Apostila Latim
Apostila Latim
Apostila Latim
Apostila de
Língua e
Literatura
Latina
Universidade Presbiteriana Mackenzie 1
Língua e Cultura Latina
São Paulo
2008
SUMÁRIO
1. Apresentação 3
Literatura 3
Grécia 3
Uma religião antropomórfica 3
O culto aos deuses 3
Mitologia 4
2. A Religião 4
A religião entre gregos e romanos 4
A religião romana 5
3. Deuses 6
Homem e Mito: A alvorada e o crepúsculo dos deuses 6
Os mistérios celestes têm um Intérprete: o Sacerdote 7
O Olimpo: deuses e semideuses 7
Uma tragédia cósmica: Saturno devora os filhos 8
Métis, quem era ela? 9
Zeus, o pai e o senhor dos deuses e dos homens 9
Palas Atena ou Minerva Armada 10
Hera, a romana Juno, a Prima-Dona do Olimpo 10
Apolo, ou o Iluminante 11
Ártemis, ou Diana, a virgem exterminadora de mil homens 12
Afrodite, a deusa do amor. 13
4. Noções Históricas 14
A fundação de Roma e a realeza 14
A república romana e as lutas internas 16
Instituições romanas 17
5. A Língua 21
A língua latina 22
O Latim e a expansão romana 22
Latim literário e Latim vulgar 23
As Línguas românicas 24
A romanização da Península 25
6. Morfologia dos substantivos e dos adjetivos 25
Introdução às declinações 25
Gêneros. 25
Terminação 25
Casos e declinações 25
7. Primeira Declinação 26
Primeira declinação 26
Frases: tradução, análise de caso e função 27
Verbo - 1.ª conjugação - presente do indicativo 28
Versão 29
Tradução, análise de caso e função II: 30
I - A descoberta do mundo antigo 30
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1. APRESENTAÇÃO
Literatura
Literatura, nome tirado do latim littera, letra, é o conjunto das obras escritas de uma
nação, ou ainda, de determinada época, notáveis pela beleza da forma e a sublimidade do
pensamento.
Grécia
A Grécia é uma península localizada ao sul dos balcãs. Primeiros povos: Aqueus,
Dórios, Jônios e Eólios. Eles diziam descender de Hélen, deusa que escapara do dilúvio, por
isso chamamos os gregos de helenos. Adoravam inúmeros deuses como: Júpiter, Atenas,
Dionísio, Hera e Posseidon. Todo o desenvolvimento da Grécia girou em torno das cidades:
Tebas, mas principalmente de Esparta e de Atenas. Cada uma formava um Estado
independente, com leis e organização própria. A Grécia é considerada “o berço da
civilização”; sim, por que ali, todas as ciências, artes, letras e filosofia tiveram impulso.
Notamos nesse longo período, o aparecimento de grandes pensadores: Sócrates, Platão,
Aristóteles, Xenófanes, Parmênides. Nas artes: Fídias, Miron, Polícreto. Em síntese, tivemos
um céu onde brilharam milhares de estrelas, cujo brilho ilumina nossas mentes.
Os deuses gregos eram cultuados na família, na cidade e nas colônias. Onde o grego
estivesse morando, lá estavam seus deuses. Não se concebia a presença de um grego sem a
presença dos deuses e dos seus heróis.
Em cada família havia um culto particular. Próximo ao altar, representando a família e os
antepassados, havia um fogo permanentemente aceso.
O culto também aparecia na cidade, onde os cidadãos construíam templos para os deuses. O
mesmo acontecia nas colônias, onde o culto permanecia vivo no seio da família.
Mitologia
A Grécia Clássica produziu uma das maiores, senão a maior floração cultural da Antigüidade
no mundo ocidental.
Suas artes, sua filosofia, sua literatura são de tão alto nível que até hoje servem não só de
referência e comparação como também de inspiração para as escolas surgidas posteriormente.
Sabemos que os estados gregos, por sua rivalidade à procura da hegemonia, entraram em
conflitos que os enfraqueceram, levando-os à exaustão e finalmente às mãos dos povos
bárbaros macedônios.
Mais tarde caíram sob o poderio do Império Romano (146 a.C.).
É nessa época que começa a história da literatura latina.
Antes dessa época os latinos haviam produzido alguma coisa em matéria de literatura:
diálogos acompanhados por música e bailados, cantos sacros, versos com metrificação
pesada, versos satúrnios.
Em contato com os gregos vencidos que, aprisionados foram a Roma como escravos, os
romanos conheceram a cultura grega e dela se inspiraram para criar suas obras literárias.
Desse modo, enquanto a Grécia levou séculos para amadurecer sua cultura, estabelecendo
períodos entre a criação dos vários gêneros, as epopéias de Homero datam de 1.000 a.C.,
enquanto as tragédias foram compostas entre 500 e 300 a.C., os latinos, a partir da conquista
da Grécia, receberam de uma vez todas essas manifestações artísticas, literárias e culturais.
No começo, os escravos gregos, tornados professores, traduziram para o latim as principais
obras gregas. Mais tarde, os próprios latinos, a partir das obras gregas, passaram a criar, ou
imitando-as fielmente, ou através da contaminatio (reunião de várias obras para criar uma
nova), ou apenas inspirando-se nelas, como é o caso dos escritores que viveram no período
áureo da literatura latina.
Depois que a Grécia passou para o domínio da Macedônia, foi criado um novo centro de
cultura, a Alexandria, da qual se originou a Escola Alexandrina, escola cujos cânones se
opunham aos do Classicismo Grego. Essa escola poética, de caráter popular, criou novos
gêneros literários, mais curtos, mais leves, como a elegia amorosa, que teve grande
desenvolvimento em Roma, na época de Augusto, produzindo obras de valor.
2. A RELIGIÃO
Hesíodo foi um poeta grego, nascido em Ascra, na Beócia, entre os séculos VIII e IX a.C.
Escreveu, entre outras obras, uma Teogonia, poema sobre as origens dos deuses. Na Teogonia
de Hesíodo, há a reunião de diversos mitos e lendas sobre deuses gregos.
Diferenças entre Mito e Lenda:
O Mito tenta explicar e decifrar o mistério e o significado das fábulas. A Lenda é a história
dos feitos praticados por santos e heróis, da tradição oral ou escrita, através dos tempos.
Segundo a Teogonia de Hesíodo, Cronos e Réa (sua mulher) eram Titãs, (gigantes), nascidos
do Céu e da Terra e provenientes do Caos.
Além desses Titãs, havia outros: Jápeto, Atlas, Oceano, etc.
Cronos, que era dono do mundo, para evitar que os filhos o destronassem, comia todos os
filhos varões.
Zeus, um dos filhos de Cronos, conseguiu sobreviver auxiliado pela mãe, a qual fez com que
Cronos engolisse uma pedra envolvida em panos em vez do filho. Zeus cresceu numa gruta na
ilha de Creta. Quando se tornou jovem, Zeus destronou Cronos e outros Titãs. Fez Cronos
vomitar os outros filhos que havia engolido e partilhou com seus irmãos Possêidon e Plutão o
domínio do mundo.
Quanto aos outros Titãs, receberam penalidades diversas: Atlas foi obrigado a carregar o
mundo; outros Titãs foram precipitados nos Infernos, que era o lugar para onde iam os
mortos. Os bons iam para os Campos Elísios e os réprobos para o Tártaro.
Zeus casou-se com Hera e teve grande número de filhos também com outras deusas.
Zeus tornou-se o deus do céu, pai dos homens, dos outros deuses, era também deus do raio,
das noites, das nuvens, protegia as colheitas. Castigava o que violavam a justiça e
prejudicavam as sociedades humanas como a família e a pátria. Morava com os outros deuses
no Olimpo.
Zeus partilhou o mundo com seus irmãos: Possêidon, que se tornou o deus dos mares e
oceanos, Plutão, deus subterrâneo das riquezas e dos mortos.
A religião romana
A religião romana aponta influências sofridas desde tempos remotos de vários povos. Devido
à essa múltipla origem, encontramos na religião romana cultos diferentes, até opostos que
persistiram através dos séculos. Assim havia o costume de enterrar os mortos com oferendas
para aplacá-los, costume herdado dos lígures, na crença de que os mortos permaneciam entre
os vivos. Ao lado deste, havia o costume de incinerar os mortos, de origem indo-européia, na
crença de que os mortos se reuniriam aos deuses. Havia cultos agrários, herdados dos sabinos
e cultos celestes, indo-europeus. Finalmente, houve o entrosamento da religião romana com a
grega em época posterior, quando a Grécia foi conquistada pelos romanos.
Os primeiros sentimentos religiosos dos romanos estão no culto do lar e dos antepassados. Daí
nasceu a família, unida pela religião.
Desde o tempo mais antigo, havia na entrada de cada casa romana um altar onde ardia o fogo
sagrado, que era conservado dia e noite e ao qual eram oferecidos incenso, vinho, flores e
frutas. Havia também os Penates, nos quais estavam incluídos os cultos aos mortos para que
tivessem paz na outra vida.
Entre os deuses venerados pelos romanos desde épocas mais remotas, estão:
Ceres: deusa cultuada em grande parte da Itália. Protegia a agricultura e a fertilidade, foi
assimilada a Demeter, divindade grega da agricultura.
Jano: deus das portas, das encruzilhadas, das passagens. No tempo de Cicero, seu nome era
invocado ainda no começo das preces. O sacerdote de Jano era o primeiro dos sacerdotes.
Juno: no início protetora das mulheres, velava pelos nascimentos e casamentos. Mais tarde foi
identificada à Hera grega e foi considerada esposa de Júpiter.
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Lares: identificados com os Manes (as almas dos mortos). Eram, no início, protetores da
propriedade rural, velando pela fertilidade dos campos. Mais tarde, os Lares passaram a
receber o culto doméstico.
Júpiter: era a grande divindade dos romanos. Foi cultuado, desde os tempos mais remotos, em
muitas cidades. Regia os fenômenos atmosféricos: luz. Foi identificado com Zeus.
Saturno: deus itálico. Refugiou-se na Itália, quando foi expulso pelo filho. Governou o Lácio,
onde fez reviver a Idade de Ouro. Foi identificado com Cronos.
Marte: deus que presidia a todas as atividades humanas essenciais e também à guerra.
Identificado como Ares grego.
Vesta: divindade oficial, cujo fogo era mantido pelas Vestais.
Minerva: divindade itálica, que presidia à inteligência, às artes, à indústria. No Capitólio, seu
templo principal situava-se junto a Júpiter e Juno. Foi identificada com Palas Atenas.
Vulcano: deus do fogo e do metal, identificado com Hefaístos.
Vênus: deusa do amor entre os latinos. Simbolizava a fecundidade da natureza. Apesar de
identificada à Afrodite grega, deusa da beleza e do amor, conservou muitas de suas
características próprias e possuía muitos templos em Roma.
Cupido: deus do amor, filho de Vênus, identificado com Eros.
Diana: divindade itálica, deusa das montanhas e dos bosques. Foi identificada a Ártemis,
deusa grega da caça.
Baco: deus do vinho de culto itálico e mais tarde identificado com Dioniso grego.
Netuno: deus do mar, identificado com Possêidon.
Além desses deuses, durante a helenização romana, foram trazidos da Grécia, mais alguns
deuses. Esses deuses importados da Grécia e outros genuinamente latinos constituíram a
religião oficial no tempo de Augusto. O pontifex Maximus restaurou templos, restabeleceu
antigos cultos e cerimônias e mobilizou poetas para que buscassem inspiração nos motivos
religiosos.
Augusto, ao incrementar a religião, visava à restauração de costumes, da autoridade, da paz,
com vistas em próprio poder.
Os romanos também receberam cultos vindos de outros lugares: do Egito receberam Ísis e
Cibele; da Babilônia, Mitra.
3. DEUSES
Onde estão os deuses, os felizes habitantes do céu, que o homem chamava de imortais Júpiter,
pai e patrão, ou a sábia Minerva, o astuto Mercúrio ou o belicoso Marte, a sedutora Vênus, ou
Ceres, mãe fecunda Desapareceram. Não estão mais no céu nem na terra. Refugiaram-se
dentro de nós, como a lembrança de um mito, ou de uma linda fábula, em que cada um deles
antecipava algo nosso, no bem e no mal.
Com efeito, mito quer dizer conto. No tempo de Homero designava um discurso genérico e
somente mais tarde, quando o Olimpo estava se apagando como um céu estrelado com a
proximidade da alvorada, essa palavra passou a significar um conto sobre a divindade, uma
história que envolvia céu e terra, os celestes e os mortais.
A origem do mito perde-se na noite da pré-história, mas coincide, pelo menos virtualmente,
com um acontecimento de extraordinária importância no longo caminho da evolução humana.
O homem, até então aterrorizado e subjugado pelas forças da natureza, compreende que o raio
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incendiário, o tornado, o mar tempestuoso ou o sol que escurece no meio do céu têm uma
causa, obedecem a uma lei misteriosa e poderosa da qual depende a vida de tudo e de todos.
A partir desse momento começa a lenta vitória da inteligência humana sobre o medo milenar
da escuridão e da morte; o caos, o cego aglomerado da matéria primordial, anima-se e toma
forma, torna-se um universo ordenado onde cada força cósmica recebe um nome e uma
função.
Para a fantasia primitiva, férvida como a de uma criança, Urano é o céu, aquilo que está em
cima, e Gaia (ou Géia), a terra que está embaixo, enquanto Eros é o palpitar que distende o
corpo, o fogo do amor. Do Caos, como relata Hesíodo, o antigo narrador desses
acontecimentos prodigiosos, consolida-se o Érebo, símbolo das trevas eternas, enquanto o Dia
se separa da Noite. Urano junta-se ainda à Terra e ao Mar, e o Universo se povoa de seres
divinos.
Agora o homem não está mais só. Ele sabe que em cada fenômeno da natureza escondem-se
presenças sobre-humanas; aprende a reconhecê-las e a chamá-las pelo nome, e oferece
sacrifícios e preces para merecer proteção.
Surgem os primeiros templos e os primeiros altares; nasce o culto sagrado.
É claro que nem todos os homens compreendem que o trovão ou o terremoto são fenômenos 7
naturais. Quem intui tudo isso é um privilegiado, um indivíduo que se qualifica entre todos
os seus semelhantes como o mais inteligente e perspicaz, um precursor que enxerga e conhece
aquilo que os outros ignoram e temem. Para ele é fácil, portanto, impor-se ao clã ou à tribo,
tornando-se o intérprete desses fenômenos celestes ou terrestres que aterrorizam os outros. As
forças invisíveis encontram nele um porta-voz necessário e insubstituível, e as leis da natureza
tornam-se ciência; mas uma ciência secreta, que se transmite dentro de uma casta sacerdotal
rigorosamente selecionada. O templo nasce, assim, de um recinto primitivo de plantas ou de
pedras, para onde o sacerdote - mago se aparta com seus discípulos para esquivar-se dos
olhares curiosos da tribo. Um pequeno bosque silencioso às margens da comunidade, ou um
cubo de pedras, aberto no alto, em que se queimam folhas aromáticas e se oferecem primícias
ao Nume invisível; uma pedra no centro - a ara do sacrifício - sobre a qual se imola um manso
cabrito ou um touro indomável para dedicar aos deuses as vísceras fumegantes: desses ritos
primitivos, por conseqüência natural, chega-se ao clássico templo erguido na parte alta da
cidade, como o marmóreo Parternon, ornado com estátuas pintadas.
Esse mundo ideal, visível apenas aos olhos fechados, não pode estar na terra nem suspenso no
ar, e os sacerdotes dizem que ele se encontra num pico da Tessália, chamado Olimpo, cercado
de brancas nuvens, arejado por tépidas brisas e de onde se pode manter sob controle toda a
Terra.
Mas, olhando para baixo, e interessando-se cada vez mais pelas vicissitudes dos homens, os
deuses começaram a preferir a terra ao céu e o amor dos mortais ao dos imortais.
Nascem os bastardos, meio deuses, meio homens, os semideuses que, colocados pelo Destino
entre o céu e a terra, participam de prerrogativas divinas e de limitações humanas.
Começa assim uma história cheia de aventuras extraordinárias, que pode merecidamente ser
considerada o mais emocionante romance da Antigüidade. Os deuses soltam-se, sem
inibições, provocando guerra e paz, alianças e traições, feitos heróicos e vinganças infames;
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O céu estrelado, ou Urano, apaixonou-se, pois, por Gaia, a Terra, e no fim de cada tarde, como
relata Hesíodo, ele descia junto com a noite e abraçava a Terra deitando-se em cima dela. O
ardor amoroso do Céu fecundava com a chuva sua esposa. Mas Urano queria reinar sozinho e
obrigou seus quatro filhos, Titã, Oceano, Jápeto e Crono, a se esconderem embaixo da terra.
Eram filhos de proporções colossais. Crono, o Tempo, era o mais novo. Com a ajuda dos
irmãos e da mãe, que lhe deu uma foice, armou uma cilada ao pai: esperou que ele descesse
para abraçar a Terra e, enquanto Urano estava se estendendo ternamente sobre ela o filho
mandou que seus gigantescos irmãos o imobilizassem, e com a foice cortou-lhes os órgãos
genitais e os jogou no mar.
Urano perdeu assim toda a esperança de ter descendência direta; e com ele a abobado celeste
perdeu a superioridade sobre a superfície terrestre. Então, enfurecido, o deus do céu gritou
pedindo vingança; e o mar, onde haviam caído seu sangue, o sêmen e os órgãos de sua
virilidade, começou a agitar-se ameaçador e gerou as Fúrias.
Agora o Tempo - Crono para os gregos e Saturno, mais tarde, para os romanos - é dono do
Céu e da Terra e impõe sua lei. As horas e os dias, as estações e os anos, os séculos e as eras:
toda a vida é medida e regulada por ele, o deus Tempo, que tem nas mãos a vida dos homens,
do nascimento à morte.
Crono, temeroso de que um de seus filhos se revoltasse contra ele, resolveu destruir toda sua
descendência. De que maneira Comendo os herdeiros um após outro. Primeiro as filhas:
Héstia, Deméter a Hera, e depois Hades e Possêidon. Ao primeiro vagido a mãe desventurada
devia levar o recém-nascido ao marido, que o devorava. Crono possuía até um instigador: o
irmão Titã, que exultava por ver aquela carnificina de herdeiros legítimos.
Crono, porém, não contara com o Destino. Com efeito, um misterioso oráculo o alertara desde
o início de seu reinado, de que um dos filhos o despojaria o trono; e ele, para precaver-se
contra esse acontecimento, devorara todos. Quando Réia, a mulher de Crono, percebeu que
estava novamente grávida, resolveu salvar a vida de seu filho. Por isso, logo depois do parto,
ela escondeu o menino e levou a seu esposo uma pedra embrulhada nas roupinhas do recém-
nascido.
O obtuso déspota engoliu o pedaço de rocha e continuou reinando sem de nada suspeitar.
Enquanto isso, o pequeno Zeus, confiado aos cuidados das ninfas, crescia e tomava
consciência de si. Tornou-se jovem e forte, compreendeu que sua hora chegara, abandonou a
ilha-refúgiu para enfrentar o velho pai.
Ele pegou Crono de surpresa, tomou-lhe a foice da mão e, com a mesma lâmina utilizada para
mutilar o Céu, tornou-o impotente, jogando no Tártaro os órgãos amputados. O que significa
isso O mito de Crono-Saturno significa a fatal autodestruição do Tempo, que gera os dias e os
anos e os destrui. Crono-Saturno que devora os filhos é esse processo fatal que se chama
“devir” e pelo qual tudo nasce, cresce, reproduz-se, definha e morre.
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“Homem, lembra-te de que és pó tornarás”, advertia um texto sagrado. É como dizer: tua mãe
nutriu-se dos produtos da terra e tu os absorveste enquanto estavas em seu seio. Depois a terra
te alimentou com as substâncias de seus três reinos, até que, no fim, recolheu-te em seu seio
para transformar-te novamente em matéria terrestre, pó.
Crono-Saturno é a lei que rege o cosmo, o segredo de cada história humana. Não um crime,
mas um sinal de esperança, uma promessa de imortalidade.
Réia, a infeliz esposa de Crono, não se resignava lembrando-se dos filhos que haviam
acabado na garganta paterna; e depois que Zeus punira e destrona o pai, foi procurar uma
amiga para pedir-lhe conselho. Essa amiga vivia afastada de tudo e de todos. Chamava-se
Métis, que significa prudência, e conhecia muitos segredos da natureza ignorados pelos outros
deuses.
Métis preparou uma bebida e disse a Réia que a desse para Crono, ainda dorido pela
mutilação. Ele a bebeu e foi logo surpreendido por terrível ânsia de vômito, mediante a qual
devolveu à mãe os corpos dos filhos que havia comido. Réia os massageou com um ungüento
(medicamento para uso externo) preparado pela amiga, e eles voltaram à vida. Zeus,
admirado, apaixonou-se por Métis e casou-se com ela; mas pouco depois um oráculo o avisou
de que aquela deusa lhe daria um filho destinado a dominar todo o universo.
Zeus teve medo que o destino de Urano e de Crono se repetisse, e para não se separar da
amada e sábia Métis, comeu-a junto com o filho que trazia no seio, para transferir para si e
assimilar o conhecimento do bem e do mal. Aquela refeição era indigesta e provocou em Zeus
uma terrível enxaqueca.
Zeus, consciente de sua missão, sabe que um soberano não pode prescindir da prudência, se
quiser reinar com sabedoria e justiça.
Saturno, com efeito, levara consigo a foice de metal escuro que lhe servira como arma
parricida (quem cometeu assassinato do próprio pai) para separar-se do Céu. Mas na terra sua
foice tornou-se instrumento de paz e de bem estar: com ela ceifavam-se as searas e começava
a abundância - a foice era de ouro, símbolo de fecundidade e riqueza.
Zeus (o mais “mulherengo” e deus dos disfarces), pois, foi o último do Tempo e da Terra: o
último, mas também o predestinado. Ele tirou do pai o cetro real para constituir seu poder
além de qualquer limite de tempo e de espaço, na eternidade.
É ele o verdadeiro pai dos deuses e dos homens, o senhor do céu e da terra. Sua mãe Réia,
também chamada Cibele, pariu-o na ilha de Creta; e para livrá-lo da ávida boca paterna, ela
confiou-o a duas ninfas amigas, Ida e Adrastéia. Uma cabra, chamada Amaltéia, forneceu o
leite; uma abelha, chamada Panácris, o mel. O pequeno Zeus cresceu forte e seguro de si;
então saiu do esconderijo desafiando o velho e desconfiado pai, e venceu-o. Seus irmãos,
Hades e Possêidon, tornaram-se depois seus aliados, e as irmãs, cúmplices.
Zeus, chamado mais tarde Júpiter pelos romanos, é sinônimo de força vital, energia criadora,
proliferação celeste e terrestre. Depois do trágico fim de Métis, ele se casou com sua irmã
Hera, e desse casamento nasceram Ares e Hefaístos, o artífice das forjas celestes.
Hera, a esposa legítima, não aprovava as aventuras amorosas de seu divino cônjuge. Contudo
Zeus, como marido libertino, procurava esconder aos olhos de Hera os numerosos adultérios.
Para amar Mnemósine, isto é, a Memória, ele se transformou em pastor, tornando-se
subitamente pai de nove filhas: Clio, Euterpe, Melpômene, Talia, Érato, Polímnia, Terpsícore,
Urânia, Calíope, as nove Musas...
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Urano, segundo a árvores genealógica descrita por Hesíodo, era seu avô; o céu, portanto,
subjugava a terra infundindo temor e respeito pela inacessibilidade de sua abóbada celeste.
Crono, último filho de Urano e pai de Zeus, apossou-se do poder; e o Tempo tornou-se o
senhor absoluto da vida. Zeus, o último filho do Tempo, destituiu por sua vez, pela astúcia, o
pai; e seus filhos, não mais relegados a cavernas subterrâneas como os de Urano, nem
devorados como os de Crono, povoaram o céu e a terra.
Aquela refeição feroz e excepcional - nada menos que a sábia e prudente esposa Métis,
grávida - não podia deixar de ter conseqüências nem mesmo nas celestes vísceras do Deus dos
deuses. De fato, o corpo da suave Métis provocou em Zeus uma enorme indigestão e uma dor
de cabeça insuportável. Zeus estava transtornado; parecia-lhe que os olhos saltavam das
órbitas e que em sua cabeça havia um exército de guerreiros decididos a abrir uma passagem
para sair. No fim, não suportando mais, ele chamou o filho Hefaístos para que o ajudasse. O
filho de Zeus pegou o machado e com um golpe seguro partiu ao meio a cabeça do pai. E ela,
belíssima, apareceu; armada dos pés à cabeça, pronta a desafiar e a lutar.
Atena, que os latinos chamaram de Minerva, nasceu assim, da cabeça de Zeus: e foi uma
deusa prudente e sábia, a protetora das ciências e das artes, a instigadora de todo nobre
empreendimento, a inspiradora do saber. Armada, sem dúvida, porque a ciência deve saber
defender-se de seus opositores e o conhecimento não pode deixar-se vencer pelo
obscurantismo da ignorância - uma deusa não-belicosa (que incita à guerra), mas aguerrida
(acostumada à guerra), pronta a combater pela verdade e justiça.
Foi amiga de todos e não pertenceu a ninguém. Ajudou, sobretudo os heróis, mais que os
deuses; foi inimiga implacável da injustiça, opôs-se a toda manifestação de ódio ou de
vingança, mesmo à de seu predileto Aquiles, ou à força bruta de ares, o feroz deus da guerra.
Um dia teve que competir com Possêidon, o poderoso deus do mar, diante de um júri
composto por todos os deuses: a competição consistia em dar um presente à mais bela cidade
da Grécia, que do alto de sua cidadela espelhava-se no mar. Aquele que desse o presente mais
útil e agradável cederia seu nome à cidade. Possêidon, com um golpe de tridente, fez sair da
terra um cavalo; Atena, com um gesto da mão, fez nascer e crescer uma oliveira carregada; e
ganhou. Em honra dela, a cidade tomou seu nome: Atenas; e a adorou invocando-a pelo nome
de menina, pallas, e pelo de virgem, parthènos, e lhe dedicou um magnífico templo, o
Partenon.
Atena é uma mulher, mas é como se fosse um homem; ou então é como se fosse de outra
espécie, uma amiga fiel a quem se pode contar tudo, contanto que seja lícito e justo.
Foi denominada glaucópide, que significa “de olhos azuis”; também foi chamada Niké,
“vitória”, igual ao pai na coragem inteligente e na prudência, afirma Hesíodo.
A filha sem mãe, nascida da cabeça do divino progenitor, é o pensamento que se apresenta
maduro e já adulto, com a lança da eqüidade (disposição de reconhecer igualmente o direito
de cada um), o elmo da sabedoria, o escudo da prudência, para opor ao impulso dos instintos
do freio da razão.
Zeus, o deus do trovão profundo, o deus dos deuses, tem Hera como irmã e mulher. Hera,
filha, como Zeus, de Réia e Crono, e devorada pelo pai ansioso e ciumento de seu próprio
domínio, foi ressuscitada graças à poção da prudente Métis; e ela é a primeira companheira do
jovem Nume (deus) que destronou o pai: irmã e mulher.
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Ela é virtuosa, insensível à corte dos celestes, intocável por ser a mulher do pai de todos os
deuses; mas, sobretudo porque, de suas virtudes de esposa, obstinadamente fiel a um marido
habitualmente infiel, ela fez um motivo de orgulho e uma arma, com a qual condena e
chantageia quase todos os habitantes do Olimpo.
Zeus, para seduzi-la, transformou-se em cuco. Era inverno. A moça boópide, isto é, de
grandes olhos bovinos apanhou o pássaro e o aqueceu ao seio: e assim, para o jovem deus, foi
fácil vencer a casta irmã. Então ele fugiu com ela para o monte Citéron, onde Hera recebeu de
Gaia sua avó, como presente de casamento as maçãs de ouro das Hespérides, ou seja, as
romãs, símbolo e auspício (presságio) de fecundidade.
Hera é a deusa de alvos braços e de rosto velado pela tristeza, símbolo da mãe prolífica e da
família, protetora das jovens esposas, nume da fecundidade. Sob o aguilhão (estímulo) do
ciúme, Hera torna-se o símbolo da mulher briguenta e vingativa, que usa qualquer pretexto
para contradizer o marido e lançar-lhe na cara suas infidelidades. Se Zeus tem simpatia pelos
troianos, ela toma abertamente o partido dos gregos. Ares, filho de Zeus e Hera, é justamente
o fruto desse profundo dissídio: o deus que personifica violência e ódio, dor e terror. O outro
filho foi Hefaístos, o deus do fogo rubro (vermelho muito vivo), que ergue um martelo entre
jorros de faíscas. No dia em que Hefaístos, durante uma das habituais brigas familiares, ousou
tomar a defesa da mãe, foi arremessado do Olimpo por Zeus, com um pontapé, e quebrou as
pernas, ficando coxo para sempre.
No entanto, à sua maneira, Hera amava Zeus, e ele gostava de sua mulher.
O desventurado Íxion ainda está girando pelo ar amarrado a uma roda em chamas, apenas por
ter ousado apaixonar-se por Hera e ter abraçado um simulacro (simulação) dela, feito de
nuvens.
Após muitas brigas, Hera abandonou o Olimpo; no entanto, Zeus percebeu que não podia
reinar em paz sem sua terrível e bela esposa. Então espalhou o boato que iria casar-se de
novo. Mandou fazer uma estátua de madeira parecida com Hera, que mandou cobrir e enfeitar
com roupas e jóias. Depois determinou que a estátua mulher fosse levada num cortejo pela
Eubéia, numa carruagem dourada, puxada por doze cândidos bois. Hera não resistiu. Saiu do
retiro, correu até a carruagem e arrancou os véus da estátua para ver sua rival: e depois de
descobrir o truque, começou a rir, enquanto pelas faces corriam-lhe lágrimas, não se sabe se
de raiva ou de felicidade.
Jovem e belo, resplandecente e puro, o filho de Zeus e Leto é o maior de todos os deuses
depois do pai. Apolo é o deus da luz, como um sol que acende todos os astros do céu; e com o
nome de Febo, justamente, ele dirige os indômitos (indomáveis) cavalos que transportam pelo
céu o carro do Sol.
Ele recebeu no próprio dia de seu nascimento três presentes: de Hefaístos, um arco e uma
aljava (“estojo”) cheia de flechas; do pai, Zeus, um coche (carruagem) de ouro puxado por um
bando de cisnes, e de Leto a misteriosa mãe (lateo, que significa em latim estou escondido), a
profecia e a visão das coisas ocultas.
Com apenas quatro dias realizou o primeiro prodígio, matando com uma flecha a serpente
monstruosa Píton, gerada por Gaia, que por ordem da ciumenta Hera perseguira sua mãe.
Para os primitivos povos indo-europeus, o grego Apolo era talvez uma divindade nórdica, que
trazia de presente a luz e o tepor do sol depois da longa noite boreal, e tornava a terra fecunda
de um fruto substancioso, a maçã, que em sua honra foi chamada abal pelos antigos celtas, e
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hoje apple pelos ingleses e apfel pelos germânicos, e colhida especialmente na ilha mítica de
Avalon.
Mas o divino inspirador é também um deus temível e terrível. No último livro da Ilíada ele se
impõe a Aquiles, que há doze dias estraçalha em torno dos muros de Tróia o cadáver de
Heitor, acusando-o de ferocidade desumana e convidado os deuses a unirem-se a sua
indignação.
Amou ninfas e mulheres mortais. Dafne, a linda filha de Peneu, despertara a paixão de um
jovem chamado Leucipo, quando Apolo também se apaixonou por ela. Leucipo, seguindo as
instruções da amada vestiu roupas de mulher para ficar junto dela sem que ninguém
percebesse. Mas o deus clarividente descobriu o embuste (mentira artificiosa) e ordenou às
ninfas que matassem o rival.
Para esquivar-se ao desejo de Apolo, Dafne fugiu e quando o Nume apaixonado estava a
ponto de alcançá-la, pediu socorro à veneranda Gaia, que a transformou em loureiro. Os
amores de Apolo freqüentemente estavam ligados à morte, ou se envolviam no mistério de
obscuras e trágicas metamorfoses. Três episódios de amor não correspondido, três exemplos
significativos: por que a luz, sinônimo de Verdade, ainda não tem direito de acesso ao coração
dos homens, onde se aninha a sombra das paixões. Apolo é o raio de luz que procura abrir um
caminho no escuro, a palavra que, através de seus oráculos, exorta (incita) todo ser vivo a
buscar em si essa luz. “Homem, conhece-te a ti mesmo”, gritava a sibila (profetisa) Délfica a
quem lhe pedisse o segredo da vida.
Ártemis é a caçadora solitária, a sempre distante; seu reino é a floresta povoada de ninfas,
onde o homem receia aventurar-se; as codornizes, que voltam toda primavera aos tépidos
declives da Grécia, são seus animais sagrados, pois as aves migradoras amam e conhecem as
distâncias.
Ártemis é a virgem intocável; uma criatura esquiva (arisca) e selvática que atinge com dardos
mortíferos o temerário (arriscado) que dela se aproxima.
Era ela, com efeito, a causa das febres maláricas e puerperais, e ao mesmo tempo a protetora
das parturientes. Amava os leões: em Tebas, seu templo era guardado por um leão de pedra.
Era chamada também caçadora de cervos, pois esse animal era selvagem como ela, ágil e
desconfiado.
Ela evitava a companhia de outros deuses, rejeitava qualquer relação sentimental, odiava
todas as manifestações físicas do amor: era a deusa belíssima e intocável, de mil nomes e mil
atributos.
Se Apolo representava a força luminosa do Sol, Ártemis era misterioso influxo da Lua na vida
terrestre.
De fato, é a lua que marca os tempos e os ritmos terrestres; da lua as plantas recebem um
benéfico impulso junto com as virtudes fertilizantes do orvalho. E Ártemis, como a lua, é fria
e distante, envolta no mistério das selvas como o nosso satélite na obscuridade da noite: e
como a lua, que, do alto, solitária habitante do céu, preside e influencia todos os
acontecimentos terrestres, desde o nascimento das plantas e dos animais até o do homem,
assim a belíssima deusa reina soberana sobre a vida dos campos e dos prados, dos montes e
dos bosques, sobre todos os animais, e a ela oferecem presentes todas as parturientes (mulher
que está prestes a parir), dedicando-lhe os filhos. Porque era ela, a misteriosa deusa lunar, que
tomava sob sua proteção todas as mulheres grávidas, media o tempo da gestação, assistia-as
no parto Sagrada, portanto, e distante como a lua de qualquer paixão, intata (pura) e
inviolável.
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Um caçador levou um fim muito trágico. Caçando na floresta, com um matilha de cães, ele
surpreendeu Ártemis que se banhava, nua, num límpido rio. Antes de vê-lo, a deusa sentiu
sobre si o olhar profanador do homem, e com um gesto da mão transformou-o num cervo.
Logo os cães, ao verem o animal selvagem, confundiram-no com uma presa e o
estraçalharam. Esse homem chamava-se Actéon. A-theos, em grego, significa sem deus, ateu;
e o ateu não deve profanar o mistério da divindade, não pode olhar com olho incrédulo a
Verdade oculta, a Verdade nua, impunemente. Assim também nenhum ser humano pode
escarnecer e ofender o que é sagrado.
Afrodite, a alma Vênus dos romanos, nasceu assim, da branca espuma do mar, como somente
a deusa da beleza e do amor poderia nascer.
No ar ressoava ainda o terrível grito de Urano, depois que o filho Crono o mutilara
traiçoeiramente; o mar, onde o sanguinário filho do Céu jogara os órgãos genitais do pai,
fervia furioso: mas o sêmen saído destes órgãos uniu-se à espuma do mar e fecundou-a;
impelida por Zéfiro a espuma afastou-se, para correr alegre em direção à ilha de Chipre, em
cujas margens depositou uma concha da qual surgiu, gotejante de luz, a belíssima filha do
Céu, a cipriota Afrodite.
As Horas, enviadas à ilha por Crono, cuidaram dela; vestiram-na com roupas divinas,
puseram-lhe na cabeça uma coroa de ouro, cingiram-lhe o pescoço e o peito com colares de
ouro, como costumavam usar as próprias Horas. Depois de enfeitá-la, levaram-na, esplêndida,
à presença dos deuses, que a cumprimentaram, extasiados, e se apaixonaram por ela.
Afrodite tornou-se esposa do poderoso ferreiro do Olimpo e deus do fogo, justamente quando
ia responder favoravelmente ao amor de Ares. Mas tanto um como outro se afastavam
freqüentemente. Afrodite tornou-se amiga do deus Apolo e posteriormente sua amante. Certo
dia a deusa pediu a Zeus permissão para visitar a estrela da manhã, e o pai dos deuses
autorizou Apolo a levá-la até lá no carro dourado do sol. Mas os dois, ao invés de se dirigirem
para o astro longínquo, desceram na terra, passando juntos uma breve lua de mel, em Rodes,
até que a Aurora chamou para o céu o carro da luz.
Mas a Maledicência perturbou esse amor, dizendo a Afrodite que seu amante a traia. Afrodite,
de fato, confirmou a traição, ofendida e humilhada, retirou-se para a ilha de Chipre. Foi lá que
conheceu o jovem belíssimo Adônis. Amaram-se como duas criaturas mortais, mas, a
felicidade terrestre, ensinam os deuses, é efêmera (passageira). Ao voltar de uma de suas
guerras, Ares foi informado do novo amor de Afrodite e vingou-se do seu rival, fazendo um
javali dilacerá-lo. Afrodite, então, consolou-se com Ares (deus da guerra). Quando o
clarividente Apolo descobriu que ela e Ares se amavam, enciumado, denunciou-os a Hefaístos
que, uma noite, enquanto os dois adúlteros dormiam juntos, envolveu-os numa finíssima rede
para mostrá-los a todo o Olimpo. Ares fugiu para a Trácia e Afrodite retirou-se para a ilha de
Chipre, onde deu à luz um filho que se chamou Amor.
Celestes e mortais, todos, com efeito, amaram Afrodite; e todos tiveram dela uma prole
(filho). De Hermes, ela teve um belíssimo filho: Hermafrodito. Um dia, ele, ainda jovem
mergulhou na água da fonte Sálmacis, e a ninfa que presidia àquela nascente apaixonou-se por
ele. Infelizmente Hermafrodito não correspondeu ao sentimento da ninfa e a repeliu. Então
Sálmacis o apertou em seus braços, enlaçou-o fortemente, clamando aos deuses para que
nunca mais a deixassem separar-se do amado. O pedido foi atendido: Hermafrodito tornou-se
macho e fêmea.
De Dioniso (vinho), o deus da embriaguez, Afrodite pariu Priapo, um deus disforme e
possante, símbolo de luxúria e virilidade.
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É por causa dela que nasce a trágica e longa Guerra de Tróia. Diz a lenda que a Discórdia não
fio convidada para um banquete nupcial de que participavam os Imortais. Para vingar-se, ela
deixou na mesa um pomo de ouro com estas palavras: “Para a mais bela”. Hera, Atena e
Afrodite consideraram-se as mais dignas, e Zeus mandou que o árduo julgamento fosse
confiado a um mortal. Hermes levou-as para junto de Páris, o belíssimo filho de Príamo. E
Páris ofereceu o pomo de ouro a Afrodite, recebendo como prêmio o amor da mais bela de
todas as mortais, Helena, esposa de Menelau. O Amor traz a paz e a guerra. Amor omnia
vincit.
Afrodite é, provavelmente, uma divindade que chega à Grécia de muito longe, através do mar;
é a Istar da Mesopotâmia, a Astartéia da Síria e da Fenícia, a Ísis do Egito, a Xiva do Oriente:
é o eterno feminino de todo lugar e tempo.
Tanto na Grécia como em Roma, Afrodite teve dois rostos e dois cultos: a Afrodite Urânia, a
Vênus celeste, símbolo do puro Amor, e a Afrodite Pandêmia, mulher de todos, sensual e
provocadora.
Afrodite não morreu com o Olimpo, pois é uma lei da vida, o impulso que assegura a
continuação de tudo o que vive no tempo. Seu mês é abril, quando a natureza é toda fermento
produtivo.
Afrodite, ou Vênus, é aquilo que existe no homem de mais sagrado e de mais profano, e que
pode fazer dele um super-homem ou um bruto.
4. NOÇÕES HISTÓRICAS
O sul da Itália, chamado Magna Grécia, possuía numerosas colônias fundadas pelos gregos;
uma delas, Tarento, sustentou guerra contra os romanos, quando estes empreenderam a
unificação da Itália.
b) Fundação de Roma
Não se sabe com exatidão quando e como foi fundada Roma. Há, porém, uma lenda sobre
esse acontecimento transmitida por Tito Lívio, célebre historiador romano do tempo do
imperador Augusto.
Conta-se que, depois da destruição de Tróia pelos gregos, o herói troiano Enéias fugiu para a
Itália, onde fundou a cidade de Alba Longa. Um rei de Alba Longa, Numitor, pai de Réia
Silva, foi destronado pelo irmão, Amúlio.
Réia Silva era vestal, nome das sacerdotisas do culto da deusa Vesta, encarregadas de manter
aceso o fogo sagrado da cidade. As vestais eram obrigadas ao voto de castidade, mas Réia
Silva teve com Marte, deus da Guerra, dois gêmeos, Rômulo e Remo.
Amúlio, receando ser destronado pelos gêmeos, ordenou que os lançassem ao Tibre.
Milagrosamente salvos, foram amamentados por uma loba até que um pastor, Fáustulo, os
recolheu. Como mais tarde viessem, a saber, de sua origem, os dois irmãos expulsaram
Amúlio do trono de Alba Longa e puseram no lugar o avô Numitor. À margem do rio Tibre,
no monte Palatino, fundaram a cidade de Roma (753 a.C.). Depois, Rômulo matou Remo e
tornou-se o primeiro rei.
Para os historiadores Roma não teve fundador, como conta a lenda. Primeiramente,
formaram-se à margem do Tibre, naquele lugar, diversas aldeias de latinos que se dedicavam
ao pastorio e à agricultura; depois, lentamente, essas aldeias foram-se agrupando até
constituir-se a cidade.
c) A realeza
Como a fundação de Roma, também os acontecimentos da realeza são narrados de modo
lendário. Do governo de Rômulo recorda-se o episódio que se chamou “rapto das sabinas”.
Como em Roma só houvesse homens, os romanos, durante uma festa, raptaram as mulheres
dos sabinos, seus convidados, povo também italiota.
Conta a tradição que Rômulo desapareceu durante uma tempestade e passou a ser adorado
como um deus, sob o nome de Quirino. Seu sucessor, Numa Pompílio, organizou um
calendário e criou numerosas leis. Depois reinou Tulo Ostílio que empreendeu uma guerra
contra Alba Longa. O rei seguinte, Anco Márcio, fundou na foz do rio Tibre o pôrto de Óstia.
Os últimos reis romanos, Tarquínio Prisco ou Antigo, Sérvio Túlio e Tarquínio o Soberbo
eram etruscos, o que prova haver este povo dominado Roma.
Tarquínio Prisco construiu as cloacas (canais subterrâneos de esgoto) e o Circo Máximo,
destinado às corridas; a Sérvio Túlio atribuem obras de defesa da cidade, como as muralhas
que cercavam as sete colinas por onde se havia estendido a população romana. Por isso Roma
ficou conhecida pelo nome de Cidade das Sete Colinas.
O último rei, Tarquínio o Soberbo, concluiu o Capitólio, o mais famoso templo romano,
dedicado a Júpiter, cuja construção fora iniciada por Tarquínio Prisco.
Durante a realeza, o poder do soberano era limitado pelo das assembléias, principalmente o
senado, formadas pelos cidadãos romanos ou patrícios; eles eram como os eupátridas de
Atenas, ricos proprietários de terras. A outra classe, que não exercia os cargos públicos nem
participava das assembléias, constituía a plebe. Então Tarquínio o Soberbo, para fortalecer-se
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no poder, procurou o apoio dos plebeus contra os patrícios; mas estes se revoltaram,
destronaram o soberano e estabeleceram a república (509 a.C.).
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a) Organização da república
Estabelecida a república, Roma passou a ser governada por dois cônsules, eleitos pelo senado,
por um ano.
Em ocasiões de perigo, quando a cidade se encontrava ameaçada, escolhia-se um ditador, que
dispunha de toda a autoridade. Sua palavra, isto é, o que ele dizia (daí o nome ditador), tinha
força de lei. Mas, com tanto poder, o ditador poderia pretender tornar-se rei e, para que tal não
acontecesse, ficou estabelecido que ele só podia permanecer no poder pelo prazo de seis
meses.
Dos outros magistrados importantes da república, cita-se o censor, que fazia a censura, isto é,
zelava pelos bons costumes e também contava a população, o que ainda hoje se chama censo.
É por isso que duas palavras censo e censura, de significado diverso, têm a mesma origem.
Entre os romanos, ao concluir-se o censo, feito de cinco em cinco anos, havia uma cerimônia
religiosa, chamada lustrum, destinada a limpar ou purificar a população dos seus pecados. É
por isso que a palavra lustro, que significa brilho, também tem o sentido de período de cinco
anos.
O mais célebre dos censores foi Catão; muito severo, combateu o luxo, que se introduziu em
Roma durante as conquistas.
Das assembléias a mais importante era o senado. Os senadores, a princípio em número de
trezentos, eram escolhidos pelos censores entre cidadãos de honestidade comprovada. Os
senadores não podiam exercer determinadas atividades comerciais, como emprestar dinheiro a
juros. Possuíam, entretanto, muitos privilégios; tinham lugar de honra nos jogos públicos e,
quando acusados de algum crime, só podiam ser julgados em Roma.
b) As lutas internas
A princípio, todas as funções públicas, como também as religiosas, eram exercidas
exclusivamente pelos aristocratas ou patrícios, descendentes das antigas famílias de Roma. Os
outros, os plebeus, não tinham nenhum direito: cultivavam a terra, exerciam diversos ofícios
e, como soldados, participavam das guerras. Nessas ocasiões, suas pequenas propriedades
eram devastadas e, reduzidos à situação de miséria, tinham que recorrer aos patrícios,
solicitando-lhes empréstimos e, se não pagavam as dívidas, passavam à condição de escravos
dos seus credores.
Pouco a pouco, porém, os plebeus foram-se igualando aos patrícios: primeiramente,
conseguiram a nomeação de dois tribunos para a defesa dos seus interesses (tribunos da
plebe); depois obtiveram leis escritas, gravadas em doze tábuas de bronze, por isso chamadas
Lei das Doze Tábuas; seguiram-se outras conquistas, como os casamentos mistos, isto é, entre
patrícios e plebeus, e o exercício, por eles, de todos os cargos políticos e religiosos.
Mas não se deve pensar que, estabelecida a igualdade entre patrícios e plebeus, a república
romana se tornasse democrática. Com as conquistas houve romanos que se apoderaram de
extensas terras, tomadas aos vencidos, e se tornaram poderosos, constituindo uma espécie de
nobreza, enquanto que outros, embora cidadãos romanos, viviam em Roma em extrema
miséria. Então os termos patrício e plebeu mudaram de sentido: patrício ou nobre era o
cidadão rico e plebeu, o de condição humilde.
Na luta entre ricos (patrícios) e pobres (plebeus) distinguiram-se os dois irmãos Gracos:
Tibério e Caio. Eleitos tribunos, procuraram resolver a questão agrária, isto é, a distribuição
das terras cultiváveis, de modo que os plebeus pudessem tornar-se proprietários.
Os poderosos, sentindo-se prejudicados, levantaram-se contra os Gracos: Tibério, acusado de
aspirar a seu rei, foi assassinado e seu cadáver jogado às águas do rio Tibre; Caio Graco, para
não ser vítima de seus inimigos, pediu a um escravo que o matasse.
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Depois dos Gracos, surgiram generais que se diziam defensores dos ricos ou dos pobres; na
realidade, procuravam apoiar-se nessas classes para satisfazer suas ambições. Desses generais
dois ficaram célebres: Mário e Sila.
Nessa ocasião as leis da república já não eram mais respeitadas e a numerosa plebe, formada
de cidadãos pobres, vendia seu voto aos ambiciosos. Tudo parecia favorável à formação de
um regime em que o poder coubesse, de modo definitivo, a um só homem. Esse regime, que
se chamou império, foi afinal fundado por Otávio, sobrinho de César.
c) O exército romano
Os romanos deveram o império que conquistaram à excelente organização de seus exércitos.
Comandado pelo ditador ou pelos cônsules, o exército dividia-se em legiões, semelhantes aos
atuais regimentos; cada legião dividia-se em manípulos e cada manípulo em duas centúrias. O
comandante da legião era o tribuno militar.
O legionário trazia, além do capacete e do escudo, uma espada curta, o gládio, e uma lança,
chamada pilo, semelhante ao dardo dos gregos, que se usava como arma de arremesso. Cada
legião possuía a sua insígnia, geralmente a figura de uma águia (aquila). O soldado que a
conduzia era o aquiles feris e dessas palavras latinas derivou-se alferes, nome dado a um
posto militar no antigo exército brasileiro e hoje correspondente a segundo-tenente.
Para as operações do cerco o exército romano dispunha de máquinas apropriadas; uma delas
era o aríete, cujo nome se deriva de aries (carneiro), pois consistia num grosso e pesado
tronco que terminava numa peça de ferro com a forma de cabeça de carneiro. O aríete
destinava-se a abrir brechas nas muralhas inimigas.
A disciplina do exército romano era muito severa: por faltas insignificantes o soldado era
condenado à morte. Também havia punições coletivas; a mais importante consistia em
dizimar a legião, quando esta cometia faltas graves, como traição e fuga: em cada dez
soldados um era sorteado para sofrer a pena de morte.
Havia também recompensas, como a coroa cívica, uma coroa de ramos de carvalho, oferecida
ao soldado que salvava da morte um companheiro. A mais importante, porém, de todas as
recompensas era o triunfo, que o senado concedia ao general vencedor: coroado de louros,
entrava ele em Roma, seguido de seus soldados, que entoavam hinos guerreiros, e dos chefes
inimigos acorrentados. Para fugir a essa humilhação, os vencidos preferiam muitas vezes o
suicídio, como a rainha egípcia Cleópatra, quando suas forças foram derrotadas por Otávio.
Durante o triunfo, a multidão aclamava o vencedor, que se dirigia para o templo de Júpiter
Capitólio onde, junto à estátua do deus, depositava a coroa de louros.
Outra recompensa que o senado dispensava ao vencedor era a ovação: consistia no sacrifício
de uma ovelha no templo de Júpiter Capitólio.
Instituições romanas
A família romana
A família foi uma das mais importantes instituições em Roma. Na verdade o lar dos romanos
era bem diferente da casa do grego; para este, a casa era somente o lugar para comer, dormir e
guardar seus objetos. Para o romano, a veneração pelos antepassados, pelas tradições fazia
com que o lar fosse um lugar sagrado, ao qual dedicavam seu respeito e seus cuidados. Nesse
ponto, os romanos foram os verdadeiros criadores do que se chama um lar.
Numa família romana o pater famílias era o chefe da casa, o pai de família. Não tinha
ascendente vivo (pai ou avô), e estavam sob seu poder a mulher, os filhos, os netos, libertos,
escravos e bens.
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A mulher era mater famílias e tinha a posição de filha. Se casada cum manu passava da
dependência do chefe de sua família para a dependência do marido e do pai deste. O marido
adquiria, pois, total poder sobre a mulher. Seus bens eram absorvidos pelos bens do marido.
Se casada sine manu, a mulher, mesmo casada permanecia na dependência de seu pater
famílias e continuava a dispor de seus bens, usufruía a mesma situação social do marido. Mais
tarde o casamento sine manu predominou sobre a outra modalidade.
A cerimônia do casamento foi assim descrita por um escritor: (1) “A moça é conduzida à casa
do esposo. Como na Grécia, vai velada, leva uma coroa e um archote nupcial precede o
cortejo. Canta-se à sua volta um antigo hino religioso... O cortejo pára em frente da casa do
marido. Aí apresentam à moça o fogo e a água. O fogo é o emblema da divindade doméstica;
a água é a água lustral que serve à família em todos os atos religiosos. Para que a donzela
entre em casa é preciso, como na Grécia, simular o rapto. O esposo deve tomá-la nos braços e
com ela ao colo atravessar a soleira sem que seus pés a toquem.”
1 - Coulanges, Fustel. A Cidade Antiga, vol. I, p.66.
Entre os romanos havia a dissolução do matrimônio: quando o marido morria; quando ele era
aprisionado; pelo divórcio.
No matrimônio cum manu só o marido podia dissolver o casamento. Ele possuía o poder de
repudiar a mulher por motivos graves, nos tempos mais antigos e por motivos leves, mais
tarde, com a decadência de costumes que atingiu a sociedade romana.
No casamento sine manu, os cônjuges, por consentimento mútuo podiam divorciar-se; a
mulher podia repudiar o marido e este também podia repudiá-la. Na época imperial houve tal
epidemia de divórcios que a natalidade decresceu. Augusto, preocupado em este fato,
querendo dar à mulher nova oportunidade para casar, permitiu que a mesma, com certas
restrições, reivindicasse seu dote, pois este era um atrativo para os pretendentes. A
conseqüência dessa lei foi prorrogar uniões por motivos de ordem material e às vezes
transformar a mulher bem dotada em senhora absoluta do marido.
No lar romano a matrona desempenhava um papel muito importante. Era a fiel auxiliar do
marido, sua colaboradora, participando da alegria das festas, da autoridade do lar e das
honrarias da vida pública.
Tão grande era o prestígio da matrona na família romana que Catão, escritor romano muito
moralista (234 a.C. e 149 a.C.) comentava com azedume: “Todas as nações dominam suas
mulheres; nós dominamos todas as nações, mas somos dominados por nossas mulheres.”
A História da posição da mulher romana na família e na sociedade assinala uma crescente
conquista de autonomia e liberdade. O casamento significava, em geral, para a mulher um
alargamento no horizonte de suas atividades, pois com o mesmo adquiria relativa liberdade de
vida e de movimento. Nisso era mais afortunada que as mulheres gregas as quais pelo
casamento passavam de enclausuradas na casa do pai para enclausuradas na casa do marido;
patroas das escravas, mas elas também escravas.
As matronas romanas, ao contrário, gozavam da confiança de seus maridos; saíam, trocavam
visitas, iam pelos armazéns para fazer compras. Acompanhavam os maridos aos banquetes e
voltavam tarde para a casa.
As transformações sociais motivadas pelas conquistas ampliaram muito o campo de liberdade
de ação das mulheres. Nos últimos tempos da República assinala-se o início do feminino
triunfante. Com a abolição de velhas leis as mulheres tornaram-se livres e como sempre
acontece, o prisioneiro libertado, a primeira coisa que faz é abusar da liberdade. Foi o que
aconteceu à sociedade romana desta época e todos os desregramentos havidos de parte das
mulheres podem ser explicados pelo encanto e enlevo que a liberdade lhes trouxe. As
mulheres, sob o manto do divórcio, passavam de um marido para o outro; outras, com
atrevimento, ostentavam o escândalo. Juvenal (fins do século I a.C. a começo do século II
a.C.) nos fala de uma esposa que no espaço de cinco outonos teve oito maridos. Para
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abandonar os maridos as mulheres arranjavam qualquer pretexto: velhice, doença, partida para
a guerra.
Mas, apesar de tudo, ainda temos belos exemplos de mulheres romanas que despertam nossa
veneração como a admirável mãe dos Gracchos, Cornélia, Paulina, esposa de Sêneca, grande
trágico romano vítima de Nero (4 a.C. a 65 d.C.), Arria, esposa do senador Petus e outras.
Um famoso epitáfio diz: “Foi casta, cuidou da casa, fez lã.”
A educação em Roma
daquela. Após a parte teórica, os alunos passavam para a parte prática: composição e
declamação de discursos. Os pais dos alunos iam ouvir essas aulas de retórica, entusiasmados
com os arroubos oratórios dos filhos.
Como a influência da cultura grega sempre esteve presente em toda a sociedade romana,
primeiro em contacto com os gregos da Magna Grécia e em seguida pela conquista da Grécia,
podemos afirmar que a civilização grega penetrou, com todos seus aspectos, na sociedade
romana impregnando-a desde as altas rodas aristocráticas até as camadas servis.
Com isso, a mocidade romana passou a freqüentar os centros de civilização grega como
aperfeiçoamento de sua formação intelectual. Para isso era necessário o conhecimento da
língua grega, de modo que em Roma falava-se constantemente o grego entre as pessoas
cultas, incluindo as moças, que admiravam os poetas gregos.
Depois de ser levantada do chão pelo pai, isto é, ser aceita, a criança recebia seu prenome e
penduravam-lhe no pescoço uma bulla, um saquinho com amuletos para protege-los das
desgraças possíveis.
Em geral o romano tinha três nomes: o prenome, o nome de família e o sobrenome. Por
exemplo o grande escritor e orador Cícero chamava-se Marcus Tullius Cicero; Marcos era o
prenome; Tullius era o nome de família, porque pertencia à família Tullia; Cicero era o
sobrenome e significava “O homem do grão de bico”, talvez porque um dos seus antepassados
tivesse na ponta do nariz uma excrescência em forma de grão de bico.
As mulheres usavam um único nome, o de sua gens (família) no feminino: Tullia, filha de
Cicero, cujo nome de família era Tullius.
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Giordani, Mário Curtis. História de Roma. Petrópolis, R.J. Editora Vozes Ltda, 1976
5. A LÍNGUA
A língua latina
O latim foi primeiramente o idioma falado numa pequena zona da Itália Central, à margem
esquerda do rio Tibre, não longe do Mar Tirreno. A cidade principal dessa minúscula região,
chamada Lácio, foi e é Roma, fundada, segundo consta, por Rômulo no dia 21 de abril de 754
a.C.
Essa língua do Lácio, seguindo as conquistas dos exércitos de Roma, implantou-se na Itália
Central, depois em toda a Itália, na Espanha, em Portugal, no Norte da África, nas Gálias
(França, Suíça, Bélgica, regiões alemãs ao longo do Reno), na Récia e no Nórico (Áustria), na
Dácia (România) e, menos profundamente, na Grã-Bretanha, na Frísia (Holanda), na
Dalmácia e na Ilíria (Iugoslávia), e na Panônia (Hungria).
O mais vetusto (antigo) documento da Língua Latina é uma inscrição do 6.º século a.C., mas
os mais antigos textos literários que chegaram até nós, pertencem ao 3.º século antes de nossa
era. Nesses escritos a língua já é bem desenvolvida, mas apresenta ainda alguma incerteza na
ortografia e no emprego das formas.
Foi no 1.º século da era cristã e no século precedente que a Língua Latina teve seu máximo
esplendor. Pertencem a este período, chamado “idade de ouro”, os maiores escritores latinos
(os clássicos): Marco Túlio Cicero (106-43 a.C.), político, filósofo, um dos maiores oradores
de todos os tempos; Caio Júlio César (100.44 a.C.), escritor primoroso, um dos grandes
generais da história; Caio Crispo Salústio (87-35 a.C.), historiador; Públio Virgilio Marão (70-
19 a.C.), um dos mais excelsos poetas da humanidade; Quinto Horacio Flaco (65-8 a.C.) e
Públio Ovídio Nasão (43 a.C. - 17 d.C.), grandíssimos poetas líricos; Tito Lívio (59 a.C. - 17
d.C.), o maior dos historiadores romanos.
Com a queda do Império Romano (476 d.C.) acaba a História Romana e um século depois,
mais ou menos, termina também a História da Literatura Latina, mas o latim continua ainda
por quase mil anos, sendo em toda a Idade Média a língua da Civilização Ocidental,
inspirando assim todas as obras primas das literaturas modernas da Europa (e da América).
Em nossos dias o latim não é mais falado em parte alguma, mas é a língua oficial da Igreja e é
estudado em quase todas as nações do mundo, por ser, com razão, considerado elemento
precípuo (principal) e fator eficiente de cultura, instrumento indispensável para o
conhecimento profundo das línguas neolatinas (português, italiano, espanhol, francês,
rumeno, etc.) e meio incomparável para educação da inteligência, disciplina do raciocínio e
formação do caráter.
QUESTIONÁRIO: Roma é a cidade principal de qual região? Roma foi fundada no
mesmo dia que Brasília. Quantos anos antes? Que devemos entender por “idade de ouro da
Língua Latina”? Quem nasceu antes: Cicero ou César? Nomeie um clássico latino que tenha
morrido depois de Cristo. César foi somente escritor? Por que o Latim é estudado em quase
todas as nações?
1. A língua portuguesa provém do latim, que se entronca, por sua vez, na grande família
das línguas indo-européias, representada hoje em todos os continentes.
2. De início, simples falar de um povo de cultura rústica, que vivia no centro da
Península Itálica (o Lácio), a língua latina veio, com o tempo, a desempenhar um
extraordinário papel na história da civilização ocidental, “menos por suas virtudes intrínsecas
do que pelo êxito político do povo que dela se servia”.
Foram as vitórias de seus soldados e o espírito de organização de seus homens de
governo que estenderam e, em parte, consolidaram o enorme império, que, no auge de sua
expansão, ia da Lusitânia à Mesopotâmia, e do Norte da África à Grã-Bretanha.
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Língua e Cultura Latina
1. Desde o século III a.C., pios, sob a benéfica influência grega, o latim escrito com
intenções artísticas foi sendo progressivamente apurado até atingir, no século I a.C., a alta
perfeição da prosa de Cicero e César, ou da poesia de Vergílio e Horácio. Em conseqüência,
acentuou-se com o tempo a separação entre essa língua literária, praticada por uma pequena
elite, e o latim corrente, a língua usada no colóquio diário pelos mais variados grupos sociais
da Itália e das províncias.
2. Tal diferença era já sentida pelos romanos, que opunham ao conservador latim literário
ou clássico (sermo litterarius) o inovador latim vulgar (sermo vulgaris), compreendidas nesta
denominação as inúmeras variedades da língua falada, que vão do colóquio polido às
linguagens profissionais, e até às gírias (sermo quotidianus, urbanus, plebeius, rusticus,
ruralis, pedestris, castrensis, etc.).
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Língua e Cultura Latina
Foi esse matizado latim vulgar que os soldados, colonos e funcionários romanos
levaram para as regiões conquistadas e, sob o influxo de múltiplos fatores, diversificou-se
com o tempo nas chamadas línguas românicas.
As Línguas românicas
1. Se dos gregos os romanos foram discípulos atentos, dos outros povos vencidos
souberam eles ser os mestres imitados. Não só na Itália, mas também na Gália, na Hispânia,
na Récia e na Dácia, as tribos mais diversas cedo assimilaram os seus costumes e instituições,
adotaram como própria a língua latina, romanizaram-se.
2. É fácil concluir que, falado em tamanha área geográfica, por povos de raças tão
diversas, o latim vulgar não poderia conservar a sua relativa unidade, já precária como a de
toda língua que serve de meio de comunicação a vastas e variadas comunidades de
analfabetos.
Nos centros urbanos mais importantes, o ensino do latim difundia o padrão literário e,
com isso, retardava até certo ponto os efeitos das forças de diferenciação. Mas no campo ou
nas vilas e aldeias a língua, sem nenhum controle normativo, ia voando com suas próprias
asas.
A partir do século III da nossa era, podemos dizer que a unidade lingüística do Império
não mais existia, embora, continuassem os contatos políticos entre as suas diversas partes,
interligados por certa comunidade de civilização; é o que se entende por Romania, em
contraste com Barbaria, as regiões habitadas por outros povos.
3. Alguns fatos históricos vieram contribuir para ativar o processo de dialectalização.
Enumeremos os principais.
Desde 212, o edito de Caracala estendera o direito de cidadania a todos os indivíduos
livres do Império, com o que Roma e a Itália perderam a situação privilegiada que
desfrutavam.
Diocleciano, que governou de 284 a 305, instituiu a obrigatoriedade do latim como
língua da administração. Mas, contraditoriamente, anulou os efeitos dessa medida unificadora
as descentralizar política e administrativamente o Império em doze dioceses, caminho aberto
para o aguçamento de nacionalismos regionais e locais. Não sendo mais capital, Roma
deixou, conseqüentemente, de exercer a função reitora da norma lingüística.
Em 330, Constantino, que se tornara defensor do Cristianismo, transferiu a sede do
Império para Bizâncio, a nova Constantinopla.
Com a morte de Teodósio em 395, o vasto domínio foi dividido entre os seus dois
filhos, cabendo a Honório o Ocidente, e a Arcádio o Oriente. O Império do Oriente teve vida
longa. Conservou-se até 1453. O do Ocidente, porém, depois de sucessivas invasões de hunos,
visigodos, ostrogodos, burguinhões, suevos, alanos e vândalos, sucumbe em 476, quando
Odoacro destrona o imperador fantoche Romulus Augustus, apelidado com o diminutivo
Augustulus, “Augustinho”.
As forças lingüísticas desagregadoras puderam então agir livremente, e de tal forma
que, em fins do século V, os falares regionais já estariam mais próximos dos idiomas
românicos do que do próprio latim. Começa então o período do romance ou romanço
denominação que se dá à língua vulgar nessa fase de transição que termina com o
aparecimento de textos redigidos em cada uma das línguas românicas: francês (séc. IX),
espanhol (séc. X), italiano (séc. X), sardo (séc. XI), provençal (séc. XII), rético (séc. XII),
catalão (séc. XII, ou princípios do séc. XIII), português (séc. XIII), franco-provençal (séc.
XIII), dálmata (séc. XIV) e romeno (séc. XVI).
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A romanização da Península
1. Os romanos chegaram à Península Ibérica no século III a.C., por ocasião da 2.ª Guerra
Púnica, mas só conseguiram dominá-la por completo, ao fim de longas e cruentas lutas, em 19
a.C., quando Augusto venceu a resistência dos altivos povos das Astúrias e da Cantábria.
2. Muito pouco se sabe das antigas populações ibéricas. No início da romanização
habitava a Península uma complexa mistura racial: celtas, iberos, púnico-fenícios, lígures,
gregos e outros grupos mal identificados.
Das línguas desses povos quase nada conservaram os idiomas hispânicos. Com
relativa segurança, atribui-se origem pré-romana apenas a uns quantos sufixos, como: arra
(bocarra), orro- (beatorro), asco- (penhasco) e ego- (borrego) e algumas palavras de
significação concreta: arroio, balsa, barro, Braga (s), carrasco, gordo, lama, lança, lousa,
manteiga, tamuge, tojo, veiga, etc.
3. A romanização da Península não se processou uniformemente. Das três províncias em
que Agripa (27 a.C.) dividiu a Hispânia - a Tarraconense.
INTRODUÇÃO ÀS DECLINAÇÕES
Gêneros
O latim, além do masculino e do feminino, tem também o gênero neutro, isto é, nem
masculino nem feminino.
Terminação
O adjunto restritivo, o objeto indireto, o objeto direto, etc., exprimem-se em português por
meio de artigos e preposições.
Em latim não há artigos, por isso a palavra latina rosa pode, conforme as circunstâncias
traduzir-se por: “a rosa”, “uma rosa” ou, simplesmente, “rosa”; os complementos e os
adjuntos se exprimem, em geral, por meio de modificações na parte final das palavras.
À parte final variável de qualquer nome chamaremos terminação.
Casos e Declinações
“O professor que, pela vez primeira, abre a gramática na declinação de rosa, rosae, não sabe
sobre que canteiros de flores abre a alma do jovem”.
(Charles Péguy, primoroso romancista francês contemporâneo)
7. PRIMEIRA DECLINAÇÃO
Exercícios
a) Declinem-se estes substantivos femininos: casa, casae choupana; luna, lunae lua; rota,
rotae roda; corona, coronae coroa; via, viae rua; lacrima, lacrimae lágrima.
laud-o
lauda-s
lauda-t
lauda-mus
lauda-tis
lauda-nt
N.B. Como, para indicar o número, a pessoa do verbo, usam-se desinências ditas pessoais,
assim, na língua latina, não só os verbos têm suas “desinências”, mas também os nomes
(substantivo, adjetivo, pronome) possuem desinências que servem para indicar o caso (função
sintática) e o número.
VERSÃO:
52. Pup puell sunt pulchr . (As bonecas das meninas são lindas.)
54. Insul Brasili sunt magn . (As ilhas do Brasil são grandes.)
Nominativo
-a / -ae
1. -Europa: Sicilia est insula. Corsica est insula. Sicilia et Corsica sunt insulae.
Italia non est insula, sed paeninsula. Hispania quoque est paeninsula.
Estne Gallia insula? Non est.
2. - Natura est deae: Minerva, es dea. Diana quoque est dea.
Minerva et Diana, deae estis. Diana est Luna. Suntne luna et terra deae
Luna non est stella.
Lupa est fera. Formica et cicada sunt bestiolae.
3. - Personae. Nasica est agricola. Agrippa est nauta. Seneca est poeta.
Staphyla est ancilla. Sumusne poetae? Non sumus - Estisne agricolae?
Acusativo
-am / -as
1. Italiam descripsimus:
Itália est antiqua terra. Agricolas, nautas, poetas habuit. Agricolae terram araverunt et
oleas, vineas, curaverunt.
Nautae terram patriam defenderunt.
2. Poetae, multas pugnas narravistis, magnas victorias cecinistis, Romamque amavistis.
3. Galliam olim coluerunt Celtae. Ubi Italiam invaserunt et Romam ceperunt, Graeciam
petierunt. Athenas non ceperunt. Legistine historiam Romanam historiamque Graecam?
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1. Roma diu floruit. Romae gloria terras complevit. Roma antiqua pulchra fuit, magnasque
copias habuit. Postremo, fortuna adversa fuit, Romaque periit.
2. Fuisti, Roma. Fortunae tuae reliquiae supersunt. Vidimus marmoreas columnas,
basilicarum formas viasque vacuas.
3. Ubi sunt dearum cellae et aureae statuae? Non audivimus incolarum turbam, non vidimus
victimarum pompas neque athletarum pugnas.
4. Sed potentiae tuae ruína tuam memoriam non delevit. Latinas litteras amavisti, Minerva,
Romaeque famam defendisti.
Exercícios Morfológicos
Vocabulário
1. Lusitania, ae, f.: a Lusitânia. - Et.: e. - Hispania, ae, f.: a Espanha. - Sunt: são. - Vicina, ae:
vizinha.
2. Industria, ae, f.: o zelo. - Diligentia, ae, f.: a diligência. – Rara-ae: rara. - In: em. - Ancilla,
ae, f.: a criada.
3. Avara, ae: avara. - Est: é. - Formica, ae, f.: a formiga - At: mas. – PR odiga, ae: pródiga. -
cicada, ae, f.: a cigarra.
4. Provida, ae: previdente. - Mala, ae: má. - Tamen: contudo, ainda que.
5. Bruma, ae, f.: o inverno. - Erit: será. - Longa, ae: comprida, longa. - Parca, ae: poupada.-
igitur: portanto. - Esto: sê. - O: ó.
6. Patria, ae, f: a pátria. - Mea, ae: minha. - Mihi: a mim, para mim. - Cara, ae: querida.
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Língua e Cultura Latina
7. Roma, ae, f.: Roma. - Fortuna, ae, f.: a Fortuna. - Que: e. - Erant: eram. - Dea, ae, f.: deusa
8. Salve: Deus te salve.
9. Parva, ae: pequena. - Bestiola, ae, f.: o animalzinho. - Multa, ae: muita.
10. Laetitia, ae, f.: a alegria. - Incola, ae, m. e f.: o habitante. - Magna, ae: grande.
11. Domina, ae, f.: a senhora. - Laudat: louva. - Sua, ae: sua.
12. Amate: amai. - Vestra, ae: vossa.
13. Poeta, ae, m.: o poeta. - Vituperavit: censurou. - Impudentia, ae, f.: o descaso, atrevimento. -
scurra,ae, m.: o bagunceiro.
14. Procela, ae, f.: a tempestade. - Saepe: muitas vezes. - Causa, ae, f.: a causa. - Ruina, ae, f.:
a ruína. - Agricola, ae, m.: o agricultor.
15. Ornaverunt: ornaram. - Mensa, ae, f.: a mesa. - Placenta, ae, f.: o bolo.
16. Villa, ae, f.: a casa de campo. - Abundat: abunda, é rica. - Gallina, ae, f.: a galinha. – Vacca,
ae, f.: a vaca. - Vitula, ae, f.: a novilha.
Vocabulário
1. Copiae, arum, f.: as tropas. - Romana, ae: romana. - Vastaverunt: devastaram. - Insula, ae,
f.: a ilha. - Sicilia, ae, f.: a Sicilia.
2. Laudamus: louvamos. - Graecia, ae, f.: a Grécia. - Magistra, ae, f.: a mestra. - Litterae,
Arum, f.: as letras, a literatura.
3. Habent: têm. - Galea, ae, f.: o capacete. - Aurara, ae: dourada. - Hasta, ae, f.: a lança. –
Lenta, ae: pesada.
4. Rana, ae, f.: a rã. - Herba, ae, f.: a erva. - Ambulat: anda. - Luscinia, ae, f.: o rouxinol. –
Silva, ae, f.: o bosque. - Cantant: catam. - Tota (gen. arc.: ae): toda. - Natura, ae, f.: a
natureza. - Laeta, ae: alegre.
5. Historia, ae, f.: a história. - Victoria, ae, f.: a vitória. - Iniustitia, ae, f.: a injustiça. - Sparta,
Ae f.: Esparta. - Monstrat: mostra, conta. - Superba, ae: soberba. - Fuit: foi. - Ira, ae, f.: a
ira. - Excitavit: excitante.
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Língua e Cultura Latina
6. Terra, ae, f.: a terra. - Opulenta, ae: abundante. - Copia, ae, f.: a riqueza. - Dat: dd. - Non:
não. - Sine: sem. - Cura, ae, f.: o cuidado, o trabalho. - Socordia, ae, f.: a indolência. –
Ubique: em toda a parte.
7. Infecunda, ae: estéril. - Scythia, ae, f.: a Citia. - Fera, ae, f.: a fera. - Sagitta, ae, f.: a seta. –
Necant: matam. - Delicata, ae: delicada. - Vita, ae, f.: a vida. - Delicia, ae, f.: a delícia. –
Repudiant: rejeitam.
8. Per: durante. - Hora, ae, f.: a hora. - Calida, ae: quente. - Frigida, ae: fria. - Aqua, ae, f.: a
água - Affectamus: desejamos. - Flamma, ae, f.: o fogo. - Amamus: gostamos de.
9. Femina, ae, f.: a mulher. - Hostia, ae, f.: a vítima. - Immolabant: imolaram.
10. Filia, ae, f.: a filha. - Rosa, ae, f.: a rosa. - Pulchra, ae: bela. - Placent: agradam.
11. Saevissima, ae: cradelistima. - Serva, ae: a criada, escrava. - Occisa est: foi morta.
8. SEGUNDA DECLINAÇÃO
2.ª Declinação
Como sabemos, uma vez conhecido o genitivo singular, sabe-se qual é o radical da palavra; para
declinar os demais casos, é suficiente acrescentar as desinências ao radical. Declinemos
dominus, domini (masc.; = senhor) e bellum, belli (neutro; = guerra):
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Língua e Cultura Latina
a) Como vimos, há palavras que no plural podem ter, além do primeiro, um segundo
significado:
singular plural
auxilium (n.) = auxílio auxilia = tropas auxiliares
bonum (n.) = bem bona = propriedades, bens
castrum (n.) = castelo castra = acampamento
comitium (n.) = lugar para comício comitia = reunião do povo, comicio
hortus (m.) = jardim horta = parque, jardim público
impedimentum (n.) = impedimento impedimenta= bagagens do exército
ludus (m.) = jogo, divertimento ludi = espetáculo público
rostrum (n.) = bico de pássaro, rostro rostra = tribuna de orador
Questionário
O genitivo singular da 2.ª declinação pode apresentar às vezes dois ii. Isto acontece quando a
palavra já tem um i radical, ou seja, quando no nominativo termina em ius ou em ium. Por
exemplo: fluvius (rio) tem por radical fluvii. É claro que no nominativo e no vocativo plural o
mesmo fenômeno se opera, aparecendo ainda dois ii no dativo e no ablativo do plural. Outros
exemplos: nuntius, nuntii; vicarius, vicarii; impius, impii; filius, filii; auxilium, auxilii;
proclium, proclii etc. (Em tais palavras, os dicionários costumam indicar os dois ii do genitivo:
nuntius, ii).
Para maior segurança vejamos a declinação de um desses nomes, tendo o cuidado de pronunciar
destacadamente os dois ii nos casos citados:
singular plural
Nom. fluvi-us Nom. fluvi-i
Voc. fluvi-e Voc. fluvi-i
Gen. fluvi-i Gen. fluvi-orum
Dat. fluvi-o Dat. fluvi-is
Abl. fluvi-o Abl. fluvi-is
Ac. fluvi-um Ac. fluvi-os
a) Deus, Dei (= Deus), agnus, agni (= cordeiro) e chorus, chori (= coro) têm o vocativo igual
ao nominativo.
b) Filius, filii (= filho) tem o vocativo singular irregular fili.
c) Os nomes próprios em ius, de i (i breve) no nominativo, terminam no vocativo em i:
Demetrius, Demetri. Os nomes próprios em ius, de i (i longo) no nominativo, terminam no
vocativo em ie: Darius, Darie.
d) Além da irregularidade observada no vocativo, a palavra Deus apresenta outras
irregularidades. Vamos declinar este nome:
singular plural
1. pulcher-chri (belo)
2. servus-i (servo)
3. dominus-i (senhor)
4. liber-bri (livro)
5. aper-pri (javali)
6. pomum-i (fruto)
7. perum-i (pêra)
8. morbus-i (doença)
9. magister-tri (professor)
10.liber-i (livre) 1.miser-i (miserável)
12.ventus-i (vento)
13.aurum-i (ouro)
Questionário
1. Uma palavra da 2.ª declinação pode apresentar dois ii no genitivo singular? Quando
acontece isso? Em quais outros casos se dá o aparecimento desses dois ii?
2. Decline nuntius, ii.
3. Qual é o vocativo de Deus? Quais as outras palavras nas mesmas condições de Deus?
4. Decline Deus, Dei.
5. Qual é o vocativo de filius, ii? Decline essa palavra.
6. Por que é filiabus o dativo e o ablativo plural de filia, ae? Quais as outras palavras em
idênticas condições?
vocabulário
afugentar - fugo, are ímpio - impius, ii
aluno - alumnus, i (1) jardim - hortus, i
amigo - amicus, i lobo - lupus, i
cavalo - equus, i patrão - herus, i
circundar - circundo, are recusar - recuso, are
criado - servus, i riacho - rivus, i
Deus - Deus, Dei rio - fluvius, ii m.
disposição - anímus, i sujar - inquíno, are (2)
filho - filius, ii
vocabulário
Exercícios
Fili mi, esto iustus et sanctus. FILHO MEU, SÊ JUSTO E SANTO. 10. Populus Romanus
magnificos ludos amabat. O POVO ROMANO AMAVA OS GRANDIOSOS JOGOS. 11.
Galli pagi strenuos villæ incolas excitant. OS GALOS DA ALDEIA DESPERTAM OS
DEDICADOS HABITANTES DA VILA. 12. Studium linguae latinæ discipulo impigro
gaudium est. O ESTUDO DA LÍNGUA LATINA É A FELICIDADE PARA O ALUNO
DEDICADO. 13. Habemus cerebrum, oculos, supercilia, labra, mentum, collum, dorsum.
TEMOS CÉREBRO, OLHOS, SOBRANCELHAS, LÁBIOS E DORSO. 14. Praecipua
metalla sunt aurum, argentum, ferrum et plumbum. OS PRINCIPAIS METAIS SÃO O
OURO, A PRATA, O FERRO E O CHUMBO. 15. Boni discipuli semper mundos libros
habent. OS BONS ALUNOS SEMPRE TÊM OS LIVROS LIMPOS. 16. Nigri apri soceri
nostri campum vastaverunt. OS NEGROS JAVALIS DEVASTARAM O CAMPO DE
NOSSO SOGRO. 17. In libris pigrorum discipulorum sunt sæpe lacerae paginæ. NOS
LIVROS DOS PREGUIÇOSOS ALUNOS SEMPRE HÁ PÁGINAS RASGADAS. 18. Pulchra
præmia studiosis discipulis dabimus. BELOS PRÊMIOS DAREMOS AOS ALUNOS
ESTUDIOSOS. 19. Temperamus aqua rubrum vinum. MISTURAMOS VINHO TINTO À
ÁGUA. 20. Fraudavistis, o mali ministri, dominum vestrum bonis. TIRASTES, Ó MAUS
MINISTROS OS BENS DE VOSSO SENHOR.
Vocabulário
13. Habemos: temos. - Cerebrum, ri, n.: o cérebro. - Oculus, i, m.: o olho. - Supercilium, i, n.:
a sobrancelha. - Labrum, i, n.: o lábio. - Mentum, i, n.: o queixo. - Collum, i, n.: o
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Língua e Cultura Latina
singular
m. (2.ª) f. (1.ª) n. (2.ª)
Nom. bonus bona bonum
Voc. bone bona bonum
Gen. boni bonae boni
Dat. bono bonae bono
Abl. bono bona bono
Ac. bonum bonam bonum
plural
m. (2.ª) f. (1.ª) n. (2.ª)
Nom. boni bonae bona
Voc. boni bonae bona
Gen. bonorum bonarum bonorum
Dat. bonis bonis bonis
Abl. bonis bonis bonis
Ac. bonos bonas bona
Outros exemplos
Tal qual acontece em português, também em latim, o adjetivo concorda com o substantivo a que
se refere, isto é, o adjetivo deve ir para o gênero, para o número e para o caso do substantivo
com que se relaciona:
Questionário
a) donunus bonus
b) insula longa
c) bellum nefastum
d) agricola operosus
e) periódus longa
Pronomes
Pronomes pessoais:
Um de nós-nostrum (partitivo)
Pronomes possessivos:
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Língua e Cultura Latina
N. meus-mea-meum N. mei-meae-mea
G. mei-meae-mei G. meorum-mearum-meorum
D. meo-meae-meo D. meis
Ac. meum-meam-meum Ac. meos-meas-mea
V. mi-mea-meum V. mei-meae-mea
Ab. meo-mea-meo Ab. meos
N. tuus-tua-tuum
Não tem vocativo
N. noster-nostra-nostrum
Não tem vocativo
N. vester-vestra-vestrum
Não tem vocativo
N. suas-sua-suum
Não tem vocativo
Pronome reflexivo:
N. ----
G. sui
D. sibi
Ac. se
V. ----
Ab. se
Vocabulário
Vocabulário
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Língua e Cultura Latina
(1) Observe bem que bonis, adjetivo como é, está se referindo a um substantivo do mesmo
caso, número e gênero. “Boni sunt”: aqui boni é predicativo; a leitura deve ser (o traço
representa pausa; a linha ‘pontilhada’, pausa menor): Libri | bonis pueris ¦ boni sunt.
(2) A leitura deve ser: Magister meus | amici mei ¦ discipulus fuit.
(3) Espero que preste atenção na concordância do predicativo com o sujeito.
Vimos, que o sujeito de um verbo é aquilo que pratica a ação expressa pelo verbo. Na oração “O
menino quebrou o brinquedo”, menino é sujeito do verbo quebrar, porque é ele quem pratica a
ação de quebrar. Pois bem, quando o sujeito pratica a ação, isto é, quando age, o verbo está na
voz ativa.
Quando, então, um verbo está na voz ativa? - Um verbo está na voz ativa quando o sujeito
pratica a ação do verbo.
Vejamos agora o caso em que o sujeito, em vez de praticar, recebe a ação do verbo. Na oração
“O menino foi castigado pelo professor”, qual é o sujeito? Descobre-se, fazendo-se a pergunta
que já sabemos: “Quem foi castigado pelo professor?” - O menino. O sujeito, portanto, é
menino.
Agora eu pergunto: O menino praticou ou recebeu a ação de castigar? Naturalmente que
recebeu, porque quem praticou a ação de castigar foi o professor.
Estamos dessa forma, vendo um caso em que o sujeito recebe, sofre a ação em vez de praticar.
Pois bem, quando o sujeito recebe, sofre a ação do verbo, o verbo está na voz passiva.
Nota: A palavra (passivo) prende-se à mesma raiz latina de paixão (lat. passio, passionis);
ambas têm relação com sofrer, padecer (paixão de Cristo = sofrimento de Cristo); daí a
significação de verbo “passivo”: verbo cuja ação é sofrida pelo sujeito.
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Língua e Cultura Latina
Como se analisa o complemento “pelo professor” na oração que acabamos de ver - “O menino
foi castigado pelo professor”? Chama-se agente da passiva. Agente da passiva é, portanto, o
complemento que nas orações passivas pratica a ação.
Nota: O agente da passiva costuma aparecer, em português, acompanhado de preposição per ou
por (per + o = pelo; per + a = pela); em alguns casos, em vez de per aparece a preposição de,
principalmente com verbos que exprimem sentimentos: “ser querido das crianças” - “ser
temidos dos néscios” - “ser amado de todos”.
O sujeito da oração passiva vai para o nominativo. O verbo coloca-se em forma especial para
indicar passividade, e o agente da passiva como se traduz? Coloca-se no ablativo.
Quando o agente da passiva é coisa, é ser inanimado, basta ir para o ablativo. Quando é pessoa
ou qualquer ser animado, ou considerado animado pelo autor, além de ir para o ablativo deve ir
antecedido da preposição a ou ab, empregando-se a quando a palavra começa por consoante, e
ab quando começa por vogal ou por h.
Vocativo - caso da pessoa ou coisa a que nos dirigimos diretamente; é o caso da interpelação.
Vale por interjeição e se constrói com independência do resto da oração. Para maior ênfase,
pode ser acompanhado pela interjeição:
Salvo, o Patria! Valo, puella! Valoto, puellae!
a) O adjunto de lugar “ONDE” indica o lugar no qual alguém está ou faz alguma ação:
Estamos na aula; Cicero combateu na Ásia.
Traduz-se com o ablat. precedido pela prep. in: Sumus in shcola; Cicero in Asia pugnavit.
b) O adjunto de lugar “DONDE” indica o lugar do qual alguém (ou algo) se afasta:
Antonio partiu da Gália; A sabedoria afasta dos ânimos a tristeza. Traduz-se com o abl.
precedido por uma destas preposições ab, ex, de: Antonius de Gallia discessit; Sapientia ex
(ab) animo tristitiam fugat.
Obs. 1.ª - Diante de consoante que não seja h, as preposições ab e ex podem mudar-se
Respectivamente em a e c: Ab legione ou a legione (da legião): ex Gallia ou e Gallia (da
Gália).
Obs. 2.ª - Preste-se atenção ao sentido da oração para não confundir o adjunto de lugar com o
adjunto restritivo.
c) O adjunto de lugar “POR ONDE” indica o lugar através do qual se passa. Esse adjunto, em
português, é geralmente precedido pela prep. por ou pela locução através de: Os romanos
passaram por bosques densos e escuros; Os lobos correm através dos campos.
Traduz-se com o acusat. precedido pela prep. per: Romani per densas et obscuras silvas
transiérunt; Lupi per agros currunt.
d) O adjunto de lugar “PARA ONDE” indica o lugar para o qual alguém se dirige: O aluno
entra na aula; César foi para a Espanha; A frota chegou ao porto; O cordeiro foi ao rio.
Esse adjunto, em português, é geralmente precedido por uma destas preposições : em, para, a.
Traduz-se em latim com o acusat. precedido pela preposição in (principalmente quando se
indica entrada num lugar) ou ad (quando não se indica entrada num lugar): Discipulus in
scholam intrat; Caesar in Hispaniam contendit; Classis in portum venit; Ad rivum agnus venit.
1ª observação:
a) Para termos o adjunto de lugar para onde não basta que o verbo indique movimento, mas é
preciso que quem faça a ação, mude de lugar: Os meninos nadam na piscina, pueri natant in
piscina (adjunto de lugar onde, e não para onde).
b) Desde que o adjunto de lugar para onde só pode ser encontrado após as palavras que indicam
movimento, não será difícil distinguí-lo do objeto indireto.
2.ª observação:
Qualquer adjunto se traduz de acordo com as regras acima, ainda que exprima uma
circunstância figurada e não real. Nos exemplos “Vivo nas letras; mandei uma carta para
Pompeu” temos um adjunto de lugar onde e um adjunto de lugar para onde figurados, mas a
tradução é regular: In literis vivo; ad Pompelum epistulam misi.
Vocabulário
1.ª) Mediante os verbos ser e estar e o particípio de certos verbos ativos: ser visto (sou visto, és
visto, é visto, etc.); estar preso (estou preso, estás preso, está preso, etc.).
Notas:
a) Também o verbo ficar presta, ás vezes, para indicar a voz passiva; na oração: “Ele foi preso”
- podemos, sem sacrifício do sentido passivo da oração, substituir o foi por ficou: “Ele ficou
preso”.
b) O português não possui flexões verbais sintéticas para - verbo passivo; em latim o indicativo
presente passivo de amar se expressa por uma única palavra - amor (pronuncie ámor) - ao passo
que o português necessita de duas: sou amado.
2.ª) Mediante o pronome se, que então se diz pronome apassivador.
Na oração “alugam-se casas” - casas não pratica a ação de alugar e, sim, recebe, sofre tal ação, o
que eqüivale a dizer que casas não é o agente, mas, o paciente da ação verbal. O verbo é
passivo, e essa passividade é indicada pelo pronome se. A oração “Alugam-se casas” é idêntica
à oração “Casas são alugadas”; em ambas o sujeito é casas.
Questionário
Exercício
Vocabulário
Questionário
Vocabulário
(1) a poetis: Note que as dez orações são passivas: em todas elas entra um agente da passiva.
(2) servo: Note que não se trata do verbo servo, are, mas sim do subst. servus, i (= criado,
escravo).
(3) laudamur: Tanto em latim como na tradução portuguesa não é preciso que o sujeito venha
expresso porque a própria pessoa do verbo o indica claramente.
(4) lunã: Está lembrado do significado da sigla?
10. SÍNTAXE
Nominativo: - caso do sujeito e do predicativo do verbo em modo finito: Britannia est insula.
- caso de títulos: Columba et Formica (Do Columba et Formica)
Dativo: - caso que mais comumente se usa para marcar a pessoa ou coisa indiretamente
atingida pela ação do verbo, ou o que chamamos de objeto indireto:
Magistra dat veniam puellae.
Me philosophiae do.
-caso que indica a pessoa ou coisa em benefício ou em prejuízo de quem se
faz alguma coisa (Dativo de interesse):
Non sholae, sos vitae discimus.
-caso que serve de complemento nominal de nomes que indicam:
a) utilidade, favor e seus contrários: útil a...; pernicioso a...:
Ancilla dominae suae utilis est.
Pugna perniciosa est patriae.
b) igualdade ou semelhança: semelhante a...; igual a...:
Puella irata bestiae similis est.
c) proximidade ou vizinhança (física ou moral): vizinho de...; próximo de...:
Casa agricola proxima Romae est.
Ira insaniae vicina est.
d) conveniência, destino, benevolência: apto a...; caro a...:
Gloria poetis cara est.
Acusativo: -caso que indica a pessoa ou coisa sobre que cai diretamente a ação do verbo: é o
caso do objeto direto:
Puella amat nautam.
Clementia tua multas vitas conservat.
-caso de alguns adjuntos adverbiais, precedido ou não de preposição:
a) de lugar (inclui normalmente idéia do movimento, direção para onde;
movimento por onde):
Agricola in Italiam oxiit.
Agricola Romam oxiit.
Poeta ad torram adapiciobat.
Puella ambulat per vias Romao.
Vocabulário
O adjunto de causa indica o motivo pelo qual se faz alguma ação: Os meninos descuidam os
deveres por preguiça; rimos por causa de vossa avareza.
Esse adjunto responde às perguntas: por quê? Por causa de quê? Traduz-se com o ablativo
simples ou com o acusativo precedido pelas preposições ob ou propter: Púeri officia déserunt
pigritia (ou ob pigritiam ou propter pigritiam); ridémus avaritia vestra (ou ob avaritiam
vestram ou propter avaritiam vestram).
Vocabulário
11. Vocabulário
12. BIBLIOGRAFIA
Apostila utilizada pelo Prof. Ariovaldo Peterleni Verdier, Roger; Marcus et Tullia Manual de
Língua Latina, Presença, Editora da U.S.P.
Ascenção, Álvaro; Pinheiro, José; Selecta Latina, quinta edição; Livraria Apostalado da
Imprensa; Porto 1.965.
Comba, P. Júlio; Programa de Latim; 1.º Volume; Editorial Dom Bosco.
Cunha, Celso Ferreira da; Gramática da Língua Portuguesa; 5.ª edição; Fename; R. Janeiro;
1.979.
Almeida, Napoleão Mendes de; Gramática Latina: curso único e completo; 22. Ed.; Saraiva;
São Paulo; 1989.
Nardini, Bruno; Mitologia: O primeiro encontro; Círculo do Livro S.A.; São Paulo.