Resolução 028/2015 TJES

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028 – Regulamenta exercício da função de Juiz Leigo no âmbito dos

Juizados Especiais -Disp. 26/06/15


tjes.jus.br/028-regulamenta-exercicio-da-funcao-de-juiz-leigo-no-ambito-dos-juizados-especiais-disp-260615/

ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

PODER JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA

GABINETE DA PRESIDÊNCIA

RESOLUÇÃO Nº 028 /2015

Regulamenta o exercício da função de Juiz Leigo no âmbito do Sistema dos Juizados Especiais do
Poder Judiciário do Estado do Espírito Santo e readequa o valor indenizatório devido por ato
homologado, revogando as Resoluções TJES nº 017/2011, nº 028/2013, nº 038/2013 e nº
062/2013.

O DESEMBARGADOR SÉRGIO BIZZOTTO PESSOA DE MENDONÇA, PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, no uso de suas atribuições legais e,

CONSIDERANDO que o art. 98, inciso I, da Constituição Federal prevê a criação de Juizados
Especiais, providos por Juízes Togados, ou Togados e Leigos, competentes para a conciliação, o
julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade ou infrações penais de menor
potencial ofensivo;

CONSIDERANDO que os Juízes Leigos, cuja função é considerada de relevante caráter público,
constituem auxiliares da justiça, nos termos da Lei nº 9.099/95;

CONSIDERANDO que o exercício da função de Juiz Leigo é temporário, sem vínculo


empregatício ou estatutário com o Poder Judiciário, nos termos do Provimento nº 22/2012 da
Corregedoria Nacional de Justiça;

CONSIDERANDO que o exercício da função de Juiz Leigo pressupõe o recrutamento através de


processo seletivo de provas e títulos e, ainda, a capacitação prévia e continuada por curso
ministrado ou reconhecido pelo Tribunal de Justiça;

CONSIDERANDO a necessidade de criação de uma norma única regulamentando a forma de


ingresso, o exercício da função, os direitos, os deveres e a remuneração, tendo em vista a
existência de Resoluções e Atos Normativos esparsos sobre o tema;

CONSIDERANDO os resultados positivos alcançados com a atuação dos Juízes Leigos nos
últimos três anos, contribuindo de forma significativa para o aumento da produtividade das
unidades judiciárias onde estão lotados;
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CONSIDERANDO que desde a implementação da remuneração por produtividade, ocorrida ano
de 2013, o valor pago a título de indenização por ato homologado não sofreu nenhum reajuste;

CONSIDERANDO, por fim, a existência de disponibilidade orçamentária para o exercício de


2015, aprovada pela Lei nº 10.347/2015 (Lei Orçamentária Anual);

RESOLVE:

CAPÍTULO I

DA FUNÇÃO E DO SEU EXERCÍCIO

Art. 1º. Fica regulamentada, no âmbito do Sistema dos Juizados Especiais, a função
de Juiz Leigo, considerada de relevante caráter público, cujo exercício será temporário e sem
formação de qualquer vínculo estatutário ou empregatício com o Poder Judiciário do Estado do
Espírito Santo.

Art. 2º. Os Juízes Leigos serão recrutados por meio de processo seletivo de provas
e títulos.

Art. 3º. São requisitos para o exercício da função de Juiz Leigo:

I – ser brasileiro nato ou naturalizado;

II – ser advogado com mais de 02 (dois) anos de experiência;

III – não ser cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, do juiz togado do juizado onde exerça suas funções;

IV – não exercer atividade político-partidária, não ser filiado a partido político ou membro de
diretoria de órgão ou entidade associativa de classe;

V – não registrar antecedente criminal nem responder a processo penal;

VI – não ter sofrido penalidade nem praticado ato desabonador no exercício de cargo ou função
pública ou privada, bem como no exercício da advocacia;

VII – submeter-se a capacitação prévia e continuada, durante todo o exercício da função, a ser
ministrada pela Escola da Magistratura – ESMAGES, independentemente de já ter concluído o
Curso de Especialização e Preparatório à Carreira da Magistratura ou qualquer outro ministrado
por essa ou outra instituição;

VIII – não exercer a advocacia no Sistema dos Juizados Especiais da respectiva Comarca,
enquanto no desempenho das respectivas funções.

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Parágrafo Único. Na forma do que dispõe o § 2º do art. 15 da Lei nº 12.153, de 22
de dezembro de 2009, os Juízes Leigos atuantes em Juizados Especiais da Fazenda Pública
ficarão impedidos de advogar em todo o Sistema Nacional de Juizados Especiais da Fazenda
Pública.

Art. 4º. Uma vez selecionado, o Juiz Leigo será designado por ato do Presidente do
Tribunal de Justiça para exercício da função, pelo período de dois anos, permitida apenas uma
recondução, por igual período, em um Juizado Especial Cível, Criminal ou de Fazenda Pública,
devendo submeter-se a capacitação prévia e, após, apresentar-se ao juizado para o qual foi
designado.

Parágrafo único. Não sobrevindo ato da Presidência em sentido diverso, será o Juiz
Leigo automaticamente reconduzido para o exercício da função quando do término do primeiro
período estabelecido no caput deste artigo.

Art. 5º. A Coordenadoria dos Juizados localizará os Juízes Leigos atendendo às


necessidades e à conveniência do serviço, buscando guardar proporção com o número de feitos
distribuídos em cada unidade judiciária.

Art. 6º. Somente a partir da publicação da designação e da capacitação prévia


ministrada pela ESMAGES, o candidato estará apto ao exercício da função.

Art. 7º. A Coordenadoria dos Juizados poderá solicitar aos magistrados das
Unidades Judiciárias que disponham de Juízes Leigos informações acerca do desempenho dos
mesmos, com a finalidade de verificar o bom funcionamento e estimular a melhoria contínua
dos serviços prestados.

CAPÍTULO II

DA INDENIZAÇÃO

Art. 8º. A indenização mensal dos Juízes Leigos terá como base o número de
projetos de sentença elaborados por mês e homologados pelo Juiz ao qual estiverem
submetidos, compreendendo projetos de sentenças resolutórias de mérito, terminativas por
ausência de condições da ação e ausência de pressupostos processuais, e homologatórias de
acordo.

§ 1º. As sentenças homologatórias de acordo somente serão passíveis de


indenização nas seguintes hipóteses:

I – Transação obtida no curso da audiência presidida pelo Juiz Leigo;

II – Identificação de acordo juntado aos autos, após concluída a instrução do processo pelo Juiz
Leigo;

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III – Iniciada a audiência, ter verificado o Juiz Leigo a existência de proposta de acordo juntada
aos autos, desde que lavre ata da qual conste a homologação do mesmo.

§ 2º. Nos termos do art. 8º da Resolução nº 174 do CNJ, não serão computados para efeito de
indenização devida aos Juízes Leigos quaisquer atos distintos dos acima elencados, tais como
realização de audiências de conciliação e de instrução, projetos de sentença de extinção de
processos em razão de ausência do autor à audiência, desistência do pedido inicial e decisões
relativas a embargos de declaração.

Art. 9º Na ausência do Juiz Titular ou em seus impedimentos legais, será


competente para homologar os referidos projetos de sentença o magistrado que estiver
designado pela Presidência do Egrégio Tribunal de Justiça para responder pelo Juizado
respectivo, e, subsidiariamente, o Magistrado indicado como substituto automático na ordem
de substituição vigente.

Art. 10. Independentemente do número de projetos de sentença homologados, a


indenização mensal a ser paga ao Juiz Leigo não poderá ultrapassar o teto equivalente ao
padrão inicial da carreira do cargo de Técnico Judiciário (Padrão 5, Classe V, Nível 1), previsto na
Lei Estadual nº 10.278/2014, vedada qualquer outra equiparação.

Art. 11. O valor indenizatório devido ao Juiz Leigo por projeto de sentença
homologado, observados os artigos 8º e 9º desta Resolução, será de R$ 65,00 (sessenta e cinco
reais).

Art. 12. O Analista Judiciário Especial ou o Chefe de Secretaria do Juizado Especial


no qual estiver lotado o Juiz Leigo deverá registrar mensalmente, por meio de certidão visada
pelo Juiz de Direito responsável pela Unidade Judiciária, a relação de processos em que foram
homologados os atos passíveis de indenização, arquivando-a em meio digital para fins de
controle interno.

§ 1º. A certidão mencionada no caput deverá ser confeccionada no último dia útil
de cada mês, levando-se em conta a produtividade do mês em curso, devendo a Unidade
Judiciária informar à Coordenadoria dos Juizados Especiais, unicamente, a quantidade de atos
certificados, por meio de ofício encaminhado via correio eletrônico (juizados-
[email protected]” style=”margin: 0px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 12px; vertical-
align: baseline; color: rgb(0, 150, 224); text-decoration: none;”>[email protected]),
no primeiro dia útil do mês subsequente.

§ 2º As informações prestadas pelas Unidades Judiciárias serão compiladas pela


Coordenadoria dos Juizados Especiais, sendo então encaminhadas, por meio de ofício, ao setor
responsável pela folha de pagamento do Tribunal de Justiça, autorizando a indenização
correspondente para o mês subsequente.

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§ 3º. Excepcionalmente no mês de dezembro, o prazo limite para confecção da
certidão e envio da informação para Coordenadoria dos Juizados Especiais referente ao
quantitativo de atos indenizáveis será o último dia útil que antecede o recesso judiciário.

CAPÍTULO III

DAS ATRIBUIÇÕES, DEVERES E IMPEDIMENTOS DO JUIZ LEIGO

Art. 13. Compete ao Juiz Leigo, na forma dos artigos 22, 37 e 40 da Lei nº 9.099/95:

I – Dirigir audiências de conciliação, instrução e julgamento, podendo, inclusive, colher provas e


decidir sobre questões incidentais, sujeitas ao exame do Juiz Togado na forma do § 4º deste
artigo;

II – Elaborar projeto de decisão e sentença, em qualquer matéria de competência dos Juizados


Especiais, submetendo ao Juiz Togado para homologação.

§ 1º. Concluída a instrução, o Juiz Leigo elaborará projeto de sentença em prazo não superior a
dez (10) dias, nos termos do art. 11 da Resolução 174 do CNJ.

§ 2º. Caberá ao Juiz Togado estabelecer quais os feitos serão conduzidos pelo Juiz Leigo.

§ 3º. É atribuição do Juiz Leigo a realização do pregão e a digitação e impressão das


atas das audiências por ele dirigidas.

§ 4º. A homologação do projeto de sentença pelo Juiz Togado abrangerá os atos


instrutórios e decisórios proferidos pelo Juiz Leigo no curso da instrução, excetuadas as
decisões de natureza antecipatória e cautelar, proferidas em qualquer fase do processo, as
quais serão sempre objeto de imediata apreciação e homologação, se for o caso, pelo Juiz
Togado, como condição para o seu efetivo cumprimento.

§ 5º. O Juiz Leigo fica subordinado às orientações e ao entendimento jurídico do


Juiz Togado.

Art. 14. São deveres do Juiz Leigo:

I – assegurar às partes igualdade de tratamento;

II – submeter imediatamente ao Juiz Togado, após as sessões de audiência, as conciliações e


decisões para homologação;

III – comparecer pontualmente no horário de início das audiências e não se ausentar


injustificadamente antes de seu término;

IV – tratar com urbanidade, cordialidade e respeito os magistrados, partes, membros do


Ministério Público e Defensoria Pública, advogados, testemunhas, servidores e auxiliares da
justiça;
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V – manter conduta irrepreensível na vida pública e privada;

VI – utilizar trajes sociais, compatíveis com a dignidade da função, evitando o uso de vestuário
atentatório à imagem da Justiça.

Parágrafo único. Os Juízes Leigos ficam sujeitos ao Código de Ética constante do Anexo II da
Resolução Nº 174/2013 do Conselho Nacional de Justiça.

Art. 15. Aos Juízes Leigos aplicam-se as normas disciplinares a que estão sujeitos
os servidores da Justiça, os deveres éticos e os motivos de impedimento e suspeição dos
magistrados, no que couber.

§ 1º. No caso de impedimento ou suspeição, o Juiz Leigo devolverá os autos ao Juiz


Titular, o qual distribuirá a outro Juiz Leigo ou assumirá o feito.

§ 2º. Se o impedimento for apurado após o início do procedimento, a atividade


deverá ser interrompida, lavrando-se ata do ocorrido e observando-se, em seguida, o disposto
no parágrafo anterior.

§ 3º. Qualquer advogado ou parte poderá suscitar ao Juiz Togado o eventual


impedimento ou suspeição do Juiz Leigo.

Art. 16. O Juiz Leigo fica impedido de assessorar, prestar consultoria, representar
ou patrocinar qualquer dos litigantes.

Art. 17. O Juiz Leigo deverá manter o sigilo sobre as informações que não sejam de
domínio público ou que, se reveladas, possam acarretar dano cível ou prejuízo à investigação ou
processo penal. A sua violação acarretará responsabilização na esfera própria, além de
constituir causa de desligamento da função.

Art. 18. É vedado o exercício da função de Juiz Leigo por servidor do Poder
Judiciário do Estado do Espírito Santo.

CAPÍTULO IV

DO DESLIGAMENTO DA FUNÇÃO

Art. 19. O Juiz Leigo poderá ser desligado da função “ad nutum” por ato do
Presidente do Tribunal, ouvida a Coordenadoria dos Juizados Especiais.

Parágrafo único. O Juiz de Direito da unidade judiciária onde haja Juiz Leigo informará por
escrito à Presidência do Tribunal ou à Coordenadoria dos Juizados Especiais quaisquer fatos
relevantes que digam respeito à atuação do Juiz Leigo.

Art. 20. O Juiz Leigo será ainda desligado do exercício da função:

I – a qualquer tempo, a pedido do próprio Juiz Leigo;


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II – automaticamente, pelo término do prazo estabelecido para o exercício da função.

CAPÍTULO V

DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 21. Ao Magistrado da unidade judiciária incumbe o dever de fiscalizar e


coordenar o trabalho dos Juízes Leigos.

Art. 22. A Presidência do Egrégio Tribunal de Justiça decidirá acerca das questões
omissas ou incidentais que versem sobre a função de Juiz Leigo, após manifestação da
Coordenadoria dos Juizados Especiais.

Art. 23. O Presidente do Tribunal de Justiça poderá designar Juízes Leigos


voluntários, desde que preencham todos os requisitos da Lei e desta Resolução, os quais terão
sua carga horária livremente estabelecida com o Juiz Togado, não fazendo jus à indenização
aqui estabelecida.

Art. 24. No mês de publicação da presente Resolução, a certidão a que se refere o


art. 12 poderá contemplar o número de atos homologados no período compreendido entre o
vigésimo primeiro e último dia do mês anterior, visando adequar o período de apuração até
então vigente.

Parágrafo único. Na hipótese do caput deste artigo, excepcionalmente o Juiz Leigo poderá ser
indenizado em valor superior ao teto previsto no artigo 10, em até um terço do referido valor,
uma vez que os atos homologados serão produzidos em período superior a trinta dias.

Art. 25. Os Juízes Leigos aprovados no I Processo Seletivo realizado pelo Poder
Judiciário/ES que se encontrarem designados há mais de dois anos, a fim de se adequarem ao
disposto no art. 4º da presente Resolução, serão considerados reconduzidos por mais dois anos
a partir da data em que efetivamente completaram o segundo ano de exercício.

Art. 26. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, ficando
revogadas as Resoluções TJES nº 017/2011, nº 028/2013, nº 038/2013 e nº 062/2013.

Vitória, 25 de junho de 2015.

Desembargador SÉRGIO BIZZOTTO PESSOA DE MENDONÇA

Presidente

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