Foca No Resumo Tutela Provisoria NCPC PDF
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PROCESSO CIVIL
Curso de Direito Processual Civil de Fredie Didier (2016)
TUTELA DEFINITIVA
- A tutela definitiva é aquela obtida com base em cognição exauriente, com profundo debate acerca
do objeto da decisão, garantindo-se o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa. Pode
ser satisfativa ou cautelar.
TUTELA DEFINITIVA
SATISFATIVA CAUTELAR
Visa certificar e/ou efetivar o direito Visa assegurar a futura satisfação do direito, protegendo-o.
material. Satisfaz o direito material Duas características peculiares:
com a entrega do bem almejado. É a a) Referibilidade: a tutela cautelar sempre refere-se a outro
tutela-padrão. direito, o direito a ser preservado.
b) Temporariedade: a tutela cautelar dura o tempo necessário
para a preservação a que se propõe.
TUTELA PROVISÓRIA
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- Atenção: com a tutela provisória satisfativa (ou “tutela antecipada”), não se antecipa a própria tutela,
mas sim os efeitos práticos dela provenientes.
- Pode-se concluir que para pedir uma tutela provisória satisfativa, é preciso demonstrar a urgência
(art. 300) ou evidência (art. 311), ou ambas, mas a tutela provisória cautelar só pode ser pleiteada em
situações de urgência. Não existe tutela provisória cautelar de evidência. É necessário memorizar:
CAUTELAR = URGÊNCIA!
- Pode-se pleitear a tutela provisória cautelar demonstrando, além da urgência (art. 300), a existência
de uma hipótese da tutela de evidência (art. 311). Ótimo para quem demanda. Contudo, não é possível
pleitear a tutela provisória cautelar com fundamento apenas na evidência (art. 311).
FORMAS DE REQUERIMENTO
ANTECEDENTE INCIDENTAL
É anterior à formulação do pedido de tutela É requerida dentro do processo em que se pede ou
definitiva. já se pediu a tutela definitiva.
Apenas a tutela de URGÊNCIA*. Tutela de URGÊNCIA ou de EVIDÊNCIA*.
Será requerida ao juízo competente para conhecer Será requerida ao juízo da causa (art. 299).
do pedido principal (art. 299).
- Independe do pagamento de custas (art. 295).
Só pode ser requerida na petição inicial, Pode ser requerida e concedida a qualquer
liminarmente**. Todavia, nem sempre será momento, do início ao fim do processo.
concedida liminarmente, pois pode haver
designação de justificação prévia (art. 300, §2º).
Rito próprio (arts. 303 a 305). Não há rito próprio estabelecido. Formulado o
pedido, o juiz deve analisar se é o caso de concessão
liminar da medida. Se entender que não, deverá
fixar prazo para o requerido contestar. Na ausência
de prazo judicial, vale o prazo supletivo de 5 dias.
Em regra, não é necessária a instauração de um
incidente para a instrução acerca do pedido.
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- Na ação de competência originária de tribunal e nos recursos a tutela provisória será requerida ao
órgão jurisdicional competente para apreciar o mérito (art. 299, parágrafo único).
* Outra conclusão importante: só a tutela provisória de urgência pode ser requerida em caráter
antecedente. A tutela provisória de evidência é sempre incidental. Memorizar: EVIDÊNCIA =
INCIDENTAL!
** Embora muitas pessoas confundam os conceitos (liminar x tutela antecipada), o termo “liminar”
distingue-se apenas pelo momento: provimento que se emite inaudita altera parte, antes de qualquer
manifestação do demandado e até mesmo antes de sua citação.
*Súmula 735 do STF: NÃO CABE RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONTRA ACÓRDÃO QUE DEFERE
MEDIDA LIMINAR.
- Vale lembrar que uma das características da tutela provisória é a precariedade: ela conserva sua
eficácia na pendência do processo, mas PODE, A QUALQUER TEMPO, SER REVOGADA OU
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MODIFICADA (art. 296). Contudo, como a medida é concedida rebus sic stantibus, a revogação ou
modificação depende de alteração no estado de fato.
- A revogação tem eficácia ex tunc e restabelece o estado anterior.
- Salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a eficácia durante o período de
suspensão do processo (art. 296, parágrafo único).
- Quanto à forma de efetivação da tutela provisória, devem ser observados os arts. 297 e 301, cláusulas
gerais processuais que concedem ao juiz um PODER GERAL DE CAUTELA:
Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da
tutela provisória.
Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao
cumprimento provisório da sentença, no que couber.
Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto,
sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer
outra medida idônea para asseguração do direito.
- Os dispositivos remetem ao regime da execução provisória (arts. 520 a 522). Contudo, há algumas
peculiaridades:
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- Em respeito à regra da congruência, É VEDADA A TUTELA PROVISÓRIA EX OFFICIO (a tutela deve ser
“requerida” – art. 295). Contudo, há casos em que o pedido é implícito. Ex.: o pedido de alimentos
provisórios em ação de alimentos.
- Quanto à reversibilidade da tutela, Didier pondera: essa exigência legal deve ser lida com
temperamentos, pois, se levada às últimas consequências, pode conduzir à inutilização da tutela
provisória satisfativa (antecipada). Isso porque, em muitos casos, mesmo sendo irreversível a tutela
provisória satisfativa – ex.: cirurgia em paciente terminal, despoluição de águas fluviais etc - , o seu
deferimento é essencial para que se evite um “mal maior” para a parte/requerente. Em tais
situações, cabe ao juiz ponderar os valores em jogo, dando proteção àquele que, no caso concreto,
tenha maior relevo.
- Embora o CPC institua regimes diferenciados para a concessão das tutelas de urgência satisfativa
(“antecipada”) e cautelar, há FUNGIBILIDADE entre elas (art. 305, parágrafo único). A fungibilidade é
de mão dupla: cautelar pode se transformar em satisfativa e satisfativa pode se transformar em
cautelar, desde que haja a conversão do procedimento.
- A diferença dos procedimentos está na previsão de estabilização da tutela provisória antecedente,
apenas aplicável à tutela satisfativa.
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TUTELA DE URGÊNCIA SATISFATIVA EM CARÁTER ANTECEDENTE
Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da decisão
que a conceder não for interposto o respectivo recurso.
§1º No caso previsto no caput, o processo será extinto.
§2º Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou
invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput.
§3º A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada
por decisão de mérito proferida na ação de que trata o §2º.
§4º Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi concedida
a medida, para instruir a petição inicial da ação a que se refere o §2º, prevento o juízo em que
a tutela antecipada foi concedida.
§5º O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no §2º deste artigo,
extingue-se após 2 anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos
do §1º.
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§6º A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos
efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação
ajuizada por uma das partes, nos termos do §2º deste artigo.
- Mesmo diante da ausência destes pressupostos, as partes podem celebrar entre si negócio jurídico
(art. 190) antes ou durante o processo, versando sobre a possibilidade de estabilização de outro modo.
- Estabilizada a decisão, qualquer uma das partes poderá propor ação autônoma para revisar,
reformar ou invalidar essa decisão no prazo de 2 ANOS a partir da ciência da decisão que extinguiu
o processo.
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TUTELA DE URGÊNCIA CAUTELAR EM CARÁTER ANTECEDENTE
Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter
antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva
assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada,
o juiz observará o disposto no art. 303.
Art. 306. O réu será citado para, no prazo de 5 dias, contestar o pedido e indicar as provas que
pretende produzir.
Art. 307. Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos
pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro de 5 dias.
Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo legal, observar-se-á o procedimento comum.
Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no
prazo de 30 dias, caso em que será apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido
de tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas processuais.
§1º O pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o pedido de tutela cautelar.
§2º A causa de pedir poderá ser aditada no momento de formulação do pedido principal.
§3º Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para a audiência de conciliação
ou de mediação, na forma do art. 334, por seus advogados ou pessoalmente, sem necessidade
de nova citação do réu.
§4º Não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art.
335.
Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule o pedido
principal, nem influi no julgamento desse, salvo se o motivo do indeferimento for o
reconhecimento de decadência ou de prescrição.
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TUTELA PROVISÓRIA DE EVIDÊNCIA
- A antecipação provisória dos efeitos da tutela SATISFATIVA pode se fundar na evidência, desde que
conjugados dois pressupostos: PROVA DAS ALEGAÇÕES DE FATO e PROBABILIDADE DE
ACOLHIMENTO DA PRETENSÃO PROCESSUAL. Dispensa-se a demonstração de urgência ou perigo.
- Não existe tutela provisória cautelar de evidência. É sempre satisfativa.
- É sempre requerida de modo INCIDENTAL.
- Há tutela provisória de evidência em alguns procedimentos especiais. Ex.: ação possessória (art. 562),
embargos de terceiro (art. 678) e ação monitória (art. 700). Aqui, será tratada a tutela provisória de
evidência aplicável à generalidade dos direitos.
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TUTELA PROVISÓRIA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
- Para Didier, parece não haver mais discussão sobre a possibilidade de tutela provisória em face do
Poder Público. As vedações dizem respeito à tutela provisória contra o Poder Público que tenha como
objeto:
a) “A reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a
extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza” (art. 7º, §2º da Lei 12.016/09).
b) Medida “que esgote, no todo ou em qualquer parte, o objeto da ação” (art. 1º, §3º da Lei
8.437/92);
c) A impugnação, em primeira instância, de ato de autoridade sujeita, na via de mandado de
segurança, à competência originária do tribunal – ressalvados a ação popular e a ação civil
pública (art. 1º, §1º e 2º da Lei 8.437/92).
- A EC 62/2009 conferiu nova redação ao §5º do art. 100 e trouxe a exigência de trânsito em julgado
para a expedição de precatório (“é obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito
público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em
julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento
até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente”). Para Didier,
a EC 62/09 é inconstitucional: essa imposição de formação de coisa julgada foi inserida por EC que
afronta, diretamente, o direito fundamental à tutela preventiva (contra ameaça de lesão a direito) e
efetiva – este último, corolário que é do devido processo legal, do direito a um processo sem dilações
indevidas e do próprio direito de acesso à justiça -, bem como o direito à igualdade. Afronta normas
fundamentais, constitucionais, pretéritas e impositivas.
- Didier acrescenta que o STJ tem admitido o cumprimento de tutela provisória de urgência contra a
Fazenda para o pagamento de quantia, independentemente de precatório, por ser ele incompatível
com a tutela de urgência.
- Quanto à obrigação de fazer, não fazer e dar coisa, não há maiores restrições. Didier faz algumas
observações:
a) Não é possível a concessão de tutela provisória em ação possessória (que muitas vezes
objetiva a entrega de coisa) contra o Poder Público sem a sua prévia oitiva (art. 562,
parágrafo único).
b) O art. 1º da Lei 2.770/56 veda a concessão de tutela provisória, em qualquer situação, nas
ações que se referem à liberação de bens, mercadorias ou coisas de procedência estrangeira.
- O art. 1º, §5º da Lei 8.437/92, o art. 7º, §2º da Lei 12.016/09 e o art. 1059 do CPC, todos no mesmo
sentido da súmula 212 do STJ, vedam a tutela provisória nas ações que visem certificação de
compensação tributária (e previdenciária).
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