PARACLETOLOGIA

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PARACLETOLOGIA

INTRODUÇÃO
A doutrina do Espírito Santo, a julgar pelo lugar que ocupa nas Escrituras, está em
primeiro lugar entre as verdades redentoras.
Com exceção das Epístolas 2 e 3 de João, todos os livros do Novo Testamento
contêm referências à obra do Espírito; todos os Evangelhos começam com uma
promessa do derramamento do Espírito Santo.
No entanto, é reconhecida como a doutrina mais negligenciada. O formalismo e um
medo indevido do fanatismo têm produzido uma reação contra a ênfase na obra do
Espírito na experiência pessoal.
Naturalmente, este fato resultou em decadência espiritual, pois não pode haver um
Cristianismo vivo sem o Espírito. Somente ele pode fazer real o que a obra de Cristo
possibilitou. Inácio, grande pastor da igreja primitiva, disse: A graça do Espírito põe a
maquinaria da redenção em conexão vital com a alma. Parte do Espírito, a cruz
permanece inerte, uma imensa máquina parada, e em volta dela permanecem imóveis
as pedras do edifício. Somente quando se colocar a "corda" é que se poderá proceder
à obra de elevar a vida do indivíduo, pela fé, e pelo amor, para alcançar o lugar
preparado para ela na igreja de Deus.

I. Definindo o termo PARACLETOLOGIA


Paracletologia é uma palavra formada por duas palavras gregas: paracletos (que
significa. Ajudador, Consolador, advogado) e Logia (que significa estudo, doutrina). A
Paracletologia estuda de uma forma sistemática tudo o que se refere ao Espírito Santo
(chamado por Jesus de Consolador). A Paracletologia também é conhecida como
Pnematologia.
A Paracletologia divide-se, na Bíblia em dois períodos: o do Antigo e do Novo
Testamento. No AT, as atividades e as manifestações do Espírito Santo eram
esporádicas, específicas e em tempos distintos. No N.T., começa no dia de
Pentecostes, quando suas atividades se concretizam de maneira direta e contínua
através da Igreja. No AT, Ele se manifestava em circunstâncias especiais. No N.T.,
veio para morar nos corações dos crentes e enche-los do seu poder.

II. A natureza do Espírito Santo.


Quem é o Espírito Santo? A resposta a esta pergunta encontrar-se-á no estudo dos
nomes que lhe foram dados, os símbolos que ilustram suas obras.

1. Os nomes do Espírito Santo.

(a) Espírito de Deus. O Espírito é o executivo da Divindade, operando tanto na esfera


física como na moral. Por intermédio do Espírito, Deus criou e preserva o universo.
Por meio do Espírito — "o dedo de Deus" (Luc. 11:20) — Deus opera na
esfera espiritual, convertendo os pecadores, santificando e sustentando os crentes.

1) é o Espírito Santo divino no sentido absoluto? Sim. Prova-se sua divindade pelos
seguintes fatos: Atributos divinos lhe são aplicados; ele é eterno, onipresente,
onipotente, e onisciente (Heb. 9:14; Sal. 139:7-10; Luc. 1:35; 1 Cor. 2:10,11).
Obras divinas lhe são atribuídas, como sejam: criação, regeneração e ressurreição
(Gen. 1:2; Jo 33:4; João 3:5-8; Rom. 8:11). é classificado junto com o Pai e o Filho (1
Cor. 12:4-6; 2 Cor. 13:13; Mat. 28:19; Apoc. 1:4).

2) O Espírito Santo é uma pessoa ou é apenas uma influência? Muitas vezes


descreve-se o Espírito duma maneira impessoal — como o Sopro que preenche, a
Unção que unge, e o Fogo que ilumina e aquece, a Água que é derramada e o Dom
do qual todos participam. Contudo, esses nomes são meramente descrições das suas
operações. Descreve-se o Espírito duma maneira que não deixa dúvida quanto à sua
personalidade. Ele exerce os atributos de personalidade: tem mente (Rom. 8:27);
vontade (1 Cor. 12:11); sentimento (Efés 4:30). Atividades pessoais lhe são atribuídas:
Ele revela (2 Ped. 1:21); ensina (João 14:26); clama (Gál. 4:6); intercede (Rom. 8:26);
fala (Apo. 2:7); ordena (Atos 16:6,7); testifica (João 15:26). Ele pode ser entristecido
(Efés. 4:30); contra ele se pode mentir (Atos 5:3), e blasfemar (Mat. 12:31,32). Sua
personalidade é indicada pelo fato de que se manifestou em forma visível de pomba
(Mat. 3:16) e pelo fato de que ele se distingue dos seus dons (1 Cor. 12:11). Alguns
talvez tenham negado a personalidade do Espírito porque ele é descrito como tendo
corpo ou forma. Mas é preciso distinguir a personalidade e a forma corpórea (possuir
corpo). A personalidade é aquilo que possui inteligência, sentimento e vontade; ela
não requer necessariamente um corpo. Além disso, a falta duma forma definida não é
argumento contra a realidade. O vento é real apesar de não possuir forma. (João 3:8.)
Não é difícil formar um conceito de Deus Pai ou do Senhor Jesus Cristo, mas alguns
têm confessado certa dificuldade em formar um conceito claro do Espírito Santo. A
razão é dupla: Primeiro, nas Escrituras as operações do Espírito são invisíveis,
secretas, e internas; segundo, o Espírito Santo nunca fala de si mesmo nem apresenta
a si mesmo. Ele sempre vem em nome de outro. Ele se oculta atrás do Senhor Jesus
Cristo e nas profundezas do nosso homem interior. Ele nunca chama a atenção para si
próprio, mas sempre para a vontade de Deus e para a obra salvadora de Cristo. "não
falar de si mesmo" (João 16:13).

3) é o Espírito Santo uma personalidade distinta e separada de Deus? Sim; o Espírito


procede de Deus, é enviado de Deus, é dom de Deus aos homens. No entanto, o
Espírito não é independente de Deus. Ele sempre representa o único Deus operando
nas esferas do pensamento, da vontade, da atividade. O fato de o Espírito poder ser
um com Deus e ao mesmo tempo ser distinto de Deus é parte do grande mistério da
Trindade.

(b) Espírito de Cristo. (Rom. 8:9.) não há nenhuma distinção especial entre as
expressões Espírito de Deus, Espírito de Cristo, e Espírito Santo. Há somente um
Espírito Santo, da mesma maneira como há somente um Deus e um Filho. Mas o
Espírito Santo tem muitos nomes que descrevem seus diversos ministérios. Por que o
Espírito é chamado o Espírito de Cristo?
1) Porque ele é enviado em nome de Cristo (João 14:26).
2) Porque ele é o Espírito enviado por Cristo. O Espírito Santo é chamado Espírito de
Cristo porque sua missão especial nesta época é a de glorificar a Cristo (João 16:14).
Sua obra especial acha-se em conexão com aquele que viveu, morreu, ressuscitou e
ascendeu ao céu. Ele torna real nos crentes o que Cristo fez por eles.
4) O Cristo glorificado está presente na igreja e nos crentes pelo Espírito Santo. O
Espírito Santo torna possível e real a onipresença de Cristo no mundo (Mat. 18:20) e
sua habitação nos crentes.

(c) O Consolador. Esse é o título dado ao Espírito no Evangelho de João, capítulos 14


a 17. Um estudo de fundo histórico destes capítulos revelará o significado do dom. Os
discípulos haviam tomado sua última ceia com o Mestre. Os seus corações estavam
tristes pensando na sua partida, e estavam oprimidos pelo sentimento de fraqueza e
debilidade. Quem nos ajudará quando ele partir? Quem nos ensinará e nos guiará ?
Quem estará conosco quando pregarmos e ensinarmos? Como poderemos enfrentar
um mundo hostil? Cristo aquietou esses temores infundados com esta promessa: "Eu
rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para
sempre" (João 14:16). A palavra "Consolador" ("parácleto", no grego) significa alguém
chamado para ficar ao lado de outrem, com o propósito de ajudá-lo em qualquer
eventualidade, especialmente em processos legais e criminais. Era costume nos
tribunais antigos, as partes aparecerem no tribunal assistidas por um ou mais dos seus
amigos mais prestigiosos, que no grego chamavam, "parácleto", e em
latim, "advocatus". Estes assistiam seus amigos, não pela recompensa
ou remuneração, mas por amor e consideração; a vantagem da sua presença pessoal
era a ajuda dos seus sábios conselhos. Eles orientavam seus amigos quanto ao que
deviam dizer e fazer; falavam por eles; representavam-nos, faziam da causa de seus
amigos sua própria causa; amparavam-nos nas provas, dificuldades, e perigos da
situação. Foi essa também a relação do Senhor Jesus com seus discípulos durante
seu ministério na terra, e naturalmente eles sentiam tristeza ao pensarem na sua
partida. Mas ele os consolou com a promessa de outro Consolador que seria seu
defensor, seu ajudador e instrutor durante a sua ausência. O Espírito Santo é
chamado "outro" Consolador porque seria ele, em forma invisível aos discípulos,
justamente o que Jesus lhes havia sido em forma visível. A palavra "outro" faz
distinção entre o Espírito Santo e Jesus; no entanto, coloca-os no mesmo nível. Jesus
enviou o Espírito; mas, Jesus vem espiritualmente a seus discípulos pelo Espírito.

(d) Espírito Santo. Ele é chamado santo, porque é o Espírito do Santo, e porque sua
obra principal é a santificação. Necessitamos dum Salvador por duas razões: para
fazer alguma coisa por nós, e alguma coisa em nós. Jesus fez o primeiro ao morrer
por nós; e pelo Espírito Santo ele habita em nós, transmitindo às nossas almas a sua
vida divina. O Espírito Santo veio para reorganizar a natureza do homem e para opor-
se a todas as suas tendências más.

(e) Espírito da promessa. O Espírito Santo é chamado assim porque sua graça e seu
poder são umas das bênçãos principais prometidas no Antigo Testamento. (Ezeq.
36:7; Joel 2:28.) A prerrogativa mais elevada de Cristo, ou o Messias, era a
de conceder o Espírito, e esta prerrogativa Jesus a reivindicou quando disse: "Eis que
sobre vos envio a promessa de meu Pai" (Luc. 24:49; Gál. 3:14).

(f) Espírito da verdade. O propósito da Encarnação foi revelar o Pai; a missão do


Consolador é revelar o Filho. O Espírito Santo é o Intérprete de Jesus Cristo. Ele não
oferece uma nova e diferente revelação, mas abre as mentes dos homens para verem
o mais profundo significado da vida e das palavras de Cristo. Como o Filho não falou
de si mesmo, mas falou o que recebeu do Pai, assim o Espírito não fala de si mesmo,
como se fosse fonte independente de conhecimento, mas declara o que ouviu daquela
vida íntima da Divindade.

(g) Espírito da graça. (Heb. 10:29; Zac. 12:10.) O Espírito Santo dá graça ao homem
para que se arrependa, quando peleja com ele; concede o poder para santificação,
perseverança e serviço. Aquele que trata com desdém ao Espírito da graça, afasta o
único que pode tocar ou comover o coração, e assim se separa a si mesmo da
misericórdia de Deus.

(h) Espírito da vida. (Rom. 8:2; Apoc. 11:11.) Um credo antigo dizia: "creio no Espírito
Santo, o Senhor, e Doador da vida." O Espírito é aquela Pessoa da Divindade cujo
oficio especial é a criação e a preservação da vida natural e espiritual.

(i) Espírito de adoção; (Rom. 8:15.) Quando a pessoa é salva, não somente lhe é dado
o nome de filho de Deus, e adotada na família divina, mas também recebe "dentro de
sua alma o conhecimento de que participa da natureza divina. Assim escreve o bispo
Andrews: "Como Cristo é nossa testemunha no céu, assim aqui na terra o Espírito
testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus"

2. Símbolos do espírito.
Os seguintes símbolos são empregados para descrever as operações do Espírito
Santo:
(a) Fogo. (Isa. 4:4; Mat. 3:11; Luc. 3:16.) O fogo ilustra a limpeza, a purificação, a
intrepidez ardente, e o zelo produzido pela unção do Espírito. O Espírito é comparado
ao fogo porque o fogo aquece, ilumina, espalha-se e purifica. (Vide Jer. 20:9.)

(b) Vento. (Ezeq. 37:7-10: João 3:8; Atos 2:2.) O vento simboliza a obra regeneradora
do Espírito e é indicativo da sua misteriosa operação independente, penetrante,
vivificante e purificante.

(c) água. (Êxo. 17:6; Ezeq. 36:25-27; 47:1; João 3:5; 4:14; 7:38, 39.) O Espírito é a
fonte da água viva, a mais pura, e a melhor, porque ele é um verdadeiro rio de vida —
inundando as nossas almas, e limpando a poeira do pecado. O poder do
Espírito opera no reino espiritual o que a água faz na ordem material. A água purifica,
refresca, sacia a sede, e torna frutífero o estéril. Ela purifica o que está sujo e restaura
a limpeza. É um símbolo adequado da graça divina que não somente purifica a alma
mas também lhe acrescenta a beleza divina. A água é um elemento indispensável na
vida física; o Espírito Santo é um elemento indispensável na vida espiritual. Qual é o
significado da expressão "água viva"? é viva em contraste com as águas fétidas de
cisternas e brejos: é água que salta, correndo sempre da sua fonte, sempre
evidenciando vida. Se essa água for detida num reservatório, interrompida sua
corrente, separada da sua fonte, já não se pode dizer que é água viva. Os cristãos têm
a "água viva" na proporção em que estiverem em contato com a fonte divina em
Cristo.

(d) Selo. (Efés. 1:13; 2 Tim. 2:19.) Essa ilustração exprime os seguintes pensamentos:
1) Possessão. A impressão dum selo dá a entender uma relação com o dono do selo,
e é um sinal seguro de algo que lhe pertence. Os crentes são propriedade de Deus,
e sabe-se que o são pelo Espírito que neles habita. O seguinte costume era comum
em Éfeso no tempo de Paulo. Um negociante ia ao porto selecionar certa madeira e
então a marcava com seu selo — um sinal de reconhecimento da possessão. Mais
tarde mandava seu servo com o selo, e ele trazia a madeira que tivesse a
marca correspondente. (Vide 2 Tim. 2: 19.)
2) A idéia de segurança também está incluída. (Efés. 1:13. Vide Apo. 7:3.) O Espírito
inspira um sentimento de segurança e certeza no coração do crente. (Rom. 8:16). Ele
é o penhor ou as primícias da nossa herança celestial, uma garantia da
glória vindoura. Os crentes têm sido selados, mas devem ter cuidado que ao façam
alguma coisa que destrua a impressão do selo. (Efés. 4:30.)
(e) Azeite. O azeite é, talvez, o mais comum e mais conhecido símbolo do Espírito.
Quando se usava o azeite no ritual do Antigo Testamento, falava-se de utilidade,
frutificação, beleza, vida e transformação. Geralmente era usado como alimento, para
iluminação, lubrificação, cura, e alivio da pele. Da mesma maneira, na ordem
espiritual, o Espírito fortalece, ilumina, liberta, cura e alivia a alma.

(f) Pomba. A pomba, como símbolo, significa brandura, doçura, amabilidade,


inocência, suavidade, paz, pureza e paciência. Entre os sírios é emblema dos poderes
vivificantes da natureza. Uma tradição judaica traduz Gên. 1:2 da seguinte maneira.
"O Espírito de Deus como pomba pousava sobre as águas." Cristo falou da pomba
como a encarnação da simplicidade, uma das belas características dos seus
discípulos.

III. O Espírito no Antigo Testamento


O Espírito Santo é revelado no Antigo Testamento de três maneiras: primeira, como
Espírito criador ou cósmico, por cujo poder o universo e todos os seres foram criados;
segunda, como o Espírito dinâmico ou doador de poder; terceira, como Espírito
regenerador, pelo qual a natureza humana é transformada.

1. Espírito criador.
O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Trindade por cujo poder o universo foi criado.
Ele pairava por sobre a face das águas e participou da glória da criação. (Gên. 1:2; Jo
26:13; Sal. 33:6; 104:30.) O Dr. Denio escreve: O Espírito Santo, como
Divindade inseparável em toda a criação, manifesta sua presença pelo que chamamos
as leis da natureza. Ele é o princípio da ordem e da vida, o poder organizador da
natureza criada. Todas as forças da natureza são apenas evidências da presença e
operação do Espírito de Deus. As forças mecânicas, a ação química, a vida orgânica
nas plantas e nos animais, a energia relativa à ação nervosa a inteligência e a conduta
moral são apenas evidências da imanência de Deus, da qual o Espírito Santo é o
agente. O Espírito Santo criou e sustenta o homem. (Gên. 2:7; Jo 33:4.)
Toda pessoa, seja ou não servo de Deus, é sustentada pelo poder criador do Espírito
de Deus. (Dan. 5:23; Atos 17:28.) A existência do homem é como o som da tecla do
harmônio que dura tão-somente enquanto o dedo do artista a comprime. O homem
deve a sua existência e a continuação desta às "duas mãos de Deus", isto é, o Verbo
(João 1:1-3), e o Espírito. Foi a esses que Deus se dirigiu dizendo: "Façamos o
homem."

2. Espírito dinâmico que produz.


O Espírito Criador criou o homem a fim de formar uma sociedade governada por Deus;
em outras palavras, o reino de Deus. Depois que entrou o pecado e a sociedade
humana foi organizada à parte de Deus e em oposição à sua pessoa, Deus começou
de novo ao chamar o povo de Israel, organizando-o sob suas leis, e assim
constituindo-o como reino de Jeová . (2 Crôn. 13:8.) Ao estudar a história de Israel
lemos que o Espírito Santo inspirou certos homens para governar e guiar os membros
desse reino e para dirigir seu progresso na vida de consagração. A operação dinâmica
do Espírito criou duas classes de ministros: primeira, obreiros para Deus — homens
de ação, organizadores, executivos; segunda, locutores para Deus — profetas e
mestres.
(a) Obreiros para Deus. Como exemplos de obreiros inspirados pelo Espírito,
mencionamos Josué (Num. 27:8-21); Otoniel (Juízes 3:9-10; José (Gên.41:38-40);
Bezaleel (Êxo. 35:30-31); Moisés (Num. 11:16,17); Gideão (Jui. 6:34), Jefté (Jui
11:29); Sansão (Jui. 13:24,25); Saul (1 Sam. 10:6). É muito provável que, à luz desses
exemplos, os dirigentes da igreja primitiva insistissem em que aqueles que serviam às
mesas deviam ser cheios do Espírito Santo (Atos 6:3).

(b) Locutores de Deus. O profeta de Israel, podemos dizer, era um locutor de Deus —
um que recebia mensagens de Deus e as entregava ao povo. Ele estava cônscio do
poder celestial que descia sobre ele de tempos em tempos capacitando-o para
pronunciar mensagens não concebidas por sua própria mente, característica que o
distinguia dos falsos profetas. (Ezeq. 13:2.) A palavra "profeta" indica inspiração,
originada duma palavra que significa "borbulhar" — um testemunho à eloqüência
torrencial que muitas vezes manava dos lábios dos profetas. (Vide João 7:38.)
1) As expressões empregadas para descrever a maneira como lhes chegava a
inspiração mostram que essa inspiração era repentina e de modo sobrenatural. Ao
referirem-se à origem de seu poder, os profetas diziam que Deus "derramou" seu
Espírito, "pôs seu Espírito sobre eles", "deu" seu Espírito, "encheu-os do seu Espírito",
e "pôs seu Espírito" dentro deles. Descreveram a variedade de influência, declaram
que o Espírito "estava sobre eles", "descansava sobre eles", e os "tomava". Para
indicar a influência exercida sobre eles, diziam que estavam "cheios do Espírito",
"movidos" pelo Espírito, "tomados" pelo Espírito, e que o Espírito falava por
meio deles.
2) Quando um profeta vaticinava, às vezes estava em estado conhecido como
"êxtase" — estado pelo qual a pessoa fica elevada acima da percepção comum e
introduzida num domínio espiritual, no domínio profético. Ezequiel disse: "A mão
do Senhor (o poder do Senhor Deus) caiu sobre mim ... e o Espírito me levantou entre
a terra e o céu, e me trouxe a Jerusalém em visões de Deus" (Ezeq. 8:1-3). É muito
provável que Isaias estivesse nessa condição quando viu a glória de Jeová (Isa. 6).
João o apóstolo declara que foi "arrebatado em espírito no dia do Senhor" (Apo.?. Vide
Atos 22:17.) As expressões usadas para descrever a inspiração e o êxtase
dos profetas são semelhantes àquelas que descrevem a experiência do Novo
Testamento de "ser cheio" ou "batizado" com o Espírito. (Vide o livro de Atos.) Parece
que nessa experiência o Espírito tem um impacto tão direto sobre o espírito humano,
que a pessoa fica como que arrebatada a uma experiência na qual pronuncia
uma linguagem extática.
3) Os profetas nem sempre profetizavam em estado extático; a expressão "veio a
Palavra do Senhor" dá a entender que a revelação veio por uma iluminação
sobrenatural da mente. A mensagem divina pode ser recebida e entregue em qualquer
das duas maneiras.
4) O profeta não exercia o dom à sua discrição; a profecia não foi produzida "por
vontade de homem" (2 Ped. 1:21). Jeremias disse que não sabia que o povo estava
maquinando contra ele (Jer. 11:19). Os profetas nunca supuseram, nem tampouco os
israelitas jamais creram, que o poder profético fosse privilégio de algum homem como
dom permanente e sem interrupção para ser usado à sua própria vontade.
Entenderam que o Espírito era um agente pessoal e, portanto, a inspiração era
proveniente da soberana vontade de Deus. Os profetas podiam, porém, pôr-se numa
condição de receptividade ao Espírito (2 Reis 3:15), e em tempos de crise podiam
pedir direção a Deus.

3. Espírito regenerador.
Consideraremos as seguintes verdades relativas ao Espírito regenerador. Sua
presença é registrada no Antigo Testamento, porém não é acentuada; seu
derramamento é descrito, principalmente como uma bênção futura, em conexão com a
vinda do Messias; e mostra características distintas.

(a) Operativo mas não acentuado. O Espírito Santo no Antigo Testamento é descrito
como associado à transformação da natureza humana. Em Isa. 63:10,11 faz-se
referência ao êxodo e à vida no deserto. Quando o profeta diz que Israel contristou o
seu santo Espírito, ou quando se diz que deu seu "bom Espírito" para os instruir (Nee.
9:20), refere-se ao Espírito como quem inspira a bondade. (Vide Sal. 143:10.) Davi
reconhecia o Espírito como presente em toda a parte, aquele que esquadrinha os
caminhos dos homens, e revela, à luz de Deus, os esconderijos mais escuros de suas
vidas. Depois de cometer seu grande pecado, Davi orou para que o Espírito Santo de
Deus, a Presença santificadora de Deus, aquele Espírito que influencia o caráter, não
lhe fosse tirado (Sal. 51:11). Esse aspecto, porém, da obra do Espírito não é
acentuado no Antigo Testamento. O nome Espírito Santo ocorre somente três vezes
no Antigo Testamento, mas oitenta e seis no Novo, sugerindo que no Antigo
Testamento a ênfase está sobre operações dinâmicas do Espírito, enquanto no Novo
Testamento a ênfase está sobre o seu poder santificador.

(b) Sua concessão representa uma bênção futura. O derramamento geral do Espírito
como fonte de santidade é mencionado como acontecimento do futuro, uma das
bênçãos do prometido reino de Deus. Em Israel o Espírito de Deus era dado a certos
lideres escolhidos, e indubitavelmente quando havia verdadeira piedade, tal se devia à
obra do seu Espírito. Mas em geral, a massa do povo inclinava-se para o paganismo e
para a iniqüidade. Embora de tempos em tempos fossem reavivados pelo ministério de
profetas e reis piedosos, era evidente que a nação era má de coração e que era
necessário um derramamento geral do Espírito para que voltassem a Deus. Tal
derramamento foi predito pelos profetas, que falaram que o Espírito Santo seria
derramado sobre o povo numa medida sem precedentes. Jeová purificaria os
corações do povo, poria seu Espírito dentro deles, e escreveria a sua lei em seu
interior. (Ezeq. 36:25-29; Jer. 31:34.)

(c) Em conexão com a vinda do Messias, o grande derramamento do Espírito Santo


teria por ponto culminante a Pessoa do Messias-Rei, sobre o qual o Espírito de Jeová
repousaria permanentemente na qualidade de Espírito de sabedoria e entendimento,
de conhecimento e temor santo, conselho e poder. Ele seria o Profeta perfeito que
proclamaria as Boas-Novas de libertação, de cura divina, de consolo e de gozo.

(d) Exibindo características especiais. Talvez este seja o lugar de inquirir acerca do
significado da declaração: "porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda
Jesus não ter sido glorificado". João certamente não queria dizer que nos tempos
do Antigo Testamento ninguém haja experimentado manifestações do Espírito; todo
judeu sabia que as poderosas obras dos dirigentes de Israel e as mensagens dos
profetas eram provenientes das operações do Espírito de Deus. Evidentemente ele se
refere a certos aspectos da obra do Espírito que não eram conhecidos
nas dispensações anteriores. Quais são, então, as características distintas da obra do
Espírito na presente dispensasão?
1) O Espírito ainda não havia sido dado como o Espírito do Cristo crucificado e
glorificado. Essa missão do Espírito não podia iniciar-se enquanto a missão do Filho
não terminasse; Jesus não podia manifestar-se no Espírito enquanto estivesse em
carne. O dom do Espírito não podia ser reivindicado por ele a favor dos homens
enquanto ele não assumisse sua posição de Advogado dos homens na presença de
Deus. Quando Jesus falou, ainda não havia no mundo uma força espiritual como a que
foi inaugurada no dia de Pentecoste e que posteriormente cobriu toda a terra como
uma grande enchente. Porque Jesus ainda não havia subido aonde estivera antes da
encarnação (João 6:62), e ainda não estivera com o Pai (João 16:7; 20:17), não podia
haver uma presença espiritual universal antes que fosse retirada a presença na carne,
e o Filho do homem fosse coroado na sua exaltação à destra de Deus. O Espírito foi
guardado nas mãos de Deus aguardando esse derramamento geral, até que o Cristo
vitorioso o reivindicasse a favor da humanidade.
2) Nos tempos do Antigo Testamento o Espírito não era dado universalmente, mas, de
modo geral limitado a Israel, e concedido segundo a soberana vontade de Deus a
certos indivíduos, como sejam: profetas, sacerdotes, reis e outros obreiros em
seu reino. Mas na presente época ou dispensação o Espírito está ao dispor de todos,
sem distinção de idade, sexo ou raça. Nesta relação nota-se que o Antigo Testamento
raramente se refere ao Espírito de Deus pela breve designação "o Espírito". Lemos
acerca do "Espírito de Jeová " ou "Espírito de Deus". Mas no Novo Testamento o título
breve o "Espírito" ocorre com muita freqüência, sugerindo que suas operações já não
são manifestações isoladas, mas acontecimentos comuns.
3) Alguns eruditos creem que a concessão do Espírito nos tempos do Antigo
Testamento não envolve a morada ou permanência do Espírito, que é característica do
dom nos tempos do Novo Testamento. Eles explicam que a palavra "dom", implica
possessão e permanência, e que nesse sentido não havia Dom do Espírito no Antigo
Testamento. É certo que João Batista foi cheio do Espírito Santo desde o ventre de
sua mãe e isso implica uma unção permanente. Talvez esse e outros casos
semelhantes poderiam ser considerados como exceções à regra geral. Por exemplo,
quando Enoque e Elias foram transladados, foram exceções à regra geral do Antigo
Testamento, isto é, a entrada na presença de Deus era por meio do túmulo e do Seol
(o reino dos espíritos desencarnados).

IV. O Espírito em Cristo.


O Espírito é mencionado em conexão com as seguintes crises e aspectos do
ministério de Cristo:

1. Nascimento.
O Espírito Santo é descrito como o agente na milagrosa concepção de Jesus (Mat.
1.20; Luc. 1:35). Jesus esteve relacionado com o Espírito de Deus desde o primeiro
momento da sua existência humana. O Espírito Santo desceu sobre Maria, o Poder do
Altíssimo cobriu-a com sua sombra, e àquele que dela nasceu foi dado o direito de ser
chamado santo, Filho de Deus. Para João, o precursor, foi suficiente que fosse cheio
do Espírito desde o ventre de sua mãe, ao passo que Jesus foi concebido pelo
poder do Espírito no ventre, e por essa razão levou tais nomes e títulos que não
podiam ser conferidos a João. Deus, operando pelo Espírito, é o Pai da natureza
humana de Jesus, no sentido de que sua origem proveniente da substância da Virgem
mãe foi um ato divino. O efeito dessa intervenção divina revela-se no estado
imaculado de Cristo, sua perfeita consagração, e seu senso permanente
da Paternidade de Deus. Enfim, o poder do pecado foi destruído, e Um nascido de
mulher, ao mesmo tempo que era homem e santo, era também o Filho de Deus. O
segundo Homem é do céu (1 Cor. 15:47). Sua vida era de cima (João 8:23); sua
passagem pelo mundo representa a vitória sobre o pecado, e os resultados de sua
vida foram a vivificação da raça (1 Cor. 15:45). Aquele que nenhum pecado cometera
e que salva o seu povo dos seus pecados, necessariamente teria que ser gerado pelo
Espírito Santo.

2. Batismo.
Com o passar dos anos, começou uma nova relação com o Espírito. Aquele que havia
sido concebido pelo Espírito e que era cônscio da morada do Espírito divino em sua
pessoa, foi ungido com o Espírito. Assim como o Espírito desceu sobre Maria na
concepção, assim também no batismo o Espírito desceu sobre o Filho, ungindo-o
como Profeta, Sacerdote e Rei. A primeira operação santificou sua humanidade; a
segunda consagrou sua vida oficial. Assim como sua concepção foi o princípio da sua
existência humana, assim também seu batismo foi o princípio de seu ministério ativo.

3. Ministério.
Logo foi levado pelo Espírito ao deserto (Mar. 1:12) para ser tentado por Satanás. Ali
ele venceu as sugestões do príncipe deste mundo, as quais o teriam tentado a fazer
sua obra duma maneira egoísta, vangloriosa e num espírito mundano, e a usar seu
poder conforme o curso de ação da ordem natural. Ele exerceu seu ministério com o
conhecimento íntimo de que o poder divino habitava nele. Sabia que o Espírito do
Senhor Deus estava sobre ele para cumprir o ministério predito acerca do Messias
(Luc. 4:18); e pelo dedo de Deus expulsou demônios. (Luc. 11:20; vide Atos 10:38.)
Ele testificou do fato que o Pai, que estava nele, era quem operava as obras
milagrosas.

4. Crucificação.
O mesmo Espírito que o conduziu ao deserto e o sustentou ali, também lhe deu força
para consumar seu ministério sobre a cruz, onde, "pelo Espírito eterno se ofereceu a si
mesmo imaculado a Deus" (Heb. 9:14). Ele foi à cruz com a unção ainda sobre ele. O
Espírito manteve diante dele as exigências inflexíveis de Deus e o inflamou de amor
para com o homem e zelo para com Deus, para prosseguir, apesar dos impedimentos,
da dor e das dificuldades, para efetuar a redenção do mundo. O Espírito Santo
encheu-lhe a mente de ardor, zelo e amor persistentes, os quais o conduziram a
completar seu sacrifício. Seu espírito humano estava de tal modo saturado e elevado
pelo Espírito de Deus que vivia no eterno e invisível, e pôde "suportar a cruz,
desprezando a afronta" (Heb. 12:2).

5. Ressurreição.
O Espírito Santo foi o agente vivificante na ressurreição de Cristo. (Rom. 1:4; 8:11.)
Alguns dias depois desse evento, Cristo apareceu a seus discípulos, soprou sobre
eles, e disse: "Recebei o Espírito Santo" (João 20:22; vide Atos 1:2). Essas palavras
não podem significar o revestimento de poder pelo qual o Senhor, antes de sua
ascensão, lhes havia mandado que esperassem. Alguns eruditos crêem que esse
sopro foi meramente um símbolo daquilo que havia de ocorrer cinqüenta dias depois,
isto é, um lembrete do Pentecoste vindouro. Outros crêem que algo de positivo foi
concedido aos discípulos, nesse ato. Uma comparação com Gên. 2:7 indica que o
sopro divino simboliza um ato criador. Mais tarde Cristo é descrito como um
espírito vivificante, ou o que dá vida. (1 Cor. 15:45.) é de supor que nessa ocasião o
Senhor da vida fizesse conhecer a seus discípulos, por experiência, "o poder de sua
ressurreição"? Os onze discípulos seriam enviados ao mundo para cumprirem uma
nova missão; continuariam a obra de Cristo. Em si mesmos eram incapazes para
tal missão, assim como um corpo inanimado é incapaz de efetuar as funções dum
homem vivo. Dai inferimos a necessidade do ato simbólico de dar a vida. Assim como
a humanidade antiga recebeu o sopro do Senhor Deus, assim também a nova
humanidade recebeu o sopro do Senhor Jesus. Se concedermos que nessa ocasião
houve uma verdadeira concessão do Espírito, devemos lembrar, porém, que não foi a
Pessoa do Espírito Santo que foi comunicada, mas a inspiração de sua Vida. O Dr.
Westcott assim frisa a distinção entre o Dom da Páscoa e o "Dom do Pentecoste": "O
primeiro corresponde ao poder da Ressurreição, e o outro ao poder da Ascensão." Isto
é, o primeiro é a graça vivificante; o outro é a graça de dotação.

6. Ascensão.
Notem os seguintes três graus na concessão do Espírito a Cristo:
1) Na sua concepção, o Espírito de Deus foi, desde esse momento, o Espírito de
Jesus, o poder vivificante e santificador, pelo qual ingressou na sua carreira de Filho
do homem e pelo qual viveu até o fim.
2) Com o passar dos anos começou uma nova relação com o Espírito. O Espírito de
Deus veio a ser o Espírito de Cristo no sentido de que descansava sobre ele para
exercer seu ministério messiânico.
3) Depois da ascensão, o Espírito veio a ser o Espírito de Cristo no sentido de ser
concedido a outros. O Espírito veio para habitar em Cristo, não somente para
suas próprias necessidades, mas também para que ele o derramasse sobre todos os
crentes. (Vide João 1:33 e note-se especialmente a palavra "repousar".) Depois da
ascensão o Senhor Jesus exerceu a grande prerrogativa messiânica que lhe foi
concedida — enviar o Espírito sobre outros. (Atos 2:33; vide Apo. 5:6.) Portanto,
ele concede a bênção que ele mesmo recebeu e desfruta, e nos faz co-participantes
com ele mesmo. Assim é que não somente lemos acerca do dom, mas também da
"comunhão" do Espírito Santo, isto é, participando em comum do privilégio e da
bênção de ser o Espírito de Deus concedido a nós, não somente comunhão dos
crentes uns com os outros mas também com Cristo; eles recebem a mesma unção
que ele recebeu; é como a unção preciosa sobre a cabeça de Arão, que desceu sobre
a barba e até à orla de seus vestidos. Todos os membros do corpo de Cristo, como
reino de sacerdotes, participam da unção do Espírito que mana da sua cabeça,
nosso grande Sumo Sacerdote que subiu aos céus.

V. O Espírito na experiência humana.


Ás várias operações do Espírito em relação com os homens.

1. Convencer.
Convencer significa levar ao conhecimento das verdades que de outra maneira
seriam postas em dúvida ou rejeitadas, ou provar acusações feitas contra a conduta.
Os homens não sabem o que é o pecado, a justiça e o juízo; portanto, precisam ser
convencidos da verdade espiritual. Por exemplo, seria inútil discutir com uma pessoa
que declarasse não ver beleza alguma numa rosa, pois sua incapacidade
demonstraria falta de apreciação pelo belo. Precisa ser despertado nela um sentido
de beleza; precisa ser "convencida" da beleza da flor. Da mesma maneira, a mente e a
alma obscurecidas nada discernem das verdades espirituais antes de serem
convencidas e despertadas pelo Espírito Santo. Ele convencerá os homens das
seguintes verdades:
(a) O pecado de incredulidade.
(b) A justiça de Cristo. "Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais"
(João 16:10).
(c) O juízo sobre Satanás. "E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado"
(João 16:11).

2. Regeneração.
A obra criadora do Espírito sobre a alma ilustra-se pela obra criadora do Espírito de
Deus no princípio sobre o corpo do homem.
Voltemos à cena apresentada em Gên. 2:7. Deus tomou o pó da terra e formou um
corpo. Ali jazia inanimado e quieto esse corpo. Embora já estando no mundo, e
rodeado por suas belezas, esse corpo não reagia porque não tinha vida; não via, não
ouvia, não entendia.
Então "Deus soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma
vivente". Imediatamente tomou conhecimento, vendo as belezas e ouvindo os sons do
mundo ao seu redor. Como sucedeu com o corpo, assim também sucede com a alma.
O homem está rodeado pelo mundo espiritual e rodeado por Deus que não está longe
de nenhum de nós. (Atos 17:27.) No entanto, o homem vive e opera como se esse
mundo de Deus não existisse, em razão de estar morto espiritualmente, não podendo
reagir como devia. Mas quando o mesmo Senhor que vivificou o corpo vivifica a alma,
a pessoa desperta para o mundo espiritual e começa a viver a vida espiritual.
Qualquer pessoa que tenha presenciado as reações dum verdadeiro convertido,
conforme a experiência radical conhecida como novo nascimento, sabe que a
regeneração não é meramente uma doutrina, mas uma realidade prática.

3. Habitação.
Vide João 14:17; Rom. 8:9; 1Cor. 6:19; 2Tim. 1:14: 1João 2:27; Col. 1:27; 1João 3:24;
Apo. 3:20. Deus está sempre e necessariamente presente em toda parte; nele vivem
todos os homens; nele se movem e têm seu ser. Mas a habitação interior significa que
Deus está presente duma maneira nova, mantendo uma relação pessoal com o
indivíduo. Esta união com Deus, que é chamada habitação, morada, é produzida
realmente pela presença da Trindade completa, como se poderá ver por um exame
dos textos supra citados. Considerando que o ministério especial do Espírito Santo é o
de habitar no coração dos homens, a experiência é geralmente conhecida como
morada do Espírito Santo.

4. Recebimento dos dons.

Requisitos. Deus é soberano na questão de outorgar os dons; é ele quem decide


quanto à classe de dom a ser outorgado. Ele pode conceder um dom sem nenhuma
intervenção humana, e mesmo sem a pessoa o pedir. Mas geralmente Deus age em
cooperação com o homem, e há alguma coisa que o homem pode fazer nesse caso.
Que se requer daqueles que desejam os dons?
(a) Submissão à vontade divina. A atitude deve ser, não o que eu quero, mas o que
ele quer. Às vezes queremos um dom extra-ordinário, e Deus pode decidir por outra
coisa.
(b) Ambição santa. "Procurai com zelo os melhores dons" (1Cor. 12:31; 14:1). Muitas
vezes a ambição tem conduzido as pessoas à ruína e ao prejuízo, mas isso não é
razão de não a consagrarmos ao serviço de Deus.
(c) Desejo ardente pelos dons naturalmente resultará em oração, e sempre em
submissão a Deus. (Vide 1Reis 3:5-10; 2 Reis 2:9, 10.)
(d) Fé. Alguns têm perguntado o seguinte: "Devemos esperar pelos dons?" Posto que
os dons espirituais são instrumentos para a edificação da igreja, parece mais razoável
começar a trabalhar para Deus e confiar nele a fim de que conceda o dom necessário
para a tarefa particular. Desse modo o professor da Escola Dominical confiará em
Deus para a operação dos dons necessários a um mestre; da mesma maneira o
pastor, o evangelista e os leigos. Uma boa maneira de conseguir um emprego é ir
preparado para trabalhar. Uma boa maneira de receber os dons espirituais é estar "na
obra" de Deus, em vez de estar sentado, de braços cruzados, esperando que o dom
caia do céu.
(e) Aquiescência. O fogo da inspiração pode ser extinguido pela negligência; daí a
necessidade de despertar (literalmente "acender") o dom que está em nos (2Tim. 1:6;
1 Tim. 4:14).

5. A prova dos dons.


As Escrituras admitem a possibilidade da inspiração demoníaca como também das
supostas mensagens proféticas que se originam no próprio espírito da pessoa.
Apresentamos as seguintes provas pelas quais se pode distinguir entre a inspiração
verdadeira e a falsa.

(a) Lealdade a Cristo. O Espírito de Deus inspira as pessoas a confessarem a


Jesus como Senhor. "Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala
pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o
Senhor senão pelo Espírito Santo" (1Cor. 12:3; Vide Apo. 19:10; Mat. 16:16, 17; 1João
4:1,2). Naturalmente isso não significa que a pessoa não pode dizer, como um
papagaio, que Jesus é Senhor. O sentido verdadeiro é que ninguém pode expressar a
sincera convicção sobre a divindade de Jesus sem a iluminação do Espírito Santo.
(Vide Rom. 10:9.)

(b) A prova prática.


Devemos considerar os seguintes fatos:

1) o batismo no Espírito Santo não faz a pessoa perfeita de uma vez. A dotação de
poder é uma coisa; a madureza nas graças cristãs é outra. Tanto o novo nascimento
como o batismo no Espírito Santo são dons da graça de Deus e revelam sua graça
para conosco. Todavia, pode haver a necessidade duma santificação pessoal que se
obtenha por meio da operação do Espírito Santo, revelando pouco a pouco a graça de
Deus em nós.
2) A operação dos dons não tem um poder santificador. Balaão experimentou o dom
profético, embora no coração desejasse trair o povo de Deus por dinheiro.
3) Paulo nos diz claramente da possibilidade de possuir os dons sem possuir o amor.
Sérias conseqüências podem sobrevir àquele que exercita os dons à parte do amor.
Primeiro, ser uma pedra de tropeço constante para aqueles que conhecem seu
verdadeiro caráter; segundo, os dons não lhe são de nenhum proveito. Nenhuma
quantidade de manifestações espirituais, nenhum zelo no ministério, nenhum resultado
alcançado, podem tomar o lugar da santidade pessoal. (Heb. 12:14.)

(c) A prova doutrinária. O Espírito Santo veio para operar na esfera da verdade com
relação à deidade de Cristo e sua obra expiatória. É inconcebível que ele
contradissesse o que já foi revelado por Cristo e seus apóstolos. Portanto,
qualquer profeta, por exemplo, que negue a encarnação de Cristo, não está falando
pelo Espírito de Deus (1João 4:2, 3).

6. Glorificação.
Estará o Espírito Santo com o crente no céu? Ou o Espírito o deixará apos a morte? A
resposta é que o Espírito Santo no crente é como uma fonte de água que salta para a
vida eterna (João 4:14). A habitação do Espírito representa apenas o princípio da vida
eterna, que será consumada na vida vindoura. "A nossa salvação está agora mais
perto de nós do que quando aceitamos a Fé", escreveu Paulo, cujas palavras
significam que experimentamos unicamente o princípio duma salvação que ser
consumada na vida vindoura. O Espírito Santo representa o começo ou a primeira
parte dessa salvação completa. Essa verdade tomará expressão sob estas três
ilustrações:
(a) Comercial. O Espírito é descrito como "o penhor da nossa herança, para a
redenção da possessão de Deus" (Efés. 1:14; 2Cor. 5:5). O Espírito Santo é a garantia
de que a nossa libertação ser completa. é mais do que penhor; é a primeira prestação
dada com antecedência, como garantia de que se completar o resto.
(b) Agrícola. O Espírito Santo representa as primícias da vida futura. (Rom. 8:23.)
Quando um israelita trazia as primícias dos seus produtos ao templo de Deus, era
esse um modo de reconhecer que tudo pertencia a Deus. A oferta duma parte
simbolizava a oferta do todo. O Espírito Santo nos crentes representa as primícias da
gloriosa colheita vindoura.
(c) Doméstica. Assim como se dá às crianças uma pequena porção de doce antes do
banquete, assim na experiência do Espírito , os crentes por enquanto apenas
"provaram... as virtudes do século futuro" (Heb. 6:5). Em Apo. 7:17 lemos que "o
Cordeiro que está no meio do trono... lhes servirá de guia para as fontes das águas
da vida". Note-se o plural nessas últimas palavras. Na vida vindoura, Cristo será o
Doador do Espírito; o mesmo que concedeu uma prova antecipada, conduzirá seus
seguidores a novas porções do Espírito e aos meios de graça e enriquecimento
espiritual, desconhecidos durante a peregrinação terrena.

7. Pecados contra o Espírito Santo.


As benévolas operações do Espírito trazem grandes bênçãos, mas essas inferem
responsabilidades correspondentes. Falando de modo geral, os crentes podem
entristecer, mentir à Pessoa do Espírito, e extinguir seu poder. (Efés. 4:30; Atos 5: 3,
4; 1Tess. 5:19.) Os incrédulos podem blasfemar contra a Pessoa do Espírito e resistir
ao seu poder. (Atos 7:51; Mat. 12:31,32.) Em cada caso o contexto explicará a
natureza do pecado. William Evans assinala que: "resistir tem a ver com a obra
regeneradora do Espírito; o entristecer tem a ver com a habitação interna do Espírito
Santo, enquanto o extinguir tem a ver com o derramamento para servir."

8. Revestimento de poder.
Nesta seção consideraremos os seguintes fatos concernentes à dotação de poder: seu
caráter geral, seu caráter especial, sua evidência inicial, seu aspecto continuo, e a
maneira de sua recepção.

(a) Sua natureza geral. As seções anteriores trataram da obra regeneradora e


santificadora do Espírito Santo; nesta seção trataremos de outro modo de operação:
sua obra vitalizante. Esta última fase da obra do Espírito é apresentada na promessa
de Cristo: "Mas recebereis a virtude do Espírito, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis
testemunhas" (Atos 1:8).
1) A característica principal dessa promessa é poder para servir e não a regeneração
para a vida eterna. Sempre que lemos acerca do Espírito vindo sobre, repousando
sobre, ou enchendo as pessoas, a referência nunca é à obra salvadora do Espírito,
mas sempre ao poder para servir.
2) As palavras foram dirigidas a homens que já estavam em relação íntima com Cristo.
Foram enviados a pregar, armados de poder espiritual para esse propósito (Mat. 10:1);
a eles foi dito: "os vossos nomes estão escritos nos céus" (Luc. 10:20); sua
condição moral foi descrita nas palavras: "Vos já estais limpos, pela palavra que vos
tenho falado" (João 15:3); sua relação com Cristo foi ilustrada com a figura: "Eu sou a
videira, vós as varas" (João 15:5); eles conheciam a presença do Espírito com eles
(João 14:17); sentiram o sopro do Cristo ressuscitado e ouviram-no dizer: "recebei o
Espírito Santo" (João 20:22). Os fatos acima mencionados demonstram a
possibilidade de a pessoa estar em contato com Cristo e ser seu discípulo, e,
contudo, carecer do revestimento especial mencionado em Atos 1:8. Pode-se objetar
que tudo isso se refere aos discípulos antes do Pentecoste; mas em Atos 8:12-16
temos o caso de pessoas batizadas em Cristo que receberam o dom do Espírito
alguns dias depois.
3) Acompanhando o cumprimento dessa promessa (Atos 1:8) houve manifestações
sobrenaturais (Atos 2:1-4), das quais, a mais importante e comum foi o milagre de falar
em outros idiomas. Que essa expressão oral, sobrenatural, acompanhou o
recebimento do poder espiritual é declarado em dois outros casos (Atos 10:44-46;
19:1-6) e infere-se de mais outro caso. (Atos 8:14-19.)
4) Esse revestimento é descrito como um batismo (Atos 1:5). Quando Paulo declara
que somente há um batismo (Efés. 4:5), ele se refere ao batismo literal nas águas.
Tanto os judeus como os pagãos praticavam as lavagens cerimoniais, e João Batista
havia administrado o batismo nas águas para arrependimento; mas Paulo declara que
agora somente um batismo é válido diante de Deus, a saber, o batismo autorizado por
Jesus e efetuado em nome da Trindade — em outras palavras, o batismo cristão.
Quando a palavra "batismo" é aplicada à experiência espiritual, é usada
figurativamente para descrever a imersão no poder vitalizante do Espírito Divino. A
palavra foi usada figuradamente por Cristo para descrever sua imersão nas
inundações de sofrimento. (Mat. 20:22.)
5) Essa comunicação de poder é descrita como ser cheio do Espírito. Aqueles que
foram batizados com o Espírito Santo no dia de Pentecoste também foram cheios do
Espírito.

(b) Suas características especiais.Os fatos acima expostos nos levam à conclusão de
que o crente pode experimentar um revestimento de poder, experiência suplementar e
subseqüente à conversão cuja manifestação inicial se evidencia pelo milagre de falar
em língua por ele nunca aprendida.

(c) Seu aspecto continuo. A experiência descrita pela expressão "cheio do Espírito"
está ligada à idéia de poder para servir. Devemos distinguir três fases dessa
experiência.
1) A plenitude inicial quando a pessoa recebe o batismo no Espírito Santo.
2) Uma condição habitual indicada pelas palavras "cheios do Espírito Santo" (Atos 6:3;
7:55,11:24), palavras que descrevem a vida diária da pessoa espiritual, cujo caráter
revela "o fruto do Espírito". A exortação "enchei-vos do Espírito" refere-se a
essa condição habitual.
3) Unções para ocasiões especiais. Paulo estava cheio do Espírito, depois da sua
conversão, mas em Atos 13:9 vemos que Deus lhe deu uma unção especial para
resistir ao poder maligno dum mago. Pedro foi cheio do Espírito no dia de Pentecoste,
mas Deus lhe concedeu uma unção especial quando esteve diante do concilio judaico
(Atos 4:8). Os discípulos haviam recebido a plenitude ou o batismo do Espírito Santo
no dia de Pentecoste, mas, em resposta à oração, Deus lhes deu uma unção especial
para fortalecê-los contra a oposição dos lideres judaicos (Atos 4:31). Como disse o
pastor F. B. Meyer, de saudosa memória: Tu podes ser um homem cheio do Espírito
Santo quando estás no seio de tua família, mas antes de subires ao púlpito, deves ter
a certeza de que estás especialmente equipado com uma nova unção do Espírito
Santo.

(e) A maneira de sua recepção. Como poderá a pessoa receber esse batismo de
poder?
1) Uma atitude correta e essencial. Os primeiros crentes que receberam o Espírito
Santo "perseveraram unânimes em oração e súplicas" (Atos 1:14). O ideal seria a
pessoa receber o derramamento de poder imediatamente após a conversão, mas
normalmente há várias circunstâncias duma e de outra natureza que tornam
necessário algum tempo de espera diante do Senhor.
2) A recepção do dom do Espírito Santo subseqüente à conversão está ligada às
orações dos obreiros cristãos. O escritor do livro dos Atos descreve da seguinte
maneira as experiências dos convertidos samaritanos, que já haviam crido e haviam
sido batizados: "Os quais (Pedro e João), tendo descido, oraram por eles para que
recebessem o Espírito Santo... Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito
Santo" (Atos 8: 15, 17). Weinel, teólogo alemão, fez um estudo minucioso das
manifestações espirituais da época apostólica. Ele diz que "o que podem
ser chamadas 'reuniões inspiradoras' realizavam-se constantemente até ao segundo
século, por muito estranho que isso pareça às pessoas desconhecedoras do assunto".
O Espírito Santo, declara ele, veio aos novos conversos pela imposição das mãos e
oração e o próprio Espírito operava sinais e maravilhas. "Reuniões inspiradoras"
parece tratar-se de cultos especiais para aqueles que desejavam receber o poder do
Espírito Santo.
3) O recebimento do poder espiritual está relacionado com as orações em comum da
igreja. Depois que os cristãos da igreja em Jerusalém haviam orado a fim de
receberem coragem para pregar a Palavra, "moveu-se o lugar em que estavam
reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo" (Atos 4:31). A expressão "moveu-se
o lugar", significa algo espetacular e sobrenatural que convenceu os discípulos de que
o poder que desceu no dia de Pentecoste estava ainda presente na igreja.
4) Um derramamento espontâneo, em alguns casos, pode fazer a oração e o esforço
desnecessários, como foi o caso das pessoas que estavam na casa de Cornélio, cujos
corações já haviam sido "purificados pela fé" (Atos 10:44; 15:9).
5) Visto que o batismo de poder é descrito como um dom (Atos 10:45), o crente pode
requerer diante do trono da graça o cumprimento da promessa de Jesus: "Se vós,
sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai
celestial o Espírito Santo àqueles que lhe pedirem?" (Luc. 11:13).
6) Oração individual. Saulo de Tarso jejuou e orou três dias antes de ser cheio do
Espírito Santo (Atos 9: 9-17).
7) Obediência. O Espírito Santo é a pessoa que "Deus deu àqueles que lhe
obedecem" (Atos 5:32).
VI. Os Dons do Espírito Santo
1. Natureza geral dos dons.
Os dons do Espírito devem distinguir-se do dom do Espírito. Os primeiros descrevem
as capacidades sobrenaturais concedidas pelo Espírito para ministérios especiais; o
segundo refere-se à concessão do Espírito aos crentes conforme é ministrado por
Cristo glorificado. (Atos 2:33.) Paulo fala dos dons do Espírito ("espirituais", no original
grego) num aspecto tríplice. São eles: "charismata", ou uma variedade de dons
concedidos pelo mesmo Espírito (1Cor. 12:4,7); "diakonai", ou variedade de serviços
prestados na causa do mesmo Senhor; e "energemata", ou variedades de poder do
mesmo Deus que opera tudo em todos. Refere-se a todos esses aspectos como "a
manifestação do Espírito", que é dado aos homens para proveito de todos. Qual é o
propósito principal dos dons do Espírito Santo? São capacidades espirituais
concedidas com o propósito de edificar a igreja de Deus, por meio da instrução dos
crentes e para ganhar novos convertidos (Efés 4: 7-13). Em 1Cor. 12:8-10,
Paulo enumera nove desses dons, que podem ser classificados da seguinte maneira:
1. Aqueles que concedem poder para saber sobrenaturalmente: a palavra de
sabedoria, a palavra de ciência, e de discernimento.
2. Aqueles que concedem poder para agir sobrenaturalmente: fé, milagres, curas.
3. Aqueles que concedem poder para orar sobrenaturalmente: profecia, línguas,
interpretação. Esses dons são descritos como "a manifestação do Espírito", "dada
a cada um, para o que for útil" (isto é, para o beneficio da igreja). Aqui temos a
definição bíblica duma "manifestação" do Espírito, a saber, a operação de qualquer um
dos nove dons do Espírito.

2. Variedade de Dons.

(a) A palavra de sabedoria. Por essa expressão entende-se o pronunciamento ou a


declaração de sabedoria. Que tipo de sabedoria? Isso se determinará melhor notando
em quais sentidos se usa a palavra "sabedoria" no Novo Testamento. É aplicada à
arte de interpretar sonhos e dar conselhos sábios (Atos 7:10); à inteligência
demonstrada no esclarecer o significado de algum número ou visão misteriosos (Apo.
13:18; 17:9); prudência em tratar assuntos (Atos 6:3); habilidade santa no trato com
pessoas de fora da igreja (Col. 4:5); jeito e discrição em comunicar verdades cristãs
(Col. 1:28); o conhecimento e prática dos requisitos para uma vida piedosa e pura (Tia.
1:5; 3:13, 17); o conhecimento e habilidade necessários para uma defesa eficiente da
causa de Cristo (Luc. 21:15); um conhecimento prático das coisas divinas e dos
deveres humanos, unido ao poder de exposição concernente a essas coisas e deveres
e de interpretar e aplicar a Palavra sagrada (Mat. 13:54; Mar. 6:2; Atos 6:10); a
sabedoria e a instrução com que João Batista e Jesus ensinaram aos homens o plano
de salvação. (Mat. 11:19.)

(b) A palavra de ciência é um pronunciamento ou declaração de fatos, inspirado dum


modo sobrenatural. Em quais assuntos? Um estudo do uso da palavra "ciência" nos
dará a resposta. A palavra denota: o conhecimento de Deus, tal como é oferecido nos
Evangelhos (2Cor. 2:14), especialmente na exposição que Paulo fez (2Cor. 10:5); o
conhecimento das coisas que pertencem a Deus (Rom. 11:13); inteligência e
entendimento (Efés. 3:19); o conhecimento da fé cristã (Rom. 15:14; 1Cor. 1:5); o
conhecimento mais profundo, mais perfeito e mais amplo da vida cristã, tal
como pertence aos mais avançados (1Cor. 12:8; 13: 2,8,14:6; 2Cor. 6:6; 8:7; 11:16); o
conhecimento mais elevado das coisas divinas e cristãs das quais os falsos mestres
se jactam (1 Tim. 6:20); sabedoria moral como se demonstra numa vida reta (2 Ped.
1:5) e nas relações com os demais (1Ped. 3:7); o conhecimento concernente às coisas
divinas e aos deveres humanos (Rom. 2:20; Col. 2:3).

(c) Fé (Weymouth traduz: "fé especial".) Esta deve distinguir-se da fé salvadora e da


confiança em Deus, sem a qual é impossível agradar-lhe (Heb. 11:6). é certo que a fé
salvadora é descrita como um dom (Efés. 2:8), mas nesta passagem a palavra "dom"
é usada em oposição as "obras", enquanto em 1Cor. 12:9 a palavra usada significa
uma dotação especial do poder do Espírito. Que é o dom de fé? Donald Gee
descreve-o da seguinte maneira:... uma qualidade de fé, às vezes chamada por
nossos teólogos antigos, a "fé miraculosa", parece vir sobre alguns dos servos de
Deus em tempos de crise e oportunidades especiais duma maneira tão poderosa, que
são elevados fora do reino da fé natural e comum em Deus, de forma que tem uma
certeza posta em suas almas que os faz triunfar sobre tudo.
(d) Dons de curar. Dizer que uma pessoa tenha os dons (note-se o plural, talvez
referindo-se a uma variedade de curas) significa que são usados por Deus duma
maneira sobrenatural para dar saúde aos enfermos por meio da oração. Parece ser
um dom-sinal, de valor especial ao evangelista para atrair o povo ao Evangelho. (Atos
8:6,7; 28:8-10.) Não se deve entender que quem possui esse dom (ou a pessoa
possuída por esse dom) tenha o poder de curar a todos; deve dar-se lugar à soberania
de Deus e à atitude e condição espiritual do enfermo. O próprio Cristo foi limitado em
sua capacidade de operar milagres por causa da incredulidade do povo (Mat. 13:58).

(e) Operação de milagres, literalmente "obras de poder". A chave é Poder. (Vide João
14:12; Atos 1:8.) Os milagres "especiais" em Éfeso são uma ilustração da operação do
dom. (Atos 19:11, 12; 5:12-15.)

(f) Profecia. A profecia, geralmente falando, é expressão vocal inspirada pelo Espírito
de Deus. A profecia bíblica pode ser mediante revelação, na qual o profeta proclama
uma mensagem previamente recebida por meio dum sonho, uma visão ou pela
Palavra do Senhor. Pode ser também extática, uma expressão de inspiração do
momento. O propósito do dom de profecia do Novo Testamento é declarado em 1Cor.
14:3 — o profeta edifica, exorta e consola os crentes. A inspiração manifestada no
dom de profecia não está no mesmo nível da inspiração das Escrituras. Isso está
implícito pelo fato de que os crentes são instruídos a provar ou julgar as mensagens
proféticas. (Vide 1Cor. 14:29.)

(g) Discernimento de espíritos. Pode haver uma inspiração falsa, a obra de espíritos
enganadores ou do espírito humano. Como se pode perceber a diferença? Pelo dom
de discernimento que dá capacidade ao possuidor para determinar se o profeta está
falando ou não pelo Espírito de Deus. Esse dom capacita o possuidor para "enxergar"
todas as aparências exteriores e conhecer a verdadeira natureza duma inspiração.
A operação do dom de discernimento pode ser examinada por duas outras provas: a
doutrinária (1João 4:1-6) e a prática (Mat. 7:15-23).

(h) Línguas. "Variedade de línguas." "O dom de línguas é o poder de falar


sobrenaturalmente em uma língua nunca aprendida por quem fala, sendo essa língua
feita inteligível aos ouvintes por meio do dom igualmente sobrenatural de
interpretação." Parece haver duas classes de mensagens em línguas: primeira, louvor
em êxtase dirigido a Deus somente (1Cor. 14:2); segunda, uma mensagem definida
para a igreja (1Cor. 14:5). Distingue-se entre as línguas como sinal e línguas como
dom. A primeira é para todos (Atos 2:4); a outra não é para todos (1Cor. 12:30).

(i) Interpretação de línguas. Assim escreve Donald Gee: O propósito do dom de


interpretação é tornar inteligíveis as expressões do êxtase inspiradas pelo Espírito que
se pronunciaram em uma língua desconhecida da grande maioria presente, repetindo-
se claramente na língua comum, do povo congregado. É uma operação puramente
espiritual. O mesmo Espírito que inspirou o falar em outras línguas, pelo qual as
palavras pronunciadas procedem do espírito e não do intelecto, pode inspirar também
a sua interpretação. A interpretação é, portanto, inspirada, extática e espontânea.

3. Regulamento dos dons.


O capítulo 14 de 1 Coríntios expõe os seguintes princípios para esse regulamento:

(a) Valor proporcional. (Vs. 5-10.) Os coríntios haviam-se inclinado demasiadamente


para o dom de línguas, indubitavelmente por causa de sua natureza espetacular.
Paulo lembra-lhes que a interpretação e a profecia eram necessárias para que o povo
pudesse ter conhecimento inteligente do que se estava dizendo.

(b) Edificação. O propósito dos dons é a edificação da igreja, para encorajar os crentes
e converter os descrentes. Mas, diz, Paulo, se um de fora entra na igreja e tudo que
ouve é falar em línguas sem interpretação, bem concluirá: esse povo é demente. (Vs.
12, 23.) A operação desse dom é ilustrada nas seguintes passagens: João 1:47-50;
2:25; 3:1-3; 2 Reis 5:20-26; Atos 5:3; 8:23; 16:16-18. Essas referências indicam que o
dom capacita a alguém a discernir o caráter espiritual duma pessoa. Distingue-se esse
dom da percepção natural da natureza humana, e mui especialmente dum espírito
critico que procura faltas nos outros.

(c) Sabedoria. (Vs. 20) "Irmãos, não sejais meninos no entendimento." Em outras
palavras: "Usai o senso comum."

(d) Autodomínio. (Vs. 32.) Alguns coríntios poderiam protestar assim: "não podemos
silenciar; quando o Espírito Santo vem sobre nós, somos obrigados a falar. Mas Paulo
responderia: "Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas." Isto é, aquele que
possui o dom de línguas pode dominar sua expansão e falar unicamente a Deus,
quando tal domínio seja necessário.

(e) Ordem. (Vs. 40.) "Mas faça-se tudo decentemente e com ordem." O Espírito Santo,
o grande Arquiteto do universo com toda sua beleza, não inspirará aquilo que seja
desordenado e vergonhoso. Quando o Espírito Santo está operando com poder,
haverá uma comoção e um movimento, e aqueles que aprenderam a render-se a ele
não criarão cenas que não edifiquem.

CONCLUSÃO. Precisamos conhecer melhor o Espírito Santo, pela nossa total e


contínua rendição e comunhão com Ele para entendermos devidamente suas
manifestações. Ele não é um mero símbolo ou uma energia celestial. È a Terceira
Pessoal da Santíssima Trindade. Ele é Deus. Como Igreja de Cristo, mantenhamos a
comunhão com o Espírito Santo, o Espírito de santidade e de vida, a fim de preservar
os ensinos e os valores bíblicos que fundamentam a fé pentecostal.

PESQUISA PARA CASA: O MOVIMENTO PENTECOSTAL NO BRASIL

Apostila editada e elaborada pelo Professor Nocivaldo Costa em 10 de abril de 2011,


para uso do Seminário Teológico da Assembléia de Deus em Irecê – Núcleo de
Rodagem – Lapão – BA.
Professor Nocivaldo Costa é Bacharel em Teologia, professor de diversas disciplinas
teológicas e atualmente está pastoreando a Assembléia de Deus em Uibaí-BA.

REFERÊNCIAS

Ø PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Tradução de Lawrence


Olson. Editora Vida, 2006.

Ø Site:http://odiscipuloeomestre.sites.uol.com.br/doutrinaespiritosanto.htm

Ø CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas. Jovens e Adultos. Movimento Pentecostal: As


Doutrinas da Nossa Fé. 2º Trimestre. Rio de Janeiro, CPAD, 2011.

LIVROS INDICADOS PARA O ESTUDO DA PARACLETOLOGIA:


· CHO, David Yonggi. O Espírito Santo meu Companheiro. São Paulo, Ed. Vida,
1993.

· HORTON, Stanley M. O que a Bíblia diz sobre o Espírito Santo. Rio de Janeiro,
CPAD, 1993.

· SOUZA, Estevam Ângelo de. Nos domínios do Espírito. Rio de Janeiro, CPAD,
1987.
Assembleia de Deus Campo de Lagoa Preta às 03:47
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8 comentários:

Paulo S Oliveira2 de fevereiro de 2016 04:24


Paz do Senhor Pastor Professor Nocivaldo Costa.
Gostaria de usar seu material em um curso teológico que estou formando. Desde já
agradeço em Nome de Jesus e que que o Altíssimo prospere e bastante seu ministério
e que sejas cheio da graça e do conhecimento dEle.
Fraternalmente em cristo Jesus.

Apóstolo Ricardo RibeiroMENU

O PROPÓSITO DESTE SITE: O apóstolo Ricardo Ribeiro tem um trabalho


diferenciado voltado para projetar pessoas, ativar destinos. Através de seu ministério,
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campo espiritual, emocional, comportamental ou financeiro. Clique aqui e conecte-se,
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Paracletologia ( Estudo do Espírito Santo)


Paracletologia ( Estudo do Espírito Santo)

O Espírito Santo é Deus !

PARACLETOLOGIA, DEFINIÇÃO:

Paracletologia é a união de dois Termos ” Paracleto e Logia ” os quais significam ”


Consolador e Estudo “, portanto Paracletologia significa ” Estudo do Espírito Santo “.

O estudo da Doutrina do Espírito Santo é muito necessário para o desenvolvimento da


vida do cristão, a questão, para nós, não é saber como possuiremos o Espírito Santo,
mas como o Espírito Santo pode possuir mais de nós.

NATUREZA DO ESPÍRITO SANTO

PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO


O Espírito Santo não é apenas uma influência, força ou energia. Devemos, porém,
pensar no Espírito Santo como a Bíblia no-lo apresenta, isto é, como uma pessoa.

Notemos agora o que a Bíblia diz sobre a pessoa do Espírito Santo. A Bíblia nos
oferece os 3 atributos de uma pessoa :

1º Atributo de sua personalidade INTELECTO

Isaías 11 : 2 Repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria e de


INTELIGÊNCIA, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de
temor do Senhor.
Escolhe Atos 20 : 28, Ensina João 14 : 26, Instrui Atos 10 : 19 – 20, Fala Apoc. 2 : 7

2º Atributo de sua personalidade VOLIÇÃO

I Cor. 12 : 11 Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, distribuindo


particularmente a cada um como quer.
Testifica João 15 : 26, Envia Atos 13 : 2, 4, Impede Atos 16 ; 6-7, Intercede Rom. 8 :
26, Revela II Pe. 1 : 21

3º Atributo de sua personalidade SENSIBILIDADE

Rom. 15 : 30 Rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do
Espírito, que combateis comigo nas vossas orações por mim a Deus.
Ama II Tim. 1 : 7, Entristece Ef. 4 : 30
Portanto qualquer ser que pensa, que ama, que quer, é uma pessoa.

DEIDADE DO ESPÍRITO SANTO


As Escrituras nos apresenta também o Espírito Santo como um ser Divino ( Não
podemos confundir com ser Espiritual ou com algo celestial )
Atos 5 : 3-4 Disse então Pedro : Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para
que mentisse ao Espírito Santo… ? Não mentiste aos homens, mas a Deus.

A Deidade do Espírito Santo também é revelada através das qualidades divinas que
possui.

Qualidade Divina ETERNO

Heb. 9 : 14 Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito Eterno se ofereceu a si
mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas para
servirdes ao Deus vivo ?
Eterno é não Ter princípio e nem fim.

Qualidade Divina ONISCIENTE

I Cor. 2 : 9 – 11 As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao
coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam. Porém Deus no-
las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as
profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o
espírito do homem, que nele está ? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus,
senão o Espírito de Deus.
Onisciente é conhecer todas as coisas, materiais, espirituais, celestiais e divinas, e
também saber explica-las.

Qualidade Divina ONIPRESENTE

Sal. 139 : 7 – 10 Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua face ?
Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás
também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua
mão me guiará e tua destra me susterá.
Onipresente é tudo estar em sua presença Pv. 15 : 3

Qualidade Divina ONIPOTENTE

Luc.1:35 Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a


sua sombra.
Sal. 91 : 1 Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente
descansará.
Onipotente é possuir o poder que não há limites.
Comparar Is 6 : 8 – 9 Com Atos 28 : 25 – 26
Jer. 31 : 33 – 34 Com Heb. 10 : 15 – 16

A Deidade do Espírito Santo também é revelada através das sua ações e obras
realizadas.
O Espírito Santo é o Criador : Sal. 104 : 30 Quando envias o teu
Espírito, são criados, e renova a face da terra.

O Espírito Santo criou o homem: Jó. 33 : 4 O Espírito de Deus me fez e a Inspiração


do Todo Poderoso me deu a vida.

O Espírito Santo ressuscita : Rom. 8 : 11 E, se o Espírito daquele que dos mortos


ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo
também vivificará os vossos corpos mortais pelo seu Espírito, que em vós habita.

O Espírito Santo santifica : I Cor. 6 : 11 Mas haveis sido santificado, mas haveis sido
justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito de nosso Deus.

O Espírito Santo confere Dons: I Cor. 12 : 8 – 11 Porque a um, pelo Espírito, é dada a
palavra de sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; e a outro,
pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; e a outro,
a operação de maravilhas : e a outro, a profecia; e a outro, o Dom de discernir os
espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação de línguas;…
O Espírito Santo convence : Jo. 16 : 8 Quando Ele vier, convencerá o mundo do
pecado, da justiça e do juízo.

Acabamos de ver estas passagens bíblicas, e é impossível atribuir estes poderes a um


ser que não seja Divina. A própria Bíblia foi Inspirada por Ele.

II Pe. 1 : 21 Pois a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os
homens santos da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo.

O plano de Deus é que todos os cristãos atuais recebam o batismo no Espírito Santo
(2.39).

Para realizar o trabalho do Senhor, o Espírito Santo outorga dons espirituais aos fiéis
da igreja para edificação e fortalecimento do corpo de Cristo (1Co 12—14).

Estes dons são uma manifestação do Espírito através dos santos, visando ao bem de
todos (1Co 12.7-11).

O Espírito Santo é o agente divino que batiza ou implanta os crentes no corpo único
de Cristo, que é sua igreja (1Co 12.13) e que permanece nela (1Co 3.16), edificando-a
(Ef 2.22), e nela inspirando a adoração a Deus (Fp 3.3), dirigindo a sua missão
(13.2,4), escolhendo seus obreiros (20.28) e concedendo-lhe dons (1Co 12.4-11),
escolhendo seus pregadores (2.4; 1Co 2.4), resguardando o evangelho contra os erros
(2Tm 1.14) e efetuando a sua retidão (Jo 16.8; 1Co 3.16; 1Pe 1.2).

As diversas operações do Espírito são complementares entre si, e não contraditórias.


Ao mesmo tempo, essas atividades do Espírito Santo formam um todo, não havendo
plena separação entre elas. Alguém não pode ter a nova vida total em Cristo, um
santo viver, o poder para testemunhar do Senhor ou a comunhão no seu corpo, sem
exercitar estas quatro coisas.
Por exemplo: uma pessoa não pode conservar o batismo no Espírito Santo se não vive
uma vida de retidão, produzida pelo mesmo Espírito, que também quer conduzir esta
mesma pessoa no conhecimento das verdades bíblicas e sua obediência às mesmas.

O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

At 1.5 “Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o
Espírito Santo, não muito depois destes dias.”

Uma das doutrinas principais das Escrituras é o batismo no Espírito Santo (“batismo
no”, ao invés de “batismo com”, o Espírito Santo).

A respeito do batismo no Espírito Santo, a Palavra de Deus ensina o seguinte:

O batismo no Espírito é para todos que professam sua fé em Cristo; que nasceram de
novo, e, assim, receberam o Espírito Santo para neles habitar.

Um dos alvos principais de Cristo na sua missão terrena foi batizar seu povo no
Espírito (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33). Ele ordenou aos discípulos não
começarem a testemunhar até que fossem batizados no Espírito Santo e revestidos do
poder do alto (Lc 24.49; At 1.4,5,8).

O batismo no Espírito Santo é uma obra distinta e à parte da regeneração, também


por Ele efetuada. Assim como a obra santificadora do Espírito é distinta e completiva
em relação à obra regeneradora do mesmo Espírito, assim também o batismo no
Espírito complementa a obra regeneradora e santificadora do Espírito. No mesmo dia
em que Jesus ressuscitou, Ele assoprou sobre seus discípulos e disse: “Recebei o
Espírito Santo” (Jo 20.22), indicando que a regeneração e a nova vida estavam-lhes
sendo concedidas.

Depois, Ele lhes disse que também deviam ser “revestidos de poder” pelo Espírito
Santo (Lc 24.49; cf. At 1.5,8). Portanto, este batismo é uma experiência subseqüente à
regeneração (ver 11.17; 19.6).

Ser batizado no Espírito significa experimentar a plenitude do Espírito, (cf. 1.5; 2.4).
Este batismo teria lugar somente a partir do dia de Pentecoste. Quanto aos que foram
cheios do Espírito Santo antes do dia de Pentecoste (Lc 1.15,67), Lucas não emprega
a expressão “batizados no Espírito Santo”. Este evento só ocorreria depois da
ascensão de Cristo (1.2-5; Lc 24.49-51, Jo 16.7-14).

O livro de Atos descreve o falar noutras línguas como o sinal inicial do batismo no
Espírito Santo (2.4; 10.45,46; 19.6).

O batismo no Espírito Santo outorgará ao crente ousadia e poder celestial para este
realizar grandes obras em nome de Cristo e ter eficácia no seu testemunho e
pregação (cf. 1.8; 2.14-41; 4.31; 6.8; Rm 15.18,19; 1Co 2.4). Esse poder não se trata
de uma força impessoal, mas de uma manifestação do Espírito Santo, na qual a
presença, a glória e a operação de Jesus estão presentes com seu povo (Jo 14.16-18;
16.14; 1Co 12.7).

Outros resultados do genuíno batismo no Espírito Santo são:

mensagens proféticas e louvores (2.4, 17; 10.46; 1Co 14.2,15);

maior sensibilidade contra o pecado que entristece o Espírito Santo, uma maior busca
da retidão e uma percepção mais profunda do juízo divino contra a impiedade (ver Jo
16.8 nota; At 1.8 nota);

uma vida que glorifica a Jesus Cristo (Jo 16.13,14; At 4.33);

visões da parte do Espírito (2.17);

manifestação dos vários dons do Espírito Santo (1Co 12.4-10);

maior desejo de orar e interceder (2.41,42; 3.1; 4.23-31; 6.4; 10.9; Rm 8.26);

maior amor à Palavra de Deus e melhor compreensão dela (Jo 16.13; At 2.42) e

uma convicção cada vez maior de Deus como nosso Pai (At 1.4; Rm 8.15; Gl 4.6).

A Palavra de Deus cita várias condições prévias para o batismo no Espírito Santo.

Devemos aceitar pela fé a Jesus Cristo como Senhor e Salvador e apartar-nos do


pecado e do mundo (2.38-40; 8.12-17).

Isto importa em submeter a Deus a nossa vontade (“àqueles que lhe obedecem”,
5.32). Devemos abandonar tudo o que ofende a Deus, para então podermos ser “vaso
para honra, santificado e idôneo para o uso do Senhor” (2Tm 2.21).

É preciso querer o batismo. O crente deve ter grande fome e sede pelo batismo no
Espírito Santo (Jo 7.37-39; cf. Is 44.3; Mt 5.6; 6.33).

Muitos recebem o batismo como resposta à oração neste sentido (Lc 11.13; At 1.14;
2.1-4; 4.31; 8.15,17).

Devemos esperar convictos que Deus nos batizará no Espírito Santo (Mc 11.24; At
1.4,5).

O batismo no Espírito Santo permanece na vida do crente mediante a oração (4.31), o


testemunho (4.31, 33), a adoração no Espírito (Ef 5.18,19) e uma vida santificada (ver
Ef 5.18 notas).

Por mais poderosa que seja a experiência inicial do batismo no Espírito Santo sobre o
crente, se ela não for expressa numa vida de oração, de testemunho e de santidade,
logo se tornará numa glória desvanecente.
O batismo no Espírito Santo ocorre uma só vez na vida do crente e move-o à
consagração à obra de Deus, para, assim, testemunhar com poder e retidão.

A Bíblia fala de renovações posteriores ao batismo inicial do Espírito Santo (ver 4.31;
cf. 2.4; 4.8, 31; 13.9; Ef 5.18).

O batismo no Espírito, portanto, conduz o crente a um relacionamento com o Espírito,


que deve ser renovado (4.31) e conservado (Ef 5.18).

Quando uma pessoa crê no Senhor e se batiza nas águas, o Espírito Santo vem morar
no seu interior. Todos os cristãos tem o Espírito de Deus habitando em seu interior . (
Rm 8:9 ).

Existe porém um momento em que o Espírito Santo opera em nós de forma mais
poderosa, nos enchendo de virtude, poder e manifestando seus dons.

Esta experiência é chamada Batismo no Espírito Santo.

Satanás quer contradizer , trazer confusão e anular esta experiência na vida da Igreja.
Cada dia surge uma novidade, alguém que pega um texto isolado da bíblia e começa
a pregar gerando muita confusão.

Existem muitas idéias erradas com respeito a isto também. Dizem alguns que:

É só para pastores, presbíteros, missionários.

É só para quem atinge um determinado grau de santidade.

É um prêmio, uma recompensa por obedecer ou fazer a obra de Deus.

Precisamos entender que se por um lado, o Dom do Espírito Santo já foi dado a todos
que os creram e que portanto não é necessário buscar nem esperar aquilo que o
Senhor já deu, por outro lado quando alguém se converte deve ser instruído a respeito
deste dom, receber imposição de mãos e se apossar da promessa de tal maneira que
ela seja evidente, palpável e consciente.

Vamos examinar tudo a luz da Palavra de Deus e procurar responder as seguintes


perguntas :

Quais as base bíblicas para o Batismo no Espírito Santo?


Porque devemos crer que este batismo existe e é necessário para nós?

João Batista disse que Jesus batizaria com o Espírito Santo Mt 3-11
Jesus disse que batizaria At 1:4-8

A promessa se cumpriu At 2:1-4


A promessa é para todos os cristãos At 2:38-39

Os apóstolos encaminhavam os cristãos para isso At 8:14-17

A experiência de Paulo At 9:17

A experiência de Cornélio e sua família At 10:44-47

Os Efésios At 19:1-7

Os textos que falam dos Efésios e dos samaritanos derruba um engano muito grande
de que o Espírito Santo só é dados no momento da conversão.

Eles tinham crido e ainda não tinham sido batizados no Espírito. E quando Paulo lhes
impôs as mãos foram batizados , falando em línguas e profetizando sem necessidade
de ficar “esperando”.

O que é o batismo com o Espírito Santo?

Na bíblia esta experiência é apresentada através de vários termos diferentes:

Batismo com o Espírito Santo Mt 3:11 At 1:5

Receber o Dom do Espírito Santo At 2:38 At 10:35

A promessa do Pai Lc 24:49 At 1:4 At 2:33,39

Ficar cheio do Espírito Santo At 2:4

Receber o Espírito Santo At 8:17 At 10:47

Caiu o Espirito Santo sobre …. At 10:44 At 11:15

Derramar do Espírito Santo At 2:17,18,33 At 10:45

Todos estes termos se referem a uma mesma experiência:

O Batismo no Espírito Santo

A Respeito do Espírito Santo como 3ª pessoa da Trindade alguém definiu com simples
palavras que considerei perfeita, foram estas:

“Olhe para o sol(Deus), veja a luz que sai dele, luz(Jesus), agora sinta o calor(Espirito
Santo).

Tres coisas reais e distintas,sol, luz e calor.

Pai, Filho e Espirito Santo tres pessoas reais e distintas, um só poder, um só Deus.”
Leia agora nosso estudos sobre Os Dons do Espirito Santo, publicado aqui mesmo em
Atos Dois.

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