufaturar), sobre o locus e status da GA na estrutura organizacional,
também sobre os motivos da adoção da GA por parte das empresas, considerações sobre a
proatividade ambiental, sobre a certificação ISO-14000 e sua relação com a GA, sobre padrões
para relatórios de sustentabilidade, sobre sustentabilidade ambiental, Triple Bottom Line e
sustentabilidade além da empresa.
“Apesar de divergências entre cientistas quanto à interpretação da crise ambiental, uma
ampla maioria reconhece nas ações humanas a origem dos principais problemas que tem afetado
negativamente os recursos ambientais e socioeconômicos em diferentes partes do planeta.”
(ADISSI; ALMEIDA NETO, 2013, p.2)
Inicialmente, deve-se “reconhecer que a economia e o setor produtivo ignoraram, por
muitos anos, os efeitos negativos das atividades antrópicas no meio ambiente”. (ADISSI;
ALMEIDA NETO, 2013, p.2)
Para exemplificar, esses autores contam que no início da década de 1970 um engenheiro
de produção recém-formado “fez um excelente estudo de viabilidade técnica e econômica da
instalação de uma estação de tratamento das águas residuais” de uma “mal cheirosa fábrica de
artefatos de couro localizada em um subúrbio carioca, próximo à Baia da Guanabara”. Este
estudo chegou à seguinte explicação técnica e conclusão “sobre o canal mal cheiroso que saía
da fábrica e cruzava o bairro em direção à Baia” (ADISSI; ALMEIDA NETO, 2013, p.2):
...embora a empresa fosse obrigada a ter a estação de tratamento, a lei que a obrigava,
previa para os infratores uma multa com valores crescentes. Comparando estes valores
com o investimento necessário para o cumprimento da lei, o jovem engenheiro concluiu
que levaria 15 anos até que a estação de tratamento fosse a opção mais vantajosa do
ponto de vista econômico. Desta forma, a Baía da Guanabara continuou sendo poluída
pela empresa legalmente constituída.
Esta situação mudou radicalmente. “Hoje, uma empresa que se arrisca a infringir as leis
ambientais, arrisca-se a receber elevadas multas e a ter má imagem junto aos seus clientes.”
(ADISSI; ALMEIDA NETO, 2013, p.2)
A nova consciência ambiental, surgida no bojo das transformações culturais que
ocorreram nas décadas de 60 e 70, ganhou dimensão e situou a proteção do meio
ambiente como um dos princípios mais fundamentais do homem moderno. Na nova
cultura, a fumaça passou a ser vista como anomalia e não mais como uma vantagem.
(CAMPOS; SELIG, 2002)
67
Com relação ao ponto de vista empresarial, considera-se que a Gestão Ambiental deva
fazer parte da Administração das Operações.
A gestão da produção de bens e serviços deve incluir todos os seus fatores (materiais,
pessoas, equipamentos, processos) e todos seus aspectos funcionais (produtividade,
qualidade). Mas, além destes aspectos, há também a necessidade de se gerir as
disfunções do processo produtivo, ou seja, os seus impactos negativos sobre as pessoas
que trabalham (Gestão da Saúde e Segurança do Trabalho) e o ambiente (Gestão
Ambiental), assim como possíveis danos aos consumidores de seus produtos (Gestão da
Satisfação dos Clientes). (ADISSI; ALMEIDA NETO, 2013; p. 3)
Do ponto de vista empresarial, a gestão ambiental pode ser considerada uma “função
gerencial global que trata, determina e implementa uma política de meio ambiente na
organização”, levando a inclusão na gestão da empresa das externalidades provocadas pelas
suas atividades (TEIXEIRA; BESSA, 2009, p.5).
Coloca Sarkis (2001) que a teoria de gestão e organização aplicada ao ambiente natural
tinha progredido e que as teorias desenvolvidas ajudavam a explicar e orientar a prática
organizacional neste campo.
b) Proatividade ambiental, típica das empresas que voluntariamente tomam medidas para
reduzir seus impactos sobre o ambiente natural.
Sobre as fases do tratamento da gestão ambiental por parte das empresas, em linhas
gerais pode-se colocar que em um fase anterior, a empresa não considerava o fator ambiental e
havia situações extremas, pois, sem considerar o fator ambiental, ainda há não muitos anos
atrás, por exemplo, jogar rejeitos em um rio era prática comum. Posteriormente, passou-se a
68
b) Preventiva: “a organização busca estratégias para otimizar o uso dos recursos naturais por
meio da eco eficiência” e seus princípios como Reduzir, Reutilizar, Reciclar (3Rs), as áreas
iniciam a discussão da Questão Ambiental (QA), iniciam ações externas de GA, a qual
“começa a adquirir maior destaque na estrutura organizacional”; e
e energia. Por outro lado, há um alerta geral por parte de inúmeros autores, chamando a atenção
para a possibilidade de tratar a GA como um fator estratégico competitivo.
O setor produtivo absorve a responsabilidade pela melhoria das condições da sua área
de atuação, não somente como resultado de pressões exercidas pelos agentes sociais e
instituições, mas também como código de conduta voluntário, criado geralmente por
instituições que congregam representantes de vários setores industriais. (TEIXEIRA;
BESSA, 2009, p.5)
b) Dois fatores externos: setor industrial e localização geográfica das instalações de produção;
c) Pressão de stakeholders.
Uma terceira motivação pode ser entendida como estando voltada para manter ou
aumentar as vendas, através de melhoria da imagem (junto ao cliente e à comunidade) e
melhoria da qualidade do produto. Ressalte-se também a colocação da gestão ambiental como
aumentando a qualidade intrínseca do produto e não apenas quanto ao processo de produção.
“são, portanto, muito apreciadas pelas partes interessadas e são, por vezes, o principal meio
através do qual alguns deles formam uma opinião sobre o desempenho ambiental da
empresa” (GONZALES-BENITO; GONZALES-BENITO, 2006, p.89).
Figura 6 - Práticas de Meio Ambiente (MA) através das quais a Pro atividade ambiental se manifesta.
em três grupos, sendo que os autores analisam cada um deste fatores em seu artigo, conforme
seu levantamento da literatura neste tema.
A – Características da empresa
d) Atitude e Motivações dos Gerentes – “Parece claro que a atitude ambiental, expectativas e
motivações dos gestores e, sobretudo, dos quadros superiores”, apoio e empenho da alta
gerência, são essenciais para o desenvolvimento de estratégias ambientais pró-ativas,
80
B – Fatores externos
f) Setor industrial - variável essencial para a GA – “cada indústria tem um potencial poluente
diferente e está sujeita a diferentes controles e escrutínio por parte das instituições, grupos
sociais e consumidores”. Extremos em impacto ambiental de maior risco - Petróleo, Química
e Papel e Indústrias de serviços. Segundo Arora e Cason (1996, apud Gonzáles-Benito e
Gonzáles-Benito, 2006, p.95) nos setores mais concentrados, a maior capacidade de repasse
de aumento de preços leva à uma menor relutância quanto aos investimentos ambientais,
além de dispor de mais recursos devido ao maior benefício obtido de medidas ambientais; a
oportunidade de diferenciação competitiva ocorre em setores com baixa concentração
(Gonzáles-Benito; Gonzáles-Benito, 2006, p.95).
C – Pressão dos stackholders internos e externos - A empresa atua condicionada pela pressão
que recebe e percebe de seus stakeholders. Quanto à RSE - em particular, à ambiental, as partes
interessadas exigem integridade, respeito, padrões, transparência e responsabilização
82
a) Crença de que um certificado desse tipo facilita a entrada de produtos nos mercados; e
Quando à legislação destes países é mais flexível do que a dos países de origem das
empresas multinacionais, estas podem optar por transferir suas operações para filiais
nos países em desenvolvimento. Assim, as barreiras tarifárias, as sobretaxas, os
códigos empresariais e os selos verdes, que regem o comércio internacional, nesse
caso passam a assumir caráter complementar, ao invés de caráter determinante, nos
países de economia periférica (TEIXEIRA; BESSA, 2009, p.7).
A seguir, dois fatores, dentre diversos, que tem levado à demora na internalização do
conceito de desenvolvimento sustentável por parte das organizações brasileiras (TEIXEIRA;
BESSA, 2009):
mais confiáveis e tecnologicamente mais limpos”. Pois “qualquer melhoria conseguida no nível
dos efluentes da empresa sempre representará, de alguma forma, certo ganho de energia ou de
matéria contida no processo de produção” (DONAIRE, 1996, p.49, grifo nosso).
Com relação às Inovações Ambientais (IA) “Empresas que realizaram IA estão
ganhando espaço no total de empresas inovadoras ... a ampliação do número de firmas que
realizaram IA está relacionada com o aumento da relevância das questões ambientais nos dias
de hoje” (QUEIRÓZ; PODCAMENI, 2014, p.199).
“Pode-se afirmar que essa tendência também se torna evidente na realidade das
empresas brasileiras, que estão tentando entrar nessa corrida verde”. No entanto, salientam os
autores que “deve-se lembrar que, apesar desse crescimento, ainda é muito pequeno o número
de empresas que realizaram inovações que geraram impactos positivos no meio ambiente”
(QUEIRÓZ; PODCAMENI, 2014, p.199).
Para que a economia brasileira alcance níveis suficientes de diminuição da poluição e
da degradação ambiental, faz-se necessário que as empresas insiram as questões
ambientais nas suas estratégias para que as inovações não tenham somente efeitos
ambientais pontuais, mas gerem consequências positivas integradas, possibilitando uma
mudança rumo a um paradigma mais verde (QUEIROZ; PODCAMENI, 2014, p,199,
grifo nosso).
16
Este tópico traz a trajetória da sustentabilidade no mundo dos negócios apresentada pela Bolsa de Valores de
São Paulo – BMF&Bovespa – atualmente Brasil, Bolsa, Balcão (B3) - tendo como fonte “The Reference
Compendium on Business and Sustainability, University of Cambridge Programme for Industry, 2004
(interpretação e adaptação Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável).
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Ganhando espaço progressivo “em todas as esferas”, quanto à visão empresarial sabe-
se que as empresas tem sua missão “além das puras – embora prioritárias – geração de lucro e
remuneração do capital para os acionistas ... trata-se de outro tipo de lucro e remuneração que
considera essas duas variáveis e a lógica proposta pela definição clássica da ONU de 1987”
(BM&FBOVESPA, 2016, p.5).
Já na década de 1970 havia tido início “um processo de conscientização” no “mundo
dos negócios” com a emergência do “conceito de Responsabilidade Social Empresarial (RSE),
focado a princípio na defesa dos direitos humanos e na contribuição das empresas para causas
sociais (filantropia), sem abordar necessariamente questões ligadas de maneira direta aos
negócios”. Este “foi o primeiro passo para o surgimento anos mais tarde da teoria do
stakeholder” ou parte interessada, “uma abordagem de gestão estratégica que preconiza o
endereçamento de demandas dos diversos públicos de relacionamento” inclusos ou não na
cadeia de valor das empresas, “com os quais estas se relacionam, como órgãos governamentais,
organizações da sociedade civil e comunidades do entorno” (BM&FBOVESPA, 2016, p.5).
O avanço da legislação na área ambiental juntamente com os “grandes acidentes
ecológicos” e a “pressão de agências multilaterais e ONGs, teve como resposta o
desenvolvimento da “noção de responsabilidade ambiental” -além da busca de conformidade
legal a busca de antecipação às “novas leis e regulamentações cada vez mais restritas”, a
diminuição de custos “por meio da eco eficiência” e a proteção da “reputação perante os
consumidores e a sociedade civil mais vigilantes” (BM&FBOVESPA, 2016, p.6).
Assim, tem-se já difundido o “conceito econômico de externalidades” e “a necessidade
das empresas de gerenciá-lo”, pois “do ponto de vista legal, as empresas tinham a
responsabilidade fiduciária de gerar retorno para seus acionistas”. No entanto, “as
externalidades negativas sobre o capital natural e o capital humano também tinham de ser
adequadamente administradas”. A seguir, a definição deste conceito de externalidade
(BM&FBOVESPA, 2016, p.6):
Impacto ou custo de uma decisão econômica para agentes que não participaram de sua
tomada e/ou que não têm controle sobre ela. Pode ser negativa (a poluição de um rio
por uma indústria pode causar prejuízos a outra indústria que necessite da mesma água)
ou positiva (a contratação de segurança privada por uma empresa pode aumentar o nível
de segurança também para os vizinhos) (BM&FBOVESPA, 2016, p.6).
17
Ver mais detalhes no tópico 3.11 mais à frente.
89
no livro Canibais com Garfo e Faca, uma referência no tema”. Segundo esse conceito, as
empresas têm a responsabilidade de equilibrar os retornos econômicos, sociais e ambientais de
suas operações (BM&FBOVESPA, 2016, p.6).
a) Anos 1950 e 1960 - Ignorância total. Há pouco ou nenhum entendimento das empresas
acerca de seus impactos socioambientais. O tema em si ainda é assunto marginal nos meios
acadêmicos e políticos (BM&FBOVESPA, 2016, p.7);
c) Anos 1980 - Além da obrigação. As empresas líderes começam a ver benefícios em ir além
da legislação. Multinacionais estendem suas práticas socioambientais da matriz para países
onde a legislação é mais leniente. As práticas de prevenção à poluição e de eco eficiência
também começam a gerar ganhos econômicos (BM&FBOVESPA, 2016, p.7);
90
consideram as pessoas e o social além do ambiente, bem como a parte econômica de retorno de
investimentos está se tratando da sustentabilidade da gestão empresarial. De acordo com esta
visão, não seria possível considerar a sustentabilidade somente do ponto de vista ambiental, já
que isto seria insustentável a médio e longo prazo.
A gestão sustentável empresarial se relaciona com a gestão das operações, informações
e recursos, maximizando sua rentabilidade e o bem-estar social, e minimizando os impactos
ambientais (HASSINI; SURTI; SEARCY, 2012).
Como a pesquisa desta tese de doutorado teve como meta focar na questão ambiental, o
questionamento principal envolve o tratamento desta questão por parte das empresas,
manifestada em suas Estratégias (Competitiva e de Operações) e em sua GA. No entanto, tendo
a empresa a meta de contribuir para responder à questão ambiental, deverá também considerar,
além do fator econômico, o componente social que envolve as pessoas e a comunidade interna
e externa, porém sem extrapolar o alcance possível por parte da empresa nestas três dimensões.
Desta forma, o termo sustentabilidade pode ser interpretado de forma muito ampla. Este
conceito coloca que a sustentabilidade em qualquer dos três elementos 3P ou TBL não é possível
de ser conseguida se não contemplar também a sustentabilidade nos outros dois de forma
concomitante. Ou seja, de uma forma ampla, por exemplo, a sustentabilidade ambiental
somente pode ser conseguida se considerar, além das questões do ambiente, as questões
econômicas e sociais.
Como resultado desta seção sobre a Gestão Ambiental Empresarial, a seguir uma
indicação ou síntese de conceitos a serem utilizados no trabalho de campo desta tese de
doutorado. Além das colocações dos autores pesquisados, de uma forma geral, poderem servir
de guia para o trabalho de campo, salientam-se os seguintes pontos que deverão ser explicitados
ou medidos na abordagem que será realizada nos estudos de caso:
a) Necessidade de considerar o conceito de Triple Bottom Line, pois não foi encontrado na
literatura nenhuma referência de que a questão ambiental possa ser tratada de forma isolada
no nível empresarial;
b) Colocação relativa à fase mais avançada do tratamento da questão ambiental por parte das
empresas, como por exemplo: abordagem estratégica (Barbieri, 2011), visualização de
vantagens competitivas da prática de estratégias ambientais adequadas (Sarkis, 2001),
proativa (Gonzáles-Benito e Gonzáles-Benito, 2006) (Silva et al. 2009; Abreu, 2009; e
Jabbour, 2010b; apud Jabbour et al. 2012).
c) Realce da importância, para a mudança de postura das empresas em direção à pro atividade,
da pressão vinda do avanço da legislação ambiental e da pressão dos stackholders;
d) Destaque para a abordagem de Porter e Van der Linde (1995) também realçando o papel
estratégico do tratamento da questão ambiental por parte das empresas, o qual deve,
segundo os autores, ser associado com a inovação para atender ou responder ao avanço da
legislação ambiental. Desta forma, segundo os autores pode-se associar a melhoria
ambiental com a competitividade.
93
Sobre este último tópico, pode-se concluir que, do ponto de vista teórico, ao associar-se
a melhoria ambiental com a competitividade, o ambiente poderá ser colocado como fator de
competitividade e estará relacionado com a estratégia competitiva da empresa. E, desta forma,
conforme a abordagem da hierarquia das estratégias, deverá então ser desdobrado em sua
Estratégia de Operações (Prioridades Competitivas e Áreas de Decisão). Porém, deverá o
ambiente ser considerado segundo o conceito de Triple Bottom Line.
Outro ponto que merece um resumo visando aplicação no trabalho de campo se refere
à evolução da postura das empresas. Gonzáles-Benito e Gonzáles-Benito (2006) colocam
abordagens de reatividade e proatividade ambiental; Sarkis (2001) cita comando e controle
reativo à legislação e compromisso colaborativo reconhecendo vantagens competitivas em
estratégias ambientais, desempenho ambiental e financeiro positivos. Donaire (1996) coloca a
legislação determinando o nascimento da função de meio ambiente. Barbieri (2011) coloca fase
de controle da poluição, prevenção da poluição e abordagem estratégica com diferenciação e
vantagens competitivas; Porter e Van Der Lind (1995) colocam possível a melhoria ambiental
associada à competitividade ao trabalhar a inovação para reduzir o custo de medidas ambientais
provodadas pelo avanço da legislação nesta área.
94
Já Barbieri (2011) coloca que a preocupação ambiental entrou nas agendas de governos
e de segmentos da sociedade somente a partir dos anos 1970, e ainda mais recentemente no
âmbito empresarial, a partir do momento que tal preocupação passou a despertar interesse fora
dos círculos restritos de especialistas e de comunidades afetadas.
Segundo Barbieri (2011) esse tema ambiental tinha chegado às ruas, auditórios, mídias
etc. e também ao vocabulário dos agentes sociais (empresários, sindicalistas, administradores,
políticos, dirigentes de ONG’s e cidadãos em geral). Apesar da globalização incontestável dos
problemas ambientais e as empresas estarem no centro desse processo desde o início, o autor
declarou que não havia uma prática efetiva de mudança. (BARBIERI, 2011)
Porém, para a maioria das empresas, essa preocupação ainda não se transformou em
práticas administrativas e operacionais efetivas, pois, se isso já estivesse ocorrendo, o acúmulo
de problemas ambientais que coloca em risco todos os seres vivos certamente não seriam vistos
com tanta intensidade. (BARBIERI, 2011, p. viii)
Por outro lado, já na primeira metade dos anos 1990, ainda em período inicial do
tratamento da questão ambiental no Brasil, Donaire (1996) em artigo baseado em sua tese de
95
doutorado de 199218, colocava este fator ambiental como um elemento estratégico para a
empresa.
As portas do mercado e do lucro ficam cada vez mais estreitas para as empresas que
desprezam as questões ambientais na tentativa de maximizar seus lucros e socializar os
prejuízos. Atitudes e medidas para não poluir ou poluir menos tornam-se condição
fundamental para bons negócios e para a própria sobrevivência da empresa no mercado.
(DONAIRE, 1996, p.45)
18
Ano da II Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) – ou Rio-92
(UNCED na sigla em inglês).
96
eficiência e o gerenciamento da função produção é central / fundamental para sua boa atuação
ambiental” (SARKIS, 2001, p. 682).
Sarkis (2001, p.666) afirma que “ambiente Natural e função produção estão tornando-
se indissociáveis”, que “rentabilidade, produtividade e consciência ambiental” estão “cada vez
mais sendo vistas como metas integrais de uma organização de manufatura”. As pressões “para
um foco maior sobre o ambiente não cessarão”, sendo “quase certo” a permanência do
“crescimento na consciência ambiental das empresas”. Tais pressões ambientais estão
aumentando em torno das organizações de manufatura e elas “não podem ficar de braços
cruzados”, podendo ter uma resposta reativa ou pró-ativa às pressões. O papel da produção
e operações “está na vanguarda das organizações que procuram abordar a questão do meio
ambiente e sustentabilidade”, que “procuram ser ambientalmente conscientes e / ou benignas”,
e “...as respostas das organizações, especialmente de manufatura terão que ser profundas e
estratégicas” (SARKIS, 2001, grifo nosso),
Sarkis (2001) previu que, no nível estratégico, a evolução das estruturas e projetos
organizacionais, tais como empresas virtuais e rede dinâmica, iriam influenciar o papel da EO
ambientalmente consciente. Na EO, a execução tática e operacional das atividades de valor
agregado deveriam também ser influenciadas por pressões e práticas ambientais, incluindo o
espectro de questões de processo de prevenção, de redução, de reciclagem e disposição. Neste
sentido, Sarkis (2001) cita as colocações das teorias de autores tais como “organização eco-
centrada” (Shrivastava, 1995 apud Sarkis, 2001), ecoeficiente (Schmidheiny, 1992 apud
Sarkis, 2001) ou ecoefetiva (McDonough e Braungart, 1998 apud Sarkis, 2001), apontando
para a necessária consideração do fator ambiental na estratégia empresarial e nas operações da
organização. As iniciativas e os programas ambientais relacionados com as operações devem
incluir considerações de competitividade externa e esforços de cooperação interna e externa à
empresa. A influência das questões ambientais no desenvolvimento das teorias de gestão e
organização - aplicadas ao ambiente Natural - influenciaram na clareza da ligação entre
impactos nas Estratégias Organizacional e de Operações. Já a tomada de decisões em nível
estratégico pode considerar o ambiente Natural devido aos seguintes fatores segundo Sarkis
(2001):
Segundo Jiménez e Lorente (2001) as prioridades competitivas das Operações são assim
consideradas por atender a dois requisitos básicos: são obtidas no âmbito da manufatura e
100
podem criar uma vantagem competitiva para a empresa. Devido a isso, a partir dessa
colocação, o atendimento das demandas ambientais em nível empresarial pode ser considerado
na EO, como uma nova prioridade competitiva e uma nova área de decisão (GA), se atender a
estes dois requisitos.
Esta tese de doutorado está denominando esta nova prioridade competitiva de ambiente.
Sobre a questão dessa colocação de Jiménez e Lorente (2011) ser consenso dentre os
pesquisadores do tema, a revisão bibliográfica desta tese não encontrou argumento em
contrário. Por outro lado, foi a mesma considerada pelos pesquisadores Jabbour et al. (2012),
cuja revisão de literatura esclarece (em nível teórico) ser pertinente esta colocação de Jimézes
e Lorente (2011) devido ao seguinte: quanto à primeira condição, a manufatura é o locus da
gênese e desenvolvimento da GA, estando seu desempenho relacionado às suas características,
sendo a primeira área funcional a adotá-la, e tem sido desenvolvida ao longo de um continuum
de competências, incluindo controle da poluição e desenvolvimento sustentável de produtos.
Quanto à segunda condição, sua revisão de literatura, segundo Jabbour et al. (2012, p.13)
“mostra claramente que o investimento na GA leva a um melhor desempenho dos negócios”,
sendo “um dos mais importantes temas na pesquisa sobre GA” com diferentes estudos
mostrando “que a GA também satisfaz esta segunda exigência”. Assim, a pesquisa bibliográfica
destes autores sugere que “as questões ambientais relacionadas à gestão da produção devem ser
consideradas tão importantes quanto as dimensões tradicionais do desempenho da produção”
(Angell, Klassen, 1999 apud Jabbour et al., 2012), uma vez que a GA “não apresenta
incompatibilidade com outras prioridades competitivas de fabricação” (Yang et al., 2010 apud
Jabbour et al., 2012, p.13) e “de fato, a gestão ambiental pode melhorar o desempenho dos
negócios” (Jiménez e Lorente, 2001, apud JABBOUR et al., 2012, p.13).
No entanto, ainda segundo Jabbour et al. (2012) não há unanimidade nos resultados dos
raros estudos que indicam a necessidade de integração entre GA e EO, sendo que esta
integração pode ocorrer considerando a GA como uma nova prioridade competitiva. Em
sua revisão de literatura, os autores apontam que no início da década de 2010, a GA aparecia
“como uma prioridade competitiva emergente e importante para a manufatura, considerando a
crescente responsabilidade das empresas pela redução de impactos ambientais relacionados às
suas atividades” (Jabbour et al., 2012, p.12). No entanto, os autores também apontam que,
pesquisando em mais de uma dezena de estudos, verificam que é variável a influência do
ambiente nas prioridades competitivas das Operações, sendo que características específicas da
indústria, da empresa, da região ou do país onde se encontra podem influenciar os resultados.
101
Com relação ao Brasil, Jabbour et al. (2012) pesquisam este tema da GA como nova
prioridade competitiva das Operações em uma amostra de empresas brasileiras certificadas
ISO-14001, conforme exposto no próximo tópico.
Como já colocado, o sentido completo sugerido por Jiménez e Lorente (2001) significa
influenciar o desempenho operacional e ser capaz de criar uma clara vantagem competitiva.
Como, segundo Jabbour et al. (2012, p.19) “apenas a primeira foi satisfeita”, tendo a GA “da
amostra analisada uma abordagem meramente preventiva”, não alcançando o segundo
requisito, pois segundo os autores apenas uma GA “com foco proativo é capaz de criar uma
vantagem competitiva”. Dito de outra forma, os autores concluem que as empresas da amostra
que analisaram adotam uma abordagem preventiva de GA focada na ecoeficiência. Como
trabalham com a consideração de que tal abordagem preventiva potencialmente não cria uma
vantagem competitiva, concluem que a GA não pode ser considerada uma nova prioridade
competitiva de operações “no sentido pleno definido pela literatura”. Por outro lado, também
concluem que a GA nestas empresas, apesar do enfoque preventivo, “pode influenciar
positivamente as quatro prioridades de manufatura: custo, qualidade, flexibilidade e entrega”;
colocam que suas conclusões “também indicam que as decisões sobre GA devem considerar
todas as prioridades competitivas de manufatura”, em um processo que “tende a se intensificar
com processos de melhoria contínua e com uma orientação pró-ativa” da GA. Nesse sentido,
colocam que a GA “pode ser considerada uma prioridade competitiva das empresas de
manufatura localizadas no Brasil” (JABBOUR ET AL. (2012, p.19).
Também pesquisando a relação entre GA e EO, Longoni e Cagliano (2015, p.216)
efetuaram uma survey “incluindo empresas do setor de montagem em 21 países diferentes”,
tendo com um dos objetivos “determinar se os modelos de configuração de” EO (orientados
para o preço, para o mercado ou para a capacidade) “são modificados para incluir as
prioridades ambientais e sociais.” Uma das conclusões deste estudo foi de que as EO’s
“orientadas para o mercado e para as capacidades são complementadas por prioridades de
sustentabilidade ambiental e social”. Segundo os autores, “essas estratégias de operações são
103
Segundo Porter e Van Der Linde (1995, p.374), há uma mentalidade estática por traz da
condução incorreta do debate da relação entre competitividade e meio ambiente, tendo como
atores sociais os formuladores de políticas ambientais, líderes empresariais e entidades
ambientalistas. Focalizam-se os efeitos estáticos dos custos decorrentes da regulamentação e
ignoram-se os benefícios compensadores mais importantes da inovação que se referem a maior
produtividade. Os resultados são: ‘profecia auto-realizadora’, aumento de custos, retardo no
progresso na questão ambiental, regulação cada vez mais onerosa e que tolha a inovação,
oposição atrasa regulamentos no lugar de inovar para enfrentá-los, gerou ‘indústria de litigantes
e consultores’ drenando recursos e longe de solucionar os problemas.
Para Porter e Van der Linde (1995, p.374) é possível ter como regra – e não exceção –
aumentar a competitividade reduzindo a poluição. Para tal, “deve-se observar os custos de
sistemas completos e o valor do produto com o conceito de produtividade de recursos”.
Considerando as formas de poluição descarregadas no ambiente - sucata, substâncias
nocivas ou formas de energia – os autores apontam que a poluição significa na verdade:
ineficiência no uso de recursos, desperdício econômico, uso ineficiente ou incompleto de
recursos, agregação de custo, além de não gerar valor nas operações exigidas tais como no
manuseio, armazenamento e descarte de descargas de poluentes etc.. Da mesma forma,
embalagens de produtos descartadas a jusante da empresa representam desperdício de recursos
que acresdentam custos (PORTER; VAN DER LINDE, 1995, p.374).
Os autores apontam que a solução está em seguir os mesmos princípios básicos
amplamente utilizados e lições mais poderosas dos programas de qualidade originados na
revolução dos anos 1980 - utilizar os insumos de forma mais eficiente, eliminar a necessidade
de materiais perigosos, difíceis de manipular, eliminar atividades desnecessárias, inovação pode
melhorar a qualida de e reduzir os custos, defeitos são vistos como ineficiência dos projetos de
produto e processo, busca construir qualidade em todo o processo, inovação pode reduzir ou
eliminar o que antes era tido como fixo. (PORTER; VAN DER LINDE. 1995, p.374)
Os autores salientam que as empresas que reconhecerem a melhoria ambiental como
uma oportunidade em primeiro lugar, econômica e competitiva, ao invés de ‘custo irritante’ ou
105
Em 2001, havia a expectavia de Sarkis (2001), de que, dentro das próximas décadas,
a ecologia industrial e a filosofia de ecosistema fossem incorporadas nas práticas das
organizações, especialmente quanto às decisões de manufatura. Este autor ponderou que
esforços iniciais estavam apenas começando a ser introduzidos nas organizações e na EO e que
elas estavam enfrentando uma série de questões com aspectos globais, regionais e locais.
Salienta o autor que os desenvolvimentos nesta área estavam em fase infantil, havendo no
entanto, uma significativa oportunidade para o avanço obter praticidade, eficiência e
rentabilidade do controle da manufatura feito pela consciência ambiental. E salienta também
que as organizações de manufatura devem tentar tirar proveito das muitas soluções ganha /
ganha que as práticas ambientalmente conscientes acarretam (SARKIS, 2001).
Sarkis (2001) coloca que avaliou a partir do contexto da função de operações, uma série
de práticas de negócios ambientais, que vão desde ecologia industrial a compras ecológicas.
Conclui o autor que o desenvolvimento e integração destas práticas ainda era, no início do
século XXI, relativamente romance para a maioria das organizações; aprendizagem e
benchmarking bem como outras práticas introduzem estes conceitos nas organizações, os quais
serão necessários para o sucesso de implementação e gestão. Especificamente, Sarkis (2001)
aponta os seguintes elementos a considerar, os quais serão utilizados para avaliar sua
pertinência, no momento atual, após quase duas décadas de sua pesquisa:
106
a) Redução de resíduos – leva a situações ganha / ganha com maior frequência devido ao
aumento de eficiência – esta tendência, porém, enfrenta dificuldades se os benefícios não
compensarem os custos de desenvolvimento, planejamento e implementação. Algumas
empresas tem florescido com tecnologias de processo de circuito fechado aplicadas em
micro sistemas industriais, conseguindo zero poluição reutilizando resíduos e subprodutos.
Porém, estas tecnologias podem exigir significativo investimento para desenvolver e integrar
processos de reciclagem internos;
f) Análise do Custo Total (TCA) (White, 1995, apud Sarkis, 2001, p.680) propõe uma –
abordagem para colocar fatores ambientais com mais precisão “no processo de decisão de
orçamento de capital”, mostrando o “impacto incerto de não considerar, ou a incapacidade
de localizar e integrar os custos ambientais em ferramentas tradicionais de análise financeira,
como valor presente líquido e retorno financeiro”. Desta forma, “o uso de técnicas
tradicionais de avaliação pode não ser suficiente”. Sendo os fatores ambientais intangíveis e
incertos, porém também “necessariamente estratégicos”, precisam ser inseridas estas
características “em qualquer estrutura de tomada de decisão. Porém, (Sarkis, 2001, p.680)
107
coloca que “a crescente complexidade destes tipos de análises ainda faz com que seja difícil
aplicar efetivamente em organizações de manufatura”;
h) Recursos humanos - problemas que surgirão: dificuldade para avaliação das questões
ambientais em uma planta de manufatura devido à falta de formação e perícias questões
ambientais (Sarkis, 2001). Na prátrica, o papel dos recursos humanos neste esforço pode ser
negligenciado. O motivo é que os funcionários de níveis inferiroes da organização são os
responsáveis pela implantação e execução de programas e iniciativas que principiam na alta
gerência;
A referência para esta tese de Doutorado, a base do protocolo ou framework – que forne-
108
ceu um roteiro e direcionou o que foi pesquisado nas empresas objeto de estudo, a visão de
como seria feita a pesquisa de campo, o roteiro para a formulação das questões - é o modelo
clássico ou tradicional de estrutura da EO, conforme Figura 4 (p.44). Este modelo tem sido
considerado pertinente e adequado de uma forma geral pelos autores desta área de
conhecimento, conforme se verifica na teoria exposta nesta tese.
Sendo a teoria de EO contingencial e pouco prescritiva, é possível questionar os
modelos propostos de diversos autores que buscam complementar, ampliar ou ajustar o referido
modelo clássico. Apesar disso, tais visões de EO podem contribuir para melhor entendimento
desta estrutura clássica de EO, particularmente no que tange à inclusão do tratamento da questão
ambiental e da GA.
Desta forma, nos próximos tópicos destacam-se autores que trabalharam com a proposta
de incluir o tratamento da questão ambiental na EO, bem como suas colocações de pressupostos
e consequências da relação entre GA e EO.
Em uma revisão de literatura, Johansson e Winroth (2010) trabalham com uma mescla
dos campos de pesquisa de manufatura ambientalmente consciente e estratégia de manufatura,
com o objetivo de analisar as implicações para as áreas de decisão das questões ambientais
na EO. Estes autores apresentam uma estrutura ilustrativa das inter-relações entre
direcionadores das questões ambientais, efeitos nas prioridades competitivas, implicações nos
critérios de decisão e como podem afetar o processo de formulação da EO. Também salientam
que a EO “tradicionalmente não tem preocupação com o meio ambiente”, motivo de
adotarem uma “abordagem inovadora” ao integrar esses resultados à literatura de EO
(JOHANSSON; WINROTH, 2010, p.877).
Salientam Johansson e Winroth (2010, p.877) que “se o desempenho ambiental é
considerado uma prioridade competitiva, uma série de implicações para os diferentes critérios
de decisão podem ser delineados”. Além disso, colocam que “embora a função de manufatura
e a estratégia constituam áreas essenciais para enfrentar os desafios ambientais, a estratégia de
manufatura tradicionalmente não incluiu preocupações com questões ambientais” (grifo
nosso).
A partir de sua revisão de literatura, Johansson e Winroth (2010, p.883) realizam “uma
análise que integra resultados” sobre preocupação ambiental e EO, “abordando especificamente
os critérios de decisão”, tendo estruturado esta análise em conformidade “com os oito critérios
109
Quadro 4 - Ambiente como prioridade competitiva das Operações - implicações nas Áreas de Decisão
Critério de Possíveis implicações decorrentes
decisão de preocupações ambientais
Tecnologia Podem ser necessários tecnologia e equipamento de processo novos ou modificados.
Podem ser necessárias alterações no layout de manufatura.
Regulamentos ambientais locais e regionais podem afetar o custo e a estrutura da
fábrica.
Instalações O equilíbrio entre a necessidade de estar próximo aos clientes e aos fornecedores de
materiais podem ser afetados por custos relacionados a problemas ambientais.
Podem ser afetadas escolhas de capacidade relacionadas a liderar, perseguir ou seguir
estratégias.
Capacidade Pode aumentar a necessidade de flexibilidade de capacidade.
Pode ser necessário combinar a capacidade em múltiplas manufaturas como resposta
às demandas ambientais.
O grau de integração vertical pode ser afetado pela preocupação ambiental.
Pode ser necessário considerar questões ambientais dentro de toda a cadeia de
Integração suprimentos
vertical As empresas podem precisar apoiar seus fornecedores em relação a Operações
conscientes do meio ambiente ou mesmo investir em atividades de envolvimento
direto no fornecedor.
Novos relacionamentos com fornecedores podem ser necessários.
A implementação do ISO 14000 pode ser facilitada se a ISO 9000
já está implementada, porque os dois sistemas de gerenciamento compartilham
algumas semelhanças.
Qualidade A preocupação ambiental pode desencadear a captura de diferentes potenciais de
melhoria nas operações.
Avaliações dos fornecedores em relação ao seu meio ambiente.
O desempenho pode exigir investimentos em tempo e esforço.
A introdução de preocupações ambientais pode exigir esforços de educação e
treinamento
Pode haver necessidade de adaptar programas de incentivo, estruturas de salário,
Trabalha- caminhos de transporte etc., para apoiar mudanças em direção a maior capacidade de
dores resposta ambiental.
Pode ser necessário encorajar os funcionários a tomar uma parte ativa na integração
da preocupação ambiental nas Operações.
Uma mudança cultural pode ser necessária para que as empresas sejam bem-
sucedidas ao percorrer a avenida da consciência ambiental
Pode haver barreiras potenciais à cooperação entre especialistas em MA e pessoas
Organi- que possuem outras competências que devem ser tratadas
zação Pode ser relevante a aplicação de iniciativas de cooperação multifuncional
envolvendo competências diferentes dentro e entre empresas, para poder lidar com os
problemas do meio ambiente.
O apoio e a orientação intensivos da alta administração podem ser requeridos.
Planeja- Introduzir preocupações ambientais no planejamento de processos podem
mento de potencialmente complicar esses procedimentos.
produção/ Podem ser necessárias mudanças nos sistemas de planejamento e agendamento.
controle de Pode ser necessário investir tempo e esforço para coletar novos tipos de dados sobre
material resíduos ambientais da manufatura
Remanufatura de bens pode complicar o planejamento e controle
Fonte: Johansson e Winroth (2010, p.890, grifo nosso)
de decisão apresentados por Hayes e Wheelwright (1984)” os quais são tecnologia, instalações,
capacidade, integração vertical, qualidade, força de trabalho, organização e planejamento de
110
Um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) serve para uma organização manter processos,
aspectos e impactos ambientais sob controle, identificando-os e aplicando adequadas formas de
controle e minimização. Já a competitividade no mercado leva à necessidade de a empresa
medir seu desempenho ambiental, o que pode ser feito através de indicadores. Esses indicadores
devem estar alinhados à Estratégia Empresarial. (CAMPOS; SELIG, 2002).
Campos e Selig (2002, p.1) realizaram uma pesquisa teórico-empírica, onde apresentam
um sistema de gestão ambiental que utiliza no seu processo de implementação, a metodologia
de avaliação de desempenho Balanced Score Card (BSC) “buscando integrar as questões
ambientais às demais questões críticas e estratégicas da organização”. Trata-se de um modelo
de implementação denominado “Sistema de Gestão e Avaliação de Desempenho Ambiental”
(SGADA) – sendo este modelo aplicado em uma empresa do setor de serviços do ramo de
entretenimento. Segundo os autores, o objetivo deste sistema é:
...buscar a integração das estratégias, objetivos e metas ambientais às estratégias,
objetivos e metas da organização, fazendo com que os indicadores ambientais definidos
durante o processo de implementação estejam alinhados às necessidades e visão da
organização. (CAMPOS; SELIG, 2002, p.1)
Assim, Campos e Selig (2002) trabalham com uma perspectiva de alinhamento vertical
entre estratégia empresarial e estratégia ambiental. Porém, não contemplam especificamente a
Estratégia de Operações que é objeto desta tese de doutorado. Mas o modelo proposto pelos
autores traz elementos para caracterizar a abordagem da GA por parte da empresa. A seguir,
destacam-se tais elementos retirados de Campos e Selig (2002):
a) As questões estratégicas devem ser inseridas no contexto da Gestão e desempenho
ambiental, podendo o BSC ser usado para esta finalidade;
b) Deve-se trabalhar com outras perspectivas além da financeira: cliente, processos internos
(perspectiva operacional), aprendizado e crescimento e a perspectiva ambiental;
c) Os indicadores de desempenho ambiental devem estar relacionados às metas, objetivos e
programas da organização e devem ser objetivos, verificáveis e reproduzíveis;
111
d) Os indicadores de desempenho ambiental (IDA) devem ser definidos a partir dos fatores
críticos de sucesso obtidos dos objetivos organizacionais e específicos desdobrados das
estratégias – visão top-down e relação causa-efeito – alinhamento de objetivos;
e) Devem estar identificados os aspectos e impactos ambientais;
f) Devem estar definidas a política ambiental, estruturas e responsabilidades;
g) Na implementação do SGA deve haver uma etapa de discussão em torno das estratégias
organizacionais;
h) Devem haver meios de acompanhar e avaliar o desempenho ambiental além do controle e
gerenciamento dos aspectos e impactos;
i) Devem ser definidos objetivos e metas ambientais;
j) Devem ser identificados os requisitos legais;
k) A documentação deve ser focada em desempenho e não em normatização;
l) Devem ser definidas as formas de controle da documentação e dos registros;
m) Deve haver treinamento, conscientização e competências – definindo as principais
atividades e tarefas que possam gerar impacto significativo no meio ambiente;
n) Devem ser definidos processos de comunicação interna e externa;
o) Devem haver controle operacional - formas de gerenciar as principais operações e atividades
associadas aos impactos ambientais mais significativos;
p) Devem ser mantidos procedimentos documentados para evitar desvios em relação à política,
objetivos e metas ambientais:
a. Para atividades de prevenção
b. Para atividades de gestão
c. Para atividades de gestão estratégica visando antecipação para atendimento de futuros
requisitos ambientais
d. Para atividades de apoio – controle legal, fornecedores, investimentos
q) Devem haver procedimentos para atendimento de acidentes ou situações de emergências e
para prevenir e mitigar impactos ambientais associados
r) Deve haver uma fase de verificação para identificação de não-conformidades ambientais
s) O SGA deve demonstrar desempenho, apresentando resultados quantificáveis que possam
ser medidos e monitorados
112
t) Deve haver uma sistemática de monitoramento ambiental para mensuração dos indicadores,
bem como procedimentos de garantia de confiabilidade dos dados;
u) Deve haver procedimentos para avaliação periódica do atendimento da legislação e
regulamentos ambientais pertinentes
v) O monitoramento poderá ser de rotina e esporádico
w) Deve haver auditoria periódica do sistema de gestão e avaliação de desempenho ambiental,
visando identificar conformidades e não-conformidades e fornecer informações a toda a
organização
x) Todas as informações das auditorias devem ser registradas, formalizadas e encaminhadas
aos gestores responsáveis e à alta direção para ações de melhoria
y) Devem haver procedimentos, autoridades e responsabilidades para o tratamento e
investigação de não-conformidades, de forma a prever medidas de mitigação de impactos e
ações corretivas e preventivas; e
z) Deve haver uma fase de análise crítica, com geração de relatório formal para avaliação
formal feita pela alta administração – verificar a adequação do sistema e proceder à melhoria
contínua e retroalimentação, podendo ser analisados:
a. Relatórios legais
b. Incidentes e acidentes
c. Posição dos indicadores de desempenho ambientais
d. Objetivos e metas
e. Relatórios de auditoria e outros
f. Planos de investimentos
Segundo Hassini, Surti e Searcy (2012) há uma pressão de mercado advinda de diversos
fatores para que se adotem práticas sustentáveis na cadeia de suprimentos. Estes autores
trabalham no nível das empresas individuais dessa cadeia e colocam os seguintes fatores para
elas buscarem desenvolver sua capacidade ambiental (HASSINI; SURTI; SEARCY, 2012,
p.75):
a) Desenvolvimento do produto, envolvendo:
• Ecologização do produto - usando reciclagem, materiais biodegradáveis e fontes
alternativas de materiais e combustíveis; e
113
19
O grifo é nosso. Observe-se que este tópico remete à inovação;
114
Gravonsky (2009) coloca que o modelo atual tradicional de EO não prevê de que forma
o papel que a empresa desempenha na cadeia produtiva impacta os demais vértices da
formulação da Estratégia de Operações (dimensões competitivas e decisões estratégicas).
Já que a Estratégia de Sustentabilidade consiste em colocar a GA na Estratégia
Corporativa e desdobrar aos níveis básicos – Operações, Marketing etc.; e devendo ocorrer um
alinhamento entre E.O. tradicional, Estratégia Empresarial e Corporativa, assim também deve
ocorrer um alinhamento entre a Estratégia de Operações Sustentáveis e a Estratégia de
Corporate Social Responsibility (CSR) da Unidade de Negócios e da Corporação, constituindo
um padrão de decisões em operações sustentáveis. E a questão colocada é: - Como desdobrar a
Estratégia Ambiental para a Gestão de Operações? (GRAVONSKY, 2009)
Segundo Gravonsky (2009) é sabido que uma operação sustentável é aquela eficiente
economicamente e responsável ambiental e socialmente. Assim, ser ambientalmente
responsável é requisito necessário, mas não suficiente para a sustentabilidade, pois não pode
vir às custas da eficiência econômica, o que não seria sustentável. Esta colocação remete ao
Triple Bottom Line (TBL).
As Figuras 9 e 10 trazem elementos do modelo proposto por Gravonsky (2009) de
Estratégia de Operações Sustentáveis, contemplando uma visão ampliada/estendida do modelo
tradicional de EO, com as seguintes características segundo o autor:
a) Incorpora novas demandas – um novo e importante objetivo de desempenho das operações
– seu elevado desempenho ambiental;
b) É extensível – permite incorporar futuras novas capacitações.
c) Inclui as dimensões tradicionais mais o papel que a operação desempenha na Rede de Valor
de Operações (RVO) ou Cadeia de Suprimentos.
Figura 9 - Modelo de Estratégia de Operações Sustentáveis.
115
Projeto para desmontagem (DFD); Projeto para o ambiente (DFE); Sistema de Desmontagem
(DS); Sistema de Gestão Ambiental (EMS ); Distribuição ambientalmente responsável (GL);
aquisição (compras) ambientalmente responsável (GS); Saúde e Segurança Ocupacionais
(H&S); Ecologia Industrial (IE); Análise do Ciclo de Vida (LCA); Controle da Poluição (PC);
Prevenção da Poluição (PP); Logística Reversa (RL); Sistema de Reconhecimento e Triagem
(RSS); Aquisição Socialmente Responsável (SRS).
Com relação ao contexto externo na formulação da EOS - contexto mais amplo onde se
insere as operações da empresa – o mesmo influencia o desenho do Sistema Produtivo. Assim,
é importante realizar uma análise de contexto para formular a EO.
O autor coloca que a dificuldade está na ausência de consenso sobre qual efetivamente
deve ser o contexto a ser levado em consideração. Gravonsky (2009) coloca quatro elementos
a considerar:
a) Legislação ambiental - elemento mais importante -
- Níveis nacional, estadual e municipal – ao diferirem, trazem um problema adicional
- Governos comunicam Política Ambiental para as empresas através de:
- Abordagem de comando e controle
- Limites de emissões e de substâncias químicas perigosas em produtos
- Normas para disposição final dos produtos
117
qualificadores de pedido) assim como determinar o nível de preço para obter um esperado
“nível de retorno”. (MIRANDA; SAMÚDIO; DOURADO, p.63, 64)
A seguir, aspectos merecedores de atenção segundo Miranda, Samúdio e Dourado
(1997):
a) Uma análise de ameaças e oportunidades deve direcionar as mudanças
colocadas/incorporadas/iniciadas;
b) Toda mudança incorporada deve estar direcionada pela análise do desempenho em relação
à concorrência nos critérios ganhadores e qualificadores de pedidos.
c) Iniciativas ambientais antes da concorrência podem fortalecer a competitividade;
d) Exemplos de ações ambientais: uso adequado de recursos / reaproveitamento
e) Objetivos que podem ser atingidos: redução de Custos, ganhar novo segmento de mercado;
f) O tema ambiental necessita ser explicitamente incorporado através de priorização de seus
objetivos e inclusão nos planos de ação de cada uma das áreas funcionais;
g) É determinante do sucesso o apoio da administração superior;
h) Deve-se ter ações consistentes e mantidas ao longo do tempo;
i) Devem ser utilizados indicadores para verificar a adequação do direcionamento dos esforços;
j) Cada função/parte deve ser consciente de seu papel para a melhoria esperada.
Com relação aos conteúdos apresentados de uma forma geral, incluindo as visões de
relacionamento entre EO e GA, deverão ser relacionados com os dados coletados da prática das
empresas; particularmente com relação ao tópico 4.7, de possíveis implicações colocadas para
as áreas de decisão, da consideração do Ambiente na EO.
Neste sentido, em diversos momentos da exposição teórica, efetuamos grifos, em
palavras e frases que pareceram pertinentes para esse objetivo. E, quanto à proposta de
Gravonsky (2009) saliente-se que este autor:
a) Inclui a Inovação dentre as Prioridades Competitivas tradicionais das Operações – (Custo,
Qualidade, Entrega e Flexibilidade) - denominadas de Dimensões Competitivas e de
Capacitações Econômicas;
b) Não inclui o Ambiente especificamente dentre essas Dimensões Competitivas;
c) Coloca que a dimensão sócio ambiental deve ser incorporada nas Dimensões Competitivas
junto com as tradicionais, acarretando decisões considerando um desempenho triplo –
econômico, ambiental e social – o qual remete ao Triple Bottom Line. Ou seja, a proposta
desse autor é diluir ou distribuir a consideração do elemento socioambiental nas prioridades
competitivas tradicionais;
d) Desta forma, permanece a lacuna teórica trabalhada nesta tese de doutorado, já que
Gravonsky (2009), em seu modelo de EOS, não propõe o Ambiente como nova prioridade
competitiva das Operações. Por outro lado, reforça a busca de resposta para esta lacuna, ao
salientar a necessidade das decisões envolvidas na EO levar em conta os aspectos
socioambientais, além dos econômicos.
121
20
O conteúdo desta seção foi integralmente extraído de entrevista com o presidente da CETESB, Engo. Sr.
Otávio Okano, na sede da empresa, em 26/10/16.
21
Entrevista com Presidente da CETESB, em 2016.
122
Para a fiscalização não usa um checklist, mas sim “vai na experiência que o pessoal já
tem, o qual sabe onde pode ou vai dar problema. E não tem como esconder. “Isso ajuda muito
no trabalho da CETESB.” (Informação oral)22
A atuação da CETESB frente às empresas teve basicamente duas fases, tendo passado
do “comando e controle” para um processo de negociação e de prevenção. “E a prevenção é o
mais interessante” (Informação oral)23.
Houve uma evolução efetiva a partir de 2002 “quando foi criado o advento da licença
de operação renovável.” Até então a CETESB emitia uma licença de operação e agia em cima
da indústria apenas corretivamente. Qualquer problema que tinha fazia um trabalho de ação
corretiva, autuava a indústria, e até essa época, até 2004, praticamente, trabalhou com a “famosa
e tradicional questão de comando e controle” (Informação oral)24.
Em 2004 quando assumiu a diretoria, o Doutor Rubens Lara fez uma abertura com o
setor produtivo. Isso facilitou que o setor produtivo entendesse um pouco o que é a
CETESB, a qual passou a ser muito mais um gestor ambiental do que ser um policial
ambiental por assim dizer (Informação oral)25.
a) Sistema de Comando e Controle – chegar “chutando a porta” - Nesta fase havia desconfiança
mútua. Do empresário ou da empresa considerando que “o código do órgão ambiental existe
para prejudicá-lo” e da parte da CETESB “de que o industrial existe para querer tapear a
CETESB” (Informação oral)26.
A CETESB chegava lá, não queria nem saber! Olhava, olhava, fazia um auto de
inspeção, colocava um monte de coisas que constatou, muitas delas que numa conversa
poderia resolver. Mas não conversava, virava as costas, dava para o cara assinar e ia
embora. Ficava pedindo para ele fazer isso, aquilo e aquilo outro (Informação oral)27.
b) Fase de Diálogo - Na fase de diálogo, considera que “para ter o ganho” não pode “enforcar
um industrial”. Então faz o planejamento da melhoria junto com ele. “O objetivo não é fechar
a empresa” (Informação oral)28.
22
Entrevista com Presidente da CETESB, em 2016.
23
Entrevista com Presidente da CETESB, em 2016.
24
Entrevista com Presidente da CETESB, em 2016.
25
Entrevista com Presidente da CETESB, em 2016.
26
Entrevista com Presidente da CETESB, em 2016.
27
Entrevista com Presidente da CETESB, em 2016.
28
Entrevista com Presidente da CETESB, em 2016.
123
Hoje você senta na mesa! - Está bom ... tem coisa que nem coloca no Auto ... ‘Quanto
tempo você precisa para resolver esse assunto? - Quinze dias? -Está bom, daqui a quinze
dias eu volto para ver se está pronto!’ É muito mais negócio! ... O objetivo sendo
resolver o problema, a forma passou a ser de diálogo. Essa mentalidade, a própria FIESP
assimilou muito bem. E hoje dificilmente qualquer questão ou decisão que possa afetar
o setor produtivo, a CETESB senta para conversar para ver o que pode ser feito no
momento, qual o time que tem que entrar numa segunda etapa (Informação oral)29.
Tem várias empresas com indústrias em São Paulo que foram instalar em outros estados.
E falam: ‘nós vamos fazer no outro estado o que nós fazemos em São Paulo, ainda que
eles não estejam exigindo, não tem todas essas exigências; porque sabemos o problema
que pode dar, que pode nos trazer no futuro, será muito maior do que o investimento
que eu vou fazer’.
29
Entrevista com Presidente da CETESB, em 2016.
30
Entrevista com Presidente da CETESB em 2016.
124
5.3 Evolução da atuação dos empresários e das empresas frente ao fator ambiental
A evolução das empresas quanto ao tratamento do fator ambiental pode ser avaliada
segundo a posição hierárquica do setor ambiental no organograma. Empresas mais evoluídas
possuem uma Gerência ou uma Diretoria de Meio Ambiente. Em uma pequena empresa a
estrutura é mais simplificada.
Em uma pequena empresa, o empresário utiliza o profissional de segurança do trabalho,
ao qual fornece uma capacitação, para supervisionar a parte ambiental. Isso é normal.
Mesmo neste caso, a CETESB tem com quem dialogar, e é isso que é o mais importante
(Informação oral)31.
Sobre a gestão ambiental das empresas a “visão de mercado mudou muito” e houve
“uma evolução enorme nos últimos vinte anos, não tenha dúvida quanto a isso!”. (Informação
oral)32
É muito importante essa consciência que o pessoal passou a ter. Hoje ele não acha que
investir em meio ambiente é ruim, porque a hora que vai fazer uma exportação, seu
cliente vai pedir uma ISO 14000. Se ele não tiver tudo em ordem na parte ambiental ele
não exporta (Informação oral)33.
Houve uma mudança nos últimos vinte anos “na consciência do industrial que investir
para fazer a coisa certa sai muito mais barato do que fazer errado. Essa é a conclusão que eles
chegaram.” O setor industrial evoluiu muito de 2000 para cá – “no compromisso e
comprometimento muito grande das indústrias, do setor industrial com as questões ambientais”
(Informação oral)34.
A seguir, os fatores que mais influenciaram nesta evolução (Informação oral)35:
a) Fim do sistema de comando e controle e abertura de diálogo com o setor industrial;
b) Ter conseguido a compreensão do setor produtivo de que “tem que fazer direito” suas
obrigações legais quanto ao meio ambiente; e
c) Consultores das empresa na questão de tratamento do fator ambiental são ex-
funcionários - ex-presidentes ou ex-diretores da CETESB - e “não irão fazer uma
consultoria malfeita”.
31
Entrevista com Presidente da CETESB em 2016.
32
Entrevista com Presidente da CETESB em 2016.
33
Entrevista com Presidente da CETESB em 2016.
34
Entrevista com Presidente da CETESB em 2016.
35
Entrevista com Presidente da CETESB em 2016.
125
Eles falam: ‘Olha, se você não fizer direito você vai casar com a CETESB!’ como a
gente diz na gíria. Vai ser uma autuação atrás de outra até a interdição ... Porque
eles sabem que se não fizer direitinho a CETESB vai penalizar (Informação oral)36.
Sobre o que se pode extrair dessas colocações para o trabalho de campo, percebe-se
claramente uma mudança importante na forma de atuação do principal órgão de fiscalização
ambiental do país, atuante no estado de São Paulo, região onde estão situadas todas as empresas
que foram objeto dos estudos de caso. Desta forma, o conteúdo dessa seção poderá ser
contemplado nas análises dos dados de campo coletados, trazendo uma contribuição relativa a
um dos atores sociais importantes presentes na discussão da relação entre GA e EO, quanto ao
papel e influência da legislação ambiental. Neste sentido, esse conteúdo se relaciona com as
colocações de Porter e Van der Linde (1995), que também realçam o papel dessa legislação em
relação ao possíveis posicionamentos das empresas.
36
Entrevista com Presidente da CETESB, em 2016.
126
A atuação da Natura é orientada pelo bem estar bem “entendido como a relação
harmoniosa do indivíduo consigo mesmo, com os outros e com o todo”. Ao longo de sua
127
programa chamado Crer para ver40, por meio do qual toda renda da venda de produtos é
canalizada para programas sociais” (informação verbal)41.
No ano 2000 foi introduzida a linha Ekos, 100% vegetalizada e utilizando produtos da
biodiversidade brasileira; em 2001 a incorporação da Análise do Ciclo de Vida (ACV) de
embalagens; em 2004 a ‘abertura’ de capital na Bolsa de Valores (informação verbal)42, e
também desde 2001, usa o formato do Global Reporting Initiative (GRI) em seus relatórios de
sustentabilidade, “o qual possui uma estrutura abrangente incluindo compromissos, estratégia
e abordagem de gestão” (HORTA, 2013, p.87).
A linha de sabonetes foi 100% vegetalizada em 2005; em 2006 terminaram os testes em
animais para o desenvolvimento de cosméticos. Tornou-se “empresa carbono neutro desde
2007 ... compensa todas as emissões de gases de efeito estufa (GEE)” de toda sua cadeia
produtiva, investe “em ações contínuas para a redução do volume de emissões”. Em 2009 a
Natura foi a primeira empresa a se tornar integrante do WWF (Fundo Mundial para a Natureza)
quando assinou um compromisso de redução de emissão de carbono retroativo a 2006 em 33%,
que venceu em 2012; em 2010, introduziu o plástico verde - polietileno verde; em 2011 lançou
no mercado o programa Amazônia e a construção do Eco Parque no estado do Pará43.
Em 2013 a Natura foi a primeira empresa da América Latina a divulgar estudo
determinando o valor financeiro do impacto de seus negócios no meio ambiente e na sociedade,
por meio da metodologia internacional EP&L de contabilidade ambiental – Ganhos e Perdas
Ambientais. (Natura, 2016) Este levantamento foi novamente “divulgado em julho de 2016,
durante o lançamento do Protocolo do Capital Natural, em Londres”. Seu cálculo “traduz em
valores financeiros o impacto ambiental” considerando “a geração de resíduos sólidos, o uso da
terra, o consumo e a poluição da água, além das emissões de gases do efeito estufa e outros
poluentes do ar” (NATURA, 2016, p.64).
Em 2014 foi “a primeira companhia de capital aberto a se tornar Empresa B Corp” -
movimento global de empresas que dão o mesmo valor a seus resultados econômicos e
socioambientais. No início de 2017 concluiu “o processo de renovação dessa certificação,
válida por mais dois anos” (NATURA, 2017, p.8).
c) Vendas por relações – “Além de gerar renda” a empresa investe “no desenvolvimento das
consultoras”, oferecendo “descontos em educação”. O resultado até 2016 foi “1,8 milhão de
consultoras levam produtos e valores aos consumidores; mais de 8 mil “voltaram a estudar,
inclusive na universidade” (NATURA, 2016, p.15)
Segundo o modelo de Porter (1991) pode-se considerar que a Natura possui uma
Estratégia de Diferenciação em Mercado Amplo. Já segundo Hayes et al. (2005) a EC genérica
seria de inovação de produto e características únicas (para Treacy e Wiersema (1995)
Liderança de Produto com foco na inovação).
44
Ver mais detalhes em Horta, 2013, p.103-105)
45 Entrevista com Diretoria Industrial.
132
pagamento de dividendos constantes, crescimento por rentabilidade, gerar valor social para “1,7
milhão de consultoras no Brasil, na Argentina, no Chile, na Colômbia, no México e no Peru”
(Natura, 2017, p.8) e mais 5,3 mil famílias de comunidades trabalhando na extração de
materiais e insumos da sociobiodiversidade, tornar-se empresa neutra em carbono, utilização
de refis etc.
46
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente
47
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente
133
48
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente
134
Treinamento, SHE49, etc.)” com o objetivo de “atingir todos os passos para todas as fábricas”
(informação verbal50).
Pode-se destacar na Visão do TPM, conforme Figura 11, a colocação de “...excelência
em qualidade e processos, com impacto positivo ao Meio ambiente” (grifo nosso).
A Figura 12 traz as Prioridades da Manufatura da Natura em 2017. Deve ser observado
que a manufatura da Natura envolve as fábricas no Brasil (três em Cajamar e uma em
Benevides-PA) e, quanto ao programa de segurança, também as manufaturas terceirizadas em
países da América Latina (LATAM51). A seguir, uma transcrição do conteúdo da Figura 12,
com grifo nosso destacando os pontos relacionados com prioridades competitivas das
Operações. Percebe-se o destaque para o Custo, mesmo quanto ao Ambiente. Também percebe-
se o uso do termo sustentabilidade para designar esta prioridade de manufatura da Natura.
a) Evolução TPM / Projetos de Reduções de perdas – “48 projetos com foco em redução de
perdas e aumento de produtividade”;
e) Fábrica do Futuro – “Reestruturação das fábricas para garantir maior proteção ao produto
com produtividade e eficiência, implementando o conceito de Sala Limpa”;
49
Segurança, Saúde e Meio Ambiente
50
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente
51 Sigla usada pela Natura para abreviar “América Latina”
52
Saúde, Segurança e Meio Ambiente
135
a) Quebra de bomba - “manutentor vai resolver - operação abre uma etiqueta vermelha”;
b) Máquina precisando de limpeza – usa etiqueta de manutenção autônoma – operador vai
limpar;
c) Risco de vazamento na máquina – operador identifica e usa etiqueta de meio ambiente ou de
segurança.
Quanto às Operações de uma maneira geral, cinco pontos são considerados: experiência
operacional, inovação, excelência em serviço, pessoal, e segurança e sustentabilidade.
53
Citação de entrevista com Diretoria Industrial.
136
b) Inovação - A Natura lançou uma média de 230 novos produtos nos últimos três anos,
renovando cerca de 30% de seu portfólio anualmente (Natura, 2017), e para conseguir isso
“necessita de uma cadeia e processo de transferência de conhecimento e tecnologia muito
bem configurado e compreendido, das áreas de desenvolvimento e pesquisa para a
fabricação”, para viabilizar as operações e “evitar acúmulo de problemas”. Trata-se do
controle inicial dentro da política de TPM;
c) Excelência no serviço;
d) Pessoas e segurança no trabalho – “a Natura faz um esforço muito grande para que pessoas
fiquem engajadas e motivadas no trabalho, como ocorre por exemplo quanto à segurança do
trabalho”; e
Com relação à ordem de prioridade do que é mais significativo quanto a ser ganhador
de pedido, que determina o desempenho junto ao cliente que está comprando, que seria o foco
a ser trabalhado nas áreas de decisão, a resposta da Diretoria Industrial da Natura foi que o foco
“para a empresa inteira é “muito a história da consultora no centro ... é quase um mantra”. Pois
tem “muitas mulheres que sobrevivem só da venda da Natura, trinta por cento que ganha em
cima do que vendeu”, e se não tem um produto na hora que está fazendo o pedido pode não
conseguir fechá-lo. “Isso deixaria ela sem receber o dinheiro para o qual trabalha”. Ter a
consultora no centro é o que tem de mais importante para a Natura e significa a responsabilidade
da diretoria industrial, que é “entregar produto no prazo certo com uma qualidade
impecável”. Porque tem uma marca, um posicionamento do produto e o preço. “Tem que
entregar um vale quanto pesa; obviamente há uma base já inteira estruturada para sustentar”
(informação verbal)55.
Desta forma, segundo a Diretoria Industrial da Natura, as duas primeiras prioridades
competitivas das Operações são a Entrega e a Qualidade.
Sobre como é feita a avaliação de desempenho das áreas da Diretoria Industrial, o que
leva em conta, “cada área tem um certo número específico de indicadores, mas voltando o foco
para a consultora no centro”. Para Operações e Logística da Natura, o “principal indicador para
todas as áreas” é o INA - Índice de Não Atendimento – percentual sobre o total que foi vendido
em cada ciclo (informação verbal)56:
... observando SKU por SKU, de itens que a consultora pediu e não foi atendida porque
deu falta de estoque – significa que deu um INA. Todos tem que contribuir: Diretoria
Industrial entregando, Qualidade garantindo que entrou matéria prima e material de
embalagem dentro do padrão para conseguir produzir; o que produz sair dentro do
padrão para estar na casa da consultora na hora que ela pediu.
No ato de venda “pode ser que não fique falando disso, que o vidro é reciclado das cooperativas
etc., mas sabe que tem substância, sustentação para um consumidor que às vezes está buscando
isso” (informação verbal)57.
Então nunca poderia estar fora dos pacotes da Natura o elemento TBL - não adianta
nada eu ter qualidade, ter prazo, ter preço se o TBL for fraco, aí o pacote fica todo ele
enfraquecido (informação verbal)58.
Quando a Natura “vende um Ekos” ou outro produto “com um preço que estamos no
mercado é porque o consumidor final que está comprando da consultora acredita em todas as
histórias que a empresa vem contando” - campanha da Amazônia, colocação de que cem por
cento dos produtos são carbonos neutros etc. “Hoje em dia cada vez mais tem consumidor
antenado com isso” e paga por acreditar que a empresa está fazendo realmente essas ações. Mas
“também está antenado para investigar e ter certeza que a empresa executa o que fala”. Por mais
que faça escolhas no dia a dia, a empresa tem “um tracking muito forte de entregar” tudo que
comunica e tudo que planeja. Se é carbono neutro não pode “ter uma matriz de envio de material
para a América Latina cem por cento aéreo; não é sustentável”. Porque é um dado que pode
estar numa conferência e alguém perguntar59.
Todas as áreas tem suas metas e isso está amarrado em pé, “metas e ‘retorno’ aos
executivos” (informação verbal)60:
A empresa é bem estruturada para que todo mundo saiba o seu pedaço para
entregar. Só para ter uma ideia, cem por cento dos executivos da Natura da
mesma forma que pode ter EBTDA como meta para ser remunerado, tem
redução de CO2, e já não ganhamos bônus no ano que não entregamos.
57
Citação de entrevista com Diretoria Industrial
58
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente
59
Citação de entrevista com Diretoria Industrial
60 Citação de entrevista com Diretoria Industrial
139
Apesar de existir um foc-line em toda decisão, a Natura vivencia trade-offs na sua gestão
industrial, havendo uma busca constante de um balanço entre objetivos.
“A Natura como um todo é uma empresa baseada no conceito TBL - precisa fazer
sentido econômico, social e ambiental para todos os produtos”. No entanto, cada linha de
produto tem um posicionamento de valor “numa bandeira que está carregando das várias com
que a Natura atua”. A linha Ekos abraça como prioritária o tema ou causa da sócio
64
Citação de entrevista com Diretoria Industrial
65
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente
66
Citação de entrevista com Diretoria Industrial
141
67
Citação de entrevista com Diretoria Industrial
68
Citação de entrevista com Diretoria Industrial
142
a) Para todo produto que vai ser lançado, “ao passar nos gates de aprovação do funil de
inovação” para ser aprovado, “tem que ser um business case que pare em pé do ponto de
vista econômico, mas também tem que causar impacto ambiental menor do que sua versão
anterior ou da média da categoria em que está sendo lançado”;
b) Colocam-se metas e indicadores para as áreas, como, por exemplo, aumento do percentual
de vidro reciclado para todos os produtos; no caso do álcool orgânico, quando iniciou a usar,
foi adotado para 100% da cadeia.
Sobre a questão da marca Ekos e seus produtos serem, para o Natura, carro-chefe da
sustentabilidade quanto à questão da sociobiodiversidade, se teria sido o start mais forte do link
de empresa com este tema (ver Apêndice A3), com o uso de matérias-primas da BDB, ou a
partir desta marca-proposta que teria iniciado um processo de disseminação na empresa, coloca-
se que esta proposta tem aplicação ou implicação muito mais geral.
Talvez seja como o cliente final vê, mas para a empresa não porque aplica em todas as
categorias. É que Ekos falamos mais abertamente e acho que fazendo o link com a
Amazônia fica mais forte. É onde aterrissa tudo que é sócio biodiversidade, o trabalho
que faz com as comunidades, cerca de seis mil famílias, tendo uma equipe que trabalha
mostrando como cuidar da floresta, como coletar semente, todo esse trabalho de
envolvimento; tem rastreabilidade e certificação dessas cadeias (informação verbal)69.
69
Citação de entrevista com Diretoria Industrial
70
Citação de entrevista com Diretoria Industrial
143
A linha da marca Soul foi lançada em 2012, procurando “retomar um olhar de consumo
consciente, trazendo novo discurso para o tema, ao abordá-lo também pela perspectiva do
consumidor” e ‘um jeito novo de pensar, um jeito novo de consumir’, provocando-o a refletir
sobre ter “tudo o que você mais quer, sem o que não precisa” (Natura, 2012c, apud Horta, 2013,
p.167). Esta linha possui um “portfolio menor de produtos”, menor quantidade de fragrâncias
e “tipo de embalagem com baixo impacto ambiental, que requer novo modo de uso, mas permite
extrair o máximo de produto da embalagem” (HORTA, 2013, p. 167).
71
Citação de entrevista com Diretoria Industrial
72
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente
73
Citação de entrevista com Diretoria Industrial
144
6.6 Localização
6.7 Instalações
A Natura possui quatro fábricas próprias, sendo uma planta na cidade de Benevides-PA
a quarenta quilômetros de Belém e três em Cajamar-SP com três grandes linhas de produtos:
a) Fábrica Rio Amazonas - “Corpo, Cabelo, Rosto, Proteção Solar, Antitranspirantes (frascos
e potes) - Maquiagem
b) Fábrica Rio São Francisco de Perfumaria, Desodorantes e Óleos – Perfumaria
c) Fábrica Rio da Prata de Maquiagem & Bisnagas (Corpo, Cabelo e Rosto) – shampoo,
condicionador e creme corporal
6.8 Capacidade
Além das já citadas quatro fábricas no Brasil, a Natura possui oito Centros de
Distribuição no Brasil e mais seis na América Latina (LATAM). O principal canal de contato
com o consumidor são suas consultoras, “cerca de 1,7 milhão no Brasil, no Chile, na Colômbia,
no México e no Peru” (NATURA, 2017).
75
Citação de entrevista de Diretoria Industrial.
146
Quanto à capacidade das fábricas, ao seu limite, atualmente (abril de 2018) a Natura
está trabalhando com três turnos de segunda a sábado, sendo trinta e oito horas semanais.
Apesar de estar vivenciando uma expansão de suas atividades para outros países, isto não
depende das fábricas no Brasil. O CD de SP atende o estado de São Paulo somente. Possui oito
CD’s, ou seja, trabalha com descentralização de pontos de distribuição.
Duas vezes por ano a Diretoria Industrial “faz um exercício forte” de avaliação de
capacidade, verificando “desde utilidades até todos os reatores e cem por cento das linhas em
relação à demanda futura”. Nesta avaliação “sempre trabalha a fabricação nas linha de envase
mais ou menos ao redor de setenta, setenta e cinco por cento”. No caso de ter “uma linha que
bate setenta e cinco por cento de uso em determinados períodos do ano está na hora de fazer
um próximo investimento. Ou seja, adota a diretriz de “nunca trabalhar com a linha em cem por
cento de ocupação porque precisa ter capacidade de atender a demanda no curto prazo”. O
objetivo é ter flexibilidade de volume (informação verbal)76:
Sempre precisamos ter um pouco de capacidade ociosa para que, se num período de
vinte e um dias entramos no ciclo, cem por cento do item foi vendido e superamos
quinhentos por cento, vamos buscar atender a superação.
6.9 Tecnologia
76
Citação de entrevista de Diretoria Industrial.
77
Citação de entrevista de Diretoria Industrial.
78
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente
147
A Natura “tende a manter mais mão-de-obra nos processos porque tem muita troca
de produtos devido à ter muita produção de pequenos lotes” e tem mais m.o. para poder fazer
ajustes e setup de máquinas. Mas “onde tem grandes volumes não precisa de tanta mudança
na produção e tende a ser mais automatizado” (informação verbal)79.
O processo produtivo para obter uma formulação ocorre dentro dos tanques, onde são
colocados ingredientes que são misturados e saem para o processo de envase. No entanto, “tem
muitos controles e processos vindo de pessoas”.
A questão da tecnologia e sua importância para a Natura fica evidente nas atuais
prioridades de sua manufatura, conforme Figura 12 de onde se destacam:
A questão da indústria 4.0 é “um novo capítulo” que a manufatura da Natura já está
aproveitando a oportunidade para conectar “sinal com nuvem e usar analytiques para começar
a fazer correlação de temperatura com velocidade, com eficiência, que dá uma outra cara”. Vem
investindo bastante “mas é óbvio que todo projeto de compra de máquina, melhoria,
investimento tem que se pagar” (informação verbal)80.
“A Natura tomou a decisão em meados da primeira década de 2000 de automatizar mais
suas linhas para aumentar a produção sem necessitar se expandir fisicamente, numa estratégia
(mais) de capacitação do que exatamente amarrado com o produto.” No entanto, “algumas das
aquisições não foram bem aproveitadas.” O motivo foi “a imprevisibilidade de demandas e de
comportamento do mercado “, considerado Natural no seu ramo de trabalho, devido ao seu
mercado tornar essas decisões muito difíceis” (informação verbal Engenharia, apud HORTA,
2013, p.140).
Outro ponto que dificulta a automação da produção é que “a sofisticação técnica, quando
se relaciona à inovação, passa muitas vezes mais pelo quesito flexibilidade para permitir a
variação necessária para fazer diferente e com ajustes rápidos”. Como “este não foi o caso
79
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente
80
Citação de entrevista de Diretoria Industrial.
148
Não! A gente vem substituindo máquina às vezes por máquinas de maior velocidade ao
longo do tempo. A tecnologia evoluiu muito. Antigamente tinha linhas de quarenta-
cinquenta unidades por minuto; hoje temos linhas de trezentos e cinquenta unidades por
minuto.
81
Citação de entrevista de Diretoria Industrial.
82
Citação de entrevista de Diretoria Industrial.
83
Citação de entrevista de Diretoria Industrial.
84
Citação de entrevista de Diretoria Industrial.
149
85
Citação de entrevista com Diretoria Industrial
86
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente
150
A Natura “incorporou o polietileno verde nas embalagens de refil “desde quando seu
processo de obtenção alcançou economia de escala industrial”, um aperfeiçoamento de
tecnologia que não representou “maiores desafios” para a empresa (HORTA, 2013, p. 159) mas
que teria proporcionado uma redução efetiva de emissão de GEE da ordem de 71% em relação
ao plástico convencional (Letra Editorial, 2010, apud Horta, 2013, p.155), valor que teria sido
“relevante para a empresa cumprir seu compromisso de redução de GEE.”
87
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
88
Média dos últimos três anos - 213 em 2017, 255 em 2016 e 220 (Natura, 2017)
151
de resíduo, quanto utilizará de água, de energia, geração de CO2 etc. Há sempre uma ida e volta
até chegar em um meio termo (informação verbal)89.
Com relação ao processo de Inovação na Natura, há o uso das calculadoras mencionadas
para todo novo produto, quando passa pelos funis de inovação, para saber o retorno do produto
“considerando grandes categorias – tipo de produto, tipo de embalagem (vidro, plástico etc.);
tipo de fórmula; volume previsto; coloca na calculadora, para saber” (informação verbal)90.
Na Natura o conhecimento tradicional e científico foi unido ao design sustentável no
DNP, utilizando um modelo de inovação aberta. Este modelo envolve parceiros nacionais e
globais em rede no desenvolvimento de novas linhas de produtos através do compartilhamento
de conhecimento tradicional, ciência e design (HORTA, 2013).
6.10.1 Ecodesign
89
Citação de entrevista da Diretoria Industrial.
90
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
152
Mercado
Estratégia
da Estratégia de
Firma Operações
Horta (2013, p. 220, 221) ressalta “... a clareza do papel do NPD91 em relação às
estratégias ambientais competitivas ... como a sustentabilidade seria incorporada à estratégia da
organização. (Liderança em além de compliance e Ecobranding)”.
91
Sigla em inglês de Desenvolvimento de Novos Produtos
153
92
New Product Development
93
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
94
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
154
95
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
96
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
155
97
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
156
98
Citação de entrevista de Diretoria Industrial.
99
Termo usado pela empresa para esses fornecedores estratégicos.
157
Com relação aos produtos da biodiversidade, tem as comunidades que fazem a extração
das matérias-primas da floresta e há empresas parceiras transformadoras que obtém os extratos
e envia para a Natura em Cajamar-SP. Uma parte destas matérias-primas originadas da
biodiversidade vem de comunidades extrativistas, de agricultores familiares - cerca de trinta
comunidades, três mil famílias no Brasil espalhadas principalmente na região Amazônica –
“que produzem as coisas mais CLAIM, que a gente chama ... do tipo de Ekos ... açaí, castanha,
maracujá, cacau...”. Essas MP’s são produzidas ou extraídas por comunidades. São
especialidades que a Natura usa para compor e produzir os produtos diretos e também para
servir de base de outros produtos, como o murumuru, que são bases de shampoo, de produtos
de outras linhas, que são colocados em suas fórmulas. Essa é uma fonte desses produtos: são
produzidos localmente, extraídos e cultivados localmente ou extraídos da floresta em vários
casos (castanha, cacau, murumuru e outros). As amêndoas que geram os óleos e manteigas
também podem ser secas e extraídas na comunidade, sendo um processo pré-industrial feito na
própria comunidade com o suporte da Natura que “vai lá e ajuda a instalar em um filtro, prensa,
tem todo um suporte para a extração dos óleos, do armazenamento para que de lá para cá já
venha em boas condições. Eventualmente, o refino desses produtos é feito por uma empresa
parceira em Benevides que é a SYMRISE “empresa alemã que faz a produção dos óleos e
manteigas que não podem ser feitas na comunidade.” Essa empresa é um parceiro
transformador e “tem outros que fazem os extratos devido às comunidades não terem
tecnologia para produzir óleos e extratos das grandes categorias que vêm da biodiversidade
brasileira” (informação verbal)100.
O óleo de palma utilizado pela Natura é produzido em municípios da região do estado
do Pará, de Benevides, em compra “quase exclusiva” com parceiros que executam tanto a
extração quanto a transformação. Já o álcool orgânico utilizado pela empresa é produzido no
Estado de São Paulo pela empresa Native que é “produtor e transformador desse álcool”
(informação verbal)101.
São esses os grandes volumes oriundos da biodiversidade. Nas comunidades os volumes
são bem menores quando comparados aos volumes de derivados de óleo de palma e álcool e
também tem produtos produzidos por produtores privados, também de pequenos volumes,
alguns produzidos por fazendeiros ou por grandes traders. A Natura também compra pequenos
100
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
101
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
158
volumes de sub produtos e especialidades que vem da cadeia de grandes produtores (informação
verbal)102.
102
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
103
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
104
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
159
A Natura tem uma linha principal de produtos que é a linha Ekos - carro-chefe da
proposta de uso da biodiversidade, da questão ambiental colocada e trabalhada pela Natura.
Essa colocação não ocorre para todos os produtos; há as linhas que tem características de uma
proposta dita tradicional, onde os “Conceitos mais completos pela perspectiva de
sustentabilidade não estão tão presentes como na linha Ekos, mas outras linhas trazem
diferentes perspectivas complementares ao tema” (HORTA, 2013, p.167).
Sim, sim! Tem a linha Ekos, que tem esses ativos da biodiversidade, como norte, como claim
como a gente fala. Então tem lá o shampoo de murumuru, que é claim do produto, é ele que
traz o benefício principal, que carrega toda a comunicação... a linha Ekos é feita para isso,
ela fixa isso de forma explícita. Agora tem diversos produtos como a linha Plant de
shampoos, por exemplo, de outras essências x ou y ... esses produtos podem ser feitos por
produtores privados e entram na cadeia da Natura; não tem produtores que tem um
relacionamento especial, compra no modelo tradicional, compra o óleo x de alguém e faz
o shampoo. Agora no modo claim, o relacionamento com os produtores é diferente desse x
... dentro desse shampoo, assim como dentro dos cremes de Chronos, dentro de maquiagem
e outras categorias da Natura, tem óleo de castanha, por exemplo, ou óleo de maracujá e
outros ingredientes que vem desse modelo da biodiversidade, das comunidades, ou seja, a
relação das comunidades com a Natura não é só para a linha Ekos, mas alimentam também
os grandes volumes... Porque o óleo de andiroba vai em muita coisa da Natura... então
quando compra este óleo da comunidade não é só para usar no shampoo de andiroba da
Ekos, não é só para os produtos da Ekos, é para colocar em uma gama de produtos
supergrande da Natura que usa esse ingrediente. Então começou a comprar mais volume
dessas comunidades e gerar mais negócios com eles e gerar benefícios para os nossos
produtos também, porque são óleos bons (informação verbal)105.
Em 2018, a Natura passou para um total de cerca de seis mil colaboradores, sendo mil
e seiscentos pertencentes à Diretoria Industrial, contemplando as áreas de Engenharia,
105
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
160
Quanto ao perfil trabalhado junto aos funcionários e nas contratações, foi citado que
“além do básico” – aspectos técnicos tais como formação e experiência - a Natura vem
trabalhando “muito forte” em quatro comportamentos: perseguir o resultado do todo, colocar
a consultora no centro de todas as decisões, resolver os conflitos de forma construtiva e
celebrar todas as conquistas. Também foi citada “a questão de diversidade” - busca trazer
pessoas diversas “porque acredita que da diversidade tem soluções melhores”, sendo que
“possui ao redor de 8% do quadro da empresa com pessoas com algum tipo de incapacidade”,
acima do solicitado pela legislação brasileira. “Perseguir o resultado do todo” significa uma
“pessoa que consiga ver o todo, seja capaz de trazer resultado econômico social e ambiental,
que consiga ver o resultado da empresa versus o resultado de sua área” (informação verbal)107.
Além disso, foi citado que o perfil das contratações envolve acreditar nos valores da
Natura, conseguir fazer escolhas olhando o todo, foco em sustentabilidade e foco no
crescimento através de relações, que é “algo muito forte da Natura” (informação verbal)108:
A cultura interna da Natura é muito forte, se a pessoa não vir com um perfil adequado
não consegue sobreviver. É uma empresa bastante colegiada; não é uma empresa que as
pessoas saem mandando, faz desse jeito porque eu estou mandando, isso não ocorre aqui
dentro. Então, olhamos bastante os perfis da cultura da empresa.
106
Citação de entrevista com Diretoria Industrial.
107
Citação de entrevista com Diretoria Industrial.
108
Citação de entrevista com Diretoria Industrial.
161
“A qualidade é a voz do cliente, tem uma interligação muito grande com a área de
atendimento. O input da voz do cliente vem para alimentar a inovação e todos os projetos de
melhoria”. A “área de qualidade” acompanha, verifica e prioriza as principais reclamações “que
vem do campo, quantas reclamações em PPM”. A partir desta priorização “são definidos
projetos de melhoria para resolver os problemas de qualidade que vem do canal”. E essas
mesmas informações “da voz do cliente” são usadas no início de processos de inovação “para
trabalhar o produto no que estão reclamando”. Alguns exemplos são “performance de válvula
109
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
110 Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
111 Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
162
que não seja boa; ou gostarem de uma fragrância mais fresca do que muito amadeirada”
(informação verbal)112.
Assim, a qualidade dos produtos da Natura começa a ser trabalhada no início dos
projetos de inovação.
Quanto à interação máquina-produto na gestão da qualidade, é um trabalho que também
é feito no momento de desenvolvimento do projeto do produto. Por exemplo, para o fechamento
de um tubo de creme, o parâmetro é o torque da máquina. Há uma especificação do torque de
aplicação e do torque de remoção. Junto com a área de Engenharia são feitas curvas de
capabilidade da máquina “por mandril” para saber “se a máquina tem capabilidade para
entregar aquele toque ou não e entregar o produto dentro da qualidade esperada.” Para este
trabalho que ocorre “entre desenvolver a inovação e começar a rodar as primeira produção”
usam-se lotes piloto para validar, “ver se a máquina tem capabilidade, se o produto sai OK etc.”
(informação verbal)113.
Ao final, com a aprovação do produto, quando esta inovação é recebida para produzir
na fábrica “já vem com padrão pré-determinado que precisa entregar o produto para ser
autorizado para ir para o mercado”; a Diretoria Industrial recebe uma especificação de como
tem que ser o produto acabado, de quantos em quantos minutos deve avaliar determinadas
características – ativo de um shampoo, especificação de perfume, cor, odor, aparência, vácuo,
checagem de lote de validade etc. – por exemplo, “a cada quinze minutos o operador deve tirar
x amostras da linha e checar um determinado dado; tem uma rotina de fazer esses checks online
e alimentar toda informação no SAP. Dependendo do produto a especificação varia”
(informação verbal)114.
Então, sobre padrões de qualidade, dentro de TPM tem um pilar da qualidade onde são
estabelecidos os pontos críticos de processo nos quais os operadores “tem que checar
determinadas condições para garantir que o produto saia bem dentro da linha. Pode ser um
torque de aplicação, a temperatura de selagem do ponto específico da máquina”. Isso é
trabalhado “bem do ponto vista da máquina” (informação verbal)115.
A área de qualidade trabalha com especificações e uso das matérias-primas e suas
variações de qualidade (HORTA, 2013, p.149).
112
Citação de entrevista com Diretoria Industrial.
113
Citação de entrevista com Diretoria Industrial.
114
Citação de entrevista com Diretoria Industrial.
115
Citação de entrevista com Diretoria Industrial.
163
O TPM é o programa chefe escolhido para orquestrar, treinar e dar diretriz para a
manufatura da Natura. Dentro do TPM são usadas “muitas ferramentas”, diversas best practices
tais como 5S’s, seis sigma e qualidade assegurada.
Quanto ao envolvimento do pessoal operacional em programas de melhoria, no TPM
tem um “pilar de melhoria especifica relacionado ao estabelecimento de eficiência operacional,
a qual é alavancada com projetos de melhoria especifica”. A partir de uma árvore de perdas de
eficiência são definidos os projetos de melhoria prioritários por fábrica “e esses projetos são
liderados por coordenadores ou por operadores, com a participação nos times de operador, de
auxiliar e de mantenedores (informação verbal)116.
O TPM trabalha justamente buscando o engajamento ou envolvimento do pessoal ou
força operacional em projetos de melhoria de eficiência na operação e manutenção, e
isso tem já apresentado avanços em linhas de produção. É um dos objetivos do programa
de TPM – o ideal é o operador ‘dono da máquina’ (informação verbal)117.
116
Citação de entrevista com Diretoria Industrial.
117
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
118
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
164
a) Por mais que tenha “gente muito inteligente”, comete muito erro “em todas as previsões”.
Embora sejam feitos comparativos por categoria ou produtos similares, no lançamento de
um produto que nunca foi feito antes “é muito difícil saber quanto vai vender.”
b) Há políticas de segurança de estoque para lançamentos específicos. Mesmo assim “às vezes
falta produto porque a resposta do mercado é maior do que a esperada”; ou pode sobrar
produtos. Diante destas “respostas do mercado”, há a reconstrução das “estratégias de
produção, estoque e até de viabilidade do produto”.
A cada 21 dias recebe de 1 milhão a 1,4 milhão de pedidos. No nível das operações, a
Natura tem um programa de produção com 1200 itens de produção e venda, que muda
diariamente em alguns casos, e em muitos casos mudam várias vezes por dia.
Para todos os produtos há uma definição de lotes mínimos de produção. Para a grande
maioria dos produtos a produção é Make To Stock - MTS – “mas quando entra num período de
superação de vendas é Make to Delivery direto ... então, não faz sentido ... tudo é feito para ter
produto na hora certo no local certo que é nos CD’s” (informação verbal)124.
123
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
124
Citação de entrevista com Diretoria Industrial.
166
A empresa tem oito CDs no Brasil mais cinco fora do país. “A cada vinte e um dias,
muda a revista com seus produtos cada uma com trinta, quarenta por cento de inovação e novos
lançamentos - é muito dinâmico.” E tem a meta de entrega para a consultora em menos de
quarenta e oito horas, sendo que a Natura entrega em mais pontos do que os Correios, “é a
empresa que mais cobre CEPs dentro do Brasil; a cada 21 dias tem de um milhão a um milhão
e quatrocentos mil pedidos” (informação verbal)125
“O planejamento da Natura é bastante nervoso, é uma área que investimos muito
dinheiro para ter ferramentas robustas que permitam simular e mudar rapidamente a partir da
demanda” (informação verbal)126:
O PCP vai fazer tantas reprogramações quanto for necessário para atender essa operação
que está acontecendo; programou para vender um milhão e vendeu dois milhões, então
vai entrar em contato com o fornecedor para ver se manda mais matéria prima, se a
fábrica tem espaço para converter.
Apesar de ter um ERP totalmente implantado para facilitar a reprogramação, “não é tão
fácil ter matéria prima e material de embalagem”, e “principalmente acertar na mosca o que vai
vender, essa ciência não é exata” (informação verbal)127.
125
Citação de entrevista com Diretoria Industrial.
126
Citação de entrevista com Diretoria Industrial.
127
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
128
Citação de entrevista com Diretoria Industrial.
129
Citação de entrevista com Diretoria Industrial.
167
Um exemplo típico citado pela empresa são produtos tirados de linha para não ter que
produzí-los com ingredientes não Naturais, mudando sua fórmula para atender a flexibilidade
e ter mais produtos lançados.
Foi preciso startar a produção de última hora e na natureza não se produz nada de última
hora, as coisas têm que ser planejadas, não tem como convencer a planta a produzir mais
se já acabou a safra. No modelo não sustentável, a empresa resolveria o problema
comprando ingredientes artificiais, produziria e entregaria o produto da mesma forma
para o cliente, mas preferiu manter seu modelo sustentável (informação verbal)130.
O Planejamento e Controle da Produção (PCP) contribui para o TBL “da mesma forma”
que ocorre em outras áreas, quanto aos indicadores e metas colocados pelo planejamento
estratégico. “Uma das coisas que pode impactar muito nos indicadores de sustentabilidade do
ponto de vista de fábrica é o sequenciamento de produção”. Se fizer lotes maiores “vai parar e
lavar menos a linha de produção e, portanto, gera menos efluente, consume menos água e
energia, e obtém menor custo”. Assim, “um sequenciamento de produção, maiores lotes, uma
lógica que faça sentido” (informação verbal)131.
Desta forma, percebe-se que o sequenciamento de produção impacta nos indicadores de
sustentabilidade.
“No tipo de planejamento que se faz em produção, se foi um erro do processo de
planejamento que fez uma mudança”, com mais setups por exemplo, levando a gastar mais
água, isso aparece no momento seguinte, devido ao “tracking dos indicadores ambientais”
(informação verbal)132.
A produção ligada à BDB tem como consequência que os ciclos da natureza precisem
ser considerados no PCP e no planejamento dos estoques necessários, inclusive porque a
comunidade que obtém as plantas não pode ser deixada na mão. Neste sentido há um
planejamento com indicação orientativa ao produtor para os três anos seguintes, sendo
confirmada a cada ano para a demanda formal (informação verbal)133;
Para a linha Ekos – cadeia ligada à sócio biodiversidade - tem muitos produtos e no PCP
precisa respeitar o tempo da safra, o que poderia impactar na produtividade. Entretanto, este
tipo de problema é considerado pela diretoria industrial da Natura como sendo similar ao
130
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
131
Citação de entrevista com Diretoria Industrial.
132
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
133
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
168
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Citação de entrevista com Diretoria Industrial.
135
Citação de entrevista com Diretoria Industrial.
169
6.16 Organização
136
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
170
137
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
138
Citação de entrevista com Diretoria Industrial.
139
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
171
O ciclo de carbono da Natura está identificado: emitiu ao ano (280) mil toneladas de
CO2, sendo que desse total de carbono - carbono equivalente – (44%) na extração e transporte
de materiais, matérias-primas e embalagens – (15%) nas operações produtivas - (8%) em
terceiros e (7%) nas operações da Natura – (17%) no transporte de produtos para os consultores
e consumidores, e (24%) do carbono gerado está na disposição final de materiais e embalagens
(NATURA, 2017).
Para poder ter mais foco, na GA da Natura, essa área passou a ser trabalhada
separadamente da Segurança, ao contrário do que ocorre normalmente nas empresas com os
chamados Sistemas Integrados de Gestão (SIG). Ambas as áreas pertencem à Diretoria
Industrial.
172
Isto foi feito para ter maior foco, para projetos de melhorias e para conseguir captar o
benchmarking no mercado, com objetivo de ser protagonista e inspirador de soluções
no tema. Sem uma área dedicada acaba não fazendo isso, faz o famoso apagar incêndio,
atender licenças ambientais, fazer manutenções, pilotar alguns indicadores, mas sem
muitas ações efetivas. A empresa quer energia concentrada mesmo para captar projetos
e fazer melhorias de tecnologia, desenhar projetos de mudanças mais estruturantes
(iinformação verbal)140.
Com relação à reciclagem de aparas industriais que são recolhidas, juntadas e reinseridas
no mesmo processo de onde saíram, este conceito “não interessa muito à Natura.” Esse tipo de
resíduo pré-consumo, ou resíduo de processos industriais, são foco da Natura para implantação
de ciclos de economia circular, sempre buscando a destinação que mais agregue valor e tenha
os menores impactos ambientais (informação verbal)143.
No passado, a Natura chegou a usar na produção de embalagens aparas provenientes de
reciclagem pré-consumo. A partir de 2001, 2002, o catálogo de produtos (Revista Natura) usou
“papel reciclado na produção em uma primeira ação, mas após reavaliação, voltou ao uso de
papel não reciclado”. O motivo foi: “consumo de tinta, impacto negativo da não fidelidade de
140
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
141
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
142
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
143
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
173
cores na venda dos produtos e impacto mais relevante advindo da diminuição de número de
páginas” (HORTA, 2013, p.114).
Com relação à Certificações, a Natura possui “ISO 14.001 para alguns sites (Cajamar,
NASP e HUB Itupeva) e entrará em processo de certificação do Ecoparque no Pará”. Além
disso, está buscando certificação OHSAS 18.001/ISO 45.001 para Cajamar e outros sites”
(informação verbal)145.
Na criação da Gestão de Relacionamento com Comunidades (GRC) percebeu-se que
“...apenas a certificação socioambiental não garantia o uso sustentável da BDB, refletido no
desenvolvimento adequado das comunidades e na viabilidade econômica de suas atividades”
(HORTA, 2013, p.184).
“Era necessário atuar diretamente com as comunidades fornecedoras, para compreender
melhor os desafios” para “acompanhar as negociações com as empresas transformadoras, o uso
dos recursos advindos das repartições de benefícios e o seu desenvolvimento como um todo”
(Natura, 2010 apud Horta, 2013, p. 184,185). A Natura não só certifica os “ativos usados em
seus produtos”, mas apoia “as comunidades, articulada com ONGs, cientistas, pesquisadores e
governos”, cuida “para que a atividade econômica das comunidades se mantenha, com ou sem
144
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
145
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
174
146
Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola
175
Quanto à relação com a teoria levantada, dos dados coletados de uma forma geral, na
Natura, isto será verificado na seção de análise dos dados, após a apresentação dos dados dos
quatro estudos de caso. A seguir, destacam-se alguns desses dados coletados na Natura.
A Natura atende a EC de Criação de Valor Compartilhado (CVC) de Porter e Kramer
(2011), quanto ao gerenciamento de sua cadeia de valor, de seus produtos que usam insumos
derivados da sociobiodiversidade. Isto ocorre através da gestão eficiente de seus impactos,
criando vantagem competitiva, provocando impactos positivos TBL e diminuindo os negativos
- investindo recursos na compra de insumos da região Pan Amazônica, incentivando milhares
de famílias fornecedoras “via manejo sustentável” e contribuindo "para a manutenção da
floresta em pé” (NATURA, 2017).
Sobre o processo de desdobramento da EC de Sustentabilidade na EO, ocorre
estruturalmente um fluxo a partir de um guarda-chuva da sustentabilidade que fornece
diretrizes. A empresa estabelece metas de longo prazo direcionadas a obter impacto positivo de
meio ambiente, e também guidelines com horizonte de médio prazo. As áreas de Planejamento
Estratégico e de Sustentabilidade colocam diretrizes e metas prioritárias - biodiversidade, uso
de ativos, uso de reciclados, material reciclado pós-consumo, embalagem, economia de água
etc., além de outras questões tais como culturais; a definição do planejamento estratégico
envolve trabalhar também no médio prazo (cinco ou dez anos) com metas intermediárias, como
por exemplo definir como pretende estar nos próximos dez anos nos indicadores,
principalmente quanto aos ambientais; todas as áreas tem metas, sendo sua função cumprir essas
metas macro, as quais vão cascateando - há metas colocadas para todas as áreas, tais como
redução de CO2 e de consumo de água e energia. As metas são desdobradas via projetos – de
produto ou outros - agregando times multidisciplinares e multiáreas para executar e operar; no
projeto de produto pode envolver suprimentos, financeiro, marketing, fábrica etc. – todos com
a finalidade de atender a diretriz de Sustentabilidade além de outras. Finalmente, para “amarrar”
e manter em pé todo este processo, deve haver uma estrutura que permita a todas as pessoas,
áreas e setores saberem quais são suas metas e o que deverão entregar, isto de um lado; e de
outro, estas metas estão relacionadas a um “retorno” financeiro a 100% dos executivos, por
176
147
Citação de entrevistas de Diretoria Industrial e Gerência de Meio Ambiente
177
A Tilibra Produtos de Papelaria Ltda. é uma empresa do ramo industrial, sendo seu
principal produto cadernos escolares, além de outros produtos de papel tais como um completo
portfólio de agendas, e linha de produtos para uso doméstico (cadernetas, índice de telefones
etc.), impressos para pequenas empresas e para uso comercial, etiquetas (impressas ou não),
bobinas de papel para máquinas, pastas, classificadores, guias, envelopes, livros de almaço,
milimetrado, quadriculado etc. Além destes produtos de papel, que a empresa produz
diretamente, a empresa comercializa outros produtos, tais como lápis, caneta, borracha, agenda,
grampeador, perfurador, rotulador e etc. com a marca Tilibra e também de outras marcas da
Corporação Accobrands da qual passou a ser uma subsidiária no Brasil. (TILIBRA...)
“O forte do ponto de vista de consumo, o negócio da empresa” são produtos de escritório
e papelaria. Quanto ao mercado, os produtos “são direcionados para todos os segmentos de
mercado”, sendo os principais clientes os grandes varejistas - Lojas Americanas, Wall Mart,
Carefour etc. - atacadistas e o varejo em geral. A demanda no setor é sazonal - a partir de
meados de agosto até novembro há grande pico da demanda (informação verbal)148.
O foco desta tese de doutorado está dirigido para as atividades industriais da Tilibra
Produtos de Papelaria Ltda., a qual envolve a fabricação de todos os produtos de papelaria em
sua planta localizada em Bauru-SP. Porém, a atividade de negócio da empresa abrange o
comércio atacadista de toda a gama de produtos escolares e de escritório, já mencionados, cuja
produção é terceirizada.
A Tilibra iniciou em 1928, “quando o fluminense João Batista Martins Coube resolveu
vender sua própria casa e começar seu empreendimento, com uma porta comercial chamada de
Typografia Brasil em Bauru-SP”. Foi expandida a comercialização de produtos - brinquedos,
tintas, artigos para escritório e engenharia - e a atividade comercial passou para um prédio
maior. Em meados da década de 1940 o nome da empresa mudou para Typografias e Livrarias
Brasil – “a primeira sociedade anônima de Bauru”. Em 1949, inaugurou um prédio de quatro
andares com uma loja no pavimento de baixo e a gráfica nos andares superiores. Em 1953
conquista o Jubileu de Ouro. Possuía “representantes comerciais em 11 estados brasileiros e
uma política de investimentos em modernas máquinas gráficas”. Nesta época, “já distribuía os
seus produtos em boa parte do país”. Em 1962, com a “expansão comercial dos negócios” a
gráfica foi transferida para uma área de 6 mil metros quadrados de uma área total de 40 mil
metros quadrados. A década de 1970 “foi marcada pela morte do Sr. João Batista Coube” e
houve a mudança do nome para TILIBRA S/A “aproveitando as iniciais de cada uma das
palavras do nome anterior. A partir de então, seus quatro filhos deram continuidade aos
trabalhos do pai e iniciaram uma nova era na história da empresa”. (TILIBRA...)
Na década de 1980, a empresa trabalhou para consolidar a qualidade dos produtos, a
tecnologia avançada, desenvolvimento dos recursos humanos, do marketing e do “início de
licenciamentos de grandes marcas como Garfield e Snoopy. Nesta década a Tilibra participa da
primeira Feira Escolar no Parque do Ibirapuera”. (TILIBRA...)
A marca na década de 1990 foram os “contratos exclusivos com artistas e personagens
famosos ... além das marcas próprias. A Tilibra “ganha notoriedade e se consolida como a
marca mais lembrada pelos estudantes brasileiros e entra no ranking das maiores empresas do
país, de acordo com a Revista Exame.” A utilização de “renomados personagens de sucesso
solidificaram os diferenciais dos produtos Tilibra.” (TILIBRA...)
Em agosto de 2004 adquire o controle acionário da Tilibra o Grupo norte-americano
Meadwestvaco, “conhecido como MWV, também atua no mercado de materiais para escritório
e produtos químicos especiais. Esse grupo “já mantinha negócios no Brasil, no setor de
embalagens na cidade de Valinhos, com a Rigesa adquirida em 1952”. A Tilibra passou, então,
a integrar a divisão de negócios de papelaria deste grupo “líder global em produção e soluções
de embalagens”. A partir disso, a empresa “se fez presente em 18 países do mundo”. Em 2012
ocorre um processo de fusão, e junta-se à “ACCO Brands, uma empresa que em mais de 100
anos de história tem sido um dos maiores fornecedores mundiais de produtos para escritório”.
(TILIBRA...)
internet (Tilibra...) colocados a seguir, com o título “Cultura Organizacional ACCO BRANDS /
TILIBRA”. A Figura 14 traz a imagem existente nestes cartazes, destacando os “Valores
Tilibra”.
Fonte: Tilibra...
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Preço para os clientes é importante, mas não necessariamente é a primeira coisa para o
mercado. Então, os clientes, embora é claro que querem comprar bem, mas quando se
oferece um produto com qualidade superior, um serviço de entrega dentro da data,
volumes etc., esse composto da confiabilidade do serviço é fundamental (informação
verbal)152
Tradição de ser uma empresa que produz com Qualidade – “Ganha mercado com a
qualidade”, com o sortimento, variedade ou grande gama de produtos que oferece, “de
licenças, de produtos de diversos tamanhos” e apresentações – “não só de cadernos”, mas de
produtos escolares e de escritório. “Apresenta-se como um fornecedor one-store-shop - pode-
se comprar todos os produtos para uma papelaria” (informação verbal)153
Destaca-se, então, além da Qualidade, o diferencial da diversidade de produtos lançados
anualmente. “A maioria dos concorrentes faz desenvolvimento” e mudanças anuais também,
“porque é quase como se fosse uma moda, um caderno funciona como se fosse uma coleção de
roupas que todo ano troca. Este é o trabalho da Tilibra também, todo ano troca”. A única
diferença é que tem “um sortimento muito maior” do que os concorrentes, “uma oferta de um
leque de produtos, um número de SKU’s muito maior” (informação verbal)154
Além disso, possui uma resposta ao mercado muito rápida: “Trabalha com conceito
de disponibilização de produto que mistura Make To Stock com o Make To Order”. Trabalha
com Forecast, coloca no estoque e “tem capacidade de responder muito rápido à demanda de
mercado”. O cliente coloca o pedido e recebe rápido. Nos concorrentes “coloca o pedido e vai
receber daí a algum tempo” (informação verbal)155.
Quanto à confiabilidade, significa uma “empresa muito sólida do ponto de vista
financeiro – os clientes não veem risco de comprar – “não vai deixá-los na mão, deixar de
entregar” (informação verbal)156.
Com relação ao seu principal produto que é o caderno, “esse mundo gráfico é um mundo
de muito baixa diferenciação”. A Tilibra tem acima dos concorrentes nacionais algumas
vantagens: consegue “obter um número muito grande de licenças, que é um diferencial”; e
também tem um desenvolvimento de marcas próprias da Tilibra muito forte, sendo essa parte
de competência da Diretoria de Marketing, o desenvolvimento de produto e de artes gráficas
(informação verbal)157.
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Em relação aos concorrentes, a Tilibra tem as principais licenças, “um trabalho muito
forte” no desenvolvimento de suas próprias artes, com seus próprios personagens e também em
captar as principais licenças e marcas do mercado. Desta forma, “sobra muito pouco” para os
concorrentes no mundo que se chama de “commodities, cadernos que tem uma capa com uma
fotografia do pôr do sol; o peso desta parte é importantíssimo”. Exemplos: “a principal licença
masculina é a do filme Avengers”; e tem uma marca própria desenvolvida que é a Joly, “uma
das marcas mais buscadas no mercado”; para adolescentes femininas tem a Capricho “revista,
que é uma das grandes marcas” da Tilibra (informação verbal)158.
A descrição colocada no histórico da empresa, deixa claro qual é o diferencial da Tilibra.
A década de (19)90 foi marcada por contratos exclusivos com artistas e personagens
famosos como Xuxa, Snoopy, Garfield e Comandos em Ação, além das marcas próprias
conhecidas como Click, Grafit, Arca de Noé, Sapeca, Diplomata e Charme. A Tilibra
ganha notoriedade e se consolida como a marca mais lembrada pelos estudantes
brasileiros e entra no ranking das maiores empresas do país, de acordo com a Revista
Exame. A chegada dos personagens da Disney como Mickey, Minnie, Ursinho Pooh e
outros renomados personagens de sucesso solidificaram os diferenciais dos
produtos Tilibra. (TILIBRA...)
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Observa-se a não colocação do fator ambiental dentre os valores da Tilibra, que são os
da Corporação da qual faz parte, na imagem da Figura 14 - amplamente divulgada na empresa
- respeito ao indivíduo, excelência, diversidade, criatividade, integridade, trabalho em equipe
e missão. A resposta a esse questionamento foi de que a questão ambiental “pode ser entendida
como estando presente em responsabilidade com a comunidade - não vai jogar rejeito”, tendo
sido exemplificada esta colocação com o fato de que “a cidade de Bauru não tem tratamento de
esgoto, um absurdo, mas a Tilibra tem tratamento de esgoto dentro da padrão CETESB há dez
anos. Ou seja, a água que devolve para o rio está dentro do que é exigido”. Trata-se de “uma
imagem que veio da Corporação” e a Tilibra “simplesmente traduziu de uma certa maneira,
assegurou que os valores estavam alinhados com o que a Corporação tinha” (informação
verbal160).
Conforme será visto, percebe-se um componente importante na GA da Tilibra, que é o
atendimento à legislação ambiental.
(1) Custo (visando aumento de margem de lucro, conseguida com ênfase no aumento de
produtividade e eficiência) – (1º) MP; (2º) m.o. direta;
(2) Entrega – Rapidez/Velocidade e Confiabilidade – (1º) Disponibilidade (pronta entrega);
(2º) Rapidez/Velocidade; (3º) Quantidades corretas;
(3) Qualidade – (1º) de Projeto (FGP); (2º) Confiabilidade(*); (3º) Conformidade;
(4) Flexibilidade - - (1º) Processo; (2º) Mix (sortimento); (3º) Volume;
(5) Ambiente (TBL - fator qualificador)
(6) Serviço – resolução de problemas do cliente.
(*) Disponibilidade do equipamento
7.3.3 Custo como uma das primeiras Prioridades Competitivas das Operações
Com relação ao custo, de acordo com a atual estrutura de custos da empresa, o mais
importante é o custo de materiais diretos. O papel é o principal e mais importante componente
de custo. O segundo é o custo de mão de obra direta. Já o custo indireto tem média importância.
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Sobre o Custo Total de Produção “é o mais importante de tudo, é o que se busca”. Em 2016
“com as mudanças que houve no mercado” a Tilibra enfrentou um aumento do preço do papel
na casa de 24%. Mas, “com os trabalhos que fez” durante o ano “para compensar esse aumento”,
para não impactar no custo total e no preço para os clientes, a Diretoria Industrial da Tilibra
conseguiu “ter uma média de aumento na casa só de 8% de custo”. As medidas adotadas foram
“ajustes de m.o., direta e indireta, outros custos de fabricação, melhorias de produtividade”. No
entanto, “apesar de ter feito um trabalho muito grande nestes outros componentes, o fato do
principal componente ter aumentado 24% - foi muito difícil conseguir compensar”, mas teve
“um aumento mais ou menos de 1/3 só do que se esperava (informação verbal)163
Para a Dir. Ind. da Tilibra, a longo prazo o custo é muito importante e deve ser visto
“olhando tudo num prazo maior de forma a garantir o melhor ao longo do ano”. Mas, de um
mês para outro, “é impossível garantir custo mais baixo, pois o mix pode aumentar e não ser
favorável”. Quanto aos objetivos mais importantes, a Tilibra “tem tentado buscar “muito mais
melhoria de produtividade geral do que necessariamente o custo paroquial, por exemplo, custo
de matéria prima”. Pode tentar comprar o melhor que puder, mas não pode garantir sempre o
papel com custo mais baixo pois o preço do fornecedor pode subir (informação verbal)164
Com relação à qualidade, o mais importante é a qualidade de projeto. Em segundo lugar
vem a confiabilidade e em terceiro a conformidade.
O mais importante é o projeto, porque ele define uma parte grande das perdas que tem
dentro dos nossos produtos. Então, diagramações e otimização dos materiais. Então,
definitivamente, o projeto é o mais importante de todos (informação verbal)165
7.4 Instalações
A Tilibra produz mais de dois mil itens ao longo do ano – com tamanhos diferentes –
oferecidos ao mercado nacional e para exportação na América Latina. Para tal possui uma
fábrica e um Centro de Distribuição localizados na cidade de Bauru-SP. A área da fábrica está
localizada dentro da cidade e está ocupando totalmente a área disponível do terreno, de forma
a dificultar a expansão física se for necessário. O CD está às margens de importante rodovia
estadual e também tem restrições quanto à expansão.
Como a Tilibra está localizada no interior do estado, tem a desvantagem dos
competidores localizados próximos à capital São Paulo, que entregam aos clientes
(principalmente aos grandes varejistas) na cidade de São Paulo. Sua resposta é também entregar
FOB168 porém em São Paulo, em transportadora indicada pelo cliente.
7.5 Capacidade
“Olhando no agregado a capacidade fica mais ou menos por volta de quarenta e cinco
mil toneladas por ano, e em 2016 usou trinta mil”. Alguns roteiros são “mais engargalados,
com alguma limitação de capacidade em algum ponto” e outros tem “um pouquinho mais de
capacidade, mas a média é essa” (informação verbal)169.
Estes gargalos são “auto impostos devido a gerencialmente ter decidido trabalhar a
produção em dois turnos para amenizar os custos”. Assim, quanto ao balanceamento das linhas
“com dois turnos trabalha bem apertado em algumas linhas e melhor em outras”. Tem que
realizar a produção “dentro dessa restrição que foi colocada.” Por exemplo, “tem menos linhas
de cadernos costurados onde fica mais difícil, é um gargalo maior”. Para cadernos espiralados,
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FOB – Free On Board – Livre à bordo – que significa sem incluir o frete (custo do transporte)
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como tem muito mais roteiros “acaba tendo um pouco mais de facilidade de trocar roteiros etc.”
e sente menos como um gargalo. A Tilibra produz mais de dois mil itens ao longo do ano –
com tamanhos diferentes – oferecidos ao mercado nacional e para exportação na América
Latina (informação verbal)170.
Até 2015 trabalhava com três turnos, sendo que houve uma redução e passou a trabalhar
com dois. Com relação à quantidade de funcionários, tinha em setembro de 2016, trezentos e
sessenta funcionários diretos, mais setenta e quatro no Centro de Distribuição; e na
administração da parte industrial centro e doze funcionários.
A capacidade de produção atual (2017) “varia muito dependendo do mix de produtos”.
Se uma máquina produz um caderno de uma matéria, tem um determinado peso, passa
na máquina e faz 50 cadernos por minuto. Um caderno de 10 matérias faz 40 cadernos
por minuto, mas se pegar o peso é muito diferente. Apesar de fazer menos unidades faz
mais peso. Então dependendo do balanço disso, pode ter mais peso, mais unidades, e às
vezes é difícil de falar (informação verbal)171
7.6 Tecnologia
O processo totalmente manual é exceção nas operações da Tilibra, para algo muito
específico, como uma linha com operadoras montando um produto de pouca demanda ou fora
de padronização. Normalmente, o processo é semiautomático, “uma máquina faz alguma coisa
e o pessoal alimenta, acompanha, eventualmente manipula algo; fora os transportes, as
movimentações até a linha final, acabamento etc. Hoje o processo é esse” (informação
verbal)172.
O homem também compõe a tecnologia - como fazer - mas o que comanda no caso da
Tilibra é a máquina. A questão de produtividade e qualidade é mais dependente da máquina do
que do funcionário operacional, o que aumenta a importância do funcionário de manutenção.
O que comanda realmente são as pessoas, porque quem mantém as máquinas, coloca
as máquinas na condição de funcionamento, são as pessoas. Então tem internamente
aqueles trabalhos em equipe para melhoria de produtividade, tem melhorias específicas,
definimos algum tipo de mudança na máquina ou alteração nela, temos planos de
inspeção de manutenção... Então, se as pessoas não atuarem nesses planos, pode ter a
melhor máquina do mundo, ela não vai funcionar (informação verbal)173.
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de papel em uma ponta e na outra sai uma caixa de caderno já pronta e embalada para o CD
“tudo em linha”. A máquina faz a pauta, corta, conta as páginas, insere separadores de matérias,
faz a perfuração para passar o arame, faz os furos de arquivo etc. O processo é alimentado com
as capas e eventualmente acessórios se houver; “faz toda a montagem do caderno e empilha na
contagem programada para venda para o cliente”, sai por uma esteira em um processo
automático para encaixotar, “empilha os pacotes, coloca em uma caixa, fecha e somente aí um
funcionário coloca em cima de um pallet” (informação verbal):
Há muita dificuldade em fazer setup dessa máquina para mudar de cor ou para fazer um
desenho. Por exemplo, para um caderno com miolo customizado ou capa da Minnie e
um desenho dentro precisa ir para outra máquina que tem maior capacidade para fazer
trocas da parte de flexografia. Neste caso, toda a parte do componente do miolo é feita
fora da linha e levada para uma máquina de acabamento que também é mais flexível
para uma customização maior.
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variedade, sendo que depois vai diferenciar em alguns processos paralelos, e finalmente junta
no acabamento ou montagem final. Um exemplos seria o processo de caderno com mil folhas,
onde o miolo é produzido em grande volume de folhas pautadas, que vai abastecer todos os
cadernos e há elementos que vão ser adicionados produzidos em outros processos paralelos que
darão uma diferenciação dos diversos produtos. Há um processo mais complexo devido à vários
processos paralelos que se juntam numa montagem final.
Quanto ao volume de produção “hoje tem cerca de dois terços do volume passando em
máquinas mais simples, com baixo nível de customização, e um terço para produtos mais
sofisticados” (informação verbal)186.
O tema da inovação não surgiu espontaneamente nas entrevistas, mas a “renovação faz
parte do negócio da Tilibra que trabalha essa ideia, pois todo ano renova os produtos por conta
das mudanças das imagens”. Sempre busca benchmarking para “saber o que fazer para trazer
inovação para os produtos”. Um exemplo foi “colocar uma folha de adesivo que funcionou
muito bem, nossos consumidores gostam dos nossos cadernos tops, passou a ter folha de
adesivo duplo ou a ter mais adesivos”. Outro exemplo foi colocar “bolsa de papel ou plástica”
ou a abertura chamada de digital “que pode abrir na matéria direto”. A Tilibra coloca que
“sempre tenta trazer inovação para o produto, porque também o caderno já é um produto super
maduro, e também tem outras linhas de produtos”. Em 2016 fez uma “inovação grande” porque
lançou dentro do universo de agendas “o conceito de planners, produtos que auxiliam a planejar
as atividades ao longo do ano; contendo visões do tipo semanal e anual que ajudam o cliente a
planificar melhor suas atividades”. Este é um produto que “praticamente não existia no Brasil,
aproveitamos a ideia da nossa Corporação e lançamos em 2016 aqui no mercado”. Trata-se de
uma “nova categoria” que “expandiu o universo da Tilibra para sair de caderno e completar
os produtos escolares: caneta, régua, compasso, transferidor – “o que quiser com a marca
Tilibra, hoje” oferece “tudo o que é de uma lista escolar” (informação verbal)187.
Em geral, o desenvolvimento de produtos é interno, mas para algumas linhas de
produtos é externo via Corporação. Por exemplo, produtos da linha de acessórios de
informática, a Corporação desenvolve com terceiros e a Tilibra não desenvolve nada interno
nesta linha (informação verbal)188.
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chamada armação de capa, “como se estivessem as duas juntas, pega, abre e tem uma capa
armada. Aí passa para um palete e leva para outra máquina aplicar um forro para ficar um
acabamento bonito e esconder o papelão”. Tem-se então uma capa armada e forrada. “E para
levar na máquina de acabamento passa numa guilhotina que corta no meio gerando a capa e a
contracapa” (informação verbal)194.
O pessoal da Diretoria Industrial visitou feiras e comprou uma máquina que faz todo o
processo: “alimenta o papelão, o material da capa, o forro, e a máquina arma, e na mesma linha
continua, forra, vira, corta, e já está pronta para ir direto, e eliminou um monte de processo
intermediário” (informação verbal195).
Este é um exemplo de desenvolvimento de processo; no Brasil a única empresa que
tem essa linha é a Tilibra. Ninguém mais tem! Então é uma inovação. Pode ser que o
usuário não veja, quem estiver usando o caderno não sabe se faz uma passagem ou
várias, se cola manualmente, não faz a menor ideia. Mas do ponto de vista de manufatura
sem dúvida foi uma inovação brutal; eliminou etapas; produzia em três etapas e passou
a produzir em uma única. Antes tinha seis pessoas para produzir capa e agora só duas.
Antes demorava o dobro do tempo para fazer uma capa. A produtividade multiplicou
por quatro e o custo da capa caiu brutalmente. Então, tem inovação de processo. Hoje
tem três máquinas dessas; começou com uma, deu certo, compramos a segunda. É um
processo totalmente automatizado que faz todo o processo da capa.
Então, por exemplo, temos itens tipo canetas, lapiseiras, lápis, borracha, perfuradores
de papel, tem acessórios de informática. Então, tem uma linha muito extensa. Em
número de itens, provavelmente eu diria que talvez 1/3 dos itens são fabricados aqui, e
2/3 a gente faz outsorcing, ou seja, importados ou locais, principalmente importados.
Se for pegar em peso, vai ser 80 ou 85% fabricado localmente e o resto comprado
fora...peso em toneladas produzidas ou expedidas (informação verbal)197.
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De uma forma geral, a Diretoria Industrial “pode assegurar que, olhando no macro, a
internalização de processos está também reduzindo o impacto no meio ambiente, pois quando
está dentro de casa sabe que tem um controle e sabe o que está fazendo” (informação verbal)201.
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CIF – Cost, Insurance and Freight - Fornecedor assume todos os riscos e custos da entrega
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FOB – Free on Board – Comprador assume todos os riscos e custos da entrega
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Porém, para os grandes clientes - Pão de Açúcar, Lojas Americanas etc. – a Tilibra
entrega nos respectivos CD’s destas empresas.
Quanto à auditoria nos fornecedores, há esse tipo de auditoria, mas o foco não é na parte
ambiental, e sim para verificar se não tem trabalho escravo etc. via contratação de uma empresa
especializada neste tipo de auditoria. Trata-se do Social Compliance que ocorre para ver se
estão fora de alguma legislação que deviam ter, ou se não tem alguma documentação que
deveriam possuir (informação verbal)207.
Com relação à política de fornecedores, quanto à quantidade, vinte fornecedores
entregam 90% das compras em valores monetários. Mas a empresa tem muitos fornecedores,
sendo acima de duzentos fornecedores no total, com muitos fornecedores pequenos. O tempo
médio que trabalha com os principais fornecedores está acima de cinco anos. E quanto ao
número de fornecedores por item, a política da empresa é tentar ter no mínimo dois fornecedores
“com contra tipos ativos, que possa utilizar sem diferença de um ou outro” (informação
verbal)208.
Os principais fornecedores de papel se localizam no estado de São Paulo. Há um
fornecedor de papel na Bahia – Bahia Sul da Suzano (informação verbal)209.
Quanto à quantidade de fornecedores nos últimos dez anos, a empresa tinha outros
grandes fornecedores de papel que acabaram saindo do mercado. Atualmente, a empresa tem
um grande fornecedor de papel que é a Internacional Paper (IP) e em segundo lugar a Suzano
Papel e Celulose. Devido à movimentações de consolidações e outros movimentos no mercado
de fornecedores de papel, a Tilibra “virtualmente ficou só com um fornecedor de papel que é a
IP” (informação verbal)210.
A empresa também mudou outros fornecedores pelo motivo de “encontrar contra tipos”,
melhores custos, mas o principal motivo de alteração nos fornecedores foi uma grande
consolidação no mercado de papel. E a empresa realiza “constantemente” pesquisas para
aumentar ou expandir o número de fornecedores, “que possam nos fornecer contra tipos, novos
serviços. O nosso maior trabalho é de prospecção mesmo de novos fornecedores” (informação
verbal)211.
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Quanto à relação com seus fornecedores, a empresa tem uma relação tradicional. Porém,
para os principais, que são fornecedores de papel, considera que a IP e a Klabin (caixas de
papelão), tem uma visão “mais de parceria” (informação verbal)212.
Dentre os fornecedores de papel ... um deles, justamente o que acabou ficando no
mercado, que eu acredito que é o que tem uma visão mais de parceria, que é a
International Paper. A Suzano, que é outra grande, sempre foi uma empresa que teve
uma visão ... tradicional, faz lá a vida dele, e o cliente que se vire. Outros grandes
fornecedores, por exemplo, de caixa de papelão, a gente tem um bom fornecimento com
a Klabin, que a gente vê também que tem uma coisa diferenciada... Mas não tem muitos
não. Acho que a maior parte fica aí no mercado tradicional (informação verbal, grifo
nosso)213.
A VCP era fornecedora de papel e vendeu esse negócio, ficou só com celulose,
então reduziu um grande fornecedor. A Tilibra tinha uma empresa... agora
chama-se Munko ... que também era um fornecedor. Ele decidiu focalizar no
negócio de papéis especiais e hoje quase não fornece nada. No último ano a
Suzano disse que não ia mais fabricar papel na gramatura que a gente usa. Então,
virtualmente a gente ficou só com um fornecedor de papel que é a Internacional
Paper. Movimentou muito esse mercado do nosso principal material ...
...consolidações (informação verbal)214.
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havendo esse “diferencial, digamos assim, de relacionamento”, para o qual a Tilibra dá uma
pontuação (informação verbal)216.
Quanto à auditoria nos fornecedores, quanto à qualidade não faz. Mas a empresa
realiza dois outros tipos de auditoria. Um deles é chamado de Social Compliance, “para ter
certeza que eles não fazem... não utilizam trabalho escravo, não pagam hora extra, trabalho
infantil, que eles trabalham dentro da lei”. E o outro é auditoria anual em todos os parceiros da
parte ambiental, em seus processos, em sua documentação – com relação a coprocessamento,
na parte de disposição de materiais e resíduos (informação verbal217).
Sobre o desenvolvimento de projetos de produtos ou de processos junto com
fornecedores, foram implementados em 2016 dois projetos de novas embalagens de tinta e de
cola, que tiveram um impacto positivo, de ganho na logística reversa com fornecedores. Estes
projetos saíram de “Green Belt e não de CAPDo218” por serem mais complexos e envolverem
estudos de capital – tiveram investimento e análises “um pouco mais profundas” para poder
justificar o dispêndio de capital. “Não foram investimentos muito grandes, mas pelo
procedimento interno, tem que escrever um documento” (informação verbal219).
a) Tinta - anteriormente era entregue em latas de 2,5 kg e passou para tambores de 200 kg.
Houve reformulação do layout: destinação de espaços para colocação dos quatro novos
recipientes, um para cada cor básica - Cyan, Magenta, Amarelo e Preto. A tinta não é
encaminhada automaticamente para as máquinas a partir destas novas embalagens. Os
operadores de offset vão até a “central de dispensação” e se servem da quantidade necessária,
similar à uma máquina de frozen iogurte. O setor onde se aplicou esta mudança chama-se
setor de off-set. Houve ganhos na logística direta e na logística reversa - menor trânsito de
material: redução de latas para logística reversa, pois praticamente elimina a necessidade de
limpeza de borra de tinta, menor custo de compra da tinta por kg na compra de tambores,
redução na perda de tinta pois os operadores se servem das quantidades necessárias.
b) Cola - Anteriormente era entregue em baldes com volume unitário de 20 kg e depois passou
a ser em containeres de 1 ton. O lay out foi alterado para poder acomodar o container. Houve
ganhos na logística direta e na logística reversa. O setor onde se aplicou esta mudança foi no
“setor de acabamento encadernado”.
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fornecedor de adesivo também; “só não precisa de FSC o fornecedor de arame” (informação
verbal) 223
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Norma de Gestão de Energia
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bolsa plástica; quando não tem produção, fazem um produto para colocar em lancheira”.
Também possui poucos funcionários com “alguma flexibilidade”, mantém “dentro da equipe
algumas pessoas ... polivalentes, que conhecem mais do que uma máquina, mas geralmente
dentro de tecnologias parecidas” (informação verbal)229.
Em geral, na produção da Tilibra, os operadores são multifuncionais em seus processos,
em suas máquinas - cuidam da operação e da manutenção rotineira e inspeção de Q – mas no
geral não tem flexibilidade para atuar em distintas máquinas ou processos.
A escolaridade mínima exigida na produção é segundo grau completo. A empresa opera
em turnos de trabalho. Até 2015 operava com três turnos, mas reduziu para dois em 2016
(informação verbal)230.
Não exigimos nível superior para pessoal de fábrica. Mas se olhar um histórico ... com
certeza ele está melhorando ao longo do tempo. Principalmente nas outras áreas... hoje,
a maioria do pessoal que entra, de vendas, PCP etc. pessoal com curso superior. Então,
seguramente ele está evoluindo com o tempo (informação verbal)231.
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futuro crescimento na empresa, há esta perspectiva via promoção interna. A maioria das
posições são preenchidas via recrutamento interno. Exemplo: para contratar um operador para
uma máquina nova, lança a vaga, as pessoas, internamente, se inscrevem para serem operadores
dessa máquina, faz uma avaliação de todos, um vai ser promovido, vai ocupar a máquina nova.
Se abrir uma vaga de auxiliar que é o nível mais baixo que tem na empresa, aí traz de fora. A
maioria das contratações que faz é de nível inferior, e internamente através de promoção interna
(informação verbal)234.
Há avaliação anual para verificar a efetividade do trabalho dos funcionários em todos
os níveis, e sobre os operadores colocarem sugestões de melhoria, existe essa possibilidade,
mas com frequência em aberto. Tempos atrás houve uma tentativa de fazer um sistema de metas
“para forçar o pessoal a entregar ideias”, mas “não funcionou” e, então, passou a ter um
processo aberto (informação verbal)235.
Em aberto porque vinham um grande número de coisas, porque as pessoas se sentiam
obrigadas a colaborar, que não tinham valor nenhum. Então, acabou com o sistema de
metas, deste tipo de coisa, e agora, quem quiser participar, participa, não tem meta
(informação verbal)236.
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A Tilibra possui a certificação de qualidade ISO 9001 desde 2009 e o programa MPT –
Manutenção Produtiva Total - que é o principal programa utilizado: “...como foi implantado
isso há muitos anos atrás, a gente usou o MTP”. Para a Tilibra, o MPT “acabou sendo um
sistema de gestão da produção, da produtividade e qualidade”. Sua origem “foi muito mais para
que tivesse a manutenção produtiva total que permitisse maximizar o tempo dos equipamentos
para produção”, mas acabou sendo um sistema de gestão que abraçou “todos os outros
componentes” ou ferramentas de gestão, “como a metodologia Capdo de produtividade,
derivada do PDCA” (informação verbal)240.
Sobre controles de qualidade existentes ao longo da linha, humano ou automatizado, a
empresa tem os dois para evitar componentes invertidos ou garantir a colocação de
componentes, evitando erro na montagem dos produtos. Há processos onde o funcionário
verifica e outros onde é feita pela própria máquina ou processo automático.
“Em muitas máquinas” foi implantada inspeção através de câmeras de filmagem e
fotográfica que permitem, na hora de alimentar, detectar se a capa está na posição correta,
impedindo que o caderno saia com a capa invertida.” Tem máquinas com alarme e outras com
rejeição automática, que verifica, por exemplo, se na contracapa tem o código de barras correto
relativo a quantidade de matérias e de folhas do caderno.
Se tiver, por exemplo, um Homem Aranha, a mesma capa, mais à frente, vai no caderno
de uma matéria e no caderno de dez matérias. Porém, a contracapa é diferente, de uma
ou de dez matérias. Se estiver errado, vai cobrar do lojista o caderno de uma matéria
como se fosse de dez, e vai ficar louco da vida, porque vai pagar muito mais caro. Se
for o contrário, talvez o consumidor nem perceba, mas daí o lojista perde dinheiro
porque recebeu pelo caderno errado! Para evitar isso, tem detectores para ter certeza
desses itens de qualidade (informação verbal)241.
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a) 5S’s – “é um programa que anda sozinho, tem auditoria, as equipes fazem uma auto
avaliação periódica e duas vezes por ano é feita uma revisão de resultados.” As equipes que
“se saírem melhor são premiadas.” Este é um “esquema de manutenção do programa 5S”.
Normalmente é trabalhado por setor, podendo abranger mais de uma área e não só
equipamentos. “Há um mapeamento de áreas feito pela área de Qualidade responsável pelo
programa, contando com lideranças em cada área e o próprio pessoal das áreas faz a
manutenção do programa; e tem as auditorias”. O programa 5S’s da Tilibra tem uma gestão
independente. O MPT coloca como base os 5S’s, mas na Tilibra este programa surgiu
anteriormente e é trabalhado e avaliado em separado.
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Porém, começa no C, que é fazer a verificação... Então tem uma máquina que está
rodando, verifica os resultados, daí faz uma análise dos dados; com base na qual executa
o plano de ação que definiu... Aliás faz o planejamento das ações e executa. É o PDCA,
mas começa na etapa de verificação (informação verbal)245.
c) Green Belt - “Se, por acaso, tem alguns projetos mais complexos, tem Green Belts na
empresa.” Conta com 27 green belts treinados externamente, para executar “projetos de
melhoria que precisam de um pouco mais de ferramentas estatísticas, e de análise”. Mas
black belt não tem nenhum ainda, o que poderá ocorrer em 2018, “formar o 1º black belt”.
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impressões nas máquinas com capacidade de quinze mil impressões por hora, “terá que trocar
quatro chapas e realizar setups que podem demorar 20 minutos cada um e a eficiência dessas
máquinas será de 20%” (informação verbal248).
O setor de programação da Tilibra “programa mais de cem máquinas, e as máquinas
podem ter roteiros alternativos”. A complexidade e quantidade de alternativas “é muito alta, o
negócio explode!” Possui uma área de planejamento com os planejadores que cuidam do Plano
Mestre de Produção em interface com a compra de materiais, e tem outra equipe de
programadores de produção que realizam um “sequenciamento do que vai entrar na segunda-
feira às 10 h da manhã.” Os planejadores decidem o que vai produzir na próxima semana, as
quantidades de cada tipo de produto, e então os programadores definem o sequenciamento das
máquinas” (informação verbal249).
Assim, do ponto de vista operacional “uma coisa que a Tilibra faz diferente do mercado,
é trabalhar em uma boa parte do ano com o conceito de limite de estoque”. E depois no final do
ano, na “alta temporada de abastecimento do mercado, muda um pouquinho mais para Make to
Order”. Tem um estoque para oferecer, obtendo uma vantagem na entrega praticamente
imediata “porque o cliente faz o pedido e já tem no estoque” (informação verbal)250:
Toda a nossa linha. Então é muito difícil acertar no forecast. Se houve um problema de
variação ou vendeu demais de um produto e não tem, então temos que produzir de novo.
Por isso passa a produzir mais no make to order, conforme vão entrando os pedidos
vamos ajustando o Plano de Produção para servir aqueles itens que estão vendendo
mais.
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A Tilibra trabalha, então, com MTS “que é o principal” e MTO “para o caso de algum
pedido especial”. Não possui produção para estoque e posterior montagem, que seria um
“conceito de produto semiacabado”, uma ideia “até legal que pensamos um tempo atrás”
(informação verbal)252.
A seguir, os tipos de produção que direcionam o Plano de Produção (informação
verbal)253:
a) Make to Stock - geralmente do começo do ano até agosto/setembro produz de acordo com
uma previsão de vendas para abastecer o estoque com volumes de todos os produtos. Alguns
ficam prontos mais cedo e outros mais tarde porque necessita antes da aprovação do
licenciador. Desta forma vai construindo um estoque.
b) Make to Order 1 – Em geral, de outubro até o início do período de volta às aulas. Quando
as vendas aumentam muito, começa a receber os pedidos e vai retirando do estoque; as
diferenças de pedidos maiores do que as quantidades disponíveis passa a ser o direcionador
do Plano de Produção, o qual passa a ser “muito mais com base no que a carteira está
mostrando de demanda do que com base em uma previsão de vendas”: aumenta a produção
daquilo que está saindo mais e diminui aquela que está saindo menos.
c) Make to Order 2 - A Tilibra espera entrar o pedido e produz “exatamente o pedido, não
guarda estoque, não produz 20% a mais”. Isto ocorre para produtos exclusivos de alguns
clientes, pedidos novos de produtos que não tem em estoque, como é o caso para Lojas
Americanas da linha Light – “um verdadeiro make to order porque para a Americanas só
fazemos esta linha para eles”.
Tem alguns clientes que fazem dessa forma, tem Americanas, Carrefour, Walmart, que
tem linhas próprias de cadernos que servimos... E daí fazemos de acordo com os pedido
deles sem formar estoque ... Pode chegar a 10% ou 15% do volume de produção do ano;
é bem razoável (informação verbal)254.
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Sobre estoque de componentes a empresa trabalha com cerca de treze a quinze dias de
materiais em mãos.
Sobre a forma de realizar pedido aos fornecedores, há um módulo do ERP que faz o
planejamento e o PCP libera, porém “não é o PCP que dispara um pedido automaticamente ou
diretamente, mas o pedido passa pela área de compras, a qual faz o pedido no ERP. Existe uma
intervenção manual, não é automático, é via ERP” (informação verbal257).
Sobre kanban, o mesmo praticamente não é utilizado, mas o diretor industrial entende
como algo que deveria usar por ser mais avançado.
Não, infelizmente! Gostaria! Nossa experiência... tem um kanbanzinho na área de
separação de produtos do CD ... tem uma linha de separação onde entra um pedido - um
pacote de canetas, um pacote de agendas ... - tem as prateleiras com os produtos, caixas
abertas e vai pegando as unidades. Tem uma hora que acabam os produtos na estante.
Então, tem um painel com kanban que avisa um operador da área do CEDIS - Centro
de Distribuição – para alimentar aquela posição com uma caixa nova. Então, tem algum
kanbanzinho sim, mas na parte com fornecedores não conseguimos chegar lá não
(informação verbal258)
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Sobre a relação PCP e Custo, a empresa segue a diretriz de manter ou diminuir o custo,
porém “tem que constituir estoque para a alta temporada e ter pronta entrega, o que traz um
custo maior para carregar esse estoque durante um tempo; é uma decisão em função de poder
atender o cliente quando necessário, que é o diferencial” (informação verbal)262.
“Essa não é uma decisão só do PCP, é mais corporativa e estratégica da empresa em um
nível mais alto, podendo chegar à Corporação dependendo do investimento.” A empresa sabe
que tem uma demanda no último trimestre “que em volume pode chegar a três vezes o que
produz em um mês o que tem de capacidade”. Só tem duas saídas: “ou investe em máquina, em
capital, ou em capital de giro, aumentando os estoques para atender aquela época.” Esta decisão
“envolve comprar uma máquina automatizada que custa cinco milhões de dólares ou pré-
produzir duas mil toneladas”. O investimento em ativos tem que ser justificado. Quem realiza
o estudo de custo-benefício é o pessoal da área de Engenharia (Engenheiros de Produção) que
se reportam à Gerência de Produção da Diretoria Industrial. São analisadas curvas de produção
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colocar lote adicional de cadernos que estão vendendo muito mais do que o esperado. Para a
mesma semana não é impossível, mas pode ser muito difícil, porque precisa dos componentes
disponíveis - materiais, papel certo, tinta etc. Por isso, quanto à flexibilidade “tem um período
que tenta manter a produção mais protegida” que é uma semana firme para conseguir ter
flexibilidade depois. “De qualquer maneira, não seria uma flexibilidade ruim; responder em
uma semana é uma boa flexibilidade” (informação verbal)268.
7.13 Organização
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A Gerência de Distribuição é responsável pela entrega dos pedidos dos clientes, ou seja,
pela logística de distribuição; “recebe o pedido do cliente, separa os pedidos e coordena os
embarques de transporte físico até uma transportadora” (informação verbal)270.
Até 2015 havia a Gerência de Engenharia, Qualidade, Segurança e Meio Ambiente
(EQSA) – uma das gerências da Diretoria Industrial – O gerente desta área tinha todas essas
áreas técnicas se reportando a ele, e nela estava alocada uma Engenheira de Segurança e Meio
Ambiente com o cargo de Supervisora destas duas áreas. “A Gerência de EQSA foi eliminada
e no lugar dela assumiram o Supervisor de Qualidade e Assistência Técnica e a Engenheira de
Segurança e Meio Ambiente”. As funções de Engenharia e Manutenção foram absorvidas pelo
Gerente de Produção. A Supervisora Ambiental passou a ser responsável por estas duas áreas e
a se reportar diretamente ao Diretor Industrial sem ser gerente, ou seja, as áreas não ganharam
status de gerência (informação verbal)271.
Esta mudança ocorreu por dois motivos: “enriquecimento da posição de Gerente de
Produção para desenvolvimento de talento interno que foi promovido” à gerente; também
“houve a promoção de jovens talentos que assumiram maior responsabilidade e passaram a se
reportar diretamente ao Diretor Industrial, com a divisão das funções de qualidade e segurança
mais meio ambiente” (informação verbal)272.
As áreas administrativas (Marketing, Compras etc.) estão localizadas na filial brasileira.
Então, a empresa não pode ser considerada apenas uma planta operativa, pois possui essas áreas
em sua planta (informação verbal)273.
No chão de fábrica há uma organização com vários processos paralelos em layout linear
ou celular flow shop (linear no interior da célula), os quais vão sendo canalizados para uma
montagem final (linhas de acabamento).
As principais etapas do processo, de forma resumida, são: Impressão, Armação de
capas, Flexografia do miolo e Acabamento do caderno (que é espiral). Quanto ao tipo de
leiaute, seria do tipo linear, ou celular flow shop.
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... a gente tentou fazer um conceito celular ... o nosso leiaute não é o forte da empresa.
O produto tá aqui, subiu, desceu ... é complicado ... mas olhando a parte de acabamento,
antigamente o pessoal fazia uma etapa, colocava no palete, daí mandava pro outro, o
outro desmontava o palete, fazia outro. Agora, na parte de acabamento costuma ter
linhas completas. O cara vai lá, alimenta o miolo, alimenta o acabamento, sai a caixa,
acabou. Então, tem uma celulazinha de produção, vamos dizer assim (informação
verbal, grifo nosso)274.
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Decidiu-se adotar a ISO 14000 “como uma maneira de poder validar para nossos
clientes, para a sociedade... enfim, para todo mundo que tem relação com a empresa, essa nossa
responsabilidade com o lado de sustentabilidade ambiental também”. A Tilibra “obviamente é
uma empresa muito conhecida aqui em Bauru, uma das empresas mais importantes, dentro do
mundo gráfico também muito conhecida”; então o objetivo foi “para que as pessoas soubessem
que a Tilibra não é “só uma empresa que vende caderno e tá ótimo”, que “tem muito mais que
isso”, responsabilidade social e ambiental, que está “preocupada com o impacto que causa no
meio ambiente”. A Tilibra considera que isso é importante, “inclusive porque os produtos que
vem de papel, em si já trazem uma pecha, uma mancha, de que não são ambientalmente
corretos, e que tem problema”. Então, a Tilibra “mostra que não, que tem IFC, que é certificação
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de cadeia de custódia, que tem ISO 14000, que vai além do IFC, que olha toda a operação’
(informação verbal)283:
Porque os grandes clientes, multinacionais, os grandes varejistas ... Wall Mart,
Carefour, este tipo de empresa, eles dão importância, obviamente, para o que v. tem de
certificação, seja de qualidade, de meio ambiente. Para os outros clientes em geral, esse
tipo de informação também é bom, porque mostra ...que v. é um cidadão, é uma empresa
que participa da vida do planeta e não só um...
Na incorporação ‘começou a olhar a parte ambiental com um foco muito maior’. Boa
parte da implantação das melhorias que precisava da ISO-14000, fez com essa mudança
corporativa. Quando contratou recurso externo para ajudar na implantação da ISO, o trabalho
foi de alguns meses, pois já estava tudo pronto (informação verbal) 285:
Em alguns poucos meses. Eu posso até rever, mas foram poucos meses assim. A
principal meta era o prazo. A gente colocou um prazo que gostaria de ter uma
certificação, até uma determinada data. O objetivo era exatamente que os nossos...
quanto a gente lança os nossos catálogos, a gente sempre faz uma parte inicial do
catálogo com um texto institucional e a gente queria colocar que tinha ISO-14000...
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Com relação ao envolvimento dos stakeholders: “Ah, sim! Todos envolvidos, desde o
nosso Presidente ... que foi um dos grandes patrocinadores da ideia ... fornecedores e clientes,
mais a gente...o objetivo era poder comunicar aos clientes (informação verbal)287.
Quanto aos fornecedores, houve algum envolvimento posterior à implantação da ISO-
14000, nos projetos especiais ‘das tintas’ e ‘da cola’ e ‘alguns outros pequenos projetos’
(informação verbal)288.
Não houve nenhuma mudança na estrutura da organização por causa do tratamento das
questões ambientais. A única mudança que foi feita na organização da Diretoria Industrial
envolvendo a parte ambiental já foi mencionada e se referiu à área de meio ambiente passar a
se reportar diretamente ao Diretor Industrial e não mais a uma de suas gerências. Esta mudança
teve como motivação uma reorganização administrativa após a saída de um gerente e extinção
de uma gerência.
Quanto à alteração no chão de fábrica ou da organização do trabalho ocasionada pela
gestão ambiental e implantação da ISO-14001 houve um reforço na coleta seletiva, pois foram
criados alguns itens a mais de segregação, que antes não eram tão claros, para terem uma
disposição correta. “Antigamente o pessoal colocava tudo como aparas, e alguns materiais, por
exemplo, panos de limpeza, muitas vezes estavam contaminados com graxa, mas eles também
precisam ser separados” (informação verbal)289.
Ainda quanto ao tratamento específico da parte ambiental, inicialmente há a colocação
de que “pouquíssima coisa vai para aterro”, pois os dois únicos resíduos que vão para aterro,
“uma quantidade pequena”, são os restos de comida do restaurante e o papel higiênico dos
banheiros. A maior quantidade de resíduos é constituída pelas ‘aparas’, resíduo vendido para
uma empresa terceirizada que enfarda e recolhe dentro da empresa. As aparas são separadas em
três tipos - tipo 1, tipo 2 e tipo 3 - dependendo da quantidade de outros resíduos presentes tais
como tinta. A apara do tipo 1 não tem nenhum outro resíduo e a tipo 3 tem grande quantidade
de tinta presente (informação verbal)290.
Quanto aos efluentes que são gerados, tem efluente líquido tratado que vai para o rio. E
tem uma parte constituída de lodo que a empresa encaminha para coprocessamento (informação
verbal)291.
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Há outros tipos de resíduos que não podem ser vendidos como aparas, como, por
exemplo, adesivos - contém cola. Os adesivos têm que ser segregados e encaminhados para que
sejam incinerados ou algo assim, sendo um outro tipo de trabalho. Outros tipos de resíduos -
lâmpadas, pilhas etc. – são pegos, separados em coleta seletiva para ter os descartes corretos
(informação verbal)292.
Quanto à participação de fornecedores na gestão ambiental, foi mencionado o projeto
da tinta “pois é muito mais fácil um fornecedor entregar um tambor do que dez latinhas de
tinta”; melhorou o manuseio para o pessoal da Tilibra e para os fornecedores também porque
tem responsabilidade sobre a logística reversa que teve também um ganho - tinham que vir
buscar “dez latinhas de tinta vazia” e agora levam só um tambor. E também no projeto da cola,
pois antes usava baldes de cola, e passou a usar cola a granel em um grande recipiente - papelão
por fora e com um tipo de plástico por dentro (informação verbal)293.
A Gestão Ambiental não alterou a organização do trabalho, mas quanto ao leiaute
houve algumas mudanças decorrentes dos projetos, para acomodar as tintas e os recipientes de
coleta seletiva. Com relação à base de fornecedores não alterou nada; também não houve
alteração no número de fornecedores por item. Também não houve impacto no PCP. Com
relação à Gestão da Qualidade houve um impacto quanto à “formatação de alguns documentos
de maneira consolidada”, devido ao SGI - Sistema de Gestão Integrada - de forma que estes
documentos, políticas etc. “servem tanto para qualidade como para meio ambiente, tem um
documento só”. Quanto ao treinamento, na implantação da ISO “houve muito treinamento,
uma quantidade de horas muito alta”. Quanto à integração vertical, o fato de ter internalizado
processos não teve nenhum motivo ambiental para isso, tendo ocorrido por uma questão de
gestão do processo e não pela parte ambiental. Também não interferiu na capacidade
produtiva (informação verbal)294.
Quanto ao desenvolvimento de novos produtos, a empresa sofreu maior impacto com
o FSC – norma florestal – do que com a ISO-14000, conforme parágrafo seguinte. Esta
certificação FSC é mais antiga, foi obtida em 2009, porque a Tilibra “acreditava que fazia um
impacto grande para os consumidores”. Muitos deles, “principalmente de produtos fora do
Brasil, chamados consumidores conscientes, queriam um produto que fosse de floresta
manejável” (informação verbal)295.
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Na implantação do FSC teve dificuldades porque não pode misturar produtos FSC com
produtos que não são FSC. Também teve um processo de auditoria similar ao da ISO. Foi
contratada uma consultoria e teve que implantar controles para mostrar que está comprando
papel FSC. Se comprou cem toneladas de papel, deve mostrar que saiu cem toneladas de
produtos, e precisa de controles para isso! “A complicação ainda é maior porque o FSC exige,
por exemplo, ao produzir um caderno, o papel tem que ser FSC, o papelão tem que ser FSC etc.
Não pode ter nenhum material que não seja FSC, para poder colocar o selo, o símbolo FSC
(informação verbal)296.
A gestão ambiental da Tilibra impacta no desempenho do sistema industrial, “tem
valor sim”, ao “colaborar com a conscientização dos funcionários”, trazendo melhorias difíceis
de mensurar mas que “impactam para que tenha uma redução e um melhor controle de como
está gastando dinheiro”. Esta conscientização se relaciona com (informação verbal)297.
a) “Segregar melhor o que tem que jogar fora e como; se tem um pano que está relativamente
limpo, porque vai jogar?”
b) “Pensar em não misturar material que não precisa ser descartado que é uma apara, com
adesivo que vai pagar para descartar”;
d) Também leva para a vida pessoal: “Muitas pessoas também saem daqui felizes porque chega
em casa e faz uma coleta seletiva, se propõe a ver como pode reduzir o seu impacto no meio
ambiente” - ajuda “no moral das pessoas também”.
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Não é estritamente o cumprimento de normas, mas é que tudo que a gente faz é baseado
nisso, por exemplo, a ISO 14001 não é obrigatório ter, não é uma exigência legal, mas
é uma opção que a Tilibra implantou; e tem também que não faz as coisas só por norma,
mas a grande parte delas sim, tem um peso legal muito grande que tem que ser seguido.
298
Citação de entrevista com Gestão Ambiental em 2017
299 Citação de entrevista com Gestão Ambiental em 2017
221
Além das duas empresas que retiram os materiais para co-processamento, há outras
empresas que retiram materiais específicos. Por exemplo, uma que só recolhe lâmpadas, outra
que só recolhe baterias, outra que só recolhe óleo usado, outra que só recolhe o resíduo sanitário
e do refeitório. Estes itens não vão para co-processamento. Lâmpadas, por exemplo, vão para
uma espécie de reciclagem, uma recuperação onde retiram o vidro, recolhem o mercúrio, e
fazem uma recuperação. O óleo faz o re-refino e ele volta a ser óleo de novo. A bateria também
passa por um tipo de reciclagem onde se retiram todos os componentes da bateria. Os plásticos
são reciclados e os componentes usados novamente para produzir uma nova bateria. Já as
empresas que retiram os resíduos sanitários e do refeitório, a destinação é para um aterro. As
empresas que pegam os metais, estes metais vão voltar a ser outro tipo de metal, pois passam
por uma reciclagem. O papel também passará a ser papel reciclado, de novo vai virar papel com
outra qualidade.
Já os panos de limpeza, os adesivos, as embalagens, o material sólido contaminado,
esses itens vão para co-processamento. Ou seja, são encaminhados para uma empresa onde
trituram e misturam isso tudo que se chama blendagem, montando uma carga de resíduo. Esse
resíduo tem a sua característica de queima e ele tem uma porcentagem que as cimenteiras
exigem. Então, essa abordagem vai virar combustível para o forno de cimento, onde vai virar o
klinquer, que daí acaba sendo uma reciclagem. Ele deixa de ser resíduo para ser combustível
para a cimenteira.
Todo o “gerenciamento de resíduo é baseado para algum fim útil; não simplesmente
enterrar o resíduo”. A Tilibra “sempre procura utilizar, encaminhar esses resíduos para a melhor
forma possível” (informação verbal, grifo nosso)300.
A Tilibra possui certificações ISO 14000 e FSC, tem um SIG - qualidade integrada com
o meio ambiente e segurança, e olha “a área de meio ambiente, como de qualidade, como
importantes do ponto de vista de imagem institucional da empresa”. No início de seus catálogos
anuais de produtos sempre coloca “um texto institucional que traz menção” à sua
responsabilidade com o meio ambiente, segurança, saúde do pessoal, impactos com a
comunidade e responsabilidade social”. Nesse texto a Tilibra “sempre salienta essa parte
300
Citação de entrevista com Gestão Ambiental em 2017
222
“Uma coisa a Tilibra tem agora; fez ISO 50000, um aprendizado para todos. É muito
mais importante reduzir o consumo físico de energia do que a conta de energia”. Se continua
trabalhando com o mesmo consumo, “estoura a cota” e entra “na bandeira vermelha”, aumenta
o custo e não pode fazer nada, “não vai brigar com o governo brasileiro, está fora de sua alçada”.
301
Citação de entrevista com Diretoria Industrial em 2017
302
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303
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304
Denominação da Tilibra para seu Centro de Distribuição
305
Citação de entrevista com Gestão Ambiental em 2017
223
Mas a quantidade de energia do consumo é acessível, tem como trabalhar, onde o objetivo é
diminuir os valores físicos consumindo x % menos de megawatts. “A longo prazo vai nos fazer
ganhador porque consumimos menos recurso para produzir”. Este raciocínio também vale para
a gestão ambiental (informação verbal)306.
O mesmo ocorre até no meio ambiente. Um dos objetivos é reduzir a quantidade; quanto
menor a quantidade de materiais de rejeito que tenha será melhor. O objetivo não é
produzir rejeito e sim produto, então tem que diminuir a quantidade de rejeitos. Por
outro lado, sempre olho o custo, porque mesmo em energia pode tomar uma decisão
de mudar para o mercado livre. No caso de meio ambiente pode mudar de fornecedor e
ficar mais barato. Então deve ficar de olho nos dois. Se tivéssemos que escolher
preferiríamos reduzir o consumo físico; a longo prazo vamos ganhar (informação
verbal, grifo nosso)307.
Com relação aos impactos da gestão ambiental nas prioridades competitivas das
Operações da Tilibra, a medida de desempenho leva em conta “alguns medidores internos tanto
do custo da disposição dos itens como do volume; porque o objetivo não é só reduzir o volume
de materiais mas também reduzir o custo da disposição.” Há “dois grandes impactos”
(informação verbal)308:
a) Aumento do custo – devido ao princípio de não fazer disposição em aterro, “que é muito
fácil”, mas a Tilibra quer “fazer a disposição correta”, e “se auto impõe um custo adicional”
ao optar pelo co-processamento do lodo;
b) Projetos de diminuição de custo – Tem que “criar alternativas para minimizar esse custo,
sendo que há projetos (“carta de controle”) em andamento neste sentido.
306
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307
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308
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224
Quais são as alternativas? Como eu reduzo o lodo? Há dois drivers. Fizemos um projeto
até para aparas de árvores de poda, segregando essas aparas das árvores, a gente
comprou uma caçamba, pediu para o cara segregar ... antes vinha aqui, cobrava para
poder levar isso embora. Atualmente já não cobra mais, porque usa isso daí com lenha
para queimar em algumas empresas. Então, parei de gastar. Puxa, o que eu fiz? Comprei
uma caçamba e segreguei melhor ... às vezes com ações simples, melhora muito o seu
perfil, gasta menos e faz as disposições corretas (informação verbal, grifo nosso)311.
310
Citação de entrevista com Diretoria Industrial em 2017
311
Citação de entrevista com Diretoria Industrial em 2017
225
Hoje, o principal ganho foi que eu tenho um custo melhorado, neste conceito de
melhoria contínua, para a disposição dos meus resíduos industriais. Isso impacta no
resultado direto .... E focalizar num tema acaba fazendo com que v. crie ... a gente já
tem o conceito de melhoria, faz isso mas como vai melhorando ... Então, eu acredito
que depois que implantou a ISO, melhorou muito; reduziu o nosso impacto (informação
verbal)312.
312
Citação de entrevista com Diretoria Industrial em 2017
226
para cortá-las depois de cinco anos em um processo chamado cadeia de custódia. “Quando se
compra um papel que vem de uma árvore que foi plantada exatamente para isso, existem as
fazendas, sabe que não está dilapidando o ambiente”. E do ponto de vista dos consumidores
“não vão muito atrás do reciclado não” (informação verbal)313!
Hoje, a Tilibra saiu deste mercado e não tem mais caderno de papel reciclado, devido
ao produto resultar mais caro, “para o consumidor obviamente vai sair mais caro”, a existência
de poucos fornecedores de papel reciclado, “não tem muita competição nacional de
fornecedores que entregam este tipo de papel”; e a qualidade do papel “é muito variável, porque
a cor do papel muda; então, é difícil v. vender o produto com uma qualidade melhor”
(informação verbal)314.
O próprio mercado não favorece esse tipo de produto. Há impacto negativo dependendo
do uso do caderno – “se quer fazer um desenho ou pintar, é difícil”. Tem menor qualidade do
produto quanto à facilidade de leitura do que escreve ou desenha. Além da qualidade intrínseca
– se imprimir uma capa de papel reciclado, o desenho original com uma cor resultando de um
determinado modo, aparece com uma cor diferente com resultado totalmente distinto do que foi
idealizado. “Então para esse tipo de mercado é bem complicado”!
Outro ponto desfavorável ao caderno de papel reciclado é a dificuldade de fornecimento
e segurança do negócio – “não é bom ficar na mão de um só” (informação verbal)315:
Pois no Brasil só tinha a Suzano fornecedor de papel reciclado em quantidades
grandes; outro fornecedor vende em menor quantidade – Jandaia - nosso
concorrente na área de caderno e por isso não compramos deles. Então tinha um
problema de só comprar da Suzano, porque não tem outro e ficar na mão de um
só, ele vende no preço que quiser! Então existe um problema comercial e
também do ponto de vista de execução, vamos supor que não entregou, o que
faço com o meu produto que anunciei que tenho e eles não entregaram o papel?
313
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314
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315
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227
Depende com quem você vai conversar ... não sei se existe um estudo definitivo
para isso, o que a empresa viu da situação hoje é que acredita que no nível que
está a tecnologia, hoje ainda é mais fácil um grande número de usuários utilizar
o caderno, por exemplo, para tomar uma nota, uma nota rápida, um desenho
rápido ... ainda é mais amigável do que quando vai digitar. Já tem alguma coisa
de desenhar na tela - de fazer na própria tela, talvez seja um bom caminho e
também tem todo um debate do ponto de vista da educação - tem escola nos
Estados Unidos que não precisa mais saber letra cursiva, agora são só as letras
de forma, porque não usa letra cursiva no computador - No dia a dia, se for
escrever, talvez acabe usando letra de forma. Quem usa letra cursiva? Aquela
letra é difícil ... a empresa como corporação acredita que ainda existe muito
espaço para colocar o caderno, produtos desse tipo, como um acessório para
ajudar nessa integração do mundo digital. Mas se você conversar com o
Presidente da Tilibra, provavelmente vai falar ‘É só uma questão de tempo mas
que vai acabar, vai!’ Quando? - Eu não sei dizer. Eu espero que demore mais
um pouquinho, porque eu quero me aposentar antes (informação verbal)316
A partir dos dados levantados e expostos nos tópicos anteriores, tem-se os seguintes
resultados:
a) Conforme exposto no tópico 7.2, a Estratégia Competitiva da Tilibra busca diferenciação
em um mercado amplo segundo a abordagem de Porter (1991). Esta diferenciação é
conseguida com foco em Entrega, Qualidade e Flexibilidade de Mix. Sua liderança de
mercado tem características de inovação de produto e características únicas (Hayes et al.,
2005) - ou de Liderança de Produto com foco na inovação para Treacy e Wiersema (1995)
- buscando obter customização maior em um produto que tem características de commoditie
(caderno). Quanto a tratamento das demandas ambientais, o ambiente é tratado na Tilibra
como um fator Qualificador junto aos clientes;
b) Desta forma, tem-se uma empresa que adota a EC de Diferenciação (Porter, 1991) ou de
Inovação de produto e características únicas (Hayes et al., 2005), tendo em sua EO o
ambiente compondo as prioridades competitivas das Operações como um elemento
Qualificador junto a clientes e também de contribuição para a redução de custos;
c) Com relação à influência corporativa na gestão da Tilibra, pode-se considerar como tendo
média influência, sendo direcionada para resultados e não para os meios, e voltada para
produtividade, havendo auditorias anuais para todas as áreas da empresa;
316
Citação de entrevista com Diretoria Industrial em 2017
228
e) Com relação à Gestão Ambiental há uma diretriz corporativa colocando como objetivo
minimizar o impacto ambiental em todas as frentes possíveis;
f) Sua EO está baseada no sistema MPT, com foco em Produção, Produtividade e Qualidade,
e em Programas de auditorias internas nas operações.
k) ISO 50000 - importa mais reduzir consumo físico de energia e quantidade de rejeitos.
l) Considera-se que a GA aumenta o custo; mas o mesmo pode ser diminuído via projetos, o
que é perseguido.
o) Quanto aos Suprimentos, os objetivos são: redução de custos, giro de uma semana,
qualidade e flexibilidade;
s) Quanto à organização, a Tilibra trabalha com cinco níveis hierárquicos e as Operações com
quatro Gerências – Produção, PCP e Almoxarifado de Materiais, Compras e Distribuição;
317
Por isso, informações desta seção retiradas do site da empresa na web não puderam ter citação de fonte.
231
não pode ter o mesmo nível de preço. Em uma média ponderada, historicamente o
posicionamento da Empresa X tem sido de Diferenciação em qualquer linha de produto, com a
prática de um preço maior do que os concorrentes. Este preço maior se justifica pela
diferenciação: melhor qualidade, melhor serviço, boa distribuição estando presente em quase
todos os lugares do Brasil, muitos modelos diferentes.
No entanto, a Empresa X vem sendo pressionada pelo mercado a reduzir o seu preço de
venda. A margem de lucro pode encurtar mas quando chega no mínimo estabelecido, tem que
sair da redução de custo da manufatura. Em consequência, disparou um programa de redução
de custo focado principalmente no conceito Lean, porque já chegou no limite do que a diretoria
de vendas consegue negociar com o mercado. Não pode mais mexer na margem na grande
maioria das linhas de produtos porque não há mais gordura para queimar e porque tem toda
uma estrutura de vendas atrelada.
O Diretor Industrial tem visitado feiras na China onde tem observado que fazem as
coisas muito mais rápido e otimizado, como avaliar em algumas horas a viabilidade de uma
proposta de alteração em um produto. Sua proposta não é virar chinês pelo motivo de qualidade
de imagem, de marca, mas pegar o lado bom do modelo chinês. Devido a isso, desafia seus
gerentes sobre o que fazer para chegar em um modelo de grande velocidade com assertividade,
mantendo a qualidade da Empresa X.
A Empresa X, considerando todas as unidades no Brasil, tem produtos ‘carro-chefe’
mais significativos quanto aos resultados: 80% do total do faturamento vem dos dois produtos
produzido na unidade2 da cidade2 em estudo neste trabalho, sendo 60% do produto1, 20% do
produto2 e o restante dos produtos 20%. Nesta linha, focando nestes dois produtos, eles
passaram a ter característica de commodities devido à perda de mercado – tendo passado para
estratégia de Custo. Há dois períodos: (a) Diferenciação - até cinco anos atrás – tinha mais
modelos e inovava mais; (b) Custo – período atual - não porque tenha piorado sua qualidade,
mas devido à melhoria por parte do concorrente.
Por um lado, aumentou a exigência do cliente e por outro o concorrente melhorou com
uma velocidade maior, lançando mais variações de produto.
Sendo sempre número um, e o segundo no ranking muito longe em qualidade, pode
cobrar um preço maior. Há tempos atrás a Empresa X era líder de produtos no mercado em
quase todas suas linhas com uma média de 85% de market share. No entanto, nos últimos
tempos entrou muito produto chinês e alguns produtos brasileiros cresceram, levando a
Empresa X a perder mercado. Atualmente, está com cerca de 60% de market share. No mercado
232
competitivo atual, com muitos concorrentes, ter 50% é muito, mas já teve 85, 90%. Tem linhas
de produtos nas quais a Empresa X é a terceira colocada mas já foi a primeira.
Os motivos de ter perdido mercado são: concorrentes que tinham nitidamente qualidade
muito ruim foram melhorando muito, se aproximando e cobrando menos pelo produto; e a
Empresa X continuou com linhas de produtos iguais quanto à qualidade e cobrando um preço
maior.
Diante deste quadro, a questão da inovação está sendo colocada como um objetivo
estratégico desde 2016 e para 2018 está muito mais forte.
Sobre o fator que leva o cliente a preferir os produtos da Empresa X em relação aos
concorrentes, são citados elementos da marca que definem seus valores centrais e a forma com
que os clientes a veem e que torna seu produto melhor. Estes elementos compõem a base do
233
que faz e como faz internamente, como trata os clientes, parceiros, sociedade e meio ambiente:
competência, tradição, inovação e criatividade (informação verbal)318.
Esses elementos da marca Empresa X propiciam sua grande pegada: “produtos de
qualidade excepcional, responsabilidade socioambiental, inovação com marca tradicional;
diferencial de mercado e crescimento sustentável; gestão consistente; estruturas e diretrizes
claras, ligação e combinação de todas as áreas da empresa” (informação verbal)319 :
a) Inovação & Criatividade –Uma empresa antiga consegue se manter com um mesmo
produto devido a “inúmeras inovações que o cliente talvez não consiga perceber” mas
“o processo produtivo é recheado de inovação” porque precisa “mostrar melhoria de
desempenho do produto e ambientais”; e
b) Responsabilidade Socioambiental – “O cliente hoje já nos pede sim para que a gente
atenda requisitos ambientais, já está muito forte essa questão”.
Em 2015 teve início “um processo de revisão do que efetivamente cabe dentro da
sustentabilidade” e para onde a empresa iria seguir. “Antes de divagar sobre Sustentabilidade”,
deve atentar para coisas mais simples como “ter uma adequação básica de proteção em uma
máquina” (informação verbal)320.
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320
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234
b) Qualidade – para manter qualidade e reduzir efeito do item ‘a’ – Fator Ganhador de Pedido;
Os clientes finais - pessoas físicas - respeitam e gostam da marca. “Para muitos lembra
até a infância”. O Call Center registra que eventuais reclamantes são “cheios de cuidados,
declaram seu agrado pelo produto Empresa X, chegando a se desculpar, que não é uma
‘reclamação’ que estão fazendo, mas só um ‘toque’. Clientes “xingando” são raros”
(informação verbal)322.
A Empresa X vende muito mais seus dois produtos do que seu concorrente A, mesmo
sendo este muito mais barato, dado sua qualidade inferior, comprovados por pesquisas internas
e por declarações livres de mercado (informação verbal)323.
A qualidade sempre foi e ainda é ganhadora de pedido. Esse é um cuidado que precisa
ter: não ficar parada no tempo, pois qualidade precisa ser mantida e melhorada sempre, pois os
concorrentes podem chegar perto. Ainda tem 60% do mercado brasileiro, sobrando 40% para a
concorrência, mas já teve 85%.
322
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323
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235
Como a Empresa X “no produto erra pouco” seu foco está no serviço (inclui a entrega)
contemplando todos os elementos não relacionados à qualidade do produto, geralmente alvo de
reclamações de pessoas jurídicas. Pois é raro o consumidor final reclamar de serviço, o que
ocorre muito mais para pessoa jurídica. A grande maioria se refere à logística de transporte,
mas não só, podendo ser também: envio de produtos errados, quantidade errada, perda de
‘janela de recebimento’ do cliente – “Kalunga só recebe da Empresa X na quinta à tarde e o
caminhão não pode adiantar ou atrasar”; nota fiscal com erro de classificação fiscal, de tíquete
etc. que resultou em problema para efetuar a entrada do produto no Wall Mart, nas Lojas
Americanas etc. (informação verbal)324.
Quanto à Qualidade versus Custo, a Gestão da Qualidade Corporativa foi chamada a
trabalhar também com o objetivo de reduzir custos. Isto será conseguido através da implantação
de um programa Seis Sigma, buscando “melhoria de produtividade sem piorar a qualidade”
(informação verbal)325.
Sobre a ideia de sustentabilidade na Empresa X – se há um modelo ou proposta que é
seguida, ocorreu que até os anos 1990 iniciou “... a pegada ambiental na área industrial ... aqui
na Companhia ... sempre tratou a questão ambiental mais sendo a parte florestal. Quando se
falava na área ambiental, de sustentabilidade, só pensava em floresta.” Quando entrou a ISO
14000 “teve uma pegada diferenciada” na área industrial. Não é só floresta que faz o meio
ambiente; é a sustentabilidade como um todo. Essa foi uma das “grandes pegadas, que falasse
da parte ambiental e incluísse tudo, todos os aspectos principais da companhia” (informação
verbal)326.
Uma das grandes missões na Companhia partiu da definição de que, antes de falar de
sustentabilidade “de um modo estratosférico”, deveria “fazer o saneamento básico, ver
internamente o que precisa, quais são as principais carências e deficiências” para que “aí sim
consiga avançar e crescer” (informação verbal)327.
Sobre trade-offs – “concorrência entre objetivos, quem decide não pode mandar cuidar
da segurança e não cuidar do custo, porque a fábrica mais segura do mundo vai fechar pois não
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venderá nada para ninguém”. Também não é possível que mande cuidar da qualidade e não
cuidar do custo; ou ao contrário, que mande cuidar da produtividade e descuidar da qualidade
e da segurança. “O número um da cadeira não pode ter distinção e tem que privilegiar nessa
ordem: primeiro segurança, depois qualidade e por último a produtividade” (informação
verbal)328.
Com relação à Custo e Qualidade, houve um aumento muito alto no volume de produção
que ocasionou problemas no mercado aumentando as reclamações, “mas agora já retomou a
rédea.” Atualmente, a empresa está em programa de aumento de produtividade com
possibilidade de perder em qualidade. Diante disso, atualmente a Gerência de Qualidade
Corporativa está trabalhando para “ajudar a empresa a erguer a produtividade sem prejudicar a
qualidade” (informação verbal)329.
Quanto ao trade-off ambiental e custo, há possibilidade do aumento de produtividade
afetar o meio ambiente, mas está mapeado, no radar. Apesar de se encaixar como indústria
química, a agressão ao meio ambiente da Empresa X não é grande. No seu processo de produção
utiliza muita pouca água e o efluente industrial é muito pequeno.
A melhoria de produtividade somada ao aumento de volume e impacto no meio
ambiente dos controles “estão no radar” (informação verbal)330
O atendimento de demanda específica do cliente pode levar a piorar o fator ambiental e
a aumentar o custo. Por outro lado, se aumentar o custo, a empresa necessitará decidir se vai
aumentar o preço ou diminuir a margem de lucro. Em 2017, um cliente importante solicitou
entrega de seu pedido nos EUA com urgência e se enviasse por navio poderia não chegar a
tempo, embora com menor emissão de carbono; a Empresa X teve que enviar via aéreo com
maior custo e impacto ambiental para atender ao cliente.
Quanto ao impacto do ambiental na qualidade, a empresa tem uma gestão integrada,
com auditorias feitas em conjunto. “Elas precisam andar juntas, principalmente agora que as
ISOs foram revisadas na versão 2015; os tópicos e a linguagem são exatamente os mesmos, só
que com foco no produto ou na área ambiental”. Um exemplo é o foco em Gestão de Risco –
quais os riscos da qualidade ou ambientais (informação verbal)331.
A Qualidade Corporativa está desenhando a questão dos riscos da qualidade e quanto à
gestão de riscos ambientais, a Empresa X já tinha “toda uma planilha de levantamento de
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aspectos e impactos ambientais” e agora está definindo “a questão do Risco - o que é, o que
está trazendo de risco, o que está atrelado” (informação verbal)332.
8.4 Instalações
a) Produção de tinta – prédio à parte que fica mais distante dos restantes;
b) Produção do item interno ao produto – 1o processo;
b1) Produção de item interno tipo 1;
b2) Produção de item interno tipo 2;
c) Produção de produto cru – 2o processo;
c1) Preparação da base – MP base trabalhada em duas partes para dez produtos;
c2) Colocação do item interno nas bases, prensagem/colagem, secagem, corte;
e) Linhas de Acabamento – Finalização e embalagem – 3º processo; e
f) Armazenagem dos produtos acabados
8.5 Capacidade
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para que a produção aumente cada vez mais, porque vai falar de resíduos, efluentes e hoje tem
capacidade para produzir e gerir muito mais” (informação verbal)333.
Se a empresa colocar que amanhã ou depois vai aumentar a produção, a área de
sustentabilidade “não irá responder que não há capacidade ambiental para segurar isso”. Ao
contrário, a única coisa que legalmente terá que fazer é ter uma licença ambiental renovada
quando pretender aumentar a taxa de produção de um processo (informação verbal)334.
Atualmente, a área ambiental da empresa “obrigatoriamente tem que ser acionada” em
qualquer mudança que se pretenda implantar no seu processo produtivo. E. por outro lado,
informa as mudanças significativas para a CETESB, de forma a não apresentar surpresas
quando da renovação de licença que ocorrerá dentro de três anos. “Vai ser um processo
contínuo, havendo mudanças significativas automaticamente a CETESB tem que ser acionada”
(informação verbal)335.
8.6 Tecnologia
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pedidos, de quantidades e produtos. O CRM pode ser o próprio SAP, mas de um modo que
converse com o cliente.
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As espécies vegetais plantadas são colhidas após algum tempo, sendo parte dela
utilizada na produção do produto da empresa, e outra parte é comercializada como matéria-
prima para outras indústrias. [...] A parte vegetal não utilizada permanece no solo, fornecendo
nutrientes e servindo como adubo Natural. Os resíduos sólidos são utilizados para a geração de
energia térmica e produção de húmus.
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seu principal produto. Afirma ainda que, para este objetivo “a empresa conta com a dedicação
diária de seus colaboradores no desenvolvimento do seu ciclo de produção que compõe a
respectiva cadeia de suprimentos, onde podem ser destacados itens do trabalho com o fator
ambiental, conforme Figura 16 (destaques em itálico).
Quanto à ISO 14000, não é exigida dos fornecedores “porque é um pouco mais difícil”,
mas a Empresa X avalia se tem condições de fornecer, como estão questões sociais, de
segurança, qualidade e ambientais, “se tem degradação do meio ambiente, contaminação, como
procede na destinação de resíduos.” Este sistema de avaliação de fornecedores pertence à área
de Qualidade Corporativa mas é executado em conjunto com a área de Sustentabilidade.
“Avalia inclusive a segurança, se os funcionários usam EPI, se tem planos médicos”. Para esta
avaliação são realizadas auditorias, inspeções e acompanhamentos, utilizando uma
classificação dos fornecedores por nível de criticidade. “Se é alto, médio ou baixo; se for alto
vai todo ano e ainda tem alguns tipos de documentações que tem que mandar, por exemplo,
licenças. E tem uma pessoa que fica sempre monitorando a licença deles, se estão atualizadas”.
Há uma interface dos times de Meio Ambiente e de Qualidade Corporativa “que leva a uma
qualidade plena, envolvendo respectivamente um funcionário que cuida do sistema e outro que
faz auditoria. São duas pessoas que vão para lá avaliar” (informação verbal)344.
Este trabalho também é coordenado pela área de Qualidade Corporativa”, estando
próximo “um período de solicitação de cada fornecedor de matéria-prima, a ACV do produto
dele e aí vai informar os impactos para extrair, por exemplo...” sua MP que vai gerar a parte
interna do produto, “...o que consome ... vai trazer tudo isso para incorporar no impacto
ambiental da Empresa X”. Na produção pode ser “tudo muito simples, não tem impacto
ambiental; entretanto, pode ser que “a extração de alguma matéria-prima” tenha impacto
violento lá atrás, degradação de áreas, uso de produtos químicos etc.” (informação verbal)345.
Com relação à logística externa, quanto à avaliação de todas as emissões, diretas e
indiretas relacionadas aos transportes, incluindo as exportações (transporte internacional) “já é
uma medida efetiva” na Empresa X, em função da certificação que possui de carbono neutro,
tem que avaliar quanto é emitido de CO2, incluindo também o transporte” (informação
verbal)346.
Sobre a GA e o processo de logística, particularmente quanto à Entrega, desde que
armazena seu produto para expedição, passando pelos transportes até chegar ao destino, tem-se
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que “os maiores clientes auditam” a empresa também, assim como ela audita os seus
fornecedores. “Tudo que vê” nos seus fornecedores, seus clientes veem na Empresa X “talvez
até mais”. Por outro lado, alguns fornecedores “deixam de vir por conta de possuir a ISO 14000,
o que dá uma confiabilidade maior” (informação verbal)347.
Um exemplo muito típico é que, hoje, eu exporto muito para os Estados Unidos que tem
um problema sério com o terrorismo. Existe uma certificação chamada CTPAT, que
engloba ações e mecanismos que garantem que minha mercadoria é segura, uma série
de regras que tem que atender desde o processo de produção. O cliente que vai receber
lá vem aqui e faz uma auditoria em todo o meu processo de produção, armazenamento
e expedição, como forma de garantir o que ele vai receber.
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Com relação à segurança está “muito pior” do que em outros pontos. Devido a isso,
“está com um programa gigantesco de segurança” que está sendo alinhado, e uma “grande
mudança junto ao processo produtivo”, que foi a colocação em todo setor de uma Ficha de
Informação de Segurança de Produto Químico – Fispq - que seria “o RG do produto”, contendo
“todas as (suas) informações de segurança e meio-ambiente.” Todos os funcionários que estão
manipulando qualquer tipo de produto químico foram treinados “e sabem o que tem ali dentro
e ali estão as questões de segurança de como descartá-lo”. Atualmente, todas as áreas tem os
seus processos, procedimentos e manuseios de descarte (informação verbal)354.
353
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354
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246
levantando o trabalho no formato americano buscando uma atualização, com impacto nos
recursos humanos” (informação verbal)355.
O Programa de Qualidade Total é um dos que precisam melhorar. No pacote como um
todo já tem algumas ferramentas ou metodologias que já estão caminhando, só que não está
formatado no programa, sendo esta a missão da Gerência de Qualidade Corporativa para 2018.
Quanto à Gestão da Qualidade quase nada está no SAP, tendo muito uso de planilhas de
Excel para controle e gestão de processos. O controle de qualidade em sua grande maioria
ocorre fora do SAP, desde procedimentos até folha de inspeção do operador, ou mesmo
especificação de matéria-prima, de produto, gestão de documentos. Na intranet tem um portal
com um sistema de gestão de documentos mas que não conversa com o SAP.
Como o módulo de qualidade do SAP está sendo usado abaixo de 20%, uma outra meta
da Gerência de Qualidade Corporativa é usar os 80% que não usa até o final de 2018, para o
controle de processo não ter mais planilha de Excel para obter rastreabilidade.
Pode-se citar uma falha por não usar o SAP na Gestão da Qualidade: a demora para se
encontrar uma informação.
355
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247
podendo demorar quinze dias, um mês ou não responder e ninguém ficar sabendo. Não havia
um indicador para estes eventos.
A nova Gerência de Qualidade Corporativa quando assumiu há um ano e meio atrás,
trouxe novos conceitos, tais como quem não mede não gerencia. Sendo o cliente direto os
grandes varejistas principalmente, suas reclamações são relativas aos serviços, sendo as
reclamações de produto vindas dos clientes finais. Essas seriam pequenas devido a que o erro
é menor quanto aos produtos. Quando começou a medir para melhor ponderar, descobriu que
havia muitas reclamações sem resposta. Isto ocorre não intencionalmente, porque o vendedor
está tentando atender da melhor maneira possível, mas ele tem metas de vendas, dado que a
empresa está em um plano de crescimento acelerado... não é prioridade do vendedor atender
reclamações.
“Os produtos da Empresa X são muito bons, mas existem problemas; não existe
indústria perfeita.” A empresa trabalha com ppm (partes por milhão), o conceito de quantas
unidades no máximo podem conter uma falha em cada um milhão de unidades produzidas.
Enquanto que as indústrias de bens de consumo em geral trabalham com uma meta máxima de
ppm de 100 a 200, algumas das linhas de produtos da Empresa X estão com o ppm em torno de
15, bem abaixo do máximo permitido, ou seja, muito bom resultado. Algumas linhas de
produtos estão com zero ppm, porém em uma das linhas o valor do ppm é de 150, onde está o
foco das melhorias da empresa (informação verbal)356.
São monitoradas cerca de cinquenta famílias de produtos – produto1, produto2, e o
restante produzidos na planta da Empresa X na capital de um dos estados do Norte do país. O
Call Center se localiza na capital do estado da unidade em estudo da Empresa1, com gestão
dentro da estrutura de marketing. As fases de atendimento de reclamações são (informação
verbal)357:
a) Entrada da reclamação – através da área de Marketing que usa um sistema para fazer
relatórios do motivo do chamado e dá sequência;
b) A reclamação vem para o pessoal da Qualidade Corporativa atender – objetivando a busca
de melhoria “daquilo que entra no Call Center” - aplica o “pensamento da Qualidade”,
verificando: se é reclamação de produto ou de serviço; se é modo de falha novo ou que já se
sabe; se tem alguma ação em andamento; se está sendo efetiva a ação em andamento ou se
tem que ser revista
356
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357
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248
A Empresa X possui a certificação ISO 9001 desde 2001 e certificação ISO 14001 desde
2004. Sobre a gestão da qualidade e ISO 9000 juntamente com a gestão da sustentabilidade e
ISO-14000 “em função do tamanho da empresa e da imensa quantidade de SKUs”, de produtos
e de processos, existe uma gerência específica que cuida da ISO 9000 - Gerência de Qualidade
Corporativa; e a ISO-14000 é de responsabilidade da Gerência de Sustentabilidade Corporativa.
“Mas basicamente é a mesma coisa, só muda um pouco o foco; seus processos estão
completamente integrados, sendo que trabalham juntas em duas grandes áreas que compõem o
sistema de gestão das ISO’s.”. Há “uma interface muito grande da área de sustentabilidade com
a área da qualidade corporativa” por exemplo com relação a fornecedores (informação
verbal)358.
A Política do SIG da Empresa X contempla seu compromisso relativo à qualidade e ao
fator ambiental, de onde podem ser destacadas as palavras-chave: cumprir a legislação,
melhoria contínua, crescimento e sustentabilidade, valorização, transparência, respeito,
análise crítica e tratativa de reclamações, minimizar impactos ambientais, proteger o meio
ambiente, prevenir a poluição e emissão de GEE.
8.13 Organização
358
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359
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249
“Os rejeitos originados do trabalho na área de plantio são deixados no local para proteger
e para gerar nutrientes ao solo” das matas da Empresa X.
Na unidade 1 da cidade 1, os rejeitos vegetais impróprios para a fabricação das bases do
produto é trabalhada e utilizada para a geração de energia na forma de vapor, além de ser
“destinada para decomposição e uso do composto orgânico para fertilização das mudas e do
solo do bosque. Os resíduos e as cinzas provenientes das caldeiras não utilizados são vendidos
para granjas e outras indústrias.
Na fábrica da unidade 2, resíduos do trabalho com as bases do produto também “são
utilizados para a produção de energia na forma de vapor na produção”.
No entanto, no processo de produção dos seus dois principais produtos a Empresa X
“utiliza muita pouca água; e o efluente industrial é muito pequeno” (informação verbal)362.
360
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361
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362
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A área ambiental cuida do sistema ISO 14000 e “um dos mais fortes que é o Sistema de
Gestão Ambiental (SGA) da Empresa X - contemplando o tratamento de efluentes e resíduos,
sua coleta, armazenagem e destinação, além da gestão do sistema”. Para isso, na planta em
estudo, além do Gerente de Sustentabilidade Corporativa, conta com uma Engenheira, um
Analista e mais dez funcionários operacionais. Completam o quadro um funcionário na unidade
1 na cidade 1 da capital 1, um na unidade 3 na capital 3 e um no escritório central na capital 2,
totalizando quinze pessoas (informação verbal)363.
Para o produto da Empresa X, o principal resíduo (maior quantidade) deriva do processo
de preparação das bases do produto para receber o componente interno, além de mais três
resíduos, “basicamente isso”. Para estes últimos, o destino atual é a compostagem pois “tem
uma meta de aterro zero, não trabalhar mais com aterro industrial, a não ser quando é resíduo
orgânico como do refeitório; fora isso, nada vai para o aterro; ou é reciclagem ou é
compostagem” (informação verbal)364.
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251
9001 colocam isso”. É uma situação intermediária entre a auditoria de 3ª parte e de 1ª parte368.
A Empresa X teria uma auditoria externa da ISO 14000 e ISO 9000 em abril/2018. Previamente
em janeiro, realizou uma auditoria interna “para avaliar a situação e deixar tudo encaminhado
para a auditoria externa, porque esta é que valida a certificação” (informação verbal)369.
Com relação a CETESB há a necessidade de renovação a cada quatro anos de uma
licença de operação da planta. A próxima será em 2020. “Mas não é só daqui a quatro anos”
que vai “bater à porta da CETESB” porque emite uma licença com condicionamentos. A cada
seis meses “tem que entregar relatórios, por exemplo, dos efluentes tratados; e tem as inspeções
que ela pode fazer” (informação verbal)370.
Devido a possuir certificação ISO-14000 “a CETESB concede um ano a mais na
concessão da licença de operação” (informação verbal)371.
Como a Empresa X irá passar por auditoria de re-certificação da IS0-14001 para a versão
2015, no processo de revisão percebeu a novidade da Análise do Ciclo de Vida (ACV) atrelado
aos aspetos e impactos ambientais, uma exigência da “nova ISO 14000, versão 2015: “essa é
uma novidade que a ISO14000 coloca”: quais os riscos da companhia junto com a ACV do
produto (informação verbal)372.
Avançando neste ponto, em 2017 realizou uma ACV do seu produto, que resultou no
desenvolvimento de uma planilha de mapeamento dos principais aspectos e impactos
ambientais associados à esta produção. Trata-se de uma parceria com importante universidade
pública “referência no mercado”, com um professor “autoridade reconhecida neste tema”. A
ACV do produto abrange desde a extração da matéria-prima, não só de seu componente
principal “mas tudo que compõe ..., tudo muito pequeno porque tem que pegar somente uma
unidade de referência ... microgramas ... pigmento, solvente, energia elétrica, água etc.”, desde
a matéria prima, processo produtivo, distribuição e o descarte final “... do berço ao túmulo;
tudo isso hoje “já está mapeado”, já se sabe quais são os impactos ambientais positivos e
368
Auditoria de 1ª parte é executada pela própria empresa; a de 2ª parte é realizada pela empresa no seu fornecedor,
e a de 3ª parte realizada na empresa por entidade externa, geralmente visando certificação de um sistema de gestão.
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negativos e “a grande missão agora é se aqui tem um impacto negativo, como que pode reduzir
isso, para saber onde atuar” (informação verbal)373.
Em função disso, com a ACV dos produtos, passou a analisar não só impactos internos
“dentro da caixinha”, no processo produtivo da fábrica – consumos de água, energia elétrica,
matéria prima, mão de obra etc. – mas também os impactos externos tais como na extração de
matérias-primas. Um “exemplo muito típico” seria o consumo da matéria-prima utilizada para
a produção do componente interno do produto, levando à necessidade de considerar seu
processo de extração feito por terceiros. Como “não tem o conhecimento” deste processo de
extração usa seu “processo de gestão de fornecedores” para avaliar “se aquele fornecedor é
capacitado ou não através de auditorias”, verificando “se tem mão de obra escrava, se tem
trabalho infantil, se os trabalhadores tem condições de trabalho regulares como se fosse um
funcionário” da própria empresa, “além de avaliação dos aspectos ambientais da empresa”
(informação verbal)374.
Observar o ACV “traz, a possibilidade de ter a dimensão de todo o impacto ambiental
na fabricação de um produto”, e será expandida para todos os produtos divididos em grupos
produzidos na unidade3 da empresa, não sendo objeto de estudo deste trabalho. Após mapear
os impactos negativos, a empresa terá maior clareza de onde atuar” (informação verbal)375.
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b) Um exemplo “muito interessante” de 2018 vai impactar diretamente nas despesas: foi
aprovado um projeto de tratamento de efluente, hoje descartado na rede pública após
tratamento interno em ETE, que será direcionado para reuso. Deixará de colocar na rede e
não pagará mais por isso; “vai ter uma redução de despesa muito grande”. O efluente
basicamente sanitário (75%) e industrial cujo tratamento já ocorre, passará por filtros. Em
dois anos o investimento estará pago e poderá reutilizar esse efluente em qualquer outro
processo. “A grande pegada ... é não jogar fora o efluente, mas filtrá-lo e reutilizá-lo em
jardinagem, em lavagem de piso etc.
8.14.3 Certificações
Em março de 2014, a Empresa X foi certificada com base na norma ISO 14064 “como
empresa carbono neutro ... por estar ajudando a estabelecer o equilíbrio climático” em todas as
suas “unidades de produção do mundo, desde 2010.” A Empresa X declara ser “uma das poucas
empresas no setor que possuem o status de empresa neutra em emissão de carbono” devido aos
bosques próprios que possui no Brasil (informação verbal)377.
O total de emissões de dióxido de carbono, resultante das atividades desempenhadas
pela empresa no mundo todo, foi medido cientificamente. “Esse estudo vem ganhando
importância ao longo dos últimos anos, pois constitui uma ferramenta muito útil para mensurar
o impacto das atividades da empresa no clima”.
“A emissão de carbono da Empresa X vem sendo calculada em cooperação com
institutos externos desde 2009.” Seguindo o Protocolo GHG – Iniciativa do Protocolo de Gases
de Efeito Estufa, da Norma de Notificação e Contabilidade Empresarial’ – são calculados e
analisados três escopos diferentes de emissões de gases de efeito estufa. Considerando estes
três escopos a Empresa X emitiu 32.868 t de CO2 em 2012-13 (ano comercial) e 35.876 t em
2013-14. “O aumento nas emissões ocorreu em decorrência do aumento da demanda por
produtos, a nível internacional, e o aumento da produção” de seu produto principal.
Por outro lado, as espécimes vegetais “que foram plantadas no Brasil” há décadas, e
cerca de “um terço” dos bosques nativos “que permanecem intocados, removem considerável
volume de CO2 da atmosfera.” Assim, a Empresa X “está ajudando e contribuindo
positivamente para proteger o clima e combater o aquecimento global devido à reserva de CO2”
obtida de seus bosques, ou seja, pela absorção e armazenagem de carbono na biomassa.
Um estudo científico realizado em 2012, confirmou que os bosques da Empresa X na
cidade1 do estado1 estão ajudando a reduzir os gases de efeito estufa com a absorção
equivalente a mais de 900.000 t de CO2. Elas, portanto, absorvem, significativamente, mais
CO2 do que a empresa emite anualmente em nível global.
A Empresa X efetuou um levantamento de pegada de carbono e conseguiu a certificação
chamada carbono neutro, um inventário de gases de efeito estufa e de sequestro de carbono
aqui no Brasil e das outras plantas no mundo, todas as emissões do escopo 1, 2 e 3 do Protocolo
de Gases de Efeito Estufa (GHG)” (informação verbal)378.
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Quanto ao Sistema de Gestão Ambiental (SGA), “em momento algum pode falar que o
SGA reduz custo, porque depende de pessoas, de processos, sistema de gestão, tem custos tudo
isso, destinar resíduo, tratar efluente, manter a certificação viva, depende de auditoria”
(informação verbal)384.
Muito das questões ambientais estão ligadas diretamente à questão normativa que “é de
maturidade na empresa”, sua “obrigação legal de tratar efluentes e resíduos, de destinar
corretamente, e tudo isto tem um custo”. Não há obrigação legal para ter uma certificação
ambiental como da ISO 14000, “mas há obrigação em cumprir as leis ambientais”. E tem um
custo manter salários, a estrutura de destinação do resíduo. “Então não dá para dizer que isso
efetivamente reduz o custo do produto. Mas dá para dizer que agrega no momento de venda do
produto, pois “a falta de certificação pode reduzir a atratividade do produto” (informação
verbal)385.
“A empresa vai deixar de vender por não ter uma certificação como essa, ou o
consumidor nem vai perceber? “Estamos vendo que cada vez mais está sim olhando para isso”
(informação verbal)386.
Atualmente na Empresa1 há “uma forte gestão para reduzir as despesas; e um dos
principais indicadores da área ambiental da companhia é o aterro zero” - até o final do ano fiscal
- março de 2018 – “não trabalhará mais com destinação de resíduos para aterro industrial, terá
que achar alternativas ambientalmente corretas mantendo o mesmo orçamento e custo atuais –
tais como “compostagem, em co-processamento em cimenteiras”, alternativas muito melhores
do que colocar em um aterro (informação verbal)387.
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258
390
Classificação de autoria não localizada.
260
A Empresa Y considera que pode ser referência como empresa química ambientalmente
correta, que faz bem para o planeta, que já nasceu verde, e que desde o princípio tem forte
valores éticos de proteção ao meio ambiente e envolvimento com a comunidade. No âmbito de
seu Projeto Verde está a ajuda aos clientes em enxergar oportunidades de melhoria ambiental.
A Estratégia Competitiva da Empresa Y pode ser colocada como sendo de Enfoque e
Diferenciação segundo Porter (1991), ou Serviço Customizado em Nichos Seletos segundo
Hayes et al. (2005) – ou Intimidade com o Cliente segundo Treacy e Wiersema (1995).
Não somos uma empresa química de produção contínua de grande volume e poucos
itens. Poucas empresas químicas têm como disciplina principal a liderança em produtos.
As novidades na área química não surgem da noite para o dia, demandando muita P&D
em um processo mais lento quando comparada à indústria eletrônica por exemplo. Então
avaliando a vocação da empresa, a segmentação do mercado e o portfólio de clientes,
concluímos que nosso diferencial é a prevenção ou resolução de problemas complexos
dos nossos clientes selecionados. Se eles têm um problema às duas horas da manhã o
nosso pessoal estará lá (informação verbal)391.
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Treacy e Wiersema (1995) - As outras duas disciplinas do “triângulo de liderança empresarial” são a Excelência
392
cliente. Olhando os três lados da pirâmide de liderança empresarial, é maior este vetor da
‘intimidade como o cliente’ ou serviço customizado em nichos seletos (Hayes et al., 2005).
De uma forma geral, a Empresa Y procura ter velocidade no compartilhamento e
implementação de best pratices. Uma forma de conseguir isso se dá com o compartilhamento
de informações dos chamados Global Works Groups - Times Globais - compostos dos pares
que se reúnem várias vezes por ano - executivos das áreas de gestão, RH, Produção etc. de todas
as unidades da empresa dos diversos países. O objetivo é “discutir a estratégia global a ser
implementada” e implementá-la localmente (informação verbal)393.
A atuação desses times globais pode-se avaliar como uma contribuição para a EC no
sentido bottom-up. Outros elementos neste sentido são: discussão das metas colocadas por
iniciativa da Administração superior “com as pessoas considerando que quem participa da
geração da estratégia compra a ideia e ajuda a implementar”; sugestões que os executivos fazem
para a administração superior a partir de sua percepção de tendências em seus setores e áreas;
e a leitura e debate de livros de gestão de negócios pelo conjunto dos executivos - diretoria,
gerência geral e intermediária “para ver o que pode ser implantado na empresa” e isto tem
ocorrido. “São conceitos que começam abaixo na hierarquia e conseguem ‘subir’ e ser
incorporado”, “a gente faz estratégia da empresa ao longo do tempo” – exemplos são os times
globais - Global Work Groups394 e o conceito de Intimidade com o Cliente395.
O produto ampliado da Empresa Y envolve a P&D que gerou um produto químico para
aplicação em um processo da empresa cliente, com automação através de bombas dosadoras,
393
Citação de entrevista com Diretoria Industrial em 2017.
394
BOSSIDY, Larry; CHARAN, Ram. Execution: the discipline of getting things done. Crown Business.
395
Treacy e Wiersema (1995)
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sendo operado na planta do cliente com um sistema e ferramentas de gestão “que são um
diferencial muito grande que a concorrência não tem”, conseguindo melhoria contínua e
podendo ter monitoramento remoto. “O cliente não compra só um produto, mas uma solução
total”. O pós-venda é o diferencial – tem cliente para o qual colocou vinte e cinco pessoas full
time mais de um mês “cativos, acompanhando o processo do cliente”. O cliente formaliza um
contrato para o fornecimento de produto, “por exemplo, para o tratamento de caldeira, torre e
efluente etc.” Celebrou um contrato deste tipo, pioneiro no mundo inteiro que durou nove anos,
foi interrompido, mas voltou por pedido da empresa cliente – “pediram para voltar, porque a
empresa que assumiu não conseguia entregar o mesmo nível de resultados...” (informação
verbal)397.
Neste serviço, é muito importante o conhecimento técnico de aplicação do pessoal que
vai na planta do cliente, porque muitas vezes o cliente reclama de uma máquina “não rodar
bem” e o consultor técnico em sua visita constata que o problema muitas vezes não é químico
e sim operacional, “que há algum desvio de processo”. Então, com a consultoria técnica resolve
o problema sem vender produto. Isto Faz parte do portfólio de solução de problemas da empresa
(informação verbal)398.
Por este produto ampliado a Empresa Y cobra um valor monetário por quilo de produto
às vezes maior do que os concorrentes. O motivo é que junto com o produto tem pesquisadores,
horas de trabalho de pesquisa, de funcionários, todo um benefício a mais além do produto em
si – “é muita complexidade”. Um exemplo é a fermentação alcoólica, onde tem um fungo
transformando o açúcar em álcool, que é bem específico. A empresa fabrica um produto que
mata bactérias, mas não mata o fungo. Além disso, tem o serviço, todo o trabalho ampliado em
volta do produto (informação verbal)399.
O cliente gasta um determinado valor por metro cúbico de água, considerando todos as
despesas envolvidas - funcionários, produto químico, operação, energia elétrica etc.
Avaliamos o sistema como um todo e apresentamos proposta de melhoria por um custo
justo, mas buscando uma melhor gestão do processo. Assim trabalhamos para entregar
resultados como parâmetros de qualidade, de corrosão etc., por um valor mais
interessante para o cliente que prefere esta opção e manter seu foco na sua competência
que é produzir. Neste caso, fechamos um acordo e assumimos a gestão de químicos e a
responsabilidade pela melhoria continua, com penalização ou bonificação dependendo
dos resultados.
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não ser confiável seu desempenho, e também ter havido falhas no atendimento do
representante” (informação verbal)402.
A empresa também obtém avaliações ou feedbacks dos clientes a respeito de
atendimento de suas expectativas. Isto pode ocorrer através de monitoramento do sistema de
avaliação de fornecedores de seus clientes mais importantes, empresas de grande porte. Outra
forma se dá através de pesquisa de satisfação que encaminha aos clientes envolvendo todas as
áreas que tenham contato direto e indireto com seu Serviço.
Além disso, para aumentar sua sinergia mundial, a Empresa Y criou grupos estratégicos
de atendimento para os clientes globais com que mantem negócios no mundo todo e todos seus
sistemas de decisões estratégicas centralizados. Para a Empresa Y se qualificar como
fornecedor global tem de atender uma série de quesitos onde é avaliada: padrões de segurança,
meio ambiente, produção, qualidade, custo, desenvolvimento, melhoria contínua,
relacionamento com as pessoas, gestão de negócios.
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normais, mas não é o que mais a diferencia, mesmo existindo no mercado alguns fornecedores
concorrentes cujos prazos sejam bem mais rígidos” (informação verbal)405.
A Empresa Y também declara estar focada em aumentar a sinergia e a produtividade, e
a reduzir a complexidade, salientando o aspecto de Custo, Produtividade e Eficiência. Neste
sentido, trabalha “muito forte na redução de complexidade ruim em todo seus processos
internos envolvendo também os seus principais fornecedores”, mas tem limitações “devido á
linha muito diversificada de produtos”. Para alguns produtos produzidos em volume maior
obtém custos menores e preços mais baixos. Para outros não consegue “por causa do tamanho
dos lotes que exigem uma quantidade mínima, uma determinada escala para reduzir o custo
(unitário).” O grande peso no custo corresponde às matérias-primas; a m.o. direta e indireta tem
baixa interferência no custo. E quanto à tecnologia, equipamento e hardware, a maioria está
depreciada (informação verbal)406
Quanto à Gestão Ambiental, a Empresa Y trabalha em dois momentos: internamente
em seu processo e externamente na planta do cliente considerando os desempenhos do produto
e do serviço (produto ampliado). Em ambos os casos considera que este fator ambiental está
atrelado à qualidade, “dentro da qualidade do produto” que entrega: “O cliente exige que seu
fornecedor seja ambientalmente responsável quando produz o produto e quando aplica na sua
planta; quer ter certeza de que não está colocando um produto que vai acarretar em algum
problema em seu processo ou em sua planta” (informação verbal)407
Quanto à Gestão Ambiental do “portão de casa para dentro”, pensando na operação da
fábrica, na parte interna, tem treinamento ambiental para o pessoal da operação enxergar o que
pode melhorar da mesma forma que para os vendedores-consultores, além de Relatório de
Sustentabilidade GRI, auditorias, procedimentos e certificado ISO-14001. Desta forma, o
pessoal de operação tem treinamentos de formação interna do tipo “óculos verdes” para
“enxergar” possíveis melhorias ambientais na operação da fábrica (informação verbal)408.
Tudo isso é interno. Nós sentimos a obrigação de fazer o melhor também para nossos
clientes. Se estamos fazendo um trabalho legal em casa, como não ampliar isso e tentar
ajudar os nossos clientes? É como usar óculos de lentes verdes e procurar observar que
melhorias ambientais podem ser propostas para cada área em que nossos produtos são
aplicados.
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outro momento, a exigência pode ser outra e então precisará ofertar outras soluções, pois tem
produto para todas os grandes problemas, para várias áreas. E se encontra uma forma do cliente
reduzir o custo que não envolve seu produto, mesmo assim informa e sugere sua consultoria.
Em alguns casos, fatura serviço desta forma, não necessariamente envolvendo a venda de
produtos. Este é seu diferencial, “pois quando o cliente precisar, sabe que terá o produto
também” (informação verbal)410.
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preventiva mas que também pode ser corretiva. A mesma coisa acontece com segurança e meio
ambiente, onde estão previstos quaisquer riscos.
9.5 Localização
As MPs e os PAs estão no estado líquido e são vendidos a granel - caminhões de dez,
quinze toneladas com embalagens de mil, duzentos, cinquenta e vinte quilos.
São produzidos dois tipos de produtos: sintetizados e formulados:
a) Síntese – matérias-primas e ativos químicos sob pressão, temperatura, tempo, gerando um
novo produto;
b) Formulação – o produto é obtido da mistura ou combinação de materiais;
c) Revendidos – produtos solicitados pelo cliente dentro de um pacote de serviço completo,
“como por exemplo na gestão de sua máquina de papel” (informação verbal)411.
9.6 Capacidade
A produção atual é de 1800 toneladas de produtos por mês, envolvendo 156 produtos
em 2017, sendo a capacidade nominal de cerca de 3500 ton/mês. A capacidade de produção em
7 dias/ semana é de 42.000 ton/ano e a produção atual em 5 dias/semana é de 22.000 ton/ano,
onde atuam quinze operadores de Produção em dois turnos em cinco dias por semana.
Para a produção dispõe dos seguintes equipamentos: nove vasos de processo – reatores
e vasos de mistura. Há linhas de aço inoxidável e vidro. O volume do processo de vasos é de
4000 a 20000 litros.
No processo produtivo são usados três tipos de vasos: de formulação mais simples (para
misturas); para processo universal (mesmo vaso para diversos produtos) e nove reatores para
sínteses com volumes diferentes em hectolitros (de aço inox e vitrificados para produtos
ácidos).
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planta foram voltadas para automação e algumas mudanças tecnológicas de impacto no produto.
Uma atualização tecnológica recente ocorreu, em alguns casos, na atualização da automação e
adição de matérias-primas “nos casos que tinha vasos produzindo produto com MP em pó, que
é muito mais difícil trabalhar e formular do que líquido. Então, foram feitas adaptações”
(informação verbal)414.
Quanto à tecnologias, dos produtos físicos específicos, trata-se de “produto químico
dentro de um tambor” e, portanto, o avanço da tecnologia está mais envolvida com a automação
do reator. Já o que a Empresa Y chama de tecnologia de produto é a do produto ampliado:
pesquisa da fórmula de rota de síntese alternativa, automação na planta do cliente, sistemas de
dosagem eletrônica do produto, softwares de controle e monitoramento, softwares de gestão da
aplicação do produto no cliente - sai para fora do portão da fábrica. “Hoje as empresas do setor
buscam se diferenciar na ampliação de seus produtos físicos” (informação verbal)415.
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propostas, manuais, inspeções de segurança, planos de ação, documentos em Word, Excel etc.,
qualquer documento gerado para o cliente (informação verbal)419.
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“No nascedouro do produto se identificar alguma coisa que seja ambientalmente incorreta
ou arriscada, o projeto morre” – formulação com químico que causará problema no descarte
ambiental, ter que usar mais água para lavar o reator do que o normal, se tiver alguma toxicidade
perigosa etc., o produto é considerado desde o seu nascimento, quanto vai consumir de água,
de energia etc. Com relação ao meio ambiente, se tem uma formulação de um determinado
produto que está sendo desenvolvida, se envolve solventes, precisa que sejam ambientalmente
corretos, menos tóxicos etc. Há uma avaliação geral que é feita do projeto em seu início,
explicando “porque quer esse produto?” – para ser usado em uma determinada fábrica com
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risco do produto. E tem também produtos que fabrica, armazena em tanques e vende a granel
em caminhões-tanque. Também pode ser envasado em embalagens maiores ou menores, tendo
dois estoques:
A Empresa Y não tem frota própria. A maior parte da logística é terceirizada. Tem
armazéns externos e internos de logística tanto para importação, exportação e movimentação
de carga interna. Na logística de distribuição uma das variáveis é o tempo. Na entrega tem
redespacho no caso de clientes em outros estados com transportadora que o atende em São
Paulo. Ou a transportadora pode fazer o trajeto inteiro só com a carga da empresa para o
depósito do cliente.
Na logística de abastecimento, o sistema de qualidade da Empresa Y – ISO-9001- exige
avaliar o fornecedor, sendo considerado preço, entrega, qualidade e flexibilidade. São
previstos “alguns parâmetros que o fornecedor tem que atender para poder entregar o produto
e a empresa monitora isso para efeito de qualidade e segurança” (informação verbal)426.
Para a produção dos produtos chave - carro chefe - os fornecedores são de grande e
médio porte. Tem fornecedores stand by, desenvolvidos mas não fornecendo, para “nunca estar
na mão de um fornecedor só” (informação verbal)427.
Houve uma melhoria proposta pela área de Segurança, Saúde e Meio Ambiente (SHE)
já na década de 1970 que foi sendo aprimorada: armazéns de matéria-prima fracionada –
tambores e sacarias foram segregados em baias - inflamável, tóxico, irritante, em pó etc. - com
canaletas apropriadas, constituindo um sistema de contenção. Houve uma adequação às
melhores práticas, apesar da legislação brasileira ainda não exigir naquela época.
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A Empresa Y tem cinco operadores funcionários diretos por turno que atuam na
fabricação dos produtos. Quanto a estes operadores de produção “a empresa suporta aqueles
que se dispõem e desejam fazer um curso superior. Há uma preocupação na empresa de ‘todo
mundo’ ter curso superior” (informação verbal)429.
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Quanto ao perfil desejado, com o qual avalia o desempenho desse pessoal - pontos
críticos do pessoal que está na operação, no controle de processos e também acompanhando a
produção e o pessoal de manutenção, são os seguintes (informação verbal)430:
1) Senso de segurança - Qualquer operação que fizer tem que ver os procedimentos de
segurança - “Ou sim, ou sim, senão é rua! Porque a gente mexe com reações perigosas! Tem
que ser uma pessoa muito responsável e seguir à risca os procedimentos”.
2) Conhecer e seguir os SOP’s - Standard Operation Procedures - Todo produto fabricado tem
uma “receita”, procedimentos para a produção de qualquer produto;
3) Nível médio de educação formal - De preferência ter curso médio, superior desejável e se
tiver um curso de especialização melhor ainda. Mas para desenvolver a função de operador
básico, colocar produtos no reator, tem que ter um conhecimento médio;
4) Conhecimento de eletrônica e informática - porque os equipamentos tem painéis digitais -
tem que entender o que está acontecendo, pois tudo pode acontecer à distância - abre e fecha
válvulas através de computador. As operações manuais estão muito reduzidas. Tem que ser
usuário de computador, de Excel e outras operações que são através do SDCD que é um
software de operação.
5) Interação com P&D - treinamento de segurança de manuseio de produto químico e de
resposta a riscos. “Toda vez que tem um produto novo tem uma interação muito forte com
P&D!”
A seguir, os parâmetros que a Empresa Y considera mais importantes para seu pessoal
de operação ter como meta: “segurança em primeiro lugar - cumprir os procedimentos
ambientais, de qualidade, de produção; confiabilidade – executar o trabalho de forma repetitiva
e confiável; trabalho em equipe – “se não souber trabalhar em equipe não fica!” Não é
necessário saber inglês, mas para os cargos superiores sim, “porque tem muita interação com
outras Empresa Y de outros países e com a matriz” (informação verbal)431.
A rotina do operador inclui cumprir os SOP’s os operacionais e ambientais. De uma
maneira geral, as tarefas são rotineiras - porque não importa que fórmula ou síntese está sendo
manufaturada; o sistema e o procedimento são os mesmos. O que pode variar são as quantidades
de matérias primas, mas isto está no roteiro, na receita, no SOP. No entanto, o operador deve
além de seguir a ‘receita’, garantir a interação com o Laboratório de CQ que vai coletar
amostras, fazer análise e dizer o que fazer para ajustar se necessário e ele tem que entender,
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“a contribuição de pessoas que já rodaram todas as fábricas da Empresa Y - já sabem o que que
tem de melhor” (informação verbal)437.
Para os clientes maiores, que compram maiores volumes, muitas vezes se faz necessário
a presença de um funcionário dedicado dentro da planta full time, responsável por
controlar o processo e o estoque. Está lá na planta do cliente e pode observar in loco se
vai precisar comprar o produto A, B ou C e em que quantidades mensais – quilos de
produto por mês - produto por produto. É colocada uma programação de compra para o
período de um ano com entregas mensais. A empresa sempre tem essa programação
anual que vai atualizando - já é pedido firme. Nosso representante lá dentro
simplesmente acompanha tudo que ocorre. Se parou a máquina de papel esse mês, em
vez de rodar trinta dias vai rodar vinte e oito. Então não vai ter aquele volume previsto
e pode reduzir. Quando elaborar o forecast do próximo mês já coloca a redução, porque
vai ter um impacto. Então, é tudo bem programado (informação verbal)439.
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A Empresa Y considera que a GA influencia no PCP em sua conexão com supply chain,
gestão da operação, gestão de qualidade e meio ambiente. Assim, procura não ter um estoque
alto na fábrica, não só porque é dinheiro parado, mas porque é risco – “produto químico parado
num lugar é um risco iminente”. Então, o PCP ao programar as compras, observa o menor
trânsito de caminhões e circulação de pessoas e menor risco de derramamento de químico na
284
fábrica. Deve minimizar o risco de manuseio nas operações básicas, de movimentação, estoque
e armazenagem de produto químicos (informação verbal)440.
9.14 Organização
Está ocorrendo uma alteração no organograma com a criação de uma nova posição de
“Gerente de Desenvolvimento-Digital Transformation” abrangendo Tecnologia da
Informação, Lab. de Desenvolvimento, Marketing interno e desenvolvimento de equipamentos
para as plantas dos clientes (informação verbal)441.
O Quadro 8 mostra um esboço do organograma atual da área industrial da Empresa Y:
- Diretor Industrial
- Gerente de “Facilities”, Manutenção e Engenharia
- Gerente de Processos
- Coordenador de Produção (ex-Gerente)
- Coordenador de SHE – Safety, Health, Environmental
- 2 funcionários
- Gerente de Tecnologia
- Laboratório de CQ
- Laboratório de serviço ao cliente
- Laboratório de desenvolvimento de produto ao cliente
___________________________________________________________________________
Fonte: Elaborado pelo autor com base em informação verbal442.
9.14.1 Organização e GA
Em filmes institucionais a Empresa Y lembra e enaltece sua opção, desde seu início,
pela proteção do meio ambiente, chegando a colocar que isto está no “sangue verde” dos
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Outro exemplo, “muito lá atrás - década de 1960”, microbicidas à base de mercúrio que
a legislação permitia foram substituídos por uma iniciativa da empresa antes que a legislação
pedisse: “desenvolveu um produto que substituiu uma tecnologia ambientalmente mais correta”
(informação verbal)449.
Adicionalmente, tem-se o fato de que a tendência está sendo o cliente se interessar mais
pelo produto expandido e não pelo produto em si no tambor, o que muda o foco quanto ao mix
de produtos, não precisando “produzir tudo”, uma tendência que tinha no passado (informação
verbal)450.
Há cerca de sete anos atrás o “grupo global de tratamento de água”, composto por cerca
de quinze pessoas, discutiu as tendências no mundo e chegou ao consenso que tinha de se
posicionar mais firme em relação à percepção de que a indústria química tinha um discurso
muito bem-feito mas com pouca execução. Então montaram um subgrupo para estudar o
problema e propor alternativas. A proposta foi realizar um treinamento de uma semana, dirigido
a todos os vendedores-consultores de todas as unidades da Empresa Y no mundo, chamado
Green Trainning, desenvolvido para abordar o máximo do que os produtos da empresa podem
fazer para melhorar o desempenho ambiental nas plantas dos clientes. Com este treinamento,
os vendedores-consultores foram educados a olhar o que fazem do ponto de vista ambiental.
Uma das atividades é a distribuição de um “óculos com lente verde, para que vejam quando
entrem para fazer o trabalho que estão acostumados com outra perspectiva”, para ver o que
fazer para “ajudar a reduzir emissões para a atmosfera, na captação de recursos, no consumo de
produtos químicos etc.”. A proposta é ver como está operando e descobrir onde a Empresa Y
“pode interferir para melhorar pensando no meio ambiente”. Esse treinamento continua até hoje
em caráter obrigatório na empresa (informação verbal)451.
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reusar, reciclar etc. À medida que são preenchidos os campos com as variáveis dos processos
dos clientes, esta ferramenta fornece alternativas de como reduzir o consumo de água, de
combustível entre outros benefícios ambientais. E ao mesmo tempo, calcula em um simulador
quanto vai sequestrar de carbono. Para cada tela tem planilhas que fazem este cálculo voltado
para os diversos processos onde podem ser utilizados os produtos da empresa, tais como
tratamento de água, trocador de calor, condensador etc.
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A partir dos dados levantados e expostos nos tópicos anteriores, tem-se os seguintes
resultados:
a) Atua no mercado B2B, com produtos voltados para melhoria de processos das indústrias de
Couro, Tratamento de Água, Papel e Performance Química, Açúcar e Etanol, Petroquímica
e Tintas. Para cada mercado tem uma família específica de produtos, sendo os principais:
microbicidas, dispersantes, inibidores de incrustação, inibidores de corrosão,
antiespumantes e produtos para controle de ph;
b) No mercado onde atua, há muita similaridade entre os produtos das empresas concorrentes.
Em resposta, possui um produto expandido consistindo de consultoria, aplicação e
monitoramento de seus produtos nas plantas industriais dos clientes. Pratica preço premium,
mas tem linhas de produtos com menor preço;
c) Alta influência corporativa na gestão local. A Corporação Empresa Y foi reconhecida na área
de sustentabilidade em 2015 com um prêmio em um dos países do sudoeste asiático; e
recebeu o reconhecimento nos EUA de um de seus principais grandes clientes globais. A
implantação da ISO-14001, em 2008, ocorreu por uma demanda global da empresa, porque
precisava de um monitoramento e avaliação de como estava operando perante o meio
ambiente e aos órgãos ambientais;
d) Tem um agravante de, por se tratar de empresa no setor químico e a maior parte das suas
plantas industriais se localizar em perímetro urbano, como é o caso da planta no Brasil, o
que influenciou em sua estratégia voltada para o meio ambiente;
458
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290
e) O Sistema Produtivo pode ser caracterizado como sendo uma Indústria de Propriedade 459 -
altera as propriedades físico-químicas das matérias-primas – com um tipo de produção em
lotes, trabalhando com médio volume e média variedade em um layout funcional;
f) Sua Estratégia Competitiva é de Diferenciação em Mercado de Nicho, praticando uma
liderança de intimidade e envolvimento com o cliente (Treacy e Wirsema, 1995), ou serviço
customizado em nichos seletos segundo Hayes et al. (2005), através de produtos ampliados
e ROE (Retorno Ambiental) além de ROI. Seu diferencial é a prevenção e resolução de
problemas complexos das plantas dos clientes, colocando-se como referência de empresa
química ambientalmente correta, com um Projeto Verde de ajuda ao cliente em enxergar
oportunidades de melhoria ambiental; ou seja, um produto e/ou serviço ampliado. O serviço
não necessariamente envolve venda de produtos, podendo se restringir a consultoria. O
produto ampliado tem dois componentes: P & D no produto e o serviço agregado. Para os
maiores clientes, que compram os maiores volumes, muitas vezes se faz necessário a
presença de um funcionário dedicado dentro da planta full time, responsável por controlar o
processo, além do próprio estoque de produtos acabados (EPA) de um forecast de 12 meses;
g) Sua EC pode ser considerada também como de Criação de Valor Compartilhado (CVC)
(Porter, 2011), pois também traz a geração de valor econômico e ambiental para as empresas
clientes através de seus produtos e serviços. O produto obtido da manufatura é ampliado
junto às plantas das empresas clientes, trazendo melhorias ambientais além de econômicas,
tais como gestão eficiente de energia, de insumos e redução de impactos ambientais;
h) As prioridades competitivas das Operações são em ordem decrescente: 1º Serviço, Ambiente
e Inovação; 2º Qualidade; 3º Custo; 4º Entrega; 5º Flexibilidade.
i) Serviço inclui a GA que se manifesta principalmente obtendo melhorias na planta do cliente,
medidas através de ROE – Return on Environment – e também inclui Inovação, voltada para
o DNP químicos obtidos de sua manufatura (Operações de sua planta) e também para atender
a tendência crescente de uso de tecnologias digitais baseadas na web e em aplicativos
voltados para as Operações e Serviços ampliados nas plantas fabris das empresas clientes;
j) A confiabilidade é entendida como o conjunto da solução do problema do cliente, incluindo
a qualidade, flexibilidade, rapidez e sustentabilidade incluídas no serviço;
k) O fator ambiental é ganhador de pedido e tem alto impacto; é trabalhado em dois momentos:
internamente em seu processo e externamente na planta do cliente considerando o
459
Classificação de autoria não localizada.
291
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Classificação de autoria não localizada.
293
u) Quanto à Gestão de RH, a Empresa Y trabalha com muitos poucos funcionários operadores.
O perfil exigido dos operadores consiste em senso de segurança, obedecer Procedimentos
Padrão das Operações (SOP); nível educacional médio; conhecimento de eletrônica e
informática e ter interação com P&D. As metas para os operadores são: segurança em
primeiro lugar; cumprir procedimentos ambientais, de qualidade e de produção;
confiabilidade; trabalho em equipe; garantir a interação com o Lab de CQ, acompanhar
manutenção dos equipamentos;
v) Green Trainning - treinamento “óculos verdes” – obrigatório, de uma semana para todos os
vendedores-consultores de todas as unidades da Empresa Y no mundo - para abordar o
máximo do que a Empresa Y e seus produtos podem fazer para melhorar o desempenho
ambiental nas plantas dos clientes - reduzir emissões, captação de recursos, consumo
de produtos químicos etc.
w) Quanto à Gestão da Qualidade, é certificada ISO-9001, ISO-14001 e OHSAS 180001 que
constituem um SIG envolvendo Qualidade, Meio Ambiente e Segurança, e o Controle de
Qualidade é exercido através de variáveis medidas durante o processo de produção
automatizado e através de análises laboratoriais em amostras de produtos. A GQ trabalha em
primeiro lugar a conformidade do produto, atingir sua especificação no sistema ISO-9000,
medida através do Right First Time - % de produtos produzidos, aprovados e liberados da
primeira vez. Possui funcionários green-belts mas não tem um programa ativo de Seis Sigma.
Tem uma filosofia relacionada à melhoria contínua (CI), contemplada na missão da empresa
e todos os departamentos tem projetos CI nos processos incluindo metas financeiras, visando
economizar ou agregar - caixinha de sugestões, reuniões e o Continuous Improvement Day
(CID).
x) A GA afetou a Gestão da qualidade devido à exigência de mais análises químicas;
y) Quanto ao PCP, possui um ERP implantado no final de 2017 e usa software específico para
controle automático das operações químicas. O fator ambiental influencia no PCP em sua
conexão com supply chain, gestão da operação, gestão de qualidade e meio ambiente,
buscando menor risco ambiental de derramamentos com redução de atividades de logística
interna;
z) As prioridades competitivas relacionadas com a logística de distribuição são confiabilidade,
rapidez e custo;
aa) O forte diferencial da Empresa Y é a gestão do conhecimento de aplicação de seus
produtos, e sua gestão envolve coleta, geração, aplicação, multiplicação. Os vendedores-
294
Com relação à análise dos dados coletados, uma primeira colocação pertinente é que o
levantamento dos dados da EC e EO, quanto à variáveis consideradas e possibilidades de
ocorrência, seguiu o modelo clássico de EO (ver Figura 4 pág.44) adotado nesta tese, bem como
o conteúdo da seção 2, particularmente as variáveis obtidas de estudos de caso de EO expostos
em Maia et al. (2015) e compiladas no tópico 2.10 (p.60) deste relatório de tese.
Os estudos de caso serão analisados conjuntamente, tendo em vista o objetivo desta
pesquisa de verificar se o ambiente pode ser considerado como uma nova prioridade
competitiva das Operações, conjuntamente com as tradicionais Custo, Entrega, Flexibilidade e
Qualidade. Para tal, segundo Jiménez e Lorente (2001), deve atender dois requisitos básicos:
ser obtida no âmbito da manufatura e poder criar uma vantagem competitiva para a empresa.
Além disso, segundo a hierarquia das estratégias, deverá estar contemplada nas Estratégias
Corportativa e Competitiva da empresa, e também deverá estar desdobrada na sua Estratégia de
Operações, nas suas diversas áreas de decisão estruturais e infra estruturais. Adicionalmente,
será necessário avaliar a influência do setor de atuação onde se insere a empresa, os aspectos
de legislação a que está submetida, bem como o nível de concorrência que enfrenta, além de
sua posição na Cadeia de Suprimentos, sua relação com fornecedores e clientes, considerando
seu nível de integração vertical e também eventuais questões específicas de seus materiais e
processos. O Quadro 9 traz uma hierarquia destes fatores em conjunto, colocados no modelo
ou framework que orienta esta tese, de Horte, Lindberg e Tunaly (1987) (ver Figura 4, p.44).
Quadro 9 – Fatores de análise dos estudos de caso.
- Fatores de Macroambiente
- Setor de Atuação
- Concorrência
- Legislação
- Etc.
- Estratégia Corporativa
- Estratégia Competitiva
- Estratégia de Operações
- Prioridades Competitivas
- Áreas de Decisão
...
Fonte: Elaborado pelo autor.
em uma indústria, há uma abordagem de Porter e Kramer (2011), mais recente, que também
está sendo considerada nesta Tese, que é a de Criação de Valor Compartilhado (CVC).
De uma forma resumida, conforme coloca Porter e Kramer (2011), a CVC é uma nova
forma de administrar a vantagem competitiva das empresas, através da geração de valor
econômico atendendo a necessidades socioambientais como parte de seu core business, obtendo
lucro abordando as questões socioambientais que são vistas não como custo, mas como
oportunidade de gerar valor econômico. Trata-se de melhorar o desempenho ambiental
tornando a empresa mais lucrativa, de gerenciar sua cadeia de valor criando vantagem
competitiva através da gestão eficiente de energia, recursos e impactos ambientais, obtendo um
produto que satisfaz as necessidades convencionais e também da sociedade, descobrindo
oportunidades potenciais nascidas das questões sociais e ambientais que sofrem os maiores
impactos de suas atividades. Ou seja, tornar os problemas socioambientais em oportunidades
de negócio que criam valor econômico – diminuir a poluição e satisfazer as necessidades dos
consumidores de baixa renda por exemplo. A CVC trabalha com o conceito de que todo negócio
se baseia em atender necessidades não satisfeitas. Para isso, é necessário conhecer estas
necessidades, identificando problemas socioambienais ao redor dos quais pode ser criado um
modelo de negócio, verificando e testando quais podem impactar positivamente no core
business da empresa. A CVC é uma oportunidade para a estratégia e criação de vantagem
competitiva dentro da cadeia de valor, colocando as questões socioambientais dentro da
estratégia empresarial. Assim, CVC precisa fazer parte da estratégia, marketing, operações etc.
- criar valor compartilhado de maneira sistemática, dentro da estratégia, devendo ser integrada
com as outras variáveis tradicionais da estratégia competitiva tais como localização,
posicionamento, cadeia de valor único.
A seguir, o que pode ser colocado das empresas estudadas em relação à esta nova
abordagem de estratégia competitiva do autor considerado o pai da estratégia empresarial.
desta estratégia a geração de valor econômico e ambiental para as empresas clientes através de
seus produtos e serviços, o que é materializado através de sua Estratégia de Operações. E estas
Operações, conforme foi visto não se restringem à manufatura, mas são ampliadas para
operações junto à planta das empresas clientes; seus produtos são ampliados para incluir estes
serviços.
Para a Natura, veja-se a evidência colocada a seguir:
A grande inovação da Natura é a forma de elaborar os conceitos e propostas de valor de
suas linhas e de seus produtos, realizando as combinações entre temas de forma
diferenciada e embasando estas combinações com conhecimento aprofundado sobre
cada parte. Deste modo, a empresa estuda e constrói as propostas como um todo. A
começar pela combinação de cosméticos, um mercado considerado não essencial,
com os princípios de sustentabilidade. (HORTA, 2013, p. 167, grifo nosso)
Por um lado, já que a CVC coloca as necessidades de mercado atendida pelos produtos
da empresa ligadas a problemas sociais e ambientais, não seria do lado da demanda que a CVC
seria atendida pela Natura, devido a esta colocação de que seu mercado não é considerado
essencial. Mesmo assim, do lado da demanda a Natura desenvolveu ações que aliam a
perspectiva empresarial e ambiental – criando valor compartilhado – por exemplo, com a
adoção do refil de produtos. De um lado promove um consumo mais consciente, e de outro
trabalha a manutenção da demanda devido às compras posteriores de refil do produto com um
preço menor para o cliente. Sem contar isso, se for visto do lado da oferta, do outro lado da
cadeia de suprimentos, para o caso da cadeia de valor dos produtos da Natura que usam insumos
derivados da sócio biodiversidade, pode-se enxergar o atendimento da proposta de CVC, pois
está ocorrendo um gerenciamento de cadeia de valor criando vantagem competitiva através da
gestão eficiente de impactos sócioambientais. O modelo criado e desenvolvido pela Natura
atende à resolução de problemas sócio ambientais, já que 18% de seus insumos são “oriundos
da região Pan-Amazônica”, a maior parte extraídos por 5,3 mil famílias que fornecem “via
manejo sustentável”. Dos R$ 1,22 bilhão em volume de negócios gerados nesta região até 2017,
parte foi destinada à compra destes insumos, provocando “impactos positivos econômicos,
sociais e ambientais, contribuindo para a manutenção da floresta em pé” (NATURA, 2017).
Outro elemento ligado à CVC que está presente na Estratégia Competitiva e de
Operações da Natura é a visão de transformação de problemas socioambientais em
oportunidades de negócio. Neste sentido, a colocação da Gerência de MA da Natura é de que
a empresa sempre busca “transformar os desafios de sustentabilidade em valor para o cliente e
oportunidade de negócios feitos de uma nova maneira”. Ou seja, estando de acordo com a CVC,
298
seus setores de mercado, estas duas empresas tem uma forte pressão regulatória advinda do
mercado consumidor, a qual estendem para seus fornecedores.
Em resumo, as quatro empresas analisadas pertencem a setores industriais que
oferecem grande pressão no sentido de uma postura ambiental proativa, sendo em maior grau
para a Natura e Empresa Y. Para a primeira sendo derivado em grande medida pela sua
estratégia voltada para o uso de extratos oriundos da Pan-Amazônia. A Empresa X e a Tilibra
tem os mesmos principais clientes, tendo uma influência parecida dos mesmos no sentido de
adoção de certificações ambientais e de qualidade.
A Tilibra e a Empresa X enfrentam sazonalidade para seus produtos. Já a Empresa Y
tem sazonalidade nos seus produtos voltados para as empresas do setor sucroalcooleiro. A
Natura também tem demanda oscilante devido à exigência de seu mercado por lançamentos
frequentes de novos produtos e decorrente das datas comemorativas - dia das mães, Natal etc.
A Tilibra enfrenta essa característica sazonal de seu mercado que impacta em demanda
maior que a sua capacidade no último trimestre do ano, através da formação de estoques ao
longo do ano. Esta resposta está condizente com a colocação de Maia et al. (2016, p. 61) de que
a relação capacidade x demanda determina decisões sobre terceirização de atividades e
estratégias de volumes conforme a demanda, abaixo ou acima dela.
Com relação ao processo produtivo, a Natura e a Empresa Y são parecidas, pois tem um
processo produtivo do tipo indústrias de propriedade461 - promovendo transformações físico-
químicas nas matérias-primas, gerando matérias-primas do tipo contínuo no estado líquido em
tanques e tubulações com altas temperaturas entre outras características - e de produção em
lotes ou bateladas segundo Slack, Chambers e Johnston (2002), sendo ambas do setor químico,
porém não de alto volume e baixa variedade, mas sim de médio volume e média variedade.
Ambas trabalham com materiais no estado líquido, muito set-up, formulações obtidas em
reatores e vasos de mistura, tem envaze com alto grau de automatização (maior na Empresa Y
devido à padronização de embalagem), lay outs de manufatura parecidos do tipo funcional flow-
shop. Uma diferença ocorre quanto às embalagens, com a Natura tendo alta variedade de
embalagens, correspondentes a cada produto, e a Empresa Y só tem um tipo (tambor) com
variação apenas de tamanhos.
461
Classificação de autoria não localizada.
300
Quanto a influência Corporativa, a Natura não possui, pois é a empresa líder da Natura
&Co, criada no final de 2017 e derivada de sua aquisição de empresas atuantes em outros países.
Já a Tilibra que inicialmente se constituía em uma empresa de capital nacional, foi
adquirida por grupos internacionais, sendo a partir de 2004 uma filial do Grupo AccoBrands.
Atualmente, com relação à influência corporativa na gestão de uma forma geral, pode-se
462
Classificação de autoria não localizada.
463
Classificação de autoria não localizada.
301
considerar como tendo uma média influência, porém sendo alta a influência direcionada para a
obtenção de resultados de redução de custos e aumento de produtividade. Há auditorias anuais
para todas as áreas da empresa e, além disso, impactando nas Operações, há um programa
corporativo de produtividade que exige um reporte mensal e avaliação trimestral de
resultados de ganhos de produtividade para todas as frentes, projetos ou iniciativas
possíveis que possam existir dentro de uma empresa. Os indicadores de desempenho com os
quais a Diretoria Industrial da empresa é avaliada corporativamente estão associados ao custo
unitário e metas de produtividade medida por homem/hora e entrega de volumes aos clientes.
O acompanhamento é feito em revisões trimestrais virtuais com o pessoal da matriz, quando a
Tilibra apresenta como está seu desempenho, e pode receber comentários ou ficar alguma
pendência para resolver. Além disso, há uma diretriz corporativa colocando como objetivo
minimizar o impacto ambiental em todas as frentes possíveis. Porém, a Tilibra segue a Cultura
Organizacional que é divulgada amplamente em nível interno contendo sua Visão, Missão e
Valores da Corporação, onde as demandas ambientais não são citadas, apesar de poder ser
entendidas como estando no valor Responsabilidade com a Comunidade. Assim, pode-se inferir
que a Tilibra sofre uma influência corporativa no sentido de priorizar os objetivos de Custo e
Entrega.
Neste sentido, conforme visto no tópico 7.3.2 (p.183), o Custo é a primeira prioridade
competitiva das Operações da Tilibra, fator este que visa o aumento da margem de lucro,
através da redução de custo e aumento da produtividade, e desta forma, não visa oferecer menor
preço aos clientes. Já a entrega, colocada em segundo lugar pode ser vista como um fator
ganhador de pedidos junto aos clientes, juntamente com a qualidade que vem em terceiro lugar.
No caso da Empresa Y, há uma forte influência corporativa e a GA é contemplada na
Estratégia Corporativa, desde a escolha da cor verde para representá-la. Além disso, sua
principal atuação se dá através de seus produtos e serviços relacionados com a obtenção de
redução de custos e aumento de produtividade nas plantas das empresas clientes derivados de
melhorias ambientais, tais como economia de água e energia.
Já para a Empresa X, também há uma forte influência corporativa, principalmente
quanto à redução de custos e aumento de produtividade. No Brasil suas operações são as
principais da corporação quanto à volume de produção, faturamento e resultados financeiros,
além de suas operações de extração de MP de origem vegetal a tornar uma corporação carbono
neutro - as emissões de carbono de todas suas unidades no mundo são amplamente compensadas
pelo sequestro de carbono realizado pelas operações no Brasil, gerando um saldo positivo.
302
Em resumo, a Natura não tem influência corporativa; as outras três tem forte esta
influência, com Tilibra e Empresa X sofrendo pressão para redução de custos e aumento de
produtividade e a Empresa Y, além disso, para obter ganhos econômico-financeiros-ambientais
nas plantas das empresas clientes.
A seguir a colocação das EC’s das quatro empresas estudadas, de acordo com as
classificação de Porter (1991), Hayes et al. (2005) e Treacy e Wiersema (1995).
recentemente para venda por relações em um modelo multicanal, passando a estar presente em
lojas físicas, diretas e franqueadas, em rede de farmácias e principalmente na internet,
procurando ampliar seu vínculo e valorização com as vendedoras-consultoras, que é por onde
se manifesta sua proximidade ou determinado nível de intimidade com o cliente, ou serviço
customizado em nichos seletos segundo Hayes et al. (2005), além de seu foco na liderança de
produto e na diferenciação em mercado amplo.
no mercado. Assim, esta configuração faz parte da diferenciação que a empresa consegue junto
aos seus clientes finais e de primeira camada. Esta diferenciação é conseguida também com
foco em Entrega, Qualidade e ampliação de mix. Quanto às características de Liderança de
Produto, busca obter customização em um produto que tem características de commodity.
Por outro lado, as características do produto (caderno) permitem padronizar até certo
ponto o trabalho de montagem, dependendo do nível de customização do produto, de forma a
obter maior volume com menor variedade, assim obtendo menor custo e maior produtividade.
Porém, no geral, são necessários frequentes set ups de equipamentos visando contemplar a
variedade dos diferentes itens que compõem o principal produto da empresa (tipo de pautação
e de customização de miolo, quantidade de matérias, bolsa plástica, folhas de adesivos,
diferentes artes nas capas com personagens licenciados etc.).
464
Citação da Diretoria Industrial
465
Operações de manufatura dos produtos
306
prioridade competitiva da Operações, sendo trabalhada com foco de fator qualificador. Desta
forma, sendo o ambiental um fator de baixo impacto para as Operações da empresa, o
tratamento do ambiente é gerado a partir da manufatura, mas não é utilizado para gerar
vantagem competitiva para a empresa, e sim como fator qualificador junto aos clientes e
stackholders. Seu direcionamento ocorre para o cumprimento da legislação e para auxiliar sua
prioridade que é a redução de custos e aumento de produtividade, principalmente com
economias obtidas no uso de água, energia, panos de limpeza, reciclagens etc. Ou seja, para a
Tilibra a GA auxilia na redução de custos e na melhoria de imagem. Um destaque é a
certificação FSC de sua principal matéria-prima que é o papel.
A Empresa X quanto à sua EO tem praticado características de Excelência Operacional
- já que, em nível de Gestão de Operações, esta tem sido sua prática - o que é propiciado pela
baixa variedade e alto volume com que pode trabalhar seu processo produtivo, isto porque
trabalha com somente um único produto carro-chefe em duas versões. Porém, recentemente
passou a sentir diminuição de seu market share para produtos de concorrentes, os quais estão
se aproximando do nível de qualidade de seus produtos.
Assim, a Excelência Operacional na sua EO e Gestão de Operações combinada com
Liderança de Produto e Diferenciação na EC tem permitido historicamente à Empresa X
trabalhar a busca de aumento de margem de lucro. Porém, atualmente, sua EC parece estar
derivando para explicitar o Baixo Custo através de diminuição de preço, com diminuição de
margem de lucro, como forma de enfrentar a referida concorrência crescente que está passando
a ser mais significativa. Isto significa que, historicamente a Empresa X tem praticado ou
vivenciado uma aparente contradição ou oposição entre sua EC (Diferenciação) e sua EO
(Custo e Produtividade).
A Empresa X tem uma Gestão de Manufatura sem um programa especial, sendo baseada
em módulos de um sistema ERP da SAP juntamente com o uso de planilhas de Excel. Suas
prioridades competitivas das Operações são: (1) Custo (visando aumento de margem de
lucro); (2) Qualidade; (3) Entrega; (4) Ambiente; (5) Flexibilidade. Sendo o ambiental um fator
de médio impacto para as Operações da empresa, o Ambiente é um Fator Qualificador (FQ)
junto aos clientes, sendo sua Gestão (GA) trabalhada enquanto Sustentabilidade (TBL),
principalmente ambiental e econômica, sendo gerada a partir da manufatura. Apesar de ser
trabalhado como fator qualificador (FQ), o ambiente tem potencial para gerar um diferencial
competitivo para a empresa. Um destaque importante é a empresa ser certificada carbono
neutro em suas operações, tendo um excedente de sequestro de carbono, devido à suas
307
Para orientar a pesquisa, algumas proposições foram colocadas inicialmente para serem
verificadas. A seguir, procede-se a esta verificação a partir dos dados coletados:
466
Return of Environmental
467
Return of Investment
308
b) P2- Estão ocorrendo avanços significativos no tratamento das questão ambiental por
parte de determinadas empresas, nas quais é considerada na EO como nova prioridade
competitiva – ambiente - fator de diferenciação e ganhador de pedidos;
309
- Avaliação: Esta proposição resultou verdadeira para o caso das empresa Natura, a qual coloca
a Sustentabilidade (TBL) na sua EC e no seu modelo de negócios, e também na sua EO; e
também para a Empresa Y, a qual coloca na sua EC o TBL, e na EO o Ambiente compondo a
prioridade competitiva Serviço, o qual é fornecido em suas operações ampliadas junto às plantas
das empresas clientes;
c) P3 - Para essas empresas, o tratamento da questão ambiental faze parte de sua Estratégia
Competitiva enquanto fator de diferenciação;
- Avaliação: Esta proposição resultou verdadeira para a Natura, com a observação anterior,
sendo a Sustentabilidade um dos elementos centrais de sua EC. Também resultou verdadeira
para a Empresa Y, que coloca como elemento central em sua EC de Diferenciação em Mercado
de Nicho (Porter, 1991), Intimidade com o Cliente (Treacy; Wiersema, 1995) ou serviço
customizado em nichos seletos (Hayes et al., 2005), o seu serviço das Operações ampliadas
conforme anteriormente descrito, nas quais se enfatizam os retornos de GA.
d) P4 - Para estas empresas que adotam a Estratégia de Diferenciação (Porter, 1991), sendo
o fator de diferenciação o tratamento da questão ambiental, a margem de lucro diferencial
que obtém através da prática de um preço premium, em nível da EO serve de lastro para
adotar medidas ambientais que seriam inviáveis sob a perspectiva de menor custo;
- Avaliação: Esta proposição resultou verdadeira para a Natura, com o exemplo singular de uso
de álcool orgânico para gerar vapor na caldeira ao invés de combustível fóssil, objetivando
atingir sua meta de redução de emissões de carbono. Também pode ser considerada verdadeira
para a Empresa Y, pois o preço premium de seus produtos ampliados são praticados exatamente
pelos benefícios medidos em ROE além de ROI.
50000, numa clara prática da Hipótese de Porter e Van der Linde (1995). Porém, a Tilibra não
incluiu como poderia o tratamento da questão ambiental em sua EC, não sendo mencionada em
seus Valores por exemplo, inclusive também por parte da Corporação da qual faz parte (ACCO
Brands Corporation). Quanto à Empresa X, esta proposição também é válida, pois seus
principais clientes no Brasil são os mesmos da Tilibra. Porém, a Empresa X coloca a questão
ambiental, tratada como Sustentabilidade, em status mais elevado dentro da empresa, tanto na
hierarquia quanto em componentes estratégicos tais como em sua Missão, Visão e Valores. Ou
seja, mesmo para as duas empresas que tem sua GA motivadas por fatores de Qualificação e
não Ganhador de Pedidos, o ambiente tratado enquanto Sustentabilidade (TBL) tem potencial
para ser trabalhado do ponto de vista Estratégico. Isto está sendo feito pela Empresa X e, no
caso da Tilibra, por exemplo, deveria ou poderia ser incluído o tratamento do ambiente
(podendo ser enquanto Sustentabilidade-TBL) explicitamente nas declarações de sua Missão,
Visão e Valores (ver Figura 14 no tópico 7.2, p.179).
Conforme está sendo configurado, o ambiente se refere à prioridade competitiva das
Operações e a GA é parte da EO que visa atender à esta prioridade, no entanto, juntamente com
as outras áreas de decisão.
f) P6 – Para empresas que adotam a EC de Menor Custo (Porter, 1991), o ambiente pode
ainda compor as prioridades competitivas das Operações, como elemento qualificador
junto aos clientes/mercado, podendo sua GA, além disso, contribuir para a redução de
custos.
-Avaliação: Esta proposição resultou verdadeira. A princípio as quatro empresas estudadas tem
uma EC de Diferenciação, sendo três em Mercado Amplo e a Empresa Y em Mercado Restrito.
Porém, a Empresa X está em transição para a EC de Menor Custo para enfrentar uma
concorrência crescente, inclusive chinesa. Seu preço premium vem tendo por objetivo aumento
de margem de lucro, já que sua Gestão de Operações tem por objetivo a redução de custos e
aumento de produtividade em todas as frentes; e isto está sendo agora intensificado. Ou seja, a
resposta da Empresa X à concorrência está sendo, ao invés de se voltar para manter e alavancar
seu status e resultados de mercado decorrentes da EC de Diferenciação de seu produto, que é
real, mas que está sendo ameaçado, está optando por mudar a EC para Baixo Custo, tornando-
a coerente com sua EO que privilegia o Custo. Neste contexto, sua GA atende a exigências
legais e de qualificação junto aos mesmos clientes da Tilibra. Mais recentemente, passou a ser
tratada enquanto Sustentabilidade, tendo ganho status de Diretoria junto com RH, devido ao
potencial de contribuição para seu posicionamento e legitimação junto ao seu mercado
311
enquanto área de decisão infra estrutural surge dessa prioridade, com atribuições específicas
focadas nesse objetivo de desempenho. Porém, mais do que isso, também passa a ser exigido o
envolvimento das outras áreas de decisão, estruturais e infra-estruturais, buscando contribuir
para essa prioridade competitiva ambiente.
Desta forma, o Ambiente e a GA são novos elementos da EO. O Ambiente é uma nova
prioridade competitiva e a GA, uma função gerencial, pode ser considerada formalmente uma
nova área de decisão infraestrutural da EO.
Este resultado está coerente com Corrêa e Corrêa (2012, p.39) que coloca a EO em nível
hierárquico decisório da alta direção, devido a tratar com decisões mais agregadas e com
impacto mais duradouro, e a Gestão de Operações lidando com decisões e “questões mais
concretas do dia-a-dia” em horizonte de tempo de até um ano, sendo decisões mais específicas
e “detalhadas sobre recursos e processos”, em nível hierárquico menor.
Esse desdobramento da EC de Sustentabilidade na EO, em suas Áreas de Decisão, pode
ser feito de forma eficiente e eficaz através de uma estruturação em fluxo top-down, na forma
de cascata, a partir do Planejamento Estratégico da empresa, composto de diretrizes, metas e
prioridades de longo prazo (cinco anos) e guidelines de menor prazo - redução de CO2 e de
consumo de água, por exemplo, é um objetivo para todas as áreas. Neste contexto, todas as
áreas tem metas, trabalham em grupos multidisciplinares e multiáreas nos projetos elencados.
Este processo se mantém em pé através da definição de metas claras para todas as áreas
cumprirem e recebimento pelos executivos de retornos, inclusive financeiros através de bônus
como prêmio pelos resultados positivos alcançados no tratamento do ambiente, além daqueles
normalmente já vinculados com a parte econômico-financeira (EBTDA).
Sobre esta análise precedente só mencionar a respeito da Natura, e não colocar como
ocorre nas outras três empresas estudadas, isto ocorre porque nessa empresa conseguiu-se dados
mais completos, aliado ao fato de estar muito mais avançada nesta questão da operacionalização
na EO da Sustentabilidade colocada na EC.
Neste tópico serão analisados de forma comparativa dados das empresas estudadas com
relação às áreas de decisão estruturais e infraestruturais da EO, ou seja, como ocorre nas
empresas o desdobramento das prioridades competitivas nestas áreas de decisão.
A estrutura das Operações deve ser direcionada pelas prioridades competitivas da EO,
relacionadas com a EC, refletindo na forma de Gestão das Operações, a qual depende de como
está organizado o processo de trabalho, do que este enfatiza quanto ao desempenho etc. Trata-
468
Citação de entrevista com Diretoria Industrial
314
se das decisões estruturais e infra estruturais que formatam a EO, as quais dão a estrutura para
as possibilidades de decisões do dia a dia. Assim, decisões mais específicas podem seguir uma
diretriz estratégica, como é o caso da escolha de álcool como combustível da caldeira, ao invés
de um combustível fóssil, focando neste caso no objetivo ambiental visando atingir metas
estipuladas no âmbito estratégico.
Do ponto de vista empresarial, a Gestão Ambiental pode ser considerada uma “função
gerencial global que trata, determina e implementa uma política de meio ambiente na
organização”, levando a inclusão na gestão da empresa das externalidades provocadas pelas
suas atividades. (TEIXEIRA; BESSA, 2009, p.5)
A Natura é uma “empresa carbono neutro desde 2007 ... compensa todas as emissões
de gases de efeito estufa (GEE)” de toda sua cadeia produtiva, investindo em “em ações
contínuas para a redução do volume de emissões”, também compensadas através de compra de
créditos de carbono de projetos sociais. Para este trabalho, a Gerência de Meio Ambiente da
Natura tem um escopo de trabalho muito mais amplo do que somente as Operações de
Manufatura, pois “cuida diretamente da gestão de resíduos e efluentes” através da
implementação de ações, e indiretamente influencia o desempenho ambiental trabalhados em
projetos de ganhos de eficiência no uso de recursos tais como energia e água” em todas as
fábricas, CDs e lojas nos países com operações da Natura. Estes projetos são executados pelas
áreas da Diretoria Industrial, tais como Engenharia, Manutenção, Facilities e Fábricas. Além
disso, a Natura possui as certificações ISO-14001 e B-Corporation, e 100% de sua perfumaria
trabalha com álcool orgânico, o qual representa 70% do total dos componentes utilizados nas
fórmulas. Um diferencial colocado pela Natura foi a administração do ambiental de forma
separada da segurança, ao contrário das outras empresas que tem um sistema de gestão
integrada – Qualidade, Segurança do Trabalho e Meio Ambiente – administrados em conjunto.
Esta separação foi justificada com o objetivo de ter mais foco no meio ambiente (informação
verbal)469
A Tilibra possui as certificações FSC (2009), ISO 14001 (2011) e ISO 50000, com a
diretriz de que importa mais trabalhar internamente para reduzir o consumo físico de energia e
a quantidade de rejeitos. Possui também um SGI. Os motivos de sua GA se prendem ao
469
Entrevista com Gerência de Meio Ambiente em 2018.
315
470
Citação de entrevista com Diretoria Industrial em 2017.
316
As Empresas Natura, X e Y tem instalações atualmente com capacidades que dão conta
do atendimento das respectivas demandas.
A Natura possui quatro fábricas no Brasil, sendo três em Cajamar-SP e uma Benevides-
PA, oito CD’s no Brasil e mais seis na América Latina (LATAM) (Natura, 2017). Quanto ao
gerenciamento de sua capacidade o objetivo é ter flexibilidade de volume, conseguida com o
seguimento da diretriz de nunca trabalhar com a linha em cem por cento de ocupação para ter
capacidade extra para atender a demanda no curto prazo. Há uma avaliação de capacidade duas
vezes ao ano, relativo a todos os equipamentos e linhas produtivas em relação à demanda futura.
Se a margem de 75% for excedida em algum período do ano um novo investimento é agendado.
Adicionalmente, há uma gestão de ocupação da capacidade, com o objetivo de utilizá-la da
forma mais produtiva, com menos etapas, menos perdas de tempo, envolvendo a gestão de
recursos técnicos e humanos, buscando a utilização máxima dos recursos produtivos com
máxima flexibilização.
A Empresa Y trabalha com uma fábrica próxima da capital de estado e não tem CD.
Apesar de possuir área para expansão, o fato de ser uma indústria química e estar situada
próxima de comunidades traz uma barreira para essa expansão de capacidade. Além disso, o
motivo para a Empresa Y não investir em aumento de capacidade, conforme será visto no tópico
de tecnologia, é direcionar este investimento para seu produto ampliado na planta do cliente.
Já as instalações das Operações da Tilibra compreendem uma fábrica e 1 CD no interior
de São Paulo, na cidade de Bauru, a 330 km de SP. Há dificuldade de expansão caso seja
necessário. Sua capacidade depende do mix de produtos. Com dois turnos tem roteiros
engargalados. É inferior à demanda no último trimestre do ano e a resposta é dada com aumento
do capital de giro ao longo do ano. A demanda no último trimestre em volume pode chegar a
três vezes o que produz em um mês de sua capacidade máxima. Diante disso, a escolha da
471
Citação de entrevista com Diretoria Industrial em 2017.
317
direção da empresa foi aumentar o capital de giro pré-produzindo duas mil toneladas, ao invés
de investir no aumento de capacidade, devido ao custo de investimento em uma nova máquina
automatizada (US$ 5 milhões). Esta decisão é baseada em estudos de custo-benefício feito pelo
pessoal da área de Engenharia (Engenheiros de Produção) que se reportam à Gerência de
Produção da Diretoria Industrial, através de análises de curvas de produção e de demanda para
chegar no melhor investimento no tempo, calculando seu retorno.
A Empresa X possui uma fábrica em cidade de interior de estado, com área para
expansão, e uma unidade extratora de MP em outra cidade de outro estado também com área
para expansão. O destaque para a Empresa X é que seu processo produtivo conta, nas fases
intermediárias com muitos equipamentos mais complexos e totalmente depreciados e a
Empresa X não direciona investimento para aumento de capacidade, pelo motivo do custo
elevado e considerar desnecessário já que as instalações atuais, mesmo já depreciadas há muito
tempo, dão conta de obter um produto de qualidade superior aos concorrentes (até
recentemente). Além disso, outro ponto é que a Empresa X considera que a GA não interfere e
não deve interferir em relação à ampliação de volumes de produção se for necessário.
10.10.3 Tecnologia
totalmente depreciadas, mas dão conta da demanda. Assim, a Empresa Y prefere não direcionar
investimento para atualização tecnológica em sua planta de manufatura (“prefere investir em
equipamento de dosagem de produto na planta do cliente do que em aumentar a capacidade do
reator”). Sua aplicação em tecnologia é direcionada para a ampliação de seus produtos em suas
Operações ampliadas nas plantas produtivas de seus clientes. Os produtos expandidos incluem
conhecimento e consultoria técnica, dentro do conceito e estratégia de Indústria 4.0. Neste
sentido, os próprios produtos da Empresa Y, entendidos como produtos ampliados, são
chamados de tecnologias. Sua tecnologia de produto é a do produto ampliado. Do total de 156
produtos, treze tecnologias, das duas famílias de microbicidas, representam mais de 40% do
faturamento da empresa em 2017 e se caracterizam como produto ampliado. O produto
ampliado sai para fora do portão da fábrica. Neste sentido, seus destaques em tecnologia são:
pesquisa da fórmula de rota de síntese alternativa, automação na planta do cliente, sistemas de
dosagem eletrônica e automática do produto, softwares de controle e monitoramento, e
softwares de gestão da aplicação do produto no cliente; sistemas monitoramento para controle
de processos continuamente nas plantas do cliente ao redor do mundo, à distância, com conexão
via web e para smarthphones e computadores com respectivos aplicativos desenvolvidos;
software para o processo de avaliação na planta do cliente - da situação atual, como reduzir,
reusar, reciclar etc., consumo de água, combustível, benefícios ambientais, e calculadora de
sequestro de carbono; tag marcador que pode ser identificado através de um equipamento
eletrônico, dosagem de produto e monitoramento de seu residual em um sistema; sistemas de
monitoramento de nível de tanques por telemetria em locais remotos, permitindo disparo de
solicitações de ressuprimento para não faltar produto.
Já a tecnologia para a Tilibra, sendo sua manufatura uma indústria de forma, possui
máquinas mais simples para 2/3 do volume produzido e máquinas mais complexas para 1/3
deste volume. Há uma maior complexidade com várias etapas devido a vários processos
paralelos que concorrem para montagens finais (acabamento) para gerar as diferentes
configurações de produtos, principalmente aqueles com maior customização. Há uma
dificuldade em automatizar e as embalagens são padronizadas. O processo pode ser colocado
como semi-automatizado, onde também ocorre muito set-up e muita utilização de mo em vários
processos (processos manuais). Há processos automáticos completos de montagem,
acabamento e embalagem para cadernos de baixa diferenciação. Estes processos executados
totalmente manual são exceção e utilizados para baixo volume ou itens fora de padronização.
319
A Empresa X, conforme já exposto, pode ser colocada como tendo características tanto
de indústria de propriedade quanto de forma473, sendo que possui uma menor complexidade
com poucas etapas produtivas e apenas duas linhas de produção de semi-acabados. Seus
equipamentos estão totalmente amortizados e há espaços para automatizações, porém
dependentes de alto investimento. As embalagens são padronizadas. Os processos produtivos
podem ser colocados como semi-automatizados, onde ocorrem poucos set-ups. Muita m.o. é
exigida na fase de acabamento ou finalização dos produtos. O processo de embalagem é feito
manualmente para baixos volumes de pedidos fora de padronização (maior quantidade de
unidades de produtos por embalagem).
Ainda quanto à comparação de tecnologias, de uma forma geral, a indústria química já
nasceu até certo ponto automatizada porque envolve reações químicas, altas temperaturas, com
características de processos contínuos (Slack, Chambers e Johnston, 2002) – onde não é
possível o contato direto do funcionário com o produto que está sendo produzido – e, por outro
lado, tratam-se de processos do tipo em lotes ou bateladas (segundo os mesmos autores). Tanto
a Empresa Y quanto a Natura tem um processo produtivo semelhante, com uso de tanques e
reatores ou vasos de produção para obter formulações de produtos a partir de componentes
químicos. Ambas são indústrias químicas de especialidades. A partir de ingredientes comprados
- A, B, C, D, E – os mesmos são simplesmente misturados ou sofrem uma reação química,
seguindo uma fórmula Standart Operation (SOPI). No entanto, há uma diferença quanto à
complexidade da cadeia de fornecimento, sendo mais complexo no caso da Natura,
principalmente ao envolver a sociobiodiversidade da Pan-Amazônia, e também é mais
complexo nesta empresa na fase final do processo de manufatura devido à maior diversidade
de produtos e suas formulações, bem como dos respectivos processos de envase e de tipos de
embalagens. No caso da Empresa Y este processamento final é mais simples, já que usa somente
tambores com algumas poucas variações de tamanhos. Esta diferença, se manifesta, nas
diferentes quantidades de SKU’s (cerca de 800 versus 300), de reatores e de operações de
envaze.
Na Natura o nível de DNP é muito alto, e além do fator econômico há uma diretriz de
que todo novo produto necessita oferecer um impacto ambiental menor do que sua versão
473
Classificação de autoria não localizada.
320
474
Citação de entrevista com Gerência de Meio Ambiente.
321
A Figura 18 traz, com base nos dados levantados, um esboço das cadeias de suprimentos
das empresas estudadas.
As Empresas X e Y não trabalham com CD’s para sua logística de distribuição. A Tilibra
trabalha com um CD muito próximo da empresa e a Natura possui um hub em Itupeva-SP e 8
CD’s distribuídos no Brasil, sendo o principal o CD-São Paulo (recentemente inaugurado
conjuntamente com sua central administrativa chamada de NASP) responsável pelas entregas
em todo o Estado de São Paulo.
Na logística de abastecimento a Natura controla a origem e obtenção de essências da
SBDB, realiza parceria com empresas transformadoras, terceiriza transportes e também usa
essências importadas.
322
Quanto à Tilibra, para sua logística interna, dispõe de pouco espaço para estoque de MP
– cerca de uma semana. Para sua logística de distribuição conta com 1 CD - entrega 60% CIF
e 40% FOB SP – sendo que não há um sistema integrado com seus grandes clientes varejistas.
Os objetivos são: redução de custos, giro de uma semana, qualidade e flexibilidade. Já em sua
logística de abastecimento, a Tilibra possui cerca de 200 fornecedores, sendo que 20% deles
entregam 90% de MP em valor monetário. Para seu principal fornecedor – International Paper
– repassa um horizonte de compras para receber semanalmente. Quanto à GA, ocorreu em
passado recente parceria em projetos green belt de novas embalagens de tinta e de cola que
tiveram um resultado de redução de custo e melhoria na logística reversa destas embalagens.
Além disso, para seus principais fornecedores, a Tilibra precisa exigir a certificação FSC, já
que possui esta certificação que exige este procedimento. Em parceiros de co-processamento
de resíduos a Tilibra realiza auditorias anuais, mas no geral só de social compliance.
direcionada para Custo, Produtividade e Qualidade, tendo os objetivos de: volume, entregar o
plano de produção, produtividade; eficiência, qualidade e segurança. Há também um foco na
especialização; sendo que os operadores são dependentes do processo técnico da máquina, que
exige conhecimentos específicos. Os operadores tem níveis distintos de habilidade – para operar
máquina de off-set complexa até montar caixas de papelão. Cada operador tem sua linha, não
pode operar em outra. Porém, os operadores são multifuncionais em seus processos - cuidam
da manutenção rotineira e inspeção de Qualidade – mas no geral não tem flexibilidade para
atuar em distintas máquinas. A maioria das contratações externas ocorre para o nível de auxiliar.
As demais ocorrem preferencialmente através de promoção interna.
Quanto à Gestão de RH, a Empresa Y trabalha com muito poucos funcionários
operadores. O perfil exigido dos operadores consiste em: senso de segurança; obedecer
Procedimentos Padrão das Operações (SOP); nível educacional médio; conhecimento de
eletrônica e informática e ter interação com P&D. As metas para os operadores são: segurança
em primeiro lugar; cumprir procedimentos ambientais, de qualidade e de produção;
confiabilidade; trabalho em equipe; garantir a interação com o Lab de CQ, acompanhar
manutenção dos equipamentos. O maior destaque da Empresa Y na Gestão de RH é o Green
Training - treinamento “óculos verdes” – obrigatório, de uma semana, para todos os
vendedores-consultores de todas as unidades da Empresa Y no mundo - para abordar o máximo
do que a Empresa Y e seus produtos podem fazer para melhorar o desempenho ambiental nas
plantas dos clientes - reduzir emissões, captação de recursos, consumo de produtos etc.
A Natura tem uma produção do tipo MTS e usa para o PCP módulos de ERP
complementado com softwares específicos de controle de processos automatizados.
Na Tilibra, para atender suas prioridades competitivas de Entrega, flexibilidade Mix e
Custo, realiza anualmente uma pré-produção (MTS), com lotes maiores que minimizam custo
unitário com produção máxima (3000 ton.). Esta produção MTS garante a entrega no período
de demanda triplicada, dobrando a cobertura de estoque. A partir de novembro de cada ano
produz MTO um mix muito maior, com até oitocentos itens para a volta às aulas, obtendo lotes
menores, menor volume total (2800 ton.) e maior custo unitário - MTO-1 para ajustar à demanda
– na semana seguinte - MTO-2 para pedidos especiais – 10-15% do volume. Seu ERP não é
recente (BAN) e não dispensa planejadores que decidem quantidades semanais e programadores
que definem sequenciamento das máquinas usando um sistema Preactor. Neste processo,
programa mais de 100 máquinas com muitos set ups diários e a maior dificuldade é o
balanceamento da chegada de componentes nas linhas de montagem. Além disso, o PCP não
interfere na Qualidade, mas teve impacto da implantação da certificação FSC, devido a
necessidade de novos controles sobre o material papel, pois as mesmas quantidades que entram,
vinda de fornecedores também certificados, devem sair na forma de produtos acabados.
325
10.10.10 Organização
Esta forma de organizar está de acordo com o que coloca Corrêa e Corrêa (2012, p.39)
acerca da EO estar posicionada em nível hierárquico decisório da alta direção, devido a tratar
com decisões mais agregadas e com impacto mais duradouro. Na verdade, a Sustentabilidade
com status de VP está vinculada à EC.
Na Tilibra as áreas de Meio Ambiente e Segurança e de Qualidade e Assistência Técnica
não constituem Gerências, são lideradas por Supervisores com nível universitário que se
reportam diretamente à Diretoria Industrial que tem quatro Gerências – Produção, PCP e
Almoxarifado de Materiais, Compras e Distribuição. A Tilibra tem um SIG e trabalha a GA
em conjuntos com Saúde e Segurança, já que possui as certificações ISO 9001 e 14001.
Na Empresa Y há uma organização semelhante, com um Coordenador de Security,
Health, Environment (SHE) que se reporta ao Diretor Industrial tendo sua Diretoria também
uma Gerência de “Facilities”, Manutenção e Engenharia, uma Gerência de Processos e um
326
Coordenador de Produção. A Empresa Y tem um SIG e tem trabalhos conjuntos com a área de
Qualidade Corporativa, já que possui as certificações ISO 9001 e 14001.
Na Empresa X há uma Área de Sustentabilidade Corporativa pertencente à Diretoria
de RH e Sustentabilidade. A Gerência de Sustentabilidade pertence a esta Diretoria, e localiza-
se na planta da cidade2, sendo que o Diretor trabalha no escritório administrativo localizado na
capital2. Além disso, a Empresa X tem um Sistema Integrado de Gestão (SIG) e trabalhos
conjuntos com a área de Qualidade Corporativa, já que possui as certificações ISO 9001 e 14001
(informação verbal)475.
475
Citação de entrevista com Gerências Corporativas em 2018
327
Parece ter havido, então, uma convergência entre a visão vinda “de dentro”, do portão
da fábrica para dentro, da manufatura, de operações, com a visão vinda “de fora”, de Marketing
e Vendas, da área Comercial. Isto devido aos elementos novos relacionados com a EC que estão
sendo direcionados para a Inovação e desenvolvimento de novas tecnologias de hardware e
software baseados na web e em aplicativos. No caso da Empresa Y. através de uma nova
gerência – Smart Digital Transformation - de desenvolvimento de novas tecnologias. Por
exemplo, um produto da Empresa Y para aplicar na planta da empresa cliente dependerá do
produto ampliado, pois vai precisar de um dosador especial que vai ser produzido ou comprado,
vai precisar dele fisicamente, e a tendência cada vez maior é associá-lo à tecnologia para
informar quando e quanto precisará repor deste produto químico específico. E para isso será
necessário um software, o qual irá ser produzido em algum lugar - será comprado ou
desenvolvido internamente.
Esse resultado leva a associar o produto ampliado com as Operações ampliadas. No caso
da Empresa Y, suas Operações não ocorrem somente em sua planta, no reator ou vaso de
mistura, mas no software para colocar na planta do cliente para efetuar uma leitura, no tag que
colocou no produto para conseguir efetuar leituras posteriores quanto da aplicação, que é feita
por equipamentos ligados a softwares que transmites dados, acompanhados por pessoas da
empresa full time em alguns casos, além do trabalho de consultoria junto ao cliente em todo o
processo, do início ao fim.
Assim, a direção das Operações ampliadas para Smart Digital Transformation que
ocorre na Empresa Y também está presente na Natura, que ampliou significativamente seu
modelo de venda direta através de consultoras. Elas foram mantidas e valorizadas, num modelo
multicanal com uso de aplicativos e plataformas de e-commerce batizado de venda por relações,
reforçando sua liderança de mercado agora no mercado B2C onde chegou um pouco atrasada.
Neste sentido, a Natura montou na sua sede administrativa de São Paulo (NASP) uma central
totalmente digitalizada para acompanhamento, registo e processamento on line e em tempo real
cada venda efetuada em suas plataformas digitais.
É interessante observar que também a Empresa X, que está iniciando sua inserção maior
quanto á GA e à nova realidade da competição empresarial, com a recente “visão dos
concorrentes no retrovisor”, está com um objetivo estratégico de desenvolver “tudo que for
possível” na parte digital e de internet.
328
Somente a Tilibra não apresentou um destaque maior neste campo digital do ponto de
vista de perspectivas estratégicas, valendo a pena citar que a longo prazo ou talvez a médio
prazo, seu próprio produto central, o caderno, pode sofrer consequências importantes da
concorrência direta exatamente por parte da revolução digital.
Natura através do EP&L e na Empresa Y através de ROE – utilizado além de ROI - porém
dirigido para a GA das Operações ampliadas.
Ter a GA com objetivo de ganhar dinheiro e economizar não está colocado desta forma
em nenhuma política. O que está escrito normalmente é que as políticas de sustentabilidade da
empresa estão embasadas no TBL. Na Tilibra percebe-se esta preocupação, aliada à
necessidade de atender à legislação ambiental. A Figura 15 (p. 182) mostra uma campanha de
GA colocado durante um certo período na entrada da empresa à vista de todos.
Com relação à colocação de que a Gestão Ambiental presente no TBL colocado dentre
as prioridades competitivas seria redundante quanto ao fator econômico, devido ao custo já
estar contemplado, deve-se considerar que o econômico é mais amplo ao considerar o retorno
de investimento nas ações ambientais e sociais, o qual pode ser de médio e longo prazo.
476
Entrevista com Gerência de Meio Ambiente em 2018.
331
10.12 Considerações gerais sobre o Ambiente como nova Prioridade Competitiva das
Operações
(CVC), de obter lucro abordando as questões socioambientais, as quais são vistas não como
custo, mas como oportunidade de gerar valor econômico.
A vantagem competitiva no caso da empresa ser pioneira em levantar e trabalhar a
bandeira ambiental é evidente, pois se trata de um claro fator de diferenciação no mercado. Por
outro lado, esse pioneirismo leva a um impacto maior na EC e EO que necessita ser
administrado. Em um segundo momento, caso os concorrentes também assumam esta bandeira,
o que seria salutar para todos, o ambiente poderia passar a ser um fator qualificador, no entanto
continuando a compor a EO da empresa e necessitando de continuar a ser trabalhado.
333
De uma forma geral, uma contribuição importante desta tese de doutorado é colocar a
GA para o mesmo patamar de discussão da EO.
Assim, o objetivo geral desta tese foi verificar se o ambiente pode ser considerado na
EO como uma nova Prioridade Competitiva das Operações, conjuntamente com as prioridades
tradicionais Custo, Entrega, Flexibilidade e Qualidade, analisando para isso como a GA e a EO
se relacionam no âmbito de empresas industriais certificadas ISO-14001.
O modelo base ou framework que direcionou esta tese foi o modelo clássico de EO de
Horte, Lindberg e Tunalv (1987)477.
Pode-se considerar que os objetivos foram atendidos, tendo-se chegado aos seguintes
resultados:
O tratamento da questão ambiental em nível de EC aparece enquanto Sustentabilidade
(TBL). O desdobramento desta Sustentabilidade na EO se dá pela inserção na mesma de uma
nova prioridade competitiva das Operações, que esta tese está colocando como sendo ambiente.
Esta conclusão é resultado da pesquisa desta tese e está em conformidade com vários autores
que tem realçado essa necessidade das empresas colocarem o ambiente de fato em nível
estratégico,
Os resultados apontam que estão ocorrendo avanços significativos no tratamento das
demandas ambientais enquanto Sustentabilidade e TBL, por parte das empresas Natura
Cosméticos S/A e Empresa Y. Nestas empresas o ambiente é considerado como prioridade
competitiva, fator de diferenciação e ganhador de pedidos. Na Empresa Y, porém, o ambiente
é colocado compondo a prioridade competitiva Serviço, juntamente com a Inovação,
envolvendo seu produto e operações ampliadas junto às plantas das empresas clientes. Desta
forma, há um atendimento de demandas ambientais, entendidas enquanto parte da
Sustentabilidade ou Triple Bottom Line, estando presente na EC da empresa, compondo a
diferenciação em mercado amplo (Porter, 1991) ou o serviço customizado em nichos seletos
(Hayes et al., 2005).
Por outro lado, mesmo trabalhando as demandas ambientais pelo motivo de atender a
legislação, ou para se qualificar junto a seus clientes/mercados, e/ou atender diretrizes de sua
matriz, como é o caso da Tilibra e da Empresa X, mesmo nestes casos, pode ainda a empresa
colocar o ambiente em sua EO como fator qualificador. Saliente-se que neste caso, a ênfase que
477
Ver a seção 2 deste Relatório de Tese.
334
ocorre parece ser no potencial de redução de custos presente no tratamento do ambiente, através
de projetos de melhoria contínua, de redução de consumos de insumos, principalmente de água
e energia, e a prática da Hipótese de Porter e Van der Linde (1995), ou seja, sendo associada
com a Inovação. Mesmo nestes casos, as demandas ambientais podem também ser colocadas
na EC, e ser mencionadas na Missão, Visão e Valores da Empresa, podendo chegar ao seu
Modelo de Negócios. Saliente-se que o nível de status na hierarquia, do setor que trabalha as
demandas ambientais, denota o grau de magnitude da relação impacto ambiental e grau de
importância dada ao tema pela empresa. Desta forma, mesmo o ambiente sendo tratado como
fator qualificador e não ganhador de pedidos, mesmo assim as demandas ambientais podem ser
consideradas em nível de administração estratégica da empresa, e portanto também no nível de
sua EO.
Para empresas que adotam a EC de Menor Custo (Porter, 1991) ou de baixo custo/altos
volumes (Hayes et al., 2005), o ambiente pode ainda compor as prioridades competitivas das
Operações, sendo um elemento qualificador junto a clientes e também de contribuição para a
redução de custos. Neste caso, com a EO privilegiando o Custo e a Gestão de Operações
objetivando também reduzir custos e aumentar a produtividade em todas as frentes, o ambiente
e a GA somente atendem a exigências legais e de qualificação junto aos clientes, mas podendo
compor a EO e a EC, e obtendo um status maior ou menor no organograma, mas com potencial
de contribuir para o posicionamento, legitimação e qualificação da empresa junto ao seu
mercado consumidor.
Ou seja, independente de qual seja a EC da empresa, de Diferenciação, de Menor Custo
ou de Enfoque (Porter, 1991); de baixo custo/altos volumes, de inovação de produto e
características únicas ou de serviço customizado em nichos seletos (Hayes et al., 2005), o
ambiente associado à Sustentabilidade (TBL) tem potencial estratégico para a empresa,
justificando sua inclusão na EC e na EO enquanto nova prioridade competitiva das Operações.
Porém, poderá ter um objetivo (limitado) de redução de custos, aliado ao atendimento de
legislação ambiental e social, e qualificação junto ao mercado e clientes. Ou poderá ter um
objetivo maior de contribuir para alavancar a empresa e diferenciá-la dos concorrentes.
Assim, o tratamento das demandas ambientais, da questão ambiental, podem e devem
estar presentes na EC e na EO das empresas; e o ambiente pode e deve ser considerado uma
nova Prioridade Competitiva das Operações, assim como a GA uma das áreas de decisão da
EO.
O principal argumento científico que fundamenta as conclusões desta tese de doutorado,
baseadas nos estudos de caso das quatro empresas, é o caráter qualitativo desta pesquisa, onde
335
a) As respostas das questões dessa pesquisa por parte das empresas poderão mudar em função
do que acontecerá com a economia, atualmente em ciclo de baixa. As respostas atuais
poderão ser diferentes quando a economia estiver em ciclo ascendente, a maior preocupação
com redução de custo, por exemplo, pode dar lugar à melhoria da qualidade ou da entrega;
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A – Roteiro geral
De uma forma geral, para atender ao escopo da pesquisa e atingir seu objetivo, utilizou-
se dos seguintes pontos:
a) Caracterizar a empresa de uma forma geral e sua EC;
b) Caracterizar a EO e a Gestão de Produção da Empresa de uma forma geral;
c) Caracterizar a Gestão Ambiental da Empresa de uma forma geral;
d) Verificar os impactos da Gestão Ambiental na EO e Gestão de Produção (buscando visualizar
a Estratégia de Operações), considerando os seguintes elementos:
- Instalações
- Capacidade
- Tecnologia
- Desenvolvimento de Produtos e Processos
- Integração Vertical
- Logística e Cadeia de Suprimentos
- Recursos Humanos – Gestão de Pessoas
- Gestão da Qualidade
- Organização
- Logística dos materiais – Abastecimento e Distribuição
- PCP
- Gestão Ambiental
- Outros segundo a realidade da empresa
B – Roteiro detalhado
B1 - GERAL
- Direção estratégica - Direção em relação a mercado e produtos para manter sua cota de
mercado quanto a produtos novos e existentes; - Mercado nacional, internacional -
- Tem concorrentes? - Como compete? - O que diferencia dos concorrentes? - – Como procura
ganhar dos concorrentes? - Como ganha mercado? - Como atrai os clientes? - Os clientes
compram da empresa devido a que, seria PREÇO ou DIFERENCIAÇÃO?
- O mercado em que atua é de nicho ou atende de uma forma geral qualquer tipo de clientes?
- Quais são os fatores qualificadores e quais são os fatores ganhadores de pedido?
- Na Gestão da Produção qual é a prioridade? - Custo? – Entrega? – Flexibilidade? –
Qualidade? - Outra?
- Para os seguintes fatores responda quais deles são considerados na gestão de produção e em
que nível?
1) “Muito considerado”
2) “Bem considerado”
3) “Razoavelmente considerado”
4) “Pouco considerado”
5) “Não é considerado”
344
( ) PREÇO
( ) CUSTO - Estrutura de custos
– Pessoal – m.o. direta - m.o. indireta ( %)
- Tecnologia ( %)
- Materiais ( %)
- Outros ( %)
( ) QUALIDADE
– Do Produto ou Projeto do Produto (Qualidade do Projeto)
- Do processo ou de conformação - Qualidade de Conformação
– Produção em conformidade com especificações
- Índices de ppm (muito baixo, médio, alto)
( ) FLEXIBILIDADE
( ) De volume - para alterar os volumes programados para produção
( ) De mix
( ) De produto – para introduzir novos produtos
( ) De processo
( ) ENTREGA
( ) Rapidez - ( ) VELOCIDADE DE ENTREGA
( ) Confiabilidade – (não só da Rapidez mas também de atender ao
prometido relacionado com os outros objetivos de desempenho)
( ) CONFIABILIDADE - de/na entrega; - no serviço
( ) SERVIÇO - ( ) Resolução de problemas no cliente;
- ( ) Outros
( ) SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
( ) Do Produto
( ) Do Processo
( ) Da Cadeia de Suprimentos
- Sobre economia de escala? - Maior escala menor o custo - Menor escala maior o custo
- Alto Volume, Baixa Variedade - Baixo Volume, Alta Variedade - Médios Volume e Variedade
- Variação da Demanda: Alta, Média, Baixa; - Existência de sazonalidade
- Diversidade de produtos
g1) Organização do Trabalho - No chão de fábrica. - Layout – tipo - Posicional, Por Produto,
Celular ou Funcional- Celular – no. de células – Quantidade de funcionários por célula - Uso
de rodízio – frequência - Influencia do mix de produtos (maior mix provoca ‘rodízio’, não do
funcionário que vai para outro posto, mas do produto que ele produz que passa a ser um maior
no.de produtos) - Capacidade de montagem de novas células - Grupos de trabalho com n
pessoas e um monitor e/ou líder - Há rodízio dentro dos grupos?
i) Gestão da Qualidade
- Nível de qualidade como se coloca? – Adequado? - Parâmetros acima da média? - Nível de
aceitação dos produtos – irrestrito?
- Certificações (Qualidade, Ambiental etc.)? - ISO 9000 - ISO 14000 - Prêmios de Qualidade
– Normas do país de origem
– Métodos – Medição da qualidade (como mede?) - Inspeção pontual - Inspeção ao longo do
processo
- Tem algum programa de melhoria de qualidade ?
- Programas corporativos? - Seis Sigma – Green Belt - Black Belt
- Gestão pela Qualidade Total – TQM-TQC
- Derivados da adm. japonesa (décadas 1980-90)
- Uso de técnicas (aplicação e consolidação?) – MASP - POKA YOKE – PDCA –FMEA – CEP
- 8 D - Reuniões para resolução de problemas – PFMEA - Diagrama de Ishikawa - Programa
de sugestões - Pontos de verificação dentro do processo
- Ferramentas de melhoria da qualidade? Quais citaria?
- Tem treinamento nessas técnicas e ferramentas?
- Programa de melhoria contínua? Qual é a finalidade?
- Qual é a relação da GA com a Gestão da Produção? - De que modo está ligado a GA com a
gestão de produção da empresa?
- Mudanças, alterações, principais benefícios ou dificuldades geradas? Onde a preocupação
ambiental se materializou?
- As ações na parte ambiental, colaborou de alguma forma com o desempenho do sistema
industrial? - ficou igual
- piorou este desempenho por causa disso
- em parte melhorou e em parte piorou
- onde piorou? - onde melhorou?
- Sobre economia de escala? - A Gestão Ambiental afetou a escala de produção?
- Maior escala menor o custo - Menor escala maior o custo
- Interferiu, modificou OU interfere onde, quanto ao que é feito nas áreas de decisão Estruturais
e Infra-Estruturais?
- Mudanças, alterações, benefícios ou dificuldades?
349