Apostila de Hardware I

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PARECER TÉCNICO

Eng. Clauderson Marchesan Biali


CREA/RS 167201
Engenheiro Mecânico
Engenheiro de Controle e Automação
IDENTIFICAÇÃO DE FALHAS E RETRABALHOS NOS SISTEMAS DE
DIREÇÃO E FREIOS

No dia trinta e um de janeiro de dois mil e quatorze compareci na Rua João


Trevisan, 1275, na cidade de Cachoeira do Sul, R.S, com o objetivo de efetuar
uma análise detalhada no sistema de direção e freios do veículo de
passageiros MB, a seguir devidamente identificado. Respeitosamente, venho
expor o seguinte no meu PARECER TÉCNICO:

1- VEÍCULO OBJETO DA ANÁLISE

O objeto desta análise trata-se de um veículo de transporte de passageiros


de fabricação nacional, da marca Mercedes Benz, modelo OH 1621 L Hobby
M, ano/modelo de fabricação 1998, com capacidade para 40 passageiros,
placas IHI 9585, chassi 9BM382069WB155795, registrado em nome da
empresa São João Transportes Razzera LTDA.

Foto 1- Número do chassi

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Foto 2- Vista frontal e placa do veículo

Foto 3- Vista lateral traseira

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2- CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Esta análise técnica foi executada no dia 31 de janeiro de 2014 na cidade


de Cachoeira do Sul, na Sede da empresa São João Transportes. Tal análise
teve como base as Normas Técnicas Brasileiras, da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), a NBR 14040, especificamente a NBR 14040-7
referente ao sistema de direção, e as NBR 14040-6, referente ao sistema de
freios, e a NBR 14040-1, referente aos tipos de inspeções, ambas de 1998.
O Parecer Técnico em questão tem como objetivo identificar possíveis
falhas mecânicas, retrabalhos e irregularidades nos sistemas de direção e
freios do veículo objeto deste parecer, já devidamente identificado. Para tanto
foi efetuada inspeção visual e mecanizada nos referidos sistemas, assim
classificadas tais inspeções pela NBR 14040-1:
inspeção visual: Avaliação feita através da observação visual e da atuação
sobre determinados comandos e componentes do veículo, verificando seu
funcionamento adequado ou se existem ruídos, vibrações anormais, folgas
excessivas, desgastes, trincas, vazamentos ou qualquer outra irregularidade que
possa provocar uma condição de perigo em sua circulação.
inspeção mecanizada: Avaliação realizada com o auxílio de equipamento
específico, que determina, através de medida, a condição de desempenho de
componentes e/ou sistemas do veículo.
sem defeito: Condição do item inspecionado, considerado em conformidade
com a respectiva Norma.
defeito: Condição do item inspecionado, considerado não conforme com a
respectiva Norma, devendo obrigatoriamente ser sanado, por configurar infração
à legislação.
defeito leve: Defeito que, por sua natureza, não afeta significativamente a
identificação e/ou a dirigibilidade e segurança do veículo.
defeito grave: Defeito que, por sua natureza, afeta a identificação e/ou as
condições de segurança do veículo, implicando em restrição à sua circulação,
até a devida reparação.

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3- SISTEMAS DE DIREÇÃO E FREIOS

3.1- Sistemas de direção


“A direção é composta por sistemas que convertem o movimento giratório executado
pelo motorista no volante de direção em movimento angular para as rodas direcionais
do veículo. O sistema de direção deve garantir uma orientação rápida e segura do
veículo”. Fonte: Bosch, Manual de Tecnologia Automotiva 25ª edição.

O sistema é do tipo Servodireção Hidráulica, no qual a força de


acionamento do sistema é exercida por uma fonte de energia constituída de
uma bomba de palhetas ou de engrenagens acionada pelo motor, com
regulador de fluxo de óleo integrado, reservatório de óleo, tubulações e
mangueiras. A bomba é dimensionada para que, mesmo em marcha lenta, o
fluxo de óleo permita ao motorista girar o volante.
Por questões de segurança e para um perfeito funcionamento deste
sistema ele não pode apresentar folgas excessivas, soldas, trincas,
vazamentos de óleo ou reparos inadequados e, também deve apresentar
rigidez adequada, ou seja, o veículo deve reagir à mínima correção do volante.

3.2- Sistemas de freio


“Conjunto de todos os sistemas que compõem o freio de um veículo e cuja finalidade
é reduzir ou manter sua velocidade, levando-o a imobilidade ou mantê-lo imóvel”.
Fonte: Bosch, Manual de Tecnologia Automotiva 25ª edição.

No freio do veículo, o sistema de ar comprimido é utilizado como meio de


fornecimento de energia e de transmissão de força. Cilindros de membrana
geram as forças de aplicação nos freios das rodas. Basicamente os sistemas
de freios a ar comprimido para veículos utilitários são constituídos por
compressor acionado pelo motor, regulador de pressão, reservatório de ar,
tubulações e cilindros de membrana. Em veículos utilitários médios e pesados
a força do pé do motorista não é suficiente para gerar uma desaceleração de
frenagem para o funcionamento normal e, na prática, é por esse motivo que se
usa o ar comprimido como energia armazenada para acionamento do freio de
serviço.

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Para um perfeito funcionamento do freio é imprescindível que o sistema de
ar comprimido não apresente vazamentos, o compressor seja capaz de atingir
a pressão de trabalho exigida para acionar os cilindros de membranas com
força necessária para promover uma desaceleração no veículo e/ou não
permitir sua movimentação. As sapatas ou lonas de freio, materiais de atrito,
não devem apresentar rachaduras, devem estar devidamente fixadas e
apresentar desgaste uniforme.

4- REALIZAÇÃO DO PARECER TÉCNICO

4.1- Dos procedimentos

A fim de efetuar uma análise satisfatória este profissional procedeu da


seguinte maneira:
1. Reunião com os responsáveis pela empresa São Transportes para
entender do objetivo deste parecer.
2. Posicionamento do veículo sobre uma rampa adequada para verificar
tubulações, mangueiras, reservatório de ar, válvulas, cilindros de
membranas e demais componentes dos sistemas de freio.
3. Remoção das rodas e tambores de freios para verificar a integridade e a
fixação das lonas de freio e demais componentes do sistema de cada
roda.
4. Verificação dos componentes mecânicos e hidráulicos dos sistemas de
direção através de inspeção visual e mecanizada a fim de verificar a
integridade e fixação destes componentes.
5. Promoção da movimentação do veículo para identificar possíveis
desconformidades nos sistemas de direção e de freio.

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4.2- Dos equipamentos utilizados

Foram utilizados neste trabalho dois Relógios Comparadores da marca


Mitutoyo (Foto 4), com resolução de 0,01mm cada, duas Bases Magnéticas
(Foto 4) e um Paquímetro (Foto 5), também da marca Mitutoyo, com resolução
de 0,01mm.
É importante que se explique o funcionamento dos equipamentos
utilizados para facilitar o entendimento das verificações efetuadas. O Relógio
Comparador por si só não efetua medições diretas. Conforme o nome sugere
ele compara medições com algum padrão, ou seja, a partir de um valor
conhecido determina-se a diferença da medida padrão com o objeto a ser
medido.

Relógio Comparador

Base Magnética

Foto 4- Relógio Comparador e base magnética

Já o Paquímetro fornece medidas diretas, sem a necessidade de padrão


algum; pode ser utilizado para medidas de espessuras e profundidades.

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Foto 5- Paquímetro

4.3- Da inspeção dos sistemas de direção

Como mencionado anteriormente, o sistema de direção deve responder


imediatamente ao movimento da direção; para tanto, deve estar livre de folgas
excessivas e apresentar rigidez adequada. Primeiramente efetuou-se inspeção
visual a fim de verificar a integridade dos sistemas hidráulicos, de fixação,
terminais, braços, articulações e barras de direção, linha do fluido hidráulico e
nível do reservatório deste fluido. Inspecionou-se também quanto a indícios de
reparos recentes neste sistema. As fotos 6 a 14 apresentam os componentes
inspecionados.

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Barra de direção.
Terminal de direção.

Foto 6- Barra de direção e terminal de direção.

Coluna de direção ao volante de


direção e articulação.

Barra de direção, do setor de


direção à coluna de direção.

Foto 7- Barra de direção até a coluna de direção.

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Barra de direção, do setor de
direção à coluna de direção
e articulação.

Setor de direção.

Barra de direção, do
setor de direção à Terminal de direção.
roda diant. esq.

Foto 8- Setor de direção, barras e terminal.

Barra de direção, do setor de


direção à roda diant. esq.

Terminal de direção, da barra do


setor à roda diant. esq.

Foto 9- Barra de direção, do setor de direção à roda dianteira esquerda.

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Fixação suporte coluna de direção

Suporte coluna de direção

Foto 10- Coluna de direção, fixação coluna e suporte.

Junção da coluna ao volante


de direção e articulação.

Barra coluna de direção ao


volante de direção

Foto 11- Barra da coluna de direção e junção da coluna.

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Foto 12- Volante de direção.

Setor de direção e tubulações

Foto 13- Setor de direção visto por trás

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Foto 14- Nível do fluido da direção.

Após uma inspeção visual criteriosa nos sistemas de direção do veículo,


não se identificou nenhum componente que apresentasse desconformidades.
Braços de direção, articulações e barras de direção estão em perfeitas
condições de uso. O sistema hidráulico não apresentou vazamentos nem
ruídos anormais e, ao se submeter o veículo a manobras, este respondeu
perfeitamente ao solicitado pelo motorista, inclusive sem a necessidade de
esforço excessivo. Como mencionado anteriormente, esta inspeção também
tem como objetivo identificar algum reparo recente nos sistemas de direção, tal
como soldas ou substituição de componentes. Finalizada a inspeção visual,
não foi possível identificar indícios de reparo ou retrabalho recentes nestes
sistemas.
Entende-se que um parecer técnico não deve ser baseado apenas em
inspeção visual, por isso houve a verificação da existência ou não de folgas
excessivas no sistema de direção utilizando os Relógios Comparadores e suas
Bases Magnéticas. Como dito anteriormente, o Relógio Comparador não efetua
medições diretas, é preciso se ter um padrão para então comparar com o valor
obtido através desta ferramenta.

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O objetivo de se utilizar estes equipamentos é o de comparar se há alguma
diferença entre as rodas direcionais no momento em que se efetua o
esterçamento através do volante de direção. O intuito desta comparação é o de
concluir se existe folga excessiva nos terminais de direção. O procedimento se
deu da seguinte forma: no final do sistema de direção, ou seja, em cada
terminal de direção junto às rodas direcionais, instalou-se um conjunto Relógio
Comparador/Base Magnética - a base instalada em um local fixo sem
interferência do sistema de direção e o relógio em contato com o terminal junto
à barra de direção. A Foto 15 ilustra esta disposição.

Foto 15- Comparativo das rodas direcionais.

Com os relógios devidamente ajustados e zerados movimentou-se o


volante de direção sem permitir que o mesmo retornasse a sua posição de
origem e se efetuou a leitura dos Relógios Comparadores conforme fotos 16 e
17, posição inicial, e, nas fotos 18 e 19, posição final.

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Foto 16- Conjunto lado esquerdo, inicial. Foto 17- Conjunto lado direito, inicial.

Foto 18- Conjunto lado esquerdo, final.

A leitura do Relógio Comparador da roda do lado esquerdo apresentou um


deslocamento de 0,40mm, leitura se deu no sentido anti-horário a partir da
origem do relógio.

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Foto 19- Conjunto lado direito, final.

Na roda do lado direito, ao contrário da roda do lado esquerdo, o sentido de


giro do Relógio Comparador é horário; a leitura do instrumento apresentou
0,31mm de deslocamento a partir da origem. Assim, tem-se uma diferença de
(0,40 – 0,31mm) de 0.09mm.
O procedimento descrito acima e ilustrado pelas fotos 16, 17, 18 e 19 foi
repetido três vezes e os resultados obtidos foram os seguintes:
I. Primeira comparação: 0,09mm
II. Segunda comparação: 0,08mm
III. Terceira comparação: 0,09mm
Como comprovado nas verificações e descrito acima, encontrou-se
diferença entre os Relógios Comparadores após movimentação do volante de
direção. A diferença constatada, por ser muito pequena, em nada compromete
a dirigibilidade e a segurança deste veículo já que não pode ser percebida no
volante de direção. Tal diferença pode ser atribuída às irregularidades na
superfície do sistema de direção onde a ponta de contato do Relógio
Comparador estava alojada.

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Outro item inspecionado foram as bandas de rodagem dos pneus
dianteiros por se entender que estão diretamente ligados a dirigibilidade do
veículo. Pode-se visualizar a partir das fotos 20 e 21 que a profundidade das
bandas centrais é de 9,62mm e 9,17mm nas bandas externas, bem a cima do
limite determinado por lei que é de 1,6mm. Pode-se observar também que o
desgaste está regular.

Foto 20- Profundidade bandas de rodagem pneus dianteiros.

Foto 21- Profundidade bandas de rodagem pneus dianteiros.

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Foto 22- Pneu dianteiro esquerdo. Foto 23- Pneu dianteiro direito.

4.3- Da inspeção dos sistemas de freios

Seguiu-se a mesma metodologia adotada nos sistemas de direção com o


sistema de freios, no qual, primeiramente, se efetuou inspeção visual nas
mangueiras, tubulações, reservatório de ar, conexões, material de atrito e
cilindros de membrana, quanto a trincas, fixação e desgaste irregular. As fotos
24 a 32 registram estes sistemas.

Foto 24- Pressão do sistema

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Foto 25- Freio dianteiro esquerdo. Foto 26- Freio dianteiro direito.

Foto 27- Freio traseiro direito. Foto 28- Freio traseiro esquerdo.

Foto 29- Rede de ar, vista 1. Foto 30- Rede de ar, vista 2.

Foto 31- Rede de ar, vista 3. Foto 32- Rede de ar, vista 4.

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Também com o objetivo de avaliar o sistema de freios, movimentou-se o
veículo no pátio da empresa para verificar o funcionamento do sistema. Este
não apresentou desconformidades. O compressor não apresentou ruído
anormal, a pressão de trabalho foi atingida e, depois de desligado o motor, o
sistema permaneceu pressurizado por um intervalo de tempo considerável,
indicando estanqueidade no sistema. O pedal do freio de serviço, quando
liberado, retornava imediatamente a posição de descanso.
O próximo passo foi medir a espessura das lonas de freio com o objetivo
de identificar possível desgaste irregular. As fotos 33 a 37 registram as
medições.

Foto 33- Profundidade lona de freio, 8,33mm posição 1.

20
Foto 34- Profundidade lona de freio, 8,40mm posição 2.

Foto 35- Profundidade lona de freio, 7,83mm posição 3.

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Foto 36- Profundidade lona de freio, 7,71mm posição 4.

Foto 37- Profundidade lona de freio, 7,91mm posição 5.

Depois de efetuadas as medições de profundidade nas posições


identificadas pelas fotos 33 a 37, não se constatou desconformidades nestes
componentes.

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5- ANEXO

Contribuindo com o trabalho realizado, apresento laudo fornecido pela


empresa São João Transportes Razzera LTDA, emitido em 04/09/2014,
elaborado pela empresa identificada na foto 38, o qual relata ausência de
irregularidades no veículo objeto deste trabalho.

Foto 38- Laudo de Inspeção Técnica

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6- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo realizado inspeção nos sistemas de direção e freios, não foram


identificadas quaisquer desconformidades nos sistemas inspecionados que
pudessem interferir na dirigibilidade do veículo examinado. Não foram
identificadas, também, evidências que pudessem sugerir a substituição de
componentes ou retrabalhos recentes nestes sistemas. Assim, de acordo com
a NBR 14040-1 de 1988, pode-se considerar os itens inspecionados “sem
defeito”.

7- FINALIZAÇÃO

Este Parecer é composto por vinte e quatro (24) páginas impressas em um


só lado, todas rubricadas e a última assinada.

Porto Alegre 16 de fevereiro de 2014

Eng. Clauderson Marcehsan Biali


CREA/RS 167201

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