0 Vento Sopra Onde Quer - Lewy Pethrus (Batismo Com o Espírito Santo) CPAD PDF

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O
CBO
PUBlCAÇÔfS
QUE EDfICAM
Todos os Direitos Reservados. Copyright (Õ) 1982 para a língua
portuguesa da Casa Publicadora das Assembléias de Deus.

Título do original em sueco:


V IN D EN B L A SE R V A R T D E N VILL
Tradução de Ivar Vingren

CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte.
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.
Pethrus, Lewy, 1884-1974.
P578v 0 Vento sopra onde quer / Lewy Pethrus ;
tradução de Ivar Vingren. - Rio de Janeiro :
Casa Publicadora das Assembléias de Deus,
1982.
Tradução de: Vinden Blaser Vart Den Vill.
1. Batismo com o Espírito Santo I. Título.

CDD - 234.12
82-0541 CDU - 265.1

Código para Pedidos: DT-207


Casa Publicadora das Assembléias de Deus
Caixa Postal, 331
20001 Çio de Janeiro, RJ, Brasil

5.000/1982
5.000/1984 - 2? Edição
3* Edição/l 994
índice
1. 0 batismo com o Espírito Santo - um a pro­
messa para hoje................................................. 7
2. Uma necessidade para o nosso tem po.......... 19
3. Como posso receber o batismo com o Espí­
rito S a n to ............................................................ 31
4. A im portância do batismo com o Espírito
S a n to ............................................... ................... 47
5. A influência do Espírito Santo nos nossos
sentim entos........................................................ 59
6. O uso correto dos dons espirituais................. 73
7. Os ministérios espirituais................................ 89
ABREVIATURAS
USADAS NESTE LIVRO
VELHO TESTA M EN TO
Gn - Gênesis Ec - Eclesiastes
Êx - Êxodo Ct - Cantares
Lv - Levitico Is - Isaias
Nm - Números J r - Jerem ias
Dt -Deuteronômio Lm - Lamentações de Jeremias
Js - Josué Ez - Ezequiel
Jz - Juizes Dn - Daniel
Rt - Rute Os - üséias
1 Sm - 1 Samuel J í - Joel
2 Sm - 2 Samuel Am - Amós
1 Rs - 1 Reis Ob - Obadias
2 Rs - 2 Reis Jn - Jonas
1 Cr - 1 Crônicas Mq - Miquéias
2 Cr - 2 Crônicas Na - Naum
Ed - Esdras Hc - Habacuque
Ne - Neemias Sf - Sofonias
E t - Ester Ag - Ageu
Jó - Jó Zc - Zacarias
SI - Salmos Ml - M alaquias
Pv - Provérbios

NOVO TESTA M EN TO
Mt - M ateus 1 Tm - 1 Timóteo
Mc - Marcos 2 Tm - 2 Timóteo
Lc - Lucas T t - Tito
Jo - João Fm - Filemon
At - Atos Hb - Hebreus
Rm - Romanos Tg - Tiago
1 Co - 1 Coríntios 1 Pe - 1 Pedro
2 Co - 2 Coríntios 2 Pe - 2 Pedro
G1 - G álatas 1 Jo - 1 Joâo
Ef - Efésios 2 J o - 2 Joâo
Fp - Filipenses 3 J o - 3 João
Cl - Colossenses Jd - Judas
1 Ts - 1 Tessalonicenses Ap - Apocalipse
2 Ts - 2 Tessalonicenses
1
O batismo com o
Espirito Santo - uma
promessa para hoje
1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

“ Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém,


ouvindo que Sam aria recebera a Palavra de Deus,
enviaram para lá Pedro e João, os quais, tendo des­
cido, oraram por eles para que recebessem o Espíri­
to Santo. (Porque sobre nenhum deles tinha ainda
descido, mas somente eram batizados em nome do
Senhor Jesus.) Então lhes impuseram as mãos, e
receberam o Espírito Santo” , At 8.14-17.
A leitura do livro de Atos é como um a cam inha­
da num dia de primavera através de um jardim
cheio de vida e de fragrância. Nesse jardim , o pró­
prio ar exala um cheiro de vida, e nele se nota um
progressivo crescimento espiritual. Vêem-se as flo­
res se transformarem em frutos e a colheita desses
frutos já amadurecidos.
7
Quando lemos Atos, recebemos um forte senti­
mento de vida e de esperança, diante do m aravilho­
so, profundo, glorioso e vivo despertam ento que
descreve. Esse avivamento espalha-se de Jerusa­
lém às diferentes províncias e depois a todo o m an ­
do.
Vemos que a Igreja de Deus não está condenada
à sequidão, à impotência, à preguiça, mas está
num a posição certa diante de Deus; ela pode viver
num a gloriosa e linda situação de despertam ento,
onde a vida de Deus nasce e a vida espiritual se de­
senvolve. Há um a coisa especial que se nota no li­
vro de Atos - é o grande lugar que o Espírito Santo
tem no trabalho cristão. Talvez alguém tenha ouvi­
do falar do jardineiro que nunca estava satisfeito,
até que obteve permissão de resolver ele mesmo
sobre o tempo. Tratou de aproveitar toda a classe
de tem po e de tem peratura que achava que necessi­
tava no seu jardim , mas esqueceu um a coisa, que só
descobriu já tarde demais: Tinha esquecido o ven­
to.
Deus porém, não se esqueceu do vento em rela­
ção à sua Igreja. Quando lemos Atos e vemos o pro­
gresso da obra de Deus onde o Evangelho foi anun­
ciado, sentimos o glorioso vento do Espírito Santo,
que move as flores e as folhas. Esse vento, põe tudo
em movimento e executa a sua gloriosa obra entre
os homens. Quando Jesus falou com Nicodemos,
disse: “ O vento assopra onde quer, e ouves a sua
voz, m as não sabes de onde vem, nem para onde
vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” .
E sta gloriosa vida espiritual na prim eira Igreja
Cristã era regulada e dirigida por este poder invisí­
vel - a terceira pessoa da Trindade, que Jesus m es­
8
mo chamou de Espírito Santo. Meus irmãos, eu te ­
nho esta visão otim ista sobre a obra cristã. Se nós,
como crentes, vivermos num a posição certa diante
de Deus, então podemos estar nesta atmosfera m a­
ravilhosa de despertam ento, e ver tam bém como a
Igreja de Deus cresce sempre e dá fruto. Mas o que
é necessário é que o Espírito Santo tenha o seu lu­
gar certo.
Se perguntarm os a um botânico, ele nos dirá a
maravilhosa missão que cumpre o vento, no am a­
durecimento das frutas no pomar. Se falta vento,
faltará tam bém fertilidade. Creio que é por causa
disso que m uitas igrejas permanecem anos e anos
sem frutos. As árvores florescem, m as quando vem
o tempo das frutas, causa-nos admiração, porque
quando florescem não produzem frutos. Se o vento
do Espírito Santo não tem seu lugar na Igreja de
Deus, o resultado em fertilidade será nulo. Mas o
Senhor tem aberto os olhos de muitos para com­
preender a im portância do Espírito Santo. Como
era grande o valor do Consolador no tem po da Igre­
ja Primitiva! Isto nos mostra tam bém a im portân­
cia que o Espírito Santo tem no trabalho espiritual
no nosso tem po. Porque nós estamos debaixo das
mesmas condições e situações que a Igreja P rim iti­
va. Assim podemos ver que o cristianismo normal
inclui tam bém o batismo com o Espírito Santo.
1.1. O batismo com o Espírito Santo para um
despertamento constante
Quando os apóstolos em Jerusalém ouviram que
Sam aria havia recebido a Palavra de Deus, envia­
ram para lá Pedro e João, e a missão especial destes
foi ajudar os que tinham crido no Senhor Jesus, a
fim de que recebessem o batism o com o Espírito
9
Santo. Este é um relato m uito interessante na his­
tória da Igreja Prim itiva. Podemos perguntar se
não ficaram satisfeitos os apóstolos em Jerusalém
quando ouviram sobre a obra maravilhosa em Sa-
m aria. E stá escrito que os sam aritanos haviam pri­
m eiram ente recebido a Palavra de Deus e seu m a­
ravilhoso poder criativo. A experiência deles foi tão
profunda, que Filipe ousou batizá-los em água. (E
no tem po apostólico não se batizava ninguém que
não tivesse crido.) Filipe compreendeu que os que
creram no Evangelho que ele pregara em Sam aria
tinham recebido a nova vida por meio da fé. Foram
batizados nas águas e tom aram a decisão de sair do
mundo, o que nesse tem po significava que a pessoa
decidia pertencer inteiram ente a Cristo. Foi um
despertam ento maravilhoso.

2. UMA NECESSIDADE PARA OS CRENTES


ATUAIS

O poder de Deus operou de tal m aneira, que os


enfermos eram curados e os endemoninhados liber­
tos. Não foi um despertam ento fraco, pobre e sem
expressão, mas verdadeiro e glorioso. E quem diri­
gia este avivamento e esta obra era Filipe - um ho­
mem batizado com o Espírito Santo. Ele foi um d a­
queles que em Jerusalém haviam sido escolhidos
para diáconos, e se diz a respeito deles que deviam
ser homens cheios do Espírito Santo. Parece que os
irmãos em Jerusalém estavam satisfeitos com o
despertam ento em Sam aria. Teriam dito uns aos
outros: “ Agora irmãos, estamos alegres e satisfei­
tos. Louvemos ao Senhor pela obra gloriosa realiza­
da em Samaria, onde muitos têm sido salvos, batiza­
dos nas águas e pertencem à igreja. Agora temos
10
outra congregação lá” . M as o que está escrito é que
enviaram outros dois homens de Jerusalém a Sa­
maria para continuarem com a obra maravilhosa
que Filipe tinha começado. Deviam proceder de tal
m aneira que os recém-convertidos fossem batiza­
dos com o Espírito Santo. E ao chegarem oraram
por eles para que recebessem a promessa.
Isto é algo que coloca o cristianismo do nosso
tempo diante de um problema m uito sério. Q uan­
tos há nos nossos dias que dizem que quando um a
pessoa recebe a Cristo, a obra já está completa. E
alguns afirmam: “ Cuidado com aqueles que dizem
que vocês devem seguir adiante! E m uito cuidado
com os que dizem que existe algo que se chama o
batismo com o Espírito Santo!” Isto é mais ou m e­
nos como se Filipe tivesse dito aos irmãos de Jeru ­
salém quando vieram: “Não, meus irmãos, não
quero que vocês se m etam nesta obra. Estes novos
convertidos são tão bons crentes como vocês. T am ­
bém são batizados nas águas. Este homem, por
exemplo, foi liberto dos demônios e salvo. Não é ele
um salvo? E este que estava paralítico por vários
anos e foi curado. Não recebeu ele um glorioso dom
de Deus? Não digam que precisam receber algo
mais, como se não fosse eficaz a salvação que já re­
ceberam!” Assim poderia Filipe ter dito, se fosse
igual a alguns pregadores do nosso tempo.
2.1. 0 batismo com o Espírito Santo - uma bên­
ção normal
Mas Filipe era um homem espiritual. Tinha,
como diz a Escritura, um ministério espiritual,e
parece que tinha um dom diferente do de Pedro e
João. Por que Filipe não podia guiar o povo em Sa­
m aria a um a experiência do Espírito Santo Está
11
bem claro na Bíblia que existem diferentes m inisté­
rios, como evangelistas, pastores, doutores, apósto­
los e profetas. Uma das últim as palavras que Jesus
falou a Pedro antes de subir ao Céu foi esta: “ Si-
mão, filho de Jonas, am as-m e?” Pedro respondeu
cautelosamente por três vezes que o amava, e, em
cada vez que dizia que o amava, Jesus retrucava
que, se o amava, que apascentasse os seus cordei­
ros.
Há uma missão que se denomina de o missão de
pastorear, de tomar conta das ovelhas e dos cordei­
ros. E sta missão a haviam recebido, tanto Pedro
como João. Mas Filipe, não. A missão de Filipe era
levar as almas à experiência de um novo nascim en­
to e, depois, parece que não podia levá-las mais
adiante. E isto compreenderam os irmãos, que o jo­
vem evangelista que tinha ido a Sam aria após a
grande perseguição, não podia ajudar os crentes de
Sam aria para um a experiência completa do Pente-
coste e, por esta razão, enviaram outros dois.
A missão do pastor é a de guiar e cuidar das ove­
lhas e dos cordeiros, levando-os a pastos verdejan-
tes, a um a vida mais rica e mais profunda com
Deus.

3. UMA EXPERIÊNCIA NORMAL CRISTÃ

Pertence, portanto, a um cristianismo normal o


batism o com o Espírito Santo. Por ter sido esta ver­
dade esquecida é que, consciente ou inconsciente­
mente, agora, quando um a pessoa recebe este b a­
tismo e os dons espirituais, pensam que é um a coisa
toda especial. M as não é assim. É somente um a ex­
periência normal cristã, algo que pertence aos pri­

12
meiros rudimentos; é a prim eira bênção da vida
cristã. H á os que, embora sejam crentes por muitos
anos, não tiveram ainda essa experiência, mas cre­
mos que isto é devido a um falso ensino sobre o que
é o batism o com o Espírito Santo. Essa bênção faz
parte da salvação completa. Se tu, irmão, que tens
cr ido em Jesus, ainda não recebeste esse batismo, o
certo é que ele te pertence. Os irmãos de Jerusalém
foram até Sam aria e oraram pelos dali para que re­
cebessem o Espírito Santo. Isto m ostra a im portân­
cia desse batismo para a obra cristã. E se os novos
convertidos não são levados a essa vida gloriosa, o
seu crescimento espiritual pára, a sua vida cristã fi­
ca defeituosa e não será nunca o que devia ser. Por
isso é que o batismo representa muito para a obra
de "Deus.
Estive, um domingo, junto com o pastor Frank
Mangs, num grande culto na cidade de M otala. Ele
falou algumas palavras que desejo mencionar.
Referindo-se ao avivamento que começou em
Oxford, Inglaterra, disse que encontrou um padre
que havia sido muito tocado por esse movimento,
especialmente para levar alm as a Cristo. O irmão
Mangs, em conversa com ele, notou que o padre
não tinha aquele poder que o faria um verdadeiro
ganhador de almas e o ajudaria a prosseguir nessa
árdua tarefa, pelo que lhe disse: “ Meu pensamento
é que vocês estão num perigo de querer dar ao povo
aquilo que vocês mesmos não receberam, isto é, não
têm a experiência que João mencionou: “ Sereis ba­
tizados com o Espírito Santo e com fogo!” Sejam
quais forem os movimentos que aparecerem, deve­
mos nos lem brar de que um despertam ento espiri
tual nunca será o que deve ser, se não contar com a
pregação sobre o batismo com o Espírito Santo.
13
4. UMA VIDA DOMINADA POR DEUS

Há mais de 30 anos Deus tom ou esta verdade do


batismo com o Espírito Santo viva no meu coração.
E já havia experimentado algo disso antes, nas m i­
nhas orações e anelos, mas esqueci. Naquele tem po
em que tive esta gloriosa experiência, eu tinha ape­
nas 18 anos e não compreendia de que se tratava.
Via que era algo de Deus, mas não entendia que era
o que a Bíblia cham a de batism o com o Espírito
Santo. Em 1905, tive um outro encontro com Deus,
e Ele então me mostrou de um a m aneira gloriosa
que, além da bênção do perdão dos pecados e do
novo nascimento, há algo complementar. Então
compreendi que a m inha vida cristã necessitava
desse complemento, do contrário a m inha vida
como crente seria um fracasso: essa vida não estava
sendo o que Deus queria que fosse, ou o que eu m es­
mo desejava. Isto Deus me mostrou por meio de
dois livros que vieram às minhas mãos, e que me
explicaram que havia outras experiências além do
novo nascimento.
Em todo esse tempo, desde o ano 1905, esta ver­
dade tem sido preciosa para mim, e nunca fui te n ­
tado a voltar atrás ou a desistir da certeza que h a ­
via recebido. M as tenho de dizer que esta verdade
nunca tinha sido tão im portante para mim como
nestes últimos tempos. A vontade de Deus para
cada crente é que ele seja batizado com o Espírito
Santo, para poder ser feliz e servir de bênção a ou­
tros. O mistério de servir está na experiência do b a ­
tismo com o Espírito Santo.
Ouvi falar de alguém que afirmou que se usásse­
mos árvores de natal com velas acesas, isto signifi­

14
caria um a grande vitória para a obra de Deus e p a­
ra a salvação de almas. D esta forma se enfatizariam
as tradições e cerimônias que expressam uma boa
intenção ou desejo; diziam que isto nos ajudaria na
nossa situação crítica atual. M as não necessitamos
de cerimônias de organizações. Nada disso ajudará
a hum anidade nestes tem pos de sério decaimento
espiritual. 0 que nos pode ajudar é que o poder
pentecostal tenha lugar predom inante nos nossos
corações e nas nossas vidas, e que este fogo do E spí­
rito esteja ardendo em nós o ano inteiro. Teremos
então um cristianismo que não depende das esta­
ções do ano, um a salvação que dura as vinte e qua­
tro horas do dia e durante o ano todo, sempre ar­
dente. Paulo menciona que devemos encher-nos do
Espírito: E f 5.18. No dia de Pentecoste, foram to­
dos cheios do Espírito Santo. E sta experiência tive­
ram os discípulos como resposta à sua grande ne­
cessidade de poder.
A palavra “ cheios” tem sido mal compreendida,
porque é interpretada no seu sentido natural. F a­
lando que se pode ser mais, ou ser menos cheio do
Espírito Santo, pode-se pensar que o Espírito de
Deus é como um a massa líquida, que pode ser rece­
bida em diferentes quantidades. No entanto, o
Espírito Santo é um a pessoa, e não pode ser m edi­
do por porções. Assim, quando se fala de ser cheio
do Espírito Santo, isso significa simplesmente que a
pessoa que recebe esta experiência passa a ter a sua
vida debaixo do domínio do Espírito Santo. Quer
dizer que o recôndito da sua vida religiosa, da sua
crença, dos seus negócios, do seu intelecto; que a
sua vida privada; que o seu lar, que a sua vida eco­
nômica - enfim, que tudo o que lhe pertence é con­
15
quistado pelo Espírito Santo; que é posto debaixo
do controle, do domínio e do seu poder divino. O
fato de termos a nossa vida assim posta sob o cetro
do Espírito Santo é exatam ente o que a Bíblia clas­
sifica ser cheio do Espirito Santo. E esta é a grande
experiência de que todo cristão necessita.

5. UMA EXPERIÊNCIA SINGULAR

Pouco significam os despertam entos e os movi­


mentos espirituais que se façam quando se descui­
da do batismo com o Espírito Santo como um a ex­
periência definitiva na vida do crente; esses movi­
mentos não alcançam o seu alvo. Não quero dizer
que o Espírito seja o alvo, mas que somente com a
plenitude do Espírito é que se pode chegar a um a
experiência completa de salvação. Alguém pode ser
salvo e nascido de novo, mas lhe está faltando algo,
para que a adoção funcione perfeitam ente, para
que na sua vida terrena possa cum prir a sua m is­
são. Que im portante é então que todos os filhos de
Deus sejam batizados com o Espírito Santo depois
de haverem crido no Senhor Jesus!
Há aqueles que afirmam que um a pessoa que
nasceu de novo tam bém foi concom itantem ente
batizada com o Espírito Santo, pois ninguém pode
nascer de novo sem ter a experiência do Espírito
Santo. M uitos livros têm sido escritos nos quais se
afirma que o novo nascim ento e o batismo com o
Espírito Santo são um a e a mesma coisa. Com isto
querem dizer que ninguém é nascido de novo sem
ter a experiência do Pentecoste, aquela que as pes­
soas na casa de Comélio experim entaram , e ta m ­
bém os discípulos em Éisso, quando Paulo pôs as
mãos sobre eles. Os que não tiveram essa experiên­
16
cia não são, segundo essa opinião, nascidos de no­
vo. Isso é um a afirmação impensada: É impedir o
novo convertido de receber o batism o com o Espíri­
to Santo. Não tenho coragem de pregar tal m ensa­
gem. Seria prejudicar a vida espiritual desses que
não receberam o batism o com o Espírito Santo.
Não tenho coragem de fazer isso. Cremos que aque­
le que é nascido de novo é filho de Deus, e que, se
morrer, irá para o Céu. M as um a coisa é certa: a
sua vida terrena não pode estar no plano de Deus,
pela razão de não estar cheio daquele poder de que
tanto necessita.

17
2
Uma necessidade
para o nosso tempo
1. O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO -
SUSTENTO DA OBRA MISSIONÁRIA

“Ficai, porém, na cidade de Jerusalém , até que


do alto sejais revestidos de poder” , Lc 24.49. Nesta
palavra se menciona o poder que Jesus recomendou
como incentivo à obra missionária no mundo. Esse
é o poder com o qual os discípulos foram revestidos
para que pudessem ser testem unhas do Senhor. Em
Atos capítulo 2 se relata como esse poder veio sobre
os primeiros cristãos. Eles tiveram um a expe­
riência maravilhosa. E depois temos no mesmo li­
vro e nas cartas uma história detalhada sobre como
esse mesmo poder se manifestou em obras glorio­
sas. Esse poder é o batismo com o Espírito Santo.
Existem diferentes opiniões e pensam entos en­
tre os crentes sobre essa questão. Dizem uns que
19
naquele tempo se necessitava desse poder sobrena­
tural, pois, então, o cristianismo estava sendo fun­
dado e deveria fortalecer-se; devia abrir um cam i­
nho e conquistar novas terras. Mas perguntamos: E
nós que vivemos no século XX necessitamos ainda
do batismo com o Espírito Santo? Necessito eu,
como pregador, desse batismo? E tu, irmão,
membro da igreja, precisas do batismo com o Espí­
rito Santo para a luta diária? Precisas o mesmo po­
der de que necessitavam os primeiros crentes? Se
podemos responder com um sim categórico a essas
perguntas, então o problema está resolvido. Então
todas as especulações teológicas são desnecessárias,
pois a verdade é esta: Deus nos dá justam ente o que
precisamos. Se a Igreja de Deus hoje em dia neces­
sita deste maravilhoso poder, então o Eterno tem
tam bém proporcionado a ela esse mesmo poder.
Antes de apresentar os meus argumentos, res­
pondo com confiança: Sim, nós necessitamos. D u­
rante os anos que vivo como cristão e pregador, te ­
nho ficado profundam ente convencido de que se
ninguém mais na terra necessita do batism o com o
Espírito Santo, nós os pentecostais precisamos de­
le. Requer-se de nós este batismo para podermos
atravessar as tentações que em geral os homens
passam. Jesus disse aos discípulos: “ O espírito está
disposto, mas a carne é fraca” . Cada pessoa que
quer como crente está rodeada de inimigos dentro
de si mesma e em seu redor, os quais devem s
vencidos. E aqueles que são sinceros têm de reco­
nhecer que não podemos vencer com o nosso pró­
prio poder. Não é suficiente a experiência do novo
nascimento. E necessário um forte e perm anente
poder. Nenhum cristão poderá ser vencedor sem ser
20
cheio do Espírito Santo. E os que não foram cheios
do Espírito Santo não serão nunca o que Deus quer
que sejam.

2. 0 BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO


REVELA-NOS A GLÓRIA DE CRISTO

Ninguém mais que o Espírito Santo pode ajudar


no problema da nossa salvação. Ele pode ilum inar
o interior do nosso coração e mostrar-nos as nossas
fraquezas. Ele pode revelar-nos o Salvador e o ca­
minho para as fontes da vitória que temos nele. Só
podemos ser crentes fortes quando compreendemos
o que temos em Jesus. Com o poder do Espírito
pode-se assistir a um a conferência e sentir a bênção
recebida por bastante tempo. Com esse poder pode-
se ler um bom livro ou escutar um a boa pregação e
receber m uitas bênçãos. O que nos dá força e poder
perm anente como crentes é a luz que o Espírito
Santo dá para os que crêem em Jesus. Quando o
Espírito Santo vem com a sua luz, então podemos
crer que é posssível receber uma verdadeira salva­
ção. Pelo Espírito, recebemos graça e poder para
separar-nos do mundo. Com esse poder o mundo
presente já não mais nos domina. Se não formos li­
bertos do mundo, a salvação não será viva para nós.
Quando somos batizados com o Espírito Santo, te ­
mos um a visão de Cristo como nunca antes. A sal­
vação fica viva e somos renovados. Estivemos já
junto à Cruz, quando os nossos pecados foram per­
doados. E sta experiência aprofunda-se em nós pelo
batismo com o Espírito Santo: as fontes divinas co­
meçam a m anar de um a m aneira mais rica que an ­
tes.
21
Não é como alguns supõem que, por causa do
batismo com o Espírito Santo, abandonamos as ex­
periências antigas, o que acontece é que com esse
poder elas ficam mais maravilhosas, pois Cristo se
mostra para a alm a mais glorioso. Jesus disse: “ Ele
me glorificará” . É somente desta m aneira que po­
demos ser cristãos vencedores na vida diária. Se
Cristo não é vivificado assim para nós pelo Espírito
Santo, não podemos viver uma vida cristã no m un­
do terrível que nos rodeia. M as o pecado e o mundo
perdem seu domínio sobre nós quando Jesus, por
meio do Espírito, é revelado aos nossos corações.

3. GUARDA-NOS DAS DOUTRINAS ER R Ô N E­


AS

Entre as dificuldades que os cristãos encontram


nestes dias, estão as doutrinas falsas que consti­
tuem um grande perigo. O espírito do engano está
dominando. Jesus, falando dos últimos tempos,
diz: “Acautelai-vos que ninguém vos engane, por­
que muitos virão em meu nome dizendo: “ Eu sou o
Cristo; e enganarão a m uitos” , M t 24.4,5. Paulo
tam bém diz a Timóteo: “M as o Espírito expressa­
m ente diz que nos últimos tempos apostatarão al­
guns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores,
e a doutrinas de demônios” , 1 Tm 4.1. Do mesmo
modo Pedro: “E tam bém entre o povo houve falsos
profetas, como entre vós haverá tam bém falsos
doutores, que introduzirão encobertam ente here­
sias de perdição, e negarão o Senhor que os resga­
tou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição” ,
2 Pe 2.1.
O ponto central de todo este engano é a falsa dou­
trina sobre a pessoa de Jesus. Quando se trata da
22
negação de Cristo, assunto que foi predito no Anti­
go Testam ento, João afirma nas suas cartas que
esta negação é um sinal certo do espírito do Anti-
cristo. Ele nos ensina a combater esse espírito: “ Es­
tas coisas vos escrevi acerca dos que vos enganam.
E a unção, que vós recebestes dele (de Cristo), fica
em vós, e não tendes necessidade de que alguém
vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas
as coisas, e é verdadeira, e não é m entira, como ela
vos ensinou, assim nele permanecereis” , 1 Jo
2.26,27.
Pensemos então como se procede em nosso tem ­
p o r ã o existe um pecado ou tentação que o engano
não trate de desculpar ou esconder. Se um crente
fica desinteressado pela salvação das almas, então
o espírito de engano sussurra no seu ouvido, ou pre­
ga desde um a plataforma, ou fala por algum livro
onde se lê: “Não tem importância o seres indiferen­
tes, pois os homens poderão ser salvos depois da
morte” . Ou talvez diga: “ Se o pecado é castigado
no fogo, isto não é tão terrível, pois ele será aniqui­
lado como a palha que se queim a” .Estes enganos
são como travesseiros de dormir, quando somos
mornos e não ardemos pela salvação das almas: são
bons para a indiferença e o descuido espirituais.
Necessitamos do batismo com o Espírito Santo
para podermos resistir à superfluídade que está pe­
netrando entre os cristãos.

4. O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO - UM


IM PEDIM ENTO AO MUNDANISMO NA
IG REJA

Nestes tempos, os prazeres mundanos nos são


oferecidos de todos os lados, e especialmente a ju ­
23
ventude é atraída. A verdadeira razão dessas te n ta ­
ções é porque o crente já não tem mais um a alegria
verdadeira na sua religião. Num a longa lista sobre
as tentações dos últimos tempos, Paulo menciona
que alguns terão a aparência de piedade, mas nega­
rão a sua eficácia: 2 Tm 3.5. A pessoa não possui
mais aquele poder superabundante da salvação e,
por isso, tam bém já não tem aquela alegria sobre­
natural que tiveram os primeiros cristãos. Por isso
mesmo já não quer maia viver um a vida separada
para Deus, mas deseja voltar ao mundo de onde
viera, para buscar um pouco de alegria dele. Isso é
prova evidente da pobreza do chamado cristianis­
mo dos nossos dias. Por não serem os membros da
igreja levados aos reais tesouros divinos, é que têm
de se divertirem com as bolas de sabão dos prazeres
mundanos. Entra, desta m aneira, entre os crentes
um espírito mundano, que começa a defender a
vida m undana e seus divertimentos.
Cada crente que pensa certo tem de sentir o que
Jesus sentiu quando empunhou um a corda e com
ela lançou fora do templo os que ali vendiam e com­
pravam . Quando os discípulos viram isso, lem bra­
ram-se das palavras do profeta que disse: “ O zelo
pela tua casa me consumiu” . Sutilm ente os espor­
tes vão sendo introduzidos nas igrejas para fu rta­
rem a fé da juventude. Era muito melhor antes,
quando os jovens ajudavam os pais trabalhando no
campo, ou em outros misteres; quando as jovens
ajudavam as mães a lavar a louça, a varrer a casa, e
em outros afazeres domésticos. Naquele tempo os
jovens apreciavam os trabalhos m anuais, o que lhes
distraía sem que tivessem de ser dominados pelo
fanatism o dos esportes, como acontece hoje em dia.
24
Agora se realizam jogos e outros esportes mesmo
dentro de propriedades das igrejas. Em vez de apre­
sentar o Evangelho, que sacia o anelo profundo que
existe nas massas, oferecem-se a eles filmes religio­
sos, esportes etc., e as almas que desejam salvação
nunca entram em contato com a mensagem salva­
dora. 0 cristão responsável sofre por esse estado
dos crentes em geral e, especialmente, pelo dos jo­
vens crentes. À nossa pergunta, as sociedades reli
giosas que praticam tais erros respondem: “Isto é
conosco: vocês nada têm a ver com isso” . Mas te ­
mos de ver com isso: cada cristão tem de ver com is­
so.
Ouvi falar que existe na Alemanha um a lei que
diz que cada um é obrigado a exterm inar toda a
erva daninha que cresce nos jardins e nos campos.
Essa obrigação não é somente do dono do terreno,
mas tam bém do seu vizinho. Essa lei contém um
pensamento que devia ser aproveitado em sentido
espiritual. A erva espiritual daninha existente no
terreno leva a semente maligna às igrejas que que­
rem ser fiéis a Deus. Existem muitos membros de
igrejas, mesmo aqui nesta cidade de Estocolmo,
que dizem que saíram do mundo para serem dife­
rentes do mundo, mas, apesar disso, vão ao cinema,
ao teatro, e a outros divertimentos m undanos, por
acharem isso divertido. Pagam entrada nesses lu­
gares por preços altos, mas na igreja põem na coleta
um a moedinha como oferta a Deus. Alegam que
não têm m ais dinheiro para dar para a obra de
Deus. E, paradoxalm ente, adomam-se com o lindo
nome de cristãos. Um tal cristianismo é dominado
completam ente pelo inimigo e não tem nada a ver
com o espírito cristão. O “cristianism o” que aceita
25
tais coisas é um a erva daninha que não deve ser to­
lerada. Por tudo isso é necessário que sejamos bati
zados com o Espírito Santo, pois necessitamos do
seu poder para resistir a toda a m aldade e m anter a
nossa posição contra tudo o que quer estragar ou
impedir a obra de Deus.

5. O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO É A


FORÇA QUE NOS CAPACITA A RESISTIR
A TRIBULAÇÀO QUE ESTÁ PARA VIR

Vivemos num tempo tão difícil que, realm ente,


precisamos ser batizados com o Espírito Santo,
para podermos ser guardados do mundo. Vivemos
num tem po em que o cristianismo está sendo posto
a prova tam bém exteriormente. As tem pestades, as
perseguições sempre têm limpado a igreja do joio,
mas o trigo tem permanecido. As perseguições, em ­
bora duras, nunca destruíram a fé de um crente
verdadeiro. E stá escrito em Apocalipse que o pátio
do Templo será pisado nos últimos dias pelos gen­
tios e, figurativam ente, isto é o que já está aconte­
cendo com o cristianismo em geral. Por exemplo,
pensamos na Rússia e no seu cristianismo tolerado.
É certo que muitos dirigentes ali já compreendem
que não podem destruir a verdadeira fé em Deus e,
por isso, querem impor um a imitação. Quantos
pretenderam desfazer esta obra viva! Os cristãos
têm ali sofrido nas prisões e dado a vida como m ár­
tires. E existem multidões que têm permanecido
fiéis a Deus no meio de toda essa tribulação. C erta­
mente virá um tem po de prova sobre nós tam bém .
A situação tom a-se cada vez mais apertada. Neces­
sitamos do batismo com o Espírito Santo para po­
dermos resistir à tribulação que está para vir! J. H.
26
Merle D’Aubigné, no seu livro A Reforma na Euro­
pa no Tempo de Calvino, conta m uitas coisas glo­
riosas sobre pessoas que, com m uita paz e alegria,
sofreram as mais terríveis perseguições por causa
da sua fé. Ele fala sobre as perseguições em Paris
nos anos de 1534 e 1535. Relata como o paralítico
Milon, que, diante de seus irados juizes, estava
mais tranqüilo do que quando em casa. No lar,
quando seus familiares o ajudavam a levantar-se,
ele gritava de dor, mas, agora, na prisão, não de­
monstrava nenhum sinal de sofrimento, nem mes­
mo quando o m altratavam de m aneira horrível.
“Um poder desconhecido o fortalecia” , diz D’ Au-
bigné, para que ele pudesse dem onstrar alegria e
tranqüilidade em meio às fortes torturas. E sta san­
ta paciência deu paz aos corações dos seus irmãos
atribulados. “Não se pode im aginar quanto consolo
ele trouxe aos outros” - escreveu-se sobre esse he­
rói. Os condenados passavam por um caminho es­
curo que os levava à morte mais horrenda. Milon
foi na frente de todos, como um a tocha ardente e vi­
va, a mostrar-lhes o caminho e alegrou-lhes a cam i­
nhada. Este paralítico não pôde ser condenado por
haver corrido pela cidade com cartezes evangélicos:
foi condenado por os haver guardado na loja do seu
pai. E a “justiça” foi feita, rápida e cruelmente.
Todos estes crentes sinceros esperavam, por sua
fé, o mesmo castigo: foram vítim as das mesmas in­
justiças, e as suas propriedades foram confiscadas
pelo Estado. Deviam confessar publicam ente seus
“ crimes” , e depois ser queimados vivos nas praças
da cidade.
Três dias depois, no dia 13 de novembro, entrou
um dos guardas num a escura cela, e carregou Mi-
27
lon como se fosse uma criança, e colocou-o num
carro de presos rodeados de soldados, no qual foi le­
vado à praça da Greve. Quando passou pela casa do
seu pai, saudou-a com um sorriso. Ao chegar ao lu­
gar certo, a fogueira já estava preparada. “Abafa o
fogo um pouco” , disse o oficial, “A sentença diz que
ele deve ser queimado em fogo lento” . Foi um a vi­
são terrível para o pobre Milon, mas, mesmo assim,
palavras de paz saíam de sua boca. Ele sabia que a
vida do crente significa crer e padecer, mas achou
que era um a grande graça padecer. Com admiração
e respeito, ouviram a voz do m ártir. Os crentes es-
tavam profundam ente tocados e exclamavam:
“ Como é grande a perseverança desta testem unha
de Jesus!”
A vida com Deus pode dar a um a pessoa forças
para sofrer e resistir às mais difíceis provas, e isto
com alegria, como aconteceu a esses m ártires. Eles
tinham um poder que também pode ser o nosso!
Trememos diante de um a perseguição como essa, e
da crueldade que os antigos m ártires tiveram de so­
frer, mas bem na nossa vizinhança escreve-se nos
nossos dias um a história de mártires, que é tão
sublime e tão cheia de sangue, como o foi a dos
mártires do tempo da Reforma, e a dos do Império Ro­
mano. As antigas histórias de mártires, quando
comparadas, parecem até menos terríveis do que as
dos nossos dias. O cristão que não estiver revestido
do poder do alto, dentro em breve pode até deixar a
comunhão cristã por causa das torm entas de perse­
guição que podem tam bém alcançar os países nór-
dicos, e mesmo o Brasil.
28
6 SEM O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
É DIFÍCIL APROVEITAR TODAS AS OPOR­
TUNIDADES

Nós, os crentes deste tempo, precisamos do ba­


tismo com o Espírito Santo para podermos aprovei­
tar as oportunidades que temos de realizarmos a
obra de Deus, pois o tempo para isso é muito curto.
Jesus disse: “Enquanto é dia, convém fazer as
obras daquele que me enviou: A noite vem quando
ninguém pode trabalhar” . Temos agora na Suécia e
no Brasil oportunidades maravilhosas. Podemos re­
unir-nos quando queremos e quantos quisermos, e
podemos louvar a Deus como desejamos. Que
grande graça Deus nos concede! O sol do dia do tra ­
balho cristão já se está pondo num país após o ou­
tro. Muitos crentes em outras partes querem fazer
alguma coisa para Deus, mas não podem: As leis e
a situação os impedem: “a noite vem quando nin­
guém pode trabalhar” .
Um irmão dos países do Báltico contou um a his­
tória m uito tocante a respeito de certo homem que
era m uito rico. Ele era um crente zeloso e, às vezes,
dava m uito dinheiro para a obra de Deus. Quando
era necessário, ele dava vultosas quantias. Agora, o
nosso informante o encontrou. Aquele que outrora
fora tão rico disse que a única coisa que lhe restava
era um bastão com o punho de prata, que tinha re­
cebido no 50" aniversário. Por causa das circuns­
tâncias políticas, tinha perdido toda a sua fortuna.
Estava vivendo como um homem pobre, sem até o
pão necessário para cada dia, que, às vezes, lhe fal­
tava. Por fim, ele disse: “ Ah! se eu tivesse sido
mais sábio e dado mais para a obra de Deus antes!”
29
Que im portante é que, enquanto temos tempo,
trabalhem os servindo ao Senhor! Quando se tra ta
de cultos, há crentes que dizem: “ Sempre teremos
muito tempo para ir aos cultos” . Talvez venha para
nós tam bém o tempo quando desejaremos dar tudo
para poder reunir-nos com o povo de Deus, e ser
isso impossível! Quanto ao trabalho missionário,
estamos igualm ente nas últimos horas do nosso dia
de trabalho. Por isso tudo, necessitamos estar
cheios do poder do Espírito Santo para que em tudo
cumpramos a vontade de Deus desde agora.

30
3
Como posso receber
o batismo com o
Espírito Santo
1. O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO É
UMA BÊNÇÃO QUE RECEBEM OS DEPOIS
DA SALVAÇÃO
“E eu, em verdade, vos batizo com água, para o
arrependimento; mas aquele que vem após mim é
mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou
digno de levar; ele vos batizará com o Espírito San­
to e com fogo” , M t 3.11. Foi João B atista que m en­
cionou estas palavras. Ele falou de Jesus como
aquele que batizava com o Espírito Santo. João
menciona dois batismos: o batism o nas águas, feito
por ele mesmo, e o batism o com o Espírito Santo,
que somente Jesus podia dar. João explica que J e ­
sus é muito maior do que ele mesmo e, com isso,
quer ensinar que o batism o com o Espírito Santo é
mais glorioso do que o batism o nas águas, pois im ­
porta em um aumento da experiência da salvação.
31
É verdade que o batismo com o Espírito Santo
está situado num plano mais elevado do que o b a ­
tismo nas águas, O novo nascimento é a nossa pri­
meira experiência ao encontrarmos Jesus e lhe con­
fessarmos os nossos pecados. Depois vem o batism o
nas águas,

E isso que João B atista tem em m ente quando


põe os dois batismos um ao lado do outro e os com­
para um com o outro. Ele mostra tam bém que na
salvação há coisas exteriores, as quais nós podemos
fazer; e um a delas é o batismo nas águas. Nós m es­
mos podemos efetuá-lo: podemos batizar uns aos
outros, “mas depois de m im vem aquele que é mais
poderoso do que eu", disse João. Quando fazemos o
que devemos fazer em obediência à Palavra, então
vem aquele que é mais poderoso do que nós: Ele faz
o que nós não podemos fazer: É um a dem onstração
muito gloriosa a de João aqui. M ostra que o b atis­
mo com o Espírito Santo é aquele algo glorioso, pois
nos é dado diretam ente por Jesus. Em m uitas igre­
jas, receber o batism o com o Espírito Santo ainda é
uma novidade. Lembro-me de que quando começa­
mos a falar dessa bênção, os crentes nos escutavam
aturdidos. Mas, graças a Deus, hoje, não é assim
nas igrejas que crêem na promessa.
É im portante conhecer o caminho para essa ex­
periência. M uitos têm de dar m uitas voltas, porque
ninguém lhes ensina sobre isso. E muitos têm de
andar por caminhos difíceis e cheios de problemas,
porque não foram bem instruídos de início. M as
Deus nos instrui claram ente neste assunto. Se ler-
mos a ! alavra com hum ildade, veremos o caminho
certo para esta gloriosa experiência.
32
A prim eira coisa que necessitamos para receber
o batism o com o Espírito Santo é ser salvo e ter um
coração limpo. Em Atos 15.8,9, diz o apóstolo Pe­
dro: “E Deus, que conhece os corações, lhes deu
testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim
como tam bém a nós; e não fez diferença algum a en­
tre eles e nós, purificando os seus corações pela fé” .
Isso disse o apóstolo sobre aqueles que receberam o
batismo com o Espírito Santo na casa de Comélio.
Ele menciona aqui o Espírito Santo como um teste­
munho; ele diz que Deus, que conhece todos os co­
rações, lhes deu testem unho, dando-lhes o Espírito
Santo. Então o batism o com o Espírito Santo foi
um testem unho de Deus para aquelas pessoas da
casa de Comélio. Sobre esse testem unho ele diz que
tinham recebido corações limpos, e que eram filhos
de Deus.

2. O ESPÍRITO SANTO VEM HABITAR NUM


CORAÇÃO PURO

Para aquele que busca experiências espirituais,


é m uito im portante sempre começar com um a lim ­
peza no coração. Isso deve ser o ponto de início na
busca de um a perfeita comunicação com Deus. Isso
é o principal para o aperfeiçoamento da salvação:
ser purificado, ser salvo do pecado. O alvo do tra b a ­
lho de Jesus foi apresentar-nos sem mácula nem ru ­
ga, m as perfeitos diante do Pai celestial.
A pessoa que busca o batism o com o Espírito
Santo deve, portanto, conscientizar-se de que a pri­
meira coisa que necessita é a purificação de todo o
pecado de que tem conhecimento em si mesma. De­
vemos notar que qualquer pecado está alojado no
coração e que é sempre denunciado pela consciên­
33
cia e, quando a consciência denuncia, deve o peca­
do ser tirado, para que Deus opere. O Espírito S an­
to não entra num coração impuro. A impureza im ­
pede, pois, o batism o com o Espírito Santo. É uma
graça divina o ato de Deus não enviar o Espírito
Santo a um coração que não é puro. Seria terrível.
A mim me parece que seria um contrasenso
Deus enviar seu Espírito a um coração que não é
purificado. Onde estaria então a obra de Deus e
onde estaríamos nós? Se isso acontecesse, então
Deus estadia convivendo com o pecado, o que é iló­
gico. Ademais, Deus não aceita o pecado e nunca
dá a aprovação àquilo que não é puro. Ele dá o tes­
temunho do seu Espírito unicam ente onde existe
verdade no fundo do coração.
Tenho notado que, quando um crente chega a
ter absoluta certeza no seu coração de que todos os
seus pecados estão perdoados e que tudo está em
perfeito estado entre ele e Deus, então o Senhor
derrama o Espírito Santo sobre ele. Isso eu tenho
visto m uitas vezes. Foi um jovem que me contou
algo que tam bém prova isso. Ele pertence a um dos
nossos conjuntos musicais e estava tocando num
culto, num domingo de tarde, antes do N atal. T i­
nham de ensaiar depois do culto e ele ficou para o
ensaio. Os seus pais tam bém pertencem à igreja a-
qui. Quando ele chegou em casa à tarde, disse que
tinha estado no ensaio. Seus pais não quiseram a-
creditar, pois os conjuntos não costumavam ter
ensaio depois dos cultos. Ele me disse que seus pais
tinham muito cuidado com ele, e desejavam guar­
dá-lo de todo o mal. Por isso foram um pouco se­
veros por ter ele chegado tarde. Mas o jovem sabia
que falara a verdade, que tinha estado no ensaio e

34
na oração depois do culto. Apesar de seus pais não
haverem crido, ele ficou, mesmo assim, muito ale­
gre e feliz porque falara realmente a verdade. Em
seguida, ficou sozinho, meditando, e Jesus o b ati­
zou com o Espírito Santo. O fato de ele ter sido
falsamente acusado e a certeza de que era inocente,
ajudou-o a receber a bênção de Deus. Glória a Jesus!

3. O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO EX I­


GE UM CORAÇÃO PURIFICADO, MAS NOS
É DADO DE GRAÇA POR DEUS
l enho notado que alguns crentes, quando estão
buscando o batismo com o Espírito Santo, procu­
ram solucionar os casos antigos. Às vezes, têm de
escrever cartas, ou viajar a outros lugares para a r­
rumarem coisas que tinham sido descuidadas.
Quando tudo está bem arrum ado, então recebem a
bênção. Alguém pode pensar erradam ente que Je ­
sus dá o Espírito Santo por merecimento, porque os
que o recebem arrum aram tudo antes. Mas não é
assim. O coração necessita realm ente de estar puri­
ficado, porque só quando o coração está limpo é que
o crente pode buscar o Senhor e confiar nele. Q uan­
do o coração está limpo e Deus vê o desejo profundo
do crente, então batiza-o com o Espírito Santo.
Não nos adianta lutar em oração nem que outros
lutem por nós, se não estamos com o coração limpo.
Mas nem por isso o batismo com o Espírito Santo
é o resultado do nosso merecimento, é, antes, algo
que vem de cima, algo que Deus nos dá. Está escri­
to: ‘Recebereis (como dom) o Espírito Santo!”
Glória a Jesus!
O caminho para o batismo com o Espírito Santo
passa'tam bém pela sala de oração. Está escrito em
35
Lucas 11.12: “ Pois se vós, sendo maus, sabeis dar
boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o
Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedi­
rem !” Está escrito tam bém em Atos 1.12-14: “ E n ­
tão voltaram para Jerusalém do monte chamado
das Oliveiras, o qual está perto de Jerusalém , à dis­
tância do caminho de um sábado. E entrando, su­
biram ao cenáculo onde habitavam , Pedro e Tiago,
João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e M ateus,
Tiago, filho de Alfeu, Simão o zelador, e Judas, de
Tiago. Todos estes perseveravam unanim em ente
em oração e súplicas, com as mulheres e M aria mãe
de Jesus, e com seus irmãos” . E em Atos 2.1-4 se lê:
E, cumprindo-se o dia de Pentecoste, estavam to­
dos reunidos no mesmo lugar; e, de repente, veio do
céu um som como de um vento veemente e im pe­
tuoso e encheu toda a casa em que estavam assen­
tados. E foram vistas por eles línguas repartidas,
como que de fogo, as quais pousaram sobre cada
um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e
começaram a falar noutras línguas, conforme o Es­
pírito Santo lhes concedia que falassem” .
O crente que foi purificado no sangue de Jesus e
que busca, de acordo com as suas forças e com a
sua compreensão, viver uma vida entregue a Deus,
vive tam bém um a vida de oração. Ele tem desejo e
prazer na oração e se sente bem num a atm osfera de
oração. Por isso é muito im portante ensinar ao que
busca o batismo com o Espírito Santo a im portân­
cia da oração. Ainda que queiramos viver inteira­
mente para Deus, se não dedicarmos um tem po su­
ficiente à oração, não chegaremos nunca a ter um a
vida vitoriosa. Notemos que, se não tiver um a vida
de oração, o crente, embora inteiram ente purifica­

36
do do pecado, pode, com o tempo, perder o que re­
cebeu, em vez de seguir adiante para a experiência
que a Bíblia chama de batism o com o Espírito San­
to. Por isto é im portante viver em comunhão com
Deus em oração. Vemos tam bém que o caminho
que Jesus mostrou aos seus discípulos, para alcan­
çarem a experiência do Pentecoste, foi o Cenáculo e
ali perseveraram em oração diante de Deus.
Tam bém é im portante que um a igreja que rece­
be novos convertidos viva num a atmosfera de ora­
ção, para que estes sejam ajudados. Há, entretanto,
muitos que alcançam o batism o com o Espírito
Santo sem serem ajudados. Eu busquei esta bênção
num tempo quando quase ninguém tinha um pro­
fundo desejo na alma de alcançá-la. Isso é um a pro­
va de que se pode receber esta experiência ainda
que estejamos sozinhos. Mas é uma bênção quando
podemos ser ajudados por outros crentes vivos e
cheios do Espírito Santo. M as deixai-me dizer a vós
que ainda não tendes a promessa: Se quiserdes ser
batizados com o Espírito Santo, tendes de perseve-
rar, e não desculpar-vos nos outros, por não o
receberdes. O principal é que tenhamos um a a t­
mosfera de oração na nossa própria vida. Se vi­
vermos nesse am biente, então será glorioso orarmos
a Deus, mesmo estando sozinhos. E star a sós com
Deus é realmente um a profunda necessidade, e m e­
lhor é ainda quando temos oportunidade de orar
continuam ente um a ou mais horas. Lembro-me de
que quando buscava o batism o com o Espírito San­
to, orava de dia e de noite.
Um dia, depois de visitar alguns enfermos, vol­
tei para casa, para participar do culto público da
noite. Estava cheio do espírito de oração e dobrei os
37
joelhos para orar. E logo comecei a íalar em
línguas! Se um crente vive em oração, está vivendo
o que chamamos de um a vida na plenitude do E spí­
rito. Notemos outra coisa: vivendo na plenitude do
Espírito, o crente não tem prazer em coisas esquisi­
tas que se praticam em certos meios onde se forçam
situações pelo prazer de dizer que tantos e tantos
foram batizados com o Espírito Santo, sem que o
tenham sido. Se os nossos olhos estão abertos para
a verdade, detestam os tais coisas.
Se vivemos em oração, a nossa vida será subli
midade, glória, e alegria para a alm a, e teremos o
nosso prazer na oração. Assim, teremos outro dese­
jo maior que o de orar e, por este caminho entrare­
mos, de um a m aneira natural, nesta gloriosa expe­
riência, que é o batismo com o Espírito Santo.
Quanto a mim, posso dizer, que fui cheio do Espíri­
to Santo, não forçando, mas gota a gota, até tra n s­
bordar. Eu era um pouco descrente em certas coisas
e criticava e, talvez por isso, não recebi o Espírito
Santo tão depressa como outros. M as quando me
entreguei inteiram ente à vontade de Deus, cam i­
nhando por fé, o rio foi subindo até que o meu cálice
transbordou. Irmãos e irmãs, se vós quereis ser
cheios do Espírito Santo, lembrai-vos de que o ca­
minho é a oração. Assim Jesus nos encontra e nos
batiza com o Espírito Santo!

4. O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO É


RECEBIDO POR MEIO DA FÉ

Quando se trata do recebimento do Espírito


Santo, há um ponto m uito im portante a conside­
rar: é que devemos receber o Espírito Santo por
meio da fé. Em Gálatas 3.14 está escrito: “Para que
38
a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus
Cristo, e para que, pela fé, nós recebamos a pro­
messa do Espírito” . É muito natural que receba­
mos o batismo com o Espírito Santo pela fé, pois
tudo que obtemos de Deus é sempre pela fé. Não há
possibilidade de receber bênção por outro caminho.
Não se pode alcançá-la por nossos próprios mereci­
mentos, nem por nossos bons pensamentos ou in­
tenções. Têm surgido dificuldades neste ponto, por
causa de homens que têm alterado a verdade divi­
na. E é certo que não há verdade bíblica que ho­
mens carnais e desobedientes ao Espírito Santo não
tenham tentado modificar. Eles dizem: “Temos re­
cebido o batismo com o Espírito Santo pela fé, mas
não temos visto nenhum sinal” . E pensam assim
porque, na verdade, não receberam batismo com o
Espírito Santo algum, pois esse batismo sempre
vem acompanhado de sinais. Dizer o que dizem é a
mesma coisa que dizer: “ Sou salvo, mas nunca tive
a experiência da salvação” .
Outros dizem: “Creio em Jesus e sou nascido de
novo, mas nunca experimentei o poder de um a vida
nova” . Essa afirmação é um a negação do caminho
da fé, porque um a verdadeira fé é sempre acom pa­
nhada de uma verdadeira experiência. Os que alte­
ram o sentido da pregação da fé, quando se tra ta do
batismo com o Espírito Santo, fazem confusão en­
tre fé e imaginação - palavras que têm significação
diferente. Se eu disser: “ Sou batizado com o Espíri­
to, mas não tenho nenhum a experiência disso” , es­
tarei fazendo um a afirmação leviana, pois só posso
dizer que sou batizado com o Espírito Santo quan­
do já tiver tido a experiência. No entanto, é neces­
sário acentuar que temos de crer primeiro, isto é,
39
antes de termos a experiência. É errado esperar a
experiência antes de crer. Também não devemos
estar preocupados demais com a experiência, pois
isso pode retardar o recebimento da promessa. O
que temos de fazer é, pela fé, glorificar ao Senhor
pela experiência.
A fé é o caminho para recebermos o batismc
com o Espírito Santo. Temos de pedir a Deus essa
bênção e, em seguida, agradecer a Ele pelo seu re­
cebimento e, depois, ter fé em que Ele nos dará o
que pedimos. Eu próprio busquei essa bênção divi­
na durante um ano e três meses antes de recebê-la,
e a pedia de coração. Eu via o Espírito Santo cair
sobre outros, e isso aum entava o meu desejo, mas,
apesar de tudo, continuava crendo e cri até receber.
Há os que têm medo de agradecer a Deus pelo b a­
tismo com o Espírito Santo antes de recebê-lo, mas
é o que devemos fazer: é o caminho certo.

5. O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO SE


RECEBE CRENDO TÊ-LO RECEBIDO NO
MOMENTO EM QUE SE PEDIU
Estou escrevendo sobre isso, por estar certo de
que alguns dos meus leitores desejam o batism o
com o Espírito Santo e estão em dificuldades. Esse
batismo primeiro se recebe pela fé e, então, ta m ­
bém pela fé, louvamos a Deus por tê-lo recebido.
No entanto, às vezes, quando não o recebemos de­
pois dessa atitude, ficamos desanimados e começa­
mos a pedi-lo outra vez. M as não se deve fazer as­
sim, pois se está tudo bem entre nós e Deus, pode­
mos pôr a nossa mão na mão dele e dizer: “Agora,
Pai celestial, sei que estou bem contigo, estou em
comunhão contigo, e aos que estivessem em comu­

40
nhão, tu prometeste dar o Espírito quando te pedis­
sem. Agora te peço, em nome de Jesus, que me b a ­
tizes com o Espírito Santo, segundo a tu a vonta­
de” . E então devemos esperar de Deus aquilo que já
possuímos pela fé.
Está escrito em Marcos 11.24: “Por isso vos digo
que tudo o que pedirdes, orando, crede que o rece-
bereis e tê-lo-eis” . Que significa isso? Deixemos de
lado todas as teorias. Sim, deixemos porque, quan­
do nos entregamos de todo o coração a Deus e esta­
mos sobre o seu altar, e pedimos o batism o com o
Espírito Santo, sabemos que temos feito uma ora­
ção segundo a vontade de Deus. E está escrito em 1
João 5.14: “E esta é a confiança que temos nele,
que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua von­
tade, ele nos ouve. E se sabemos que nos ouve em
tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as
petições que lhe fizemos” . (Na versão sueca diz: ...
sabemos que já temos as petições que lhe fizemos.)
Sabemos que, quando pedimos o batism o com o
Espírito Santo, fazemos um a oração que agrada a
Deus. Irmão, se tu oras e te entregas ao Senhor com
sinceridade, podes dizer: “Querido Jesus, graças te
dou porque já me deste o batism o com o Espírito
Santo” . E ntão vêm irmãos e perguntam : “ Falaste
em novas línguas?” A isso, devemos responder:
“ Glória a Deus que não está escrito que aquele que
sente assim ou assim ou o que fala em línguas, tem
o que pediu, m as sim: “Tudo o que pedirdes, oran­
do, crede que o recebereis, e tê-lo-eis” . Lembro-me
de que, às vezes, eu tinha o mesmo problema dian­
te de mim, quando buscava o batism o com o Espí­
rito Santo. Quando um crente nos conta sobre a sua
salvação, não lhe dizemos que deve buscar sinais
41
antes de crer; ou, depois de havermos orado conf
um novo convertido, não lhe dizemos: “ Não deves
crer que és salvo, até que vejas algum sinal exte­
rior” . Antes lhe dizemos: “ Não deves edificar sobre
sinais visíveis, exteriores, mas crer, mesmo não
vendo ou sentindo n ad a” . Assim fazemos tam bém
quando oramos pelos enfermos. Não dizemos: “ De­
ves ter cuidado em não crer, até que tenhas a expe
riência de que estás sarado” , mas dizemos-lhe:
“ Crê que Deus te deu o que pedires, mesmo sem
sentires ou sem veres a tu a cura” - Este é o cam i­
nho bíblico da fé.
-Jeus tem tom ado bem clara para mim a glorio­
sa palavra que temos em 1 João 5.14,15: “ E sta é a
confiança que temos nele que, se pedirmos algum a
coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve. E se sa­
bemos que nos ouve em tudo que pedimos, sabemos
que alcançamos as petições que lhe fizemos” . Antes
de eu ser batizado com o Espírito Santo, me per­
guntaram : “Foste batizado com o Espírito Santo?”
Sim ”, respondi, “sou batizado com o Espírito
Santo porque creio que a Palavra de Deus é verda­
deira . Eu não tinha tido nenhum a experiência es­
pecial semelhante à dos primeiros cristãos e não ti­
nha falado em línguas mas sentira m uita alegria.
Eu tinha feito tanto esforço para receber a bênção
sem consegui-la, que senti que agora só havia as
promessas de Deus para eu me segurar. Foi a m i­
nha últim a oportunidade.
Certa vez fui a um culto de oração de dia. Senti
então que devia pôr as m inhas mãos sobre um jo­
vem que havia sido salvo durante o inverno. Im e­
diatam ente veio-me ao pensam ento que isso era um
espírito de orgulho da m inha parte, que me fazia

42
orar para que outra pessoa recebesse o Espírito
Santo. Inclinei-me mais profundam ente e ped» per­
dão a Deus por este pensamento. M as de noite tive
uma admoestação mais forte ainda neste sentido
da parte de um a pessoa. E o Diabo me disse: “Tu,
que nada tens experimentado, poderias orar para
que algum "Jtro recebesse o Espírito Santo?!” E n ­
tão pensei: Vgora sim, tenho de ver se, realmente,
tenho fé” . Nesse momento, eu, de joelhos, orei:
“Deus, eu tomei a tua Palavra a sério e tenho dito
que tu és fiel e que recebi o Espírito Santo. Agora
eu vou pela tua Palavra e tu tens de te responsabili­
zar pelas tuas promessas” . Então me levantei e co­
loquei as mãos sobre aquele jovem. Esta pequena
obra de fé me fez alongar-me no caminho da fé para
receber o Espírito Santo. Estou certo de que, se não
tivesse obedecido, teria ficado m uito atrasado. Mas
cnmo confiei e obedeci, experimentei um glorioso
poder de Deus em todo o meu ser.

6. PARA RECEBER O BATISMO COM O E S P Í­


RITO SANTO, É IMPRESCINDÍVEL CON­
FIAR EM DEUS
Queridos irmãos que buscais o batismo com o
Espírito Santo, deveis ter coragem de crer em
Deus: não há perigo nisso. O Diabo pode apresen­
tar-vos a seguinte dúvida: “ E se não acontecer,?
Mas a isto podemos responder: “ N ada é mais certo
do que afirm ar que Deus é fiel no cumprimento das
suas promessas”. Assim, se nós confiarmos na fide­
lidade de Deus, não seremos envergonhados. Al­
guém pode ficar envergonhado, mas não aquele que
crê. E stá escrito que recebemos a promessa do
Espírito pela fé. E m uito im portante não pôr a luta
43
na f 'ente dí fé! Se duvidamos, não devemos lutar.
Devemos crer e, quando a fé se desvanecer, devemos,
então, lutar pela fé, para que tomemos a adquiri-la. É
uma boa batalha, diz a Palavra de Deus. E o resul­
tado dessa luta é que começamos a crer novamente.
Temos todo o direito de pôr a nossa mão sobre as
promessas de Deus e dizer: “Pai, eu sou indigno,
mas Jesus me comprou com o seu precioso sangue.
O batism o do Espírito Santo pertence a m inha sal-
vação. Ponho a m inha mão sobre a tua promessa e
creio que isto é para mim. Glória a Deus! Creio que,
assim, tenho o que pedi” . E, desse modo, louvamos
ao senhor, deixando que os irmãos nos perguntem o
que quiserem, e tam bém que o Diabo diga o que de­
sejai Fechemos os olhos e os ouvidos a tudo o que
nos queria levar para longe da fé! Permaneçamos
no Senhor! A única coisa que pode fechar-nos o ca­
minho da vitória é o pecado. M as se vivemos para o
Senhor em pureza e santidade, teremos a experiên­
cia: seremos batizados com o Espírito Santo.
Imaginemos que um a pessoa me envie um che­
que de 25 mil dólares, cujo valor está depositado
em banco. Então, eu necessito somente de assinar o
meu nome no verso para tirar a importância. Ao
receber esse cheque, eu poderia mostrá-lo aos ir­
mãos e dizer: “ Glória a Deus, irmãos, temos rece­
bido 25 mil dólares!” Em bora estivéssemos apenas
com um cheque na mão, podia contar com esse
dinheiro. E tam bém assim contigo, irmão: tens a
promessa de Deus e podes m ostrá-la e dizer: “Aqui
está, eu a possuo; e quem assinou esse cheque da
promessa foi Jesusí Irmão, falta somente pores o
teu nome no cheque e ires com fé em Deus. Podes
confiar: Deus pagará o teu cheque: Tu receberás a
riqueza que está nesta gloriosa experiência.
44
Deus tam bém tem preparado uma ajuda para a
nossa fé. Está mencionado nas Escrituras a imposi­
ção de mãos como por exemplo em Atos 19.6. É jus­
tam ente a imposição de mãos sobre os que desejam
ser batizados com o Espírito Santo que ajuda. No­
temos que isso não está no lugar da fé, mas é
uma ajuda para a fé, de vez que, se não cremos em
Deus, de nada nos valerá a imposição de mãos.
Mas quando cremos, a imposição é um a ajuda, con­
forme lemos em Atos 8.17. Aquele que crê necessita
de ajuda para receber, necessita de oração e impo­
sição de mãos. O crente que busca pode pensar:
“No momento em que me impuserem as mãos, o
Senhor me encherá com o seu Espírito Santo” , do
mesmo modo, tam bém aquele que ora pelos que
buscam deve crer que pode ajudar a fé pela imposi­
ção de mãos. Mas esse ato, como dissemos, jam ais
pode substituir a fé que nos é dada por Deus.
Irmão, tu que não és ainda batizado com o Espí­
rito Santo, confia em Jesus hoje! Ele te dará a glo­
riosa esperança desse batismo.

45
4
A importância do
batismo com o
Espírito Santo
1. O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO NOS
TORNA SUBMISSOS A VONTADE DE DEUS

“ Este é o concerto que farei com eles depois d a ­


queles dias, diz o Senhor: Porei as m inhas leis em
seus corações, e as escreverei nos seus entendim en­
tos”, Hb 10.16. Pelo estudo da Palavra de Deus e
pela experiência que temos, chegamos à conclusão
de que o mais im portante no batismo com o Espíri­
to Santo é que o Espírito de Deus possa dom inar in­
teiram ente a nossa vontade. Se Ele não consegue
isso, a nossa experiência é superficial e passageira.
É possível que crentes que não são espirituais, num
culto espiritual, sejam tocados nos seus sentim en­
tos e participem do júbilo e do entusiasmo daqueles
que são batizados com o Espírito Santo, sem que
c°m isso se tom em mais espirituais.
47
Quando Deus se manifestou em Mispa, no tem ­
po de Saul, os homens que o acompanhavam foram
todos tomados pelo espírito profético - o mesmo
que se apoderava dos profetas.de Deus. Podemos
estar num culto e sermos tocados pelo Espírito
num a experiência maravilhosa, de tal m aneira, que
nos sintamos quase fora de nós mesmos, e, mesmo
assim, podemos perder a bênção perm anente, que
poderíamos ter recebido se o Espírito tivesse tom a­
do conta do mais profundo de nosso ser. É necessá­
rio que o Espírito se apodere dos nossos sentidos e
da nossa vontade, para que possamos receber as
bênçãos de Deus. Nao sou formado em psicologia,
mas sinto por experiência própria que a base dos
sentidos humanos é a vontade. Tam bém tenho no­
tado, durante os anos que participo deste glorioso
movimento pentecostal, que é im portante que a
nossa força de vontade seja dom inada e tocada por
Deus, a fim de que participe da salvação que há em
Cristo Jesus. E isso só acontece quando o Espírito
Santo domina os nossos sentidos. Se Deus nos pode
dominar até quebrantar a nossa vontade, até que
ela fique submissa á dele, então Ele dom inará ta m ­
bém o resto do nosso ser. Glória a Deus!

2. 0 BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO NOS


COLOCA EM ÍNTIMA COMUNHÃO COM
DEUS

M uitos não entendem estas coisas sob o ponto


de vista que as apresentam os. E, por não entende­
rem, não chegam ao alvo tão rápido quanto de­
viam. Para muitos é suficiente receberem um a
grande bênção espiritual. Para eles é suficiente se­
rem tocados e arrebatados nas suas emoções. Creio
48
ser essencial que, quando vamos a um culto, seja­
mos renovados e transformados. Às vezes, pode-se
ir a um culto onde não se recebe nada para o nosso
homem espiritual, o que não é recomendável. De­
vemos nos livrar de todas as coisas que nos im pe­
dem de alcançar um a perm anente renovação espi­
ritual. Depende de Deus poder tom ar posse inteira­
mente da nossa vontade, mas, quando isso ocorre,
então existirá comunhão com Deus sempre e em
qualquer lugar; sem essa íntim a comunhão, esta­
mos sujeitos a um a instabilidade espiritual: num a
hora estaremos quase arrebatados, e em outra sen­
tiremos as trevas espirituais.
É um grande acontecimento vir o Espírito San­
to sobre a vida de um crente. Isso é um sinal de que
Deus domina a vontade dessa pessoa, e, com isso, a
própria vida dela. Esse acontecimento é m uito im ­
portante para o resto da sua vida. Significa que daí
em diante esse crente não resolve mais sobre a sua
própria vida, mas deixa que Deus resolva tudo. Isso
é muito significativo: é o que a Escritura chama de
ser crucificado com Cristo. Significa fazer um a de­
cisão definitiva sobre a nossa vida e entregar tudo
àquele que para Deus nos comprou com o seu san­
gue. Há dias, fiquei m uito abençoado por um a p a­
lavra que já lera centenas de vezes, m as que nunca
ficara tão viva para mim como desta vez. Jesus dis­
se: Aquele que perde a sua vida por am or de mim,
achá-la-á” . Sempre pus m uita ênfase em perder a
vida, mas nunca em ganhar a vida. Pela salvação,
perdemos a nossa velha vida, mas ganhamos um
grande prêmio: a nossa vida hum ana natural se
perde e, quando, estamos dispostos a perdê-la, a re­
cebemos de volta. Glória a Deus!

49
Podem-se ver fenômenos estranhos quando se
tra ta do batism o com o Espírito Santo. Quanto a
esses sinais, muitos estão duvidosos. Tenho visto
tais conflitos com alguns que buscam o batism o
com o Espírito Santo: entram num a terrível ago­
nia, num a luta, e crêem que essa luta é o batism o
com o Espírito Santo, mas esse batismo vem depois
que term ina a luta e a pessoa está inteiram ente en­
tregue a Deus. É nessa hora que o Espírito Santo
entra e toma o seu lugar no crente.
Há aqueles que crêem que é m uito glorioso um a
pessoa ficar debaixo do poder de Deus até que fique
como desmaiada. Pensam eles que um crente assim
está realm ente entregue nas mãos de Deus. Mas,
pela Palavra de Deus, observa-se que isso não pro­
va estar a pessoa inteiram ente entregue a Deus.
Quase sempre prova o contrário, isto é, dem onstra
que a pessoa está lutando interiorm ente contra a
vontade de Deus. Ficar, nessa luta, um a pessoa
fora de si é o resultado dum conflito que se efetua
entre o Espírito de Deus e a vontade hum ana. De­
vemos notar a im portância do ensino da Palavra
neste sentido. Dizem que, no movimento pentecos-
tal, o batismo com o Espírito Santo e seus dons são
estáticos: têm muito de humano. Embora não acei­
tando isso, sabemos que qualquer pessoa pode che­
gar a esse estado estático, seja qual for a sua relação
com Deus: um pagão, um ímpio, por exemplo. As­
sim, isso não é um a prova de que a pessoa esteja em
íntim a comunhão com Deus.
O êxtase está mencionado na Bíblia. Balaão é
um exemplo. Ele disse de si mesmo: “Fala aquele
que ouviu os ditos de Deus, o que vê a visão do
Todo-poderoso, caindo em êxtase e de olhos aber­
50
tos”, Nm 24.4. Ele foi um instrum ento autom ático
na mão de Deus. Foi chamado para que maldisses­
se Israel. Quando ele, pela prim eira vez, perguntou
a Deus se podia ir com o mensageiro do rei de Moa-
be, Deus lhe respondeu que não fosse. M as ele tei­
mou e perguntou pela segunda vez: então Deus
consentiu. É perigoso insistir com Deus pela segun­
da vez se Ele nos tiver falado claram ente na prim ei­
ra. Aí Deus pode dizer sim. Mas os sentidos de Ba-
laão não estavam abertos para Deus e, por isso, en­
sinou ao rei de M oabe como fazer os filhos de Israel
cair em pecado. Esse fato nos apresenta um homem
que está usando as coisas de Deus com m ás inten­
ções, um homem que busca o prêmio da impiedade.
Quando um a pessoa busca a Deus de todo o seu
coração e deseja ter contato com Ele, é necessário
que a vontade daquele que busca esteja submissa à
vontade de Deus. Se isto não acontece, surgem con­
flitos internos que podem resultar nesse êxtase,
como aconteceu com Balaão e com Saul. Era Deus
que operava por meio deles e queria ajudá-los, mas
não conseguiu que a vontade deles ficasse inteira­
mente submissa à vontade divina.

3. M ANIFESTAÇÕES QUE DEMONSTRAM


RESISTÊNCIA AO ESPlRITO SANTO

Que diferença enorme existe entre a revelação


divina e o êxtase! O impressionante êxtase terrenal
tem geralmente base em algo a que a pessoa, por
sua própria vontade, se agarra. O seu coração fica
preso a esse algo, mas, ao mesmo tem po, quer ter
comunhão com Deus e, então, tudo se transform a
num jogo duplo, como aconteceu com Saul e com
Balaão. Pode até o poder divino manifestar-se na
51
vida dessa pessoa, mas o resultado nunca será aqui­
lo que Deus queria que fosse. Esse procedimento
constitui um perigo para o movimento pentecostal,
pois muitos que vêem essas coisas, pensam errada­
mente que são manifestações de um verdadeiro
pentecoste. Mas assim não acontece, pois isso não é
uma verdadeira revelação da verdade, como tam ­
bém não o foi a experiência de Balaão. Deus quer
que sejamos inteiramente entregues à sua vontade.
Quando porém nos submetemos completamen­
te à vontade de Deus, então esse estado de coisas
termina e vem a paz à nossa alma. Existem pessoas
que pensam que é maravilhoso quando as manifes­
tações espirituais são tão violentas, que a pessoa
fica deitada no chão como se estivesse fora de si. Al­
guns afirmam que estavam fora de si, mas quando
examinamos os fatos, vemos que não é isso propria­
mente o que acontece. Tenho examinado esses fa­
tos por muito tempo. Notei isso já no princípio do
derramamento do Espírito Santo na Suécia, e des­
de então não cessei de examinar o assunto.
Esta tem sido a minha experiência durante trin ­
ta anos: tenho observado que as pessoas que de vez
em quando caem no chão por causa do poder de
Deus e ficam como fora de si, são pessoas com as
quais temos tido pouco proveito e pouca alegria es­
piritual.
Durante os primeiros meses do derramamento
do Espírito Santo em Vastergotland, Suécia, pre­
senciei o Espírito descer sobre muitos: Deus operou
maravilhosamente e muitos foram batizados com o
Espírito Santo. Por esse tempo, duas jovens que ti­
nham sido salvas durante o inverno estavam ali.
Diversas vezes elas ficavam fora de si e isso nos
52
causava transtornos, porque o povo ficava olhando
para elas, o que nos afligia. Eu não tinha coragem
de dizer nada, pois era jovem e sem experiência,
mas acompanhava tudo com atenção. Quando che­
gou a primavera, elas abandonaram a fé e se foram
para o mundo! Então compreendi que o ficar uma
pessoa na igreja em estado de êxtase não constitui
prova de que o Espírito Santo tenha descido sobre
ela, mas o fato atesta justamente o contrário. O que
acontece é que o Espírito de Deus lutou com ela e
quis dominar-lhe a vontade, e ela não permitiu.
Então, por isso, termina deixando os caminhos do
Senhor. Não quero dizer que, quando uma pessoa
fica deitada no chão da maneira descrita, o Espírito
Santo não esteja operando nela. A verdade, porém,
é que o Espírito está lutando com ela para que se
entregue verdadeiramente a Deus e ela está resistin­
do. Não encontramos exemplo disso na Bíblia. O
que está escrito é que os que foram batizados com o
Espírito Santo no tempo dos apóstolos, se alegra­
vam e louvavam a Deus.

4. PROCURANDO O BATISMO COM O ESPÍRI­


TO SANTO
Quando eu buscava o batismo com o Espírito
Santo, tive uma experiência pessoal importante: a
de estar a nossa vontade inteiramente submissa a
Deus. Já falei dessa experiência, mas apego-me à
Bíblia para provar que se pode mencionar várias
vezes a mesma experiência, e no mesmo livro: No
livro de Atos, por exemplo, o apóstolo Paulo conta a
sua conversão nada menos que três vezes.
Aconteceu que em 1905 tive um encontro m ara­
vilhoso com Deus e, então, entreguei-me seriamen­
53
te a Ele. Foi uma decisão definitiva no meu coração
a de viver para Deus, depois do encontro que tive
com Ele. Durante os anos de 1905 e 1906, tive expe­
riências pentecostais em várias partes da Suécia.
Durante esses anos li dois livros que me vieram as
mãos. Neles verifiquei que existia algo chamado O
batism o com o E spírito Santo. Em 1902 tivera uma
gloriosa experiência dessa bênção mas não a alcan­
cei. Nesse tempo, orávamos por muitos que se con­
vertiam ao Senhor nos cultos, e depois dos cultos,
eu me jogava de joelhos no chão e gritava e pedia
que o Senhor me enchesse com o seu Espírito. Al­
guns pensavam que eu estava louco. Embora tivés­
semos cultos muito gloriosos, eu não estava satisfei­
to.
Orei todo o ano de 1906 pelo batismo com o
Espírito Santo. No ano de 1907, em janeiro, ouvi fa­
lar que o despertamento havia chegado a Oslo, No­
ruega, e que o pastor Barratt tinha sido batizado
com o Espírito Santo. Quando li isto num jornal,
disse a um amigo: - “Isto é o que eu desejo; amanhã
viajo a Oslo”, - “Tenha um pouco de calma”, res­
pondeu ele. Esperei uma semana, mas depois via­
jei. Em Oslo, encontrei o que havia desejado. Assis­
ti a um culto onde B arratt estava. E ali pedi ora­
ção. Quando terminou o culto, esse irmão ajoelhou-
se junto a mim e, na sua maneira delicada e boa,
me disse: “Queres ser qualquer coisa por Jesus?
Queres fazer qualquer coisa por Jesus? Queres ir a
qualquer lugar por Jesus?” Fiquei surpreendido
pela seriedade das perguntas, e pensei: “Querido
Deus, mas isto significa matar-se a si mesmo! Que
será da minha vida então!” Muitos pensamentos
me passaram pela cabeça. Depois de haver pensado
54
em tudo, foi como se alguém me dissesse: “Mas
Deus é mais amoroso que todos: Que será da tua vi­
da, se não te entregares a Ele? Continuarás vivendo
neste conflito?” Compreendi que não podia negar
essas três perguntas, disse ao irmão Barratt: “Sim,
quero ser qualquer coisa por Jesus, fazer qualquer
coisa por Ele e ir a qualquer lugar a que me mandar
com a condição de que Ele me batize com o Espíri­
to Santo e me dê o seu poder” . Mas não recebi a
promessa naquele momento.

5. 0 BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO DE­


PENDE DE ENTREGARMOS A NOSSA VON­
TADE INTEIRAMENTE A DEUS

Não se pode enganar a Deus. Ele é maravilhoso,


Ele recebe letras de câmbio da nossa parte; quando
não podemos pagar no momento, Ele exige que se­
jam pagas no prazo concedido, que não pode ser
adiado. Assim foi comigo. Eu tinha prometido a
Deus solenemente - e tencionava realmente fazer o
que tinha prometido - mas no mapa do meu futuro
havia três caminhos e eu estive ocupado com isso
todos os dias que passei em Oslo buscando o batis­
mo com o Espírito Santo. O primeiro caminho, eu
desejava mais que todos e o que queria a qualquer
preço. “ Se continuasse nesse caminho e nos meus
estudos, poderia servir com algum proveito”, pen­
sei eu. Tratei de convencer-me e de fazer Deus se
convencer que este caminho era o melhor. Mas
quando eu me apresentava diante de Deus, sentia
não ser esse o caminho que deveria seguir. Alguma
coisa dentro de mim me dizia: “Tens de seguir um
caminho mais humilde e mais modesto” . Havia um
55
outro caminho pelo qual eu via também um futuro
feliz desenvolver-se. “ Se não posso ir pelo primeiro,
irei pelo segundo”, pensei. Mas quando estava ocu­
pado com esses planos para o futuro, ouvi uma voz
suave que me disse: Este ainda não é o teu cam
nho” .
Havia um terceiro caminho, mas eu não queria
segui-lo de maneira alguma. Este caminho consis­
tia em eu ir a um lugar o pior possível. Considerava
que seria o meu fracasso se fosse para lá, e acredita­
va que ali nunca alcançaria nada. Mas quando pen­
sava assim, a mesma voz sublime me disse: “Esse é
o caminho que deves seguir” . Eu respondi: “Não” .
E fui embora de Oslo sem ter recebido o batismo
com o Espírito Santo!
Voltei a casa em Vastergotland, para ali esperar
pelo Senhor. Eu tinha dito no meu último culto que
não voltaria nunca mais a pregar o Evangelho, se
não fosse batizado com o Espírito Santo. Lutava
todos os dias e lia a Bíblia, mas não queria ir aonde
Ele me mandava. Li sobre o profeta Elias, quando
Deus lhe disse que deveria esconder-se junto ao ri­
beiro de Querite, e ele foi. Então foi como se alguém
me dissesse: “Este é o teu caminho, o caminho para
o monte Carmelo, o lugar onde o fogo de Deus cai.
O caminho para receber o batismo do Espírito San­
to é fazer a vontade de Deus” . Deus falou tão pode­
rosamente para mim, que me levantei da mesa onde
estava sentado. Entendi que a minha felicidade no
presente e no futuro dependia da minha absoluta
obediência a Deus, à sua vontade, ainda que não
estivesse de acordo com a minha vontade. Com voz
alta e forte dei o meu “Sim” a Deus. Resolvi ir onde
não queria ir antes. No mesmo momento uma tor­
56
rente gloriosa de alegria encheu-me o ser. Não rece­
bi ali a experiência do batismo com o Espírito San­
to mas agora o caminho para isso estava aberto
para mim. O poder do Espírito Santo e a presença
de Deus revelaram-se a mim numa imensa alegria.
Esse gozo continuou aumentando a cada dia, até
que recebi a completa experiência do batismo com
o Espírito Santo, como está escrito no livro de Atos
dos Apóstolos.
Creio que com muitos, que buscam essa bênção,
acontece o mesmo que aconteceu comigo. Talvez ti­
vessem uma gloriosa experiência quando se entre­
garam ao Senhor, mas não permaneceram buscan­
do porque não fizeram a vontade de Deus. Irmãos, o
batismo com o Espírito Santo depende da nossa
força de vontade. Se quiserdes viver uma vida cris­
tã em paz, entregai a vossa vida a Deus, do contrá­
rio vossa vida será sempre uma contínua luta. Se
quiserdes servir de bênção no vosso trabalho cris­
tão, entregai inteiramente a Deus a vossa vontade!
Há uma multidão de pessoas em cujas vidas não
se vêem frutos, porque teimaram em continuar fa­
zendo o que Deus nunca as chamou para fazer. Se
Deus quiser mandar-me a um lugar escuro na Áfri­
ca, ou colocar-me numa cidade com muita gente na
Suécia, então direi: “Deus, estou disposto ao servi­
ço mais difícil, ou ao mais humilde que tu manda-
res que eu faça”.
Irmão, tu que uma vez deste a tua vida a Deus,
e não és feliz, e tu, irmão, que buscas o batismo com
o Espírito Santo há bastante tempo e não o recebes,
a causa disso tudo é porque não te decidiste ainda a
obedecer a Deus.

57
5
Á influência do
Espírito Santo nos
nossos sentimentos
1. O DIREITO DO CRENTE DE EMOCIONAR-
SE

Muitos têm atacado o movimento pentecostal


porque acham-no muito sentimentalista. Por ou­
tro lado, há os que se preocupam pela falta de emo­
ções. É glorioso que a Palavra de Deus fala sobre
tudo isso. Não há uma pergunta para a qual não te­
nhamos resposta se estivermos sempre prontos a
concordar com a Bíblia, pois ela tudo nos explica. É
interessantíssimo ver e estudar estes fatos à luz da
Palavra de Deus. Existem os que acham que o ver­
dadeiro cristianismo não deve influenciar os nossos
sentimentos, pelo menos não em grau elevado; afir­
mam que devemos crer em Deus de tal maneira,
que os nossos sentimentos náo sejam influenciados.
Também há os que dizem que a fé e a emoção são
59
duas alternativas: na primeira a pessoa crê, e na se­
gunda a pessoa sente, isto é, crendo não há necessi­
dade de sentir e, sentindo, não há necessidade de
crer. Mas a fé verdadeira não exclui as emoções.
Assim podemos crer e nos emocionar também.
É mais certo afirmar que se cremos também nos
emocionamos. É claro que a pessoa que experimen­
ta uma coisa tão gloriosa como a salvação em Cristo
deve também sentir essa salvação. Muitas vezes fi­
camos influenciados por coisas que são menos im­
portantes na nossa vida. Não se critica uma pessoa
que se emociona ao ver numa bela manhã o sol nas­
cer, ao contemplar as folhas molhadas do orvalho e
ao ouvir o cântico dos pássaros nas árvores do bos­
que. Ninguém censura essa pessoa por emocionar-
se. E a pessoa sensível não pode deixar de comover-
se: ninguém acha que isso a prejudica, pelo contrá­
rio, é uma ajuda à sua inspiração. Se alguém se
emociona pela música ou pela poesia, também não
é criticado, pelo contrário, sabe-se que os que têm
dotes para as artes demonstram freqüentemente
fortes sentimentos e emoções. Os músicos, os can­
tores, os poetas têm dentro de si forças que influen­
ciam os seus sentimentos. A inspiração desses artis­
tas é profundamente tocante e demonstrada a nós
nas obras que produzem. Se o artista não der lugar
aos seus sentimentos, não pode produzir grandes
obras.
Essas pessoas têm todo o direito de demonstra­
rem o que sentem nessas oportunidades, o que lhes
produz inspiração, e ninguém reclama disso. Mul­
tidões vão ao teatro, e a arte de representar é muito
louvada, ainda nos nossos dias. Quando as pessoas
se pintam, ou põem uma barba falsa, ou vestem-se
'60
com roupas de disfarces, imitando personagens,
tudo é considerado certo e digno de admiração. As
pessoas que assistem às peças teatrais também se
emocionam e ninguém as critica. Pensemos como
gritam os assistentes e se convulsionam nos campos
de futebol, e todos acham coisa natural. Por que,
então, censurar as emoções dos crentes quando se
alegram, não com coisas terrenas, mas com as ce­
lestiais?
Assim, parece-me que eu também tenha o direi­
to de mostrar os meus sentimentos como um cris­
tão. Quando tocado pela Palavra de Deus, quero ter
o direito de emocionar-me e, quando alegre e feliz
sobre a minha salvação e a de outros , quero ter o
direito de dar um “Aleluia!” e um “Glória a Deus” ,
ainda que outros me ouçam e critiquem. Isso cons­
titui um direito de filho de Deus. O crente é livre
em expandir-se, assim como se expandem os filhos
deste mundo. É erro aceitar que o mundo tenha o
direito de expressar seus sentimentos e os cristãos
verdadeiros não o tenham.

2. SÓ UMA IGREJA MORTA NÃO SE EMOCIO­


NA QUANDO O PODER DE DEUS SE MA­
NIFESTA

Está escrito em Lucas 19.39,40: “E disseram-


lhe dentre a multidão alguns fariseus: Mestre, re­
preende os teus discípulos. E respondendo ele dis­
se-lhes: Digo-vos que se estes se calarem, as pedras
clamarão” . Aqui temos a confirmação do assunto.
Os discípulos de Jesus estavam emocionados e to­
cados. Qual foi a razão dessa emoção? Está escrito
que quando viram os milagres poderosos que Jesus
61
havia feito e pensaram em todas as obras dele, fi­
caram cheios de emoção e de entusiasmo, e que­
riam de alguma maneira expressar isso diante de
Jesus. Para isso, cortaram ramos de árvores, e co­
locaram os mantos e os vestidos deles sobre o cami­
nho, pois não tinham nenhuma alfombra real para
estender na estrada. Não tinham também nenhum
cavalo de guerra, mas somente um jumento e com
ele fizeram a entrada real de Jesus em Jerusalém
da melhor maneira que puderam. E cantavam!
“Bendito aquele que vem em nome do Senhor!”
Notemos a fraqueza dos que saudaram Jesus:
Não tardou muito a fugirem envergonhados, quan­
do da prisão do Senhor. Se a nossa alegria não for
verdadeira, dirão de nós: “Esses que se jubilavam
não o fazem mais: o seu júbilo era falso” . Mas Deus
não exige absoluta perfeição, pois tudo é relativo
neste mundo, e Deus sabe disso. É muito glorioso
que Ele saiba. O Senhor Jesus, que conhecia tudo,
poderia ter dito: “Silêncio! Terminem com esses
gritos de hosanas. Isso não tem nenhum valor! Da­
qui a poucos dias todos vocês serão dispersos e me
abandonarão! Aí estás tu, Judas, que em breve me
trairás! E tu, Pedro, que também em breve, me ne-
garás! Aí estão vocês que muito breve fugirão e me
deixarão sozinho. Fiquem quietos: não gritem
mais”. Mas não, Jesus não falou assim. Pelo con­
trário, defendeu os que o saudavam. Os fariseus se
afligiam pelos gritos de hosana e, mas o que era pior
para eles, era verem que esses clamores estavam
sendo dirigidos a Jesus, pois eles não amavam o
Mestre. Por isto disseram: “Ouves o que eles cla­
mam? Mestre, proíbe os teus discípulos de clamar
desta maneira!” Esta recomendação bem poderia
ser dita por algum crente tradicionalista que esteja
num culto pentecostal. Recomendaria esse crente:
“Diz-lhes que não clamem tanto assim!” Uma se­
nhora trouxe sua filha a um dos nossos cultoâ. A
moça tinha 17 ou 18 anos de idade. Quando todos
começaram a orar e a louvar a Deus, então ela co­
meçou a corar e a mãe teve de sair com a filha. Essa
senhora acusou-me pelo acontecimento, mas eu lhe
disse que se ela, ao invés de sair tivesse ficado sen­
tada, talvez a sua filha fosse salva. Quando Pedro
se aquecia junto ao fogo na noite da prisão de Jesus,
é provável que algum fariseu de boa memória tenha
dito: “Esse também clamava ‘Hosana!’ naquele
dia!” Os fariseus não queriam gritos porque ama­
vam o silêncio. Mas o silêncio existe onde a religião
morreu, onde só há palavras e frases ocas. Não é
difícil haver silêncio no cemitério, onde não há vi­
da. Mas procure-se fazer silêncio no quarto de brin­
car de crianças! Quem conseguirá? E não consegui­
rá mesmo se as crianças estiverem com saúde. Foi
isso o que aconteceu com a religião dos fariseus: era
morta: constava só de formas cerimoniais: possuía
autoridade, mas não tinha vida. Se os fariseus e
seus acompanhantes começassem a clamar, mos­
trariam a sua hipocrisia.
Notemos que os que clamavam não tinham ain­
da uma salvação profunda, mas, mesmo assim, Je­
sus, nessa ocasião, proferiu a bela sentença: “Se es­
tes se calarem, as pedras clamarão!” Ele queria di­
zer com isso que não era possível fazer com que
aqueles se calassem. Tão importante era o que fa­
ziam que, se eles se calassem, as pedras falariam.
Irmãos, é muito importante ter uma verdadeira
compreensão destas coisas. Quando uma pessoa
63
fica tocada pela salvação, então Deus lhe dá uma
forma natural e espontânea.
A arca de Deus, que representava a presença di­
vina, tinha estado na mão dos filisteus durante o
tempo do desvio espiritual de Israel. Mas Davi
compreendeu que devia trazer a arca de volta a Je­
rusalém. Quando ele pensava nisso como a vontade
de Deus, ficou tão alegre, que dançava diante da
arca de Deus. A sua mulher Mical estava olhando
pela janela do palácio real e o criticou dizendo:
“Quão honrado foi o rei de Israel, descobrindo-se
hoje aos olhos das servas de seus servos, como em
pejo se descobre qualquer dos vadios!” Davi res­
pondeu a Mical: “Perante o Senhor, que me esco­
lheu a mim antes do que a teu pai e a toda a sua ca­
sa, mandando-me que fosse chefe sobre o povo do
Senhor, sobre Israel, perante o Senhor me tenho
alegrado” .

3. NÃO DEVEMOS PROCURAR AS EMOÇÕES,


MAS DEVEMOS SENTI-LAS QUANDO VIE
REM
Sabemos que os que nos criticam por louvarmos
a Deus são os que “estão nas janelas olhando” . Não
há coisa mais perigosa do que quando o Espírito de
Deus se manifesta, ficarmos de lado, olhando. Se tu
fazes isso, meu irmão, podes estar certo de que a
alegria dos outros te dará uma má impressão. Os
primeiros cristãos eram certamente muito felizes.
Está escrito em Atos 2.13 o que os incrédulos disse­
ram deles: “Estão cheios de mosto”, e diziam isso
zombando. No verso 12 encontramos a palavra “êx­
tase”. Mas isto não se diz dos discípulos, mas do
64
povo. Os que estavam olhando é que caíram em êx­
tase, em admiração, em suspense, assombrados
pelo que viam. Mas os discípulos estavam alegres.
Portavam-se como pessoas que estavam cheias do
poder de Deus; alegres e felizes, falavam com muita
ousadia. Vendo esse comportamento, o povo achou
que a melhor explicação era que estavam embria­
gados. As bebidas fortes produzem uma intensifi­
cação da vida. São uma substituição da verdadeira
intensão da vida que a comunhão com Deus nos dá
e que experimentamos ao recebermos o batismo
com o Espírito Santo. A Escritura fala do gozo do
Espírito Santo. Ninguém na terra pode descrever
este gozo de maneira que outro que não o experi­
mentou o entenda. Esta maravilhosa alegria e ou­
sadia celeste que acompanha o batismo com o
Espírito Santo ninguém pode compreender, a não
ser o que a experimente pessoalmente. E glorioso
quando o Espírito Santo toma conta de um cora­
ção. Mas os filhos deste mundo não entendem isto.
Querem que sejamos crentes de uma maneira que
não os perturbe. Por isso, quando uma pessoa fica
cheia de alegria e de gozo divino, e expressa o que
sente, o mundo e o Diabo se levantam contra ela.
Ao lermos o Novo Testamento, achamos que ali
se fala pouco das emoções que o crente deve ter e
que os cristãos primitivos sentiam. Mas nele se re­
gistra como os incrédulos se levantaram contra os
crentes pelo estado que apresentavam. Festo assim
se expressou sobre o apóstolo Paulo, que se defen­
dia diante dele: “Estás louco, Paulo, as muitas le­
tras te fazem delirar!”
O que o mundo não aceita é a alegria do crente
quando acompanhada de ousadia espiritual. Mas é
65
isto que é a característica de um verdadeiro cristão.
Não devemos buscar as emoções, tampouco cons­
truir as nossas relações com Deus sobre sentimen­
tos, pois se o fizermos, erraremos. Neste ponto mui­
tos crentes têm errado. Alguns acham que todas as
expressões de nossos sentimentos de gozo devem ser
abafadas. As igrejas que tomam essa atitude ficam
silenciosas tais qual um cemitério. Outros crêem
que tudo depende da expressão que se dá aos senti­
mentos. O certo é que se quisermos ter uma boa re­
lação com Deus nas nossas emoções, não devemos
edificar sobre o que sentimos, mas sobre Deus e a
sua Palavra.
O ser humano é muito estranho, pois procura
sempre exagerar. E a dificuldade do líder espiritual
é que sempre há pessoas que tendem para o exage­
ro.

4. NÃO E IMPRESCINDÍVEL UMA EXPERI­


ÊNCIA VEEMENTE AOS QUE SÃO BATIZA­
DOS COM O ESPÍRITO SANTO

Há aqueles que tiveram a experiência do batis­


mo com o Espírito Santo mas não confiam em que
tudo está bem, porque não sentem uma emoção im­
pressionante. O objetivo do batismo com o Espírito
Santo é que a pessoa fique inteiramente dominada
por Deus; é que Deus seja o senhor da vida do que
recebe o batismo. Ser cheio do Espírito significa es­
tar plenamente sujeito ao Espírito. E essa experiên­
cia uma pessoa pode ter de maneira muito tranqüi­
la. Da minha parte, não tive nenhuma experiência
extraordinária. Estava tão alegre que não sabia
como podia sobreviver com um gozo tão maravilho­
66
so. Mas não tive nenhuma experiência exterior,
violenta. Também se pode criar uma formalidade
especial de receber o batismo com o Espírito Santo,
e isto é tão perigoso quanto outras formalidades
religiosas.
Lembro-me de que, quando o Espírito Santo
caiu, em 1907, veio como uma onda poderosa. As
pessoas profetizavam, falavam em línguas e louva­
vam a Deus. Os cultos duravam, às vezes, até alta
hora da noite; eram cultos gloriosos, com manifes­
tações espirituais maravilhosas. Certa vez, peguei a
minha Bíblia e saí para um bosque e, entre flores e
abelhas, li a Palavra de Deus o dia todo para chegar
à compreensão do que se estava passando. Nos cul­
tos, os irmãos testificavam de Jesus, falavam em
línguas e profetizavam, mas eu tratava de ler e es­
tudar sobre o dom de profecia e sobre os demais
dons e, graças a Deus, a bênção não se desperdiçou,
mas ficou em mim. É muito importante quando o
Espírito Santo opera em nós de maneira que a bên­
ção não se desperdice.
Alguns impõem silêncio nos cultos: não dão li­
berdade ao Espírito de Deus para operar; enquanto
outros deixam os sentimentos se expandirem de­
mais. Mas existe um caminho mediano, dourado: é
o caminho da Palavra de Deus. Nesta senda pode­
mos alcançar resultadôs gloriosos, se estivermos
dispostos a segui-la.
Não devemos firmar a nossa vida espiritual sobre
sentimentos. Isto é perigoso; desta maneira vive­
mos uma vida vacilante, vida de fluxo e refluxo. Se
quisermos encontrar crentes alegres entre os que
assim vivem, temos de aproveitar a maré alta; pois,
se houver maré baixa, ouviremos deles somente
67
queixas. Se lhes dissermos: “Esperem, irmãos, a
maré subirá outra vez”, então eles dirão: “Não,
nunca mais veremos a lua!” Podemos ter a mesma
experiência que tiveram os discípulos depois da res­
surreição de Jesus.
Está escrito que quando viram o Senhor, não
podiam crer por causa da alegria que sentiram.
Mas é preciso cuidado, pois a pessoa pode ser leva­
da por rios de alegria de tal forma, que chegue a
perder a âncora da Palavra de Deus, e, depois que
passam as emoções, há ainda o perigo de perder a
firmeza da fé. Em vez disso, devemos fazer como
fez o apóstolo Pedro no dia de Pentecoste, quando
houve aquele grande barulho ao redor dele. Muitos
falando em línguas, e das grandezas de Deus, e os
inimigos os criticando. Então Pedro, citando o pro­
feta Joel, os Salmos e outros profetas, falou-lhes
sobre o batismo com o Espírito Santo. A Palavra de
Deus é a única segurança, mesmo quando somos le­
vados por uma gloriosa onda de despertamento.

5. NÃO PODEMOS EDIFICAR A NOSSA VIDA


ESPIRITUAL SOBRE EMOÇÕES
A minha convicção é que se o movimento pente-
costal conseguiu estes maravilhosos resultados que
podemos ver com os nossos próprios olhos, e palpar
com as nossas mãos, a causa de tudo é que o povo
firmou-se na Palavra, e compreendeu que o segredo
de uma verdadeira vitória está na permanência em
Deus e na sua santa Palavra. Se não formos por este
caminho, e edificarmos a nossa vida espiritual
sobre emoções e sentimentos, estaremos sempre lu­
tando com crises e dificuldades. Depois de haver­
mos estado no alto da montanha, voltamos ao sopé,
68
ao vale. Conheço essa qualidade de gente e poderia
escrever volumes a respeito deles. Quando me en­
contro com eles no momento em que estão no cume
são alegres e felizes. Suas experiências são tão glo­
riosas (dizem) como nunca ninguém sentiu. Mas
quando há refluxo em suas vidas, temos de ajudá-
los, pois necessitam de consolo e oração e são como
crianças que têm de ser dirigidas. Mas assim não
deve ser a vida de um crente. Que perigoso é edifi-
car sobre sentimentos circunstanciais quando se
trata da vida de fé!
Esse modo de agir é perigoso também quando se
trata do trabalho espiritual. Muitos há que traba­
lham para Deus seguindo o que sentem. Se não se
sentem bem num culto, não dão nem oferta etc.,
mas sentindo-se bem, até dão os dízimos. Se não
sentem nada, não louvam a Deus, esquivam-se dos
cultos, e ficam em casa. São estados perigosos, e
pobre da igreja que tem o seu trabalho edificado
sobre tais fundamentos. No entanto, se estamos
cheios do Espírito Santo, Ele ilumina o nosso co­
nhecimento como quer, e entendemos que temos
mais do que as nossas emoções. Construímos a nos­
sa salvação sobre um Deus vivo e nele não há
sombra de variação nem transformação de luz em
trevas. E quanto mais temos comunhão com Ele,
tanto mais perto dele vivemos, mais semelhantes a
Ele ficamos, e não haverá alternância no nosso tra­
balho e na nossa vida espiritual.

6. É NECESSÁRIO CONTROLAR AS NOSSAS


EMOÇÕES ESPIRITUAIS
É importante que haja um controle nas nossas
emoções. Existe gente que critica a forma dos nos­
69
sos cultos, especialmente dos nossos cultos de ora­
ção. Muitos acham que a maneira de cultos das
igrejas evangélicas tradicionalistas é a certa. Se um
deles vem aos nossos cultos, sente-se incomodado,
pela nossa forma livre de realização dos cultos. Se
uma pessoa está acostumada em cultos evangélicos
tranqüilos e nos visita, então reage contra o modo
de orar em voz alta e censura a liberdade que da­
mos ao Espírito para agir. Sem estudarem o assun­
to na Bíblia, eles consideram que a forma tranqüila
e silenciosa de cultos é a verdadeira, e condenam
o jeito livre dos cultos pentecostais. A razão deste
juízo é que o seu sentimento está atado a um costu­
me de muitos anos.Mas a verdade é que a maneira
livre e alegre de cultos tem base segura na Palavra
de Deus e no exemplo dos primeiros cristãos. Quan­
do as pessoas se opõem a um culto barulhento, não
pensam que a forma que adotamos é o resultado
do que aprendemos da Bíblia, e que a deles é a tra ­
dicional que ficou arraigada nos seus sentimentos
e, não examinando o que a respeito dizem as Escri­
turas, perderm as bênçãos de Deus.
Certa vez, um crente denominacional travou co­
migo o seguinte diálogo, depois de um culto de po­
der a que assistimos:
- Será necessário que haja todo esse barulho nos
cultos?
- Sim, respondi, é muito necessário.
- Mas assim não acontece na igreja que freqüen­
to.
- Não acontece porque nessa igreja não há vida.
Se houvesse, os seus cultos seriam iguais aos nossos.
Segundo a Palavra de Deus, necessitamos de liber­
dade nos cultos.
70
Creio que foi num culto de Concilio na igreja es­
tatal que um dos participantes mencionou que,
quando as pessoas vêm à igreja, apresentam-se com
uma natureza diferente. Deixam a naturalidade
fora da porta da igreja e, ali, ela tem de esperar até
a volta dessas pessoas, que retomam, então, ao seu
natural comportamento. Enquanto estão na igreja,
porém, portam-se de maneira diferente. Há muitos
que crêem que o natural é que na igreja deve haver
um silêncio triste como o das sepulturas. Ali (pen­
sam) não pode haver um sonido, um ruído que não
tenha sido antecipadamente programado e ensaia­
do.
Não aceitamos isso. Como drama religioso
pode ter o seu valor esse modo de proceder, mas nos
mostra o que é a religião cristã quando apegada às
formas que inventou. Mas como um culto cristão
não encontra apoio no Novo Testamento. Um culto
cristão é uma oportunidade de as pessoas se encon­
trarem com o seu Deus, com a possibilidade de ex­
pressarem, de forma natural e espontânea, a sua
experiência cristã, do mesmo modo que, em outras
ocasiões, expressam o que querem, o que pensam, o
que sentem. O comportamento das pessoas na igre­
ja depende de se sentirem vivas para louvar a Deus,
depende de estarem libertas para isso pelo Espírito
Santo. Necessitamos que a nossa vida espiritual
seja mais e mais livre do poder dos costumes reli­
giosos.
Pensamentos errados têm os conservadores que
julgam que as coisas devem ser assim e assim, e que
tudo que passa disso está errado. Mas não exami
nam se esses pensamentos tradicionais que atam os
seus sentimentos estão certos ou errados. A nossa
71
vida emocional necessita de ser salva e livre, e deve
estar dèbaixo do controle e do poder libertador do
Espírito Santo. Significa muito para o nosso viver
pessoal como crentes, e também para o nosso tra­
balho, estar a nossa vida emocional na liberdade
que caracteriza uma vida na plenitude do Espírito.
O Senhor nos ajudará, por seu precioso nome, a ser­
mos salvos e livres da nossa própria vontade, para
que todo o nosso ser seja guiado pelo Espírito San­
to. Amém.

72
6
O uso correto dos
dons espirituais
1. O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO CA­
PACITA O CRENTE A CUMPRIR A MISSÃO
QUE RECEBEU DE DEUS

O uso correto dos dons espirituais é o tema tra ­


tado nos capítulos 12,13 e 14 de 1 Coríntios. Cada
um desses capítulos contém um pensamento geral
sobre o assunto. No capítulo 12 apresenta-se a ne­
cessidade dos dons espirituais tais qual a igreja
precisa. No capítulo 13 fala-se sobre a motivação
desses dons, e sobre o poder que deve dominar as
pessoas que os usam. E no capítulo 14 o apóstolo
ensina qual é a finalidade dos mesmos dons. Eu não
tratarei agora sobre os detalhes que o apóstolo men­
ciona; quero somente comentar três grandes verda­
des que aí estão contidas. Em primeiro lugar o
apóstolo fala da grande necessidade dos dons espi­
73
rituais, para que a igreja possa cumprir a sua mis­
são. E ele o faz de maneira muito atrativa. Mencio­
na que a Igreja é o Corpo de Cristo. Assunto do qual
ele trata também muitas outras vezes nas suas de­
mais cartas. É, em realidade, o mesmo pensamento
apresentado por Jesus quando fala da videira e das
varas. A Igreja de Cristo é o seu próprio corpo.
Depois de o apóstolo haver mencionado todos os
dons espirituais e suas características, ensina que,
como o corpo depende dos seus membros e órgãos,
estes também dependem das suas funções específi­
cas. Do mesmo modo, a Igreja depende dos diferen­
tes membros do Corpo de Cristo e dos dons com os
quais têm esses membros sido revestidos. Esta ilus­
tração nos mostra, e maneira muito convincente,
como a Igreja de Deus necessita e depende dos dons
espirituais. O ouvido que está no corpo carece do
atributivo que o capacite a exercer a sua missão de
ouvir. O ouvido e a capacidade de ouvir não são a
mesma coisa. São coisas diferentes. Um é o órgão,
outro é o atributivo que faz com que o ouvido possa
cumprir a sua missão de ouvir. Se aplicarmos isto
ao cristão, veremos que, para que ele possa cumprir
a sua missão na Igreja de Deus, não é suficiente ser
um membro no Corpo de Cristo, mas necessita
também de ter o dom especial, que pertence ao ór­
gão que ele representa.
1.1. A Igreja é um organismo vivo
Naturalmente que é lamentável ter uma pessoa
todos os órgãos do seu corpo, e carecer dos atribut:i-
vos deles, que contribuem para o cumprimento da
função de cada órgão no corpo. Se a pessoa tem o
ouvido, mas não pode ouvir, isto significa uma
grande deficiência, porque o ouvido não pode cum­
74
prir a sua função. Também se o olho não tem a ca­
pacidade de ver, não pode cumprir a sua função.
Este pensamento do apóstolo é realmente significa­
tivo e chama muito a nossa atenção.
Sabemos que na Igreja de Deus existem muitos
órgãos que não cumprem com a sua função. Exis­
tem olhos cegos e ouvidos surdos, mãos paralisadas
e pés enfraquecidos. Esta é a situação que Deus não
quer que exista na sua Igreja. Deus deseja que todos
os membros da Igreja estejam em condições de fun­
cionamento. Seu anelo é que o Corpo de Cristo seja
são. Costumamos dizer que quando o olho carece
da sua capacidade de ver, e o ouvido não serve para
ouvir, e a mão não se pode mover, então o corpo es­
tá enfermo. Esta é a situação reinante numa igreja
onde os membros não têm os dons espirituais e,
como resultado, estão incapacitados de cumprirem
a sua missão. Agora podemos compreender melhor
quâo glorioso é ser batizado com o Espírito Santo e
receber os dons que o Espírito reparte a cada um,
como Ele quer. Deus não nos chamou somente para
sermos membros do seu corpo, mas para que seja­
mos membros em ação, mas isso só pode acontecer
com a capacitação dada pelo Espírito Santo.
1.2. Todo crente tem uma função específica na
obra de Deus
O Espírito Santo dá a cada crente um dom es­
pecial. Está escrito em 1 Co 12.11: “Mas um só e o
mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartin­
do particularmente a cada um como quer” . Glória
a Deus! O Espírito de Deus tem um dom para cada
um. Ele também sabe qual é o dom que convém
melhor a cada um. Ele não dá ao olho a atribuição
de ouvir nem ao ouvido de ver, mas dá a cada um
75
justamente aquilo que necessita. Podemos ver esta
realidade quando vivemos uma vida sob a direção
do Espírito. O mesmo Deus que nos criou reparte
também os dons do Espírito Santo. Ele nos criou
para um propósito espiritual e tem um plano com a
vida de cada um de nós. Paulo disse que Deus o ti­
nha escolhido desde o ventre de sua mãe. Mas esse
privilégio não foi somente de Paulo. Isso se passa
com cada ser humano.
Deus nos criou a todos para uma missão especí­
fica no seu reino, e nos dá também o dom específico
para cumpri-la. O olho recebe o seu atributo. Do
mesmo modo o ouvido e a mão.
Quando somos batizados com o Espírito Santo,
ficamos revestidos do necessário para cumprirmos
a nossa missão. Isto é o que dizem as Escrituras,
pois o batismo com o Espírito Santo é um revesti­
mento de poder para cumprir uma missão santa,
i^oi o que Jesus prometeu aos seus discípulos quan­
do disse: “Recebereis poder quando vier o Espírito
Santo sobre vós, e sereis minhas testemunhas” .
Esta é justamente a intenção de Deus ao batizar
uma pessoa com o Espírito Santo. Ela recebe, pelo
Espírito, um revestimento de poder. Se ela andar
em obediência ao Senhor, poderá cumprir a sua
missão, a sua função na vida da Igreja de Deus.

2. PELO ESPÍRITO SANTO, CADA CRENTE


ESTA APTO A CUMPRIR A SUA MISSÃO

Cada pessoa tem o seu lugar no reino de Deus.


Em 1 Coríntios 12, versos 24-26, está escrito: “Por­
que os que em nós são mais honestos não têm ne­
cessidade disso, mas Deus assim formou o corpo,
dando muito mais honra ao que tinha falta dela;
76
para que não haja divisão no corpo, mas antes te­
nham os membros igual cuidado uns dos outros. De
maneira que, se um membro padece, todos os
membros padecem com ele, e, se um membro é
honrado, todos os membros se regozijam com ele”.
Numa igreja cristã viva existe esta solidariedade:
Cada um tem a sua missão, grande ou pequena,
tudo conforme o plano determinado por Deus para
cada um.
Não há coisa mais gloriosa do que ser salvo e se­
parado para servir ao Senhor, para que sejamos o
que Ele determinou que fôssemos e, assim, receber
o revestimento de Deus para o cumprimento da
função dada por Ele. Isto é felicidade e harmonia
na vida. Creio que a maior infelicidade é o crente
não cumprir a função que lhe foi determinada por
Deus. E muitas vezes o próprio crente não quer en­
trar na vontade Deus. Há pessoas que abandonam
importantes missões, por acharem que tudo é mui­
to difícil. Por isso Deus não pode estar com elas
quando ocupam funções menores. E outros acham
que o cargo que Deus lhes deu é demasiado peque­
no e tratam de fazer coisas maiores saindo da von­
tade divina, e Deus não pode estar com eles.

3. A NECESSIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS

Que glorioso é estarmos no plano de Deus para a


nossa vida. Então Deus nos abençoa e somos tam ­
bém uma bênção. Como é importante que sejamos
batizados com o Espírito Santo, para que receba­
mos os dons necessários na nossa vida! Cada crente
devia entender o perigo de viver uma vida sem o re­
vestimento do poder do alto.
77
Muitas vezes temos visto igrejas sem os dons es­
pirituais. Existem nelas muitos crentes que sabe­
mos serem nascidos de novo e, por isso, são
membros do Corpo de Cristo, mas o lado divino da
vida deles está prejudicado, por efetuarem o seu
trabalho com dons e poderes humanos. Podemos
ter bons pregadores, mas, se não houver revelação
divina nas suas pregações, falam como fala qual­
quer orador político ou idealista. E quando se trata
dos dons espirituais, arrumam-se sem eles. Se há
enfermos, nada fazem, pois não crêem na cura divi­
na por acharem que é fanatismo. Ainda quanto aos
dons, acham que é exagdro. É verdade, existem
igrejas cristãs que vivem sem o poder sobrenatural,
e fazem todo o seu trabalho usando meios huma­
nos. Apesar disso, os seus membros estão satisfeitos
com tal situação e crêem que deve ser assim, pois
nunca tiveram os seus olhos abertos nem provaram
das coisas celestes. i

3.1. O uso dos dons espirituais


Outra coisa mencionada em 1 Coríntios 14 são
os cultos: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos
ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina,
tem revelação, tem línguas, tem interpretação.
Faça-se tudo para edificação” . Que glorioso é isto!
Mas a um culto aqui descrito, que uma grande par­
te dos crentes jamais assistiu. É certo que o apósto­
lo fala do culto particular, pois diz: “Quando vos
ajuntais” . É muito provável que no tempo apostóli­
co a igreja se reunia para cultos particulares muito
mais do que agora. Nas reuniões particulares e
públicas do tempo apostólico, certamente os dons
espirituais operavam. Está escrito no capítulo
12.28: “E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente

78
apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro
doutores, depois dons de curar, socorros, governos,
variedades de línguas”. Deus pôs na Igreja estes
dons e ministérios. As pessoas recebem um minis­
tério e podem cumpri-lo por meio do dom que rece­
beram. Para poder levarmos uma igreja adiante, o
nosso trabalho tem de ser feito por meio dos dons
sobrenaturais.
- “Mas então não devemos pregar o Evangelho?
Não se deve falar como geralmente se fala?” - Sim,
devemos - é a nossa resposta. Mas isto também
deve ser feito por meio dos dons do Espírito. Há
dons especiais para aqueles que falam a Palavra de
Deus. Existem dons por meio dos quais os servos de
Deus podem falar com sabedoria e entendimento: 1
Co 12.8. Os que pregam a Palavra de Deus necessi­
tam desses dons. Necessitam do espírito de revela­
ção no conhecimento de Deus. Se falamos a Pala­
vra de Deus sem a operação desses dons, tudo se
torna seco, humano, estranho, e a pregação não é
ungida. Quando se trata de ajudar os pobres e ne­
cessitados há também um dom especial para isso.
E, quanto aos enfermos, temos os dons de curar.
Que bênção para a igreja quando todos os dons
estão operando! Quantas vezes ficamos edificados
ao ouvirmos os agradecimentos a Deus apresenta­
dos por crentes que foram curados pela oração da
fé! A igreja de Deus necessita de todos os dons espi­
rituais. Ela não pode cumprir a sua missão na ter­
ra, se os seus membros não estão revestidos dessas
doações espirituais. O apóstolo fala enfaticamente
sobre a necessidade de obtermos os dons espiri­
tuais. Ele afirma que é absolutamente necessário
que todos os membros do Corpo de Cristo recebam
79
os dons espirituais. É muito importante que o ouvi­
do ouça e o olho veja!

4. PARA A EFICIÊNCIA DOS DONS ESPIRI­


TUAIS, É NECESSÁRIO QUE O CRENTE
PERMANEÇA NO AMOR DE DEUS

No capítulo 13 de 1 Coríntios, Paulo recomenda


que aqueles que possuem os dons do Espírito Santo
procedam com sabedoria. Ele diz: “Ainda que eu
falasse as línguas dos homens e dos anjos e não ti­
vesse caridade (amor), seria como o metal que soa
ou como o sino que tine” . Por isso os dons espiri­
tuais devem ser acompanhados por uma verdadeira
vida de amor em Cristo. O que tem esses dons deve
lembrar-se de que o primeiro e o mais importante
de tudo é que ele seja cheio do sentimento do Espí­
rito, que é o amor: “E ainda que tivesse o dom de
profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a
ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira
tal que transportasse os montes, e não tivesse car
dade, nada seria”.
Por isso mesmo o apóstolo fala dos diferentes
dons espirituais: o dom de falar em línguas, o de
profecia, os dons de sabedoria, o de conhecimento e
o da fé. E ele afirma que se alguém tivesse todos es­
ses dons e não tivesse amor, nada seria: “E, ainda
que distribuísse toda a minha fortuna para susten­
to dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo
para ser queimado, e não tivesse caridade, nada
disso me aproveitaria” .
4.1. O uso correto dos dons espirituais
Depois de haver trabalhado alguns anos na obra
de Deus, onde os dons espirituais estão operando,
80
entendo muito bem a necessidade de o apóstolo
apresentar este lado do tema. No entanto, se uma
pessoa é batizada com o Espírito Santo e recebe os
dons espirituais, mas não permanece no amor que
Deus derramou no seu coração e começa a amar-se
a si mesma, fica orgulhosa e egoísta nas intenções
do seu coração, pode causar prejuízo á obra de
Deus. Quando um crente é batizado com o Espírito
Santo, o amor de Deus é derramado no seu coração
por esse mesmo Espírito. Por isso, é muito impor­
tante que, depois de haver recebido o Espírito San­
to e os dons, o crente seja guardado no amor de
Deus, para que faça como Jesus disse: “Amar a
Deus sobre todas as coisas e ao seu próximo como a
si mesmo” .
Não há nenhum controle tão poderoso dos dons
espirituais como sentimos em nós mesmos o amor
ardente e vigilante de Deus.
»
Nos últimos anos, muitos têm falado do amor
de Deus com tal abrangência que um crente verda­
deiro até se enfada de ouvi-los. Dizem que, por cau­
sa do seu amor, Deus não castiga os ímpios nem os
pecadores, e passa por cima dos pecados dos cren­
tes. Mas o amor de Deus não é assim. Jesus disse:
“Aquele que tem os meus mandamentos e os guar­
da esse é o que me am a” ; e “Se guardardes os meus
mandamentos, permanecereis no meu amor”, Jo
14.21; 15.10. Mas não devemos deixar de lado a pre­
gação sobre o amor quando feita biblicamente. A
Bíblia fala do amor de Deus e é de grande impor­
tância estarem os nossos corações cheios desse
amor. Com esse amor em nossos corações, usare­
mos os dons espirituais sabiamente, de modo que
sejamos uma bênção para todos.
81
4.2. O am or é o pon to fundam ental no exercício
dos dons espirituais
0 apóstolo continua dizendo: “A caridade é so­
fredora e benigna; a caridade não é invejosa; a cari­
dade não trata com leviandade, não se ensoberbe*
ce” . O crente não deve ficar orgulhoso quando rece­
be um dom do Espírito. Tenho notado que as pes­
soas que não estão acostumadas a so apresentarem
diante de público, perdem facilmente o equilíbrio
espiritual, o que não acontece com os pregadores.
Se eu subisse ao terraço do mais alto edifício de Es­
tocolmo, poderia sofrer vertigem; mas isso não
acontece com os que estão acostumados a ir ali. Es­
tes andam lá com tanta segurança como em casa.
Quando uma pessoa que está acostumada a viver só
para si recebe o batismo com o Espírito Santo e al­
gum dom espiritual, então outros começam a olhar
para ela e acham-na maravilhosa, ela então está
em perigo de ficar orgulhosa e cair. Tenho visto isto
mais de uma vez. Mas o amor não se ensoberbece.
Ele nos faz compreender quão pequenos somos e
que somente Deus é grande.
“N ão se ensoberbece”. “Não se porta com inde­
cência Às vezes encontramos aqueles que não se
importam com a impressão que o mau uso dos dons
tem sobre outras pessoas. Não querem ser critica­
dos nem querem aprender como usar os dons. Di­
zem que não é espiritual reter o dom por causa de
outras pessoas, por amor a elas. Mas se estamos
cheios do amor de Deus, não nos portamos com in­
decência. E por quê? Porque quando amamos, não
amamos somente a Deus, mas também ao nosso
próximo, tanto quanto a nós mesmos, e pensamos
naquilo que pode servir de bênção a ele, e no que
82
lhe pode servir de tropeço. ‘‘Não busca o seus in te­
resses”. E uma coisa gloriosa quando a pessoa, bus­
ca somente o que pertence ao reino de Deus. “Não
se irrita ”. Aleluia! Podemos sofrer uma injustiça,
mas não nos irritamos. Somos golpeados muitas ve­
zes por Satanás e pelos homens, mas, quando esta­
mos em comunhão com Deus, também não nos irri­
tamos. O ahior recebe esses golpes e se inclina como
uma pequena árvore se abaixa pela força da tor­
menta: “Não suspeita mal. Não folga com a injusti­
ça, m as folga com a verdade. Tudo sofre, tudo crê,
tudo espera, tudo su porta”. Meus irmãos, necessi­
tamos desse amor que vem de Deus para que possa­
mos usar os dons espirituais de maneira correta, da
maneira que a Bíblia ensina.

5. É NECESSÁRIO SEREM OS DONS USADOS


SOB A DIREÇÃO DO ESPÍRITO SANTO
Que óleo precioso não é o amor de Deus para fa­
zer funcionar bem essa maquinaria que são os dons
espirituais! Como este óleo maravilhoso livra a m á­
quina de todo o ranger, de toda a fricção, do mau
funcionamento! Quando vivemos sob a lei do amor,
e usamos os dons sob o controle do Espírito, quando
somos guiados por este amor, Deus nos guarda dos
caminhos maus, para que possamos alcançar o al­
vo. É glorioso termos este amor para nos conservar­
mos numa posição certa quanto ao uso dos dons es­
pirituais! Alguns ficam cansados, mas o apóstolo
diz que o amor nunca perece. Podemos permanecer
ardentes neste amor ano após ano. O amor perma­
necerá além dos próprios dons. Está escrito: “A ca­
ridade nunca falha; mas havendo profecias, serão
aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo
83
ciência, desaparecerá. Porque em parte conhece­
mos, e em parte profetizamos”. Então não nos en­
tristeçamos se alguém acusar a nossa ciência de im­
perfeita, nem nos aflijamos se alguém criticar a
nossa profecia.
Até num fenômeno tão glorioso como a profecia
podem aparecer erros, pois está escrito que “em
parte profetizamos” . É importante que tanto o pro­
feta como os ouvintes saibam disto. Alguns criti­
cam a profecia por que é imperfeita. Mas, segundo
a Palavra de Deus, ela não é perfeita por causda da
interferência humana. Por isto existe o dom de dis­
cernimento, que sempre é mencionado em conjunto
com a profecia. “Mas quando vier o que é perfeito,
então o que o é em parte será aniquilado” . Alguns
interpretam esse texto afirmando que os dons espi­
rituais não devem existir no nosso tempo. Pois está
escrito (dizem) que desaparecerão; por causa disso,
afirmam que não podem ser usados agora. Mas
aqui se menciona algo que desaparecerá quando o
que é perfeito aparecer. Até que chegue esse dia, os
dons espirituais podem e devem existir na igreja,
Este amor glorioso mencionado por Paulo faz com
que não nos irritemos, nem fiquemos feridos, nem
golpeados, nem desanimados, pois o amor de Deus
nos guarda ano aDós ano. avançando sempre, cres­
cendo sempre, alegrando-nos sempre.

6. OS DONS ESPIRITUAIS VISAM À EDIFICA­


ÇÃO DA IGREJA
Por último, o apóstolo fala da finalidade dos
dons espirituais. Deste tema trata-se no capítulo
14, que começa assim: “Segui a caridade, e procu­
rai com zelo os dons espirituais, mas principalmen­
84
te o de profetizar” . DepoÍ8 diz no verso 12: “Assim
também vós, como desejais dons espirituais, procu­
rai abundar neles, para edificação da igreja” . Aqui
temos a finalidade dos dons: a edificação da Igreja.
É muito importante que isto esteja bem claro
para nós. Sei que tem havido muitos erros neste
sêntido. Há pessoas que recebem os dons espiri­
tuais e, desde que os recebem, mantêm uma posi
ção correta diante de Deus, servindo, assim, de
bênçãos para a igreja. Mas, com o tempo, vão sendo
engandas pelo Diabo que aproveita e vem com suas
tentações, pois ele tentou a Jesus. E há tentação
que não as suporta qualquer crente, mas somente
os que estão cheios do Espírito Santo. Notemos que
Jesus saiu do rio Jordão, onde fora cheio do Espírito
Santo, para o deserto. Primeiro foi tentado para fa­
zer das pedras pão. Esta tentação, o Diabo nunca
apresenta a um materialista, mas só a uma pessoa
verdadeiramente espiritual. (Os materialistas são
tentados de outra maneira.) A primeira tentação a
Jesus foi um esforço no sentido de que uma pessoa
espiritual usasse os seus dons espirituais visando à
glorificação de si mesma: “Se tu és o Filho de Deus,
manda que estas pedras se tornem em pães” . Seria
muito agradável para Jesus comer pão depois de
quarenta dias de jejum, e mostrar o seu poder, mas
Jesus resistiu a essa tentação. Também foi tentado
a lançar-se do pináculo do Templo ao solo e mos­
trar que Deus estava com Ele, mas Jesus não fez
essa demonstração porque seria um fanatismo e
uma obediência à insinuação do príncipe das tre­
vas. O Diabo tem tentado a muitos que outrora
eram cheios do Espírito Santo, a fazerem muitas
coisas para mostrarem que Deus estava com eles, e
muitos caíram; mas o crente que realmente tem co-
85
munhão com Deus e vive em humildade, foge des­
sas tentações. Tenho notado, que se uma pessoa
não cede à primeira tentação, como ocorreu com o
Senhor Jesus, então o Diabo vem com a tentação
da ambição.
6.1. O perigo de se pensar que é im portante
Um hunrlde membro da igreja pode ter o desejo
de ser importante, e quer fazê-lo com o apoio das
experiências que trazem o batismo e os dons do
Espírito Santo. Então o Diabo vem e diz: “Prostra^
te e adora-me e terás muito poder. Não tenhas tan ­
to cuidado. Podes até estar de acordo com o que
não é certo. O importante é que tenhas poder” . Isto
é um abismo onde o crente que não vigia pode cair.
É também nesse ponto que o Diabo tem tentado a
muitos servos de Deus e os transformado em instru­
mento do mal, para dividirem e estragarem
grandes e gloriosos despertamentos. Não se pode
negar que isso é prestar culto ao Diabo porque,
conscientemente, dão lugar ao orgulho, à mentira,
ao egoísmo e à cobiça, para obterem influência na
igreja. Se uma pessoa revestida dos dons espirituais
e cheia do Espírito Santo cede a essa tentação, ela
se torna quase que um caso perdido. Ainda que a
sua alma possa ser salva como pelo fogo, não se tor­
nará jamais um instrumento nas mãos de Deus.
6.2. Deixando o orgulho
Mas Deus pode guardar o seu povo, para que
cada crente possa dizer, como disse Jesus: “Vai-te
Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus
adorarás, e só a ele servirás” . É imensamente im­
portante que aquele que está revestido dos dons es­
pirituais saiba realmente qual é a finalidade desses
dons. A posse deles não é para que o crente se torne
86
orgulhoso. Cada um devia entender isso. Quando
Deus abençoa um crente Ele abençoa para que se
torne uma bênção para outros. Se Deus nos batizou
com o Espírito Santo e nos deu dons espirituais, de­
vemos estar conscientes de que o alvo dele é que os
usemos para a edificação da igreja. Há também os
que possuem os dons espirituais, mas não querem
usá-los na igreja. Acham que é mais fácil usá-los
num pequeno grupo de oração, onde opera menos o
dom de discernimento que prova a mensagem: eles
se afligem pela prova que têm de passar, se usarem
os seus dons na igreja. Mas isto é um pensamento
errado. Em lugar disso devemos pensar em que na
igreja há uma multidão de irmãos e irmãs, que têm
muita sabedoria de Deus e que nos podem ajudar.
Desta maneira, seremos instruídos e cresceremos, e
os dons espirituais serão mais úteis. Quando temos
a edificação da igreja como alvo, não necessitamos
de ter medo de usar os dons, pois teremos mais cui­
dado no sentido de que a nossa apresentação sirva
realmente para edificação. O uso dos dons deve ter
também como alvo a salvação das almas, para que
a igreja de Deus vá sendo edificada, quando novas
pedras são postas no edifício espiritual. Tenho no­
tado que, se temos amor às almas, tratamos de nos
apresentar com sabedoria, sem perturbações, sem
nada fazer que irrite os assistentes, nem os escan­
dalize. Tenhamos cuidado para que tudo o que
apresentarmos no culto seja para a salvação das al­
mas para a edificação da igreja! Que Deus nos
abençoe para buscarmos todos estes dons espiri­
tuais! E se já os temos recebido, que seja a nossa in­
tenção diante de Deus usá-los para a sua glória,
para a salvação das almas e para a edificação dos
santos. Amém.
87
7
Os ministérios
espirituais
1. TAMBÉM SÃO NECESSÁRIOS À IGREJA OS
MINISTÉRIOS ESPIRITUAIS
Os m inistérios espirituais, ou conío diz numa
tradução moderna, os serviços espirituais, têm sido
menos apreciados que os dons do Espírito Santo,
tanto neste despertamento pentecostal como em
despertamentos anteriores: o interesse têm sido di­
rigido mas aos dons espirituais. Durante muitos
anos os dons espirituais estiveram em estado laten­
te na Igreja de Deus. Nâo se sentia a falta deles e
ninguém por eles perguntava. Mas, glória a Deus,
vivemos num tempo em que os dons espirituais,
mencionados em o Novo Testamento, são uma rea­
lidade na verdadeira igreja cristã! Há ainda cris­
tãos da geração passada que, se nós lhes perguntás­
semos o que era falar em línguas e profetizar, eles
responderiam que isso foi algo que praticavam os
89
cristãos dos tempos apostólicos, mas que no tempo
deles nada se sabia nsm se falava a respeito desse
assunto.
Por meio deste glorioso movimento pentecostal
e da verdade que por ele tem sido vivificada, os
dons espirituais estão vivos e o povo de Deus os têm
recebido ou os está buscando, e todos louvam ao
Senhor por esta gloriosa experiência, que as Escri­
turas chamam de batismo com o Espírito Santo,
e que é o cumprimento da promessa constante de
Joel 2.28. É também o recebimento da experiência
que Jesus prometeu aos seus. O apóstolo Pedro dis­
se: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a
vossos filhos, e a todos os que estão longe; a tantos
quantos Deus nosso Senhor chamar” .
Multidões de crentes já receberam esta verdade
do batismo com o Espírito Santo e com ele os dons
espirituais. E essa bênção é real e confirmada pela
Palavra de Deus, no Novo Testamento, pois nesta
parte da Bíblia é que encontramos estas verdades:
o batismo com o Espírito Santo e os dons espiritu­
ais. Mas, como já se disse, não temos dado aos mi­
nistérios espirituais a importância que lhes é devi­
da, de vez que a Palavra de Deus fala claramente
sobre eles. Em Efésios 4.10-16, mencionam-se os di­
ferentes ministérios como: profetas, apóstolos, evan­
gelistas, pastores e doutores: Em 1 Co 12.12-14, Paulo
fala sobre isso, e também na carta aos Efésios,
ensinando que os ministérios ou serviços têm a
missão de consolidar o Corpo de Cristo, unindo os
seus membros. Esses ministérios são mencionados
em 1 Co 12.4,5. São realmente os membros do
Corpo de Cristo que, segundo 1 Co 12, estão reves­
tidos de dons espirituais e, desta maneira, capaci-
90
tados para servir à totalidade desse glorioso corpo,
que é a Igreja.

2. QUANDO OS CRENTES ESTÃO UNIDOS


ENTRE SI, O ESPÍRITO SANTO PROMOVE
A UNIÃO DA IGREJA

Devemos notar que os ministérios devem estar


representados em todo o corpo. Há outros ministé­
rios que pertencem à igreja local, mas os que se
mencionam acima pertencem à Igreja em sua tota­
lidade, e sua missão é de conservar a união dos
crentes, em primeiro lugar com Cristo, isto é, de­
vem operar de tal maneira, que todos sejam unidos
e que possam continuamente crescer em Cristo, e,
depois, que os crentes sejam unidos entre si. No
tempo apostólico estes ministérios funcionavam
como laços de união entre as igrejas cristãs. Este
tema é interessantíssimo, e interessa profundamen­
te ao trabalho espiritual cristão. Se os crentes em
geral estudassem este assunto e seguissem a vonta­
de de Deus em relação a isso, então haveria grandes
modificações no trabalho espiritual. Pois esses mi­
nistérios influem poderosamente no nosso trabalho
para o Senhor. Atualmente, deve-se fazer aos cren­
tes em geral a seguinte pergunta: 0 que é que deve
unir as nossas igrejas para que não haja divisões? A
isso responderemos que na igreja apostólica não ha­
via nenhum órgão senão os ministérios espirituais:
não havia nenhuma organização para unir as igre­
jas, e nenhuma comissão direcional escolhida para
resolver dificuldades ou tomar resoluções em nome
da igreja local. Celebravam-se, sim, reuniões aci­
dentais, como o exemplo mencionado em Atos
91
capítulo 15, quando foi tratada uma questão que
surgiu por terem alguns cristãos judaizantes, vin­
dos de Jerusalém, ensinado entre os crentes gentios
que ninguém podia ser salvo sem ser circuncidado.
Mas nessa reunião não foram tomadas resoluções
sobre o trabalho espiritual das igrejas. Foram os
apóstolos e os anciãos, mas não somentes estes,
pois toda a igreja em Jerusalém tomou parte na
reunião: At 15.22. Primeiro se reuniram para tratar
o assunto com a igreja, como surgisse muita discus­
são, separaram-se apenas os apóstolos e os anciãos
para deliberarem sobre o assunto. No entanto, logo
apresentaram o resultado a que chegaram à igreja,
e está escrito que toda a igreja tomou parte na reso­
lução final e na declaração feita: 15.23b. Como pô­
de o trabalho ser realizado, se não havia uma orga­
nização denominacional? Nem mesmo os que hoje
são partidários de organizações podem adm itir que
tais organizações existissem nos tempos apostóli­
cos.
Qual foi, pois, a razão pela qual o trabalho pla­
nejado e efetuado conservou-se unido ano após ano
e cresceu de maneira maravilhosa, jamais superado
até os nossos dias? Qual foi a razão disso?! Respon­
demos que foi porque o Espírito Santo exercia ple­
no poder sobre a vida dos primeiros cristãos. Jesus,
quando estava com os seus discípulos antes de su­
bir para o Céu, disse que enviaria o Espírito Santo
em seu lugar. E o Espírito Santo veio e foram todos
batizados com o Espírito Santo. E, com a plenitude
do Espírito, vieram os dons e os ministérios. Os pri­
meiros cristãos foram tão tocados pelo Espírito
Santo, que os seus dons naturais se transformaram
em vasos santificados, nos quais os dons foram der­
92
ramados, e cada um recebeu um dom espiritual de
acordo com a sua capacidade pessoal.
Devemos nos lembrar de que aquele que distri­
bui os dons é o mesmo que criou o homem desde o
ventre de sua mãe. Assim, quando Ele enche o
crente com o Espírito Santo, então os dons espiri­
tuais são amalgamados com os dons naturais já
santificados pelo Senhor, para sua obra. Em 1
Coríntios 12.25, Paulo usa uma ilustração muito
forte. Ele diz que os membros, os diferentes órgãos
do corpo, podem servir uns aos outros para edifica­
ção: “Porque também o corpo não é um só membro,
mas muitos” , 1 Co 12.14. O pensamento aqui é que
os diferentes ministérios e as pessoas componentes
da igreja são membros do mesmo corpo,' cabendo a
cada um a sua própria missão.

3. SER CHEIO DO ESPÍRITO SANTO É A CON­


DIÇÃO PARA EXERCER QUALQUER MI­
NISTÉRIO
Além dos ministérios de apóstolos, profetas,
evangelistas, doutores e pastores; em sentido lato,
existem outros, como o dom de línguas, o de inter­
pretação de línguas; e até a ajuda aos pobres é um
ministério. Creio que cada membro da Igreja de
Deus tem o seu próprio ministério. Mas o pensa­
mento extraordinário que encontramos é que, se
cada membro ou órgão cumpre a sua função é por­
que possui o dom correspondente a ela. Para que
um ouvido funcione, não é suficiente que seja ape­
nas um ouvido, mas é necessário que tenha a capa­
cidade de ouvir. E um olho? Que adianta ser um
olho, se não tiver a faculdade de ver? Que firmeza
há num pé, se ele não pode levar a carga do corpt
93
Isto é um argumento muito forte. Lede o capítulo
12 de Romanos, e encontrareis que apresenta os
dons primeiro, depois os ministérios. Os dons são a
condição para os ministérios. Eu posso estar incluí­
do num trabalho religioso como pregador, cantor,
zelador, diácono, ancião, e para tudo isso posso ser
escolhido e autorizado pela igreja. Mas o impres­
cindível é que eu tenha um ministério espiritual
para isso. Estou eu revestido com o Espírito Santo e
tem Ele me capacitado com um dom que corres­
ponda à minha missão na igreja? Se assim não for,
serei um olho cego, um ouvido surdo, um pé parali-
zado, e uma mão impotente. É lamentável a situa­
ção de uma igreja, na qual faltam os dons espiri­
tuais e, como resultado, faltam também os ministé­
rios espirituais!
A condição para termos um ministério é que
sejamos cheios do Espírito Santo, e que o Espírito
Santo nos tenha capacitado com os dons necessá­
rios, para podermos cumprir o nosso ministério. É
por esta razão que há diferença entre um trabalho
espiritual e outros trabalhos sem espiritualidade.
Um trabalho onde os dons espirituais estão em fun­
ção da igreja é completamente diferente de um em
que somente os dons naturais funcionam. É por isso
que é tão glorioso ter um ministério espiritual, pois
é o meio pelo qual Deus se manifesta e reparte bên­
çãos espirituais à sua igreja. A condição para bem
cumprirmos um ministério espiritual é que sejamos
cheios do Espírito Santo e revestidos dos dons espi­
rituais. A primeira epístola aos Coríntios nos afir­
ma que aquele que não tem os dons do Espírito
Santo não pode ter conseqüentemente um ministé­
rio espiritual. É um assunto muito importante. É
94
necessário perguntarmos a nós mesmos, diante do
Senhor, se o nosso ministério é comum e humano,
ou se é divino: se é um ministério espiritual. Há
muitos e diferentes ministérios espirituais mencio­
nados em várias partes das Escrituras. Está escrito
em Efésios 4.11: “E ele mesmo deu uns para após­
tolos, e outros para profetas, e outros para evange­
listas, e outros para pastores e doutores” .
Qual foi a missão dos apóstolos na igreja primi­
tiva? Quando falamos de apóstolos, devemos pres­
tar atenção, pois há duas classes desse oficio men­
cionadas no Novo Testamento: Em Apocalipse 21.14
fala-se dos doze apóstolos do Cordeiro, e entende­
mos que o colégio apostólico tem somente 12 após­
tolos, pois diz que os seus nomes estão gravados nas
pedras brancas da nova Jerusalém, que são doze:
“E o muro da cidade tinha doze fundamentos, e ne­
les o nome dos doze apóstolos do Cordeiro” . A exi­
gência para figurar entre os doze era ter convivido
com Jesus no seu ministério terreno. Está escrito em
Atos 1.21,22: “É necessário pois que, dos varões que
conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor
Jesus entrou e saiu dentre nós, começando desde o
batismo de João até o dia em que dentre nós foi re­
cebido em cima, um deles se faça conosco testemu
nha da sua ressurreição” . Também lemos em 1
Coríntios 9.1: “Não sou eu apóstololo? Não sou li­
vre? Não vi eu a Jesus Cristo, Senhor nosso? Não
sois vós a minha obra no Senhor?” Se a condição
para figurar entre os doze era haver visto o Senhor,
pode-se perguntar se Paulo pertenceu aos doze. Con-
ta-se no primeiro capítulo de Atos como os onze es­
colheram um novo apóstolo no lugar de Judas Isca-
riotes. Não quero pronunciar-me sobre isso, mas é
95
maravilhoso o lugar que Paulo ocupa entre os após­
tolos. Está claro no Novo Testamento que Paulo
ocupou lugar proeminente entre eles. Nenhum pô­
de assemelhar-se a ele exceto Pedro, que fez a pre­
gação do dia de Pentecoste. Mas, ao lermos Atos,
vemos que Paulo elevou-se acima dos demais, e é
ele mesmo que diz: “Tenho trabalhado mais que
todos” . Assim, seria injusto não ser ele coitado en­
tre os doze. Ele foi escolhido desde o ventre de sua
mãe. Mas os onze escolheram Matias. Talvez tives­
sem feito isso porque não esperaram pelo Pentecos­
te. Se tivessem esperado, provavelmente não o te­
riam escolhido. Seja como for, aqueles cujos nomes
estão escritos nos fundamentos da nova Jerusalém
são somente doze.
Não podemos negar que o Novo Testamento
fala de outros apóstolos além dos doze. Em Atos
14.14 lemos: “Ouvindo, porém, isto os apóstolos
Bamabé e Paulo, rasgaram os seus vestidos, e sal­
taram ...” Temos várias outras passagens que falam
do mesmo assunto. Bamabé foi chamado Apóstolo,
mas não pertencia aos doze. O ministério apostóli­
co continua na igreja cristã e continuará sempre.
Temos entre nós apóstolos, embora não sejam cha­
mados por esse nome. É desta maneira que a igreja
está edificada sobre o fundamento dos apóstolos e
dos profetas. Outros chamavam-se apóstolos por
terem uma visão especial, mas não eram apóstolos
da igreja, nem figuraram nos fundamentos da nova
Jerusalém. Quando em Apocalipse 21.14 se fala da
nova Jerusalém, está bem claro que ela é a noiva, a
esposa do Cordeiro, e que os nomes dos doze após­
tolos estão escritos nos fundamentos da igreja.
96
4. A VERDADEIRA CARACTERÍSTICA DE UM
APÓSTOLO

Uma das missões que caracterizam um apóstolo


é fundar continuamente trabalhos cristãos. Paulo
menciona isso em 1 Coríntios 9.1: “Não sou eu
apóstolo?” Não sou livre? Não vi eu a Jesus Cristo,
Senhor nosso? Não sois vós a minha obra no Se­
nhor?” e continua no verso 2: “Se eu não sou apósto­
lo para os outros, ao menos o sou para vós; porque
vós sois o selo do meu apostolado no Senhor” . Que
queria o apóstolo dizer quando dise: “Se eu não sou
apóstolo para os outros, ao menos o sou para vós?”
Sim, ele tinha fundado a obra em Corinto por isso
disse: “Vós sois o selo do meu apostolado” . Muitos
foram salvos e ali se formou uma grande igreja: isto
era o selo.
E também neste sentido que Bamabé é mencio­
nado como apóstolo, pois havia fundado muitos
trabalhos espirituais. “Apóstolo” também significa
missionário. Missionário é aquele que funda traba­
lhos espirituais em novos campos. A palavra grega
“apóstolo” significa enviado mas num sentido es­
pecial. A missão do apóstolo é levar a mensagem a
povos que não conhecem o cristianismo, que nunca
ouviram o Evangelho. Também é correto dar o
nome de apóstolos aos primeiros missionários que
vêm a um país. Por exemplo, Anagar, o apóstolo
nórdico; Hudson Taylor, o apóstolo da China; e Li
vingstone, o apóstolo da África. Foram pioneiros e
fundaram trabalhos evangélicos. E, por essa razão,
a igreja cristã pode chamá-los de apóstolos.
Existem os que nos criticam porque não quere­
mos separar obreiros para apóstolos. E certo que
97
pela história da igreja se constata que alguns foram
eleitos apóstolos. Quando começou o glorioso des-
pertamento pentecostal, com os dons espirituais,
então afirmavam: “Está claro que quando se mani­
festa uma vida esDiritual apostólica, devemos esco­
lher também doze apóstolos” . Os irvíngianos, por
exemplo, escolheram apóstolos e diziam que antes
que morressem esses apóstolos Cristo deveria vir.
Mas o último apóstolo deles morreu há muitos
anos, e Jesus ainda não veio buscar os seus. Por não
fazermos isso, dizem que não cremos no ministério
apostólico. Claro que cremos. Cremos tanto no mi­
nistério apostólico, como no de doutor, e no de pas­
tor. É um ministério que deve continuar na igreja
cristã.

5. A BlBLIA NAO AUTORIZA A SEPARAÇÃO


DE OBREIROS PARA O MINISTÉRIO DE A-
P0STOLO
Mas há uma coisa muito importante nesta
questão. Da minha parte tenho tido medo de que a
palavra apóstolo seja mal entendida, e, desta ma­
neira, a obra de Deus venha a sofrer. Nos nossos
dias há pessoas que chamam a si mesmas de após­
tolo. Apesar disso, há pouco notei algo na Palavra
de Deus que me. livrou da idéia de separar apósto­
los. Jesus falou sobre João Batista e disse: “Ele é o
Elias que havia de vir” . Ele disse isso quando pre­
gava para o povo.
Todos sabemos que existem pessoas que ficam
muito orgulhosas com um título. Se começarmos a
chamá-las pelo título do seu ministério, estas pes­
soas podem passar a se apresentarem dizendo: “Eu
sou apóstolo” ou “Eu, eu sou profeta” etc. Certa vez
98
me disse uma irmã: - “Recebi o dom de curar os en­
fermos” . - “Sim, glória a Deus”, respondi. “Isso se
manifestará quando a irmã curar os enfermos” . É
Por meio do que acontece que as pessoas compreen­
derão e verão a missão que têm. Mas nós mesmos
não devemos andar proclamando que somos possui­
dores deste ou daquele ministério. E se o povo nos
diz que somos isto ou aquilo, temos o dever de di­
zer: “Não, não sou” . E esse direito está de acordo
com a verdadeira humildade. Ainda que sintamos
que temos uma chamada de Deus, não devemos
usar títulos. Queremos é servir a Deus, e a Ele é que
compete revelar, por meio do que faz por nós, o que
somos. Creio ser uma grande bênção não entrarmos
no caminho do orgulho, como o fez a “Igreja Apos­
tólica” , de Wales (Grã-Bretanha).
Conversei certa vez com dois “apóstolos” da ci­
tada igreja, e recebi alguns ensinos que me têm aju­
dado muito. Eles chamam a si mesmos de apósto­
los, por terem sido consagrados para isso. Eles fi­
cam contentes por terem sido “consagrados” por
meio da unção com óleo. Eu lhes perguntei que
base tinham para aceitarem esse título quando o
próprio fundador da Igreja Apostólica de Wales res­
pondeu a essa pergunta dizendo: “Eu confesso que
não temos base para isto na Bíblia, mas o fizemos
porque tem sido para bênção” . Mas a verdade é que
entraram por um caminho errado por meio de uma
profecia falsa. Eu lhes disse que essa dúvida revela­
va os fracos fundamentos de sua organização, pois
se, sobre um fundamento tão frágil, edifícam coisa
tão importante, como é a consagração de apóstolos
e a de profetas, eles mesmos têm de admitir que
não têm a aprovação divina. Compreendi então a
99
insegurança do trabalho deies. Não podemos tratar
as coisas divinas por planos humanos.
Não se podem escolher pessoas para um minis­
tério espiritual. Nem a igreja nem os seus represen­
tantes podem eleger titulares para um ministério
espiritual. Deus é que dá à Igreja (que é o Corpo de
Cristo) os seus ministros. Todos sabemos que não
se podem colocar membros num corpo de maneira
mecânica. Pensemos num homem como Martinho
Lutero. Não foi um ser humano que o elegeu para
Reformador, mas Deus é que o colocou nessa mis­
são. O papa de então quis impedir a realização des­
sa obra, mas não pôde. Está escrito em Efésios 4.11
que Deus deu à Igreja... É glorioso que é Deus quem
escolhe e dá os ministérios espirituais na Igreja.
Ninguém pode ser eleito por maioria de votos para
exercer um desses ministérios. Não, antes são pos­
tos por Deus em nossas igrejas, pois, Ele mesmo
deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e
outros para evangelistas, e outros para pastores, e
doutores” . São dádivas de Deus à igreja, feitas di­
retamente pelo Senhor Jesus. Ele é que os dá à igre­
ja. E os que na verdade têm um ministério, o rece­
beram de Deus. Deus também pôs o seu poder neles
e, por isso, não podem tampouco ser destituídos pe­
los homens. Quem pôde destituir Lutero? Quem
pôde destituir Wesley? As pessoas dadas por Deus
vêm e vão, sem que ninguém as escolha, ou as des­
titua.

6. OS MINISTÉRIOS DO CRENTE VEM DIRE­


TAMENTE DE DEUS
Como é glorioso receber os ministérios direta­
mente de Deus. Como são diferentes daqueles que

100
os homens tanto escolhem como rejeitam por meio
de suas organizações! “Sim”, diz alguém, “isto é
grandioso e lindo, mas só acontece de três em três
ou de quatro em quatro séculos”. No entanto, o a-
certo disso depende tão-somente da igreja cristã.
Mas muitas vezes, porém, ela mesma não quer ser
dependente de Deus, e, ela mesma dá ministérios e
serviços, e também destitui os que os recebem, e a
vontade de Deus não é feita. Por esta razão a Igreja
têm tido, durante longos períodos, ministros esco­
lhidos pelos homens, cujo trabalho é também con­
trolado por eles. Mas se os componentes de desper-
tamentos quiserem viver uma vida com Deus, e de­
sejarem viver em contato com Ele, então Deus fará
como fez na igreja primitiva: escolherá homens pa­
ra a obra e os capacitará para a executarem. Deus
escolheu Paulo, o maior perseguidor da igreja, e o
transformou no maior servidor da igreja. Isto Deus
fez porque, então, as igrejas dependiam dele. Se e-
las mesmas tivessem resolvido tudo; a Deus nada
restaria para fazer. De onde vieram os pregadores
no grande despertamento do século passado7 Foi
Deus quem os escolheu: sapateiros, alfaiates, pro­
fessores, pastores, e gente de todas as classes.
Ninguém a não ser Deus os enviou, e eles per­
maneceram firmes na sua missão, porque a igreja
depende de Deus. Muitos se levantaram contra eles
e quiseram destitui-los, mas eles permaneceram:
ninguém os podia colocar de lado, porque ao poder
espiritual que tinham, ninguém resistia. Da minha
parte estou cansado de ver obras religiosas hum a­
nas. Se as nossas igrejas se inclinassem para o lado
humano, e não quisessem continuar com os minis­
térios espirituais, então eu não aceitaria isso. Prefi­
101
ro mil vezes seguir sozinho o meu caminho, em co­
munhão com o meu Deus e em paz com o ministério
espiritual que recebi para cumprir a missão divina
que me foi dada, a ser aplaudido e dirigido pelos
homens. Não quero dizer com isso que os que têm
ministérios espirituais não se devem sujeitar à igre­
ja, pelo contrário, se a igreja é espiritual e quer se­
guir o caminho de Deus, há uma colaboração m ara­
vilhosa, pois aqueles que têm os ministérios espiri­
tuais se sujeitam a ela. Que bom que podemos,
num mundo superorganizado, buscar os métodos
dos cristãos primitivos! Mas para isso precisamos
seguir a Bíblia, a preciosa Palavra de Deus. Glória
a Deus que temos esta Palavra entre nós! A direção
que em geral temos nas sociedades religiosas do
nosso tempo, é uma direção escolhida por meio de
votos: não está de acordo com a Palavra de Deus.
Os dirigentes que a igreja necessita devem ser esco­
lhidos e revestidos pelo Espírito Santo, pois tam ­
bém é necessário que tenhamos ministérios espiri­
tuais em nosso tempo.
Oremos a Deus para que estes ministérios este­
jam em pleno funcionamento nas igrejas cristãs e
então veremos muitas coisas gloriosas.

102
»

ew i P e th ru s será
contado como lum
dos grandes da his­
tória da Igreja”. Estas p a ­
lavras escritas em artigo
no “Dagen", jornal sueco
pentecostal, por um histo­
riador, são testem unhos
insuspeitos da relevância
de que se revestiu a figura
do líder pentecostal, cuja
atuação deixou m arcante
influência na obra da Igre­
ja .
P reg a d o r, e r u d ito e
portador de alto grau de,
espiritualidade, afirmava
sem pre suas origens pente-
costais, interessando-se de
modo invulgar pela expan­
são do Evangelho.

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