39-História Do Cristianismo-Ok PDF
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História do Cristianismo
SUMÁRIO
Introdução
1
História do Cristianismo
Igreja Reformada
Igreja Conformada
Conclusão....................................................................................................38
Bibliografia..................................................................................................38
2
História do Cristianismo
INTRODUÇÃO
A Bíblia contém a história de Cristo. A Igreja existe para contar a história de Cristo. A história da igreja
é uma continuação da história bíblica. É com essas palavras que Halley abre sua Church History. Nada mais
próximo da verdade. “É impossível, continua ele, “compreender o estado atual do cristianismo senão à luz
de sua história.” 1
É isto que vamos tentar fazer neste módulo: compreender o estado atual do cristianismo à luz de sua
maravilhosa e acidentada história.
CAPÍTULO 1
OS PERÍODOS HISTÓRICOS DA IGREJA
1
Halley, La Historia de La Iglesia, pág. 10.
2
J. C. Robertson, Sketches of Church History, pág. 9.
3
História do Cristianismo
Idade Contemporânea
O período da história iniciado com a Revolução Francesa, em 1789. É a época do denominacionalismo,
do reavivamento e das missões. Época de grande crescimento para as denominações protestantes. Ampla
circulação da Bíblia, liberdade crescente dos governos civis, eclesiástico. Época das missões mundiais, da
reforma social e da fraternidade crescente.
CAPÍTULO 2
HISTÓRIA DO CATOLICISMO ROMANO
Desde o Concílio de Trento, realizado entre 1545 e 1563, a igreja cristã subordinada à autoridade
Definição do Termo
O termo catolicismo foi usado por alguns autores (Aristóteles, Zenão, Políbio), antes da era cristã, com
o sentido de universalidade. Aplicado à igreja, aparece pela primeira vez por volta do ano 105 da era cristã
na carta de Inácio, bispo de Antioquia. Nos textos mais antigos, aplica-se à igreja geral considerada em
relação às igrejas locais. Nos autores do século II da era cristã (Justino, Ireneu, Tertuliano, Cipriano), o
termo assume duplo significado: o de universalidade geográfica, pois na opinião desses autores a igreja já
havia atingido os confins do mundo; e o de igreja verdadeira, ortodoxa, autêntica, em contraposição às seitas
que começavam a surgir.
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História do Cristianismo
aos novos tempos. Dessas divergências resultou a cisão no seio da Igreja Católica e o surgimento das
denominações protestantes.
A figura do monge católico Martinho Lutero é exemplar a esse respeito. Diante da emergência
progressiva dos idiomas modernos, Lutero apregoava a necessidade de que o culto fosse celebrado em língua
vernácula, a fim de diminuir a distância que se interpunha entre o clero e o povo. Desejoso de que os cristãos
de sua pátria tivessem acesso às fontes religiosas da fé, traduziu a Bíblia para o alemão. Nessa mesma
perspectiva, proclamou a necessidade de adotar para os clérigos os trajes da sociedade em que viviam e
contestou a necessidade do celibato eclesiástico. As diversas denominações protestantes surgidas nesse
período, como o luteranisno na Alemanha, o calvinismo na Suíça e o anglicanismo na Inglaterra difundiram-
se rapidamente em vista de sua maior capacidade de adaptação aos valores da emergente sociedade burguesa.
A profunda vinculação da igreja romana com o poder político, a partir de Constantino, e a progressiva
participação da hierarquia eclesiástica na nobreza ao longo da Idade Média fizeram com que os adeptos da fé
Doutrina Católica
Os quatro primeiros concílios ecumênicos definiram as concepções trinitárias e cristológicas,
sintetizadas no símbolo conhecido como Credo, adotado no ritual da missa. O dogma trinitário afirma a
crença num só Deus, que se manifesta por meio de uma trindade de pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito
Santo. O dogma cristológico admite que Cristo é o Filho de Deus, encarnação do Verbo divino, verdadeiro
Deus e verdadeiro homem. O advento de Cristo deu-se por meio da Virgem Maria que, segundo o dogma
mariológico, concebeu do Espírito Santo. A finalidade da encarnação de Cristo foi salvar a humanidade do
pecado original, que enfraqueceu a natureza humana e acentuou sua tendência para o mal, de acordo com o
dogma soteriológico.
A doutrina do pecado original e da graça foi elaborada por santo Agostinho nas primeiras décadas do
século V. A partir do século XIII, Tomás de Aquino procurou estabelecer uma ponte entre o saber teológico
e a filosofia aristotélica, afirmando que as verdades da fé superam a racionalidade humana mas não estão em
contradição com ela. Assim sendo, a filosofia deve estar a serviço da teologia cristã. Tomás de Aquino
tornou-se o mestre por excelência da doutrina católica, com a síntese por ele realizada na Suma teológica. No
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História do Cristianismo
século XVI, o Concílio de Trento definiu dois pontos fundamentais. Em primeiro lugar, a afirmação da
doutrina da igreja, considerada como uma sociedade hierárquica, dentro da qual se atribui ao clero o poder de
magistério, de ministério do culto e de jurisdição sobre os fiéis. Em segundo lugar, o concílio definiu a
doutrina dos sete sacramentos da igreja (batismo, crisma ou confirmação, confissão, eucaristia, extrema-
unção, ordem e matrimônio), além de proclamar a presença real de Cristo na eucaristia, no mistério da
transubstanciação.
Ao longo dos séculos XVII e XVIII a teologia católica foi conturbada por polêmicas referentes ao papel
da graça e da participação do homem em sua própria salvação, onde se confrontam principalmente os jesuítas
e os jansenistas, estes últimos partidários de maior valorização da presença do mistério divino na história
humana. Durante o século XIX, foram proclamadas como verdades de fé a Imaculada Conceição de Maria e
a infalibilidade pontifícia. O primeiro dogma representou uma resposta da Igreja Católica às novas
concepções materialistas e hedonistas resultantes da revolução burguesa, paralelas ao processo acelerado de
Organização e Estrutura
O catolicismo apresenta duas características que devem ser levadas em conta na análise de suas
posições políticas e religiosas. A primeira é a profunda vinculação entre igreja e poder político, iniciada com
Constantino no século IV, mantida ao longo de toda a Idade Média e prolongada em diversos estados durante
a época moderna, em alguns países até os dias de hoje. Com muita freqüência, portanto, a organização
eclesiástica sofreu a influência das alianças com o poder secular. O segundo aspecto a ser considerado é que
a igreja transformou-se, desde o início da Idade Média, num verdadeiro estado político, sendo o papa,
portanto, não apenas um chefe religioso mas também um chefe de estado, atribuição que conserva até hoje,
não obstante o tamanho reduzido do estado pontifício.
Escolhidos por Jesus para pregar o Evangelho, os primeiros apóstolos eram simples pescadores da
Galiléia, homens de pouca instrução. A fim de prepará-los para sua missão, Jesus reuniu-os ao redor de si,
transmitindo-lhes pessoalmente seus ensinamentos. Também os apóstolos e seus primeiros sucessores
instruíram os discípulos por meio de contato pessoal, consagrando essa forma de educação sacerdotal nos
primeiros séculos da igreja. Muito contribuiu para a formação do clero a fundação de escolas catequéticas em
Alexandria, Antioquia e Cesaréia, desde fins do século II. A eleição dos clérigos estava a cargo dos apóstolos
e seus sucessores, os bispos, mas se costumava ouvir também o parecer da comunidade cristã, a quem
competia o sustento dos clérigos, dos quais se exigiam virtudes e qualidades morais.
De início, o celibato não era obrigatório para os clérigos que ingressavam casados no estado
eclesiástico. Tampouco se fazia distinção entre os termos bispo e presbítero; havia também as diaconisas,
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História do Cristianismo
devotadas ao cuidado dos enfermos e instrução das mulheres, mas tal ordem eclesiástica desapareceu no
século VII. Nos primeiros séculos, a comunidade cristã dependia diretamente dos bispos, como atesta Inácio
de Antioquia; somente mais tarde foram criadas as paróquias.
A pujança da vida cristã, no início do século IV, é atestada ainda hoje pelas basílicas romanas: São
Pedro, São Paulo, Santa Maria Maggiore, São Lourenço, São João do Latrão, São Sebastião e Santa Cruz de
Jerusalém. Construídas sob o patrocínio de Constantino e de sua mãe, Helena, são prova do esplendor de que
se revestia então o culto litúrgico. Nos principais centros do Ocidente, como Cartago, Milão e Roma,
generalizou-se a praxe da missa cotidiana. Como regra geral, o clero se formava à sombra dos presbitérios e
das abadias. Na Itália, sacerdotes de diversas paróquias reuniam em seus presbitérios os aspirantes ao
sacerdócio, para instruí-los no serviço divino. Agostinho e Eusébio de Vercelas reuniam na própria casa
episcopal os jovens desejosos de seguir a vocação sacerdotal. Também os mosteiros preparavam um clero
seleto. O celibato, prescrito inicialmente para o clero da Espanha e depois estendido para toda a igreja do
CAPÍTULO 3
Definição do Termo
A denominação "ortodoxa" (isto é, de doutrina reta) tornou-se corrente, mesmo entre católicos e
protestantes, para designar as igrejas cristãs orientais que, em 1054, se separaram da igreja de Roma.
Chamam-se igrejas ortodoxas as que representam a fé historicamente preservada pela cristandade
oriental e se consideram depositárias da doutrina e dos ritos originais dos padres apostólicos. Dividem-se em
três grupos: a Igreja Ortodoxa do Oriente, de origem bizantino-eslava, e que reúne o maior número de fiéis;
as igrejas orientais dos nestorianos e monofisistas, sem qualquer comunhão com as demais; e as igrejas
orientais que "retornaram a Roma", mas se mantiveram distintas em rito e disciplina.
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História do Cristianismo
Oriente e do Ocidente. No ano 867, Fócio, patriarca de Constantinopla, suscitou grave ruptura, ao condenar
o papa Nicolau I pelo acréscimo da expressão Filioque ("e do Filho") na versão ocidental do credo de Nicéia,
para indicar que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho, e por sua determinação em tornar a sede
episcopal de Roma cabeça de todas as igrejas cristãs.
Deposto a pedido de Roma, o patriarca foi reintegrado depois no posto e, finalmente, confinado num
mosteiro armênio. A ruptura decisiva, o cisma entre Oriente e Ocidente, deu-se no século XI, quando o
patriarca Miguel Cerulário reproduziu as acusações de Fócio contra Roma, e desafiou o papa Leão IX, sendo
por ordem deste excomungado (1054).
As cruzadas, organizadas pela cristandade latina, e especialmente a tomada de Constantinopla pelos
cruzados, em 1204, além do estabelecimento do império latino de Constantinopla, consumaram a separação
entre as igrejas oriental e ocidental. Missionários da igreja oriental converteram os búlgaros no século IX, os
sérvios e os russos nos séculos X e XII, e criaram novos patriarcados. Numerosas tentativas de união foram
Doutrina Ortodoxa
As igrejas ortodoxas definem-se como "igreja una, santa, católica e apostólica". Suas doutrinas apóiam-
se nos livros do Novo Testamento, nos decretos dos sete primeiros concílios ecumênicos e nas obras
patrísticas. Como a Igreja Católica, aceitam a tradição e a Bíblia como fontes paralelas de doutrina, mas
diferem dos católicos principalmente do ponto de vista litúrgico.
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Enciclopédia Barsa,
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História do Cristianismo
A principal divergência entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa reside na própria concepção da
igreja. Para os ortodoxos, a totalidade da igreja realiza-se em cada comunidade cristã que celebra a eucaristia
presidida por um bispo. Em sua comunidade, o bispo é a máxima autoridade de origem divina, e nenhuma
outra existe acima dele. Sucessor dos apóstolos, deles procede sua autoridade.
Não há, religiosa ou dogmaticamente, diferença entre bispo, arcebispo, metropolita e patriarca: todos
são iguais na única e invariável sucessão apostólica. Apenas haverá primazia de bondade, sabedoria, idade e
ordem hierárquica. A autonomia das igrejas não significa isolacionismo, dada a exigência de comunhão com
o sínodo dos bispos, claramente expressa no fato de ser indispensável, na consagração dos novos bispos, a
presença dos bispos regionais.
Os ortodoxos, assim, não reconhecem o primado e a infalibilidade do papa, a que concedem uma
primazia de honra e a quem só consideram primus inter pares ("o primeiro entre iguais"). Diversamente da
doutrina católica, o Espírito Santo procede do Pai, mas não do Filho (pois rejeitam o filioque). Negam a
Capítulo 4
REFORMA E CONTRA-REFORMA
O crescente desprestígio da igreja do Ocidente, mais interessada, nos séculos XIV e XV, no próprio
enriquecimento material do que na orientação espiritual dos fiéis; a progressiva secularização da vida social,
imposta pelo humanismo renascentista; e a ignorância e o relaxamento moral do baixo clero foram os fatores
que desencadearam a Reforma e a Contra-Reforma.
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Enciclopédia Barsa, art. “Igrejas Gregas”.
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História do Cristianismo
Reforma foi o movimento radical registrado na igreja do Ocidente ao longo do século XVI e que,
ultrapassando questões disciplinares, deixou à mostra problemas doutrinários de transcendência vital para o
cristianismo. As profundas divergências levaram à cisão de algumas igrejas que foram chamadas, de forma
global, protestantes. A Contra-Reforma foi tanto a reação da igreja que permaneceu fiel à tradição do papado
romano, em oposição ao protestantismo emergente, quanto o movimento reformista no interior da Igreja
Católica no decorrer dos séculos XVI e XVII.
Antecedentes da Reforma
Nas últimas décadas da Idade Média, a igreja ocidental viveu um período de decadência que favoreceu
o desenvolvimento do grande cisma do Ocidente, registrado entre 1378 e 1417, e que teve entre suas
principais causas a transferência da sede papal para a cidade francesa de Avignon e a eleição simultânea de
dois e até de três pontífices. O surgimento do "conciliarismo" -- doutrina decorrente do cisma, que
A Reforma Protestante
Iniciada por Lutero com seu desafio aos legados papais e à excomunhão, a Reforma protestante não se
desenvolveu em uma só direção: foram diversos os grupos que percorreram caminhos paralelos e
irreconciliáveis, embora unidos por sua oposição à doutrina e à disciplina da igreja romana e por sua luta
política e militar contra o papa ou o imperador.
Martinho Lutero, monge agostiniano, sentiu como uma experiência pessoal, baseada em um texto da
epístola de são Paulo aos romanos, que a salvação de Deus se comunicava pela fé e não por meio das obras,
que decorrem da natureza humana corrompida pelo pecado original. Dessa concepção fundamental - "só a
fé" - deduziu aos poucos, segundo as controvérsias ou as circunstâncias políticas, o conjunto de seu
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História do Cristianismo
Na Inglaterra, a mudança da igreja teve uma origem fundamentalmente política, logo aproveitada para
uma Reforma religiosa. Henrique VIII, irritado pela negativa do papa Clemente VII em lhe conceder o
divórcio, conseguiu em 1531 que o Parlamento inglês aprovasse a subordinação da igreja à coroa. O monarca
acentuou sua exigência política em relação à igreja nos anos que se seguiram, até culminar no cisma
anglicano em 1534. À separação política seguiu-se uma reforma doutrinária e litúrgica, imposta mediante a
perseguição e a pena de morte. A obra mais destacada na fase inglesa da Reforma foi o Common Prayer
Book (Livro da prece pública). Na Escócia, predominou o presbiterianismo introduzido por John Knox, que
havia participado da Reforma em Genebra junto a Calvino.
A Contra-Reforma
A reação oficial da Igreja Católica foi lenta e, a princípio, desarticulada. Carlos V, imperador da
Alemanha e rei de Espanha e Nápoles, desempenhou um papel de especial relevo nas conseqüências políticas
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História do Cristianismo
Entre 1566 e 1590 Pio V, Gregório XIII e Sisto V puseram em prática a Reforma elaborada pelo
concílio, não somente com medidas disciplinares, como também, e principalmente, mediante a renovação do
ensino, dos seminários e das práticas da vida religiosa. A Contra-Reforma tornou-se realidade e encontrou
instrumentos valiosos no trabalho dos teólogos e reformadores da vida monástica, religiosa e secular que
floresceram sob o impulso da renovação da Igreja Católica. Entre os teólogos, o jesuíta Roberto Belarmino
distinguiu-se por suas críticas às doutrinas reformistas. Entre os reformadores, destacaram-se Pio V e são
Carlos Borromeu, que reformaram a cúria romana. Igualmente importante foi a Companhia de Jesus, um dos
grandes pilares da Contra-Reforma, com seus teólogos, colégios e missionários.
Como reação à proibição do culto às imagens pela Reforma protestante, a Igreja Católica promoveu o
ensino através das imagens. Essa promoção, ao lado do desenvolvimento da piedade popular e da superação
das formas cortesãs do Renascimento e de seu estilo artístico mais racional, deu origem, principalmente na
Itália e na Espanha, ao chamado estilo barroco.
CAPÍTULO 5
A HISTÓRIA DO PROTESTANTISMO
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Enciclopédia Barsa, art. “Reforma e Contra-Reforma”.
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História do Cristianismo
pois seu protesto, entendido como uma rejeição à autoridade de Roma, constituiu um claro sinal às diversas
igrejas que se declaravam reformadas.
A disparidade e a progressiva subdivisão das igrejas protestantes (luteranos, calvinistas, anglicanos etc.)
decorreram de seu próprio princípio original: a interpretação pessoal das Sagradas Escrituras sob a luz do
Espírito Santo. A ênfase dada por algumas dessas igrejas aos Evangelhos como norma de vida e à
experiência pessoal da conversão acabou por provocar o aparecimento de duas tendências no seio do
protestantismo: a liberal e a fundamentalista, autodenominada evangélica.
Embora ambas as correntes tenham coexistido em algumas igrejas, a divergência acabou por provocar o
surgimento de outras igrejas, entre as quais se destacam a Evangélica Alemã, a Evangélica Luterana e a
Evangélica e Reformada. Apesar das diferenças existentes entre as diversas igrejas, as idéias fundamentais
dos primeiros reformadores permaneceram inalteradas na maioria das denominações e credos protestantes.
Origem e Evolução
A propagação do protestantismo pela Europa e América, assim como a multiplicidade de interpretações
doutrinárias surgidas ao longo de sua evolução histórica, deram origem, já no século XVI, à progressiva
divisão das primeiras igrejas protestantes.
Na França, o calvinismo propagou-se rapidamente, não sem certa violência, entre as camadas populares
e alguns setores da alta nobreza, apesar das cruentas perseguições de que foram objeto, como a da noite de
são Bartolomeu, em 1572, e das guerras de religião que assolaram o país. A partir de 1598, data da
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História do Cristianismo
Movimento ecumênico protestante. O trabalho missionário e assistencial decorrente da propagação do
protestantismo na Ásia e na África e a necessidade de atender às numerosas seitas que proliferam nos
Estados Unidos, levaram à busca da unidade e da ação conjunta das diversas igrejas protestantes. A
Conferência Missionária Mundial, realizada na cidade de Edimburgo em 1910, marcou o início desse
movimento ecumênico e foi o germe de novos congressos e conferências -- Estocolmo, em 1925 e Oxford
em 1939 -- que conduziram à constituição do Conselho Mundial de Igrejas, cuja primeira reunião ocorreu em
Amsterdam em 1948.
A partir de então, o desenvolvimento do movimento protestante foi muito grande, a ponto de atrair o
interesse da Igreja Católica e das igrejas ortodoxas.6
Capítulo 6
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Enciclopédia Barsa, art. “Protestantismo”.
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História do Cristianismo
O Surgimento da Igreja
A Igreja é constituída no momento em que Pedro fez aquela declaração, embora tenha seu grande marco
de inauguração no momento solene da descida do Espírito Santo em grande medida sobre os discípulos no
dia de Pentecostes.
O Pentecostes é uma festa tem suas origens no Antigo Testamento, mas aquele de Atos é o primeiro
Pentecostes Cristão, que ocorre já neste novo momento da economia divina. Naquele primeiro Pentecostes
Cristão descrito em Atos 2, percebemos que a Igreja Cristã lá no seu nascedouro, já surge com um caráter de
universalidade, ou seja, de catolicidade, palavra histórica utilizada para definir o conceito. O termo
“católico”, portanto, não se limita apenas a uma agremiação religiosa em particular, mas sim, se refere à
Igreja do Senhor como um todo, e mesmo os protestantes não devem ter medo de usar a palavra católico
quando recitarem o Credo Apostólico, porque é uma palavra corretíssima, é patrimônio da cristandade.
Assim, a Igreja já nasceu com essa característica: a universalidade (ou catolicidade).
A. Pais da Igreja
Mas, o que aconteceu durante este período tão longo da Igreja Formada? Este grande período é
conhecido como a época dos Pais ou Padres da Igreja. Esses homens eram assim denominados, dada a
fidelidade que dedicaram à Palavra de Deus. Eles levavam Deus e a Sua Palavra a sério. Tinham uma vida
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História do Cristianismo
piedosa, consagrada. Tinham grande preocupação com a santidade da Igreja. Foram eles os responsáveis pela
elaboração inicial de toda nossa Teologia Sistemática. Por isso são conhecidos como os Pais da Igreja.
A Igreja Cristã não nasceu com um conjunto de doutrinas já definido. A Igreja não surgiu com todo o
Novo testamento escrito, traduzido ou elaborado. Ela herdou o Velho Testamento, mas as doutrinas foram
sendo elaboradas gradativamente e coube aos Pais da Igreja essa tarefa grandiosa.
Esses homens foram muitas vezes perseguidos. Alguns foram até martirizados. E, quanto mais os
inimigos da Igreja matavam servos do Senhor (não somente os Pais da Igreja, outros crentes também) mais a
Igreja crescia e se fortalecia. É tanto, que um dos Pais da Igreja, Tertuliano, um advogado cartaginês, se
expressou dizendo assim: “O SANGUE DOS MÁRTIRES É A SEMENTE DO CRISTIANISMO”. Ela é a
chave para o entendimento dessa fase. Muitos dos Pais da Igreja foram mortos em diversos lugares,
especialmente nas arenas romanas. Os Pais da Igreja, visto serem vários, deram grandes contribuições. Nós
geralmente podemos classificá-los tomando como referência Agostinho.
Combate às Heresias
As mais diferentes heresias surgiram prejudicando a Igreja. À medida que um ensino falso ia
surgindo, os Pais da Igreja iam analisando e definindo a doutrina. A Igreja não surgiu já com sua doutrina
elaborada. Alguém que trabalhava em banco disse uma vez que, a melhor maneira de identificar uma cédula
falsa, é conhecendo a verdadeira. É preciso conhecer bem a verdadeira. Tudo o que for diferente da
verdadeira, é falsa. À medida que aqueles ensinos perigosos iam surgindo, os Pais da Igreja iam parando para
analisar e dizendo: “Isso não soa bem”. Era como se ferisse os ouvidos deles.
Assim, as doutrinas foram gradativamente sendo sistematizadas. É interessante quando a gente
pega a Confissão de Fé e vai analisar, estudar a História da Igreja antiga, e percebe o quanto dependemos
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História do Cristianismo
desse primeiro momento da História da Igreja: a IGREJA FORMADA. A Igreja caminhava bem ao longo
desse período, mas, vem agora um segundo momento da História da Igreja que, nessa nossa visão
panorâmica, denominamos de IGREJA DEFORMADA.
Celibato Obrigatório
Outro desvio foi a questão do celibato clerical obrigatório. É muito difícil dizer quando isto
realmente começou. É uma história muito longa, e, a partir de um determinado momento, a Igreja oficializou.
Por volta do IV Concílio de Latrão, a Igreja aprovou, no Papado de Inocêncio III , o dogma do Celibato
Clerical Obrigatório. É dito agora, com toda a seriedade, que aqueles que exercem cargos eclesiásticos NÃO
PODEM casar. O celibato não é mais uma questão de opção ou de circunstância da vida, mas uma
obrigatoriedade. Isto trará uma série de dificuldades, de problemas para a vida da Igreja.
Transubstanciação
A Igreja começou a dizer a partir de um certo momento (e isto tudo para aumentar o poder dos
sacerdotes) que, quando o sacerdote dizia as palavras da instituição da Santa Ceia, os elementos da Ceia,
transformavam-se no corpo de Cristo, tão vivo e real como estava no Céu. Mas, para que isto acontecesse,
era necessário o papel de quem? Quem tinha a prerrogativa de dizer as "palavras mágicas" para que os
elementos se transubstanciassem em corpo de Cristo? O sacerdote. Percebem como o sacerdote começa a ter
um papel importantíssimo?
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História do Cristianismo
Purgatório
A Igreja afirma que as almas daqueles que morrem, vão para um lugar chamado Limbus. As crianças
não batizadas irão para o Limbus Infantus6.
Quem é que batiza? O sacerdote. Pra não ir pro purgatório tem que depender de quem, mais uma vez?
Do sacerdote.
Então, toda a vida do homem medieval dependia do Sacerdote, do nascimento, à morte, pois ao nascer
tinha que ser batizado pelo Sacerdote; ao casar tinha que receber a bênção do Sacerdote, ao morrer tinha que
receber a extrema unção do Sacerdote e depois da morte precisava do Sacerdote para sair do Purgatório.
Notem a importância que o Sacerdote passa a ter! Ele se torna um pouco menor que Deus, e bem maior que
todos os homens.
Para que as almas pudessem sair do purgatório, muita coisa teria que ser feita. Indulgências teriam que
ser pagas. Qualquer um poderia pagar inclusive a indulgência pelo pai já falecido, pelo amigo, pelo filho e
Santa Inquisição
Como se não bastasse, a igreja medieval arranjou um sistema de calar a boca dos dissidentes. Os
instrumentos de tortura utilizados pela Igreja, com requintes de crueldade, durante a Inquisição é coisa que
desafia a criatividade mais original. Coisas aberrantes mesmo.
E, outra mais: qualquer pessoa podia denunciar outro de suposta heresia e, uma vez feita a denúncia,
não se fazia nenhum levantamento nem busca da verdade. Qualquer advogado sabe que num processo
natural, existe todo aquele julgamento garantindo pleno direito de defesa. Isso não acontecia durante a
Inquisição. Quase sempre as pessoas eram condenadas, executadas, de formas as mais diversas, seus bens
eram confiscados e, muitas vezes, a família era enviada ao desterro. Coisas absurdas. A fogueira inquisitorial
era uma das formas mais comuns de execução e talvez não fosse a pior delas.
Quem puder leia de Dostoievski, o grande escritor russo, autor de, entre outras obras, "Os Irmãos
Karamazov". Há um capítulo denominado de “Grande Inquisidor”, onde ele descreve o Senhor Jesus Cristo
entrando na cidade de Sevilha, na Espanha, sendo detido pelos representantes da Igreja e levado preso.
Chegam os grandes representantes da Igreja lá onde Ele está preso e dizem: “Nós não precisamos do Senhor.
O Senhor veio para nos atrapalhar. Aprendemos a ser Igreja sem a Sua presença”. Que coisa absurda!. A
Igreja foi, de fato, DEFORMADA. É nessa fase que vai haver muita crise em toda a Igreja.
Muitos disseram assim: “a Igreja está péssima, está totalmente degenerada, mas, eu estou na Igreja e
vou permanecer dentro dela. Vou fazer minha parte.”. Esses que reconheceram que a Igreja estava péssima
mas resolveram permanecer dentro dela são denominados de: os místicos medievais. São chamados místicos
porque eles buscaram uma vida piedosa, uma vida de comunhão com Deus, desejaram algo de melhor. E,
quase sempre, os místicos estavam naquela classe denominada de feudal. Eram pessoas mais esclarecidas,
mais instruídas, e, naturalmente tinham mais acesso e ficaram dentro da Igreja. Eles exerceram muita
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História do Cristianismo
influência sobre os reformadores. Por exemplo, João Tauler é um desses místicos medievais. E há quem diga
que Tauler foi protestante antes do protestantismo. Com toda certeza, Lutero descobriu a doutrina da
justificação pela fé lendo as Escrituras, mas também examinando os escritos de Tauler, uma vez que ele
sistematizou esta doutrina de uma forma bem elaborada (porque antes de Lutero, Tauler já havia percebido
na Bíblia a doutrina da justificação pela fé).
Outros saíram da Igreja. São os chamados Pré-Reformadores. Quase sempre os Pré-Reformadores
saíram não só do feudalismo, mas daquela classe denominada de burguesia. Foi um movimento mais
popular, pelo menos na sua fase inicial. Mais tarde um movimento mais erudito, com Wycliff, com Huss,
com Savanarola. Wycliff, era professor da Universidade de Oxford, na Inglaterra e era sacerdote. Já Huss,
era professor da Universidade de Praga, na Boêmia; Savanarola era sacerdote na Itália, em Florença, naquela
fase de conflito entre as cidades-estados da Itália e França, porque a França tinha interesse naquela região
toda sob o domínio dos Médicis, especialmente. Savonarola foi o último dos Pré-reformadores, denominado
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História do Cristianismo
A. A DOUTRINA
Era necessário restaurar a doutrina da Igreja. Alguns lemas foram elaborados.
SOLA SCRIPTURA
Tudo começou por aí, a título de REFORMA DOUTRINÁRIA.
Por SOLA SCRIPTURA os reformadores entenderam que a Bíblia é a nossa única regra de fé e
prática. O que é que isto significa? A gente diz isto tantas vezes, não é verdade?
Quando se diz que a Bíblia deve ser a única regra de fé, quer-se dizer que tudo quanto os cristãos
acreditam ser expressão de toda a verdade sagrada, está dentro da Bíblia. Nenhuma doutrina pode ou deve
ser ensinada ou crida, que não tenha fundamentação bíblica.
Mas ela também é dita ser a única regra de fé prática. Isto significa que a vida diária do cristão,
tudo o que ele faço, o que ele diz e o que ele penso, tem que estar de acordo com a Bíblia. Ao dizer sola
scriptura, os reformadores disseram o seguinte: “A Bíblia é mais importante que a tradição”. Eles não
B. O CULTO
O culto foi uma segunda área da Igreja a ser restaurada. Era preciso recuperar o verdadeiro culto
celebrado pela Igreja. Eles entenderam, lendo a Bíblia, que somente Deus deve ser louvado. Qual é a
pergunta número 1 da maioria dos catecismos protestantes e que está bem dentro desta reforma litúrgica?
Qual o fim principal do homem? Qual a resposta? O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lO
para sempre.
Isto quer dizer que Deus não existe em função de nós, mas nós existimos em função de Deus; que o
culto não é para nós, o culto é para Deus. Os Reformadores entenderam que tinha havido muito desvio com
relação ao culto. Concluíram qu o culto não é para o homem, não deve ter fundamento antropocêntrico,
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História do Cristianismo
porque isto não tem base bíblica. O culto é do jeito que Deus gosta e é Deus quem determina como Ele deve
ser cultuado.
Sendo assim, é preciso estudar o que é que Deus tem a dizer a respeito do culto e foi isso que os
Reformadores fizeram através do lema SOLE DEO GLORIA. Com isso, eles resgataram uma expressão de
culto que vinha sendo ignorada, o culto ao Deus Triúno: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É tanto, que ainda
hoje, alguns clérigos iniciam o culto dizendo: “Iniciemos este culto em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo”, mostrando assim, que o culto é para o Deus Triúno.
Os Reformadores, então, descobriram que só o Deus Triúno, só a Trindade é merecedora de culto. Com
isso, eles rejeitaram duas outras formas de culto que existiam, que surgiram na Idade Média: o Culto Dulia e
o Culto Hiperdulia.
CULTO DULIA
É o culto aos santos de um modo geral. A veneração aos santos havia crescido muito e de uma
CULTO HIPERDULIA
Híper - estar acima. É o culto a Maria. A veneração a Maria tinha um lugar especialíssimo. Todas
essas expressões de culto foram rejeitadas pelos Reformadores. Daí o uso do lema: “SOLE DEO GLORIA.
Para isso, os Reformadores elaboraram os manuais de culto. E, mais ainda, verteram todo o culto para a
língua vernácula, na língua do povo, e não somente a Bíblia.
Isto foi muito importante para a REFORMA, porque antes ninguém entendia nada da missa. Os
manuais não tinham formas rígidas. Eles apresentavam uma estrutura normativa do culto cristão, diferente da
missa que gravita em cima daquelas partes denominadas de Próprio de Tempore e Ordinário6.
O Ordinário é o que acontece em toda missa. Não muda nada, nada daquilo ali. O Próprio de
Tempore está de acordo com as estações do ano eclesiástico.
Para os Reformadores, o culto deveria ter uma estrutura e esta estrutura ter certa mobilidade
facilitando assim o trabalho, a criatividade, a riqueza. Só que, agora, tudo isto policiado pelas Escrituras. E,
mais ainda, os Reformadores vão resgatar o canto congregacional. Dizer que a Igreja Católica não cantava de
jeito nenhum, é um exagero. Ela cantava, às vezes. Cantava os Améns, os Aleluias, o Agnus Dei e algumas
Doxologias. O Glória não. É muito difícil. Era mais o coro que cantava. Era a Doxologia Maior. E então,
ficava difícil. Somente algumas pequenas participações. A Congregação passou agora a cantar. Lutero
escreveu corais, ele era muito hábil nas questões musicais. Preparou os famosos corais luteranos, não
somente ele, mas outros o ajudaram, e Calvino auxiliado por pessoas competentes, não ele, mas se apropriou
de músicos famosos, de poetas importantes e elaborou o que nós chamamos de Saltério Genebrino. A
metrificação dos Salmos. Os Salmos passariam a ser cantados pela Igreja, de forma congregacional. Um
avanço extraordinário! Que beleza enorme! Agora, naquelas enorme catedrais góticas, poderiam ecoar de
forma tão melodiosa a voz de toda a congregação, louvando o nome do Senhor.
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História do Cristianismo
C. A DISCIPLINA
Era preciso restaurar a disciplina da Igreja. O que fizeram os Reformadores? Organizaram tribunais
eclesiásticos em diferentes estâncias, como acontece ainda hoje. Quando acontece um problema de disciplina
na Igreja, o Conselho se transforma em tribunal. Quando acontece um problema com um pastor que precisa
de disciplina, não é o Conselho, é o Presbitério que se transforma em tribunal eclesiástico. Onde nasceu tudo
isto? Na REFORMA. Com que objetivo a REFORMA cuidou da disciplina? Para a Igreja crescer em
santidade; para que o povo de Deus fosse um povo zeloso, dando o seu testemunho na condição de sal da
terra e luz do mundo.
D. O GOVERNO DA IGREJA
A REFORMA recusou toda autoridade papal. Diferentes formas de governo eclesiástico surgiram.
Ramificações
“O protestantismo dividide-se em protestantismo histórico, criado a partir da Reforma, e protestantismo
pentecostal, surgido no começo do século XX, com ênfase no exorcismo e na veneração do Espírito Santo.”7
Protestantismo Histórico
a) Igreja Luterana
b) Igreja Presbiteriana
7
Almanaque Abril 1997, art. “Protestantismo”.
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História do Cristianismo
c) Igreja Anglicana
d) Igreja Batista
e) Igreja Metodista
Protestantismo Pentecostal
a) Pentecostalismo tradicional (Assembléia de Deus, Congregação Cristã do Brasil, Evangelho
Quadrangular e Brasil Para Cristo).
b) Neopentecostalismo (principal é a Universal do Reino de Deus)
Pára-Protestantes
a) Igreja Adventista
b) Igreja Mórmon
8
Adaptado do Rev. Maely Ferreira Vilela, Panorama Histórico da Reforma.
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História do Cristianismo
CAPÍTULO 7
A necessidade de união das igrejas cristãs na luta pelos princípios comuns de paz, caridade e
fraternidade constitui o fundamento do ecumenismo, essa tentativa ingente de unir um cristianismo dividido
e subdividido em quase infinitas ramificações.
Definição de Ecumenismo
Ecumenismo, segundo o decreto Unitatis redintegratio, aprovado pelo papa Paulo VI, é o conjunto de
atividades e iniciativas para favorecer a unidade dos cristãos. Seus princípios básicos são a eliminação de
História do Ecumenismo
O ecumenismo remonta aos primórdios da igreja, que sempre se preocupou com a unidade, ameaçada
pelos cismas e heresias que acompanham sua história. Na verdade, a tendência divisionista existiu desde os
primeiros séculos do cristianismo, com o fenômeno das heresias, o grande cisma que separou o Ocidente do
Oriente, a cisão do cristianismo saxão e latino, as crises do galicanismo na França e as ameaças de divisão no
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História do Cristianismo
seio mesmo de Roma. Após a Reforma, o protestantismo começou também a dividir-se em numerosas
denominações ou confissões, de posições doutrinárias às vezes tão antagônicas quanto as da Reforma em
relação às de Roma. E os protestantes se preocuparam do mesmo modo com essas divisões e com a
necessidade de união. Assim é que, em 1846, surgiu na Inglaterra a Aliança Evangélica, movimento que se
estendeu aos Países Baixos, com o objetivo de impedir a tendência divisionista entre protestantes. Em 1910
surgiu a Reunião das Igrejas, na Inglaterra, e a Igreja Unida, nos Estados Unidos, que procuravam mais
intensamente a unificação dos credos.
O ponto inicial explícito do movimento ecumênico no meio protestante foi a Conferência Vida e
Trabalho, realizada em 1925, em Estocolmo, sob a influência doutrinária do teólogo protestante Nathan
Söderblom. Foi um congresso em que se procurou a unidade na fé interior em Jesus Cristo, com exclusão de
qualquer adesão a dogmas definitivos, inclusive o da própria divindade de Jesus. Em 1927 realizou-se na
Suíça a Conferência Fé e Ordem, onde se afirmou a mudança para uma base mais fixa de doutrina, com a
Novas Tendências
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História do Cristianismo
O século XX assistiu a uma explosão dos conceitos religiosos tradicionais. As bases das grandes
religiões viram-se abaladas pela proliferação de um novo ecumenismo, surgido principalmente nas gerações
mais jovens e nos países recém-libertados da Ásia e África. Todas as religiões cristãs, das quais partiu com
mais vigor o movimento ecumênico, tiveram de dar-se conta da nova realidade cultural e religiosa do mundo
e tomar posição.
Grosso modo, pode-se falar de três posições em relação ao novo ecumenismo. A primeira é a do
exclusivismo, para a qual só há salvação no cristianismo. Combatida e criticada no Concílio Vaticano II e em
todos os encontros ecumênicos das diversas religiões cristãs, sobrevive hoje apenas nas alas mais
tradicionais. A segunda posição é antítese da antecedente, e defende o inclusivismo, na afirmação de que
embora a salvação seja, por definição, em Cristo, está à disposição de todos os seres humanos, sejam ou não
cristãos. A terceira posição é a do pluralismo, segundo a qual todas as grandes religiões da humanidade,
inclusive o cristianismo, são esferas válidas de salvação, em diferentes formas.9
9
Enciclopédia Barsa, art. “Ecumenismo”.
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História do Cristianismo
CONCLUSÃO
Vimos em rápidos lances a história condensada do cristianismo nos períodos antigo, medieval, moderno
e contemporâneo. Acompanhamos de perto os grandes lances de uma religião com dois milênios de
existência. Vimos seus erros e acertos, caminhos e descaminhos, marchas e contra-marchas. Fomos
testemunhas históricas de suas fraturas e desvios teológicos. Consideramos seu desenvolvimento,
cristalização e síncrese religiosa com os fatores pagãos. Divisamos sua tentativa de retorno às origens
singelas da fé do primeiro século.
Hoje o cristianismo não passa de uma massa informe e discordante de crenças, credos, confissões,
denominações e organizações religiosas. Um fator que tenta agregar tudo isso fundamentando-se no pouco
que existe em comum nas partes que compõem o todo é o ecumenismo, movimento surgido nas igrejas
BIBLIOGRAFIA
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