Casamento PDF
Casamento PDF
Casamento PDF
Página 1 de 30
BREVE HISTORIAL DA EVOLUÇÃO DO CASAMENTO
Sob o ponto de vista sociológico o casamento é um fenómeno humano muito antigo que
se formalizava sem qualquer acto solene.
Foi só com a revolução francesa, no final do século XVIII que se passou a adoptar a
concepção do casamento como um acto meramente civil, como um contrato, baseado na
vontade dos nubentes e sem estar sujeito à intervenção obrigatória da Igreja, surgindo
assim o casamento de natureza laica de competência dos representantes do Estado e
independente do casamento religioso.
Já em Portugal o casamento civil só foi introduzido no código Civil no século XIX com
carácter meramente facultativo mantendo-se em plena validade o casamento canónico.
Foi só com a proclamação da República que o casamento civil tornou-se obrigatório e
deixando-se assim de atribuir efeitos civis ao casamento católico.
O Artigo 20º- define o casamento “a união voluntária entre um homem e uma mulher,
formalizada nos termos da lei, com o objectivo de estabelecerem uma plena comunhão
de vida”.
1
Cfr., Código da Família Angolano. De realçar que o código da Família foi a nossa principal base de investigação.
Página 2 de 30
O elemento subjectivo da voluntariedade por parte, dos nubentes, homem e
mulher.
A necessidade da sua formalização, segundo a forma estabelecida na lei, que é o
que distingue da união de facto.
A finalidade legal do casamento que é o estabelecimento da plena comunhão de
vida.
A PROMESSA DO CASAMENTO
Trata-se pois de uma obrigação natural que não é juridicamente exigível. É uma
obrigação fundada em meros diversos de justiça e que não é exigível juridicamente.
Página 3 de 30
Tem duas vertentes: - Casamento como acto, cerimónia que se celebra - como acto em
si. - Casamento como estado familiar, em que os nubentes se vão encontrar a pois a
cerimónia é consequência da cerimónia – como estado. O casamento como estado é um
vínculo jurídico composto por um conjunto complexo de direito e deveres.
- Cada pessoa é livre de escolher a pessoa de outro sexo com quer casar.
O casamento deve ser definido como um negócio jurídico familiar e bilateral, com a
natureza de um pacto, celebrado entre os nubentes. É o acto jurídico condição de
aceitação do estado de casado, que dele decorre, estado esse que se estabelece
reciprocidade entre 2 nubentes.
Fica portanto afastada a hipótese do casamento como um contrato civil, pois a vontade
do Estado intervêm no acto do casamento3, antes da sua celebração, através do
conservador do registo civil, cuja intervenção tem a natureza certificativa e a sua
participação é indispensável à própria existência do acto jurídico.4
O casamento para ter existência jurídica necessita de três pressupostos sem os quais a
sanção é de inexistência ou a de anulabilidade do casamento.
1- Diversidade de sexo
2
Cfr., Antunes VARELA, Direito de Família,Direito matrimonial, p. 120 ss.
3
F.M. Pereira COELHO, Curso deDireio da Família, p. 173
4
Cfr., Eduardo dos SANTOS,Direito da Família, p. 164
Página 4 de 30
Já quanto aos casos de inter sexualidade e transexualismo a sanção correspondente é a
de anulabilidade do casamento por erro quanto às qualidades física essenciais do outro
nubente, se tal tivesse sido ocultado.
O casamento tem de ser celebrado por funcionário competente do registo civil ou por
substituto legal deste, sem isso o casamento é irrelevante perante a ordem jurídica art.
34º- al. b).5
VALIDADE DO CASAMENTO
Condições de fundo:
- Aptidão natural para contrair o casamento, diferença de sexo. Idade púbel, saúde
física, inexistência de impedimento previstos na lei, vontade de contrair o casamento,
capacidade das partes.
- Mútuo consentimento:
CAPACIDADE MATRIMONIAL
5
O que significa dizer que no nosso ordenamento jurídico afastamos a validade do casamento canónico em
detrimento de um órgão público.
Página 5 de 30
que proibia o casamento com outras religiões. Modernamente estas prescrições opõem-
se a direitos fundamentais do homem que são hoje nulas.
Quanto ao estado de saúde dos nubentes, o nosso código não faz referência a esse
assunto pelo que não dá que fazer prova de aptidão física para o casamento.
2- Impedimentos matrimoniais
A lei exige legalmente a circunstância negativa de que não se verifiquem em relação aos
nubentes quaisquer impedimento matrimonial, ou seja facto jurídico que obstam a
realização do casamento, e que podem ser classificados como impedimento dirimentes
(absolutos e relativo) que são aqueles que dirimem, destroem os efeitos do casamento e
dos impedimento não dirimentes ou meramente impedientes, são aqueles cuja existência
obstam a realização do casamento mas não afecta a sua validade.
A demência: proibição de se casar para dementes funda-se em duas razões uma que é
evitar que alguém que celebre o casamento não tendo a capacidade de discernimento
para compreender esse acto e seus efeitos e a outra impedir que pessoas portadoras de
taras psíquicas as vão transmitir à sua descendência. Este tipo de incapacidade abrange
não só a interdição decretada por sentença judicial mas ainda a demência notória. O
nosso código proíbe o casamento por demência quando esta seja notória ou no caso de
interdição ou e inabilitação por anomalia psíquica art. 25º- nº l al. a)
Página 6 de 30
- Casamento anterior ou união de facto reconhecida:
6
Hoje a monogamia entende-se como a convivência entre um homem e uma única mulher.
7
No âmbito do P. P a pronúncia é aceitação da acusação deduzida pelo Ministério Público
Página 7 de 30
O CONSENTIMENTO
O consentimento tem de ser dado pela pessoa do nubente, ninguém pode ser substituído,
mesmo em caso do nubente ser menor, apesar de para isso ter de estar autorizado.
Caracteriza-se por:
O PROCESSO PRELIMINAR
Página 8 de 30
- Declaração Inicial Art.3 do R.A.C, tem ser subscrita por ambos ao nubentes, deve
conter os elementos essenciais à identificação pessoal dos nubentes, dos seus
ascendentes, tutor se houver o nome do cônjuge anterior quando haja e também se
algum dos nubentes tem filhos. No caso de quererem casar com o regime de separação
de bens também deve ser mencionado. Durante o processo preliminar é necessário que o
Conservador esclareça quais são os impedimentos matrimoniais previsto na lei, art. 29º-
nº 1 e os nubentes devem declarar sob juramento se estão ou não abrangidos por
qualquer deles. Esta declaração sob juramento visa substituir as publicações que foram
abolidas. A falsa declaração faz incorrer o nubente em responsabilidade civil e criminal,
art. 29º- nº 2; ao passo que a despronúncia é a negação da acusação deduzida pelo
Ministério Público depois de recebida pelo juiz quer dizer que se o cônjuge for
pronunciado pelo juiz, fica impedido de contrair o matrimónio. Poderá contrair o
matrimónio se porventura ocorrerem os seguintes requisitos:
CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
Entende – se que a declaração do funcionário quando decreta em nome dos pais em que
os nubentes se encontram unidos pelo casamento é indispensável à eficácia jurídica a
declaração dos nubentes porque ela é que declara os nubentes unidos pelo casamento:
Registo
Página 9 de 30
O registo se o casamento é válido retroage os seus efeitos até a data de celebração do
casamento.
- Por Inscrição: é um contínuo á celebração e tem lugar nos casos de casamento perante
o funcionário do registo civil e no caso de casamento perante agente diplomático ou
consular.
- Por transcrição: o que é importante é que o casamento seja válido quanto à forma onde
foi celebrado, em certos casos a lei permite um registo de transcrição nos seguintes
casos:
- Casamento urgente
Casamento Urgente
Tem natureza excepcional, art. 37º-, e só nas situações que o legislador o admita:
NULIDADE DO CASAMENTO
Página 10 de 30
- E ainda o casamento não homologado urgente.
Quando haja inexistente é porque o acto nem se quer chegou a ser introduzido na ordem
jurídica, a sua inexistência pode ser invocada a todo tempo e por qualquer via, não
sendo sequer necessário que isso se declare. Aliás o juiz tem um papel meramente
passivo e secundário da sua apreciação.
NULIDADE
Aqui a regra é de que o casamento existe só que foi contraído com a violação de certas
regras, e enquanto não for decretado nulo ele produz efeitos jurídicos.
Segundo o art.66º- sem ser declarada ela não é invocável, vício da nulidade terá
portanto de ser declarado em acção judicial de natureza impugnativa.
Regime de nulidade
Art.71º- a sentença de nulidade poderá ter duas espécies de natureza:
- Natureza constitutiva, porque apesar do casamento ser declarado nulo este produz
ainda alguns efeitos, art. 71 º- no caso de o casamento putativo.
Natureza meramente declarativa a sentença sem que se produza qualquer efeitos.
Os casos de anulabilidade vêm previstos no art. 65º- e abrangem os que violem o
disposto dos artºs. 24º-, 25º-, 26º- C.F
CAUSAS DE NULIDADE:
Falta de idade núbil: art. 24º- fixa a ideia núbil aos 18 anos e embora haja excepções
estas têm de obedecer a lei. O casamento do menor não núbil está ferido de nulidade
absoluta.
- Demência: art. 25º- al. a), os dementes estão proibidos em absoluto de casar.
- Bigamia: consiste na violação do art. 25º- al. b) e que contem um princípio de ordem
pública. Ocorre quando alguém é casado ou vive em união de facto reconhecida e
contrai novo casamento sem estar dissolvido o primeiro vínculo matrimonial.
Página 11 de 30
- Incesto: art. 26º- al. a) e b) que consagra igualmente um princípio de ordem pública.
O incesto abrange os ascendentes naturais ou adoptivos, os afins na linha recta bem
como irmãos naturais ou adoptivos, e vai ferir o casamento de nulidade absoluta.
- Falta o vício da vontade: art. 65º- al. b) são vícios que ferem um dos pressupostos de
casamento que é o do mútuo consentimento.
- Casamento celebrado sem testemunha: art. 34º- al. c) trata-se de um vício de forma
ao qual a lei da relevância como facto gerador de nulidade.
- Legitimidade
- Falta de idade núbil ou demência, art. 65º- al. a): tem legitimidade de acordo com
os termos do art. 67º- als. a) b) d) e), qualquer dos cônjuge, os pais adoptantes ou quem
teria de dar autorização prevista no art. 24º- nº 3, o Ministério Público, outra pessoa
cujo interesse na anulação seja judicialmente protegida. Esta legitimidade no entanto
cessa para quem não seja cônjuge quando for de maior idade ou quando cessa a
interdição8.
- Legitimidade no caso do incesto art. 65º- al. a) e de acordo com art. 67º- als. a), b) e
c) qualquer dos cônjuges, o Ministério público a pessoa cujo interesse na acção seja
juridicamente protegido.
8
Ao passo que a despronúncia é a negação da acusação deduzida pelo Ministério Público depois de recebida pelo juiz
quer dizer que se o cônjuge for pronunciado pelo juiz, fica impedido de contrair o matrimónio. Poderá contrair o
matrimónio se porventura
Página 12 de 30
Por Falta de Testemunhas – A acção só pode ser intentada pelo Ministério Público.
A testemunha é um requisito primordial para dar transparência naquilo que é o próprio
acto de casamento, afastando porém.9
No entanto há que ter em conta que no caso da acção ter sido proposta, a lei que permite
sempre aos herdeiros do autor a legitimidade para prosseguir a acção pois esta não se
extingue com a morte do respectivo interessado art. 67º-, 68º- nº 1 C.F.
- Prazos: o prazo de anulação revela também que a lei procura salvaguardar tanto
quanto possível a estabilidade do casamento mesmo ferido de nulidade .Os prazos de
invocação de nulidade são mais dilatados ou mais diminutos consoante a natureza e
gravidade do vício art.70º-
a) No Caso de incapacidade por Falta de idade Núbil, Demência ou Interdição.
1. Quando for proposta pelo próprio incapaz, até um ano após ter atingido a maioridade
2. Quando proposta pelo Ministério Público, ou por terceira pessoa, até 2 anos após
celebração mas nunca depois do nubente ter atingido a maioridade, de ser levantada a
interdição
b) Nos casos de falta ou vício da vontade, de simulação, de homicídio doloso ou de
formalidades essenciais: até 2 anos após a celebração do casamento.
c) Nos casos de incesto ou bigamia: nunca depois de 2 anos após a dissolução do
casamento.
VALIDAÇÃO DO CASAMENTO
É uma mão estendida da lei a favor de um casamento que foi celebrado com vícios com
vista a salvaguardar a estabilidade da família assente no casamento.
A lei permite que o casamento seja válido ou seja a sua invalidade pode ser sanada
quando antes do trânsito em julgado da sentença de anulação ocorrer alguns dos
seguintes factos, art. 73º-:
- Ser o casamento do menor não núbil ou do demente, interdito ou inabilitado,
confirmado pelo próprio interessado perante o funcionário do Registo Civil e 2
testemunhas, depois de atingido a maioridade, de ter sido levantada a interdição ou de
ter verificada judicialmente a sua sanidade mental.
- Ser anulado o primeiro casamento bígamo
- Ser a falta de requisito formais devida a circunstâncias atendíveis, sobre a celebração
pelo Ministério da Justiça desde que não haja dúvidas sobre a celebração do casamento.
O Casamento Putativo:
É o casamento celebrado nulo ou anulado mas cujos efeitos dessa nulidade ou
anulabilidade não são retroactivos e só se fazem sentir após sentença transitada em
julgado. A lei preserva ou conserva os efeitos que o casamento vai produzir na sua
vigência mas tem de se verificar os seguintes pressupostos:
- Que exista, um casamento e não pode ser juridicamente inexistente.
- Que o casamento venha a ser nulo ou anulado.
- Que exista o elemento subjectivo da boa fé por parte de ambos ou de um dos nubentes,
e que se traduz na ignorância desculpável do vício gerador da nulidade art.72º- nº 1.
9
A testemunha é um requisito primordial para dar transparência naquilo que é o próprio acto de casamento, afastando
porém
Página 13 de 30
Natureza jurídica do casamento Putativo – há quem o considere uma ficção e há
quem considere uma instituição autónoma que produz efeitos pelo facto material de
aparência de um casamento. Esta última é que melhor se adapta à figura do casamento
putativo, pois o comportamento do cônjuge é como se de um casamento se tratasse
apesar do vício do acto.
- Efeitos em relação ao cônjuge de má fé não produzem efeitos pois não pode ser
invocada a figura do casamento putativo.
Página 14 de 30
- Poderes e Deveres Matrimoniais - os poderes e deveres matrimoniais são de
conteúdo predominantemente ético e jurídico e vem limitar a liberdade pessoal de cada
cônjuge e vem previstos no art. 43º- em que se estabelece que ambos os cônjuges estão
vinculados pelos deveres de:
- Direitos pessoais dos cônjuges - cada cônjuge tem direito às liberdades fundamentais
de natureza política, cívica, sindical, cultural ou religiosa, podendo os cônjuges terem as
suas próprias convicções.
Representação comum
Página 15 de 30
Direito ao Nome: É um rumo dos efeitos do casamento e significa que ao casarem terão
de definir o nome de família.
O nosso art. 36º- n 1º, diz – nos que de qualquer dos nubentes poderá adoptar o apelido
do outro ou podem ambos adoptarem por um apelido comum formado a partir dos
apelidos dos dois. A declaração do apelido tem de ser efectuada após a celebração e
pode ser por acto unilateral se consiste na adopção do apelido do outro por acto bilateral
se consistir na formação de apelido comum da família.
- Emancipação: o casamento de menor (ela pelo menos de 15 e ele de 16) leva á sua
emancipação, o qual adquire a plena regência da sua pessoa e bens. Nacionalidade - se
o cidadão estrangeiro ao casar perde a sua nacionalidade, adquire imediatamente, a
nacionalidade angolana, mas caso isso não suceda terá de adquirir.
No actual regime matrimonial, além da contribuição dos cônjuges nas despesas do lar,
com valores ou serviços, prevê se ainda a situação jurídica dos bens cuja a titularidade
na pessoa dos cônjuges é anterior ou posterior ao casamento, define-se o poder de
administração desses bens por parte do cônjuges, o poder para contrair dividas,
responsabilidade pelo seu pagamento.
O regime económico dos casamentos tem evoluído através do tempo e de acordo com
apropria estrutura da família. O regime da comunhão de bens pode ter maior a menor
extensão, ser total ou especial, apresentando diversas formas:
-Regime da comunhão geral ou universal de bens que abrangem a quase totalidade de
bens do cônjuges.
Página 16 de 30
-O regime da comunhão de móveis e de adquirido que abrangem todos os moveis
anterior ou posterior ao casamento e os imóveis adquirido a título oneroso depois do
casamento.
-Regime de bens adquirido que abrangem os bens adquiridos a título oneroso depois do
casamento seja eles direitos, imóveis ou móveis.
- Comunhão geral, em que há uma comunhão total de bens este era o regime tradicional
português que vigorava antes da entrada em vigor do código civil actual.
- Regime dotal, um dote atribuindo à mulher o que se regia por regime especial de modo
a proteger a mulher de uma má gestão por parte do marido.
Não há regimes obrigatórios podendo os nubentes escolher entre dois tipos de regimes,
art. 49º- nº 1.
Regime de separação de bens, como regime alternativo art. 49º- nº1 e 29º- nº 3
consentiu-se na dualidade de regime para que se possa adoptar a aquele regime que se
ache mais adequado, pois pode-se requerer a separação de bens atendendo à pouca
estabilidade do casamento, a existência de filhos de uniões maritais ou de simples
uniões de factos anteriores, desigualdade económica… Deve-se ter em conta igualmente
o peso de direito tradicional angolano que estatui a separação de bens como regime
regra em virtude da existência do casamento poligâmico.
Segundo o art. 50º- a escolha do regime é imutável, pois a declaração do regime é
bilateral, expressa e irrevogável. O princípio da imutabilidade constitui uma segurança
não só para os cônjuges como para terceiros.
Este é regime regra, supletivo, porque segundo a doutrina dominante é o que melhor
defende os interesses dos cônjuges.
Neste regime temos três tipos de patrimónios:
- Património próprio do marido
- Património Próprio da mulher
- Património comum
Página 17 de 30
Património comum - natureza jurídica
O que interessa neste tipo de património é a espécie de direito que os cônjuges têm
sobre ele.
Assim o património comum está protegido legalmente pela moratória legal que não
permite a sua divisão antes a dissolução do casamento.
Apesar não haver património comum pode ser que haja alguns bens que sejam pertença
de ambos em regime de compropriedade, que está sujeita as regras do direitos reais e
não ao regime específico da comunhão matrimonial, sendo que é permitido ao cônjuge
pedir a divisão de bens do qual é comproprietário.
No entanto a excepções que restringem este direito de poder de disposição dos bens de
modo a preservar os interesses da família:
Poder de administração.
São os poderes de administração de bens conferidos aos cônjuges os que são e que
variam consoaste os diferentes ordenamentos jurídicos assim como depende igualmente
da qualidade dos bens de regime económico do casamento.
- No que toca os bens próprios cada qual rege os seus, esta é a regra geral, a no entanto
excepções, cônjuges pode administrar os bens dos outros ou os comuns quando esses
Página 18 de 30
sejam usado por si mesmo exclusivamente como instrumento de trabalho, e também
quando o outro cônjuges estiver ausente ou impedido de os administrar.
-Já no diz respeito aos bens comuns convêm distinguir os actos de administração
ordinária que são aqueles que têm a haver com a conservação dos bens administrados e
a promoção da sua frutificação normal, são aqueles que não alteram a sua substância e
como tal qualquer do cônjuges tem legitimidade para os praticar separadamente, art.
54º- nº3. Já os actos da administração extraordinária e por estes afectarem a substância
dos bens a regra é da administração conjunta.
- Cada cônjuge administra livremente os seus bens tendo como restrições quanto aos
poderes de alienação ou de oneração de bens aquelas prevista nos artigo 57º nº2 a), b) e
57º-, ou seja quanto aos bens móveis usados como instrumento de trabalhos, ao móveis
do lar e ao direito de arrendamento à residência de família.
- Recusa injustificada
- Impossibilidade de obtenção
Tanto o marido como mulher mantêm os mesmos poder patrimoniais para contrair
dívidas sem consentimento do outro. O que varia consoante o regime de bens é a
natureza da divida, o carácter solidário ou conjunto da divida ainda os bens respondem
pelas dividas.
- Dividas comuns
- Divida exclusivas
Página 19 de 30
No regime da comunhão de adquiridos, a responsabilidade pela divida é solidária, art.
61º- nº 2
As dívidas comuns podem serem contraídas por um, por ambos e são as seguintes:
- Dividas contraídas por ambos ou por um mais com consentimento do outro neste caso
não é relevante saber qual e a natureza da divida ou qual a sua finalidade, pôs existe a
vontade de ambos dos cônjuges em contrair divida.
Dívidas exclusivas.
São aquelas contraídas por só um dos cônjuges e por tanto incomunicável são elas:
- Quanto as dívidas exclusivas vigoram o princípio de que a meação nos bens comuns
só é determinável quando se operar a dissolução ou anulação do casamento. Até lá
permanece a moratória legal que impõem o cumprimento da obrigação exclusiva de um
dos cônjuges só é exigível quando o casamento for dissolvido ou anulado, art. 64º- nº1.
Página 20 de 30
Esta moratória instituída tendo em vista a afectação dos bens comuns a satisfação nas
necessidades da vida familiar. No entanto moratória tem algumas restrições pois não a
abrangem produtos de trabalho dos cônjuges devedor, art. 64º-, assim como a ressalva
do art. 62º- al. b), que engloba aquelas dívidas resultantes de crimes e indemnizações…
A DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO
Causas de extinção:
- O Divórcio
Era um instituto reconhecido no antigo código e que se baseava no facto de não ser
reconhecida a dissolução do casamento por divórcio, sendo somente permitido aos
cônjuges a sua separação legal.
A separação judicial mantém o vínculo matrimonial entre os cônjuges sendo assim uma
forma de suspensão da vida conjugal que não dissolve o casamento.
Os seus efeitos legais são muito diferentes dos do divórcio, sobretudo o que se refere
aos efeitos pessoais:
Página 21 de 30
Já no campo patrimonial os afectos do divórcio ou da separação são os mesmos, assim
como também aos filhos é direito sucessório.
Como situação familiar de carácter estável, a separação de pessoa e bens estava mesmo
sujeita a registo e constituía um estado civil.
Mas era uma situação transitória e que poderia terminar com a morte de um ou dos dois
cônjuges, para reconciliação ou pela conversão em divórcio.
Deriva de uma declaração feita pelo tribunal quando alguém desaparece sem saber o
paradeiro havendo fortes indícios da sua morte.
A morte é presumida porque não há verificação directa do caso mas faz-se derivar da
presunção os mesmos efeitos jurídicos da morte.
Se o casamento for reavaliado é para todos os efeitos não tivessem havido dissolução
neste caso a revalidação tem efeitos retroactivos.
Como a dissolução do vinculo conjugal declarada pela via legal e operada em vida dos
cônjuges:
- O direito muçulmano admite em regra o repúdio feito pelo marido com grande
amplitude.
Página 22 de 30
- Nos países de influência Protestante por se ter afastado da concepção do casamento
perpétuo a ideia de divórcio foi acompanhada desde o início.
- Nos países católicos a ideia de divórcio apareceu com revolução francesa, embora
tenha sido a afastado uns tempos para vir a reaparecer mais tarde.
O divórcio hoje é uma realidade de quase todos os sistemas jurídicos embora seja
encarado de diversas formas, pois uns sistema são mas liberais com um leque maior de
fundamentos legais para o divórcio e formas processuais de o obter e outros menos
liberalizantes restringido o divórcio aos casos expressamente previsto na lei.
- A aquele que encara o divórcio como sanção imposta á conduta culposa de um dos
cônjuges, violadora de deveres conjugais - esta concepção aparece normalmente ligada
aquela que encara o casamento como instituição.
- Concepção que encara o divórcio como o remédio ou solução final, e neste caso estão
abrangidas todas as causas de dissolução quer por culpa quer sem culpa, o que interessa
é que verificou uma situação que impede o prosseguimento da vida conjugal. O divórcio
que não é mais do que um colorário do facto do matrimónio, ter deixado de servir o fim
social para que foi instituído.
O código civil anterior privilegiava a concepção de divórcio sanção, pois este parecia
como um castigo para cônjuges que violara alguns deveres conjugais.
No actual código de família estabelece – se que o divorcio só pode surgir quando tenha
havido deterioração completa e definitiva das relações conjugais independentemente das
causas dessa deterioração. O art. 78º- determina que se verifique simultaneamente duas
condições:
Pode se distinguir dois sistemas distintos quanto às causas invocáveis como fundamento
do divórcio:
Página 23 de 30
- Sistema de causa genérica - predomina a que a concepção de divórcio remédio, pós as
causas do divórcio e fundamentalmente o reconhecimento da desunião irremediável dos
cônjuges. Este é o sistema que predomina no nosso código.
- Causas objectivas: reportam-se a factos concretos verificados de per si, com realidade
própria.
Trata-se de uma faculdade legal que a lei deixa ao titular do direito ao divórcio a
decisão de querer ou não usar deste direito. É um direito potestativo e como tal pode
ser exercido independentemente da vontade do outro cônjuge. Basta que o titular do
direito expressa a sua vontade na competente acção jurídica e uma vez obtida a
confirmação judicial de que os fundamentos invocados existem, é proferida a sentença
judicial que declara a dissolução do casamento.
O outro cônjuge tem de suportar as consequências jurídicas que neste caso são o da
alteração, da situação jurídica familiar, extinção do vínculo matrimonial. É também um
direito pessoal assim de natureza irrenunciável.
Modalidades
Trata-se de uma resolução bilateral tomada concertadamente por ambos os cônjuges que
é invocada como fundamento do divórcio. Nem os legisladores nem consequentemente
o tribunal exigem que os cônjuges justifiquem a sua deliberação comum invocando a
sua causa, pois parte-se do princípio que se pedem divórcio por mútuo consentimento e
porque reconheceram que a sua união conjugal se encontra e irremediável
comprometida e que a melhor solução é a dissolução do casamento.
Página 24 de 30
O único acordo é que exigido é o de não querer continuar casar. Esta modalidade é
aquela se revela mas benéfica no relacionamento após o divórcio pois impede a
acusações degradantes.
O divórcio por mútuo acordo pode ainda ser declarado para além da vida judicial, pela
via administrativa através do órgão do registo civil da área de residência de qualquer
dos cônjuges, mais desde que não haja filhos menores, ou quando existam, haja decisão
com trânsito em julgado sobre a regulação da autoridade paternal.
É aquele que é pedido apenas por um dos cônjuges com base nos fundamentos da lei.
Há uma causa genérica referido art. 78º- que é a da deterioração completa e remediável
do casamento e que é transportada pelo art. 97º-.
Os fundamentos desses factos, art. 97º-, não são mais do que duas disposições
complementares “ causa grave ou duradoura” que viole os deveres conjugais imposto
por lei. O art. 98º- Inúmera algumas causam a título exemplificativo.
Página 25 de 30
- Saída livre e espontânea do lar conjugal.
Ofensas graves à integridade física ou moral: tem de ser ofensa ocorridas após a
celebração do casamento e tem de ser direitas ou seja visa directamente a pessoa do
cônjuge.
- Ofensas a integridade física: tem de ter dois elementos material da prática do acto e
o elemento que e o propósito de ofender.
- Separação de facto por três anos: art. 98º- al. a) - traduz-se na violação do dever
coabitação que denota a vontade dos cônjuges no corte da relação conjugais. A lei exige
que a separação tenha uma duração no mínimo de 3 anos, com suspensão total e
completa de todas as relações pessoais entre os cônjuges e que o tempo da separação
tenha decorrido de forma contínua e ininterrupta.
- Abandono do país por parte do outro cônjuge: art. 98 al. b), os elementos
constitutivos destes fundamentos são: que um dos cônjuges tenha abandonado o país,
que o tenha feito com propósito de não regressar e que a saída tem sido feita sem o
consentimento de outro cônjuges.
- Ausência do cônjuges art. 98º- al. c), na ausência o que sucede é que o outro cônjuge
que esta em paradeiro incerto e não se sabe noticia. Este estado de ausência tem de se
prolongar no mínimo três anos.
Já se o fundamento for uma causa objectiva (ex. separação de factos) qualquer dos
cônjuge tem legitimidade para propor acção.
Página 26 de 30
Há um direito de natureza bilateral do exercício de um direito potestativo.
No entanto este direito pode ser suspenso no caso do marido no caso da mulher se
encontre grávida, art.103º-, e até um ano após o parto, exceptuando os casos em que a
mulher dê o seu consentimento, pois a lei prevê que a mulher possa estar interessada na
dissolução do casamento ou quando o marido vier a impugnar a paternidade, do filho
porque a lei admitiu que devia defender-se o interesse do marido quando este
pretendesse afastar a presunção de paternidade.
Tanto o perdão como a reconciliação excluem o direito ao divórcio mas revelam quanto
aos factos anteriores e estão sujeitos a serem anulados no caso de se apurar que a sua
concessão ou produção se verificou em virtude de dolo, erro ou coacção.
Efeitos genéricos
O vínculo conjugal desaparece com a dissolução do casamento, seja por morte ou por
divórcios. Os seus efeitos operam a partir da data da morte ou a partir do trânsito em
julgado da sentença de divórcio.
Página 27 de 30
O nosso código confere á dissolução do casamento por morte um tratamento mais
favorável.
- Efeitos pessoais:
- Direitos em relação aos filhos: art. 147º- nº 1, o progenitor sobrevivo passa a exercer
em exclusivo a autoridade paternal.
Página 28 de 30
- Em relação ao nome art. 36º- nº 2 o direito ao divórcio ao uso ao nome adquirido cessa
completamente.
- Efeitos em Relação aos Filhos: Sendo o nosso código o que revela é o facto de os
pais coabitarem ou não e cessando da coabitação o poder maternal passa a ser exercido
em separado art. 148º- nº 1.
Página 29 de 30
entre elas, art. 85º- al. e), já no litigioso ou é acordada entre ambos ou solucionado pelo
tribunal, art. 4º- nº 1 al. c) e o 110º- em que o tribunal vai ter em conta:
- O interesse doa filhos do casal, quem tiver a guarda dos filhos terá o direito de
permanecer na residência familiar.
Em jeito de Conclusão
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- COELHO, Pereira
-Código de Família.
-Código Civil
Página 30 de 30