Terapia - Insuficiencia Respiratoria Aguda
Terapia - Insuficiencia Respiratoria Aguda
Terapia - Insuficiencia Respiratoria Aguda
Documento Científico
Departamento Científico de Terapia Intensiva
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Insuficiência Respiratória Aguda
• Pela localização anatômica – via aérea: Alta (su- o Hipóxia circulatória: diminuição da perfusão
perior) ou baixa (inferior) tissular. Ex. choque
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Departamento Científico de Terapia Intensiva • Sociedade Brasileira de Pediatria
Quadro clínico
O quadro clínico da insuficiência respira- to do volume minuto (Vol Min) como mecanismo
tória pode variar de acordo com a etiologia e a compensatório. Sabe-se que o Vol Min = Volume
faixa etária da criança. No lactente os sinais e corrente (VC) X frequência respiratória (FR). No
sintomas são mais exuberantes do que no ado- VC inclui-se também o espaço morto (EM) onde
lescente. No entanto, há um ponto em comum: a não ocorre a troca gasosa. Vol min = (VC-EM)X
TAQUIPNEIA. Este é o sinal clínico mais precoce FR. A BRADIPNEIA e a APNEIA são sinais de maior
em qualquer idade, uma vez que para manter a gravidade e mais tardios.3,4,6
oxigenação próxima ao normal ocorre o aumen- Seguem abaixo os valores normais da FR (tabela 3)
Outros sinais e sintomas respiratórios: disp- um sinal de alerta importante de fadiga. Cianose
neia, tiragens intercostais e subdiafragmáticas, é um sinal tardio, principalmente em pacientes
tiragens de fúrcula, batimento de asa de nariz, di- com anemia.
minuição ou ausência dos sons respiratórios são
Sinais cardiovasculares como taquicardia ou
comuns no desconforto respiratório de qualquer
bradicardia, hipotensão, hipertensão, má perfu-
etiologia. O estridor está presente em obstruções
são periférica e pulso paradoxal indicam maior
da via aérea superior, sibilos nas obstruções de
gravidade.
via aérea inferior e crepitações nas doenças do
parênquima pulmonar. O gemido (fechamento Sinais gerais como irritação, sonolência, fadi-
da glote para aumentar a capacidade residual) é ga e sudorese também podem estar presentes.
Os exames complementares devem ser orien- A gasometria arterial é muito útil na avalia-
tados de acordo com a suspeita diagnóstica da ção da oxigenação, ventilação e metabolismo
doença que ocasionou a IRpA. O Raio-X de tórax celular. Auxilia também na diferenciação do pro-
pode auxiliar na confirmação dos achados clínicos cesso agudo ou crônico. A oximetria de pulso é
de uma pneumonia, atelectasias, derrame pleural um bom parâmetro para a monitorização con-
e avaliar complicações das intervenções/procedi- tínua e para avaliação da resposta imediata da
mentos, como o pneumotórax. oxigenoterapia.
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Insuficiência Respiratória Aguda
Monitorização da oxigenação
Tratamento
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Se o paciente apresenta ventilação espontâ- (VM) no qual se fornece pressão positiva contínua
nea não efetiva ou estiver inconsciente deve-se (CPAP) ou dois níveis de pressão (BIPAP) através
proceder à ventilação assistida com o dispositivo de uma interface (máscara ou pronga). Melhora o
bolsa valva-máscara com reservatório. A FiO2 per- desconforto respiratório, com incremento na oxi-
manece próxima de 100% se a máscara estiver genação e na ventilação. Existem vários estudos
bem acoplada na face. Os pacientes com doença mostrando benefício do uso em IRpA e parece uma
pulmonar crônica e retenção crônica de CO2 per- boa alternativa para evitar a VM. O sucesso da apli-
dem o estímulo hipercapinico do centro respi- cação da VNI depende da seleção adequada do pa-
ratório. São pacientes dependentes do estímulo ciente e o momento “ideal” para o seu início.
hipóxico e necessitam de titulação da oxigenote-
VENTILAÇÃO MECÂNICA
rapia e, portanto, não se pode utilizar os disposi-
tivos de alto fluxo nestes pacientes. Está indicada quando há falhas nas tentativas
anteriores de fornecer oxigenação e ventilação
CÂNULA NASAL DE ALTO FLUXO
adequadas.
É um sistema que oferece oxigênio aquecido
3) Otimizar o suporte cardiovascular
(37°C) e umidificado (100% de umidade relativa)
com um sistema que emprega altas taxas de fluxo Há uma relação direta entre o sistema respi-
e gera uma pressão positiva na via aérea. Vários ratório e o cardiovascular. Na insuficiência respi-
estudos indicam bons resultados do suporte ven- ratória aguda moderada a grave qualquer dispo-
tilatório com as cânulas de alto fluxo, especial- sitivo pressórico utilizado (VNI ou VM) diminui o
mente, em crianças com bronquiolite aguda, im- retorno venoso, podendo diminuir o débito cardí-
pedindo a evolução para a ventilação mecânica. aco. As patologias pulmonares podem determinar
Com o alto fluxo ocorre uma redução do espaço- a secreção inapropriada de hormônio antidiuréti-
-morto, com aumento da oferta de oxigênio e di- co. Um dos desafios é manter o equilíbrio na flui-
minuição do PCO2 no alvéolo. Parece uma alterna- doterapia, pois o excesso de fluidos pode acarre-
tiva promissora em pediatria.13-15 tar em pior prognóstico na evolução da IRpA.16
É uma alternativa de suporte respiratório que O tratamento será direcionado para o evento
se utiliza antes de optar pela ventilação mecânica que determinou a IRpA.
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Insuficiência Respiratória Aguda
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Triênio 2016/2018