Vigilancia em Saúde

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

ESCOLA DE MEDICINA- EMED


DEPTO DE MEDICINA DE FAMÍLIA, SAÚDE MENTAL E SAÚDE COLETIVA
(DEMSC)

VIGILÂNCIA EM SAÚDE
(HISTÓRIA, CONCEITOS E APLICAÇÃOES)

AULA 01
Profa. Nádia Ladendorff - 1º Semestre – 2019

nadia.ladendorff@gmail.com
Contextualização histórica: modelos do processo
saúde - doença.
Malária Doenças originavam-se dos
Até final do Século XIX: miasmas: conjunto de odores
Teoria Miasmática fétidos provenientes de matéria
orgânica.

Fim do Século XIX: Agente biológico –


Teoria Microbiana Unicausalidade.

Segunda metade do Interações de fatores de risco:


Século XIX: modelo de individuais, hereditários,
comportamentais, estilos de
explicação multicausal
vida etc.

Década de 70: modelo Aspectos históricos,


de determinação econômicos, sociais,
social em saúde (DSS) ambientais, psicológicos etc.
Medronho et. al., 2008
Modelo de Determinação Social em Saúde


Condições de vida e trabalho dos indivíduos e de grupos da população

Determinantes Sociais em Saúde (DSS) são


fatores econômicos, étnicos/raciais, culturais,
psicológicos, comportamentais entre outros que
influênciam a saúde
Dahlgren & Whitehead, 1991
Determinantes do processo saúde - doença
Contextualização histórica: modelos de assistência
à saúde
•  Segunda metade do Século XIX;
•  Fundamentado na clínica;
MODELO MÉDICO-
•  Enfoque curativo;
ASSISTENCIAL, PRIVATIVISTA
E HOSPITALOCENTRICO •  Centrado na figura do Médico;
•  Pagamento direto X Pagamento indireto

•  Polícia Médica: Alemanha;


•  Movimento Higienista: França;
•  Saúde Pública: Inglaterra;
SANITARISTA, CAMPANHISTA
•  Brasil: controle de epidemias que
ameaçavam o desenvolvimento
econômico do país.

Medronho et. al., 2008


Proposta de novo modelo de atenção à saúde
Repetição dos Desenvolvimento
modelos de "Modelos
Hegemônicos Alternativos"

•  Custo elevado;
•  Vigilância em Saúde
•  Pouca efetividade: transição
•  Educação Popular
epidemiológica;
•  Promoção da Saúde
•  Insatisfação de usuários e
•  Cidades Saudáveis
profissionais;
•  Estratégia de Saúde da Família
•  Crise permanente.

Paim, J. Modelos de Atenção à Saúde no Brasil. In Políticas e Sistema de Saúde no Brasil. Giovanella et. al, 2014.
Proposta de novo modelo de atenção à saúde
Movimentos Sociais

Reforma Sanitária Brasileira

Constituição de 1988

Criação do SUS (Lei orgânica da Saúde, No 8.080/1990)

Universalidade, Equidade e Integralidade

Novas propostas de modelo emergem no campo da Saúde Coletiva

“...entendemos a saúde em seu sentido ampliado, o que pressupõe a determinação social


como base para o conceito do processo saúde-doença e que, portanto, as ações de saúde
não são restritas ao nível individual e curativo, mas abrangem também o coletivo e as
ações integradas que compreendem promoção, prevenção, tratamento e reabilitação”.
Falkenberg MB et al., 2013
Afinal, o que é Vigilância em
Saúde?
Vigilância em Saúde
•  São ações dirigidas à coletividade e ao meio ambiente.

•  Fundamentalmente, ações de promoção da saúde e de


prevenção de doenças e agravos.

•  Podem ser categorizadas em 5 grandes grupos:


1.  Vigilância Epidemiológica
2.  Vigilância Sanitária
3.  Vigilância Ambiental
4.  Vigilância da Saúde do Trabalhador
5.  Promoção da Saúde
1. Vigilância Epidemiológica

Informações para planejamento,


organização e operacionalização das
ações.

Ações de prevenção e controle de doenças


transmissíveis e não transmissíveis
2. Vigilância Sanitária

Regulação e redução de riscos sanitários decorrentes


do consumo de produtos e serviços
4. Vigilância Ambiental

Monitoramento da qualidade da
água, solo e ar
3. Vigilância da Saúde do Trabalhador

Visa à promoção da saúde e a redução da morbimortalidade do


trabalhador.
5. Promoção da Saúde
Ações para melhoria na qualidade de vida
•  Padrões adequados de nutrição
•  Habitação
•  Saneamento
•  Trabalho
•  Educação
•  Ambiente físico limpo
•  Ambiente social
•  Apoio familiar
•  Estilo de vida responsável
Qual a importância da Vigilância em Saúde
para a organização/planejamento dos
serviços e ações em saúde?
Objetivos da Vigilância em saúde
•  Coleta, análise e interpretação, de forma contínua e
sistemática de dados de saúde

•  Planejamento, implementação e avaliação da prática de


saúde pública

•  Disseminação oportuna das informações para aqueles


que necessitam conhêce-las

•  Reduzir incidência e prevalência


•  Retardar aparecimento de complicações e incapacidades
•  Aliviar Gravidade
•  Prolongar a vida com qualidade Thacker & Berdelman, 1988
Passos da Vigilância em saúde
Quais os reflexos da Vigilância em Saúde nas práticas
do cuidado? VIGILÂNCIAS
PROCESSO SAÚDE- Responsabilidades
MODELO EXPLICATIVO DOENÇA CONHECIMENTOS e desafios

Descoberta do micróbio – “agentes etiológicos específicos eram a causa de


doenças específicas”
Epidemiologia de doenças transmissíveis: História Natural da Doença
Estratégias de prevenção: saneamento ambiental, quarentena, controle de
vetores, reservatórios, campanhas de vacinação.
Quais os reflexos da Vigilância em Saúde nas práticas
do cuidado? (Continuação)
VIGILÂNCIAS
PROCESSO SAÚDE- Responsabilidades
MODELO EXPLICATIVO DOENÇA CONHECIMENTOS e desafios

O modelo de CAUSA ÚNICA, não era mais adequado,


resultando um novo conceito e Teoria da Multicausalidade:
Diversos “fatores de risco” ou características individuais,
comportamentais, e “estilos de vida” interagem para a causa
das doenças.
História Natural da doença

1- Prevenção primária: medidas de saúde que evitem o aparecimento de doenças;


2-Prevenção secundária: diagnóstico precoce permitindo tratamento imediato, diminuindo
complicaçãoes e mortalidade;
3- Prevenção terciária: doença já causou dano, resta a prevenção da incapacidade total.

Sistemas de Saúde: origien, componente, dinâmica in Políticas e Sistemas de Saúde no Brasil, Giovanella et. al., 2014
Quais os reflexos da Vigilância em Saúde nas
práticas do cuidado? (Continuação)
VIGILÂNCIAS
PROCESSO SAÚDE- Responsabilidades
MODELO EXPLICATIVO DOENÇA CONHECIMENTOS e desafios
DISTAIS OU
MACRODETERMINANTES

INTERMEDIÁRIOS

INDIVIDUAIS/PRÓXIMAIS: Comportamentos e estilos de vida: tabagismo (18%), baixo consumo


de frutas, legumes e verduras (6%), consumo de álcool (5%) são os principais fatores de risco
morte por câncer em países de baixa e média renda.
INTERMEDIÁRIOS: Influências das redes sociais, comunitárias e de apoio: estudos indicam que
relações sociais favorecem o bem estar psicológico em idosos, associado a taxas de mortalidade.
MACROESTRUTURAS, ECONÔMICA, SOCIAL E CULTURAL: diferentes perfis de doenças
decorrentes de desigualdades sociais e raciais.
Aspectos comuns das vigilâncias
•  São conjuntos de ações ou de atividades;

•  Lidam com riscos ou fatores determinantes e condicionantes de


doenças e agravos;

•  A operacionalização das quatro vigilâncias se referem a territórios


delimitados;

•  Possuem caráter intersetorial;

Intersetorialidade é um dos pilares para a efetividade das ações

•  Devem ser pensadas mais amplamente, no contexto de


desenvolvimento social, levando em consideração a complexidade do
processo saúde-doença;
Quem são os dependente do SUS

A maioria dos brasileiros depende, exclusivamente, do


SUS para ter acesso a ações e serviços de saúde.

E as que pensam não depender do SUS?

Consomem serviços que são produzidos para


garantir condições epidemiológicas, sanitárias e
ambientais saudáveis para toda a população

(Teixeira et. al., 2014)


Quem são os dependente do SUS (continuação)

•  Milhões de brasileiros se beneficiam todos os


dias das ações de Vigilância em Saúde que são
desenvolvidas no SUS, com sucessos
reconhecidos nacional e internacionalmente:
ü Programa Nacional de Imunização (PNI): Poliomielite,
Sarampo;
ü Controle de HIV/Aids;

ü Controle de Doenças Crônicas como Hipertensão e Diabetes

(Barreto et. Al, 2011 e Schimidt et. Al., 2011)


Iniquidades sociais da saúde
Distinguindo conceitos:

ü  Desigualdades: diferenças sistemáticas na situação de


saúde de grupos populacionais

ü  Iniquidades: as desigualdades na saúde evitáveis,


injustas e desnecessárias (Whitehead)

ü  Determinantes sociais de saúde: são as condições


sociais responsáveis pelas iniquidades
Problemas enfrentados na vigilância em saúde
•  Em grande parte dos municípios, não existe separação de
funções e de equipes para o trabalho nas vigilâncias;
•  Geralmente não se realiza todo o escopo de ações das
vigilâncias que poderiam caber a essa esfera de governo;
•  Escassez de profissionais qualificados disponíveis nas
localidades;
•  Início tardio da descentralização das ações de vigilância,
quando comparado com as de assistência;
•  Desigualdade regional: infra estrutura; recursos; etc.
TAREFA COMPLEXA!!!
Desafios para vigilância em saúde
•  Crise econômica e política:
•  Acirramento das desigualdades sociais;
•  Redução ao acesso da população aos serviços públicos de
saúde e no estímulo ao mercado dos planos privados de
saúde;
•  Doenças crônicas , violências e acidentes;
•  Acesso a saneamento básico;
•  Poluição, mau uso da água e do solo, redução das matas,
ocupação desordenada (impacto ambiental);
•  Dengue, zika, chikungunya, febre amarela;
•  Tentativa de desregulamentação do uso de agrotóxicos.
Práticas de educação em saúde e retorno das
informações de saúde à população

Fonte: arquivo pessoal, Guiné Equatorial, 2013 e Guiné Bissau,


2017
Bibliografia
Políticas e Sistema de Saúde no Brasil. Giovanella L, Escorel S, Lobato LVC,
Noronha JC, Carvalho aI, organizadores. 2aEd. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2014.

Tratado de Saúde Coletiva. Campos GWS, Minayo, CS;, Akerman, M, Júnior, MD,
Cde Carvalho, YM, organizadores. 2ª Ed. Editora Hucitec/FIOCRUZ, 2015.

Epidemiologia. Medronho, R, Bloch, KK, Werneck, G. 2ª edição, Editora Atheneu,


2008.

TEIXEIRA, C. F., PAIM, J. S. & VILASBOAS, A. L. SUS: Modelos assistenciais e


vigilância da saúde. Informe Epidemiológico do SUS, VII(2): 7-28, 1998. http://
scielo.iec.pa.gov.br/pdf/iesus/v7n2/v7n2a02.pdf

Lei No 8.080 de 19 de setembro de 1990. Disponível em


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm.
Muito obrigada!

Nádia
nadia.ladendorff@gmail.com

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