Ìyámassè Málè

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Ìyámassè Málè: a rainha de Oyó, a mãe do fogo.

Negar sua existência é impossível. A matriarca do fogo, a verdadeira rainha de Oyó:Tòrosi. A


ancestral do fogo, do raio, a esposa de Òranmìyàn: o primeiro Aláàfin de Oyó. Tòrosi foi rainha
de Nupe, filha do rei Elempè. Ela também é conhecida como Ìyámassè Málè. Ela é a mãe de
Sàngó, o terceiro Aláàfin de Òyó.

Tòrosi possui característica de uma estrategista. Princesa herdeira do trono de Nupè, ensinou
Sàngó a ser rei. O Eterno rei de Òyó, faz parte da família do fogo, que denominarei aqui como
"Ègbé Ìná". Por isso, ela deve receber o título verdadeiramente de rainha de Òyó. Que era um
reino com características de império dentro da Nigéria. Politicamente, tudo acontecia em Oyó.
Por isso, para a cultura nigeriana, o grande e supremo Aláàfin é de lá.

Não se pode saber mais coisas sobre esta divindade, devido à perseguição religiosa, o culto às
divindades africanas sofreu transformações significativas. Muitas divindades perderam seu
culto, causando um enorme e irreparável prejuízo em nossas tradições. O culto à Ìyámassè se
perdeu ou foi "esquecido", dando espaço para Yemojá na diáspora, ser cultuada como mãe de
Sàngó. Não podemos culpar ninguém. Nossa tradição sobreviveu até hoje pela oralidade. Sem
este milenar meio de comunicação, o Candomblé não existiria, os orixás não seriam cultuados
e toda a história e cultura de um povo há milhares de anos, estariam perdidos. Através do
repasse dos Ìtàns (histórias/lendas) é que a "Resistência Negra" existe.

Quando atribuiu-se à Yemojá o título de mãe de Sàngó, não foi por vaidade. Foi por
necessidade. De qualquer maneira, Ìyámassè continua viva. Um filho não pode viver sem seus
pais. (Talvez por isso exista a extrema necessidade de atribuir a alguém a maternidade do
terceiro rei de Òyó.) Quando se louva a Sàngó, estamos louvando toda a Ègbé Ìná. Que
podemos dizer que, sem dúvidas, participam desta família os Òrìsàs: Sàngó, Òranmìyàn,
Ìyámassè Málè, Àiyrá e outras divindades. Grande parte dos Òrìsàs cultuados no panteão do
fogo - ìná, também são cultuados na família dos raios - ààrá.

O que não podemos esquecer, mesmo não tendo mais rituais para se cultuar Tòrosi, é que ela
está presente em tudo que fazemos. Principalmente para quem carrega os odús (caminhos) de
Sàngó e sua família sobre a vida. Na diáspora africana, muitos cultuam Ìyámassè Málè, como
uma "qualidade" de Yemojá, assim como muitos fazem com o Òrìsà Oko, que é confundido
como uma "qualidade" de Òsàlá. O que não podemos deixar que se perca de uma vez por
todas, é o culto aos Òrìsàs que já cultuamos e que os que infelizmente se perderam, por um
processo quase devastador de nossa religião, através do tempo, do cruzamento do Atlântico e
pela opressão da sociedade arcaica, cristã e preconceituosa da época se percam na memória
dos mais antigos. Tòrosi não pode ser cultuada, mas, pode ser louvada. E é isso que
deveríamos fazer. Buscar forças, ensinamentos e Ìtàns para louvar a divindade mãe do fogo e
verdadeiramente, de Sàngó. Quem anda sobre os caminhos de Ìyámassè Málè, possui o dom
de dominar. Possui em suas mãos, a natureza do fogo, o poder sobre o controle da natureza e
dos homens. Politicamente, ela é uma sábia que entrega à seus filhos, parte de seus
ensinamentos.

Agò òrisá, mo ki ò ayabá! Olú Ìná, Olú Ààrá, Ìyá mi mímó.

(Com sua licença Òrìsà, meus respeitos rainha! Dona do fogo, dona dos raios. Minha mãe
sagrada.)

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