Caso Ferrero Rocher
Caso Ferrero Rocher
Caso Ferrero Rocher
RESUMO
A Ferrero Rocher, empresa de origem italiana presente no Brasil desde 1994, é conhecida por diversos
produtos que fabrica, em particular, o bombom Ferrero Rocher. Este estudo de caso tem como foco a
análise do composto de marketing desse produto de sucesso, e aborda, para ampliação do conhecimento
a respeito do produto, resultados de pesquisa realizada em cam- po sobre a frequência do consumo, as
ocasiões de consumo e critérios de escolha do produto por parte de seus consumidores. É citada ainda a
evolução da empresa e de seus produtos no Brasil. O caso sugere questões para discussão com base nos
conhecimentos agregados em sua leitura, os quais podem fornecer familiaridade, compreensão e
informações adicionais sobre conceitos relacionados ao assunto, tais como miopia em marketing,
análise SWOT e análise SWOT cruzada, além de conceitos básicos como os “4 Ps” do marketing.
PALAVRAS-CHAVE
Chocolates. Ferrero Rocher. Composto de marketing. Bombons.
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Veículos de entrega, anos 40. Fonte: <http://www. ferrero.com/eng/ index.html> (2008).
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No ano de 2008, a empresa Ferrero atuava no seguinte cenário: já se encontrava
na terceira geração da família, oferecia 50 produtos diferentes, 29 sedes, sendo 18
somente na Europa, 17 fábricas e mais de 19 mil funcionários em todo o mundo, segundo
dados da empresa (2008).
Alguns números da empresa: todos os produtos passam por 30 setores de controle
de qualidade, são produzidas anualmente 700.000 toneladas de produtos, e para sua
produção anual são necessárias 70.000 toneladas de cacau, 102.000 toneladas de leite e
56.000 toneladas de avelãs. A empresa fechou o período 2005-2006 com 5,6 bilhões de
euros, o que representou um crescimento de 10,1% em relação a 2004-2005.
A Ferrero define como sua missão oferecer produtos com a melhor qualidade,
aten- tando aos detalhes, com os mais finos ingredientes e modernos métodos de
fabricação e um eficiente sistema de distribuição para que o produto chegue sempre
fresco ao consumidor.
Entre as marcas da empresa Ferrero destacam-se as seguintes: Nutella, Ferrero
Rocher, Tic-tac, Kinder, Raffaello, Mon Chéri, Pocket Coffee, Fiesta e Gran Soleil.
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A Ferrero no Brasil
A Ferrero está presente no Brasil desde o ano de 1994, com sua sede comercial
na cidade de Curitiba, capital do Paraná. O primeiro produto lançado foi o Kinder Ovo
e, graças à imensa receptividade brasileira, a empresa foi crescendo no país e
agregando mais produtos à sua linha. Em 1995 vieram o Ferrero Rocher, o Tic Tac e o
Kinder Bueno.
Em julho de 1997, a Ferrero iniciou sua produção no Brasil, em Poços de Caldas,
Minas Gerais que, além do mercado interno, atende também países como Alemanha,
Argentina, Ca- nadá, México, França, Itália, Equador, Rússia e Estados Unidos.
Em 2007, o faturamento da empresa foi de R$ 350 milhões, colocando a
subsidiária brasileira da Ferrero na décima nona posição entre os sessenta países em que
a multinacional italiana está presente (Gazeta Mercantil, 2008).
Após quatorze anos de atuação no Brasil, a Ferrero pretende ampliar sua
atuação e, para isso, está colocando em prática um plano de expansão que prevê o
aumento de produção da fábrica, a ampliação do quadro de vendedores próprios e de
distribuidores terceirizados, e também o lançamento de produtos. Pietro Cornero,
executivo italiano que está à frente da operação no Brasil desde 2001, informou que o
objetivo é colocar o Brasil entre os dez maiores mercados em faturamento do grupo em
um prazo de até cinco anos, segundo a Gazeta Mer- cantil (2008).
Segundo Cornero (apud Gazeta Mercantil, 2008), em 2007 o crescimento foi
de 26%, com previsão de alta para os anos seguintes em torno de 35%. A capacidade
de produção é de 10 mil toneladas de chocolate por ano, sendo 30% para exportação.
Os outros produtos que a empresa comercializa no Brasil são importados do
Equador (Tic Tac), da Argentina (Kinder Ovo e Maxi) e da Itália (Kinder Bueno). Ainda
segundo Cornero, as prioridades para a fábrica brasileira são a expansão da linha de
preparação de wafers e da linha de produção de Nutella, que deve ser duplicada em até
dois anos.
A empresa está estudando alternativas para realizar uma extensão da fábrica de
Poços de Caldas, o que deve acontecer até 2013. Em relação às vendas da empresa no
Brasil, 70% são resultado do desempenho dos seus quatro principais produtos: Ferrero
Rocher, Kinder Ovo, Tic-Tac e Nutella. Os 30% restantes são divididos entre os outros
produtos da marca Kinder e das vendas de Páscoa, que somente em 2007 fechou o período
com participação de 6,5% do mercado (Gazeta Mercantil, 2008).
De acordo com Cornero, um novo produto deve ser lançado a cada dois anos no
Brasil. Essa será a estratégia para alcançar os mercados do Norte e Nordeste, que ainda
não comercializam a maior parte do portfólio da empresa em virtude das altas
temperaturas durante todo o ano, o que dificulta o transporte e a conservação de produtos.
A exceção fica por conta das pastilhas Tic-Tac e do Kinder Joy, lançado em
2007 já com características próprias para ser comercializado em todo o Brasil,
independentemente das con- dições climáticas, pois o chocolate em questão possui
embalagem de plástico e recheio derre- tido, o que não compromete a conservação,
mesmo em locais com temperaturas elevadas.
No mundo todo, a Ferrero possui hoje cerca de 60 produtos; no Brasil são treze.
“Nosso objetivo é ter um portfólio em que o verão não seja um problema”, explicou Pietro
Cornero. Segundo dados da ACNielsen (apud Gazeta Mercantil, 2008), a Ferrero possui
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atualmente 5,4% do mercado total de chocolates.
O bombom Ferrero Rocher é um dos líderes de vendas da empresa, como já infor-
mado. É relevante analisá-lo por intermédio do grupo de variáveis controláveis de
marketing que a empresa utiliza para produzir a resposta que deseja do mercadoalvo, ou
seja, por meio dos chamados quatro Ps de marketing: produto, promoção, praça e preço
(Kotler e Armstrong, 1999).
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Em relação à decisão de compra da embalagem de 3 unidades, segundo
Parente (2000), pode-se classificar como compra por impulso, ou seja, compra não
planejada, sem ava- liação de necessidade e, em geral, realizada rapidamente, pois o
risco percebido na compra não é tão intenso. Essas embalagens ficam expostas nos
supermercados geralmente perto dos caixas, no nível dos olhos para atrair a atenção do
cliente e estimular assim esse tipo de compra.
Promoção
Promoção ou comunicação de marketing pode influenciar os consumidores em
todos os estágios do processo de compra. Suas mensagens podem lembrar os
consumidores de que eles têm um problema, de que o produto pode resolver o
problema e de que ele entrega um valor maior do que os produtos concorrentes,
reforçando assim a decisão de compra (Churchill e Peter, 2005).
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Preço
Segundo Churchill e Peter (2005), a estratégia de preço influencia o comportamento de
compra quando o consumidor está avaliando alternativas e chegando a uma decisão. Os
consumidores têm, assim, duas opções: podem escolher produtos mais baratos,
principalmente quando a decisão é rotineira ou limitada, ou, em decisões extensivas – de
um produto de luxo, por exemplo –, podem optar por um produto de preço mais alto, o que
neste caso não impediria a compra.
Para a análise de preço do bombom no Brasil foi considerada a média ponderada dos preços
unitários cobrados pelas embalagens de Ferrero Rocher em quatro supermercados: Pão de
Açúcar (Barra da Tijuca), Zona Sul (Leblon), Mundial (Recreio dos Bandeirantes) e
Walmart (Barra da Tijuca). A pesquisa foi realizada na segunda quinzena de setembro de
2008 e os preços médios estão mostrados na tabela abaixo.
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e Curitiba, e devem chegar a Recife e Salvador em breve. Além dos vendedores próprios,
a ideia é acrescentar três novos distribuidores terceirizados a cada ano (Gazeta Mercantil,
2008).
Em relação ao bombom Ferrero Rocher, sua distribuição é bem ampla, já que pode
ser encontrado em supermercados, lojas de conveniência, bancas de jornal, entre outros.
Porém, partindo do princípio de que a imagem que a empresa divulga do produto é de luxo
e de sofisticação, a percepção do consumidor pode não estar de acordo com aquela desejada
pela empresa, devido aos locais de suas vendas.
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podendo ser assim percebido que o bombom agrada a seus consumidores. Contudo, o preço
é o atributo do bombom que recebeu as notas mais baixas.
56% dos entrevistados afirmaram que não consomem Ferrero Rocher em maior
quantidade do que outros bombons, porém 60% afirmaram concordar que na maioria das
vezes que compram o Ferrero Rocher é para presente, o que é realmente estimulado pelas
embalagens tanto individuais, quanto, principalmente, pelas caixas.
Em relação à facilidade de encontrar o bombom Ferrero Rocher, foi o resultado
com a maior porcentagem positiva para o bombom, 89%, o que parece relacionado a uma
distribuição eficiente no mercado de atuação.
Já em relação à propaganda, a pesquisa mostrou que apenas 7% dos entrevistados
nunca viram uma propaganda do bombom Ferrero Rocher no Brasil, porém a faixa etária
que mais afirmou já ter visto alguma propaganda foi a situada entre 26 e 32 anos, e os que
mais afirmaram não terem visto estão na faixa de 12 a 18 anos.
Quando analisado se o entrevistado considerava justo o preço cobrado pelo
bombom, houve uma concordância de 46%, em que 12% concordaram totalmente e 34%
concordaram em parte, enquanto o percentual de entrevistados que nem concordavam nem
discordavam com a afirmação foi elevado, 30%.
Os adjetivos ou expressões mais citados para descrever o bombom Ferrero Rocher
foram, em primeiro lugar, em relação ao sabor do bombom, em segundo lugar à sua
sofisticação e, em terceiro lugar, foram relacionados a ser um bombom para “presentear”.
Apenas 5% dessas respostas foram negativas para o bombom.
Com base em todas as informações obtidas com a pesquisa, uma análise final pode
ser feita para o bombom Ferrero Rocher. A partir da análise SWOT, pode ser possível
identificar suas forças e fraquezas, assim como as oportunidades e ameaças à empresa. É
interessante perceber que o Brasil foi identificado como o quarto maior consumidor de
chocolate do mundo em 2008, atrás apenas de Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido
(Lacerda, 2008).
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