Preconceito Linguístico e Sua Presença No Contexto Atual de Ensino-Aprendizagem
Preconceito Linguístico e Sua Presença No Contexto Atual de Ensino-Aprendizagem
Preconceito Linguístico e Sua Presença No Contexto Atual de Ensino-Aprendizagem
ENGENHEIRO COELHO
2013
FLÁVIA DANIELLY NASCIMENTO DOS SANTOS
GIULLIANE SABRINA BUENO AMBRÓZIO
ENGENHEIRO COELHO
2013
Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Adventista de São Paulo, do
curso de Letras apresentado e aprovado em 24 de novembro de 2013.
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Orientador: Prof° Ms. Joubert Castro Perez.
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Segunda leitora: Profª Drª Ana Maria de Moura Schäffer
Dedicamos este trabalho a todos os linguistas
e sociolinguistas que se dedicam a seu
trabalho e através de sua produção acadêmica
têm contribuído com a conscientização da
sociedade em relação ao preconceito
linguístico.
AGRADECIMENTOS
Denis Diderot
RESUMO
Este trabalho tem o objetivo de compreender o que pesquisadores da língua têm discutido
sobre o preconceito linguístico. Procuramos lançar um olhar investigativo sobre o
preconceito linguístico presente na sociedade e nas escolas e sobre as causas e
consequências que tal comportamento tem trazido à civilização. O fio norteador do
trabalho é o estudo da língua em diversos contextos, como ela é abordada nas escolas,
na sociedade e na mídia. Fundamentamos-nos em trabalhos do sociolinguista Marcos
Bagno, e de linguistas como Sírio Possenti, Maria Scherre etc. autores, linguistas e
sociolinguistas que têm tratado desse problema a partir de uma ideia libertária da língua,
não descartando, porém, a importância da norma culta. A problemática que incentivou
esta pesquisa foi a nossa percepção despertada pelas pesquisas e leituras realizadas, da
falta de compreensão das pessoas por não saberem distinguir a diferença entre a língua e
a norma culta. É essa falta de compreensão que tem contribuído para a desconstrução da
cultura e do patrimônio linguístico de diversos grupos sociais que têm na língua sua
identidade. É também o que tem prejudicado a inclusão social dessas pessoas em outras
sociedades ou comunidades. Logo, a hipótese levantada foi a de que o preconceito em
relação à “língua viva” se deve à intolerância das pessoas com relação às variações da
língua e também devido à generalização e imposição da norma culta como uma regra
tanto para a linguagem escrita quanto para linguagem falada.
This work aims to understand what researchers of the language have discussed about the
linguistic prejudice and to investigate. Language prejudice in society and in schools, and
about the causes and consequences that such a prejudice such has brought to civilization.
The guiding theme of the research is the study of language in several contexts, and how it
is discussed as it is discussed in schools, in society and in media.We based our research
on the work sociolinguist Marcos Bagno, and linguists as Sírio Possenti, Maria Scherre
etc; authors, linguists and sociolinguists who have dealt with the problem from a libertarian
idea of language, but rejecting the standard norms. The problem that encouraged this
research was our perception from the researches and readings, of the lack of
understanding about how to differentiate between language and standard norms. And we
believe that it is this lack of understanding that has contributed to the destruction of culture
and linguistic heritage of several social groups who have in the language their identity. It's
also these facts which have damaged the social inclusion of people in other societies or
communities. Therefore, our hypothesis was that the prejudice against the "living
language" is due to people's intolerance regarding to the language and also because of
the generalization and imposition of the standard norms as a rule both for written language
as for spoken language.
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................... 10
1 INTRODUÇÃO
consideração todos os privilégios que a mídia tem, devido ao aumento da tecnologia, dos
meios de comunicação e do uso frequente que as pessoas fazem deles hoje.
Concluiremos o assunto abordando o que essas concepções midiáticas e sociais tem
refletido no ensino-aprendizagem, visto que é um ambiente privilegiado onde as
mudanças desejáveis podem acontecer.
Dentre os objetivos específicos, tentaremos discutir a autoridade que o preconceito
tem sobre os sujeitos de linguagem e à linguagem, discorrer sobre as variações
linguísticas como resultado das relações que os sujeitos têm com o meio em que vivem,
sua condição social, seu grau de escolaridade, e analisar também dentro desses
parâmetros o papel da mídia, dos meios de comunicação de massa, como produtores e
reprodutores do preconceito linguístico.
Este aspecto nos chamou atenção, pois reparamos que de todos os preconceitos
combatidos, o preconceito linguístico nem sequer é reconhecido como tal. A população
ignora o problema que, ao invés de ser reprovado, cresce disfarçadamente no meio
social.
Se o problema sequer é reconhecido não admira que os sujeitos de linguagem não
saibam lidar com o preconceito linguístico. Quando reproduzem consciente ou
inconscientemente o preconceito, todos os que estão fora dos padrões da norma culta
são qualificados como indivíduos sem prestígio, motivando a exclusão social. Em
situações nas quais lutam para reprovar esse preconceito não têm recursos ou
argumentos suficientes para contestar tais atos preconceituosos. Assim, o assunto acaba
sendo tratado quase sempre superficialmente.
No próximo capitulo veremos como o preconceito linguístico se manifesta no meio
social; como a sociedade tem reagido com o surgimento das variações linguísticas; quais
são as consequências que a má compreensão da língua tem causado em alguns
contextos.
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Parece haver cada vez mais, nos dias de hoje, uma forte tendência a lutar
contra as mais variadas formas de preconceito, a mostrar que eles não têm
nenhum fundamento racional, nenhuma justificativa, e que são apenas o
resultado da ignorância, da intolerância ou da manipulação ideológica.
Infelizmente, porém, essa tendência não tem atingido um tipo de
preconceito muito comum na sociedade brasileira: o preconceito
linguístico. Muito pelo contrário, o que vemos é esse preconceito ser
alimentado diariamente em programas de televisão e de rádio, em colunas
de jornal e revista, em livros e manuais que pretendem ensinar o que é
“certo” e o que é “errado”, sem falar, é claro, nos instrumentos tradicionais
de ensino da língua: a gramática normativa e os livros didáticos (BAGNO,
2005, p.13, grifo do autor).
Não causa nenhum espanto que a língua mais uma vez sofra com o desprezo
social. De acordo com Possenti (2009), a atitude preconceituosa em relação à língua
existe, porém a sociedade como um todo ainda não trata do assunto como preconceito.
Isso pode estar associado a ideias arraigadas no senso comum.
No decorrer deste capítulo analisaremos alguns dos mitos apresentados por Bagno
(2005) em seu livro “Preconceito linguístico: o que é, como se faz”, para compreendermos
o poder do preconceito linguístico sobre o corpo social, mesmo sendo de todos os
preconceitos o menos discutido.
Bagno introduz sua apresentação de alguns mitos que circulam na sociedade nos
seguintes termos:
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É de se levar em conta que realmente existe essa “imagem negativa” dita por
Bagno, do próprio usuário para com a língua, isso se deve ao comodismo e talvez à falta
de orgulho de nosso patrimônio cultural. Explicaria inclusive o conceito cultural deturpado
que exportamos de nós aos estrangeiros, como bem diz Lya Luft, o de que o Brasil seja
um país de carnaval, futebol e índios apenas, mas não de cultura literária, acadêmica, ou
seja, de valorização do trabalho intelectual sobre a linguagem. Valorizar o trabalho
intelectual sobre a linguagem, contudo, não significa reduzir ao ensino do que Celso Luft
chama de “esqueleto da língua”:
Para o autor este é o pior dos mitos que compõe a mitologia do preconceito
linguístico, e afeta a visão crítica até mesmo de intelectuais. É de nossa compreensão
que a variedade da linguagem, de fato existe e nada mais é do que vários modos de se
falar a mesma língua. De acordo com a definição do autor, é esse mito que gera os
preconceitos no contexto regional, como o fato de a sociedade rotular os falantes de
origem nordestina, por exemplo, como indivíduos atrasados, mal instruídos, sem prestigio,
etc.
Bagno mostra seu desconforto quanto a este ponto de vista preconceituoso e
aproveita a oportunidade de desenvolver este assunto ao tratar de outro mito, a saber, o
de que “As pessoas instrução falam tudo errado”:
Se é verdade que a língua deve ser admirada pela sua beleza e diversidade, é
verdade também, infelizmente, que, ao invés de usá-la a seu favor, o próprio homem está
usando contra si mesmo, transformando-a, como diz o autor, em instrumento de
repressão, de discriminação por parte dos que se consideram superiores.
Visto que é importante conhecermos a nossa língua e fazermos bom uso dela,
devemos nos perguntar se é legítima ou não a intolerância das pessoas quanto às
variações da língua. A linguagem é um poderoso instrumento de comunicação e, assim
como os indivíduos, ela também está exposta às mudanças sociais e não está em nossas
mãos individualmente mudar esse fato. A língua muda e não podemos impedir isso. Uma
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Já passou a hora de todas essas regras novas (e muitas outras que não
listamos aqui) serem consideradas tão corretas, elegantes e bem
estruturadas quanto as regras previstas e prescritas pela tradição
gramatical [...] temos que lutar, sim, é para permitir o convívio tranquilo e
tolerante entre as muitas formas de se dizer a mesma coisa, reconhecendo
nelas uma riqueza da nossa língua e, por conseguinte, da nossa cultura e
da nossa vida pessoal (BAGNO, 2007, p.159, grifo do autor).
Outro mito que circula socialmente e acaba gerando preconceito tem a ver com
duas diferentes formas em que a comunicação pela língua acontece: a língua escrita e a
língua falada. Bagno o resume assim: “O certo é falar assim porque se escreve assim”; e,
a seguir, observa:
A confusão entre essas duas modalidades linguísticas, tem gerado "erros" que não
seriam considerados assim, caso a escrita com sua fixidez nos dicionários e gramáticas
não fosse mais valorizada que a fala. Esses "erros" seriam, talvez, menos visíveis e
notórios se não houvesse a imposição da norma padrão como instrumento de
uniformização, tornando a escrita homogênea e estabelecendo uma forma única de grafar
e pronunciar as palavras. Tornar, porém, a linguagem escrita um espelho para a
linguagem falada reforça o preconceito e marginaliza todos aqueles que não dominam a
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No próximo capitulo, veremos o que a mídia tem feito com relação ao preconceito
linguístico e o que ela tem pregado aos que fazem o uso diário dos meios de
comunicação.
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afirma Scherre em seu livro “Doa-se lindos filhotes de poodle: variação linguística, mídia e
preconceito”(2005): “Então, quando um falante nativo de uma língua explicita o
sentimento de que não saber falar a sua própria língua, ele de fato esta confundindo a sua
língua com a gramática normativa de parte de sua língua” (SCHERRE, 2005, p.89).
Considerando o fato de que a língua está em constante mutação pelas mais
diversas razões, afirmar que alguém que fala “diferente” é alguém sem instrução ou sem
prestigio é a mesma coisa que afirmar que ele não é um cidadão que atua e convive com
a sociedade, pois somos expostos a diversos tipos de mudanças todos os dias, inclusive
da língua conforme afirma o autor, “[...] acusar alguém de não saber falar a sua própria
língua materna é tão absurdo quanto acusar essa pessoa de não saber ‘usar’
corretamente a visão” (BAGNO, 2005, p. 17).
Ao mesmo tempo em que valoriza a norma culta, a defesa do português “puro” e
“correto”, obediente à gramática tradicional, essa mídia gera o preconceito contra as
variedades linguísticas populares ao apresentar tais variedades de modo pouco crítico,
caricaturado, provocando a hostilidade contra os que falam tais dialetos. É o que diz
Bagno (2005), ao considerar o modo como a mídia apresenta a cultura nordestina:
Talvez o que mais chame a atenção dos críticos são formas como naum
por não, taum por tão e Jaum por João. Já ouvi gente (repórteres) falando
[naúm], como se o /u/ fosse a vogal tônica da sílaba. Quando ouço casos
como esse, tenho vontade de sacar a fórmula que costumo aplicar sempre
que alguém se queixa de não conseguir ler textos de alunos que cometem
erros ortográficos: se é verdade, em certo sentido que quem escreve naum
não sabe escrever (o que precisa ser demonstrado), é ainda mais verdade
que quem lê [naúm] não sabe ler (POSSENTI, 2009, p.61, grifos do autor).
O autor ainda defende o fato da linguagem utilizada nas redes sociais não dever
ser considerada como uma linguagem e sim um “conjunto de soluções ortográficas”, e
que, de fato, os jovens, na ausência de cobrança, se sentem livres para agilizar a
comunicação pela diminuição do número de toques necessários para grafar um palavra.
Sendo assim, não deveriam ser estigmatizados por fazerem uso deste recurso:
É verdade que essas regras não são seguidas com muito rigor (não há
uma lei que as imponha, nem uma escola que cobre correção; se
houvesse, logo os jovens abandonariam o sistema que inventaram). Por
exemplo, as regras, para escrever kbça não são seguidas até o fim em blz
(se fossem, teríamos blza) (POSSENTI, 2009, p. 61).
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A autora Scherre em seu livro “Doa-se lindos filhotes de poodle” apresenta vários
exemplos de personalidades que sofreram preconceito linguístico por parte da mídia, e
critica uma matéria jornalística feita por uma professora de português chamada Dad Abi
Chachine no jornal Correio Braziliense:
sociais e nos espaços destinados aos comentários do leitor, cria mais um espaço social
em que se pode tanto combater quanto promover o preconceito linguístico.
Sendo assim, essa distância crítica deve ser incentivada como um filtro necessário
de toda forma de preconceito, com o objetivo de contribuirmos para uma sociedade mais
justa e respeitadora dos direitos individuais e coletivos.
Posteriormente trataremos da repercussão do preconceito linguístico no ensino, a
luz de opiniões de linguistas, a fim de compreender o que deve ser analisado em sala de
aula quando o assunto envolve preconceito.
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use a variedade popular em contextos específicos em que a norma culta é exigida. Mas
não pode, sob o pretexto de ensinar a norma culta, acabar reforçando o preconceito
contra formas linguísticas que não são contempladas nos manuais de gramática
normativa. Diante disso, parecem adequadas às palavras de Oliveira.
que aprende a língua quando, na verdade, aprende e, às vezes mal, apenas algumas
regras de gramática normativa. E a escola acaba não cumprindo seu papel de formar
cidadãos críticos, capazes de ler e escrever com propriedade ou, em outras palavras, a
escola falha em ministrar um ensino de língua que não prepara o aluno para que ele se
torne um bom usuário da língua e se relacione com a diversidade linguística sem
preconceito e intolerância. As consequências desse quadro não são animadoras, mas a
escola continua sendo um espaço privilegiado onde as mudanças podem ocorrer.
Por outro lado, os autores pesquisados são unânimes em reconhecer a
necessidade do ensino das normas gramaticais. A acusação de que os linguistas e
sociolinguistas, ao defenderem um conceito de língua mais amplo que sua redução à dita
norma culta, promovem o “vale-tudo” na língua, pregam a inutilidade da gramática
normativa, defendem o uso de uma “linguagem popular” ou do “caipirês” em todas as
circunstâncias de comunicação oral ou escrita, apregoam a desnecessidade de as
classes desfavorecidas aprenderem as formas prestigiadas da língua escrita e falada e
incentivam o uso de estrangeirismos nas comunicações diárias, não procede e é
classificada por Bagno com termos tais como: “mentira”, “balela”, “calúnia”, “lorota”,
“conversa fiada” e “piada de mau gosto”. Na verdade, o que se verifica ao ler esses
autores é que eles recomendam o ensino da gramática, desde que ela não se resuma a
nomenclaturas sem objetivo relevante, à análise de expressões fora do contexto e mesmo
ridículas. Deixemos que o próprio autor esclareça a questão:
O preconceito linguístico, portanto, tem relação direta com certo modo redutor de
conceber a língua, limitando-a à gramática tradicional, que, segundo Bagno, se constituiu
historicamente - num contexto favorável a preconceitos sociais - “como produto intelectual
de uma sociedade aristocrática, machista, escravagista, oligárquica, fortemente
hierarquizada”, tomando como referência e modelo o dialeto de um pequeno mas
prestigiado grupo de falantes com as seguintes características: “do sexo masculino, livres,
membros da elite cultural, cidadãos (eleitores e elegíveis), membros da aristocracia
política e detentores da riqueza econômica.”. (BAGNO, 2007, p. 68)
Não causa espanto, deste modo, que a língua assim entendida funcione como um
instrumento de poder e seja considerada a única língua “certa”, passível de estudo e
posta como modelo para toda a sociedade, como se fosse mais importante que a língua
natural. Mas o que ocorre, de fato, é o contrário disso, como podemos compreender a
partir da afirmação de Bagno:
Luft complementa dizendo que todo esse ensino será pouco usado durante a vida,
até mesmo nas situações em que, como profissionais, souberem falar, escrever e se
comunicar bem, devem isso à boa leitura e não a “tanto ensino de sua língua”; exigir de
todos as regras gramaticais da norma culta não os tornam bons ou maus falantes, todo
indivíduo domina a sua língua independentemente de regras ou vocábulos bizarros.
(LUFT, 1994, p. 47)
Concordamos com o que Luft fala sobre a leitura. É pertinente compreender a
importância que esse recurso exerce sobre o domínio da língua e estimular os alunos a
desenvolverem o hábito da leitura talvez se torne um método mais eficaz de ensinar
norma culta do que sobrecarregá-los com regras gramaticais.
Depois de apresentarmos fatos relacionados à norma culta, nos indagamos se a
escola tem abordado a temática das variações populares em sala de aula também.
Devem-se esclarecer para o aluno as formas “corretas” e as “reprovadas” de hoje,
sem reforçar o preconceito. Como bem recomenda o linguista Possenti:
Fazendo isso, o professor assume o papel que se espera dele e da escola, que é o
de desincentivar o preconceito. Tratar do assunto da língua com os próprios usuários dela
não é uma tarefa fácil, por isso as concepções que o docente tem sobre o que seja uma
língua e de como ensiná-la, como já dissemos, é de grande valia no processo de ensino-
aprendizagem e no combate ao preconceito linguístico. Neste sentido, parecem
apropriadas as palavras de Bagno:
Por isso, na escola, temos que fazer todos os esforços possíveis para tirar
o maior proveito do espaço-tempo pedagógico, a fim de transforma-lo num
foco de resistência e combate ao preconceito linguístico e toda forma de
discriminação social. Negar o que é caracteristicamente nosso na língua é
negar a nossa própria identidade cultural como povo e nação
independente! (BAGNO, 2010, p.15, grifos do autor).
apenas para pessoas de prestígio. Em outras palavras, se, por um lado, não devemos
tomar a norma culta como um espelho que aponte “erros” nas expressões populares, por
outro não devemos considerar seu ensino como algo impossível. Neste aspecto, uma
posição equilibrada dos professores parece ser recomendável. Se o ensino não pode
partir da concepção incoerente em que se reduz a língua a uma única variedade, mesmo
que seja a padrão. Também não pode deixar de contemplar essa variedade, caso queira
formar indivíduos competentes para agir socialmente em diversos contextos de interação
verbal.
30
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
processo de linguagem, sem permitir que sua visão da língua se reduza ao politicamente
“correto” (norma culta), mas que inclua a diversidade da “língua viva”, para que ele não
apenas seja vacinado contra o preconceito linguístico, mas também saiba se comportar,
linguisticamente falando, em diferentes contextos com desenvoltura.
Estamos conscientes de que muitas ideias sobre o preconceito linguístico não
foram contempladas neste trabalho. O estudo, porém, serviu como ponto de partida e
estímulo para futuras pesquisas e aprofundamento do assunto.
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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. 36. ed. São Paulo:
Edições Loyola, 2005.
BAGNO. Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação
linguística. – 3 reimpressão. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.
FARACO, Carlos Alberto. Norma Culta Brasileira: desatando alguns nós. São Paulo:
Parábola Editorial, 2008.
LUFT, Celso Pedro. Língua e Liberdade. 2. ed. São Paulo: Ática, 1993.
POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: ALB,
Mercado de Letras, 1996.
SCHERRE, Maria Marta Pereira. Doa-se lindos filhotes de poodle: variação linguística,
mídia e preconceito. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.