Fundamentos de Tecnologia Mecânica - 60h - Formatado PDF
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FUNDAMENTOS DE
TECNOLOGIA MECÂNICA
Conselho Regional do SENAI-CE
FUNDAMENTOS DE
TECNOLOGIA MECÂNICA
Fortaleza-CE
2011
© 2011. SENAI. Departamento Regional do Ceará
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.
SENAI/CE
Centro de Educação e Tecnologia Alexandre Figueira Rodrigues - CETAFR
Este projeto foi elaborado por colaboradores das Unidades de Negócios cujos nomes estão
relacionados na folha de créditos.
Ficha Catalográfica
S474g
CDD658
CETAFR
Cento de Educação e Tecnologia Alexandre Figueira Rodrigues
Av. do Contorno, 1395 - Distrito Industrial
61939 -160 Maracanaú-Ceará
Fone:(85)3421.5000
Fax:(85)3421.5006
e-mail: [email protected]
SUMÁRIO
Minério de bauxita
Após a obtenção do minério, a bauxita, é triturada e misturada com uma solução de soda
cáustica, retirando-se as impurezas de forma que sobre somente a alumina.
Alumina
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 2
O produto resultante é aquecido sob pressão e uma nova quantidade de soda cáustica é
adicionada. A partir dessa solução, chamada de aluminato de sódio, obtém-se a alumina
hidratada que pode ser utilizada como matéria-prima de alguns produtos, tais como vidros,
corantes, cremes dentais, etc. ou ser enviada para calcinadores, onde é aquecida entre
1000 e 1300°C para eliminação de água ainda presente.
1.1.2. COBRE
O cobre é obtido a partir de dois minérios, a calcopirita (Cu2S + Fe2S3) e a calcosita. Até
chegar a sua forma comercial, o cobre passa por seis etapas1:
1. Trituração e moagem, onde se obtém partículas de minérios com tamanhos entre 0,05 e
0,5mm
Calcopirita
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 4
Calcosita
Cobre Blíster
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 5
- Extremamente maleável;
- Insuperável na propriedade de ser trabalhado a quente ou a frio;
- Pode ser unido por rebitagem ou solda;
- Incomparável quanto a condutibilidade da corrente elétrica;
- Excelente condutibilidade térmica;
- Praticamente imune a corrosão atmosférica;
- Ideal para equipamentos tais como destiladores, filtros, encanamentos, reatores,
evaporadores, autoclaves, tanques, serpentinas, alambiques, cozinhadores, bombas,
condensadores, tubos de evaporação para alcoóis, resinas, soda cáustica, certos ácidos,
etc.
- Não é magnético e não causa centelhamento, propriedades importantes em algumas
aplicações
O latão é uma liga a base de cobre e zinco, com teores de zinco variando entre 5% e 45%.
Eventualmente, visando aprimorar algumas características da liga são adicionados outros
elementos tais como Al, Sn, Pb ou As.
O latão que tem entre 40 e 45% de zinco é utilizado na fabricação de barras para
enchimento usadas na solda de aço carbono, ferro fundido, e outras ligas.
Os latões apresentam as seguintes propriedades:
1.1.3.2. Bronze
São ligas de cobre e estanho com teores de estanho de até 12%. Apresentam elevada
dureza, boa resistência mecânica, corrosão e atrito além de ser um bom condutor de
eletricidade.
É usado geralmente na fabricação de parafusos e engrenagens para trabalho pesado,
mancais, varetas e eletrodos para soldagem.
Os Plásticos são materiais que possuem alguma rigidez estrutural quando submetidos a
uma carga e são usados em aplicações de uso em geral. São compostos de resina natural
ou sintética sendo que, quase todas as resinas plásticas são de natureza orgânica tendo em
sua composição H, C, O, N. As matérias-primas para a fabricação dos materiais plásticos
provêm do carvão mineral, do petróleo ou de produtos vegetais.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 8
- Materiais Temoplásticos
- Materiais Termofixos
São materiais poliméricos semicristalinos que amolece quando aquecido e endurece quando
resfriado. Enquanto ele se encontra no estado amolecido, produtos podem ser conformados
por moldagem ou extrusão.
Cycolac®
Lucite®
Teflon®
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 10
-Nylons
Marcas Registradas: Zytel, Plaskon
Características: Boa resistência mecânica e à abrasão, boa tenacidade, baixo
coeficiente de fricção, absorventes de água e outros líquidos.
Aplicações: Engrenagens, recobrimentos de alambrados e cabos.
Zytel®
-Policarbonatos
Marcas Registradas: Merlon, Lexan.
Características: Dimensionalmente estáveis, baixa absorção de água, transparência,
grande resistência ao impacto e ductilidade, extraordinária resistência química.
Aplicações: lentes, bases para filmes fotográficos.
-Poliestireno
Marcas Registradas: Styron, Lustrex, Rexolite
Características: Excelentes propriedades elétricas e claridade óptica, boa
estabilidade térmica e dimensional, relativamente econômico.
Aplicações: Telhados, eletrodomésticos.
-Vinil
Marcas Registradas: PVC, Pliovic, Saran, Tygon.
Características: Materiais para aplicações gerais e econômicas, ordinariamente
rígidos, embora com plastificantes voltem a serem flexíveis susceptíveis à distorção térmica.
Aplicações: Recobrimentos de solos, tubulações, recobrimentos isolantes de fios elétricos.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 11
Pliovic®
-Poliéster
Marcas Registradas: Mylar, Celanar, Dacron
Características: Excelente resistência à fadiga, à torção, à umidade, aos ácidos, aos
óleos e aos solventes.
Aplicações: Fitas de gravação magnética, cabos de pneus de automóveis.
São materiais que sofrem alteração química na sua estrutura e não podem ser amolecidos
novamente pelo calor para uma operação de reforma. Suas temperaturas de moldagem são
muito mais altas que as dos termoplásticos. Por outro lado, o produto acabado resiste a
temperaturas muito mais altas, sem deformação.
-Epóxis
Marcas Registradas: Epon, Epi-rez, Araldite
Características: Excelente combinação de propriedades mecânicas e resistência à corrosão,
dimensionalmente estáveis, boa aderência, relativamente baratos, boas propriedades
elétricas.
Aplicações: Conexões, adesivos, recobrimentos, protetores, lâminas reforçadas com fibra de
vidro.
-Fenólicos
Marcas Registradas: Bakelite, Durez, Resinox.
Características: Excelente estabilidade térmica até os 150ºC, susceptibilidade de
formar materiais compostos com muitas resinas, material de recheio, barato.
Aplicações: Carcaças de motores, telefones, distribuidores de automóvel (DELCO),
acessórios elétricos.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 12
Baquelite
-Poliésteres
Marcas Registradas: Selectron, Laminac, Paraplex
Características: Excelentes propriedades elétricas e barato, pode-se utilizar tanto a
temperatura ambiente como a temperaturas elevadas, pode ser reforçado com fibras.
Aplicações: Cascos, pequenos barcos, ventiladores, peças de automóvel.
-Silicones
Marcas Registradas: DC resins
Características: Excelentes propriedades elétricas, quimicamente inertes, porém atacável
pelo vapor, extraordinária resistência ao calor, relativamente econômico.
Aplicações: Lâminas e fitas isolantes a elevadas temperaturas.
„Os cerâmicos constituem um grupo muito extenso de materiais extenso de materiais para
fins de construção e materiais. As principais características dos cerâmicos são:
Tipos de Cerâmicos
-Faiança e porcelana – São obtidos a partir da mistura de argila, quartzo, feldspato, caolin
e outros materiais. São empregados na indústria química (resistência química) e elétrica
(baixa condutibilidade elétrica).
-Refratários comuns – São obtidos a partir de argilas e os tipos mais comuns são a
alumina-sílica (óxido de alumínio e dióxido de silício).
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 13
-Óxidos – São do tipo simples, ou seja, que contém um único elemento metálico ou do tipo
complexo ou misto com dois ou mais elementos metálicos. São utilizados como isoladores
elétricos, aplicações ou aeroespaciais.
-Outros tipos de cerâmicos: Entre eles devem ser citados os “carbonetos”, como o
carboneto de tungstênio. O mais conhecido é o carboneto de silício mais conhecido como
carborundum. É um dos melhores materiais, sob o ponto de vista de resistência ao desgaste
a abrasão.
1.1.4-Compósitos
São materiais constituídos por uma mistura de fases macro componentes compostas de
materiais que estão num estado dividido e que geralmente são diferentes sob os pontos de
vista de composição química e forma.
Os aços são ligas binárias, ou seja, composta de dois elementos principais: o ferro (Fe) e o
carbono (C), este último com teores entre 0,008 a 2,11% aproximadamente.
O ferro ocorre na natureza sob diversas formas de minerais. Entretanto, apenas algumas
destas têm valor comercial como fontes de ferro. Assim, como uso comum na indústria
siderúrgica podemos destacar:
Minério de Magnetita
Minério de Hematita
Para obtenção de ferro fundido a aço a partir da hematita, e necessário que este óxido de
ferro seja removido a ferro metálico, e também fundi-lo, de modo que o produto metálico
seja retirado do forno na forma líquida. Este processo é conhecido como redução do ferro
A redução do ferro é geralmente realizada no alto forno, onde se obtém como produto
resultante o ferro gusa, que consiste numa liga de ferro-carbono de alto teor de carbono e é
a forma intermediária pela qual passa praticamente todo o ferro usado na produção primária
do aço. Ao sair do alto-forno o ferro gusa, ainda no estado líquido, é encaminhado para
aciaria onde é transformado em aço. Além disso, é utilizado no estado sólido como principal
matéria prima nas fundições de ferro fundido.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 16
Os aço comuns são classificados de acordo como o teor de carbono, que é o elemento que
exerce maior influência nas propriedades do aço.
O percentual de carbono varia de 0,008 até 0,30%. Possui baixa dureza e resistência
mecânica, alta tenacidade e ductilidade.
Aplicações:
-Chapas automobilísticas
-Perfis estruturais
-Placas para produção de tubos
-Construção civil
O percentual de carbono varia de 0,35 até 0,60%. Possui maior resistência e dureza, menor
tenacidade e ductilidade que o aço baixo carbono.
Aplicações:
O percentual de carbono varia de 0,65 até 2,11%. È de maior resistência e dureza, porém
apresenta menor entre ductilidade entre os aços carbono.
Aplicações:
Os aços carbono são classificados segundo as normas ABNT, SAE (AISI) e DIN.Entre as
designações em vigor mais conhecidas e utilizadas temos SAE (Society of Automotive
Engineers – Sociedade dos Engenheiros Automotivos ) e AISI (American Iron and Steel
institute – Instituto Americano de Ferro e Aço). No Brasil utilizamos a norma ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas).
O carbono se apresenta quase todo em estado livre, sob a forma de palhetas pretas de
grafita;
Quando quebrado, a parte fraturada é escura devido à grafita;
Apresenta elevadas porcentagens de carbono, 3,5 a 5 % e silício, 2,5 %;
Muito resistente à compressão. Não resistem bem à tração;
Fácil de ser trabalhado pelas ferramentas manuais e de ser usinado nas máquinas;
Funde-se a 1200° C, apresentando-se muito líquido, condição que é a melhor para a boa
modelagem de peças.
Obs.:
1-O ferro fundido maleável provém de uma derivação do ferro fundido branco. Portanto,
possui características do ferro fundido branco combinadas que com certa ductilidade e
maleabilidade.
2-O ferro fundido nodular também é uma derivação, mas provém do fofo cinzento
possuindo assim, excelentes propriedades de resistência mecânica, tenacidade e
ductilidade.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 21
Os aços de baixo teor de carbono (< 0,30 %) são vendidos na forma de vergalhões,
perfilados (L, T, duplo T, H, U, etc.) chapas, fios e tubos.
Os aços com médio e alto teor de carbono (> 0,30 %) são encontrados no comércio na
forma de vergalhões (chatos, quadrados, redondos, sextavados) chapas e fios.
As chapas são em geral:
· chapas pretas: tais como saem dos laminadores;
· chapas galvanizadas: revestidas de zinco;
· chapas estanhadas (folhas de flandres)
Os tubos podem ser:
· com costura: resultam da curvatura de chapas estreitas, cujas bordas são encostadas e
soldadas por processo automático.
· sem costura: produzidos por meio de perfuração, a quente, em máquinas chamadas
prensas de extrusão.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 23
Em um diagrama de equilíbrio as fases são sempre representadas por letras gregas, mas
no caso das ligas ferro carbono estas fases além de serem identificadas por letras gregas
também receberam um nome. Desta forma teremos as fases denominadas ferrita, austenita
e cementita, que podem ou não estar presentes na microestrutura do material, dependendo
do teor de carbono e da temperatura.
Observando-se o diagrama nota-se que este apresenta vários pontos que merecem ser
destacados. O primeiro deles é o que corresponde a uma composição de 2,11% de carbono
a 1148 C. Este ponto representa uma fronteira entre as ligas ferro-carbono que são
caracterizadas como aços e as ligas que são caracterizadas como ferro fundido. Assim, aço
é uma liga com menos de 2,11% de carbono e ferro fundido é uma liga com mais de 2,11%
de carbono. A escolha deste ponto deve-se ao fato de que, quando resfriamos um aço
desde o estado líquido, este sempre passará por uma faixa de temperaturas em que a sua
microestrutura será composta de uma única fase chamada austenita, o que não acontece
para os ferros fundidos que possuem teores de carbono acima deste valor.
A austenita, também chamada fase γ, é uma fase derivada do ferro γ que como se sabe é
formado por uma estrutura cúbica de faces centradas. Quando combinamos o ferro com o
carbono forma-se uma solução sólida intersticial em que é mantida a estrutura cristalina
original do ferro.
Para temperaturas inferiores, o fato de o ferro passar para ferro produz o aparecimento de
uma nova fase chamada fase α ou ferrita. A ferrita também é uma solução sólida intersticial
de ferro e carbono e, a exemplo da fase, é mantida a estrutura cristalina cúbica de corpo
centrado do ferro.
Devido ao fato de que as duas fases citadas acima possuem diferenças em sua estrutura
cristalina, existe também uma grande diferença de solubilidade do carbono entre elas. Os
interstícios da estrutura CFC são maiores do que os interstícios da estrutura CCC. Isto
conduz a uma solubilidade do carbono que pode chegar a 2,11% (aproximadamente 9% em
átomos) na temperatura de 1148 C para a austenita e somente 0,025 % (aproximadamente
0,1% em átomos) a 727 C para a ferrita.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 26
Como pode ser observada no diagrama, a solubilidade do carbono não é fixa para estas
fases, podendo variar com a temperatura. Desta maneira a austenita e a ferrita só
apresentarão a sua solubilidade máxima nas temperaturas indicadas acima, variando tanto
para temperaturas superiores como para temperaturas inferiores. Além disso, o carbono é
um elemento estabilizador da austenita, e como podemos ver no diagrama, quando tivermos
ferro puro a temperatura mínima em que a austenita é estável é de 912 C mas à medida que
o teor de carbono cresce esta temperatura vai diminuindo até que, para 0,77% de carbono
chegamos ao mínimo de 727 C. A partir daí a temperatura aumenta novamente até
atingirmos o máximo de 2,11% para 1148 C. No caso da ferrita ela é estável até 912 C na
ausência de carbono e à medida em que aumenta o teor a temperatura diminui até que se
atinja a solubilidade máxima de 0,025% C a 727 C. Abaixo desta temperatura a solubilidade
diminui novamente chegando praticamente a zero na temperatura ambiente.
Como existe um limite de solubilidade do carbono tanto na austenita quanto na
ferrita, o excesso de carbono poderá propiciar a formação de uma terceira fase que é
chamada de cementita e que possui estrutura cristalina ortorrômbica, ainda em solução
sólida intersticial com 6,69% de carbono. Isto acontece para teores de carbono maiores do
que 0,77% acima de 727 C e abaixo de 1148 C e, para teores maiores do que 0,025%,
abaixo de 727 C. Desta maneira teremos no diagrama regiões em que o aço é monofásico e
regiões em que é bifásico. As regiões monofásicas podem ser formadas por austenita ou por
ferrita e as regiões bifásicas podem ser formadas por austenita e ferrita, austenita e
cementita ou ferrita e cementita.
Outro ponto importante que deve ser observado é o que ocorre para a composição de
0,77% de carbono a 727 C. Este ponto, chamado ponto eutetóide, é o lugar do diagrama em
que temos a convivência simultânea das três fases citadas acima, isto é, quando resfriamos
o aço teremos a transformação da austenita em ferrita e cementita. Especificamente para
esta composição a temperatura permanece constante enquanto a transformação não se
completar totalmente. Adiante esta transformação será tratada com mais detalhes.
2.2 Têmpera
2.3 Revenimento
É um tratamento térmico realizado após o endurecimento por têmpera. Peças que sofreram
têmpera tender a ser muito quebradiças. Para evitar essa fragilidade utiliza-se o processo de
revenimento, que consiste corrigir a dureza excessiva aumentando a ductilidade e a
tenacidade.
Resultando na combinação de dureza, ductilidade, tenacidade, e resistência.
2.4 Recozimento
Tratamento térmico no qual o material é submetido a uma elevada temperatura por certo
tempo, logo após resfriado lentamente, gerando assim um alívio de tensões sobre o
material, tornando-o mais dúctil e tenaz.
2.5 Normalização
2.6 Beneficiamento
O beneficiamento poderá ter duas finalidades: a primeira seria para facilitar certas
operações de usinagem; a segunda, para conferir uma certa resistência, após a usinagem,
dispensando um tratamento térmico final capaz de causar alguma deformação prejudicial à
peça.
3.1 Cementação
3.2 NItretação
Neste processo, o endurecimento superficial é obtido pela ação do nitrogênio, quando o aço
é aquecido numa determinada temperatura, sob ação de um ambiente nitrogenoso.
O processo permite além de alta dureza superficial, elevada resistência ao desgaste,
melhorar a resistência à fadiga, à corrosão e ao calor.
A nitretação pode ser a gás ou líquida (em banho de sal).
3.3 Boretação
3.4 Carbonitretação
- Resistência à corrosão.
- Plasticidade a quente e a frio.
- Soldabilidade.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 30
MATEMÁTICA APLICADA
1. NÚMEROS INTEIROS
Adição
É a operação que permite determinar o número de elementos da união de dois ou mais
conjuntos:
Ex.
1020 + 128 + 77 = 1225
Subtração
É a operação que permite determinar a diferença entre dois números naturais:
Ex.
1035 – 708 = 307
Multiplicação
A multiplicação é muitas vezes definida como uma adição de parcelas iguais:
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 31
Ex.
125 Multiplicando
Multiplicador
12
250
125 *
Produto
1500
Atenção:
Divisão
É a operação que permite determinar o quociente entre dois números.
A divisão é a operação inversa da multiplicação.
Termos da Divisão
Atenção:
Quando o dividendo é múltiplo do divisor, dizemos que a divisão é exata.
Exemplo: 16 2 8
Quando o dividendo não é múltiplo do divisor, diz-se que a divisão é aproximada ou inexata.
Exemplo: 15 2 7(Resto1)
Numa divisão, em números naturais, o divisor tem de ser sempre diferente de zero, isto é,
não existe divisão por zero no conjunto de números naturais (N).
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 32
2. NÚMEROS RACIONAIS
2.1. FRAÇÕES
Consideremos a operação 4 5 ? onde o dividendo não é múltiplo do divisor. Vemos que
não é possível determinar o quociente dessa divisão no conjunto dos números naturais
porque não há nenhum número que multiplicando por 5 seja igual a 4. A partir dessa
dificuldade, o homem sentiu a necessidade de criar um outro conjunto que permite efetuar a
operação de divisão, quando o dividendo não fosse múltiplo do divisor. Criou-se, então, o
conjunto dos Números Racionais.
a
Número racional é todo aquele que é escrito na forma onde a e b são números inteiros e
b
b é diferente de zero. São exemplos de números racionais:
1 3 5 7 1
2 4 16 64 128
Conceito de Fração:
A figura foi dividida em três partes iguais. Tomamos duas partes. Representamos, então,
assim: 2/3 .E lemos: dois terços.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 33
O número que fica embaixo e indica em quantas partes o inteiro foi dividido, chama-se
DENOMINADOR.
O número que fica sobre o traço e indica quantas partes iguais foram consideradas do
inteiro, chama-se NUMERADOR.
1 1 1
- Um Meio - Um Terço - Um Quarto
2 3 4
1 1 1
- Um Quinto - Um Sexto - Um Sétimo
5 6 7
1 1
- Um Oitavo - Um Nono
8 9
b)Quando o denominador é 10, 100 ou 1000, a sua leitura é feita usando-se as palavras
décimo(s), centésimo(s) ou milésimo(s).
1 7 20
- Um Décimo - Sete Centésimos - Vinte Milésimos
10 100 1000
1 3 13
- Um Dezesseis Avos - Três Trinta Avos - Treze Oitenta e Sete Avos
16 30 87
5 9 35
- Cinco Décimos - Nove Centésimos - Trinta e Cinco Milésimos
10 100 1000
1 8 10
- Um Sétimo - Oito Dezessete Avos - Dez Quarenta e Três Avos
7 17 43
Essas frações são menores do que a unidade. São chamadas Frações Próprias.
Nas frações próprias, o numerador é menor do que o denominador.
Essas frações são maiores que o inteiro, portanto são Frações Impróprias.
Nas frações impróprias, o numerador é igual ou maior que o denominador.
Veja:
2 4 6
As frações , , representam o mesmo valor, porém seus termos são números
3 6 9
diferentes. Estas frações são denominadas Frações Equivalentes. Para obtermos uma
fração equivalente a outra, basta multiplicar ou dividir o numerador e o denominador pelo
mesmo número (diferente de zero).
Exemplo:
2 10 2 5 10
é iguala , pois
7 14 7 5 35
20 1 20 20 1
é iguala , pois
40 2 40 20 2
1 1 2 3 4 5 6
, , , , , K
2 2 4 6 8 10 12
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 37
1
1 Inteiro
2
1 5
1 ou
2 4
5 4
Para transformar em número misto, ou seja, para verificar quantas vezes
4 4
5
cabe em , procede-se assim:
4
5 | 4
1 1
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 38
É só dividir o numerador pelo denominador. O quociente será a parte inteira. O resto será o
numerador e conserva-se o mesmo denominador.
1
Transformar 1 em fração imprópria.
4
Solução: Consiste em transformar 1 em quartos e juntar com o outro quarto.
Simplificar uma fração significa transforma-la numa fração equivalente com os termos
respectivamente menores. Para isso, divide-se o numerador e o denominador por um
mesmo número natural
(diferente de 0 e de 1).
Exemplo:
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 39
16
Simplificar
32
16 2 8 2 4 2 2 2 1
32 2 16 2 8 2 4 2 2
Quando uma fração não pode mais ser simplificada, diz-se que ela é IRREDUTÍVEL ou que
está na sua forma mais simples. Nesse caso, o numerador e o denominador são primos
entre si.
Reduzir duas ou mais frações ao mesmo denominador significa obter frações equivalentes
às apresentadas e que tenham todas o mesmo número para denominador.
Exemplo:
1 2 3 6 8 9
As frações , , são equivalentes a , , respectivamente.
2 3 4 12 12 12
Para reduzirmos duas ou mais frações ao mesmo denominador, seguimos os seguintes
passos:
1º - Calcula-se o m.m.c. dos denominadores das frações que será o menor denominador
comum.
2º - Divide-se o m.m.c. encontrado pelos denominadores das frações dadas.
3º - Multiplica-se o quociente encontrado em cada divisão pelo numerador da respectiva
fração. O produto encontrado é o novo numerador.
Exemplo: Reduzir ao menor denominador comum as frações:
1 3 7
, ,
2 4 6
Solução:
1º - m.m.c. (2, 4, 6) = 12 é o denominador.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 40
2, 4 , 6 , 2
1, 2, 3, 2
1, 1, 3, 3
1, 1, 1 12
2º 12 2 6
12 4 3
12 6 2
1 6 6 3 3 9 7 12 14
3º
6 12 12 12 12 12
6 9 14
Portanto: , , é a resposta.
12 12 12
5 3 1
Percebe-se que : ,Então:
8 8 8
Se duas ou mais frações tem o mesmo denominador, a maior é a que tem maior numerador.
3 3 3
Percebemos
16 8 4
Então:
Se duas ou mais frações tem o mesmo numerador, a maior é a que tem menor
denominador.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 42
Exemplo:
3, 2, 4 , 2
2 8
3, 1, 2, 2
3 12
3, 1, 1, 3
1, 1, 1 12
1 6
2 12
3 9
4 12
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 43
Já aprendemos que comparando frações com denominadores iguais a maior fração é a que
tem o maior numerador.
9 8 6
Daí,
12 12 12
A soma ou diferença de duas frações é uma outra fração, obtida a partir do estudo dos
seguintes "casos":
2.11.1. FRAÇÕES COM O MESMO DENOMINADOR.
Adicionam-se ou subtraem-se os numeradores e repete-se o denominador..
Exemplo:
2 1 21 3
7 7 7 7
8 4 84 4
7 7 7 7
2.11.2. FRAÇÕES COM DENOMINADORES DIFERENTES.
2 3 8 9 17 3, 4 , 2
3 4 12 12 3, 2, 2
3, 1, 3
1, 1 12
2.11.3. NÚMEROS MISTOS.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 44
2 3 8 9 17
3 4 12 12
Atenção:
Nas operações com frações, é conveniente simplificar e extrair os inteiros do resultado
sempre que possível.
A multiplicação de duas ou mais frações é igual a outra fração, obtida da seguinte forma:
O numerador é o produto dos numeradores e o denominador é o produto dos enominadores.
Numa multiplicação de frações, costuma-se simplificar os fatores comuns ao numerador e
ao denominador antes de efetua-la.
Exemplo:
2 ¹
3 2 1 2
¹
3 5 1 5 5
6 ² 10 ² 6 ² 2 2 2 8 2
2
5 ¹ 5 ¹ 9 ³ 1 1 3 3 3
7º - Extrair os inteiros.
Ex:
3 5 3 9 27
4 9 4 5 20
3. NÚMEROS DECIMAIS
3
10 Lê - se três décimos
50
100 Lê - se cinquenta centésimos
As frações decimais podem ser representadas através de uma notação decimal que é mais
conhecida por "número decimal".
Exemplos:
1
0,1 Lê-se um décimo
10
1
0,01 Lê-se um centésimo
100
1
0,001 Lê-se um milésimo
100
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 46
Em um número decimal:
Os algarismos escritos à esquerda da vírgula constituem a parte inteira.
Os algarismos que ficam à direita da vírgula constituem a parte decimal.
Exemplo:
Parte inteira → 21,17 ← Parte decimal
Lê-se vinte e um inteiros e dezessete centésimos.
Para fazer a leitura de um número decimal, procede-se da seguinte maneira:
1- Enuncia-se a parte inteira, quando existe.
2- Enuncia-se o número formado pelos algarismos da parte decimal, acrescentando o nome
da ordem do último algarismo.
Exemplos:
a) 0,438 - Lê-se: quatrocentos e trinta e oito milésimos.
b) 3,25 - Lê-se: três inteiros e vinte cinco centésimos.
c) 47,3 - Lê-se: quarenta e sete inteiros e três décimos.
Observações:
1- O número decimal não muda de valor se acrescentarmos ou suprimirmos zeros à
direita do último algarismo.
Exemplo: 0,5 = 0,50 = 0,500
2- Todo número natural pode ser escrito na forma de número decimal, colocando-se a
vírgula após o último algarismo e zero (s) a sua direita.
Exemplo: 34 = 34,000 1512 = 1512,00
Exemplos:
25
a)
2,5
10
55
b)
0,55
100
147
c)
0,147
1000
10038
d)
10,038
1000
3.3. TRANSFORMAÇÃO DE NÚMERO DECIMAL EM FRAÇÃO DECIMAL
Para se transformar um número decimal numa fração decimal, escrevem-se no numerador
os algarismos desse número e no denominador a potência de 10 correspondente à
quantidade de ordens (casas) decimais.
Exemplos:
43
a)
0,43
100
501
b)
5,01
100
35137
c)
35,137
1000
Para adicionar ou subtrair dois números decimais, escreve-se um abaixo do outro, de tal
modo que as vírgulas se correspondam (numa mesma coluna) e adicionam-se ou subtraem-
se como se fossem números naturais.
Observações:
Costuma-se completar as ordens decimais com zeros à direita do último algarismo.
Exemplos:
4,540
25,380
7,398
37,318
Obs.:No caso de adição de três ou mais parcelas, procede-se da mesma forma que na de
duas parcelas.
3.4.2. MULTIPLICAÇÃO
Para multiplicar números decimais, procede-se da seguinte forma:
Exemplo:
→ 2 Ordens decimais
0,02
+
002
000
0,002
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 49
→ 3 Ordens decimais
Para multiplicar um número decimal por 10, 100, 1000..., desloca-se a vírgula para a direita
tantas ordens quantos forem os zeros do multiplicador.
Exemplos:
a) 2,35 x10 = 23,5
b) 43,1 x100 = 4310
c) 0,3145 x1000 = 314,5
Para multiplicar três ou mais fatores, multiplicam-se os dois primeiros; o resultado obtido
multiplica-se pelo terceiro e assim por diante até o último fator.
Exemplo:
0,2 x0,51 x 00,12 = 0,01224
3.4.3. DIVISÃO
Para efetuarmos a divisão entre números decimais procedemos do seguinte modo:
Para dividir um número decimal por 10, 100 ou 1000..., desloca-se a vírgula no dividendo
para a esquerda, tantas ordens quantos forem os zeros do divisor.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 50
Exemplos:
a) Dividir 47,235 por 10 basta deslocar a vírgula uma ordem para esquerda.
47,235 |10 = 4,7235
b) Dividir 58,4 por 100 basta deslocar a vírgula duas ordens para a esquerda.
58,4 |100 = 0,584
4. MEDIDAS DE COMPRIMENTO
EXEMPLO
A B
Consideremos dois pontos quaisquer de uma reta r, os quais representaremos pelas letras
A e B.
A parte de reta compreendida entre os pontos A e B é chamada segmento de reta.
A B
AB 3u
u
A B
AB 6u
u
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 51
Qualquer segmento pode ser escolhido para unidade de comprimento. Porém se cada
pessoa pudesse escolher livremente uma unidade de comprimento para medir um segmento
AB, este apresentaria diferentes medidas, dependendo da unidade usada. Assim, existe a
necessidade de se escolher uma unidade padrão de comprimento, isto é, uma unidade de
comprimento que seja conhecida e aceita por todas as pessoas.
Multiplos Submúltiplos
Unidade Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
Símbolo Km Hm Dam m dm cm mm
Valor 1000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m
Leitura de Comprimentos
Cada unidade de comprimento é igual a 10 vezes a unidade imediatamente inferior:
25 centésimos de metro ou
0,25m
25 centímetros
6,37 centésimos
6,37m
63,7 decímetros
Para passar de uma unidade para outra imediatamente inferior, devemos fazer uma
multiplicação por 10, ou seja, devemos deslocar a vírgula um algarismo para a direita.
EXEMPLOS:
Para passar de uma unidade para outra imediatamente superior, devemos fazer uma divisão
por 10, ou seja, devemos deslocar a vírgula de um algarismo para a esquerda.
EXEMPLOS
389,2 cm = (389,2 : 10) dm = 38,92 dm
8,75 m = ( 8,75 :10) dam = 0,875 dam
Para passar de uma unidade para outra qualquer, basta aplicar sucessivamente uma das
regras anteriores.
EXEMPLOS
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 53
a) Km para m
3,584 Km = 35,84 hm = 358,4 dam = 3.584 m
b) dm para hm
87,5 dm = 8,75 m = 0,875 dam = 0,0875 hm
Medidas de Superfície
A medida de uma superfície chama-se área. O metro quadrado (m²) é a unidade
fundamental das medidas de superfície. Dividimos o retângulo à esquerda em quadrados de
1m 1m²
3m 1m
1m
Então o retângulo tem 15m² de área.
5m 1m 1m 1m 1m 1m
Conclusão:
Podemos encontrar a área do retângulo multiplicando a medida da base pela medida da
altura.
EXEMPLOS:
5. PROPORCIONALIDADE
5.1. RAZÃO
Na linguagem do dia a dia, costuma-se usar o termo razão com o mesmo significado da
matemática, ou seja, da divisão indicada de dois números.
1 3 2
2 4 3
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 56
2m 200cm
8
25cm 25cm
Proporção
a c
ou a b c d
b d
Lê-se "a está para b, assim como c está para d".
(b ≠ 0 e d ≠ 0)
Exemplos:
a) As razões 2/3 e 6/9 formam a proporção 2/3 = 6/9
Observação: Uma proporção representa uma equivalência entre duas frações. Os números
que se escrevem numa proporção são denominados termos, os quais recebem nomes
especiais: o primeiro e o último termo recebem o nome de extremos e os outros dois
recebem o nome de meios
Exemplo:
Extremo Meio
9 6
12 Meio
8
Extremo
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 57
Grandezas proporcionais
Na matemática, entende-se por GRANDEZA tudo que é suscetível de aumento ou
diminuição. Duas ou mais grandezas podem ser diretamente proporcionais ou inversamente
proporcionais.
Grandezas diretamente proporcionais
Suponhamos que um parafuso custe R$ 10,00 e observamos que, aumentando-se a
quantidade de parafusos, aumentará o custo da quantidade, ou seja:
Exemplo:
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 58
30 Km/h gastará 8 h
40 Km/h gastará 6 h
60 Km/h gastará 4 h
Exemplo:
6. ÂNGULOS
Definição
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 59
O é o vértice.
OA e OB são os lados
Simbolicamente:
Um ângulo de 25 graus e 40 minutos é indicado por 25º 40‟
Um ângulo de 12 graus, 20 minutos e 45 segundos é indicado por 12º 20‟ 45”.
Exemplos:
50º e 130º são ângulos suplementares, porque 50º + 130º = 180º
125º e 55º são ângulos suplementares, porque 125º + 55º = 180º
6.6. PROPRIEDADES
Considere duas retas paralelas e uma transversal.
Medindo esses ângulos com o transferidor, você vai concluir que são válidas as seguintes
propriedades:
Os ângulos correspondentes são congruentes.
Os ângulos alternos externos são congruentes.
Os ângulos alternos internos são congruentes.
Os ângulos colaterais externos são suplementares.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 64
7. NOCÕES GEOMETRIA
Considerações Iniciais
• Superfície de um polígono é a reunião do polígono com o seu interior.
• Área de um polígono é a medida da superfície desse polígono.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 66
Nota:
COMPRIMENTO DO BARBANTE
3,14
DIÂMETRODO DISCO
Essa constante é representada pela grega π (“pi”). Então podemos definir:
C
ou C 2r
2r
Nota:
A razão acima não é exata, pois o número π que a representa é um número irracional.
3,14159...
Na prática usamos o π com o valor de 3,14.
DESENHO TÉCNICO
1. FIGURAS GEOMÉTRICAS
Se olhar ao seu redor, você verá que os objetos têm forma, tamanho e outras características
próprias. As figuras geométricas foram criadas a partir da observação das formas existentes
na natureza e dos objetos produzidos pelo homem.
Ponto
Pressione seu lápis contra uma folha de papel. Observe a marca deixada pelo lápis: ela
representa um ponto. Olhe para o céu, numa noite sem nuvens: cada estrela pode ser
associada a um ponto. O ponto é a figura geométrica mais simples. Não tem dimensão, isto
é, não tem comprimento, nem largura, nem altura.
No desenho, o ponto é determinado pelo cruzamento de duas linhas. Para identificá-lo,
usamos letras maiúsculas do alfabeto latino, como mostram os exemplos:
A B C
Linha
Podemos ter uma ideia do que é linha, observando os fios que unem os postes de
eletricidade ou o traço que resulta do movimento da ponta de um lápis sobre uma folha de
papel.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 72
A linha tem uma única dimensão: o comprimento. Imagine a linha como um conjunto infinito
de pontos dispostos sucessivamente. O deslocamento de um ponto também gera uma linha.
Semi-reta
Tomando um ponto qualquer de
uma reta, dividimos a reta em
duas partes, chamada semirreta. A
semirreta sempre tem um ponto
de origem, mas não tem fim.
O ponto A dá origem a duas semirretas.
Segmento de reta
Tomando dois pontos distintos sobre uma reta, obtemos um pedaço limitado de reta. A esse
pedaço de reta, limitado por dois pontos, chamamos segmento de reta. Os pontos que
limitam o segmento de reta são chamados de extremidades. No exemplo a seguir temos o
segmento de reta, CD que é representado da seguinte maneira: .
Plano
Podemos ter uma ideia do que é o plano observando uma parede ou o tampo de uma
mesa.
Imagine o plano como sendo formado por um conjunto de retas dispostas sucessivamente
numa mesma direção ou como o resultado do deslocamento de uma reta numa mesma
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 73
direção. O plano é ilimitado, isto é, não tem começo nem fim. Apesar disso, no desenho,
costuma-se representá-lo delimitado por linhas fechadas:
Para identificar o plano usamos letras gregas. É o caso das letras: (alfa), (beta) e
(gama), que você pode ver nos planos representados na figura acima.
O plano tem duas dimensões, normalmente chamadas comprimento e largura. Se tomarmos
uma reta qualquer de um plano, dividimos o plano em duas partes, chamado semiplanos.
Os sólidos geométricos têm três dimensões: comprimento, largura e altura. Embora existam
infinitos sólidos geométricos, apenas alguns, que apresentam determinadas propriedades,
são estudados pela geometria. Os sólidos que você estudará neste curso têm relação com
as figuras geométricas planas mostradas anteriormente.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 75
Os sólidos geométricos são separados do resto do espaço por superfícies que os limitam. E
essas superfícies podem ser planas ou curvas.
Dentre os sólidos geométricos limitados por superfícies planas, estudaremos os prismas, o
cubo e as pirâmides. Dentre os sólidos geométricos limitados por superfícies curvas,
estudaremos o cilindro, o cone e a esfera, que são também chamados de sólidos de
revolução. É muito importante que você conheça bem os principais sólidos geométricos
porque, por mais complicada que seja, a forma de uma peça sempre vai ser analisada como
o resultado da combinação de sólidos geométricos ou de suas partes.
Prismas
O prisma é um sólido geométrico limitado por polígonos. Você pode imaginá-lo como uma
pilha de polígonos iguais muito próximos uns dos outros, como mostra a ilustração:
Pirâmides
A pirâmide é outro sólido geométrico limitado por polígonos. Você pode imaginá-la como um
conjunto de polígonos semelhantes, dispostos uns sobre os outros, que diminuem de
tamanho indefinidamente. Outra maneira de imaginar a formação de uma pirâmide consiste
em ligar todos os pontos de um polígono qualquer a um ponto P do espaço.
O nome da pirâmide depende do polígono que forma sua base. Na figura acima, temos uma
pirâmide quadrangular, pois sua base é um quadrado. O número de faces da pirâmide é
sempre igual ao número de lados do polígono que forma sua base mais um. Cada lado do
polígono da base é também uma aresta da pirâmide. O número de arestas é sempre igual
ao número de lados do polígono da base vezes dois. O número de vértices é igual ao
número de lados do polígono da base mais um. Os vértices são formados pelo encontro de
três ou mais arestas. O vértice principal é o ponto de encontro das arestas laterais.
Cilindro
O cilindro é um sólido geométrico, limitado lateralmente por uma superfície curva. Você pode
imaginar o cilindro como resultado da rotação de um retângulo ou de um quadrado em torno
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 77
de um eixo que passa por um de seus lados. Veja a figura a seguir. No desenho, está
representado apenas o contorno da superfície cilíndrica. A figura plana que forma as bases
do cilindro é o círculo. Note que o encontro de cada base com a superfície cilíndrica forma
as arestas.
Cone
O cone também é um sólido geométrico limitado lateralmente por uma superfície curva. A
formação do cone pode ser imaginada pela rotação de um triângulo retângulo em torno de
um eixo que passa por um dos seus catetos. A figura plana que forma a base do cone é o
círculo. O vértice é o ponto de encontro de todos os segmentos que partem do círculo. No
desenho está representado apenas o contorno da superfície cônica. O encontro da
superfície cônica com a base dá origem a uma aresta.
Observação:
Triângulo retângulo é o triângulo que apresenta um ângulo interno de 90º.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 78
Esfera
A esfera também é um sólido geométrico limitado por uma superfície curva chamada
superfície esférica. Podemos imaginar a formação da esfera a partir da rotação de um
semicírculo em torno de um eixo, que passa pelo seu diâmetro. Veja os elementos da esfera
na figura abaixo.
O raio da esfera é o segmento de reta que une o centro da esfera a qualquer um de seus
pontos. Diâmetro da esfera é o segmento de reta que passa pelo centro da esfera unindo
dois de seus pontos.
Nome do sólido
O sólido geométrico extraído do prisma quadrangular para dar lugar ao furo é um cilindro.
Comparando sólidos geométricos e objetos da área da Mecânica
As relações entre as formas geométricas e as formas de alguns objetos da área da
Mecânica são evidentes e imediatas. Você pode comprovar esta afirmação analisando os
exemplos a seguir.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 80
Imaginando o rebite decomposto em partes mais simples. Ele é formado por um cilindro e
uma calota esférica (esfera truncada). Existe outro modo de relacionar peças e objetos com
sólidos geométricos. Observe, na ilustração abaixo, como a retirada de formas geométricas
de um modelo simples (bloco prismático) da origem a outra forma mais complexa.
2. PERSPECTIVA ISOMÉTRICA
Em desenho técnico, é comum representar perspectivas por meio de esboços, que são
desenhos feitos rapidamente à mão livre. Os esboços são muito úteis quando se deseja
transmitir, de imediato, a ideia de um objeto.
Essas semirretas, assim dispostas, recebem o nome de eixos isométricos. Cada uma das
semirretas é um eixo isométrico.
Os eixos isométricos podem ser representados em posições variadas, mas sempre
formando, entre si, ângulos de 120°. Neste curso, os eixos isométricos serão representados
sempre na posição indicada na figura anterior.
O traçado de qualquer perspectiva isométrica parte sempre dos eixos isométricos.
Linha isométrica
Qualquer reta paralela a um eixo isométrico é chamada linha isométrica. Observe a figura a
seguir: As retas r, s, t e u são linhas isométricas:
As linhas não paralelas aos eixos isométricos são linhas não isométricas. A reta v, na figura
abaixo, é um exemplo de linha não isométrica.
Observação:
Use lápis e borracha macios para fazer os seus esboços. Faça traços firmes e contínuos.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 85
Prisma
retangular
dimensões
básicas:
c= comprimento;
l= largura;
h= altura
a) b) c) (
Acompanhe as instruções comparando os desenhos com qualquer objeto que tenha formas
semelhantes.
1a fase - Esboce a perspectiva isométrica do prisma auxiliar utilizando as medidas
aproximadas do comprimento, largura e altura do prisma com rebaixo. Um lembrete:
aproveite o reticulado da direita para praticar.
3a fase - Trace as linhas isométricas que determinam a largura do rebaixo. Note que a
largura do rebaixo coincide com a largura do modelo.
Prisma com
mais rebaixos:
c= comprimento
I = largura
h = altura
Esses elementos são oblíquos porque têm linhas que não são paralelas aos eixos
isométricos.
Nas figuras anteriores, os segmentos de reta: AB, CD, EF, GH, IJ, LM, NO, PQ e RS são
linhas não isométricas que formam os elementos oblíquos.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 91
Prisma chanfrado:
c = comprimento
I = largura e
h = altura.
2ª fase - Marque as medidas do chanfro na face da frente e trace a linha não isométrica que
determina o elemento.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 92
O círculo, representado em perspectiva isométrica, tem sempre a forma parecida com uma
elipse. O próprio círculo, elementos circulares ou partes arredondadas podem aparecer em
qualquer face do modelo ou da peça e sempre serão representados com forma elíptica.
Quadrado auxiliar
Para facilitar o traçado da perspectiva isométrica você deve fazer um quadrado auxiliar
sobre os eixos isométricos da seguinte maneira:
Trace os eixos isométricos (fase a);
Marque o tamanho aproximado do diâmetro do círculo sobre os eixos z e y, onde
está representada a face da frente dos modelos em perspectiva (fase b);
A partir desses pontos, puxe duas linhas isométricas (fase c), conforme mostra a
ilustração abaixo:
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 95
Observe nas ilustrações a seguir que, para representar o círculo na face superior, o
quadrado auxiliar deve ser traçado entre os eixos x e y. Já para representar o círculo na face
lateral, o quadrado auxiliar deve ser traçado entre o eixo x e z.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 97
O cone e o cilindro são sólidos de revolução que têm as bases formadas por círculos.
Portanto, o traçado da perspectiva isométrica desses sólidos parte da perspectiva isométrica
do círculo.
É importante traçar esse tipo de perspectiva, pois assim será mais fácil entender a
representação, em perspectiva isométrica, de peças cônicas e cilíndricas ou das que tenham
partes com esse formato.
Para desenhar o cone nessa posição, deve-se partir do círculo representado na face
superior. O traçado da perspectiva isométrica do cone também será demonstrado em cinco
fases. Observe as instruções:
3ª fase - Marque, na perpendicular AB, o ponto V, que corresponde à altura aproximada (h)
do cone.
4ª fase - Ligue o ponto V ao círculo, por meio de duas linhas, como mostra a ilustração.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 99
Atenção: a parte não visível da aresta da base do cone deve ser representada com linha
tracejada.
Cilindro Prisma
h = altura auxiliar
d = diâmetro
A medida dos lados do quadrado da base deve ser igual ao diâmetro do círculo que forma a
base do cilindro. A altura do prisma é igual à altura do cilindro a ser reproduzido. O prisma
de base quadrada é um elemento auxiliar de construção do cilindro. Por essa razão, mesmo
as linhas não visíveis são representadas por linhas contínuas. Observe atentamente as
fases do traçado e repita as instruções no reticulado da direita.
2ª fase - Trace as linhas que dividem os quadrados auxiliares das bases em quatro partes
iguais.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 101
O traçado da perspectiva isométrica desses modelos também parte dos eixos isométricos e
da representação de um prisma auxiliar, que servirá como elemento de construção. O
tamanho desse prisma depende do comprimento, da largura e da altura do modelo a ser
representado em perspectiva isométrica. O traçado será demonstrado em cinco fases.
Acompanhe atentamente cada uma delas e aproveite para praticar no reticulado da direita.
Observe o modelo utilizado para ilustrar as fases:
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 103
Prisma com
elementos arredondados
c = comprimento
l = largura
h = altura
Os elementos arredondados que aparecem no modelo têm forma de semicírculo. Para traçar
a perspectiva isométrica de semicírculos, você precisa apenas da metade do quadrado
auxiliar.
Na prática, você encontrará peças e objetos que reúnem elementos diversos em um mesmo
modelo. Veja alguns exemplos.
Isso ocorre porque a perspectiva isométrica desses modelos parte sempre de um prisma
auxiliar e obedece à sequencia de fases do traçado.
Modelo prismático
com diversos elementos
c = comprimento
l = largura
h = altura
1ª fase
2ª fase
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 107
3ª fase
4ª fase
5ª fase (conclusão)
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 108
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 109
Modelo
É o objeto a ser representado em projeção ortogonal. Qualquer objeto pode ser tomado
como modelo: uma figura geométrica, um sólido geométrico, uma peça de máquina ou
mesmo um conjunto de peças.
Veja alguns exemplos de modelos:
Observador
É a pessoa que vê, analisa, imagina ou desenha o modelo. Para representar o modelo em
projeção ortogonal, o observador deve analisá-lo cuidadosamente em várias posições. As
ilustrações a seguir mostram o observador vendo o modelo de frente, de cima e de lado. Em
projeção ortogonal deve-se imaginar o observador localizado a uma distância infinita do
modelo. Por essa razão, apenas a direção de onde o observador está vendo o modelo será
indicada por uma seta, como mostra a ilustração abaixo:
Plano de projeção
É a superfície onde se projeta o modelo. A tela de cinema é um bom exemplo de plano de
projeção:
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 111
Em desenho técnico usamos dois planos básicos para representar as projeções de modelos:
um plano vertical e um plano horizontal que se cortam perpendicularmente.
Esses dois planos, perpendiculares entre si, dividem o espaço em quatro regiões chamadas
diedros.
3.1. DIEDROS
Cada diedro é a região limitada por
dois semiplanos perpendiculares entre
si. Os diedros são numerados no
sentido anti-horário, isto é, no sentido
contrário ao do movimento dos
ponteiros do relógio.
O método de representação de objetos em dois semiplanos perpendiculares entre si, criado
por Gaspar Monge, é também conhecido como método mongeano. Atualmente, a maioria
dos países que utilizam o método mongeano adota a projeção ortogonal no 1o diedro. No
Brasil, a ABNT recomenda a representação no 1o diedro.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 112
Entretanto, alguns países, como por exemplo, os Estados Unidos e o Canadá, representam
seus desenhos técnicos no 3o diedro Para simplificar o entendimento da projeção ortogonal
passaremos a representar apenas o 1o diedro, o que é normalizado pela ABNT.
Chamaremos o semiplano
vertical superior de plano
vertical. O semiplano
horizontal anterior
passará a ser chamado
de plano horizontal.
Ao interpretar um desenho técnico procure identificar, de imediato, em que diedro ele está
representado.O símbolo abaixo indica que o desenho técnico está representado no 1o
diedro. Este símbolo aparece no canto inferior direito da folha de papel dos desenhos
técnicos, dentro da legenda.
Quando o desenho técnico estiver representado no 3o diedro, você verá este outro símbolo:
A linha perpendicular que vai do ponto tomado como modelo ao plano de projeção é
chamada linha projetante. Generalizando esse exemplo, podemos afirmar que a projeção
ortogonal de um ponto num plano é sempre um ponto idêntico a ele mesmo.
O ponto onde a perpendicular encontra o plano horizontal, que você pode ter chamado de
B1, é a projeção do ponto B. O segmento BB1, é a linha projetante.
Observe que o segmento A1B1 é menor que o segmento AB. Isso ocorre porque a projeção
de um segmento oblíquo a um plano de projeção é sempre um segmento menor que o
modelo. Neste caso, a projeção ortogonal não representa a verdadeira grandeza do
segmento que foi usado como modelo.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 115
Vista frontal
Imagine um prisma retangular paralelo a um plano
de projeção vertical visto de frente por um
observador, na direção indicada pela seta, como
mostra a figura seguinte.
Este prisma é limitado externamente por seis faces
retangulares: duas são paralelas ao plano de
projeção (ABCD e EFGH); quatro são
perpendiculares ao plano de projeção (ADEH, BCFG,
CDEF e ABGH). Traçando linhas projetantes a partir
de todos os vértices do prisma, obteremos a projeção ortogonal do prisma no plano vertical.
Essa projeção é um retângulo idêntico às faces paralelas ao
plano de projeção.
Vista superior
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 119
A projeção do
prisma visto de cima no plano horizontal, é
um retângulo idêntico às faces ABGH e
CDEF, que são paralelas ao plano de
projeção horizontal. Removendo o
modelo, você verá no plano horizontal
apenas a projeção ortogonal do
prisma, vista de cima.
Vista lateral
Para completar a ideia do modelo, além das vistas
frontal e superior uma terceira vista é
importante: a vista lateral esquerda.
Imagine, agora, um observador vendo o
mesmo modelo de lado, na direção indicada pela
seta, como mostra a ilustração.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 120
Como o prisma está em posição paralela ao plano lateral, sua projeção ortogonal resulta
num retângulo idêntico às faces ADEH e BCFG, paralelas ao plano lateral.
Retirando o modelo, você verá no plano lateral a projeção ortogonal do prisma visto de lado,
isto é, a vista lateral esquerda.
apenas as suas projeções nos três planos: Mas, em desenho técnico, as vistas devem ser
mostradas em um único plano. Para tanto, usamos um recurso que consiste no rebatimento
dos planos de projeção horizontal e lateral. Veja como isso é feito no 1º diedro: plano
vertical, onde se projeta a vista frontal, deve ser imaginado sempre numa posição fixa;
Para rebater o plano horizontal, imaginamos que ele sofre uma rotação de 90º para baixo,
em torno do eixo de interseção com o plano vertical (Figura a e figura b). O eixo de
interseção é a aresta comum aos dois semiplanos.
Figura a Figura b
Para rebater o plano de projeção lateral imaginamos que ele sofre uma rotação de 90º, para
a direita, em torno do eixo de interseção com o plano vertical (figura c e figura d).
Figura c Figura d
Agora, você possui os três planos de projeção: vertical, horizontal e lateral, representados
num único plano, em perspectiva isométrica, como mostra a Figura d.
Observe agora como ficam os planos rebatidos vistos de frente.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 122
As posições relativas das vistas, no 1º diedro, não mudam: a vista frontal, que é a vista
principal da peça, determina as posições das demais vistas; a vista superior aparece sempre
representada abaixo da vista frontal; a vista lateral esquerda aparece sempre representada à
direita da vista frontal. O rebatimento dos planos de projeção permitiu representar, com
precisão, um modelo de três dimensões (o prisma retangular) numa superfície de duas
dimensões (como esta folha de papel). Além disso, o conjunto das vistas representa o
modelo em verdadeira grandeza, possibilitando interpretar suas formas com exatidão.
as três vistas principais: vista frontal, vista superior e vista lateral esquerda. Ao observar um
desenho técnico, uma pessoa que saiba interpretá-lo logo imagina as formas do modelo que
esse desenho representa.
Da mesma maneira, ao ver o modelo, essa mesma pessoa é capaz de imaginar como ficará
o desenho técnico .Ao observar a representação de um modelo em perspectiva, você
deverá ser capaz de imaginar como são as vistas ortogonais do modelo.
Por outro lado, ao ver as vistas ortogonais de um modelo você deve ser capaz de identificar
a perspectiva que corresponde a estas vistas.
Observando a vista superior você pode identificar, além do comprimento (c), a largura (l) do
modelo:
Se você preferir, pode obter a largura (l) e a altura (h) do modelo analisando a vista lateral
esquerda:
Exercício: Observe as vistas ortogonais do modelo e desenhe à mão livre sua perspectiva.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 125
Modelo prismático:
Perspectiva isométrica
c = comprimento
l = largura
h = altura
A primeira vista a ser traçada é a vista frontal, com base nas medidas do comprimento e da
altura do modelo. Em seguida, você pode traçar a vista superior e a vista lateral esquerda,
com base nas medidas do comprimento e da largura, e da largura e da altura,
respectivamente.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 126
Note que a distância entre a vista frontal e a vista superior é igual à distância entre a vista
frontal e a vista lateral.
Exercício: Observe a perspectiva isométrica do modelo e desenhe, à mão livre, suas vistas
ortogonais, a partir das indicações ao lado.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 127
As linhas contínuas estreitas, que aparecem no desenho ligando as arestas das vistas, são
chamadas de linhas projetantes auxiliares.
Essas linhas são importantes para
quem está iniciando o estudo da
projeção ortogonal, pois ajudam a
relacionar os elementos do modelo
nas diferentes vistas. Elas são
imaginárias, por isso não são
representadas no desenho técnico
definitivo.
No desenho técnico identificamos cada vista pela posição que ela ocupa no conjunto. Não
há necessidade, portanto, de indicar por escrito seus nomes. As linhas projetantes auxiliares
também não são representadas. Observe novamente o modelo e suas vistas ortogonais:
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 130
As faces que formam o rasgo central são retângulos perpendiculares ao plano vertical.
Na vista frontal, esse rasgo aparece representado pela linha para arestas e contornos
visíveis.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 131
Observe agora, o modelo de lado. As arestas x e y, que limitam a face rebaixada do modelo,
não são visíveis e portanto são representadas pela linha tracejada estreita.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 132
Veja as três vistas projetadas, ao mesmo tempo, nos três planos de projeção.
A face A do modelo, isto é, a parte chanfrada, é formada por um retângulo oblíquo ao plano
horizontal. Por essa razão, a projeção de A na vista superior não aparece representada em
verdadeira grandeza, como você pode observar nas figuras seguintes.
A face A também ocupa uma posição oblíqua em relação ao plano de projeção lateral. Assim
sendo, a vista lateral também não reproduz A em verdadeira grandeza:
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 134
A linha utilizada em desenho técnico para indicar o centro desses elementos é chamada de
linha de centro, representada por uma linha estreita de traço e ponto.
desenho.
Na vista superior, onde o furo é representado por um
círculo, o centro do furo é determinado pelo cruzamento de duas
linhas de centro. Sempre que for necessário usar duas linhas
de centro para determinar o centro de um elemento, o
cruzamento é representado por dois traços.
Vamos definir as vistas do desenho técnico com base na posição em que o modelo está
representado na perspectiva isométrica. Neste caso, dois furos estão na posição horizontal e
um furo está na posição vertical.
Os contornos das partes arredondadas são representados, nas vistas ortogonais, pela linha
para arestas e contornos visíveis.
Observe, a vista frontal do modelo.
As projeções dos dois furos horizontais coincidem na vista frontal. Esses furos têm a forma
de círculos. Para determinar seu centro, usamos duas linhas de centro que se cruzam. Não
enxergamos o furo vertical quando olhamos o modelo de frente. Na vista frontal, esse furo é
representado pela linha para arestas e contornos não visíveis (linha tracejada estreita). Uma
única linha de centro é suficiente para determinar o centro desse furo.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 137
Observando o modelo de cima, o furo vertical é o único visível e seu centro é indicado por
duas linhas de centro que se cruzam. Os outros dois furos são representados pela linha para
arestas e contornos não visíveis, e seus centros são indicados por uma linha de centro.
Observando o modelo de lado constatamos que nenhum dos furos fica visível, portanto
todos são representados pela linha para arestas e contornos não visíveis. As linhas de
centro que aparecem no desenho determinam os centros dos três furos.
Compare a representação do modelo em perspectiva com seu desenho técnico:
Os centros de elementos paralelos e oblíquos também devem ser indicados pela linha de
centro, para possibilitar a correta execução do modelo. Observe, nas ilustrações a seguir, a
aplicação da linha de centro em modelos com elementos paralelos e oblíquos.
Observe que o centro dos furos quadrados também é determinado pelo cruzamento de duas
linhas de centro, na vista em que o furo é representado de frente.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 139
Linha de simetria
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 140
Em desenho técnico, quando o modelo é simétrico também deve ser indicado pela linha
estreita traço e ponto, que você já conhece. Neste caso, ela recebe o nome de linha de
simetria.
A linha de simetria indica que são iguais as duas metades em que o modelo fica dividido.
Essa informação é muito importante para o profissional que vai executar o objeto
representado no desenho técnico.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 141
Veja a aplicação da linha de simetria no desenho técnico do prisma com furo passante
retangular.
O prisma com furo passante retangular é simétrico em relação aos dois eixos horizontal e
vertical. Na vista frontal, as duas linhas de simetria estão indicadas. Na vista superior, está
representada a linha de simetria vertical. Na vista lateral esquerda, está representada a linha
de simetria horizontal. No exemplo anterior, a representação da linha de simetria coincide
com a representação da linha de centro, pois o centro do furo passante coincide com o
centro do modelo.
Exercício: Analise a perspectiva do modelo simétrico abaixo. Trace as linhas de simetria nas
vistas do desenho.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 142
Na figura da esquerda, o modelo ficou dividido em duas partes iguais. Isso quer dizer que o
modelo é simétrico em relação ao eixo horizontal. Na figura da direita, o mesmo modelo foi
dividido ao meio verticalmente. Observe como fica o desenho técnico desse modelo. A linha
de simetria horizontal aparece indicada apenas na vista frontal e na vista lateral esquerda. O
centro do furo quadrado é determinado pela linha de centro. Na vista frontal e na vista lateral
esquerda, a linha de centro e a linha de simetria coincidem.
A linha de simetria é aplicada por toda a peça, enquanto a aplicação da linha de centro se
limita ao elemento considerado.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 143
A fabricação de peças simétricas exige grande precisão na execução, o que as torna mais
caras. Por isso, a linha de simetria só será representada no desenho técnico quando essa
simetria for uma característica absolutamente necessária.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 144
6. CORTES
Cortar quer dizer dividir, secionar, separar partes de um todo. Corte é um recurso utilizado
em diversas áreas do ensino, para facilitar o estudo do interior dos objetos. Veja alguns
exemplos usados em Ciências.
Sem tais cortes, não seria possível analisar os detalhes internos dos objetos mostrados. Em
Mecânica, também se utilizam modelos representados em corte para facilitar o estudo de
sua estrutura interna e de seu funcionamento.
Mas, nem sempre é possível aplicar cortes reais nos objetos, para seu estudo.
Em certos casos, você deve apenas imaginar que os cortes foram feitos. É o que acontece
em desenho técnico mecânico. Compare as representações abaixo.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 145
Mesmo sem saber interpretar a vista frontal em corte, a forma de representação da direita é
mais simples e clara do que a outra. Fica mais fácil analisar o desenho em corte porque
nesta forma de representação usamos a linha para arestas e contornos visíveis em vez da
linha para arestas e contornos não visíveis.
Na indústria, a representação em corte só é utilizada quando a complexidade dos detalhes
internos da peça torna difícil sua compreensão por meio da representação normal, como foi
visto na representação do registro de gaveta.
Na projeção do modelo cortado, no plano vertical, os elementos atingidos pelo corte são
representados pela linha para arestas e contornos visíveis.
A vista frontal do modelo analisado, com corte, deve ser representada como segue.
As partes maciças do modelo, atingidas pelo plano de corte, são representadas hachuradas.
Neste exemplo, as hachuras são formadas por linhas estreitas inclinadas e paralelas entre
si. As hachuras são formas convencionais de representar as partes maciças atingidas pelo
corte. A ABNT estabelece o tipo de hachura para cada material. Mais adiante, você
conhecerá a norma técnica que trata deste assunto. O tipo de hachura usado no desenho
anterior indica que o material empregado na confecção deste modelo é metal. Os furos não
recebem hachuras, pois são partes ocas que não foram atingidas pelo plano de corte. Os
centros dos furos são determinados pelas linhas de centro, que também devem ser
representadas nas vistas em corte.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 148
A vista superior e a vista lateral esquerda não devem ser representadas em corte porque o
observador não as imaginou atingidas pelo plano de corte. A vista frontal está representada
em corte porque o observador imaginou o corte vendo o modelo de frente. Sob a vista
representada em corte, no caso a vista frontal, é indicado o nome do corte: Corte AA.
Observe, na figura anterior, que a vista superior é atravessada por uma linha traço e ponto
estreita, com dois traços largos nas extremidades. Esta linha indica o local por onde se
imaginou passar o plano de corte. As setas sob os traços largos indicam a direção em que o
observador imaginou o corte. As letras do alfabeto, próximas às setas, dão o nome ao corte.
A ABNT determina o uso de duas letras maiúsculas repetidas para designar o corte: AA, BB,
CC etc.
Quando o corte é representado na
vista frontal, a indicação do corte pode
ser feita na vista superior, como no
exemplo anterior, ou na vista lateral
esquerda, como mostra a ilustração a
seguir.
Segundo a ABNT, sempre que a representação do corte for clara, não há necessidade de
indicar o plano de corte em outra vista.
Exercício: Analise o desenho técnico abaixo e responda: a) em que vista está representado
o corte?; b) em que vista aparece indicado o corte? c) qual o nome deste corte?
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 149
Para que os furos redondos fiquem visíveis, o observador deverá imaginar um corte. Veja, a
seguir, o modelo secionado por um plano de corte horizontal.
Este plano de corte, que é paralelo ao plano de projeção horizontal, é chamado plano
longitudinal horizontal. Ele divide a peça em duas partes. Com o corte, os furos redondos,
que antes estavam ocultos, ficaram visíveis.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 150
O corte aparece representado na vista superior. As partes maciças atingidas pelo corte
foram hachuradas. A vista frontal e a vista lateral esquerda estão representadas sem corte,
porque o corte imaginado atingiu apenas a vista superior. O nome do corte: Corte AA
aparece sob a vista superior, que é a vista representada em corte.
A indicação do plano de corte, na vista frontal, coincide com a linha de centro dos furos
redondos. As setas, ao lado das letras que dão nome ao corte, indicam a direção em que o
corte foi imaginado. Quando o corte é imaginado na vista superior, a indicação do local por
onde passa o plano de corte pode ser representada na vista frontal ou na vista lateral
esquerda.
Exercício: Observe o modelo representado à esquerda, com corte, e faça o que se pede: a)
faça hachuras nas partes maciças, na vista representada em corte; b) escreva o nome da
vista em que o corte aparece indicado; c) escreva o nome do plano de corte que secionou
este modelo.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 151
O plano de corte, que é paralelo ao plano de projeção lateral, recebe o nome de plano
transversal. Na vista lateral, o furo quadrado, atingido pelo corte, aparece representado pela
linha para arestas e contornos visíveis. As partes maciças, atingidas pelo corte, são
representadas hachuradas. O furo redondo, visível pelo observador, também é representado
pela linha para arestas e contornos visíveis. Nas vistas ortogonais deste modelo em corte
transversal, a vista frontal e a vista superior são representadas sem corte. Quando o corte é
representado na vista lateral, a indicação do plano de corte tanto pode aparecer na vista
frontal como na vista superior.
O tipo de corte usado para mostrar elementos internos fora de alinhamento é o corte
composto, também conhecido como corte em desvio.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 153
Observe que o modelo foi secionado por um plano que deixou visível o furo retangular. Os
furos redondos, entretanto, não podem ser observados. Para poder analisar os furos
redondos, imagine um outro plano de corte, paralelo ao anterior. Veja, a seguir, o modelo
secionado pelo plano longitudinal vertical que atravessa os furos redondos e, ao lado, sua
representação ortogonal.
A vista frontal, representada em corte, neste exemplo, mostra todos os elementos como se
eles estivessem no mesmo plano.
Observe que a vista frontal, isoladamente, não é possível identificar os locais por onde
passaram os planos de corte. Nesse caso, é necessário analisar a vista onde será
representada a indicação do plano de corte.
Observe abaixo que o corte é indicado pela linha traço e ponto na vista superior. Os traços
são largos nas extremidades e quando indicam mudanças de direção dos planos de corte. O
nome do corte é indicado por duas letras maiúsculas, representadas nas extremidades da
linha traço e ponto. As setas indicam a direção em que o observador imaginou o corte.
Observe novamente o modelo abaixo, que também apresenta elementos internos não
alinhados. Para analisar os elementos internos desse modelo, você deverá imaginar um
corte composto.
Veja novamente o modelo da abaixo: tem um furo rebaixado, um furo passante e um rasgo
arredondado. Observe que são necessários três planos de corte paralelos para atingir os
elementos desalinhados.
Como o corte foi imaginado de frente, a vista representada em corte é a vista frontal. A
indicação dos planos de corte é representada na vista superior.
Analise a perspectiva em corte e as vistas representadas com aplicação e indicação de corte
composto. Observe que na vista frontal todos os elementos são visíveis, embora na
realidade estejam em diferentes planos, como mostra a vista superior.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 156
Neste exemplo, a vista que deve ser representada em corte é a vista frontal, porque o
observador está imaginando o corte de frente.
Para representar os elementos, na vista frontal, em verdadeira grandeza, você deve
imaginar que um dos planos de corte sofreu um movimento de rotação, de modo a coincidir
com o outro plano.
Observe como ficam as vistas ortogonais: vista frontal e vista superior, após a rotação do
elemento e a aplicação do corte.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 157
Na vista frontal, todos os elementos são visíveis e aparentam estar no mesmo plano. Note
que, na vista superior, os elementos são representados sem rotação, na sua posição real.
Nesta vista fica bem visível que este corte é composto por dois planos concorrentes.
Analise a perspectiva com a indicação de corte por planos concorrentes e assinale com um
X as vistas ortogonais correspondentes.
a b c ( )
Para poder analisar os elementos internos desta peça, você deverá imaginar vários planos
de corte seguidos (P1, P2, P3).
O corte foi imaginado observando-se a peça de frente. Por isso, a vista representada em
corte é a vista frontal. Observe as vistas ortogonais: vista frontal e vista superior. Na vista
frontal, as partes maciças atingidas pelo corte são hachuradas. Na vista superior, os planos
de corte sucessivos são representados pela linha de corte.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 159
A linha traço e ponto, que indica o local por onde passam os planos de corte, é formada por
traços largos nas extremidades e no encontro de dois planos sucessivos. Observe que
foram utilizados três planos de corte sucessivos. São raras as peças em que se pode
imaginar a aplicação deste tipo de corte.
6.3. MEIO-CORTE
Há tipos de peças ou modelos em que é possível imaginar em corte apenas uma parte,
enquanto que a outra parte permanece visível em seu aspecto exterior. Este tipo de corte é
o meio-corte. O meio-corte é aplicado em apenas metade da extensão da peça. Somente
em peças ou modelos simétricos longitudinal e transversalmente, é que podemos imaginar o
meio-corte.
Repare que, nos dois casos, as partes resultantes da divisão são iguais entre si. Portanto,
trata-se de um modelo simétrico longitudinal e transversalmente. Neste modelo é possível
imaginar a aplicação de meio-corte.
Analise o desenho a seguir e imagine-o cortado longitudinal e transversalmente.
A linha traço e ponto estreita, que divide a vista frontal ao meio, é a linha de simetria.
As partes maciças, atingidas pelo corte, são representadas hachuradas.
O centro dos elementos internos, que se tornaram visíveis com o corte, é indicado pela linha
de centro. Neste exemplo, os elementos que ficaram visíveis com o corte são: o furo
passante da direita e metade do furo central.
Metade da vista frontal não foi atingida pelo meio-corte: o furo passante da esquerda e
metade do furo central não são representados no desenho. Isso ocorre porque o modelo é
simétrico. A metade da vista frontal não atingida pelo corte é exatamente igual à outra
metade. Assim, não é necessário repetir a indicação dos elementos internos na parte não
atingida pelo corte. Entretanto, o centro dos elementos não visíveis deve ser indicado.
Quando o modelo é representado com meio-corte, não é necessário indicar os planos de
corte. As demais vistas são representadas normalmente.
Analise mais uma vez a perspectiva do modelo e, ao lado, suas vistas ortogonais.
Exercício: O modelo abaixo pode ser representado com meio-corte? Por quê?
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 162
Sempre que a linha de simetria que atravessa a vista em corte for vertical, a parte
representada em corte deve ficar à direita, conforme recomendação da ABNT.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 163
Quando o observador imagina o meio-corte vendo o modelo de lado, o meio-corte deve ser
representado na vista lateral esquerda.
Não há necessidade de fazer qualquer indicação do local por onde passam os planos de
corte nas outras vistas.
Quando o meio-corte é imaginado de cima, a vista representada em meio-corte é a superior.
No desenho, a linha de simetria que atravessa a vista superior é vertical. Assim, a parte em
corte deve ser representada no desenho à direita.
Quando a linha de simetria que atravessa a vista em corte estiver na posição horizontal, a
metade em corte deve ser representada na parte inferior do desenho, abaixo da linha de
simetria. É isso que você pode observar, analisando a vista frontal em meio-corte, no
exemplo a seguir.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 164
A escolha da vista onde o meio-corte deve ser representado depende das formas do modelo
e das posições dos elementos que se quer analisar.
Nesses casos, não é necessário imaginar cortes que atravessem toda a extensão da peça.
É suficiente representar um corte que atinja apenas os elementos que se deseja destacar. O
tipo de corte mais recomendado nessas situações é o corte parcial.
O corte parcial também pode ser representado em qualquer das vistas do desenho técnico.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 166
7. SEÇÃO E ENCURTAMENTO
Em desenho técnico busca-se, sempre, a forma mais simples, clara e prática de representar
o maior número possível de informações.
A vista lateral mostra a superfície atingida pelo corte e também a projeção da parte da peça
que ficou além do plano de corte. A vista lateral permite analisar a parte atingida pelo corte e
também outros elementos da peça.
Obseve agora o desenho técnico do mesmo modelo, com representação em seção.
Note que, ao lado da vista frontal está representada a seção AA. Esta seção mostra a parte
maciça atingida pelo plano de corte. A seção representa o perfil interno rebatido da peça ou
de uma parte da peça. A indicação da seção representada pela linha traço e ponto com
traços largos nas extremidades aparece na vista frontal, no local onde se imaginou passar o
plano de corte.
A linha de corte onde se imagina o rebatimento da seção deve ser sempre no centro do
elemento secionado.
Enquanto a representação em corte mostra as partes maciças atingidas pelo corte e outros
elementos, a representação em seção mostra apenas a parte atingida pelo corte.
Nos desenhos técnicos de peças a seção pode ser representada: fora da vista, dentro da
vista ou interrompendo a vista.
Neste caso, a seção aparece ligada à vista por uma linha traço e ponto estreita, que indica o
local por onde se imaginou passar o plano de corte. Uma vez que a relação entre a seção e
a parte da peça que ela representa é evidente por si, não é necessário dar nome à seção.
Fig. A Fig. B
7.1.3. SEÇÃO DENTRO DA VISTA
A seção pode ser representada rebatida dentro da vista, desde que não prejudique a
interpretação do desenho. Observe a próxima perspectiva em corte e, ao lado, sua
representação em vista ortogonal, com a seção representada dentro da vista.
Para representar o contorno da seção dentro da vista, usa-se a linha contínua estreita. A
parte maciça é representada hachurada. Quando a seção aparece rebatida dentro das vistas
do desenho técnico, ela não vem identificada pela palavra seção, seguida de letras do
alfabeto.
Na seção dentro das vistas também não aparece a indicação do plano de corte.
Quando a seção é representada interrompendo as vistas do desenho técnico, ela não vem
identificada pela palavra seção, seguida pelas letras do alfabeto.
7.2. ENCURTAMENTO
Certos tipos de peças, que apresentam formas longas e constantes, podem ser
representadas de maneira mais prática. O recurso utilizado em desenho técnico para
representar estes tipos de peças é o encurtamento.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 175
A representação com encurtamento, além de ser mais prática, não apresenta qualquer
prejuízo para a interpretação do desenho. Nem todas as peças podem ser representadas
com encurtamento. A seguir você vai conhecer as condições para que se possa usar este
tipo de representação.
Como a parte compreendida entre os cortes não apresenta variações e não contém
elementos, pode imaginar a peça sem esta parte, o que não prejudica sua interpretação.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 176
Analise as perspectivas abaixo e assinale com X as peças que podem ser representadas
com encurtamento.
a) b)
c) d)
O suporte, representado em perspectiva, é uma peça que tem várias partes longas, onde
você pode imaginar encurtamentos. Na vista ortogonal desta peça é possível representar, ao
mesmo tempo, os encurtamentos e as seções.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 178
Note que a peça está representada através da vista frontal. Neste desenho estão
representados 4 encurtamentos e 4 seções. Duas seções estão indicadas na vista frontal e
representadas fora da vista: Seção AA e Seção BB. Uma seção aparece rebatida dentro da
vista. Quando a seção vem rebatida na vista, não é necessário dar-lhe um nome. Por fim,
observe que no encurtamento da parte inclinada aparece representada a quarta seção.
8. COTAGEM
Para executar uma peça, a partir de seu desenho técnico, é preciso interpretar corretamente
as medidas indicadas. Se a interpretação é feita de maneira errada, a peça fica errada
também, por isso a importância do estudo de cotagem nas representações dos desenhos
técnicos.
8.3.1. COTAS
São os números que indicam as medidas da peça. Observe, no próximo desenho, as
medidas básicas de uma peça. Elas estão indicadas pelas cotas: 50, 12 e 25.
Observe, no próximo desenho, a linha de cota representada dentro das vistas frontal e
lateral esquerda.
Neste exemplo, a linha de cota é limitada pelo próprio contorno do desenho. Mas, existem
casos em que a colocação da linha de cota dentro das vistas prejudica a interpretação do
desenho técnico. Nesses casos a linha de cota aparece fora das vistas, limitada por uma
linha chamada linha auxiliar.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 182
A linha auxiliar deve ser prolongada ligeiramente além da respectiva linha de cota. Um
pequeno espaço deve ser deixado entre a linha auxiliar e a linha de contorno do desenho.
Observe, no próximo desenho, a indicação da linha auxiliar.
algumas regras gerais para dispor as cotas de tal forma que elas não prejudiquem a clareza
do desenho.
Quando a linha de cota está na posição horizontal, como neste caso, a cota deve ser
indicada acima e paralelamente à sua linha de cota. Os algarismos devem estar
centralizados, a uma pequena distância da linha de cota.
Quando a linha de cota está na posição vertical, como nesta figura, a cota pode aparecer do
lado esquerdo e paralela à linha de cota. Outra possibilidade é representar a cota
interrompendo a linha de cota.
Quando a linha de cota está na posição inclinada, a cota acompanha a inclinação para
facilitar a leitura ou é representada na posição horizontal, interrompendo a linha de cota.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 184
Observe que as linhas de cota estão em posições que permitem a leitura das medidas sem
que seja necessário mudar a posição da folha de papel.
Na vista frontal, anterior, aparecem dois rebaixos iguais. Apenas um dos rebaixos aparece
cotado. Em desenho técnico, não se repetem cotas desnecessariamente.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 185
A vista que transmite a idéia mais clara da forma do rebaixo é a vista frontal. Por isso a
cotagem do rebaixo aparece na vista frontal. As cotas devem ser sempre indicadas nas
vistas onde os elementos aparecem melhor representados.
Já o furo aparece representado por linhas tracejadas, na vista frontal. Sempre que possível,
deve-se evitar a cotagem de elementos representados por linhas tracejadas. Por isso, a
cotagem do furo aparece indicada na vista superior que é a vista onde a forma circular fica
mais visível. No desenho técnico, as cotas devem ser localizadas de tal modo que não
sejam cortadas ou separadas por qualquer outra linha.
Nos exemplos que você analisou até aqui, as cotas vinham representadas sobre as linhas
de cota, ou interrompendo as linhas de cota.
Veja, a seguir, o mesmo desenho cotado dos dois modos.
Mas, num mesmo desenho, os vários modos de inscrever as cotas não devem ser
misturados. Por fim, saiba que as cotas devem ser apresentadas em tamanho que as torne
facilmente legíveis, tanto no original como em qualquer tipo de reprodução.
controle de qualidade a serem aplicados. Uma peça nunca deve ser considerada
isoladamente. Ela sempre faz parte de um conjunto, no qual desempenha determinada
função. Toda peça deve ser executada segundo um determinado processo tecnológico de
fabricação, que torne sua produção a mais econômica possível. As peças devem ser
controladas durante e no final da execução, para garantir a correspondência entre o produto
acabado e o seu desenho técnico. Esses três fatores: funcionalidade, fabricação e controle
interferem diretamente no método de cotagem, isto é, na maneira de cotar o desenho
técnico da peça. Levando em conta a função da peça, sua execução e sua verificação, as
cotas podem ser: funcionais, não funcionais e auxiliares.
Neste desenho, a cota 12 é considerada funcional porque está relacionada com a cota do
furo onde o pino se encaixa. Na execução da peça esta cota deve ser rigorosamente
respeitada para não comprometer o funcionamento do conjunto.
A cota (40) é uma cota auxiliar. Observe que ela corresponde à soma das cotas: 30
(funcional) e 10 (não funcional).
- Para medir as
dimensões dos
modelos e dos
desenhos
técnicos, utilize
régua com
graduação em
milímetro.
Há mais de uma maneira aceitável de cotar o mesmo desenho. Analise duas alternativas, a
seguir.
A pessoa que executa o desenho deve escolher, de acordo com as características da peça,
a disposição das cotas que permita identificar, da melhor maneira possível, as dimensões da
peça. Quem lê e interpreta o desenho técnico cotado deve ser capaz de associar
corretamente cada cota à dimensão que ela representa.
Quando, excepcionalmente, for adotada outra unidade de medida que não o milímetro, o
símbolo correspondente deve vir ao lado da cota. Os exemplos de cotagem básica que você
estudou até aqui referem-se a modelos prismáticos sem elementos. Mas se a peça tiver
elementos, também é necessário indicar as cotas básicas.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 190
A cota do comprimento está indicada na vista superior, a cota da altura está indicada na
vista frontal, a cota da largura está indicada na vista lateral esquerda.
A vista onde essas duas cotas são melhor representadas é a vista frontal.
Por isso não há necessidade de repetir esta cota para completar a ideia do tamanho do
rebaixo. Observe como fica o modelo com as cotas básicas e as cotas do elemento.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 192
Este modelo tem um rasgo central passante transversal. Para executar a peça, além das
medidas básicas, precisamos das medidas do tamanho do rasgo. Duas cotas são
necessárias para dimensionar o rasgo: a cota do comprimento e a cota da profundidade ou
altura.
As imagens mostram como são tomadas as medidas do comprimento e da profundidade do
rasgo.
Note que o furo não é centralizado. Neste caso, além das cotas que indicam o tamanho do
furo, necessitamos também das cotas de localização. A vista onde o furo aparece com maior
clareza é a vista frontal. Esta será, portanto, a vista escolhida para cotagem do elemento. O
tamanho do furo é determinado por duas cotas: altura = 16mm, comprimento = 16mm. Veja
como estas cotas aparecem dispostas na vista frontal.
Para facilitar a execução da peça, a localização do furo deve ser determinada a partir do
centro do elemento. Duas cotas de localização são necessárias: 15 e 15.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 194
Agora observe como fica o desenho técnico do modelo com furo quadrado passante, com
as cotas básicas e as cotas de tamanho e de localização do elemento.
Uma vez que o modelo é simétrico, duas cotas são suficientes para dimensionar o rebaixo:
do comprimento e da altura ou profundidade. Veja as linhas de cota do rebaixo; indicadas na
perspectiva e ao lado, nas vistas ortogonais.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 196
Por fim, veja o modelo cotado, com todas as medidas necessárias à sua execução.
Acompanhe a cotagem do modelo representado a seguir. Este modelo tem dois rebaixos
diferentes. Como os dois elementos são diferentes, é necessário colocar as cotas de
tamanho de cada um dos rebaixos. Observe as linhas de cota que indicam as dimensões
dos rebaixos, na perspectiva, e, ao lado, as cotas indicadas nas vistas ortogonais.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 197
As cotas 21 e 10 indicam as alturas dos rebaixos. Os comprimentos dos dois rebaixos são
iguais: 18mm.
Acompanhe a cotagem de um
modelo com três elementos:
dois rasgos diferentes e um furo
passante.
A vista onde os rasgos aparecem melhor representados é a vista frontal. Por isso, a cotagem
dos rasgos será feita na vista frontal. Para dimensionar cada um dos rasgos, na vista frontal,
necessitamos de duas cotas: uma cota de comprimento e outra de profundidade. A
localização dos rasgos fica definida pela linha de simetria. Veja as cotas de tamanho dos
rasgos indicadas na vista frontal.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 198
O outro elemento a ser dimensionado é o furo, que aparece melhor representado na vista
superior. Para dimensionar o furo basta indicar a cota do seu diâmetro. O dimensionamento
da peça fica completo com a indicação das cotas básicas.
No desenho técnico os chanfros podem ser cotados de duas maneiras: por cotas lineares e
por cotas lineares e angulares. Cotas lineares são aquelas que você viu até aqui. Elas
referem-se a medidas de extensão. Cotas angulares são aquelas que indicam medidas de
aberturas de ângulos.
Veja, a seguir, a cotagem de um chanfro apenas por cotas lineares.
A vista onde o chanfro aparece cotado é a vista frontal. As cotas: 8 e 12 indicam o tamanho
do chanfro. A largura do chanfro coincide com a largura da peça. Como os dois chanfros são
iguais, basta cotar um deles. A cotagem completa do desenho fica como segue.
Veja a outra forma de cotagem do chanfro, utilizando cotas lineares e cotas angulares. Neste
exemplo os dois chanfros são diferentes, portanto cada um deles deve ser cotado
separadamente.
Observe primeiro o chanfro da esquerda. O tamanho deste chanfro ficou determinado por
uma cota linear 7 e uma cota angular 25°. A cota 7 indica a altura do chanfro e a cota 25°
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 200
indica a abertura do ângulo do chanfro. Nos dois casos, a largura do chanfro coincide com a
largura da peça, que é 7 mm, como mostra a seção rebatida dentro da vista.Certas peças
possuem outros tipos de elementos angulares. Veja alguns exemplos.
A cotagem destes elementos também é feita por meio de cotas angulares e de cotas
lineares. Analise um exemplo.
A vista onde a forma do elemento angular aparece melhor representada é a vista frontal.
Logo, a cotagem deste elemento é feita na vista frontal. A cota 90° indica a abertura do
ângulo do elemento. A cota 30 indica o comprimento do elemento. A existência da linha de
simetria, no desenho, dispensa a indicação de cotas de localização. Veja agora a cotagem
completa da peça, em duas vistas.
Observe que a cota 4, que se refere à altura do elemento, só aparece indicada do lado
direito. Isso ocorre porque a altura do outro elemento angular é a mesma. Assim, não é
necessário repetir a cota. A cotagem de elementos angulares também é normalizada pela
ABNT. De acordo com a norma NBR 10126/1987 são aceitáveis as duas formas para indicar
as cotas na cotagem angular. Compare as duas alternativas, a seguir.
Na peça da esquerda, os raios dos arcos de circunferência são muito pequenos e por isso
sua indicação não foi feita dentro da vista. Foi utilizada uma linha de chamada, sobre a qual
foi escrita a letra R. Os raios dos arcos de circunferência desta peça são: 2 mm e 1,5 mm.
Já na peça da direita, os centros dos arcos de circunferência não foram indicados no
desenho técnico porque seus raios são muito grandes. A letra R escrita ao lado das cotas
100 e 110 serve para indicar que se trata das medidas de raios.
Veja, também, no desenho da direita, que as linhas de cota dos raios aparecem incompletas.
Isto ocorre porque os raios dos arcos de circunferência são grandes e seus centros não
estão representados no desenho.
Veja outra possibilidade de cotagem de arcos de circunferência muito grandes.
ESC 1:1
Observe, na vista frontal, que o centro do arco de circunferência, além de deslocado, foi
afastado 12 mm da linha de simetria. A letra R aparece ao lado da cota 110 para indicar que
se trata da medida de um raio.
Exercício: Observe os desenhos abaixo e escreva, nos parênteses: (D) nas vistas que
apresentam o centro de circunferência deslocado e (DA) nas que apresentam o centro de
circunferência deslocado e afastado da linha de centro ou da linha de simetria.
a) b) c) ( )
Nestes casos, o importante é saber as cotas de centro dos raios e da localização das partes
arredondadas.
Há casos em que é possível dispensar a indicação de uma ou duas cotas básicas. Às vezes,
as três cotas básicas podem ser omitidas. Analise um desenho sem as três cotas básicas da
peça.
Neste desenho técnico não estão indicadas as cotas de: comprimento, largura e altura.
Essas cotas ficam determinadas indiretamente pelas cotas de tamanho e de localização dos
elementos. As medidas indicadas neste desenho técnico são: raio da parte arredondada
representado na vista frontal: 15 mm; localização do centro da parte arredondada em
relação à base: 20 mm; diâmetro do furo maior: 18 mm; altura da base: 12 mm. distância
entre os centros dos furos menores: 52 mm; diâmetro dos furos menores: 10 mm; raios das
partes arredondas representadas na vista superior: 12 mm. As cotas básicas não aparecem
indicadas porque apresentam menor interesse para interpretação do desenho. Mas, é
necessário saber encontrá-las para dimensionar corretamente a matéria-prima que será
empregada na execução da peça.
Note que, no desenho técnico, aparecem o símbolo indicativo de diâmetro e a palavra esfera
abreviada (ESF). O símbolo Ø e a palavra ESF aparecem inscritos antes da cota, sobre a
linha de chamada. Neste exemplo, o diâmetro esférico é de 12 mm.
Elementos esféricos também podem ser cotados pela medida de seus raios. Veja um
exemplo, a seguir.
Esta peça, representada em corte, tem dois elementos esféricos. As cotas 18 e 115 indicam
os raios dos elementos esféricos. A linha de cota do raio maior da peça está incompleta. Isso
porque o centro do elemento esférico não está determinado no desenho. A indicação de que
se tratam de elementos esféricos é dada pela letra R e pela palavra abreviada ESF ao lado
da cota. A abreviatura ESF sempre aparece na cotagem de elementos esféricos.
Note que as linhas de cota são interligadas por linhas contínuas estreitas. As setas nas
extremidades das linhas de cota tocam as linhas auxiliares de cota. Já, as cotas podem ser
indicadas dentro dos espaços, quando couberem, ou fora, para facilitar a visualização. Veja
um outro caso especial de cotagem em espaço reduzido. Quando o espaço não permite
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 207
representar as duas setas que indicam os limites da cota, as setas podem ser substituídas
pelo traço oblíquo, como nos desenhos abaixo.
No furo de 6 mm de diâmetro as setas foram indicadas limitando as linhas auxiliares por fora
e a cota foi escrita no prolongamento da linha de cota. No furo de diâmetro 4, a cota vem
acompanhada do símbolo indicativo de diâmetro. Isso acontece porque a cota 4 está sobre
uma linha de chamada. Quando as cotas de diâmetros vêm indicadas sobre linhas de
chamada, o símbolo indicativo de diâmetro é sempre necessário.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 208
Observe que a distância centro a centro, entre dois furos consecutivos, é sempre igual.
No caso da régua, onde a cotagem é feita por cotas lineares, esta distância é de 30 mm. No
caso do disco, a cotagem é angular e a distância entre os centros dos furos é de 60º. A
cotagem de elementos espaçados igualmente pode ser feita de maneira simplificada.
Acompanhe um exemplo.
Ao invés de cotar furo a furo, colocando 5 cotas, cotamos apenas a distância do centro do
primeiro furo ao centro do último furo, que corresponde a 60 mm. Este valor vem indicado
entre parênteses: (60). Antes dos parênteses foi indicado 5 ´ 12 que significa cinco vezes a
distância de 12 mm. Esta é a distância constante dos 5 espaços existentes entre os 6 furos.
A representação dos furos, que são elementos repetitivos, também pode ser simplificada:
podemos omitir os furos intermediários. Sobre um dos furos representados, indicamos a
notação: 6 x Ø 5, sobre uma linha de chamada. Esta notação indica que a peça contém 6
furos de 5 mm de diâmetro. A cota 12 entre o primeiro e o segundo furos foi escrita para
deixar claro que a distância de centro a centro de furo é igual a 12 mm.
Peças circulares com elementos distribuídos de modo uniforme também podem ter a
cotagem angular simplificada. Para entender bem este assunto, examine primeiro a cotagem
completa do disco com 6 furos em vista única.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 210
Apenas dois furos foram representados. Mas, as notações sobre a linha de chamada
indicam que a peça tem 6 furos de 5 mm de diâmetro, distanciados entre si de 60º. A cota
entre parênteses: (360º) corresponde à soma dos ângulos entre os 6 furos.
Embora uma parte da peça tenha sido suprimida do desenho, a cotagem é indicada como se
a peça estivesse inteira. As cotas relativas ao comprimento da peça e de suas partes
aparecem indicadas normalmente, sem qualquer interrupção.
Analisando o desenho com encurtamento cotado, ficamos sabendo que: a peça tem 350 mm
de comprimento; a parte prismática tem 300 mm de comprimento; as partes cilíndricas têm
25 mm de comprimento; o diâmetro da parte cilíndrica é 30 mm; e a parte prismática tem a
forma quadrangular, com 34 mm de lado.
Às vezes, a parte encurtada apresenta elementos repetitivos. Nesses casos, a cotagem tem
de ser feita como segue.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 211
Esta peça apresenta elementos repetitivos na parte encurtada. Vários furos, localizados na
parte encurtada, não foram representados. Mas, a quantidade de furos da peça vem
indicada sobre a linha de chamada que toca o contorno do furo.
A notação 20 x Ø 6 indica que a peça tem 20 furos com 6 mm de diâmetro.
Conseqüentemente, a peça tem 19 espaçamentos entre os furos. É o que nos informa a
cota 19 x 18 (342), onde 19 representa o número de espaçamentos entre os furos; 18 mm
representa a distância do centro de um furo ao centro de outro furo consecutivo e 342 mm
representa a distância total do centro do primeiro furo ao centro do último furo. A cota 18
aparece repetida entre o primeiro e o segundo furos para deixar claro o valor da distância
entre os furos. A cota 15 indica a localização do primeiro furo, em relação à face esquerda
da peça. Apesar do encurtamento, todas as cotas referem-se aos valores reais das medidas
da peça. Há peças que são representadas com encurtamento e seção. Observe a peça
representada em vista única, a seguir. Ela apresenta um encurtamento e uma seção. A
seção está representada dentro da vista e mostra o perfil da parte encurtada.
A cota 6 indica a espessura da seção, que é a mesma da peça. As outras medidas da peça
são: comprimento = 200 mm; altura = 19 mm; comprimento da parte que sofreu
encurtamento = 180 mm; diâmetro dos furos = 5 mm; localização dos furos = 10 mm;
tamanho do chanfro = 3 x 45º.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 212
A cada ângulo de inclinação corresponde uma relação de inclinação, que vem indicada nos
desenhos técnicos de peças oblíquas pela palavra inclinação seguida de numerais.
Veja, no próximo desenho, uma maneira de representar a relação de inclinação.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 213
a) b) ( )
Como a relação de inclinação vem indicada na vista não há necessidade de indicar a cota
da altura menor. Uma mesma peça pode ter mais de uma face oblíqua com inclinações
diferentes. Nesses casos, as duas relações de inclinação devem ser indicadas.
A relação de conicidade vem indicada pela palavra conicidade, seguida de numerais, sobre
uma linha de chamada. O numeral que vem antes dos dois pontos é sempre 1. No exemplo,
a relação de conicidade é 1:20, que se lê: um por vinte. Em desenho técnico com indicação
de conicidade, apenas o diâmetro maior aparece cotado.
9. ESCALAS
Antes de representar objetos, modelos, peças, etc. deve-se estudar o seu tamanho real.
Tamanho real é a grandeza que as coisas têm na realidade.
Mas, existem objetos, peças, animais, etc. que não podem ser representados em seu
tamanho real. Alguns são muito grandes para caber numa folha de papel. Outros são tão
pequenos, que se os reproduzíssemos em tamanho real seria impossível analisar seus
detalhes.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 217
O que é escala
A escala é uma forma de representação que mantém as proporções das medidas lineares
do objeto representado. Em desenho técnico, a escala indica a relação do tamanho do
desenho da peça com o tamanho real da peça. A escala permite representar, no papel,
peças de qualquer tamanho real. Nos desenhos em escala, as medidas lineares do objeto
real ou são mantidas, ou então são aumentadas ou reduzidas proporcionalmente. As
dimensões angulares do objeto permanecem inalteradas. Nas representações em escala, as
formas dos objetos reais são mantidas.
Veja um exemplo.
A figura A é um quadrado, pois tem 4 lados iguais e quatro ângulos retos. Cada lado da
figura A mede 2u (duas unidades de medida). B e C são figuras semelhantes a A: também
possuem quatro lados iguais e quatro ângulos iguais. Mas, as medidas dos lados do
quadrado B foram reduzidas proporcionalmente em relação às medidas dos lados do
quadrado A. Cada lado de B é uma vez menor que cada lado correspondente de A. Já os
lados do quadrado C foram aumentados proporcionalmente, em relação aos lados do
quadrado A. Cada lado de C é igual a duas vezes cada lado correspondente de A.Note que
as três figuras apresentam medidas dos lados proporcionais e ângulos iguais. Então,
podemos dizer que as figuras B e C estão representadas em escala em relação a figura A.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 218
As medidas deste desenho são vinte vezes menores que as medidas correspondentes do
rodeiro de vagão real. A indicação da escala de redução também vem junto do desenho
técnico. Na indicação da escala de redução o numeral à esquerda dos dois pontos é sempre
1. O numeral à direita é sempre maior que 1.No desenho acima o objeto foi representado na
escala de 1:20 (que se lê: um por vinte).
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 220
As dimensões deste desenho são duas vezes maiores que as dimensões correspondentes
da agulha de injeção real. Este desenho foi feito na escala 2:1(lê-se: dois por um). A
indicação da escala é feita no desenho técnico como nos casos anteriores: a palavra escala
aparece abreviada (ESC), seguida de dois numerais separados por dois pontos. Só que,
neste caso, o numeral da esquerda, que representa as medidas do desenho técnico, é maior
que 1. O numeral da direita é sempre 1 e representa as medidas reais da peça. Examine o
próximo desenho técnico, também representado em escala e depois complete as questões.
Escalas recomendadas
Recorde essas escalas:
Nas escalas de ampliação e de redução os lugares ocupados pelo numeral 2 podem ser
ocupados por outros numerais. Mas, a escolha da escala a ser empregada no desenho
técnico não é arbitrária.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 221
Veja, a seguir, as escalas recomendadas pela ABNT, através da norma técnica NBR
8196/1983
Além das cotas que indicam a medida do ângulo permanecerem as mesmas, neste caso, a
abertura do ângulo também não muda. Variam apenas os tamanhos lineares dos lados do
ângulo, que não influem no valor da sua medida em graus.
As duas peças são semelhantes, porém as medidas lineares da peça da direita são duas
vezes menores que as medidas da peça da esquerda porque o desenho está representado
em escala de redução.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 222
10.1. AFASTAMENTOS
Os afastamentos são desvios aceitáveis das dimensões nominais, para mais ou menos, que
permitem a execução da peça sem prejuízo para seu funcionamento e intercambiabilidade.
Eles podem ser indicados no desenho técnico como mostra a ilustração a seguir:
Depois de executado, o diâmetro da peça pode ter qualquer valor dentro desses dois limites.
A dimensão encontrada, depois de executada a peça, é a dimensão efetiva ou real; ela
deve estar dentro dos limites da dimensão máxima e da dimensão mínima.
Quando os dois afastamentos são positivos, a dimensão efetiva da peça é sempre maior
que a dimensão nominal. Entretanto, há casos em que a cota apresenta dois afastamentos
negativos, ou seja, as duas variações em relação à dimensão nominal são para menor,
como no próximo exemplo.
A cota Ø 16 apresenta dois afastamentos com sinal - (menos), o que indica que os
afastamentos são negativos: - 0,20 e - 0,41. Quando isso acontece, o afastamento superior
corresponde ao de menor valor numérico absoluto. No exemplo, o valor 0,20 é menor que
0,41; logo, o afastamento - 0,20 corresponde ao afastamento superior e - 0,41 corresponde
ao afastamento inferior.
Para saber qual a dimensão máxima que a cota pode ter basta subtrair o afastamento
superior da dimensão nominal. No exemplo: 16,00 - 0,20 = 15,80. Para obter a dimensão
mínima você deve subtrair o afastamento inferior da dimensão nominal. Então: 16,00 - 0,41
= 15,59. A dimensão efetiva deste diâmetro pode, portanto, variar dentro desses dois limites,
ou seja, entre 15,80 mm e 15,59 mm. Neste caso, de dois afastamentos negativos, a
dimensão efetiva da cota será sempre menor que a dimensão nominal.
10.2. TOLERÂNCIA
Tolerância é a variação entre a dimensão máxima e a dimensão mínima. Para obtê-la,
calculamos a diferença entre uma e outra dimensão. Acompanhe o cálculo da tolerância, no
próximo exemplo:
Dimensão máxima
20 0,15
Na cota 0,28 , a tolerância é 0,13 mm (treze centésimos de milímetro).
Tolerância = ..........................................................
Nessa representação, os valores dos afastamentos estão exagerados. O exagero tem por
finalidade facilitar a visualização do campo de tolerância, que é o conjunto dos valores
compreendidos entre o afastamento superior e o afastamento inferior; corresponde ao
intervalo que vai da dimensão mínima à dimensão máxima.
Qualquer dimensão efetiva entre os afastamentos superior e inferior, inclusive a dimensão
máxima e a dimensão mínima, está dentro do campo de tolerância.
As tolerâncias de peças que funcionam em conjunto dependem da função que estas peças
vão exercer. Conforme a função, um tipo de ajuste é necessário. É o que você vai aprender
a seguir.
10.3. AJUSTES
Para entender o que são ajustes precisamos antes saber o que são eixos e furos de peças.
Quando falamos em ajustes, eixo é o nome genérico dado a qualquer peça, ou parte de
peça, que funciona alojada em outra. Em geral, a superfície externa de um eixo trabalha
acoplada, isto é, unida à superfície interna de um furo. Veja, a seguir, um eixo e uma bucha.
Observe que a bucha está em corte para mostrar seu interior que é um furo.
Eixos e furos de formas variadas podem funcionar ajustados entre si. Dependendo da
função do eixo, existem várias classes de ajustes. Se o eixo se encaixa no furo de modo a
deslizar ou girar livremente, temos um ajuste com folga.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 227
Quando o eixo se encaixa no furo com certo esforço, de modo a ficar fixo, temos um ajuste
com interferência.
Existem situações intermediárias em que o eixo pode se encaixar no furo com folga ou com
interferência, dependendo das suas dimensões efetivas. É o que chamamos de ajuste
incerto.
Em geral, eixos e furos que se encaixam têm a mesma dimensão nominal. O que varia é o
campo de tolerância dessas peças. O tipo de ajuste entre um furo e um eixo depende dos
afastamentos determinados. A seguir, você vai estudar cada classe de ajuste mais
detalhadamente.
Portanto, a dimensão máxima do eixo (24,80 mm) é menor que a dimensão mínima do furo
(25,00 mm) o que caracteriza um ajuste com folga. Para obter a folga, basta subtrair a
dimensão do eixo da dimensão do furo. Neste exemplo, a folga é 25,00 mm - 24,80 mm =
0,20 mm.
Para obter o valor da interferência, basta calcular a diferença entre a dimensão efetiva do
eixo e a dimensão efetiva do furo. Imagine que a peça pronta ficou com as seguintes
medidas efetivas: diâmetro do eixo igual a 25,28mm e diâmetro do furo igual a 25,21mm. A
interferência corresponde a: 25,28mm - 25,21mm = 0,07mm. Como o diâmetro do eixo é
maior que o diâmetro do furo, estas duas peças serão acopladas sob pressão.
Compare: o afastamento superior do eixo (+0,18) é maior que o afastamento inferior do furo
(0,00) e o afastamento superior do furo (+ 0,25) é maior que o afastamento inferior do eixo
(+ 0,02). Logo, estamos falando de um ajuste incerto.
Este nome está ligado ao fato de que não sabemos, de antemão, se as peças acopladas
vão ser ajustadas com folga ou com interferência. Isso vai depender das dimensões efetivas
do eixo e do furo.
Qualidade de trabalho
IT01 IT0 IT1 IT2 IT3 IT4 IT5 IT6 IT7 IT8 IT9 IT10 IT11 IT12 IT13 IT14 IT15 IT16
Eixos
mecânica mecânica mecânica
Furos extra-precisa corrente grosseira
A letra I vem de ISO e a letra T vem de tolerância; os numerais: 01, 0, 1, 2,... 16, referem-se
às 18 qualidades de trabalho; a qualidade IT 01 corresponde ao menor valor de tolerância.
As qualidades 01 a 3, no caso dos eixos, e 01 a 4, no caso dos furos, estão associadas à
mecânica extraprecisa. É o caso dos calibradores, que são instrumentos de alta precisão.
Eles servem para verificar se as medidas das peças produzidas estão dentro do campo de
tolerância especificado. Veja:
Observe que eixo e o furo têm a mesma dimensão nominal: 28 mm. Veja, também que os
valores das tolerâncias, nos dois casos, são iguais:
Eixo Furo
Dimensão máxima: 28,000 28,021
Dimensão mínima: - 27,979 - 28,000
Tolerância: 0,021 0,021
Como os valores de tolerâncias são iguais (0,021mm), concluímos que as duas peças
apresentam a mesma qualidade de trabalho. Mas, atenção: os campos de tolerâncias das
duas peças são diferentes! O eixo compreende os valores que vão de 27,979 mm a 28,000
mm; o campo de tolerância do furo está entre 28,000 mm e 28,021 mm. Como você vê, os
campos de tolerância não coincidem.
No sistema ISO, essas tolerâncias devem ser indicadas como segue:
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 232
A tolerância do eixo vem indicada por h7. O numeral 7 é indicativo da qualidade de trabalho
e, no caso, corresponde à mecânica corrente. A letra h identifica o campo de tolerância, ou
seja, o conjunto de valores aceitáveis após a execução da peça, que vai da dimensão
mínima até a dimensão máxima.
O sistema ISO estabelece 28 campos de tolerâncias, identificados por letras do alfabeto
latino. Cada letra está associada a um determinado campo de tolerância. Os campos de
tolerância para eixo são representados por letras minúsculas, como mostra a ilustração a
seguir:
a b c cd d e ef f fg g h j js k
m n p r s t u v x y x za zb zc
Examine o desenho técnico do furo. Observe que a tolerância do furo vem indicada por H7.
O numeral 7 mostra que a qualidade de trabalho é a mesma do eixo analisado
anteriormente. A letra H identifica o campo de tolerância. Os 28 campos de tolerância para
furos são representados por letras maiúsculas:
A B C CD D E EF F FG G H J JS K
M N P R S T U V X Y X ZA ZB ZC
A dimensão nominal comum ao eixo e ao furo é 25 mm. A tolerância do furo vem sempre
indicada ao alto: H8; a do eixo vem indicada abaixo: g7.
São inúmeras as possibilidades de combinação de tolerâncias de eixos e furos, com a
mesma dimensão nominal, para cada classe de ajuste. Mas, para economia de custos de
produção, apenas algumas combinações selecionadas de ajustes são recomendadas, por
meio de tabelas divulgadas pela ABNT. Antes de aprender a consultar essas tabelas, porém,
é importante que você conheça melhor os ajustes estabelecidos no sistema ABNT/ISO:
sistema furo-base e sistema eixo-base.
Imagine que este desenho representa parte de uma máquina com vários furos, onde são
acoplados vários eixos. Note que todos os furos têm a mesma dimensão nominal e a
mesma tolerância H7; já as tolerâncias dos eixos variam: f7, k6, p6. A linha zero, que você
vê representada no desenho, serve para indicar a dimensão nominal e fixar a origem dos
afastamentos. No furo A, o eixo A‟ deve girar com folga, num ajuste livre; no furo B, o eixo B‟
deve deslizar com leve aderência, num ajuste incerto; no furo C, o eixo C‟ pode entrar sob
pressão, ficando fixo. Para obter essas três classes de ajustes, uma vez que as tolerâncias
dos furos são constantes, devemos variar as tolerâncias dos eixos, de acordo com a função
de cada um. Este sistema de ajuste, em que os valores de tolerância dos furos são fixos, e
os dos eixos variam, é chamado de sistema furo-base. Este sistema também é conhecido
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 234
por furo padrão ou furo único. Veja quais são os sistemas furo-base recomendados pela
ABNT a seguir:
O eixo A‟ encaixa-se no furo A com folga; o eixo B‟ encaixa-se no furo B com leve aderência;
o eixo C‟ encaixa-se no furo C com interferência. Veja a seguir alguns exemplos de eixos-
base recomendados pela ABNT:
Na segunda coluna - Furo - vem indicada a tolerância, variável para cada grupo de
dimensões, do furo base: H7. Volte a examinar a 9ª linha da tabela, onde se encontra a
dimensão de 40 mm; na direção da coluna do furo aparecem os afastamentos do furo: 0
(afastamento inferior) e + 25 (afastamento superior). Note que nas tabelas que trazem
afastamentos de furos o afastamento inferior, em geral, vem indicado acima do afastamento
superior. Isso se explica porque, na usinagem de um furo, parte-se sempre da dimensão
mínima para chegar a uma dimensão efetiva, dentro dos limites de tolerância especificados.
Lembre-se de que, nesta tabela, as medidas estão expressas em mícrons. Uma vez que
1m = 0,001mm, então 25m = 0,025mm. Portanto, a dimensão máxima do furo é: 40mm +
0,025mm = 40,025mm, e a dimensão mínima é 40 mm, porque o afastamento inferior é
sempre 0 no sistema furo-base.
Agora, só falta identificar os valores dos afastamentos para o eixo g6. Observe novamente a
9ª linha da tabela anterior, na direção do eixo g6. Nesse ponto são indicados os
9
afastamentos do eixo: 25 O superior - 9m, que é o mesmo que - 0,009 mm. O afastamento
inferior é - 25 m, que é igual a - 0,025 mm. Acompanhe o cálculo da dimensão máxima do
eixo:
A dimensão nominal do eixo é igual à dimensão nominal do furo: 70 mm. A tolerância do furo
é J7 e a tolerância do eixo é h6. O h indica que se trata de um ajuste no sistema eixo-base.
Então, para identificar os afastamentos do eixo e do furo, você deverá consultar a tabela de
Ajustes recomendados - sistema eixo-base h6. A tabela de ajustes recomendados no
sistema eixo-base é semelhante à tabela do sistema furo-base. O que a diferencia são as
variações das tolerâncias dos furos. Primeiro, precisamos identificar em que grupo de
dimensões se situa a dimensão nominal do eixo. No exemplo, a dimensão 70 encontra-se
no grupo entre 65 e 80 (12ª linha). A seguir, basta localizar os valores dos afastamentos
correspondentes ao eixo h6 e ao furo J7, nessa linha.Veja:
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 239
1. METROLOGIA
A metrologia aplica-se a todas as grandezas determinadas e, em particular, às dimensões
lineares e angulares das peças mecânicas. Nenhum processo de usinagem permite que se
obtenha rigorosamente uma dimensão prefixada. Por essa razão, é necessário conhecer a
grandeza do erro tolerável, antes de se escolherem os meios de fabricação e controle
convenientes.
1.2. MEDIÇÃO
O conceito de medir traz, em si, uma idéia de comparação. Como só se podem comparar
“coisas” da mesma espécie, cabe apresentar para a medição a seguinte definição, que,
como as demais, está sujeita a contestações:
“Medir é comparar uma dada grandeza com outra da mesma espécie, tomada como
unidade”.
Uma contestação que pode ser feita é aquela que se refere à medição de temperatura, pois,
nesse caso, não se comparam grandezas, mas, sim, estados.
que um determinado comprimento tem dois metros, pode-se afirmar que ele é a metade de
outro de quatro metros; entretanto, não se pode afirmar que a temperatura de
quarenta graus centígrados é duas vezes maior que uma de vinte graus, e nem a metade de
outra de oitenta.
Portanto, para se medir um comprimento, deve-se primeiramente escolher outro que sirva
como unidade e verificar quantas vezes a unidade cabe dentro do comprimento por medir.
Uma superfície só pode ser medida com unidade de superfície; um volume, com unidade
volume; uma velocidade, com unidade de velocidade; uma pressão, com unidade de
pressão, etc.
2. UNIDADE
Entende-se por unidade um determinado valor em função do qual outros valores são
enunciados. Usando-se a unidade METRO, pode-se dizer, por exemplo, qual é o
comprimento de um corredor. A unidade é fixada por definição e independe do
prevalecimento de condições físicas como temperatura, grau higroscópico (umidade),
pressão, etc.
Padrão
4. MÉTODO
5. INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO
A exatidão relativas das medidas depende, evidentemente, da qualidade dos instrumentos
de medição empregados. Assim, a tomada de um comprimento com um metro defeituoso
dará resultado duvidoso, sujeito a contestações. Portanto, para a tomada de uma medida, é
indispensável que o instrumento esteja aferido e que a sua aproximação permita avaliar a
grandeza em causa, com a precisão exigida.
Exemplo: A altura da torre EIFFEL é de 300 metros; a espessura de uma folha de papel
para cigarros é de 30 micrômetros.
A torre EIFFEL e a folha de papel são objetos.
A altura e a espessura são grandezas.
300 metros e 30 micrômetros são unidades.
O metro é definido por meio da radiação correspondente à transição entre os níveis “2 p 10”
e “5 d 5” do átomo de criptônio 86 e é igual, por convenção, a 1.650.763,73 vezes o
comprimento dessa onda no vácuo.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 244
A escala ou régua graduada é construída de aço, tendo sua graduação inicial situada na
extremidade esquerda. É fabricada em diversos comprimentos:
O uso da régua graduada torna-se freqüente nas oficinas, conforme mostram as figuras
abaixo:
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 248
9.4. CONSERVAÇÃO
1 - Evitar quedas e contato com ferramentas de trabalho.
2 - Evitar flexioná-la ou torcê-la, para que não se empene ou quebre.
3 - Limpe-o após o uso, para remover o suor e a sujeira.
4 - Aplique-lhe ligeira camada de óleo fino, antes de guardá-la.
1
A distância entre traços = . Somado as frações, teremos:
4
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 250
1 1 2 (2) 1 1 1 1 3
4 4 4 (2) 2 ; 4 4 4 4
Observação: Operando com frações ordinárias, sempre que o resultado é numerador par,
devemos simplificar a fração.
Exemplo:
1 1 2 (2) 1
4 4 4 (2) 2
1
A distância entre traços = . Somando as frações, teremos:
8
1 1 2 (2) 1 1 1 1 3
;
8 8 8 (2) 4 8 8 8 8
1 1 1 1 4(4) 1
8 8 8 8 8(4) 2
1
A distância entre traços = . Somando as frações, teremos:
16
1 1 2 (2) 1 1 1 1 3
16 16 16 (2) 8 ; 16 16 16 16
1
A distância entre traços = . Somando as frações, teremos:
32
1 1 2 (2) 1 1 1 1 3
;
32 32 32 (2) 16 32 32 32 32
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 252
10. PAQUÍMETRO
Tomando o comprimento total do nônio, que é igual a 9mm (fig.2), e dividindo pelo nº de
divisões do mesmo (10 divisões), concluímos que cada intervalo da divisão do nônio mede
0,9mm.
.
Observando a diferença entre uma divisão da escala fixa em uma divisão do nônio ,
concluímos que cada divisão do nônio é menor 0,1mm do que cada divisão da escala fixa.
Essa diferença é também a aproximação máxima fornecida pelo instrumento.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 254
Assim sendo, se deslocarmos o cursor do paquímetro até que o traço zero do nônio coincida
com o primeiro traço da escala fixa, a leitura da medida será 1/16" , no segundo traço, 1/8" ,
no décimo traço, 5/8".
Observando a diferença entre uma divisão da escala fixa e uma divisão do nônio,concluímos
que cada divisão do nônio é menor 1/128" do que cada divisão da escala fixa.
“Assim sendo, se deslocarmos o cursor do paquímetro até que o primeiro traço do nônio
coincida com o da escala fixa, a leitura da medida será 1/128” , o segundo traço 1/64" o
terceiro traço 3/128" , o quarto traço 1/32", e assim sucessivamente.
Multiplica-se o número de traços da escala fixa ultrapassados pelo zero do nônio, pelo
último algarismo do denominador da concordância do nônio. O resultado da multiplicação
soma-se com o numerador, repetindo-se o denominador da concordância.
Valor de cada traço da escala fixa = 1mm Fig.1 Valor de cada traço da escala fixa = 1mm Daí
concluímos que, se deslocarmos o cursor do paquímetro até que o zero do nônio coincida
com o primeiro traço da escala fixa, a leitura da medida será 1mm , no segundo traço 2mm,
no terceiro traço 3mm , no décimo sétimo traço 17mm , e assim sucessivamente.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 261
Conta-se o número de traços da escala fixa ultrapassados pelo zero do nônio (10mm) e, a
seguir, faz-se a leitura da concordância do nônio (0,08mm). A medida será 10,08mm
.
11. MICRÔMETRO
A precisão de medição que se obtém com o paquímetro, às vezes, não é suficiente. Para
medições mais rigorosas, utiliza-se o micrômetro, que assegura uma exatidão de 0,01mm.
O micrômetro é um instrumento de dimensão variável que permite medir, por leitura direta,
as dimensões reais com uma aproximação de até 0,001mm.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 262
O princípio utilizado é o do sistema parafuso e porca. Assim, se, numa porca fixa, um
parafuso der um giro de uma volta, haverá um avanço de uma distância igual ao seu passo.
Parafuso Micrométrico
E construído de aço de alto teor de liga, temperado a uma dureza de 63 RC. Rosca
retificada, garantindo alta precisão no passo.
Contatores
Apresentam-se rigorosamente planos e paralelos, e em alguns instrumentos são de metal
duro, de alta resistência ao desgaste.
Fixador ou Trava
Permite a fixação de medidas.
Luva Externa
Onde é gravada a escala, de acordo com a capacidade de medição do instrumento.
Tambor
Com seu movimento rotativo e através de sua escala, permite a complementação das
medidas.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 263
Porca de Ajuste
Quando necessário, permite o ajuste do parafuso micrométrico.
Catraca
Assegura uma pressão de medição constante.
Tipos e Usos
Para diferentes usos no controle de peças, encontram-se vários tipos de micrômetros, tanto
para medições em milímetros como em polegadas, variando também sua capacidade de
medição.
Micrômetro com discos, para a medição de papel, cartolina couro e borracha. Também e
empregado para a medição de passo de engrenagem.
Micrômetro com relógio, Utilizado para a medição de peças em série. Fixado em grampo
antitérmico.
11.2. RECOMENDAÇÕES
1. Evitar choques, quedas, arranhões e sujeira.
2. Não medir peças fora da temperatura ambiente.
3. Não medir peças em movimento.
4. Não forçar o micrômetro.
11.3. CONSERVAÇÃO
1. Depois do uso, limpar cuidadosamente o instrumento
2. Guardar o micrômetro em estojo próprio.
3. O micrômetro deve ser guardado destravado e com os contatores ligeiramente afastados.
Estando o micrômetro fechado, dando uma volta completa no tambor rotativo, teremos um
deslocamento do parafuso micrométrico igual ao seu passo (0,50mm), aparecendo o
primeiro traço na escala da luva. A leitura da medida será 0,50mm.
Dando-se duas voltas completas, aparecerá o segundo traço, e a leitura será 1,00mm. E
assim sucessivamente.
Assim sendo, se fizermos coincidir o primeiro traço do tambor com a linha de referência da
luva, a leitura será 0,01mm, o segundo traço 0,02mm, o quadragésimo nono traço 0,49mm.
Sabendo a leitura da escala da luva e do tambor, podemos ler qualquer medida registrada
no micrômetro abaixo.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 270
Conforme mostra a figura acima, a escala da luva é formada por uma reta longitudinal (linha
de referência), na qual o comprimento de 1" é dividido em 40 partes iguais. Daí concluímos
que a distância entre as divisões da escala da luva é igual a 0,025", que corresponde ao
passo do parafuso micrométrico.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 273
Sabendo-se que uma volta no tambor equivale a 0,025", tendo o tambor 25 divisões (fig.5),
conclui-se que cada divisão do tambor equivale a 0,001".
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 274
Assim sendo, se fizermos coincidir o primeiro traço do tambor com a linha de referência da
luva, a leitura será 0,001” (fig.6), o segundo traço 0,002”, o vigésimo quarto traço 0,024".
Cada divisão do nônio é menor 0,0001" do que cada divisão do tambor. Se girarmos o
tambor até que o primeiro traço coincida com o do nônio, a leitura da medida será 0,0001", o
segundo 0,0002", o quinto 0,0005”.
12.2. FUNCIONAMENTO
A ponta apalpadora fica em contato com a peça. A diferença de medida da peça provoca um
deslocamento retilíneo da ponta, transmitido por um sistema de amplificação ao ponteiro do
relógio. A posição do ponteiro no mostrador indica a leitura da medida. A exatidão do
instrumento baseia-se no sistema de amplificação, geralmente usado por meio de
engrenagens, alavancas ou sistema misto.
12.3. RECOMENDAÇÕES
Uma mola mantém a ponta apalpadora em contato permanente com a peça, a uma pressão
de 50 a 100g.
Para medidas de distâncias entre furos e rasgos, existem relógios especiais com pontas
longas e reversíveis, ajustáveis a vários ângulos.
13. GONIÔMETRO
Em todo tipo de goniômetro, o ângulo reto (90º) apresenta 90 divisões. Daí concluímos que
cada divisão equivale a 1º (um grau). Na figura abaixo, observamos a divisão do disco
graduado do goniômetro.
Leem-se os graus inteiros na graduação do disco com o traço zero do nônio. O sentido da
leitura tanto pode ser da direita para a esquerda, como da esquerda para a direita.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 288
Cálculo de Resolução
R = Resolução
e = menor valor do disco graduado = 1º
n = número de divisões do nônio = 12 divisões.
e 1 60'
R R R R 5'
n 12 12
Cada divisão do nônio é menor 5' do que duas divisões do disco graduado.
Se fizermos coincidir o primeiro traço do nônio, a leitura será 0º 5‟; o segundo traço, a leitura
será 0º 10‟ (fig.15); o nono traço, a leitura será 0º 45‟.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 290
ELEMENTOS DE MÁQUINAS.
Parafusos, porcas e arruelas são peças metálicas de vital importância na união e fixação
dos mais diversos elementos de máquina. Por sua importância, a especificação completa de
um parafuso e sua porca englobam os mesmos itens cobertos pelo projeto de um elemento
de máquina, ou seja: material, tratamento térmico, dimensionamento, tolerâncias,
afastamentos e acabamento.
1.1. PARAFUSOS
O parafuso é formado por um corpo cilíndrico roscado e por uma cabeça que pode ser
hexagonal, sextavada, quadrada ou redonda.
Em mecânica, ele é empregado para unir e manter juntas peças de máquinas, geralmente
formando conjuntos com porcas e arruelas. Em geral, os parafusos são fabricados em aço
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 292
A carga total que um parafuso suporta é a soma da tensão inicial, isto é, do aperto e da
carga imposta pelas peças que estão sendo unidas. A carga inicial de aperto é controlada,
estabelecendo-se o torque-limite de aperto. Nesses casos, empregam-se medidores de
torque especiais (torquímetros).
Nos casos onde não há espaço para acomodar uma porca, esta pode ser substituída por um
furo com rosca em uma das peças. A união dá-se através da passagem do parafuso por um
furo passante na primeira peça e rosqueamento no furo com rosca da segunda peça.
Às vezes, a união entre as peças é feita com o auxílio de porcas e arruelas. Nesse caso, o
parafuso com porca é chamado passante.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 294
Os parafusos Allen são utilizados sem porcas e suas cabeças são encaixadas num rebaixo
na peça fixada, para melhor acabamento. E também por necessidade de redução de espaço
entre peças com movimento relativo.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 296
Os parafusos de fundação farpados ou dentados são feitos de aço ou ferro e são utilizados
para prender máquinas ou equipamentos ao concreto ou à alvenaria. Têm a cabeça
trapezoidal delgada e áspera que, envolvida pelo concreto, assegura uma excelente fixação.
Seu corpo é arredondado e com dentes, os quais têm a função de melhorar a aderência do
parafuso ao concreto.
Parafuso Farpado
Parafuso Dentado
O parafuso auto atarraxante tem rosca de passo largo em um corpo cônico e é fabricado em
aço temperado. Pode ter ponta ou não e, às vezes, possui entalhes longitudinais com a
função de cortar a rosca à maneira de uma tarraxa. As cabeças têm formato redondo, em
latão ou chanfradas e apresentam fendas simples ou em cruz (tipo Phillips). Esse tipo de
parafuso elimina a necessidade de um furo roscado ou de uma porca, pois corta a rosca no
material a que é preso. Sua utilização principal é na montagem de peças feitas de folhas de
metal de pequena espessura, peças fundidas macias e plásticas.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 297
Parafusos para pequenas montagens apresentam vários tipos de roscas e cabeças e são
utilizados para metal, madeira e plásticos.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 298
1.5. PORCAS
Porcas são peças de forma prismática ou cilíndrica, providas de um furo roscado onde são
atarraxadas ao parafuso. São hexagonais, sextavadas, quadradas ou redondas e servem
para dar aperto nas uniões de peças ou, em alguns casos, para auxiliar na regulagem.
A porca castelo é uma porca hexagonal com seis entalhes radiais, coincidentes dois a dois,
que se alinham com um furo no parafuso, de modo que um contra pino possa ser passada
para travar a porca.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 299
Nesse tipo de porca, uma das extremidades do furo rosqueado é encoberta, ocultando a
ponta do parafuso.
A porca cega pode ser feita de aço ou latão, é geralmente cromada e possibilita um
acabamento de boa aparência.
A porca borboleta tem saliências parecidas com asas para proporcionar o aperto manual.
Geralmente fabricada em aço ou latão, esse tipo de porca é empregado quando a
montagem e a desmontagem das peças são necessárias e frequentes.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 300
1.6.4. CONTRAPORCAS
1.7. ARRUELAS
São peças cilíndricas, de pouca espessura, com um furo no centro, pelo qual passa o corpo
do parafuso. As arruelas servem basicamente para:
A maioria das arruelas é fabricada em aço, mas o latão também é empregado; neste caso,
são utilizadas com porcas e parafusos de latão. As arruelas de cobre, alumínio, fibra e couro
são extensivamente usadas na vedação de fluidos.
A arruela de pressão consiste em uma ou mais espiras de mola helicoidal, feita de aço de
mola de seção retangular. Quando a porca é apertada, a arruela se comprime, gerando uma
grande força de atrito entre a porca e a superfície. Essa força é auxiliada por pontas
aguçadas na arruela que penetram nas superfícies, proporcionando uma travamento
positivo.
1.9. ROSCAS
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 303
Rosca é uma saliência de perfil constante, helicoidal, que se desenvolve de forma uniforme,
externa ou internamente, ao redor de uma superfície cilíndrica ou cônica. Essa saliência é
denominada filete.
P
Ângulo da Hélice tg
D2
P( passo) tg D2
Quanto maior for o ângulo da hélice, menor será a força de atrito atuando entre a porca e o
parafuso, e isto é comprovado através do paralelogramo de forças. Portanto, deve-se ter
critério na aplicação do passo da rosca.
Parafusos com tais roscas são comumente feitos de aços-liga e tratados termicamente.
Observação: Devem-se evitar roscas finas em materiais quebradiços.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 305
Possui passo longo e por isso transforma o movimento giratório num deslocamento
longitudinal bem maior que as anteriormente citadas. É empregada normalmente em
máquinas (tornos, prensas, morsa, etc.) ou quando as montagens e desmontagens são
frequentes.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 306
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 307
O material do furo roscado deve ser diferente do aço para evitar a solda a frio
(engripamento). Também é desaconselhável sua montagem onde as vibrações e os
choques são frequentes. Quando se deseja um grande deslocamento com filetes de pouca
espessura, emprega-se a rosca múltipla, isto é, com dois filetes ou mais.
1.9.6. TRIANGULAR
1.9.7. TRAPEZOIDAL
1.9.8. REDONDO
1.9.10. QUADRADO
À ESQUERDA
Quando, ao avançar, gira em sentido contrário ao dos
ponteiros do relógio (sentido de aperto à esquerda).
À DIREITA
Quando, ao avançar, gira no sentido dos ponteiros do relógio
(sentido de aperto à direita).
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 310
2. REBITES
Cabeça cilíndrica
Para que você conheça um pouco esses rebites com denominações especiais,
apresentamos ilustrações de alguns deles.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 315
rebites de tubo
rebite explosivo
rebite de semi-tubo
rebites distanciadores
D = Aba abaulada
K = Aba escareada
= Diâmetro do rebite
H = Diâmetro da aba
H = Altura da aba
F = Altura da aba escareada
L = Comprimento do rebite
Vamos supor que você precise unir peças para fazer uma montagem com barras de
metal ou outro tipo de peça. Se essa união for do tipo de fixação permanente, você
vai usar rebites.
Para adquirir os rebites adequados ao seu trabalho, é necessário que você
conheça suas especificações, ou seja:
O comprimento útil do rebite corresponde à parte do corpo que vai formar a união. A
parte que vai ficar fora da união é chamada sobra necessária e vai ser usada para
formar a outra cabeça do rebite. No caso de rebite com cabeça escareada, a altura
da cabeça do rebite também faz parte do seu comprimento útil. O símbolo usado
para indicar comprimento útil é L e o símbolo para indicar a sobra necessária é z.
Na especificação do rebite é importante você saber qual será o seu comprimento útil
(L) e a sobra necessária (z). Nesse caso, é preciso levar em conta:
Diâmetro do rebite;
Tipo de cabeça a ser formado;
Modo como vai ser fixado o rebite: a frio ou a quente.
As figuras mostram o excesso de material (z) necessário para se formar a segunda
cabeça do rebite em função dos formatos da cabeça, do comprimento útil (L) e do
diâmetro do rebite (d).
Para solicitar ou comprar rebites você deverá indicar todas as especificações. Por
exemplo:
Material do rebite: rebite de aço 1.006 - 1.010;
Tipo de cabeça: redondo;
1 3
Diâmetro do corpo x : de comprimento útil.
4 4
3 1
Rebite de alumínio, cabeça chata, de x
32 2
3. MOLAS
ARMAZENAMENTO DE ENERGIA
AMORTECIMENTO DE CHOQUES
DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS
http://www.melhorcolchao.com.br/conteudo/colchao-de-mola-ou-colchao-
espuma
LIMITAÇÃO DE VAZÃO
Fonte:
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 320
http://www.bosch.com.br/br/autopecas/produtos/injecao/regulador_pressao.as
p&docid=teIVIPtyfpskKM&imgurl
Fonte:http://oficinabrasilvirtual.blogspot.com/2010/11/elementos-de-maquinas-
04-cames
Os diversos tipos de molas podem ser classificados quanto à sua forma geométrica
ou segundo o modo como resistem aos esforços.Quanto à forma geométrica, as
molas podem ser helicoidais (forma de hélice) ou planas.
FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA MECÂNICA 321
MOLAS HELICOIDAIS
MOLAS PLANAS
4. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA