Ceará - Estado Brasileiro.

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16/06/2019 Ceará – Wikipédia, a enciclopédia livre

Ceará
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O  Ceará  é  uma  das  27  unidades
Estado do Ceará
federativas do Brasil. Está situado no norte
da  Região  Nordeste  e  tem  por  limites  o
Oceano  Atlântico  a  norte  e  nordeste,  Rio
Grande  do  Norte  e  Paraíba  a  leste,
Pernambuco ao sul e Piauí a oeste. Sua área
total é de 148 920,472 km², [8] ou 9,37% da
área  do  Nordeste  e  1,74%  da  superfície  do
Brasil.  A  população  do  estado  é  de Bandeira Brasão
9  075  649  habitantes,  conforme
Lema: Terra da Luz
estimativas  do  Instituto  Brasileiro  de
Geografia  e  Estatística  (IBGE),  em  2018, Hino: Hino do Ceará
sendo  o  oitavo  estado  mais  populoso  do
Gentílico: cearense
país. [9]

A  capital  e  município  mais  populoso  é


Fortaleza, sede da Região Metropolitana de
Fortaleza  (RMF).  Outras  cidades
importantes fora da RMF são: Juazeiro do
Norte e Crato, na Região Metropolitana do
Cariri;  Sobral,  sede  da  Região
Metropolitana  de  Sobral;  Itapipoca,  na
região  norte;  Iguatu,  na  região  centro­sul;
Aracati, na região  do  Vale  do  Jaguaribe;  e
Quixadá  e  Quixeramobim  na  região  dos
Sertões  Cearenses. [10]  Na  RMF,  cidades
importantes  como  Caucaia,  Eusébio,
Horizonte,  Maranguape,  Maracanaú,
Aquiraz e São  Gonçalo  do  Amarante,  sede
do  Complexo  Industrial  e  Portuário  do
Pecém,  incrementam  o  Produto  Interno
Localização
Bruto  cearense.  O  estado  possui  ao  todo
 ­ Região Nordeste
184 municípios. [9]
Piauí, Rio Grande do
É  atualmente  o  décimo  primeiro  estado  ­ Estados limítrofes Norte, Paraíba e
mais rico  do  país  e  o  terceiro  mais  rico  do Pernambuco
Nordeste.  A  capital,  Fortaleza,  é  o
 ­ Regiões geográficas
6
intermediárias
município com o maior PIB do Nordeste, e
 ­ Regiões geográficas
o  nono  maior  do  país. [11]  O  Ceará 18
imediatas
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apresentava, em 2010, a melhor qualidade  ­ Municípios 184


de  vida  do  Norte­Nordeste,  segundo  a
Capital  Fortaleza
FIRJAN, [12]  além  do  segundo  melhor
Índice  de  Desenvolvimento  Humano  da Governo
região. [13] O Ceará abriga um dos maiores  ­ Governador(a) Camilo Santana (PT)
parques aquáticos da América Latina, [14] o  ­ Vice­governador(a) Izolda Cela (PDT)
Beach Park, na praia do Porto das Dunas,  ­ Deputados federais 22
que recebe cerca de 1,3 milhão de visitantes  ­ Deputados estaduais 46
por  ano. [14]  O  estado  também  abriga  o Cid Gomes (PDT)
quarto maior estádio de futebol do Brasil, o  ­ Senadores Eduardo Girão (PODE)
Estádio  Governador  Plácido  Castelo Tasso Jereissati (PSDB)
(Castelão),  que  tem  capacidade  para  mais
Área  
de 64 000 pessoas.  ­ Total 148 920 km² (17º) [1]
O  estado  é  conhecido  nacionalmente  pela População 2018
beleza  de  seu  litoral,  pela  religiosidade  ­ Estimativa 9 075 649 hab. (8º)[2]
popular e pela fama de ser grande berço de  ­ Censo 2010 8 452 381 hab.
talentos  do  humor.  A  jangada,  ainda  ­ Densidade 60,94 hab./km² (11º)
comum  ao  longo  da  costa,  é  considerada
Economia 2016[3]
um  dos  maiores  símbolos  do  povo  e  da
 ­ PIB R$ 138,379 bilhões (11º)
cultura  cearenses. [15]  O  Ceará  concentra
 ­ PIB per capita R$ 15.437,75 (23º)
55% de toda caatinga do Brasil e é o único
estado  do  Nordeste­Sudeste  a  estar Indicadores 2010/2015[4][5][6]
completamente  inserido  na  sub­região  do  ­ Esper. de vida (2015) 73,6 anos (14º)
sertão.  Terra  de  escritores  como  José  de  ­ Mort. infantil (2015) 15,1‰ nasc. (17º)
Alencar,  Rachel  de  Queiroz,  Patativa  do  ­ Alfabetização (2010) 82,8% (22º)
Assaré,  Juvenal  Galeno,  de  Dom  Hélder
 ­ IDH (2017) 0,735 (15º) – alto [7]
Câmara, Clóvis Beviláqua,  Castelo  Branco Fuso horário UTC−03:00
e  de  Padre  Cícero,  o  "cearense  do Clima Tropical e semiárido As,
século". [16] O Ceará também revelou Chico Bs'h

Anysio, Renato Aragão  e  Tom  Cavalcante,


Cód. ISO 3166­2 BR­CE
considerados  os  maiores  humoristas  do
país;[17]  atores  e  cineastas  famosos  como Site governamental http://www.ceara.gov.br/
José  Wilker,  Gero  Camilo,  Luiza  Tomé  e (http://www.ceara.gov.b
Karim Aïnouz; além de nomes de destaque r/)
das  ciências  exatas,  como  Casimiro
Montenegro Filho, Fernando de Mendonça,
Maurício  Peixoto,  Cláudio  Lenz  Cesar,
dentre  muitos.  O  Ceará  também  é
conhecido  como  "Terra  da  Luz",  numa
referência  à  grande  quantidade  de  dias
ensolarados,  mas  que,  principalmente,
remonta  ao  fato  de  o  estado  ter  sido  o
primeiro da federação a abolir a escravidão,
em 1884,  quatro  anos  antes  da  Lei Áurea.
Por  esse  fato,  o  jornalista  José  do
Patrocínio  cunhou  o  título  de  "a  terra  da
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luz" ao Ceará. [18]

Índice
Etimologia
História
Ceará pré­colonial
Ceará Colonial
Capitania do Siará Grande
Ceará no Império
Primeira República e Estado Novo
República Nova
Governo militar
Nova República
Geografia
Hidrografia
Litoral
Proteção ao meio ambiente
Clima
Secas

Demografia
Etnias
Política
Subdivisões
Litígio territorial
Economia
Setor primário
Setor secundário
Setor terciário
Turismo
Infraestrutura
Ciência e tecnologia
Educação
Energia
Mídia
Saúde
Segurança pública
Transporte
Cultura
Arte popular
Artes plásticas
Humor
Literatura
Música
Religião
Maçonaria e Rotary
Esporte
Festas e eventos

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Ver também
Referências
Bibliografia
Ligações externas

Etimologia
O documento mais antigo que trás o topônimo cearáé datado de 1612[19]. Antes dessa data área que hoje é o
Ceará  era  conhecido  com  Baia  de  Macoripe,  conforme  vemos  no  mapa  de  Luis  Texeira[Carta  nautica
dell'Atlantico, con parte delle Americhe, dell'Africa e dell'Europa della fine del secolo XVI] (820 x 960 mm).
Ms., membr., ca. 1586. [20]

Autores antigos atribuiem historicamente ao topônimo ceará várias acepções, porém o mais conhecida e aceita
diz significar "o cantar da jandaia". Segundo Manuel Ayres de Casal, ceará é nome composto de cemo — cantar
forte, clamar — e ara — pequena arara — em língua tupi. Tal tese foi posteriormente confirmada e enriquecida
pelo escritor José de Alencar. [21]

Embora  o  pensamento  de  José  de  Alencar  acerca  da  origem  do  nome  seja  o  mais  sólido,  João  Mendes  de
Almeida Júnior o acusava de ser por demais poético em sua definição, "(...) mais consoante com o sentir de
quem tão belamente descreve a sua terra natal como um país de primores, onde canta a jandaia nos galhos da
carnaúba",  e  a  classificava  como  carente  de  confirmação  filológica.  Mendes  de  Almeida  lembrava,  ainda,  de
alternativas a essa interpretação, como a de Senador Pompeu, que faz referência à junção de cemo­ará a partir
de  uma  variante  da  língua  tupi,  cujo  significado  seria  "rio  nascente  da  serra",  indicando  o  rio  que  nasce  na
Serra de Baturité e que deságua junto à Vila Velha, local onde foram lançados os  primeiros  fundamentos  da
capital cearense. [21]

Outra definição alternativa apontada por Mendes de Almeida é a de Antônio Bezerra, que afirma que o nome
surgiu  a  partir  das  características  da  paisagem  cearense,  banhada  pelo  Oceano  Atlântico  e  abundante  de
grandes tabuleiros costeiros e dunas, supostamente semelhante à paisagem dos "campos do continente negro",
referindo­se à grande reginão desértica do Saara. Mendes de Almeida fez, também, uma apanhado de registros
de expedições pelo território e de livros históricos, como os de Vicente do Salvador e Caspar Barlaeus, na busca
de variantes da escrita de ceará, sem, contudo, achar nelas alguma pista para uma definição mais exata que a
do autor de Iracema. João Brígido afirmava, ainda, que o nome do estado derivaria da corruptela de Siri­ará,
também de raiz tupi, em alusão aos caranguejos brancos do litoral. [21]

História
Os  fatos  históricos  sobre  o  território  cearense  começaram  a  ser
registrados  na  História  Moderna  a  partir  do  século  XVI.  Os
primeiros documentos descreviam essa região do Brasil já habitada
por diversas etnias indígenas,  que  viviam  da  extração  de  recursos
naturais,  pesca,  agricultura  e  comércio  com  povos  europeus.  A
formação  histórica  do  atual  Ceará  é  resultado  de  diversos  fatores
sociais,  econômicos  e  de  adaptação  à  natureza,  tais  como  a
interação  entre  os  povos  nativos,  os  europeus  e  os  africanos  e  a
Costa do Ceará em mapa de 1629,
desses povos com o fenômeno da seca.
por Albernaz I.

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A  Capitania  do  Ceará  foi  doada  em  20  de  novembro  de  1535  ao  provedor­mor  da  Fazenda  Real,  Antônio
Cardoso de Barros, subalterno de Fernão Álvares de Andrade e de D. Antônio de Ataíde. Em certo momento da
história a Capitania do Ceará foi anexado a Capitania de Pernambuco. O desenvolvimento independente do
Ceará aconteceu depois de sua desagregação de Pernambuco, em 1799, [22] e sua história foi marcada por lutas
políticas  e  movimentos  armados.  Essa  instabilidade  prolongou­se  pelos  períodos  do  Império  e  da  Primeira
República, normalizando­se depois da reconstitucionalização do Brasil, em 1945.

Ceará pré­colonial
O  Ceará  era  habitado  ancestralmente  por  povos  indígenas  dos  troncos  Tupi  (Tabajara,  Potyguara,  Tapeba,
entre outros) e Jê (Kariri, Inhamum, Jucá, Kanindé, Tremembé, Karatius, entre outros), cujas tribos ainda hoje
denominam  vários  topônimos  no  estado. [23]  Estes  povos  negociavam  produtos  como  tatajuba,  âmbar  e
algodão bravo com os estrangeiros que aportavam nas costas cearenses antes da chegada dos exploradores do
Império Português, em 1603, por meio do litoral. Os portugueses tentaram, a partir de 1603, estabelecer­se nas
terras cearenses, mas, em decorrência da intensa resistência dos nativos e da falta de conhecimento sobre como
sobreviver às secas, não obtiveram sucesso. A partir de 1654, com a saída dos holandeses, que dominaram a
região  em  dois  períodos  históricos,  e  o  enfraquecimento  político  dos  povos  indígenas  locais,  a  colonização
portuguesa começou a obter sucesso nesse território. Os esforços de povoamento objetivavam principalmente a
vitória diante da resistência indígena e a garantia do domínio regional luso contra estrangeiros.

De  acordo  com  algumas  teorias,  o  navegador  espanhol  Vicente  Yáñez  Pinzón  teria  desembarcado  na  costa
cearense — e não no Cabo de Santo Agostinho em Pernambuco como diz a versão tradicional — antes da viagem
de Pedro Álvares Cabral ao Brasil. [24][25] Pinzón chegou a um cabo identificado como Porto Formoso, que se
acredita ser o Mucuripe, e Diego de Lepe, à barra do rio Ceará, em Fortaleza. A chegada de Pinzón ao Ceará é
debatida e defendida entre as possibilidades do controverso descobrimento pré­cabralino do Brasil. [26][27][28]
Essas  descobertas,  contudo,  não  puderam  ser  reivindicadas  pela  Espanha  em  decorrência  do  Tratado  de
Tordesilhas, de 1494. [29]

As terras equivalentes à Capitania do Ceará foram doadas a Antônio Cardoso de Barros na segunda metade do
século XVI, porém, ele não se interessou em colonizá­las. [30] Os franceses, que já negociavam âmbar­gris,  as
tatajubas,  a  pimenta  e  o  algodão  nativo  com  os  povos  indígenas,  foram  os  primeiros  europeus  a  se
estabelecerem  no  Ceará. [31]  Em  1590,  eles  fundaram  a  Feitoria  da  Ibiapaba.  Os  holandeses  também  já
negociavam com os nativos cearenses, a exemplo do capitão Jean Baptista Sijens, que esteve no Mucuripe em
1600. [32][33]

Entre 1597 e 1598, um ramo da etnia potiguara, que habitava a região ao redor da Fortaleza dos Reis Magos,
migrou e se fixou na região entre as margens dos rios Cocó e Ceará e nos sopés ao norte das serras de Pacatuba e
Maranguape. [32]

Ceará Colonial
Graças  ao  contatos  mantidos  entre  os  índios  Potyguara  e  portugueses,  estes  últimos  planejaram  chegar  ao
Ceará e estabelecer um ponto de apoio na jornada para os Maranhão. Desta forma, a primeira tentativa efetiva
de colonização portuguesa ocorreu com Pero Coelho de Sousa  em  1603,  que  fundou  o  Forte  de  São  Tiago  na
Barra do Ceará. Em 1605, porém, sobreveio a primeira seca registrada na história cearense, [34][35] fazendo com
que Pero Coelho e sua família abandonassem o Ceará.

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Depois da partida de Pero Coelho, os padres jesuítas Francisco Pinto e Luís Figueira chegaram ao Ceará com o
intuito de evangelizar os silvícolas. Avançaram até a Chapada da Ibiapaba, onde ficaram até a morte do padre
Francisco Pinto. O padre Luís Figueira retornou a Pernambuco em 1608, sem grandes sucessos. [36]

Em 1612, nova expedição portuguesa foi enviada como parte dos esforços de conquista do Maranhão,  então
dominado  pelos  franceses.  Fez  parte  desta  jornada  Martim  Soares  Moreno,  que  fundou  o  Fortim  de  São
Sebastião, também na Barra do Ceará. Ao retornar, em 1621, encontrou o forte destruído, mas lançou as bases
para  o  início  da  exploração  econômica  pelos  portugueses  e  a
convivência com os nativos. [37][38]

Os  holandeses,  já  estabelecidos  em  Pernambuco  desde  1630,


tentaram invadir o Ceará em 1631, atendendo ao pedido das nações
indígenas cearenses. A primeira tentativa de conquista holandesa,
entretanto,  fracassou.  Em  1637,  o  território  foi  tomado  pelos
holandeses, graças um trabalho conjunto com os índios nativos, no
qual os portugueses foram feitos prisioneiros e levados para Recife.
Os holandeses estabeleceram­se e também chegaram usar o Ceará
com ponto de apoio à conquista holandesa do Maranhão, em 1641.
Nessa época de ocupação holandesa, entre 1637 e 1644, o forte da
Barra do Ceará foi reformado, foi construído outro em Camocim, as
pesquisas  para  a  exploração  das  salinas  foram  feitas  e,  em  1639,
George  Marcgraf  veio  ao  Ceará  para  uma  expedição  que  se  deu
Exemplares de artefatos de povos partindo  do  Fortim  de  São  Sebastião  e  percorreu  o  oeste  cearense
indígenas típicos do Ceará, em até  a  região  dos  Inhamuns. [39]  Os  holandeses  permaneceram  no
gravura da Comissão Científica de
Ceará até 1644, quando Gedeon Morris e sua tropa, que retornavam
Exploração.
das  batalhas  no  Maranhão,  foram  mortos  numa  emboscada
organizada  pelos  próprios  índios.  Com  a  emboscada  de  1644,  o
Fortim de São Sebastião também foi destruído.

De 1644 até 1649, o Ceará foi administrado pelas etnias então existentes. A presença europeia só recomeçou ao
fim desse período, depois de contatos e negociações feitas entres os nativos e Antônio Paraupaba em 1648. [40]

Com a chegada de Matias Beck, em 1649, o Siará Grande entrou num novo período histórico: na embocadura
do riacho  Pajeú,  o  Forte  Schoonenborch  foi  construído,  os  trabalhos  de  busca  das  supostas  minas  de  prata
foram  iniciados  e  os  holandeses  procuraram  mais  uma  vez  se  estabelecer  na  região  em  parceria  com  os
indígenas. [41]

Após  a  capitulação  holandesa  em  Pernambuco,  o  forte  foi  entregue  aos  portugueses,  que  o  rebatizaram  de
Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, restabelecendo­se, assim, o poderio português no território. [42] Neste
período, muitas das nações indígenas que apoiaram os holandeses, que não estavam protegidas pelo Tratado
de Taborda, fugiram para o resto do Ceará, procurando refúgio das retaliações lusas. [43] Desta forma, o Ceará
acabou sendo o centro de batalhas da Guerra dos Bárbaros.

Na continuação da colonização pelos portugueses, [37] a influência dos jesuítas foi determinante, resultando na
criação  de  aldeamentos,  como  os  de  Porangaba,  Paupina,  Viçosa  e  outros,  muitos  deles  fortemente
militarizados,  nos  quais  os  indígenas  eram  concentrados  para  serem  catequizados  e  assimilarem  a  cultura
lusitana.  Tribos  tupis  aliadas  dos  portugueses  também  se  instalaram  em  vilas  militarizadas  na  capitania.
Dessas  reduções,  surgiram  às  primeiras  cidades  da  capitania,  como  Aquiraz  e  Crato.  O  processo  de

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aculturação,  no  entanto,  não  se  deu  sem  grandes  influências  de  crenças  e  costumes  nativos.  A  intensa
resistência levou a episódios sangrentos, destacando­se a Guerra dos Bárbaros, que se deu ao longo de várias
décadas  do  século  XVIII  e  que  resultou  na  fuga  dos  habitantes  da  então  capital,  Aquiraz,  em  1726,  para
Fortaleza, para a qual foi transferido tal título. [44]

Outras  frentes  colonizadoras  surgiram  com  a  instalação  da


pecuária na capitania através dos sertões de dentro e sertões
de  fora,  com  levas  oriundas  respectivamente  da  Bahia  e  de
Pernambuco. [45]  Vilas  como  Icó,  Aracati,  Sobral  e  outras
surgiram  do  encontro  de  rotas  do  gado  tangerino,  que  era
levado  até  as  feiras  e  fregueses.  Mais  tarde,  o  custoso
transporte  do  gado  perdeu  importância  para  a  produção  da
carne de charque, que, no final do século XVIII, disseminou­se
Mapa de Fortaleza, de 1726
também  para  a  Região  Sul  do  Brasil.  Nas  regiões  serranas,
houve  grande  afluxo  de  pessoas  que  se  dedicaram  à
agricultura  policultora,  o  que  veio  a  caracterizar  tais  regiões  pela  maior  diversificação  da  produção  e  pela
estrutura  menos  latifundiária  que  a  do  sertão.  O  vale  do  Cariri  assentou­se  menos  na  pecuária  e  mais  na
cultura da cana­de­açúcar, propiciando a entrada de maiores levas de escravos africanos. O litoral, refúgio de
muitos indígenas e negros livres ou fugitivos, povoou­se de vários vilarejos de pescadores.

As  principais  vilas  da  capitania  da  época  charqueana  eram  Aracati, Crato, Icó e Sobral.  A  que  mais  ganhou
destaque foi Aracati, devido ao comércio de couro e carne de charque. Entre os anos de 1750 a 1800, Aracati
viveu seu apogeu, [46] mas, com uma grande seca na região entre os anos de 1790 e 1793, os rebanhos bovinos
morreram  e  a  produção  de  charque  transferiu­se  para  o  Rio Grande do Sul,  que  então  assumiu  a  posição  de
abastecedor principal das outras regiões.

Capitania do Siará Grande
Em  1799,  o  Ceará  adquiriu  independência  em  relação  a
Pernambuco.  Bernardo  Manuel  de  Vasconcelos  foi,  então,
nomeado  primeiro  governador  do  estado,  responsável  pelo
início  da  urbanização  de  Fortaleza. [22]  No  final  do
século  XVIII,  especialmente  com  a  Guerra  de  Independência
Norte­americana,  o  algodão  foi  tomando  relevante  papel  na
pauta  de  exportações  do  Ceará.  Com  o  declínio  do  charque,
cuja distribuição era centrada em Aracati, Fortaleza se tornou
a  principal  cidade  cearense  por  ser  o  destino  dos  produtos
agrícolas  cultivados  nas  diversas  serras  que  se  elevam  nas Mapa do Ceará no início do século XIX.
vizinhanças do município.

Em 1812, foi nomeado governador do Ceará o português Manuel Inácio de Sampaio e Pina Freire, o qual reuniu
os literatos no palácio do governo e deu incentivo às artes e à urbanização da capital por meio dos projetos de
Silva Paulet. No começo do século XIX, o Ceará conheceu diversos movimentos rebeldes, como a República do
Crato,  em  1813,  e  também  influências  da  Revolução Pernambucana  de  1817,  além  de  movimentos  de  cunho
republicano­liberal liderados pela família cratense dos Alencar. Tais movimentos foram reprimidos com dureza
pelo governador provincial do Ceará, Inácio de Sampaio. [47]

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Ceará no Império
Em 1825, o Ceará tomou parte na Confederação do Equador, com o
liberal Tristão  Gonçalves  aplicando  um  golpe  e  tornando­se  chefe
do governo. [48] A Confederação foi frustrada pela forças imperiais e
Tristão morreu durante os combates contra as forças legalistas do
Império. O ciclo de conflitos terminou com a Insurreição de Pinto
Madeira, ou Insurreição do Crato, em 1832, liderada pelo "coronel"
de  Jardim,  Joaquim  Pinto  Madeira,  que  tinha  como  objetivo  o
retorno  da  monarquia  absolutista  e  representava  interesses
Imagem de um moinho de vento, em
regionais  opostos  aos  da  cidade  do  Crato,  de  inspiração
Aracati, da Comissão Científica de
marcantemente liberal. [49]
Exploração, em 1859.
Em meados de 1860, devido à Guerra de Secessão norte­americana,
houve um surto de crescimento da produção do algodão. Tal florescimento não durou muito tempo, mas deu
grande impulso à modernização da infra­estrutura da Província, como exemplo a criação da Estrada de Ferro
de Baturité, inaugurada em 1873. Em 1877, tem início a chamada Grande Seca de 1877­1879,  um  dos  mais
severos  períodos  de  seca  prolongada  da  história  cearense, [50]  levando  à  morte  milhares  de  pessoas  e
acarretando  emigração  maciça  de  retirantes.  Fortaleza  recebeu  uma  população  de  fugitivos  da  seca  quatro
vezes  maior  que  seu  próprio  contingente  populacional. [51]  Logo  após,  a  produção  da  borracha  explodiu  na
Amazônia, e muitos cearenses vítimas da seca migraram para esta região. [52]

A  gravidade  dessa  estiagem  chamou  a  atenção  do  governo


central  e  mesmo  de  estudiosos,  estimulando  a  produção  de
textos  científicos  e  propostas  de  melhoria  da  situação  da
população cearense vindas de várias partes do Brasil, [54] cuja
maior parte não foi posta em prática ou se relevou ineficaz. Por
outro  lado,  houve  um  aceleramento  nas  obras  do  Açude  do
Cedro, em Quixadá,  a  primeira  represa  pública  do  Brasil, [55]
que  foi  concluído  em  1906. [56]  A  Grande  Seca  e  as  estiagens
seguintes impulsionaram o surgimento da indústria da seca e
geraram uma tradição migratória no estado. [57] Entre 1869 e
1900,  300  mil  cearenses  abandonaram  sua  terra,  85%  deles
indo para a Amazônia. [58]

Anos  antes  da  proclamação  da  República,  notabilizou­se  a


campanha  abolicionista  no  Ceará,  que  logrou  abolir  a
escravidão  no  estado  em  25  de  março  de  1884,  quatro  anos
antes da Lei Áurea, fazendo do estado o primeiro do Brasil a
conseguir  tal  feito.  O  movimento  contou  com  a  participação
de várias sociedades libertárias, inclusive a maçonaria, mas o Jornal abolicionista "Libertador" [53] de 25
maior  destaque  foi  de  Francisco  José  do  Nascimento,  o de março de 1884.
Dragão do Mar, jangadeiro que impulsionou o abolicionismo
ao comandar seus companheiros, em 1881, numa total recusa
a transportar escravos para dentro ou fora da província. [18] A primeira cidade brasileira a abolir a escravatura
foi Acarape, atual Redenção, em 1º de janeiro de 1883. Devido a isso, o Ceará recebeu a alcunha de Terra  da
Luz, de início por José do Patrocínio. A escravidão, que jamais fora dominante no estado, estava praticamente
extinta nos anos de 1880, de forma que não houve resistência à abolição mesmo por parte da elite agrícola.

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Primeira República e Estado Novo
No  início  da  Primeira  República,  apesar  das  estiagens  que  assolaram  o  Ceará,  Fortaleza  continuou  a
desenvolver­se  econômica  e  politicamente,  o  que  não  aconteceu  tanto  no  resto  do  estado.  Ocorreu,  nas
primeiras décadas do século XX, um afluxo de imigrantes, consistindo principalmente de portugueses e sírio­
libaneses. [59] Os descendentes destes, em particular, ganharam grande destaque no comércio, como mascates,
e, futuramente, na política cearense. [60]

Começou a ganhar destaque a atividade dos cangaceiros, que, agindo em grupos organizados e promovendo
saques  em  cidades  e  propriedades  rurais,  desestabilizaram  o  interior  do  Nordeste  por  décadas.  A  forte
religiosidade  popular  e  a  grande  miséria  estimulavam  uma  profusão  de  líderes  messiânicos  e  formas  de
fanatismo religioso. O cearense Antônio Conselheiro, de Quixeramobim, chegou a formar, na Bahia, o arraial
de Canudos, cuja forte atração populacional e ideológica, contrária aos interesses da elite fundiária, deflagrou
a Guerra de Canudos. [61] Isso, porém, não extinguiu a influência dos líderes religiosos.

Entre 1896 e 1912, a hegemonia política foi concentrada nas mãos
do  comendador  Nogueira  Accioly  e  de  sua  família,  que
estabeleceram uma poderosa oligarquia, cuja influência se estendia
pela maior parte dos escalões do poder estadual. Em 1912, Accioly
apontara  como  seu  candidato  Domingos  Carneiro  contra  Franco
Rabelo,  representante  da  política  do  salvacionismo  do  presidente
Hermes  da  Fonseca,  gerando  uma  das  mais  conturbadas
Soldados das forças juazeirenses campanhas  eleitorais  do  estado.  Na  Praça  do  Ferreira,  a  dura
repressão policial a uma passeata de centenas de crianças em favor
de  Rabelo,  que  causou  a  morte  de  algumas  delas  e  feriu  outras,
desencadeou  uma  revolta  de  três  dias  da  população  fortalezense,
forçando  o  governador  Accioly  a  renunciar  seu  mandato,  evento
conhecido  como  Sedição  de  Fortaleza.  Franco  Rabelo  passou  a
governar o Ceará. [62]

No  fim  do  século XIX,  o  carismático  Padre  Cícero  passou  a  atrair


milhares  de  sertanejos  para  um  pequeno  distrito  do  Crato, que se
tornaria Juazeiro do Norte em 1911, persuadidos pela sua fama de
A Rede de Viação Cearense surgiu milagreiro, atribuída à suposta transformação em sangue da hóstia
em 1909 e foi federalizada em 1915 recebida do padre pela beata Maria de Araújo. Mesmo após ter sua
para ajudar no combate à seca.
ordenação  cassada  pelo  Vaticano,  em  virtude  de  controvérsias
sobre o milagre, Padre Cícero tornou­se cada vez mais conhecido e,
apesar de seu caráter messiânico, foi hábil em evitar grandes conflitos com a elite local, tornando­se ele próprio
um poderoso chefe político. Em 1914, irrompeu a Sedição de Juazeiro, opondo o governador interventor Franco
Rabelo  e  o  Padre  Cícero,  que  havia  conquistado  os  postos  de  prefeito  de  Juazeiro  do  Norte  e  vice­
governador. [63] Rabelo iniciou uma perseguição ao líder religioso. Com isso, liderados por Floro  Bartolomeu,
os sertanejos fiéis ao Padim Ciço reuniram­se para lutar contra as tropas estaduais, conseguindo derrotá­las
em sua cidade e fazê­las recuar até Fortaleza, onde, vencendo, destituíram o governador. Estabeleceu­se um
relativo equilíbrio entre as oligarquias cearenses, que durou até a Revolução de 30.

Em  1915  o  Ceará  sofreu  com  uma  gravíssima  seca,  levando  a  novo  êxodo  da  população  para  a  Amazônia,
região  que,  devido  à  intermitente  mas  significativa  emigração,  recebeu  grande  influência  de  cearenses.  A
gravidade  da  seca  inspirou  a  escritora  Rachel de Queiroz  em  sua  famosa  obra  O  Quinze. [64]  O  sertão  sofreu

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mais uma estiagem em 1932, e, dessa vez, o governo estadual não pôde dispor mais da Amazônia como refúgio
para os flagelados.

Diante  disso,  os  campos  de  concentração  no  Ceará,  que  já  foram
usados  na  estiagem  de  1915,  foram  recriados. [65][66]  Conhecidos
como Currais  do  Governo, [67]  tinham  como  objetivo  impedir  que
os  retirantes  que  fugiam  da  seca  e  da  fome  chegassem  às  grandes
cidades.  A  instabilidade  política  e  social  foi  crescendo  no  Estado.
Nos  anos  1930,  surgiu  no  Crato  o  movimento  messiânico  do
Caldeirão  de  Santa  Cruz  do  Deserto,  liderado  pelo  beato  José
Lourenço. [68]  Igualitária  e  agrária,  a  comunidade  do  Caldeirão
perseguia  a  auto­suficiência,  passando  a  ser  vista  pelo  governo  e Sobreviventes do Caldeirão de Santa
pelos fazendeiros poderosos da região como uma má influência. Em Cruz do Deserto, um dos eventos
1937,  o  Caldeirão  foi  invadido  e  alvo  de  bombardeio  aéreo, mais cruéis da história cearense.
resultando no massacre de centenas de pessoas.

Após  a  Revolução  de  1930,  o  Ceará  passou  a  ser  governado  por  interventores  do  Governo  Federal. [69]
Ascenderam duas organizações políticas que dominaram o cenário estadual: a Legião  Cearense  do  Trabalho,
com alegada influência fascista, [70][71] e a Liga Eleitoral Católica, fortemente religiosa, representante da elite
tradicional  e  de  grande  apelo  popular.  Nos  anos  1940,  mais  uma  seca,  em  1943,  assolou  o  Ceará,  e,  com  a
Segunda Guerra Mundial  e  os  Acordos de Washington,  o  governo  de  Getúlio  Vargas  incluiu  o  Ceará  no  seu
projeto  político.  A  instalação  de  uma  base  norte­americana  em  Fortaleza  trouxe  ideais  democráticos  e
antifascistas  que  passaram  a  ser  defendidos  em  várias  manifestações.  Sob  uma  forte  propaganda
governamental  de  migração  e  influência  do  SEMTA,  cerca  de  30  mil  cearenses  tornaram­se  Soldados  da
Borracha, produzindo esse produto na Amazônia para abastecer os exércitos aliados. [72]

República Nova
A República Nova  no  Ceará  teve  início  com  a  nomeação  sucessiva
de seis interventores até as eleições de 1947, seguindo­se a eleição
de Faustino de Albuquerque pela UDN.  Durante  seu  governo,  nas
eleições  presidenciais  de  1950,  o  candidato  udenista  Eduardo
Gomes  obteve  a  maior  votação,  e  Getúlio  Vargas  ficou  na  3ª
colocação  no  estado. [73]  Para  a  direção  do  governo  estadual,  foi
eleito  Raul  Barbosa.  Durante  seu  governo,  houve  a  instalação  do
Banco  do  Nordeste  do  Brasil,  em  1952,  em  Fortaleza.  No  mesmo Vista da atual sede do Banco do
ano, o governo federal inaugurou oficialmente o Porto do Mucuripe, Nordeste, instalado em Fortaleza em
em cujo entorno foram instaladas várias usinas termoelétricas. 1954.

Durante a década de 1950  surgiram  e  se  consolidaram  vários  dos


maiores  grupos  econômicos  do  Ceará,  como  Deib  Otoch,  J.  Macêdo,  M.  Dias  Branco,  Edson  Queiroz  e
Jereissati. Paulo Sarasate foi o terceiro governador eleito no período. Ainda nessa década, tem início uma nova
onda migratória para vários estados e regiões. Entre as décadas de 1950 e 1960, a população cearense passou
de 5,1% para 4,5% do total da população brasileira. [74] Em 1958, foi eleito governador Parsifal Barroso,  que
teve a ajuda do governo federal para combater as mazelas decorrentes da seca daquele ano. Sua principal obra,
o Açude Orós, foi inaugurado em 1961. Em Fortaleza, o Grupo Severiano Ribeiro inaugurou o Cine São Luis.
Em 1962, foi criado o Banco do Estado do Ceará ­ BEC. [75]

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Em 1963, Virgílio Távora foi eleito governador do Ceará, exercendo o mandato até 1966, mesmo com o início
da  ditadura  militar,  em  1964.  Seu  governo  foi  marcado  pela  criação  do  "PLAMEG  I"  ­  Plano  de  Metas  do
Governo  ­  que  buscou  a  modernização  da  estrutura  do  estado  com  a  ampliação  do  porto  do  Mucuripe  e  a
transmissão  da  energia  de  Paulo  Afonso  para  a  capital. [76]  Foram  criados  e  instalados,  também,  o  Distrito
Industrial de Maracanaú,  a  Companhia  de  Desenvolvimento  do  Ceará  ­  CODEC  e  a  Companhia  DOCAS  do
Ceará. Com o AI­2, Virgílio aderiu à ARENA e seu vice, Figueiredo Correia, ao MDB.

Governo militar
Plácido  Castelo  foi  eleito  pela  Assembleia  Legislativa  em  1966.
Durante  seu  governo,  houve  perseguição  política  a  deputados  e
várias manifestações, acarretando a prisão e tortura de estudantes
e  trabalhadores,  assim  como  atentados  a  bomba  em  Fortaleza. [77]
Foi  criado  o  Banco  de  Desenvolvimento  do  Ceará  ­  BANDECE  e
pavimentada  a  rodovia  CE­060,  a  estrada  do  algodão.  Também
tiveram início as obras do estádio Castelão.

Vista do litoral de Fortaleza na Durante o governo de César Cals, de 1971 a 1975, sucedeu­se o auge
década de 1980, com destaque para da  repressão  militar.  Vários  cearenses  de  esquerda  estiveram
o Monumento ao Interceptor envolvidos  na  Guerrilha  do  Araguaia. [78]  Cals  procurou  governar
Oceânico. tecnocraticamente,  formando  sua  própria  facção  política  e
rompendo  com  Virgílio  Távora.  No  mandato  de  seu  sucessor,
Adauto Bezerra, de 1975 a 1978, não aconteceram grandes mudanças. Adauto volta­se politicamente para o
interior  com  a  criação  de  uma  secretaria  de  assuntos  municipais  e  renuncia  seu  mandato  para  se  eleger
deputado federal. O vice­governador, Waldemar Alcântara, toma posse e termina o mandato.

Virgilio  Távora  retorna  ao  governo  em  1979,  sendo  o  último  eleito  indiretamente,  e  resgata  seu  primeiro
governo com a criação do PLAMEG II. Estabelece o Fundo de Desenvolvimento Industrial para complementar
o  sistema  de  incentivos  regionais  à  indústria,  impulsionando  uma  industrialização  muito  concentrada  na
Região Metropolitana de Fortaleza. [79] Criou­se o PROMOVALE, um grande projeto de irrigação, e sua esposa,
Luiza  Távora,  programou  projetos  sociais  como  a  Central  de  Artesanato  do  Ceará.  Seu  governo  foi  marcado
pela  ausência,  quase  que  total,  de  oposição  na  Assembleia,  nomeações  aproximadas  de  16000  pessoas  para
cargos  públicos  e  várias  greves.  Em  1983,  Gonzaga  Mota  foi  eleito  pelo  voto  popular,  rompendo  com  os
coronéis  anteriores  para  criar  seu  próprio  grupo  político.  Seu  rompimento  rendeu­lhe  ataques  do  regime
militar, com a suspensão de verbas federais.

Nova República
A  Nova  República  coincide  no  Ceará  com  a  eleição  de  Maria  Luiza  Fontenele  para  o  cargo  de  prefeita  de
Fortaleza em 1985. Foi a primeira prefeita de uma capital eleita pelo Partido dos Trabalhadores  e  a  primeira
mulher  a  ser  eleita  para  esse  cargo  após  o  regime  militar  do  país.  A  insatisfação  com  a  política  praticada
durante  a  ditadura  militar  e  o  movimento de redemocratização  impulsionaram  as  transformações  no  poder
político, com a decadência da hegemonia tradicional do coronelismo. [80]

Gonzaga  Mota  deixou  o  governo  com  pagamentos  atrasados  ao  funcionalismo  e  descontrole  nas  contas
públicas. [81]  Rompido  com  os  antigos  aliados,  Mota,  junto  com  partidos  de  esquerda  e  o  PMDB,  apoia  a
candidatura  oposicionista  liderada  pelo  jovem  empresário  Tasso  Jereissati,  que  conseguiu  se  eleger  com  a

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promessa  de  modernizar  a  administração  pública  e  as  finanças,  combater  o  clientelismo  dos  governos
anteriores,  moralizar  a  administração  pública  e  desenvolver  a  economia  estadual.  A  nova  gestão  se
autodenominou  como  Governo  das  Mudanças. [82]  Nas  duas  décadas  seguintes,  o  projeto  avançou  com  a
eleição de Ciro Gomes, seguida de um segundo mandato de Tasso Jereissati. Com a instituição da reeleição no
país, Tasso ainda governou o Estado pela terceira vez, tornando­se o primeiro político brasileiro a conseguir tal
feito em mais de 100 anos de história republicana. [80] Nas duas décadas seguintes, Jereissati e seus aliados
passaram  a  deter  a  hegemonia  política  no  Estado,  e  rapidamente  perderam  a  aliança  com  partidos  mais  à
esquerda. [80]  Ciro  Gomes,  então  prefeito  de  Fortaleza,  se  candidatou  e  foi  eleito  em  1990  para  o  cargo  de
governador, apoiado por Tasso.

Os Governos  das  Mudanças  priorizaram  o  aumento  das  receitas,


visando  a  investimentos  públicos  e  privados  em  infra­estrutura  e
nos  setores  industrial  e  de  serviços,  enquanto  o  agropecuário
permaneceu  à  margem.  Politicamente,  houve  uma  relativa
diminuição  de  poder  dos  coronéis,  com  ampliação  do  poder  do
grande  empresariado.  O  saneamento  das  contas  estaduais  ­
atingido, em parte, pelo propósito de diminuir as despesas através
de reformas administrativas e financeiras, bem como de demissões
e  achatamento  salarial  no  funcionalismo  público  ­  garantiu
superávits  entre  1988  e  1994,  mas,  com  a  consolidação  do  Plano
Real, volta­se a uma predominância de déficits. [81]

Tasso  foi  eleito  novamente  em  1994  e  reeleito  em  1998,


concentrando os esforços governamentais em grandes obras, como
o Porto do Pecém,  o  novo  Aeroporto  Internacional  de  Fortaleza,  o
Tasso Jereissati foi governador por Açude Castanhão, o Centro  Cultural  Dragão  do  Mar  e  o  Canal  da
três vezes e liderou o chamado Integração.  O  terceiro  Governo  das  Mudanças,  de  1994  a  1997,
"Governo das Mudanças" no Ceará. caracterizou­se  pela  privatização  de  algumas  empresas  estatais  e
extinção  de  órgãos,  enxugando  a  máquina,  reformando  a
previdência estadual e dando maior racionalidade aos gastos públicos. [81] Lúcio Alcântara, eleito com o apoio
de  Tasso,  continuou,  em  linhas  gerais,  o  modelo  político  anterior,  mas  não  conseguiu  se  reeleger  em  2006,
quando rompeu com o PSDB, posteriormente mudando para o Partido da República. Cid Gomes, do PSB, ex­
prefeito de Sobral e aliado histórico de Tasso, venceu a disputa, com o apoio do Partido  dos  Trabalhadores,
que, em Fortaleza, já havia vencido com Luizianne Lins, eleita em 2004 mesmo sem apoio real do partido, o
qual,  devido  às  alianças  partidárias  nacionais,  apoiou  o  candidato  Inácio Arruda,  do  PCdoB. [83]  Em  2008,
Luizianne Lins foi reeleita.

O Estado se beneficiou também da guerra fiscal, que então se iniciava, o que, somada à mão­de­obra barata,
atraiu várias indústrias, as quais se concentraram em algumas poucas cidades. O crescimento médio do PIB,
de  4,6%,  foi  superior  à  média  nacional  e  nordestina  nos  anos  1990,  continuando  a  tendência  iniciada  na
década  de  1970. [84]  As  ações  do  governo,  aliadas  aos  esforços  do  empresariado  local  e  os  incentivos  de
instituições  de  grande  importância  na  história  econômica  recente  do  Ceará,  como  o  BNB  e  a  Sudene,  foram
determinantes para tal desempenho.

O forró eletrônico se popularizou na década de 1990, e o Ceará começou a despontar, seguindo a tendência do
litoral  nordestino,  como  grande  polo  do  turismo  brasileiro.  Ao  longo  dessa  década,  com  ações  como  o
Programa de Saúde da Família (PSF), o Estado também realizou grandes avanços na redução de índices como

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a  mortalidade  infantil.  A  migração  em  direção  a  Fortaleza  seguiu  forte. [85]  A  segurança  pública  tornou­se
muito mais problemática entre 1990 e 2003, com a taxa de homicídios subindo de 8,86 para 20,15 por 100 mil
habitantes.

Apesar  de  vários  avanços  na  saúde  e  educação  básicas  e  do  crescimento  econômico  estável,  a  chamada  Era
Tasso não alterou a estrutura socioeconômica problemática do Ceará, em especial a concentração de renda, [80]
que piorou entre 1991 e 2000, [86] a má distribuição fundiária e a enorme disparidade regional, sobretudo entre
a capital e o interior. Em 1999, segundo o Banco Mundial, metade dos cearenses viviam abaixo da linha de
pobreza. [81]  No  início  do  século  XXI,  consolidou­se  a  tendência  de  queda  na  tradicional  emigração  de
cearenses, que, no período 2001 a 2006, reverte­se para um saldo positivo de 38,3 mil pessoas, o que se atribui
à melhoria das condições de vida e à maior estabilidade proporcionada por programas sociais, que permitiram
a fixação do povo pobre em sua terra e o retorno de parte dos emigrantes. [87]

Geografia
O  Ceará  é  cercado  por  formações  de  relevo  relativamente  altas,  como
chapadas  e  cuestas.  A  oeste  é  delimitado  pela  Serra  da  Ibiapaba;  a  leste,
parcialmente, pela Chapada do Apodi; ao sul, pela Chapada do Araripe; e,
ao  Norte,  pelo  Oceano  Atlântico.  Vem  dessa  cercania  de  altos  relevos
delimitantes  do  território  o  nome  de  Depressão  Sertaneja  dado  à  área
central. [88]

O estado está no domínio da caatinga, com período chuvoso restrito a cerca
de  quatro  meses  do  ano  e  alta  biodiversidade  adaptada. [89]  O  estado  é,
ainda,  o  único  a  estar  completamente  inserido  na  sub­região  do  sertão.  A
sazonalidade  característica  desse  bioma  se  reflete  em  uma  fauna  e  flora
integradas às condições semiáridas. Consequentemente, há grande número
de  espécies  endêmicas, [90]  sobretudo  nos  brejos  e  serras,  isolados  pela
Bica do Ipu na Serra de caatinga, e refúgios da flora e fauna de matas tropicais úmidas. [91] Na Serra
Ibiapaba de  Baturité,  por  exemplo,  10%  das  espécies  de  aves  são  endêmicas.  O
soldadinho­do­araripe foi descoberto em 1996 na Chapada do Araripe e só é
encontrado nessa região. Dentre as aves, são ainda característicos o uirapuru­laranja e a jandaia. Destacam­se,
na flora cearense, a carnaúba, considerada um dos símbolos do estado e também importante fonte econômica,
e a zephyranthes sylvestris, flor original do habitat cearense.

Enquanto as chapadas e cuestas são de origem sedimentar, as serras e os inselbergs que abundam em meio à
Depressão Sertaneja são de formação cristalina. Dentre os relevos sedimentares, a Chapada do Araripe, com
altitudes que vão de 700 m até mais de 900 m, e a Serra da Ibiapaba, com altitude média de 750 m, possuem
altura  suficiente  para  permitir  a  ocorrência  frequente  de  chuvas  orográficas,  o  que  lhes  confere  maior
pluviosidade,  bem  mais  intensa  do  que  na  Depressão  Sertaneja,  e  variam  de  1000  mm  a  mais  de  2000  mm
anuais. [92]  Por  outro  lado,  a  Chapada do Apodi,  com  altitude  não  maior  que  300  m,  possui  características
semiáridas como predominantes.

Dentre  as  serras  de  origem  cristalina,  as  que  têm  de  600m  a  800m  de  altitude  média,  caso  do  Maciço  de
Baturité, da Serra da Meruoca e da Serra de Uruburetama, também são favorecidas pelas chuvas orográficas,
proporcionando  o  surgimento  de  vegetação  tropical  densa,  chuvas  mais  frequentes  e  maior  umidade,  em
especial na sua vertente de barlavento. Em Catunda, na Serra das Matas, encontra­se o ponto mais elevado do

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estado, o Pico da Serra Branca, com 1 154 metros. [93] Nas serras pouco elevadas, surge vegetação semelhante
às das vertentes de sotavento das serras úmidas, isto é, uma vegetação similar à caatinga, porém muito mais
densa e com distinções na fauna e flora, conhecida como vegetação de mata seca.

Existe ainda o carrasco, vegetação xerófila peculiar, que surge no reverso da Chapada da Ibiapaba e do Araripe,
áreas  mais  secas,  caracterizando­se  por  uma  flora  arbustiva  e
arbórea  predominantemente  lenhosa,  ao  contrário  da  caatinga.  O
carrasco distingue­se ainda da caatinga pela quase inexistência de
cactos  e  bromeliáceas.  Alguns  estudiosos  se  referem  a  essa
vegetação como uma espécie de transição entre o cerrado, a floresta
tropical e a caatinga. [94]

Paisagem repleta de monólitos,
característica do sertão próximo a
Quixadá.

A carnaúba, copernicia prunifera, é a árvore símbolo do Ceará [95] e ocupa grandes extensões no sertão
cearense.

Vista da Chapada do Araripe a partir do seu sopé no Crato.

Serra de Baturité em Guaramiranga

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Hidrografia
O  território  cearense  é  dividido  em  doze  bacias  hidrográficas,
levando em consideração a divisão da grande bacia do rio Jaguaribe
em  Alto,  Médio  e  Baixo  Jaguaribe. [96] Tal  bacia  compreende  mais
de  50%  do  estado  com  seus  633  km  de  extensão. [97]  Os  dois
maiores reservatórios de água do Ceará são barragens que represam
o Jaguaribe, o Açude Orós e Açude Castanhão,  com  as  respectivas
capacidades  de  armazenamento  de  2,1  e  6,7  bilhões  de  metros
cúbicos  de  água.  O  Açude  Castanhão  é,  ainda,  o  maior  açude  do
O Rio Jaguaribe, com 633 km de
país. [98] Os afluentes mais importantes do rio Jaguaribe são os rios extensão, é o principal rio cearense.
Salgado e Banabuiú. [99] Na foto, trecho do rio na cidade de
Fortim.
As  outras  bacias  cearenses  são  a  do  rio  Acaraú,  com  um  dos
maiores reservatórios do estado; do rio Banabuiú; do rio Coreaú; do
rio Curu; bacia do litoral, que drena boa parte da costa norte e oeste, na qual os principais rios são Aracatiaçu,
Aracatimirim, Mundaú e Trairi; da Região Metropolitana, na qual os principais rios são Ceará, Cocó, Pacoti e
Choró; da Serra de Ibiapaba; do rio Parnaíba e a do rio Salgado.

Litoral
O  Ceará  possui  uma  das  maiores  e  mais  importantes  faixas
litorâneas  do  país  do  ponto  de  vista  turístico, [100]  que  se  estende
por  573  km,  nos  quais  predominam  os  mangues  e  restingas,
vegetação litorânea típica, além de áreas sem vegetação recobertas
por  dunas. [101]  Mesmo  com  altitudes  muito  pouco  elevadas,  a
pluviosidade e a umidade são maiores que na Depressão Sertaneja.
As  temperaturas  médias  variam  de  22  °C  a  32  °C.  A  planície
litorânea possui geografia diversificada, o que faz com que o estado
possua  muitas  praias  com  coqueirais,  dunas,  barreiras  (também Praia de Águas Belas, em Cascavel.
chamadas  falésias)  ­  paredões  sedimentares  que  acompanham  a
faixa  da  costa  e,  em  alguns  trechos,  possuem  tons  coloridos  ­  e
áreas alagadas de manguezal, nos quais há grande biodiversidade.

As praias mais famosas do Ceará são a Praia de Jericoacoara, a Praia de Canoa Quebrada e a Praia do Porto das
Dunas,  as  quais  se  destacaram  por  terem  alcançado  fama  internacional.  Regionalmente,  outras  praias  de
destaque são a Praia das Fontes, Morro Branco, Icaraí, Presídio, Baleia, Flecheiras,  Cumbuco,  Ponta  Grossa,
Lagoinha  e  Barra  do  Cauipe.  O  litoral  cearense  é  atravessado  por  duas  rodovias,  chamadas  de  Costa  do  Sol
Nascente  e  a  Costa  do  Sol  Poente,  que,  a  partir  de  Fortaleza,  direcionam­se  para  o  litoral  leste  e  oeste,
respectivamente. [102]

Proteção ao meio ambiente
Existem dois parques nacionais no estado do Ceará. O Parque Nacional de Ubajara, criado em 30 de abril de
1959,  com  6  299  ha,  abriga  em  seu  interior  a  Gruta  de  Ubajara  e  um  bonde  de  acesso  à  gruta,  sua  maior
atração.  O  segundo  é  o  Parque  Nacional  de  Jericoacoara,  criado  em  2002  para  preservar  as  praias,  lagoas,
dunas e mangues da região, cujo principal atrativo é a Pedra Furada. Outras áreas de preservação ambiental
importantes  são  as  florestas  nacionais  do  Araripe  (a  primeira  Floresta  Nacional  do  Brasil,  estabelecida  em
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1946) e a de Sobral. Existe, ainda, a Área de Proteção Ambiental da Chapada do Araripe, com 10.000 km², que
se estende por 38 municípios do Ceará, Pernambuco e Piauí e a Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba,
que abrange 10 municípios no Maranhão, Piauí e Ceará. [103][104] Há, também, o Geoparque Araripe, o primeiro
do gênero no continente a integrar a Rede Internacional de Geoparques da UNESCO,  de  grande  importância
em geodiversidade. [105]

O  Governo  do  Ceará  mantém  13  áreas  de  conservação.  O  Parque


Ecológico do Cocó e o Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca
do Meio  são  os  parques  estaduais  do  Ceará.  O  Parque  do  Cocó,  o
primeiro  a  ser  criado,  em  1989,  em  Fortaleza,  é  um  dos  maiores
parques urbanos da América Latina e abriga o bioma de mangue. Já
Pedra  da  Risca  do  Meio,  criado  em  1997,  está  localizado  a  18
quilômetros  da  orla  do  Mucuripe,  abriga  grande  diversidade  de
Parque Nacional de Ubajara possui peixes e corais e é considerado uma das melhores áreas de proteção
um passeio de teleférico por uma para a prática de mergulho no país. [106] Em todo o Ceará existem
depressão de mais de 500 metros. 58  áreas  de  proteção  ambiental,  das  quais  20  são  estaduais,  11
federais, 13 municipais e 14 particulares. [107]

Os  ecossistemas  do  estado  estão  profundamente  danificados  e


muito  pouco  preservados. [108]  As  regiões  de  floresta  tropical  e
cerrado, nas serras e chapadas de elevada altitude, possuem grande
concentração  demográfica,  intenso  uso  para  fins  agropecuários  e,
comparativamente, pouca preservação e fiscalização ambiental. Os
crimes ambientais são praticados constantemente em áreas como a
APA Araripe ­ sobretudo as queimadas e retirada de lenha ­ e não
Geoparque Araripe, o primeiro nas
podem  ser  reprimidos  devido  ao  parco  efetivo  de  fiscais,  dentre
Américas reconhecido pela
outros  motivos. [109]  Atualmente  a  mata  atlântica  ocupa  apenas
UNESCO.
1,2%  do  território  estadual,  tendo  sido  bem  mais  extensa  no
passado, mas 44% do restante está em áreas de preservação, o que,
porém, não tem garantido sua total conservação. [110]

Em  situação  ainda  mais  grave  está  a  extensa  caatinga  cearense,  que  conta  com  uma  ínfimos  0,45%  de
preservação,  embora  represente,  em  suas  variadas  formas,  92%  do  território  estadual. [111]  80%  da  caatinga
cearense  estão  devastados, [112]  e  muitas  das  áreas  restantes,  apesar  de  aparentemente  conservadas,  não
passam de formas vegetais secundárias menos ricas e alteradas pela substituição de espécies vegetais, o que
acarreta  graves  prejuízos  para  o  solo  e  os  já  escassos  recursos  hídricos.  A  desertificação  avança  no  estado  e
atinge níveis preocupantes, sobretudo em Irauçuba. [113]

Clima
O clima do Ceará é predominantemente semiárido (BSh) e tropical (As), cujas regiões mais áridas se situam na
Depressão Sertaneja, a oeste e sudeste, com pluviosidades que, em trechos da região dos Inhamuns, podem ser
menores que 500 mm, mas também podem se aproximar de 1 000 mm em outras áreas caracterizadas pelo
clima semiárido brando, a exemplo da área semiárida do Cariri e nas cidades relativamente próximas à faixa
litorânea. A temperatura média é alta, com pequena amplitude anual de aproximadamente 5 °C, [114] girando
entre meados de 20 °C no topo das serras a até 28 °C nos sertões mais quentes. [115] No interior, a amplitude
térmica diária pode ser relativamente grande devido à menor umidade. [116]

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Em todo o estado, os dias mais frios ocorrem geralmente em junho e julho e os mais quentes, entre outubro e
fevereiro. [92]  Nas  áreas  serranas,  onde  impera  o  clima  tropical  semiúmido  e,  em  altitudes  mais  elevadas,
úmido, as temperaturas são mais baixas, com média de 20 °C a 25 °C, [92] com mínimas anuais muitas vezes
alcançando entre 12 °C e 16 °C. [115] Surgem aí vegetações de cerradão e floresta tropical, e as pluviosidades são
mais  altas,  superando  os  1  000  mm.  Essas  áreas  contêm  mananciais  que  banham  os  sopés  dessas  regiões,
tornando­os propícios à atividade agrícola. É nas serras e próximo a elas, assim como nas planícies aluviais,
que se concentra a maior parte da população do interior cearense, com densidades superiores a 100 hab./km²,
por exemplo, em boa parte do Cariri cearense. [117]

No  litoral,  devido  à  influência  dos  ventos  alísios,  o  clima  é


tropical  subúmido  com  pluviosidades  normalmente  entre
1  000  mm  e  1  500  mm,  a  partir  do  qual  surge  vegetação  mais
densa,  com  forte  presença  de  carnaubais,  que  caracterizam
trechos de mata dos cocais. O clima também se torna subúmido,
com caatinga mais densa e maior pluviosidade, nas adjacências
das  chapadas  e  serras. [118]  As  temperaturas  são  bastante
elevadas, com médias de 26 °C a 28 ºC, mas a amplitude térmica
é  bastante  pequena. [92]  No  geral,  as  temperaturas  variam,
durante o dia, de mínimas de 23 °C­24 °C até máximas de 30 ºC­
31  °C.  É  raro  as  temperaturas  ultrapassarem  os  35  °C  na  região
litorânea, ao contrário do que ocorre no Sertão cearense.

Secas
O clima do Ceará é marcado pela aridez. As secas são periódicas,
e,  desde  que  a  ocupação  territorial  foi  consolidada,  a  população
tenta resolver o problema da escassez de água. A seca de 1606 foi
Ceará na classificação climática de
a  primeira  a  marcar  a  história  da  ocupação  do  território.  Outra
Köppen­Geiger.
seca  de  grande  impacto  foi  registrada  entre  1777  e  1779,  a
chamada  seca  dos  três  setes,  responsável  pelo  enfraquecimento
da indústria das charqueadas, que teve seu golpe final no período
de grandes secas entre 1790 e 1794. [119]

Durante  as  décadas  seguintes,  até  1877,  o  Ceará  viveu  relativa


tranquilidade,  sem  grandes  estiagens,  até  que  naquele  ano  e  nos
dois  seguintes  uma  grande  seca  prejudicou  fortemente  a
agropecuária  no  estado. [120]  No  início  dessa,  o  senador  Tomás
Pompeu  de  Sousa  Brasil  publicou  o  primeiro  livro  sobre  esse
problema  climático,  intitulado  "O  clima  e  secas  no  Ceará".  Nessa Vítimas cearenses das secas de
época, foi iniciada a construção do Açude do Cedro, em Quixadá, o 1877/1879, a mais grave da história
primeiro  do  país,  como  medida  para  minimizar  a  falta  de  água, do estado.
mas a obra só foi finalizada na Primeira República.

No  começo  do  século  XX,  foi  criada  a  Inspetoria  de  Obras  Contra  as  Secas,  que  mais  tarde  passaria  a  ser  o
Departamento  Nacional  de  Obras  Contra  as  Secas,  com  sede  em  Fortaleza,  para  realizar  estudos,
planejamentos e obras contra as estiagens, em 1909. [121] Com o trabalho do DNOCS, várias barragens foram
construídas em todos os estados do Nordeste. Na década de 1930, foi instituído o polígono das secas, no qual a
quase totalidade do território cearense (92,99%) está inserido. [122]
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Atualmente, existem muitos órgãos do governo cearense voltados para a problemática do clima. A Companhia
de Gestão dos Recursos Hídricos juntamente com a Superintendência de Obras Hidráulicas são os órgãos que
fazem  a  gerência  de  várias  barragens  e  o  planejamento  de  adutoras  e  canais.  A  Fundação  Cearense  de
Meteorologia  é  a  responsável  pelo  monitoramento  climático.  Finalmente,  o  órgão  central  é  a  Secretaria  dos
Recursos Hídricos,  que  faz  toda  a  estruturação  de  metas  e  planos
para combater a seca no Ceará. [123]

Demografia
Crescimento populacional
Censo Pop. %±
1872 721 686
1890 805 687 11,6%
Parede do Açude do Cedro e, ao
1900 849 127 5,4%
fundo, a Pedra da Galinha Choca.
1920 1 319 228 55,4%
1940 2 091 032 58,5%
O  povo  cearense  foi  formado  pela  miscigenação  de  indígenas
1950 2 695 450 28,9%
catequizados  e  aculturados  após  longa  resistência,  colonizadores
1960 3 337 856 23,8%
europeus  e  negros  que  viviam  como  trabalhadores  livres  ou
1970 4 491 590 34,6%
escravos. [125]  O  povoamento  do  território  foi  bastante  influenciado
1980 5 380 432 19,8%
pelo fenômeno natural da seca. 1991 6 362 620 18,3%
2000 7 418 476 16,6%
Segundo estimativas do IBGE em 2014, a população cearense era de
2010 8 452 381 13,9%
aproximadamente  8  842  791  habitantes,  o  que  conferia  ao  estado
Fonte: IBGE[124]
uma  densidade  de  56,76  hab./km². [2]  Há  forte  concentração
populacional na microrregião de Fortaleza, que inclui municípios da
Região Metropolitana de Fortaleza, com 3.255.701 habitantes; na do Cariri, com 519.055 habitantes; e na de
Pacajus,  com  98.390  habitantes.  Somadas,  possuem  7.875,767  km²  (5,3%  do  total)  e  3.873.146  habitantes
(46% do total) o que lhes confere uma densidade populacional de 491,78 hab./km². [2]

As  cidades  mais  povoadas  do  Estado  estão  nessas  regiões:  Fortaleza  (8.001,4  hab./km²),  Maracanaú
(1.908,2), Juazeiro do Norte (1.005,1) e Pacatuba (542,5), respectivamente. [126] Entre 1998 e 2008, persistiu a
concentração  da  população  na  Região  Metropolitana  de  Fortaleza,  que  cresce  a  ritmo  mais  acelerado  que  a
média estadual (1,75% contra 1,25%, respectivamente). [127]

A transição demográfica  tem  ocorrido  rapidamente  no  estado:  a  taxa  de  natalidade,  que  nos  anos  1970  era
bastante alta, caiu para 17,96 ‰  em 2008, e a taxa de mortalidade nesse ano estava em 6,41 ‰ . A taxa de
fecundidade em 2009 foi de 2,15 filhos por mulher, ligeiramente acima da taxa de reposição da população, o
que  representou  um  aumento  em  relação  a  2008,  fazendo  o  Ceará  apresentar  uma  taxa  superior  à  média
nordestina. [6] A taxa de crescimento demográfico caiu de uma média de 2,6% na década de 1950 para 1,73%
durante  os  anos  1990.  Com  a  transição  demográfica  em  curso,  a  proporção  de  idosos  no  conjunto  da
população aumentou de 2,4% em 1950 para 6,72% em 2004, e já em 2009 10,5% dos cearenses possuíam 60
anos ou mais. [6] Em sentido contrário, os jovens de 0­14 anos passaram de 45,7% em 1950 para 28,9% em
2006. [128]

A  taxa  de  urbanização,  que  em  1940  era  de  22,7%,  foi  estimada  em  2006  em  76,4%,  tendo  se  acelerado
muitíssimo nas últimas décadas (só em 1980 a população urbana passou a ser majoritária, com 53,1%). [128]

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A religião é muito importante para a maior parte da população cearense. O estado é o terceiro mais católico do
País,  em  termos  proporcionais,  com  86,7%  da  população  seguindo  o  catolicismo.  Em  seguida,  vêm  os
protestantes, somando 9,01%; os que não possuem nenhuma religião, com apenas 2,82%; e os fiéis de outras
religiões, com 1,34%. [129]

A expectativa de vida  do  cearense  foi  de  71,0  anos  em  2009,


com  uma  das  maiores  diferenças  do  país  entre  os  homens
(66,8  anos,  0,1  ano  a  menos  que  a  média  nordestina)  e  as
mulheres (75,4 anos, 1,3 ano a mais que a média nordestina).
O valor atual representa uma melhora de 5,3% em relação à de
1999 (67,4 anos). Assim, o estado acompanhou e até superou
o aumento geral da esperança de vida do brasileiro, que foi de
4,4%  (passando  de  70,0  para  73,1  anos  no  mesmo  período).
Ainda assim, está muito inferior à maior expectativa de vida
do País, que é a do Distrito Federal (75,8 anos). [6]

O Ceará foi o estado que mais diminuiu a mortalidade infantil
de 1980 a 2006, atingindo 30,8 por mil a partir da altíssima
taxa de 111,5 por mil de 1980. Houve, portanto, uma redução
de 72,4%. Ainda assim, o Ceará em 2008 estava acima da taxa
Densidade populacional dos municípios
do Ceará (2010). de  mortalidade  nacional  de  24,9  por  mil.  Por  outro  lado,
   0­25 hab/km² dentre  os  estados  nordestinos,  só  perde  para  o  Piauí  (29,3
   25­50 hab/km² mortes por mil nascimentos). Seu desenvolvimento humano,
   50­100 hab/km² contudo,  ainda  é  muito  incipiente,  embora  tenha
   100­150 hab/km² gradualmente  avançado:  de  um  IDH  de  0,604  em  1991,
   150­200 hab/km² passou  a  0,723  em  2005.  O  componente  do  IDH  que  mais
   200­300 hab/km² avançou foi o da Educação, que passou de 0,604 para 0,808
   300­400 hab/km² no  mesmo  período,  sobretudo  devido  ao  grande  aumento  da
   400­500 hab/km² matrícula de jovens. [130]
   > 500 hab/km²
Em  2008,  o  Ceará  atingira  índices  sociais  mais  altos  que  a
média do Nordeste em diversos aspectos, como a expectativa
de  vida,  escolaridade  média  e  analfabetismo  funcional,  e  apresentava  tendência  à  diminuição  de  sua
disparidade com relação à média do Brasil, superando já o índice nacional no tocante ao desemprego, ao índice
de Gini e à razão entre os 10% mais ricos e os 50% mais pobres da população, denotando uma desigualdade de
renda que, outrora maior que a brasileira, tornou­se ligeiramente menor a partir de 2006. [127] Segundo o Índice
Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) de 2011, o Ceará em 2009 havia se tornado o estado com mais
alto desenvolvimento da Região Nordeste e o 12º do Brasil, com índice 0,7129. [131]

Etnias
Em  2008,  a  distribuição  da  população  cearense  por  cor  era  de  33,05%  autodeclarados  brancos,  acima  dos
30,02% verificados na contagem de 1998; 3,03% autodeclarados negros, acima dos 1,22% em 1998; e 63,39%
de autodeclarados pardos, proporção essa que diminuiu, comparada à de 1998, de 68,69%. Em proporção, o
Ceará tem mais brancos e menos negros que a média nordestina, mesmo que a proporção de pessoas que se
autodeclaram negras tenha aumentado bastante. [127]

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Em  decorrência  das  características  econômicas  que  sempre  predominaram  no  Ceará,  como  a  pecuária  e  a
cotonicultura, e aos aspectos naturais da terra, como o regime periódico de secas, que gerava graves situações
de  escassez  de  alimentos  em  várias  áreas  sertanejas,  a  escravidão  africana  não  vicejou  no  estado  da  mesma
forma  que  ocorreu  no  restante  do  país  à  época.  Dessa  forma,  a  população  negra  cearense  sempre  foi
relativamente  pequena.  Vários  negros,  contudo,  migraram  para  o  Ceará  como  homens  livres  e  fincaram
raízes. [133]  Estudos  indicam  que  a  maior  parte  dos  negros  cearenses  tinham  origem  em  povos  bantus  e  do
Benim. [134]

Etnias Indígenas Pessoas[132]
Tremembé 3024
Anacé 1282
Tapeba 6439
Pitaguary 3857
Jenipapo­Kanindé 303
Kanindé 713
Kariri 116
Tupinambá 40
Potiguara 3531
Tabajara 2982

Mapa indicando a presença indígena Kalabaça 229


contemporânea no Ceará. Tubiba­Tapuia 105
Gavião 60
Em  1864,  havia  apenas  36  mil  cearenses  escravos;  número  que,  em
1887, reduzira­se para apenas 108 dentro de uma população que, já Total 22579
em  1872,  era  composta  por  721  686  habitantes. [135]  Em  1813,  os
escravos  representavam  11,5%  dos  cearenses,  dos  quais  63%  eram  negros. [136]  Ao  fazer  comparação  com
estados escravistas próximos, constata­se quão pouco importante era a escravidão na sociedade do Ceará: em
1864,  Pernambuco  tinha  260  mil  escravos,  permanecendo  ainda  com  41  122  em  1887;  e  a  Bahia,  300  mil
escravos em 1864 e 76 838 escravos restantes em 1887. [137]

A constituição étnica do povo cearense remonta a muitos séculos. O censo de 1813 mostrava uma configuração
já tendente à atual, com predominância de pardos: 28% de brancos, 6% de indígenas, 16% de negros e 50% de
pardos. [136] Assim, predominam os mestiços, descendentes, em sua maior parte, de brancos e índios, mulatos
e caboclos que viviam como vaqueiros, moradores de fazendas, pescadores, dentre outros. Os brancos, em sua
grande  maioria,  descendem  de  portugueses,  com  contribuição  de  holandeses,  espanhóis,  sírio­libaneses
(estimam­se  5  mil  descendentes  no  Estado  [138])  e  outros,  mas  grande  parcela  dos  brancos  também  possui
ancestralidade multiétnica, como acontece em todo o Brasil.

Segundo  dados  do  estudo  Frequência  de  Antígenos  HLA  em  uma
Cor/Raça Porcentagem[139] Amostra  da  População  Cearense,  realizado  pelo  professor  Dr.  Henry
Brancos 33,05% Campos, professor da Faculdade de Medicina da Universidade  Federal
do  Ceará,  há  um  predomínio  nítido  de  um  antígeno  no  grupo  de
Negros 3,03%
cearenses  que  não  é  o  mesmo  presente  nas  populações  de  negros  e
Pardos 63,39%
portugueses. [140]  Comparado  esse  estudo  com  outros  semelhantes
realizados  em  Pernambuco  e  Bahia,  confirma­se  que  a  predominância

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indígena no Ceará é relevante.

O Ceará tem, atualmente, quinze etnias indígenas nativas reconhecidas. A população estimada dessas etnias é
de 22 500 índios, de acordo com dados do Distrito Sanitário Especial Indígena do Ceará (FUNASA). No Ceará,
muitas pessoas desconheciam a existência dos índios, pois políticas oficiais, durante muito tempo, obrigaram
os indígenas a esconderam sua identidade. Um decreto da Assembleia Provincial do Ceará, datado de 1863,
declarou que não havia índios na província. [141]  À  época,  eles  passaram  a  ser  desacreditados,  perseguidos  e
tiveram suas terras invadidas. Somente na década de 1980, os índios cearenses começaram a reivindicar seus
direitos de posse de terra e começaram a ter o reconhecimento de suas etnias.

Política
O  estado  é  governado  por  três  poderes:  o  Poder  Executivo,
representado  pelo  governador  do  Ceará;  o  Poder  Legislativo,
representado  pela  Assembleia  Legislativa  do  Ceará;  e  o  Poder
Judiciário,  representado  pelo  Tribunal  de  Justiça  do  Estado  do
Ceará.

O  Poder  Executivo  é  exercido  pelo  governador  Camilo  Santana,


eleito  em  2014  para  o  período  2015­2018,  além  de  todas  as
secretarias de estado, órgãos vinculados e a administração indireta.
Exemplos  de  órgãos  que  integram  essa  administração  são  as Mausoléu Presidente Castelo
secretarias da  Ciência  e  Tecnologia,  de  Educação  e  da  Fazenda,  e Branco, parte integrante do
complexo onde está localizado o
ainda o Departamento de Edificações e Rodovias. A administração
Palácio da Abolição, sede do
indireta é feita por autarquias, empresas públicas e fundações, tais governo do estado.
como a Escola de Saúde Pública do Ceará, a Companhia Energética
do Ceará, a Companhia  de  Água  e  Esgoto  do  Ceará  e  a  Fundação
Cearense  de  Apoio  ao  Desenvolvimento  Científico  e
Tecnológico. [142]

O  Poder  Legislativo  é  exercido  pela  Assembleia  Legislativa  do


Ceará,  que  é  composta  por  46  deputados. [143]  O  legislativo
estadual  fiscaliza  as  contas  públicas  do  executivo,  bem  como
aprova e regula todas as leis com jurisdição no território do Ceará.
A  TV  Assembleia  é  um  órgão  de  comunicação  da  assembleia  do
Ceará,  que  divulga  as  ações  desta  instituição.  Na  função  de  fiscal Edifício Deputado José Euclides
das  atividades  do  poder  executivo,  a  assembleia  do  Ceará  é Ferreira Gomes, onde funciona a
auxiliada  por  dois  tribunais  de  contas,  o  Tribunal  de  Contas  do assembleia legislativa.
Estado do Ceará, fiscal do governo estadual, e Tribunal de Contas
dos Municípios do Estado do Ceará, fiscal das prefeituras, que também auxilia as câmaras municipais nessa
tarefa. [144]

O Judiciário cearense tem como instância máxima o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, composto por 27
desembargadores. [145] O Fórum Clóvis Beviláqua, da comarca de Fortaleza, é o maior fórum subordinado ao
Tribunal  cearense.  Atualmente,  139  municípios  são  sedes  de  comarca,  sendo  45  vinculadas,  49  de  primeira
entrância,  40  de  segunda  entrância,  49  de  terceira  entrância  e  Fortaleza,  que  é  uma  comarca  especial.  O
Ministério Público do Estado do Ceará é a instituição que, de forma autônoma, auxilia o estado na garantia da
justiça e do direito.

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O sistema correcional cearense é composto por quatro penitenciárias, dois presídios, duas colônias agrícolas,
uma  casa  de  albergado,  duas  casas  de  custódia,  dois  hospitais,  e  131  cadeias  públicas.  Este  sistema  estava
abrigando, em 2008, um contingente total de 8.101  [146]  pessoas.  A  maior  unidade  prisional  do  sistema  é  o
Instituto Penal Paulo Sarasate, que abrigava 940 [146] pessoas em 2008.

Subdivisões
O  Ceará  surgiu  como  unidade  administrativa  em  1799  com  quatorze  municípios,  sendo  o  mais  antigo,
Aquiraz,  fundado  em  1699,  e  o  último  desse  período  foi  Guaraciaba  do  Norte  criado  em  1791. [147]  Com  a
Independência do Brasil as províncias foram organizadas em 1823 e nesse ano o território já estava dividido
em  mais  quatro  cidades.  Durante  todo  o  período  imperial  do  Brasil  foram  criadas  mais  44  cidades
desmembrando­se vilas das já então existentes. Em pouco mais de um século o estado passou de 62 para 184
municípios  que,  a  partir  da  constituição  de  1988,  passaram  a  serem  unidades  constitutivas  da  união  em
patamar igual aos estados.

O Ceará é composto por 184 municípios, que estão distribuídos em 18 regiões geográficas imediatas, que por
sua vez estão agrupadas em seis regiões geográficas intermediárias, segundo a divisão do Instituto Brasileiro
de  Geografia  e  Estatística  (IBGE)  vigente  desde  2017.  As  regiões  geográficas  intermediárias  foram
apresentadas  em  2017,  com  a  atualização  da  divisão  regional  do  Brasil,  e  correspondem  a  uma  revisão  das
antigas mesorregiões, que estavam em vigor desde a divisão de 1989. As regiões geográficas imediatas, por sua
vez,  substituíram  as  microrregiões. [148]  O  Governo  do  Ceará  dividiu  o  estado  em  oito  macrorregiões  de
desenvolvimento e em vinte regiões administrativas. [149]

Existem  ainda  três  regiões  metropolitanas  no  estado:  a  Região  Metropolitana  do  Cariri  (RMC),  a  Região
Metropolitana de Sobral (RMS) e a Região  Metropolitana  de  Fortaleza  (RMF).  A  primeira  foi  criada  pela  Lei
Complementar Estadual nº 78, sancionada pelo governador Cid Gomes em 29 de junho de 2009 e é formada
por nove municípios do sul cearense: Barbalha, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Várzea Alegre, Jardim, Juazeiro
do  Norte,  Missão  Velha,  Nova  Olinda  e  Santana  do  Cariri. [150]  A  Região  Metropolitana  de  Sobral  foi
constituída mediate aprovação da Lei  Complementar  Estadual  nº  168,  sancionada  pelo  governador  Camilo
Santana em 27 de dezembro de 2016 e é formada por dezoito municípios: Massapê, Senador Sá, Pires Ferreira,
Santana  do  Acaraú,  Forquilha,  Coreaú,  Moraújo,  Groaíras,  Reriutaba,  Varjota,  Cariré,  Pacujá,  Graça,
Frecheirinha, Mucambo, Meruoca, Alcântaras, e Sobral. [151] Já a Região Metropolitana de Fortaleza, onde se
localiza  a  capital,  foi  criada  pela  Lei  Complementar  Federal  nº  14,  de  8  de  junho  de  1973,  que  instituía,
também, outras regiões metropolitanas no país; inicialmente, a região metropolitana era formada por apenas
cinco municípios: Fortaleza, Caucaia, Maranguape, Pacatuba e Aquiraz, sendo, posteriormente, adicionado os
municípios de Maracanaú (1983); Eusébio (1987); Itaitinga e Guaiúba (1992); Chorozinho, Pacajus, Horizonte
e São Gonçalo do Amarante (1992); Pindoretama e Cascavel (2009);[152] Paracuru, Paraipaba, Trairi e São Luís
do Curu (2014). [153]

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Divisão das regiões intermediárias (vermelho) e imediatas (cinza).

Municípios (184)

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Regiões metropolitanas (3)

Litígio territorial
No  governo  colonial  do  Governador  Sampaio,  o  engenheiro  Silva  Paulet
apresentou  mapa  da  província  em  1818  que  mostrou  o  limite  oeste  do
litoral  até  a  foz  do  Rio  Igaraçu.  Desta  forma,  a  então  localidade  de
Amarração, atual cidade de Luís Correia, faria parte do Ceará. Durante o
século  XIX,  a  localidade  teve  assistência  da  cidade  cearense  vizinha,
Granja,  até  que  em  1874  os  parlamentares  estaduais  decidiram  elevar  a
localidade  à  categoria  de  vila.  Essa  atitude  chamou  a  atenção  dos
políticos do Piauí, que reivindicaram esse território. A solução ocorreu em
1880,  quando  foi  decidindo  que  haveria  uma  troca,  na  qual  Piauí
restabeleceu a totalidade de seu litoral e o Ceará incorporou os municípios
de Crateús e Independência. [154]
Ceará de 1861, sem Crateús
e Independência. Desde essa época, persistem na divisa do Ceará com o Piauí vários pontos
com  indefinições  de  seus  limites. [155]  A  área  total  em  disputa  seria  de
aproximadamente  3  000  km²,  o  que  equivale  ao  dobro  da  área  do
município  de  São  Paulo.  Depois  da  Constituição  de  1988,  foi  proposto  que,  em  1991,  seriam  resolvidas  as
questões de limites entre os estados, mas somente em 2008 um acordo foi apresentado. O acordo, no entanto,
não foi concretizado, pois o Piauí abandonou as negociações. Diversas propostas surgiram como tentativa de
resolução do litígio, entre elas a de um plebiscito. [156] Segundo estudo do IBGE, a maior parte do território,
cerca  de  75%,  pertenceria  ao  Ceará,  porém,  o  governo  piauiense  não  aceitou  as  conclusões  do  instituto.  O
processo  foi,  então,  encaminhado  ao  Supremo  Tribunal  Federal,  que  ficou  encarregado  de  dar  fim  ao  caso
centenário.

Economia

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16/06/2019 Ceará – Wikipédia, a enciclopédia livre

Em  2008,  o  PIB  cearense,  em  preços  de  mercado,  foi  de  R$
60.098.877.000,  dos  quais  47,17%  estão  concentrados  na Evolução do PIB (R$)
capital  Fortaleza,  segundo  estudo  do  Ipece. [157]  Há  um  suave Ano PIB (R$ 1.000) Per Capita
processo de desconcentração da riqueza no Estado, visto que em 2010 R$ 77.865.000 9.216
2004 a capital representava 47,80% do PIB estadual. Por outro
2011 R$ 89.695.000 10.314
lado,  as  cidades  mais  ricas,  no  geral,  seguem  aumentando  sua
proporção em relação ao PIB total. Destacam­se além da capital: 2012 R$ 96.973.000 10.473

Maracanaú (5,19%), Juazeiro do Norte (3,31%), Caucaia (3,25%), 2013 R$ 109.036.000 11.950


Sobral  (2,83%),  Eusébio  (1,56%),  Horizonte  (1,39%), 2014 R$ 126.054.000 13.556
Maranguape (1,07%), Crato (1,07%) e São Gonçalo do Amarante
2015 R$ 130.630.000 14.970
(1,02%).
2016 R$ 138.379.000 15.438
Os cinco municípios com PIB per capita mais altos no Ceará são: 2017 R$ 150.000.000* 16.529*
Eusébio  (R$  23.205),  Horizonte  (R$  15.947),  Maracanaú  (R$
*Estimativa
15.620), São Gonçalo do Amarante (R$ 14.440) e Fortaleza (R$
11.461), todos muito acima da média estadual, que é de R$ 7.112.
Os dez municípios de maior PIB abrangem 67,86% do PIB total. [157]

A  partir  da  década  de  1960  houve  uma  progressiva  industrialização  e  urbanização,  que  ganhou  impulso  a
partir  da  década  de  1980,  em  parte  devido  à  política  de  concessão  de  benefícios  fiscais  a  empresas  que  se
instalassem no estado. [158] Atualmente, embora sendo ainda uma economia sub­industrializada em relação a
vários  outros  estados  do  Brasil,  a  economia  cearense  não  é  mais  baseada  sobretudo  nas  atividades
agropecuárias,  sendo  preponderante  o  setor  terciário  de  comércio  e  serviços,  com  grande  destaque  para  o
turismo.  Apesar  disso,  aquelas  ainda  possuem  grande  relevância  na  economia  do  estado,  em  especial  a
pecuária, mas há também crescente importância de cultivos não­tradicionais no estado, como a produção de
frutas e legumes no Vale do Rio Jaguaribe e de flores na Serra da Ibiapaba e no Cariri.

Desde  2004  a  economia  cearense  vem  crescendo,  moderada,  mas  sustentadamente,  entre  3,5%  e  5%  ao
ano. [159] Em 2007 o crescimento foi de 4,4%, e em 2008 de 6,5%, sendo o primeiro inferior à média brasileira
para  aquele  ano  e  o  segundo  bastante  superior,  principalmente  devido  à  forte  recuperação  da  agropecuária
cearense  (24,59%)  aliada  à  manutenção  em  níveis  altos  do  crescimento  da  indústria  (5,51%)  e  do  setor  de
serviços (5,21%). [160]

Em  2009,  apesar  da  crise  econômica


internacional  e  de  perdas  no  setor  primário,  o
PIB  cearense  cresceu  3,1%,  bastante  acima  do
resultado do PIB brasileiro, de ­0,2%, sobretudo
devido  ao  bom  desempenho  do  setor  de
serviços. [160]  Com  isso,  o  PIB  cearense  atingiu
pela primeira vez um patamar de mais de 2% da
Exportações do Ceará ­ (2012).[161] produção  nacional. [160]  Uma  estimativa  feita
pelo IPECE mostra que o PIB do Ceará teve um
crescimento nominal recorde, quando cresceu 10
bilhões, quando comparado o ano de 2010 com o ano de 2009. [162] Em 2010 também foi registrado o recorde de
participação da economia cearense na economia nacional. Tal participação que era de 1,89% em 2007, subiu
para 2,04% em 2010.

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Em  2011,  a  economia  cearense  continuou  a  crescer  acima  da  média  nacional.  O  PIB  cearense  totalizou  84
bilhões, um aumento de 10 bilhões se comparado ao ano anterior, segundo dados preliminares do IPECE. [163]
Neste ano, o estado pode ter, pela primeira vez, um PIB per capita acima de R$ 10.000.

O  instituto  também  citou  expectativas  para  a  economia  em  2012,  onde  possivelmente,  crescerá  entre  5%  e
5,5%, ainda acima da média nacional. O PIB cearense deve totalizar, ao final do ano, um valor em cerca de 96
bilhões. Para 2013 está previsto que o PIB ultrapassará os 100 bilhões de reais, com o PIB per capita chegando
próximo dos 14.000 reais. Quanto a sua pauta de exportações, foi, em 2012, baseada em Calçados de Borracha
(17,32%), Couro Preparado de Bovinos ou Equinos (14,60%), Coco, Castanha e Caju (11,73%), Melões (7,00%)
e Calçados de Couro (6,86%). [161]

Setor primário
Destacam­se  na  atividade  agrícola:  feijão,  milho,  arroz,  algodão
herbáceo,  algodão  arbóreo,  castanha  de  caju,  cana­de­açúcar,
mandioca,  mamona,  tomate,  banana,  laranja,  coco  e,  mais
recentemente,  a  uva. [164]  Recentemente  tem  crescido  um  pólo  de
agricultura irrigada dirigida principalmente à exportação, em áreas
próximas  à  Chapada  do  Apodi,  dedicando­se  especialmente  ao
cultivo  de  frutas  como  melão  e  abacaxi.  Outro  destaque  muito
recente  é  o  do  cultivo  de  flores,  que  tem  ganhado  importância
especialmente na Cuesta da Ibiapaba. A castanha de caju é um dos
principais produtos agrícolas do
Na pecuária os rebanhos de maior representatividade são: bovinos,
Ceará.
suínos,  caprinos,  eqüinos,  aves,  asininos,  carcinicultura  e
ovinos. [165]

Os principais recursos minerais extraídos do solo cearense são: ferro, água mineral, calcário, argila, magnésio,
granito, petróleo, gás natural, sal marinho, grafita, gipsita, urânio bruto. O município de Santa  Quitéria,  na
localidade de Itataia, possui uma das maiores reservas de urânio do Brasil. [166]

Setor secundário
Os  principais  setores  da  indústria  cearense  são  vestuário,
alimentícia,  metalúrgica,  têxtil,  química  e  calçadista.  A  maioria
das  indústrias  esta  instalada  na  Região  Metropolitana  de
Fortaleza, com destaque para Fortaleza, Caucaia e Maracanaú onde
se  encontra  o  Distrito  Industrial  de  Maracanaú  sendo  um
importante  complexo  industrial,  dinamizando  a  economia  do
estado do Ceará. [167] Em Caucaia e São Gonçalo do Amarante será
instalada a ZPE  do  Ceará  no  Complexo  Industrial  e  Portuário  do
Pecem  onde  serão  instaladas  uma  siderúrgica  e  uma  refinaria  de
petróleo.

A  Federação  das  Indústrias  do  Estado  do  Ceará  é  a  entidade J Macêdo, uma das maiores


sindical  dos  donos  das  empresas.  A  entidade  congrega  a  maioria indústrias de massas do Brasil.
dos donos e dirigentes industriais. Algumas das grandes empresas

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do Ceará com alcance nacional vinculadas a FIEC são: Aço Cearense, Companhia de Alimentos do Nordeste,
Grendene,  Café  Santa  Clara,  Grande  Moinho  Cearense,  Grupo
Edson  Queiroz,  Indústria  Naval  do  Ceará,  J.  Macêdo,  M.  Dias
Branco, Troller e Ypióca. [168]

Setor terciário
O comércio  é  muito  marcante  na  economia  do  Ceará  compondo  o
PIB  do  estado  com  mais  de  70%. [157]  A  Associação  Comercial  do
Ceará  foi  a  primeira  instituição  classista  cearense,  fundada  em
1866.  Atualmente  a  principal  instituição  comercial  no  estado  é  a Quase metade da economia
Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomercio). Algumas cearense se concentra na capital.
Na foto, a Avenida Santos Dumont.
redes de comércio varejista filiadas a Fecomercio com destaque no
nacional  são  Rede  de  Farmácias  Pague  Menos,  Vignoli,
Cocobambu.

Em  2009  foi  iniciada  a  construção  da  segunda  central  de  abastecimento  do  estado  que  ficará  na  região  do
Cariri e complementará a distribuição de alimentos juntamente com a CEASA da RMF. [169] Complementando
a atividade comercial da Ceasa, todas as cidades mantêm mercados municipais.

Em  Fortaleza  existem  vários  shopping  centers:  Iguatemi  Fortaleza,  North  Shopping,  Shopping  Aldeota,
Shopping Benfica, Shopping Center Um, Shopping Del Paseo e Shopping Via Sul. Além desses, somente outros
quatro  shoppings  ficam  fora  da  capital:  o  North  Shopping  Maracanaú,  que  fica  em  Maracanaú;  o  Iandê
Shopping Caucaia, que fica em Caucaia; o North Shopping Sobral, que fica em Sobral; e o Cariri Shopping, que
fica em Juazeiro do Norte. [170]

Turismo
O Ceará é um dos estados com maior faixa litorânea, e vem dessa
grande extensão boa parte de sua fama turística. As praias de maior
destaque  são:  Jericoacoara  (incluindo  Lagoa  Azul  e  Lagoa  do
Paraíso),  Praia  do  Futuro,  Canoa  Quebrada,  Cumbuco,  Praia  de
Flecheiras, Praia de Morro Branco, Praia de Ponta Grossa, Praia de
Tatajuba, Lagoinha, Porto das Dunas,  na  qual  está  o  Beach  Park,
um  dos  maiores  parques  temáticos  da  América  Latina, [171]  dentre
outras.
Aracati, um dos municípios
cearenses com maior apelo turístico.
Alguns  dos  espaços  culturais  importantes  do  estado  são:  Casa  de
José  de  Alencar  (que  abriga  o  Museu  da  Renda,  o  Museu  da
Antropologia, a Pinacoteca Floriano Teixeira e a Biblioteca Braga Montenegro), Museu da Imagem e do Som do
Ceará,  Museu  do  Ceará,  Theatro  José  de  Alencar,  um  dos  mais  importantes  exemplos  da  arquitetura  art
nouveau no Brasil, Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, que abriga, dentre outras instalações, o Museu de
Arte Contemporânea do Ceará e o Museu da Cultura Cearense, Museu Sacro São José de Ribamar e Museu Dom
José  [173] ambos importantes museus de arte sacra do Brasil, Museu da Cachaça, dentre outros, e os centros
históricos  da  cidades  de  Sobral,  Icó,  Aracati  e  Viçosa  do  Ceará,  tombados  como  patrimônio  nacional  pelo
IPHAN.

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Outras  atrações  destacáveis  são:  Arquivo  Público  do  Estado  do


Ceará,  Biblioteca  Pública  Governador  Menezes  Pimentel,  Casa  de
Juvenal  Galeno,  Centro  Cultural  Bom  Jardim,  Centro  Dragão  do
Mar de Arte e Cultura, Escola  de  Artes  e  Ofícios  Thomaz  Pompeu
Sobrinho, Sobrado do Doutor José Lourenço, Academia Cearense de
Letras, Instituto do Ceará, Instituto Cultural do Cariri, Museu dos
Inhamuns, Academia Sobralense de Estudos e Letras. [174]

Beach Park, o maior parque aquático
Infraestrutura da América Latina.[172]

Ciência e tecnologia
O  Ceará  mantém  a  Fundação  Cearense  de  Apoio  ao
Desenvolvimento  Científico  e  Tecnológico  como  principal
instituição  de  fomento  científico  e  tecnológico  do  estado. [175]
Fazem  parte  ainda  do  sistema  de  C&T  do  Ceará  a  Fundação
Cearense  de  Meteorologia,  a  Fundação  Núcleo  de  Tecnologia
Industrial  do  Ceará  e  as  universidades  estaduais.  O  Governo
federal  tem  duas  unidades  da  Embrapa  no  estado:  Embrapa
Imagem aérea de Sobral com vista
para a Igreja do Patrocínio e o Agroindústria  Tropical  em  Fortaleza  e  Embrapa  Caprinos  em
Museu do Eclipse, importante museu Sobral. Instituições privadas de destaque são o Instituto Atlântico e
científico do Ceará. o Instituto de Tecnologia da Informação e Comunicação.

O  principal  espaço  de  desenvolvimento  científico  do  estado  é  o


Campus do Pici, em Fortaleza, abrigando boa parte dos laboratórios da Universidade Federal do Ceará e outras
instituições  como  o  Centro  Nacional  de  Processamento  de  Alto  Desempenho  no  Nordeste  e  a  sede  da  rede
GigaFOR  e  vários  cursos  de  pós­graduação.  Em  todo  o  estado  são  ofertados  154  cursos  de  pós­graduação
sendo 103 de mestrado e 51 de doutorado. [176]

O  Ceará  tem  destaque  na  história  e  na  pesquisa  astronômica  do


Brasil.  O  Rádio­Observatório  Espacial  do  Nordeste  do  INPE
instalado  em  Eusébio  é  o  maior  radiotelescópio  do  Brasil.  A
Sociedade Brasileira dos Amigos da Astronomia (SBAA), com sede
em  Fortaleza,  é  uma  das  principais  instituições  divulgadoras  da
astronomia no país. [177]

Em  2009,  Ano  Internacional  da  Astronomia,  o  Ceará  passou  e


integrar  a  Rede  Internacional  de  Centros  para  Astrofísica
Relativística  (Icranet).  Essa  integração  visa  orientar  os  cursos  de
graduação  em  física  das  universidades  UVA  e  UECE,
respectivamente  em  Sobral  e  Fortaleza,  para  estudos  nas  áreas  de
astrofísica,  astronomia  e  criar  um  programa  de  pós­graduação
específico na UECE. [178]

O primeiro registro de fósseis no Brasil se deu com o livro "Viagem
Fóssil do Anhanguera no North
pelo  Brasil"  (Reise  in  Brasilien),  publicado  entre  1823  e  1831, American Museum of Ancient Life.
relatando a descoberta de um peixe Rhacolepis na atual cidade de

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Jardim. [179]  A  bacia  sedimentar  da  Chapada do Araripe  conta  com  uma  formação  muito  rica  em  fósseis  da
flora e fauna do Cretáceo, boa parte em excelente estado de preservação, sobretudo na cidade de Santana  do
Cariri. [180] Os fósseis da região tem sido importantes para comprovar a deriva dos continentes africano e sul­
americano. [181]

Nessa área foi estabelecido o Geoparque Araripe, o primeiro do gênero no Hemisfério Sul,  visando  a  proteger


sua  significativa  importância  geológica  e  paleontológica. [181]  O  trecho  mais  importante  do  geoparque  é  a
Formação  Santana,  que  se  destaca  por  conter  os  primeiros  registros  de  tecidos  moles  (não  ósseos)  de
pterossauros e tiranossauros do mundo, as primeiras fanerógamas fósseis da América do Sul e várias espécies
de peixes fossilizados. [179] Na cidade de Santana do Cariri existe o Museu  de  Paleontologia  da  Universidade
Regional do Cariri que ajuda no estudo e divulgação científica paleontológica.

Educação
A primeira instituição de ensino do Ceará foi o Liceu do Ceará, fundado em 1845, em Fortaleza. [182] Dentre as
escolas de ensino fundamental e médio, as mais antigas e tradicionais do estado são, além do Liceu, o Colégio
da  Imaculada  Conceição  (1865),  Colégio  Justiniano  de  Serpa  (1881),  Colégio  Santa  Cecília  (1912)  e  Colégio
Clóvis  Bevilaqua  (1913). [183]  Além  desses,  também  se  destacam  o  Colégio  Colégio  Militar  do  Corpo  de
Bombeiros do Ceará e os colégios privados da capital, principais responsáveis pelos desempenhos de destaque
nacionais. Por exemplo, os três principais colégios privados cearenses, Colégio Farias Brito, Colégio Ari de Sá e
Colégio 7 de Setembro, foram responsáveis, em 2014, juntos, pela aprovação de 71 alunos, o que corresponde a
42% das vagas, no Instituto Tecnológico da Aeronáltica (ITA), cujo vestibular é mais difícil do país. O Ceará
possui, ainda, um dos maiores índices de aprovação do país no vestibular do Instituto Militar de Engenharia
(IME).  O  ensino  privado  na  capital  possui,  além  disso,  um  forte  espírito  de  concorrência  e  busca  pelos
melhores índices, já que sempre existe uma forte disputa, sobretudo entre essas três principais escolas, pelos
primeiros  lugares  nos  principais  exames  do  país.  O  Colégio  Ari  de  Sá,  em  2013,  obteve  a  quinta  colocação
nacional entre as escolas com a melhor nota geral no ENEM. [184]

O Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará, transformado
em Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará,
que  comanda  mais  de  20  unidades  de  ensino  técnico  em  várias
cidades  do  interior  do  estado  e  o  Colégio  Militar  de  Fortaleza,
fundado  em  1919,  são  importantes  unidades  de  ensino  federal  no
estado. [185]  A  Universidade  Federal  do  Ceará  é  uma  mais  mais
importantes IES do país e a melhor universidade federal do Norte e
Nordeste. [186]

Fachada do Colégio Militar de Segundo dados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do
Fortaleza, principal instituição Ceará, (IPECE), a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou
pública de ensino fundamental e
mais no estado, em 2012, foi de 16,3%, valor pouco acima da média
médio do estado.
nacional. A taxa de analfabetismo no Ceará decresceu 34,4% entre
2001  e  2012.  Esse  desempenho  é  4,4%  superior  à  redução  de
analfabetismo no Brasil e 6,1% superior à redução da taxa dos que não sabem ler nem escrever no Nordeste. [187]

Quanto  ao  índice  de  desenvolvimento  da  educação  básica  (IDEB),  o  Estado  obteve,  em  2009,  as  melhores
notas da Região Nordeste em todas as categorias: para alunos da 4ª e 5ª séries do ensino fundamental, 4,4
(11ª mais alta no ranking nacional), para os da 8ª e 9ª séries, a nota 3,9 (10ª melhor do País) e para alunos do
3º ano do ensino médio, 3,6 (8ª melhor brasileira). [188]
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A  rede  de  ensino  do  estado  no  ano  de  2015  era  composta  por  12.525  escolas,  das  quais  5.530  eram  pré­
escolares,  6.057  de  ensino  fundamental  e  938  de  ensino  médio.  Estas  escolas  receberam,  ainda  em  2015,
1.882.731 matriculas, das quais 237.105 foram no pré­escolar, 1.272.352 no fundamental e 373.274 no ensino
médio.  Servindo  a  rede,  havia  100.095  docentes,  dos  quais  15.388  lecionavam  no  pré­escolar,  63.283  no
fundamental e 21.424 no ensino médio. [189]

Em 2015, o Ceará abrigava 58 instituições de ensino superior, com
11.926  docentes  e  274.927  alunos  matriculados. [190]  A
Universidade  Federal  do  Ceará  foi  a  primeira  do  estado,  fundada
em 1954. [191] Atualmente, as mais importantes são a Universidade
Federal  do  Ceará,  a  Universidade  Estadual  do  Ceará,  a
Universidade Regional do Cariri, a Universidade Estadual Vale do
Acaraú, a Universidade  da  Integração  Internacional  da  Lusofonia
Afro­Brasileira,  a  Universidade  Federal  do  Cariri  e  a  particular
Biblioteca pública de Sobral. Universidade de Fortaleza.

Energia
O estado era, até o final do século XX, totalmente desprovido de grandes unidades geradoras de energia. [192]
Na década de 2000 foram feitos investimentos pesados na geração de energia eólica com a possibilidade de o
Ceará gerar toda sua demanda energética em seu próprio solo. [193]

Atualmente,  parte  da  demanda  de  energia  elétrica  pode  ser  suprida  pela  Companhia  Hidro  Elétrica  do  São
Francisco  [192] por meio da geração nas usinas hidrelétricas de Paulo Afonso, Xingó,  Sobradinho,  Itaparica  e
Moxotó. O Ceará também é servido pela energia gerada na Usina Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará. As Usinas
Termelétricas Porto do Pecém I (720 MW) e Porto do Pecém II (320 MW), movidas a carvão mineral, colocam o
Ceará como um dos maiores produtores de energia termelétrica do Brasil. As duas usinas representam 16% da
energia consumida no Nordeste, e podem produzir até 80 % da energia consumida no estado, conferindo maior
segurança energética ao Ceará e tornando­o exportador de energia. [194]

A  Enel  Distribuição  Ceará  é  a  empresa  responsável  pela


distribuição da energia no estado. O consumo médio do estado gira
em  torno  de  650  gigawatts  por  mês. [195]  Em  2007,  99,3%  dos
domicílios  urbanos  e  90,4%  dos  domicílios  rurais  eram  servidos
pela  rede  de  distribuição  elétrica,  contabilizando  2.688.746
clientes. [196]

O estado é o terceiro maior produtor de energia eólica do país, com
2.134  MW  de  capacidade  instalada,  além  de  possuir  a  melhor
Parque eólico em Caucaia
produção  mundial. [197][198][199]  O  Ceará  também  possui  a  Usina
Solar  Tauá,  com  novos  projetos  para  expansão  de  usinas,
aproveitando potencial de energia solar do estado. [200]

Mídia
Os jornais foram a primeira mídia de massa do estado. O primeiro jornal cearense, o Diário Oficial, começou a
ser publicado em 1825. No final do século XIX, havia centenas de jornais e publicações periódicas em todo o
território, com mensagens de cunho político e social. Em 1881, chegaram à costa cearense os cabos submarinos

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da  The  Western  Telegraph  Company,  interligando  o  Brasil  à  Europa  por  meio  telegráfico. [201]  Estes  cabos
foram interligados aos já existentes no Ceará e daí para o resto do país.

A  primeira  estação  de  rádio  surgiu  na  década  de  1930.  Era  uma  entidade  de  rádio  amador  chamada  Ceará
Rádio Clube. [202] Em 1959, entrou no ar a TV Ceará, primeiro canal de televisão do Ceará. Em 31 de março de
1972, chegou a vez da tv a cores no estado. Em 2009, teve início a transmissão do sinal de televisão  digital.
Atualmente,  o  sistema  de  rádio  e  televisão  conta  com  143  emissoras  de  rádio  e  13  de  televisão. [196]  Os
principais jornais do estado são: O Povo, Diário do Nordeste e O Estado.

A  telefonia  iniciou­se  no  Ceará,  primeiro  em  Fortaleza,  em  1891  com  a  fundação  da  empresa  telefônica  do
Ceará. Em 1938, o serviço passou a ser automático, com a instalação de equipamentos da Ericsson do Brasil.
A Companhia Telefônica do Ceará surgiu em 1971 e foi privatizada em 1998. Atualmente, existem 2.490.224
linhas telefônicas no estado. [196]

Saúde
Durante o século XIX somente oitenta cearenses foram diplomados
pelas  duas  faculdades  de  medicina  existentes  no  Brasil. [203]
Desses,  somente  trinta  voltaram  para  o  Ceará.  Em  1861  ficou
pronto  o  primeiro  hospital  do  estado,  Santa  Casa  de  Misericórdia
de  Fortaleza,  que  foi  o  foco  de  combate  a  várias  pestes  que
assolaram  o  estado:  varíola,  febre  amarela  e  cólera  na  década
anterior. [203]  Nos  primeiros  anos  do  século  XX  foi  fundada  a
primeira  entidade  médica  do  Ceará,  Associação  Médica  Cearense,
em  1913.  Em  1925  iniciou­se  as  atividades  da  Santa  Casa  de
Santa Casa de Misericórdia de
Misericórdia de Sobral, sendo até hoje o maior hospital do interior
Fortaleza, primeiro hospital público
cearense.  Durante  toda  a  década  de  1930  houve  um  surto  de
construído na capital cearense, em
malária no estado. 1861.

Os  principais  hospitais  públicos  do  estado  estão  concentrados  na


Capital.  Atualmente  o  sistema  de  saúde pública  cearense  é  composto  por  hospitais  municipais  e  estaduais,
totalizando  164  unidades  hospitalares  com  internação  e  2.198  sem  internação. [204]  O  Hospital  Geral  de
Fortaleza  é  o  maior  hospital  público.  O  Instituto  Doutor  José  Frota  é  o  maior  hospital  de  emergência.  Dois
hospitais de grande porte serão construídos durante o atual governo do estado nas regiões do Cariri e Sobral
para diminuir a superlotação do sistema de saúde cearense. [205] O sistema também é composto por centenas
de postos de saúde e centenas de equipes do Programa de Saúde da Família em quase todos os municípios. O
Serviço  de  Atendimento  Móvel  de  Urgência  está  sendo  implantado  em  todas  as  regiões  do  Ceará.  O
atendimento  médico  privado  é  bastante  desenvolvido  com  um  total  de  127  hospitais,  destacando­se  os
hospitais São Mateus, Antônio Prudente, Unimed, Monte Klinikum. [204]

Há grande disparidade no acesso a médicos e a leitos hospitalares. Os municípios com mais médicos por mil
habitantes  são  Barbalha  (3,6  por  mil),  Guaramiranga  (2,6)  e  Aracoiaba  (2,3)  —  Fortaleza  é  a  9ª  com  mais
médicos em termos proporcionais (1,5 por mil) —, enquanto os que possuem menos são Varjota, Granja e Pires
Ferreira, todos com apenas 0,2 médico por mil. Barbalha também se destaca como a cidade com mais leitos
por mil habitantes (8,1), seguida por Brejo Santo (6,0), Jati (5,9) e Crato (5,4), enquanto as que apresentam
menos leitos possuem índices muito menores: Forquilha (0,1), Pacatuba (0,3) e Beberibe (0,5). [126]

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Segurança pública

Modelo de helicóptero da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer).

Veículos do programa de policiamento comunitário em Fortaleza, o "Ronda do Quarteirão".

O  Governo  do  Ceará,  desde  o  início  da  década  de  1990,  realiza  ações  para  integração  das  forças  policiais:
militar,  civil  e  bombeiro.  A  primeira  ação  foi  a  reformulação  do  sistema  de  chamadas  190  que  passou  a
funcionar integrado com o nome de CIOPS ­ Centro Integrado de Operações de Segurança ­ e que na Capital do
estado integra também o sistema municipal de controle de tráfego e Guarda Municipal. O mais recente passo
na integração das forças policiais do estado foi a criação da Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará
que formará conjuntamente o pessoal de todas as forças de segurança. [206]

A Polícia Militar do Ceará  tem  um  contingente  de  aproximadamente  13  mil  policiais  [207]  divididos  em  sete
batalhões, um batalhão de choque, um batalhão de segurança patrimonial, um esquadrão de polícia montada,
uma companhia de polícia rodoviária, um centro integrado de operações aéreas, uma companhia de polícia do
meio  ambiente,  um  pelotão  de  motos  e  a  unidade  de  polícia  de  turismo.  O  efetivo  da  Polícia  Civil  é  de
aproximadamente 2.200  [208] policiais distribuídos em 34 distritos policiais, oito delegacias metropolitanas,
19  delegacias  regionais,  23  delegacias  municipais  e  18  delegacias  especializadas.  O  Corpo  de  Bombeiros
Militares é composto pelo efetivos de aproximadamente 1.400 bombeiros [209] distribuídos em 5 grupamentos,
um em Fortaleza com onze seções de comando e os outros quatro no interior subordinando 13 seções.

A criminalidade é um problema crescente no estado. A taxa de homicídio foi de 24,0 por 100 mil habitantes em
2008,  um  expressivo  aumento  de  79,1%  comparado  à  taxa  de  13,4  por  100  mil  em  1998.  Em  função  do
aumento ainda maior do número de assassinatos em outras Unidades Federativas, o Ceará possui a 18ª maior
taxa  de  homicídios  do  Brasil,  enquanto,  em  1998,  estava  na  17ª  posição.  Por  sua  vez,  Fortaleza,  com  35,9
homicídios por cem mil habitantes, passou do 20ª para o 17ª lugar entre as capitais mais violentas do País,
porém  continua  bastante  abaixo  da  média  das  capitais  do  Nordeste. [210]  O  Ceará  possui  7  de  seus  184
municípios entre os 500 com maiores taxas de homicídio do Brasil. [211]

Em 2007, foi implantado em Fortaleza o Ronda do Quarteirão, programa de segurança pública do Governo do
estado que tem por objetivo diminuir o tempo de resposta a ocorrências policiais. Em 2008, o programa foi
expandido para Caucaia e Maracanaú e, em seguida, para vários municípios interioranos. Neste mesmo ano foi
criada  a  polícia  científica  do  estado,  Perícia  Forense  do  Estado  do  Ceará  que  atuará  em  sua  área  de  forma
autônoma e desvinculada de outras forças policiais. Apesar dos esforços, o combate à violência não tem surtido
efeito somente com ações policiais, e a criminalidade ainda é crescente. [212] Somente entre 2008 e 2009, houve

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um  alarmante  aumento  da  taxa  total  de  roubos,  que  mais  que  triplicou  de  219,8  para  772,0  por  100  mil
habitantes, bem como um aumento do número de estupros (de 6,9 para 7,8 por 100 mil). A taxa de homicídios
cresce, lenta mas preocupantemente, de 22,2 para 22,5 por 100 mil entre 2008 e 2009. [213]

Em  2  de  janeiro  de  2019,  facções  criminosas  começaram  a  promover  ataques  com  explosivos  em  todo  o
Estado. [214]

Transporte
No  Ceará  apenas  um  aeroporto  é  administrados  pela  Infraero.  O
Aeroporto  Internacional  de  Fortaleza,  maior  do  estado
movimentando anualmente mais de 5 milhões de passageiros [215],
passou para a iniciativa privada, sendo administrado pela empresa
alemã  Fraport.  O  Aeroporto  Regional  do  Cariri,  em  Juazeiro  do
Norte,  é  administrado  pela  Infraero,  sendo  o  maior  do  interior  do
estado e um dos mais movimentados do interior do Nordeste. [216]
O  Governo  do  Ceará  tem  cadastrado  68  aeroportos  e  pista  de
pousos.  O  Aeroporto  de  Aracati  no  litoral  leste,  o  Aeroporto  de
Camocim no litoral oeste, o Aeroporto de São Benedito na Serra da
Ibiapaba e o Aeroporto de Quixadá no sertão cearense destacam­se
por dar acesso a regiões turísticas. Outros aeroportos regionais de
destaque  são  o  Aeroporto  de  Sobral  e  o  Aeroporto  de  Iguatu.  Foi
inaugurado  recentemente  o  Aeroporto  de  Jericoacoara,  no Mapa dos transportes do Ceará.
município de Cruz, dando acesso à área turística de Jericoacoara.

O  sistema  ferroviário  do  estado  é  operado  em  conjunto  com  a  malha  do  Nordeste  pela  empresa
Transnordestina  Logística  S.A,  que  está  construindo  a  ferrovia  Transnordestina.  O  estado  é  cortado  por
1.431 km de caminhos de ferro interligando o estado de norte a sul e de leste a oeste entre a capital e o interior, e
ao estado do Piauí, por meio da Ferrovia Teresina­Fortaleza. [217] Ainda no transporte ferroviário existem dois
sistemas de metrô em construção. O Metrofor é o metrô de Fortaleza interligando vários bairros da cidade e
também as cidades de Maracanaú e Caucaia e o Metrô do Cariri que interligará as cidades do Crato e Juazeiro
do Norte.

Ao  longo  dos  570  km  de  litoral  do  Ceará  estão  instalados  13  faróis  em  pontos  estratégicos  para  auxiliar  a
navegação de cabotagem, sendo controlados pela Capitania dos Portos do Ceará. [218] Os principais portos do
estado são: o Porto do Mucuripe, em Fortaleza, que é administrado pelo governo federal e o Terminal Portuário
do Pecém, inaugurado em 2002, construído para estruturar o Complexo Industrial e Portuário do Pecém com
planejamento de terminal para uso siderúrgico e de refinaria de petróleo.

Em Fortaleza tem início a rodovia federal mais importante do Brasil, a BR­116, que liga a capital do Ceará às
regiões  Sudeste  e  Sul  do  país  até  o  Rio  Grande  do  Sul.  Em  Fortaleza  também  tem  início  a  BR­222  que  faz
ligação com a região Norte indo até o Pará. A BR­020 faz a ligação de Brasília com Fortaleza. A rodovia BR­230
Transamazônica  corta  o  estado  na  região  sul  e  a  BR­304  liga  o  Ceará  ao  Rio  Grande  do  Norte.  As  rodovias
estaduais somam um total de 10.657,9 km, sendo 5.767,6 km pavimentados e 4.890,3 não­pavimentados. A
extensão  total  da  malha  rodoviária,  incluindo  rodovias  municipais,  estaduais  e  federais,  é  de  53.325,4,
segundo o Departamento de Edificações e Rodovias do Ceará. [219] Todas as sedes dos municípios têm acesso

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por  estradas  pavimentadas. [220]  Atualmente  o  sistema  encontra­se  com  algumas  estradas  danificadas  em
decorrência  de  fortes  chuvas, [221]  mas  a  maioria  das  rodovias  apresenta  boa  condição  de
trafegabilidade. [222][223]

Cultura
O  governo  do  Ceará  criou  a  primeira  secretaria  estadual  de  cultura  do  Brasil,  em  1966. [224]  A  instituição
organiza e fomenta a cultura cearense e auxilia outras instituições particulares na manutenção das tradições
da população do estado.

Arte popular
A  cultura  cearense  tem  como  base  essencialmente  as  culturas
europeia  e  ameríndia,  de  forte  tradição  sertaneja  e  também
influência  afro­brasileira.  Quando  da  introdução  da  cultura
portuguesa  no  Ceará,  ao  longo  do  século  XVII,  os  índios  já
produziam diversificado artesanato a partir de vegetais como o cipó
e  a  carnaúba,  bem  como  dominavam  técnicas  primitivas  de
tecelagem  do  algodão, [225]  inclusive  tingindo  os  tecidos  de
vermelho com a casca da aroeira. [226] Com a colonização, diversas
A jangada é um dos principais
símbolos do Ceará. Fruto do trabalho técnicas europeias se somaram a essa base cultural, formando uma
artesanal, elas representam a arte  popular  que  viria  a  ser  renomada  nacional  e
"tenacidade" e o "espírito internacionalmente.
nômade".[15]
Com  origens  portuguesas  e  relevante  influência  indígena,  têm
destaque  a  produção  de  redes  com  os  mais  diversos  bordados  e
formas e intrincadas rendas feitas em bilros, talvez o maior destaque da produção artesanal cearense, sendo
uma  arte  tradicional  no  Ceará  desde  meados  do  século XVIII. [227]  As  rendas  e  os  labirintos  possuem  maior
destaque  nas  imediações  do  litoral,  enquanto  o  interior  se  destaca  mais  pelos  bordados. [225]  As  pedras
semipreciosas  também  são  exploradas  na  confecção  de  joias,  sobretudo  em  Juazeiro  do  Norte,  Quixadá  e
Quixeramobim.

Ademais,  o  artesanato  feito  em  madeira  e  barro  é  também  de


grande  destaque,  com  produção  de  esculturas  humanas,
representando  tipos  da  região;  quadros  talhados  em  madeira  e
vasos  adornados.  Outro  importante  item  do  artesanato  cearense
são  as  garrafas  de  areias  coloridas,  onde  são  reproduzidas,
manualmente,  paisagens  e  temáticas  diversas.  São  ainda
encontrados,  em  diversas  cidades  ­  em  especial  Massapê,  Russas,
Aracati,  Sobral  e  Camocim,  cestarias,  chapéus  e  trançados  com
Guaramiranga, cidade serrana do
variadas formas e desenhos feitos da palha da carnaúba, do bambu
Maciço de Baturité, é, pelo seu clima
e  do  cipó. [227]  Por  fim,  como  consequência  natural  de  uma
frio e agitada cena cultural e
artística, um importante centro economia  que,  durante  séculos,  foi  essencialmente  pecuarista,  o
turístico do estado. couro é trabalhado artesanalmente, em especial para a produção de
chapéus  e  outras  peças  da  roupa  de  vaqueiros,  assim  como  de
móveis  e  esculturas.  As  principais  cidades  no  artesanato  coureiro
são Morada Nova, Juazeiro do Norte, Crato, Jaguaribe e Assaré. [226]

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Em diversas áreas do interior cearense, os cordéis, assim como os repentistas e poetas populares, especialistas
no improviso de rimas, ainda estão presentes e ativos, seguindo uma tradição que remonta aos trovadores e
poetas  populares  da  Idade  Média  lusitana.  Outra  forte  influência  portuguesa  se  encontra  na  grande
importância das festas religiosas nas cidades de todo o interior, particularmente as festas de padroeiros,  que
estão  entre  as  principais  festividades  da  cultura  cearense,  abarcando  não  só  cerimônias  religiosas,  mas
também de dança, musicais e outras formas de entretenimento, numa complexa mistura de aspectos sagrados
e  profanos.  Destaca­se  a  Festa  de  Santo  Antônio  em  Barbalha,  famosa  pelo  pau  da  bandeira,  que  é
comemorada nessa forma há 78 anos. [228]

Artes plásticas
O  movimento  de  maior  destaque  na  história  da  pintura  cearense  foi  o
modernismo, com o surgimento da Sociedade Cearense de Artes Plásticas,
em  1944,  que  reuniu  vários  pintores  como  Antônio  Bandeira,  Otacílio  de
Azevedo,  Aldemir  Martins,  Inimá  de  Paula,  Zenon  Barreto  e  outros. [229]
Bandeira é considerado um dos maiores pintores abstracionistas do Brasil.
Antes  desse  movimento,  alguns  importante  pintores  cearenses  foram
Raimundo  Cela  e  Vicente  Leite,  que  no  começo  do  século  XX  retrataram
várias paisagens do sertão e litoral do estado.

Na  segunda  metade  do  século  XX,  o  suíço  Jean­Pierre  Chabloz,  em


passagem pelo Ceará, descobriu a arte do acreano de origem cearense Chico
da  Silva  no  Pirambu,  retratando  figuras  primitivas  de  dragões  e  outros
Centro Cultural Banco do
animais com carvão e tinta guache. Seu estilo foi classificado como arte naïf
Nordeste, na cidade de
e teve grande destaque até a década de 1980. No final do século XX, o pintor
Juazeiro do Norte.
Leonilson  foi  o  maior  destaque  cearense  na  pintura. [230]
Contemporaneamente,outros  nomes  tem  se  destacado,  como  Roberto
Galvão e Bruno Pedrosa, dentre outros.

Humor
O Ceará se tornou conhecido nacionalmente como berço de talentos humorísticos como Chico Anysio, Renato
Aragão, Tom Cavalcante e Tiririca,  dentre  vários  outros.  Embora  a  percepção  de  que  há  um  Ceará  moleque
como verdadeira identidade do povo cearense seja controversa, a história do estado é repleta de casos verídicos
e  curiosos  que  parecem  corroborar  com  essa  ideia.  Destacam­se,  sobretudo,  figuras  populares  como  o  Bode
Ioiô, que era famoso em Fortaleza e inclusive foi eleito vereador da cidade, e o Seu Lunga, de Juazeiro do Norte,
famoso  pela  sua  intolerância  com  perguntas  óbvias,  assim  como  eventos  como  a  vaia  ao  sol,  também  em
Fortaleza,  depois  de  quase  um  dia  inteiro  de  céu  nublado  na  cidade. [231]  A  novela  humorística  da  Record,
Ceará contra 007, de 1965, ajudou a formar esse imaginário de um Ceará Moleque.

Literatura
O Ceará é terra de muitos escritores e poetas importantes. Pode­se citar, dentre muitos outros: José de Alencar,
Domingos  Olímpio,  Rachel  de  Queiroz,  Adolfo  Caminha,  Antônio  Sales,  Jáder  Carvalho,  Juvenal  Galeno,
Gustavo Barroso, Patativa do Assaré,  Xico  Sá  e  os  contemporâneos  Socorro  Acioli,  Tércia  Montenegro,  Ítalo
Anderson e Raymundo Netto. [232][233][234][235]

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A literatura  cearense  foi  sempre  caracterizada  por  florescer  em  torno  de  grupos  literários.  O  primeiro  desses
grupos de desenvolvimento literário foi Os Oiteiros, que, embora mantendo os padrões típicos do Arcadismo,
soube encontrar uma cor local para descrever o fugere urbem e o carpe diem típicos daquela escola. [235]

No final do século XIX, surgiu a Padaria Espiritual, uma agremiação cultural formada por jovens escritores,
pintores  e  músicos.  Vários  autores  criticavam  as  instituições  e
valores  então  vigentes  com  discurso  irônico,  irreverência,  espírito
crítico  e  sincretismo  literário. [236]  Para  alguns  críticos  literários  e
historiadores,  essa  agremiação  pode  ser  considerada  um
movimento pré­modernista que já apresentava alguns aspectos do
Modernismo,  que  só  surgiria  com  força  em  São  Paulo  em  1922.
Contemporânea  à  Padaria  Espiritual,  a  Academia  Cearense  de
Letras foi fundada em 1894 sendo uma das principais instituições
literárias  do  estado,  congregando  alguns  dos  nomes  mais  ilustres
da  literatura  estadual. [237]  Hoje,  existem  diversas  instituições
similares em todo o Ceará.

O Modernismo se consolidou no Ceará por meio do movimento Clã,
fundado  nos  anos  1940,  que  congregou  diversos  escritores
renomados  cearenses:  Moreira  Campos,  João  Clímaco  Bezerra,
Antônio  Girão  Barroso,  Aluísio  Medeiros,  Otacílio  Collares,  Artur
Eduardo  Benevides,  Antônio  Martins  Filho,  Braga  Montenegro, José de Alencar, o mais famoso
escritor cearense e principal nome
Manuel  Eduardo  Pinheiro  Campos,  Fran  Martins,  José  Camelo
do Romantismo Brasileiro.
Ponte, José Stênio Lopes, Milton Dias, Lúcia Fernandes Martins e
Mozart Soriano Aderaldo. [238]

Na  década  de  1970,  surgiram  outros  dois  importantes  grupos


literários no Ceará: O Saco, uma revista artística inusitada, pois era
distribuída  com  folhas  soltas  guardadas  dentro  de  um  saco;  e  o
Grupo  Siriará,  que  reuniu  diversos  jovens  escritores,  propondo
uma  literatura  cearense  autêntica  e  desvinculada  dos  estereótipos
que  se  estabeleceram  na  retratação  literária  do  ambiente
cearense. [239]
Teatro José de Alencar, patrimônio
nacional.
O  Ceará  também  possui  escritores  pós­modernistas  renomados,
embora,  em  sua  maior  parte,  pouco  conhecidos.  Podem­se  citar,
dentre eles, Pedro Salgueiro, Natércia Campos, Dimas Carvalho, Airton Monte, Tércia Montenegro, Raymundo
Netto, Vicente Freitas, Soares Feitosa, dentre outros. [240]

A  literatura  de  cordel  tem  destaque  nas  letras  cearenses  desenvolvendo­se  expressivamente  em  Juazeiro  do
Norte, desde as primeiras décadas do século XX.  Em  Fortaleza,  a  Literatura  de  Cordel  surgiu  no  período  da
Oligarquia  de  Nogueira  Accioly,  período  esse  em  que  circularam  alguns  folhetos  destratando  a  figura  do
governador cearense. Patativa do Assaré é um dos maiores destaques nesse tipo de literatura. [241]

Música

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O gênero musical mais identificado com o Ceará é o forró, em suas variadas formas, notadamente o tradicional
forró  pé­de­serra.  Nos  anos  1940,  o  cearense  Humberto  Teixeira  formou  uma  famosa  parceria  com  o
pernambucano Luiz Gonzaga, criando o baião, que se tornou muito
apreciado. [242] Uma das principais tradições da música cearense ­
e, principalmente, do Cariri ­ são também as bandas cabaçais, que
utilizam  pífanos,  zabumbas  e  pratos  e  frequentemente  fazem
acompanhar sua música com movimentos e acrobacias com facões,
com  destaque  para  a  Banda  Cabaçal  dos  Irmãos  Aniceto.  Outros
representantes tradicionais da música cearense são os seresteiros e
repentistas.

Dos  anos  1980  em  diante,  cresceu  bastante  o  chamado  forró


eletrônico,  que  adotou  novos  instrumentos  e  absorveu  muitas
influências  de  diversos  estilos  populares,  afastando­se  um  pouco
da  tradição  do  "pé­de­serra"  e  ganhando  grande  popularidade  no
estado. [243]

O  importante  momento  musical  dos  anos  1960,  no  qual


floresceram a MPB e o tropicalismo no Brasil, também teve grande
influência  no  Ceará,  onde  se  revelaram  artistas  como  Ednardo,
Rainha do Maracatu cearense em
Belchior, Fagner, Amelinha, J. Camelo Ponte e outros, alguns dos
desfile carnavalesco na cidade de
Caucaia. quais conseguiram projeção nacional, recebendo da crítica musical
o apelido de "pessoal do Ceará". [242]

Inusitadamente,  o  Ceará  tem  também  tido  certo  destaque  na  música  clássica  brasileira,  embora  aí  não
encontre grandes incentivos. Um dos mais destacados compositores clássicos brasileiros foi o cearense Alberto
Nepomuceno, considerado o "pai" do nacionalismo na música erudita do Brasil, [244] que em Fortaleza batiza o
Conservatório de Música Alberto Nepomuceno. Outro representante da música clássica foi o renomado regente
Eleazar de Carvalho,  um  dos  fundadores  da  Orquestra Sinfônica Brasileira  e  professor  de  maestros  célebres,
como Claudio Abbado e Zubin Mehta. [245] Em sua homenagem foi criada a Orquestra de Câmara Eleazar de
Carvalho. Nessa seara, há também iniciativas que unem a música à filantropia como a Orquestra Filarmônica
da Chapada do Araripe, [246] em Araripe e a Sociedade Lírica do Belmonte, [247] no Crato.

Religião
A religião é muito importante na cultura da maior parte dos cearenses, sendo um fator de extrema importância
na construção da identidade do povo do estado. O Cristianismo é a religião de hegemonia no Ceará e a Igreja
Católica é a confissão cristã que mais deixou marcas na cultura cearense. Foi a única reconhecida pelo governo
até  1883,  quando,  na  capital  do  Estado,  foi  fundada  a  Igreja  Presbiteriana  de  Fortaleza. [248]  A  confissão
católica cearense adota vários elementos de origem popular e apresenta influências de crenças indígenas. Uma
grande parcela das manifestações cristãs tradicionais no Ceará sofre forte influência do sincretismo religioso.

Durante todo o século XX, várias igrejas se instalaram no Estado e no final desse século houve um aumento
considerável de pessoas de outras religiões. Contudo, o Ceará é ainda o segundo estado brasileiro com maior
proporção de católicos, 85% da população, segundo dados de 2000. [249] Os evangélicos são 8,2%, os espíritas,
0,4%, os membros de outras religiões, 0,9%, e os sem religião, 3,7%. [250]

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O  catolicismo  tem  uma  extensa  rede  de  igrejas  e  organizações


religiosas  em  todo  o  Ceará.  A  Província  Eclesiástica  de  Fortaleza,
encabeçada  pela  Arquidiocese  de  Fortaleza,  lidera  oito  dioceses:
Quixadá,  Iguatu,  Tianguá,  Crato,  Crateús,  Limoeiro  do  Norte,
Sobral e Itapipoca. A Igreja Católica foi uma grande força política
no passado, sobretudo até a primeira metade do século XX,  época
em  que  organizações  católicas  influenciaram  decisivamente  os
rumos da política estadual. [251]

Estátua do Padre Cícero na colina
do Horto em Juazeiro do Norte.

Cada  um  dos  184  municípios  cearenses  possui  seu  padroeiro.  O A romaria em honra a São Francisco
padroeiro do Ceará é São José. O seu dia no calendário religioso, 19 das Chagas, em Canindé, é
de março, é feriado estadual. Segundo a tradição popular cearense e considerada a segunda maior
a tradição dos profetas da chuva, essa data tem grande significado, romaria do mundo. Cerca de 2,5
pois,  se  nesse  dia  houver  chuva,  o  "inverno"  (estação  chuvosa) milhões de romeiros franciscanos de
todo o país peregrinam até a
estará  garantido.  Do  contrário,  a  seca  estará  inegavelmente
Basílica de São Francisco das
caracterizada. [252]  Essa  data,  curiosamente,  coincide  com  o Chagas e Estátua de São Francisco.
equinócio.

A fé sertaneja, muitas vezes associada ao messianismo e marcada por profunda relação com os santos, rituais e
datas  religiosas,  foi  e  continua  sendo  bastante  influente  na  história  cearense  e  nos  costumes  e  festejos
cearenses.  A  cidade  de  Juazeiro  do  Norte  surgiu  de  um  assentamento  que,  sob  orientação  do  Padre  Cícero,
considerado pela fé popular um santo, tornou­se um local de peregrinação religiosa e, nos últimos anos, atrai
milhares de crentes de vários locais do Brasil. Outro local de grande peregrinação religiosa no Ceará é a cidade
de  Canindé  que  abriga  um  importante  santuário  em  devoção  a  São  Francisco,  considerado  o  maior  das
Américas. [253]  A  cidade  possui,  ainda,  a  maior  estátua  de  São  Francisco  do  mundo.  O  Santuário  Nossa
Senhora  Imaculada  Rainha  do  Sertão,  em  Quixadá,  tem  se  tornado  outro  centro  de  peregrinação  católica.
Também esta presente na devoção cearense a Festa do Senhor do Bonfim, em Icó, que reúne milhares de fiéis
defronte ao Santuário do Senhor do Bonfim.

Maçonaria e Rotary
A maçonaria chegou ao Ceará por meio de personagens ilustres da história. O governador Sampaio foi ativo na
luta  contra  os  revolucionários  maçons  da  Revolução  Pernambucana  de  1817  que  alcançaram  a  província.
Alguns  destes,  notadamente  os  ligados  a  família  Alencar,  foram  perseguidos  e,  em  1824,  durante  a
Confederação do Equador foram presos e executados, como Azevedo Bolão, Feliciano  Carapinima,  Francisco
Ibiapina e Padre Mororó. [47]

Consta  que  José  Martiniano  de  Alencar  manteve  reuniões  da  maçonaria  em  sua  residência  durante  seus
governos, mas não foi formalizada a criação de loja maçônica nesse período. A primeira loja maçônica foi a Luz
do Aracati, surgida em 1834, em Aracati, do Rito Escocês, subordinada ao Grande Oriente Lusitano. [254] A loja

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Fraternidade Cearense, criada em 1859, é a mais antiga ainda em funcionamento no estado. [255]

Atualmente  existem  várias  organizações  de  Obediências Maçônicas  no  estado,  destacando­se  a  Grande  Loja
Maçônica do Ceará, fundada em 1928, [256] sendo a primeira do gênero no estado, o Grande Oriente Estadual
do Ceará, fundado em 1937, [257] e o Grande Oriente do Ceará, fundado em 1973. [258]

Em 7 de maio de 1934, instala­se, solenemente, no prédio do Palace Hotel, o Rotary Club de Fortaleza, filiado
ao Rotary International, em ágape presidido por Lauro Barbosa, que empossou a primeira diretoria, tendo à
frente  Pedro  Philomeno  Ferreira  Gomes  e  Raimundo  Girão.  Na  ocasião,  foi  lançado  o  primeiro  número  do
Boletim do Rotary Club. [259]

Esporte
No Ceará, a vaquejada é muito popular e faz parte da raiz cultural
cearense. São realizadas anualmente mais de cem vaquejadas, além
do  hipismo,  que  também  é  bastante  popular,  notadamente  em
Fortaleza  e  Sobral,  cidades  com  grande  tradição  em  corridas  de
cavalo.  Sobral  tem  um  dos  clubes  de  hipismo  mais  antigos  do
Brasil,  o  Derby  Clube  Sobralense  fundado  em  1871. [261]  O  Jockey
Club Cearense, em Fortaleza, é outro centro tradicional de turfe no
Ceará. [262]
Estádio Castelão, o quarto maior
estádio do Brasil, sede da Copa das
O futebol é o esporte mais popular no estado. O Estádio Castelão é
Confederações FIFA 2013, Copa do
um  dos  maiores  do  Brasil  e  abriga  os  principais  jogos  do
Mundo FIFA 2014 e palco de vários
shows nacionais e Campeonato Cearense de Futebol. Na capital, os principais clubes
internacionais.[260] são  Ceará  Sporting  Club,  Ferroviário  Atlético  Clube  e  Fortaleza
Esporte  Clube.  No  interior,  Guarani  Esporte  Clube,  Guarany
Sporting  Club  e  Associação  Desportiva  Recreativa  Cultural  Icasa
são os mais bem sucedidos. Com a escolha do Brasil para sediar a
Copa  do  Mundo  FIFA  de  2014,  a  cidade  de  fortaleza  sagrou­se
como uma das sedes mais bem organizadas do torneio, além de ter
sido  uma  das  com  maior  movimentação  turística  estrangeira,  a
partir do esforço conjunto do Governo do Ceará e da Prefeitura de
Fortaleza. No futebol de salão, o Ceará foi destaque durante o início
da  Taça  Brasil  de  Futsal  com  o  time  Sumov  Atlético  Clube.  Em
Estádio Presidente Vargas, em decorrência de sua importância para o esporte, o estado é sede da
Fortaleza. Local de grandes disputas
Confederação Brasileira de Futebol de Salão. [263]
e tradicionais clássicos entre os
times locais.
O  Ceará  foi  o  primeiro  estado  do  Nordeste  a  ter  um  pista  de
automobilismo [264] com a construção do Autódromo Internacional
Virgílio Távora em 1969. Atualmente, abriga provas de várias categorias nacionais e locais tais, como Fórmula
Truck, Pick­up Racing, Fórmula 3 e CTM2000. O motociclismo tem seu espaço em várias modalidades, mas as
categorias  de  rali  são  as  mais  populares,  inclusive  no  automobilismo,  com  o  Rally  dos  Sertões,  evento  que
desperta  interesse  e  audiência  significativos  do  povo  cearense. [265]  Fortaleza  é,  inclusive,  um  dos  mais
tradicionais pontos de chegada do torneio.

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No  estado  se  pratica  quase  todas  as  modalidades  de  esportes  olímpicos.  Recentemente,  foram  criadas
federações  de  esportes  até  então  pouco  populares,  como  o  pentatlo  moderno, [266]  badminton  [267]  e
ginástica. [268]  Alguns  dos  esportes  populares  que  rendem  bons  atletas  são  o  vôlei  de  praia,  com  os  atletas
como Franco  Neto,  Shelda  Bede  e  Márcio  Araújo,  e  o  tênis  de  mesa,  com  o  atleta  Thiago  Monteiro,  o  atual
campeão brasileiro e pan­americano. [269]

Por ter um extenso litoral, o Ceará também tem destaque em esportes náuticos, como o beach soccer, kitesurf,
windsurf, wakeboard, sandboard e surf. Tita Tavares, por exemplo, é uma das maiores surfistas do Brasil. O
triatlon e mergulho também são atividades com boa organização e desenvolvimento no estado. Outros esportes
de aventura praticados no Ceará são o pára­quedismo, rappel, escalada, trekking, orientação e voo livre.  Em
Quixadá, cuja geografia é marcada por colinas e inselbergs, a prática de esportes como o rappel e o voo de asa­
delta ganharam destaque internacional. [270]

Entre  as  lutas,  vários  esportes  são  notavelmente  praticados,  destacando­se  o  wushu,  vale­tudo,  capoeira  e
taekwondo. Outras modalidades existentes são o boxe, aikido, hapkido, jiu­Jitsu, judô, karatê, kung  fu,  luta
de braço e wrestling. [263] O tiro esportivo é bem organizado, com vários clubes e atletas. [carece de fontes ?]

Está localizado em Fortaleza o Centro de Formação Olímpica do Nordeste. Como parte da Rede Nacional de
Treinamento do Ministério do Esporte criada como legado dos Jogos Olímpicos de 2016, o centro é responsável
pela  formação  e  desenvolvimento  esportivo  de  alto  rendimento  e,  anexo  à  Arena  Castelão,  forma  o  maior
complexo  esportivo  do  país,  com  313  000  m²  dedicados  a  26  modalidades  olímpicas.  Além  disso,  o  centro
abriga a maior arena indoor do país, com capacidade para 21 000 pessoas.

Festas e eventos
O Miss Ceará  é  um  dos  eventos  de  maior  tradição  do  estado.  Sua
primeira  edição  ocorreu  em  1955,  e  logo  com  a  eleição  de  Emília
Barreto Correia Lima como Miss Brasil, segunda eleita na história
do concurso. [271] Outra Miss Brasil do Ceará foi Flávia Cavalcanti
Rebelo, apesar de ser natural de Salvador, representava o Ceará na
competição nacional. Vanessa Vidal, Miss Ceará de 2008, ficou em
segundo  lugar  e  foi  a  primeira  concorrente  a  Miss  Brasil  com
deficiência auditiva. [272]

O  Cine  Ceará  é  um  dos  mais  importantes  festivais  de  cinema  do


Brasil. [273]  Acontece  em  Fortaleza,  anualmente,  desde  1991,  e,
desde 2006, o festival recebe produções internacionais. [274]

O  Fortal  é  uma  micareta  que  acontece  anualmente  desde  1991,


sempre no final de julho. Várias outras micaretas menores ocorrem
em cidades do interior. Um dos maiores festivais de música pop do Canindé, município com renomado
Brasil,  o  Ceará  Music,  que  acontece  anualmente  desde  2001 turismo religioso.
reunindo várias bandas nacionais e internacionais. [275]

A  maior  festa  religiosa  no  Ceará,  assim  como  em  grande  parte  do  Nordeste,  ocorre  em  junho,  com  as  festas
juninas.  Durante  esse  mês,  o  forró  é  o  ritmo  mais  ouvido  e  tocado  em  todo  o  estado  [242]  e  comidas  e
vestimentas típicas são comuns nas ruas e praças de quase todas as cidades, destacando­se Juazeiro do Norte,
com o Juaforró. O carnaval também é outra grande festa, com destaque para as folias organizadas nas cidades

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litorâneas.  Outra  grande  festa  religiosa  é  o  Halleluya  que  acontece  anualmente  desde  1995.  No  setor
agropecuário, o evento de destaque no Ceará é a ExpoCrato, considerado o maior evento do gênero no Norte­
Nordeste e o quinto maior do país, realizado anualmente em na cidade do Crato. [276]

Os dois principais espaços para realização de feiras, eventos e convenções do Ceará são o Centro de Eventos do
Ceará,  o  segundo  maior  do  Brasil,  e  o  Centro  de  Convenções  Edson  Queiroz. [277]  O  Siará  Hall  é  outro
importante espaço de eventos do Ceará. [278]

Ver também
Lista de municípios do Ceará
Lista de municípios do Ceará por população
Unidades federativas do Brasil

Referências
1.  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). «Área Territorial Oficial ­ Consulta por Unidade da
Federação» (http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/areaterritorial/principal.shtm). Consultado em 9 de
setembro de 2013. Cópia arquivada em 9 de outubro de 2014 (http://web.archive.org/web/20141009143842/h
ttp://www.ibge.gov.br/home/geociencias/areaterritorial/principal.shtm)
2.  «Estimativas da população residente no Brasil e Unidades da federação com data de referência em 1º de
julho de 2017» (ftp://ftp.ibge.gov.br/Estimativas_de_Populacao/Estimativas_2017/estimativa_dou_2017.pdf)
(PDF). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 28 de agosto de 2017. Consultado em 28 de agosto de
2017
3.  «Contas Regionais do Brasil 2016» (https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia­sala­de­imprensa/2013­ag
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4.  «Tábua completa de mortalidade para o Brasil – 2015» (ftp://ftp.ibge.gov.br/Tabuas_Completas_de_Mortalid
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em 2 de dezembro de 2016
5.  «Sinopse do Censo Demográfico 2010» (http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?dados=P6&u
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Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (http://www.ipece.ce.gov.br)
Fundação Cearense de Meteorologia (http://www.funceme.br)
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16/06/2019 Ceará – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Ceará

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