Zonas de Conforto e o Ciclo Da Mudança PDF
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mudança
Uma importante contribuição ao entendimento do processo de mudança foi dada por James Pro-
chaska, diretor do Cancer Prevention Research Center, professor de psicologia clínica da Universidade
de Rhode Island e um dos cinco autores mais citados dessa área, segundo a American Psychology
Society. Em meados da década de 1970, Prochaska e sua equipe começaram a investigar como as
pessoas tentam deixar o hábito de fumar. A investigação indicou um padrão que, conforme se cons-
tatou mais tarde, não se aplicava apenas à mudança de um hábito específico, como o tabagismo,
mas a qualquer mudança comportamental. Essa foi a origem do modelo desenvolvido por Prochaska
para descrever como as pessoas mudam e as diferentes fases que compõem esse processo. Ou, nas
palavras de Prochaska, para descrever “as atividades encobertas ou explícitas em que as pessoas se
engajam a fim de alterar afetos, pensamentos, comportamentos ou relacionamentos ligados a deter-
minados problemas ou a padrões de vida” (Prochaska, 1992). O modelo, chamado de Transteorético
porque foi constituído a partir da análise de diferentes teorias da psicoterapia, passou a ser usado
como elemento auxiliar do processo de mudança intencional de comportamento focado na tomada
de decisão do indivíduo onde quer que ela seja necessária – da área médica (na eliminação de hábitos
nocivos à saúde) ao mundo corporativo (na revisão de atitudes improdutivas). Trata-se, portanto, de
uma ferramenta de grande utilidade para o Líder Coach, pois permite:
• Entender a mudança como um processo que envolve vários estágios. Essa compreensão ajuda
o líder a promover transformações mais consistentes e duradouras.
• Identificar em que fase da mudança o indivíduo está e saber como estimulá-lo a passar para a
fase seguinte.
• Criar um clima propício para a mudança, reduzindo a resistência e obtendo mais adesão.
• Potencializar os esforços e as estratégias de mudança.
• Estimular a adoção de comportamentos que favoreçam o trabalho em equipe.
• Aumentar a adaptabilidade de equipes e de pessoal às mudanças organizacionais.
• Realizar suas próprias mudanças pessoais e profissionais.
O Modelo Transteorético, que foi revisto ao longo do tempo, é atualmente conceitualizado em termos
de um conjunto contendo várias dimensões, organizadas ao redor de um núcleo. Este núcleo é com-
posto pelos Estágios da Mudança – categorias que cobrem diferentes graus de prontidão motivacio-
nal para mudar um problema de comportamento. A evolução de um estágio para o outro é afetada
por uma série de variáveis conhecidas como Processos da Mudança. O modelo também incorpora
variáveis que influem na medição dos resultados, como o Equilíbrio de Decisão, a Autoeficácia e as
Tentações Situacionais.
I – Estágios da Mudança
1. Pré-contemplação – etapa na qual a pessoa não pretende mudar em um futuro próximo, ge-
ralmente estimado em seis meses. É uma fase de negação. A autoconsciência é baixa e o
indivíduo não avalia corretamente as consequências de seu comportamento, o que gera uma
percepção distorcida da realidade – ele pode, por exemplo, acreditar que está tudo bem, ig-
norando os sinais que indicam o contrário. As pessoas podem estar nessa etapa por falta de
informação (exemplo: funcionário que não recebe feedback), ou porque no passado tentaram
mudar e falharam, o que as fez colocar em dúvida sua capacidade de promover mudanças.
É a fase na qual “a ignorância é uma bênção”. A resistência em reconhecer ou modificar um
problema é a marca da pré-contemplação.
2. Contemplação – aqui, o indivíduo pretende mudar nos próximos seis meses. Ele já reconhece
que tem um problema e percebe os benefícios que a mudança lhe trará, mas também está
dolorosamente consciente dos custos. A pesagem dos custos e dos benefícios de mudar pode
produzir uma ambivalência que estimula a indecisão, a procrastinação e, consequentemente,
a permanência prolongada nesse estágio. Conforme a definição de Prochaska (1988), a con-
templação consiste em saber para onde você quer ir, mas sem ainda estar preparado para ir.
3. Preparação – nesta fase a pessoa pretende começar a agir num futuro imediato, geralmente
estimado em um mês, e já tem um plano do que fazer para mudar (por exemplo, entrar numa
academia para recuperar a boa forma física, fazer um treinamento para aprender a se relacionar
melhor no trabalho).
4. Ação – estágio no qual a pessoa já começou a agir concretamente nos últimos seis meses para
modificar comportamentos, atitudes ou padrões relacionais. Do ponto de vista prático deve
ocorrer uma mudança bem-sucedida, com a realização de um objetivo previamente estabele-
cido e a evidência de que um esforço real está sendo empreendido. Por exemplo: a pessoa se
recusa a acender um cigarro, apesar da vontade de fazê-lo, ou controla a tendência de irritar-se
com um colega de trabalho e dar início a uma discussão. Nesta fase, a ação deve ser decisiva,
e não paliativa.
5. Manutenção – nesta etapa a pessoa persiste nas novas atitudes ao longo do tempo, esforçan-
do-se para evitar recaídas e para consolidar suas conquistas. A mudança é perceptível, mas
um alto grau de esforço ativo e autodisciplina é necessário para mantê-la.
6. Recaída - não se trata de um estágio, mas de um movimento de retorno a fases anteriores. A
recaída não é necessariamente um fracasso, porque sempre existe a possibilidade de que a
pessoa a supere e retorne para onde estava.
7. Término – ocorre quando os padrões de conduta resultantes da mudança encontram-se sufi-
cientemente estáveis, sem a ocorrência de recaídas ou retrocessos.
II – Processos da Mudança
Depois que Prochaska e sua equipe identificaram os estágios de mudança e suas características, o
desafio seguinte foi entender de que forma ocorre a transição de uma etapa para outra. Ao estudar
esse complexo movimento, eles identificaram dez processos principais que contribuem para acelerar
a evolução através dos estágios. São eles:
IV – Autoeficácia
A confiança que alguém possui em sua habilidade de executar determinadas ações para atingir deter-
minados resultados recebe o nome de autoeficácia. No Modelo de Prochaska, a autoeficácia refere-se
à confiança que uma pessoa possui em sua capacidade de mudar. O nível de autoeficácia é inversa-
mente proporcional às crenças limitantes que o indivíduo possui. Quanto mais fortes forem as crenças
limitantes (“eu não posso”, “eu não consigo” etc.), mais baixa será a autoeficácia. Portanto, para au-
mentá-la é necessário trabalhar essas crenças e substituí-las por outras mais positivas.
V - Tentação
Refere-se à compulsão de retornar a um hábito específico numa situação de pressão ou stress. Não se
trata aqui de emitir julgamentos morais sobre a tentação. A postura mais positiva proposta pelo Modelo
de Prochaska (1994) sugere a identificação da situação-gatilho que ocasionou a recaída e a busca por
formas mais saudáveis de responder a ela.
Estágio da
Características Técnicas
mudança
A pessoa não tem a intenção Entender que ela ainda não está pronta para
de mudar nos próximos 6 mudar.
Pré- meses. Encorajá-la a reavaliar seu comportamento
contemplação Não tem consciência de que atual e a se responsabilizar por ele.
precisa mudar. Explicar e personalizar os riscos do atual
“A ignorância é uma bênção.” comportamento e os benefícios da mudança.
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