Esdrasfarias PDF
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DIRETORIA DE DOCUMENTAÇÃO
BIBLIOTECA CENTRAL BLANCHE KNOPF
Virgínia Barbosa
Bibliotecária da
Fundação Joaquim Nabuco
RECIFE
2009
ESDRAS FARIAS, 120 ANOS DE NASCIMENTO:
PRESENÇA NO ACERVO DA FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO
SUMÁRIO
3 PSEUDÔNIMOS 4
4 ROTEIRO JORNALÍSTICO 5
4.1 Participação em Periódicos: Relação Alfabética 9
6 CADERNO DE POEMAS 26
7 ÍNDICE 42
2
Seu perfil pessoal nos foi revelado por meio de seus trabalhos literários,
além de outros a ele dedicados ou em depoimentos de quem o conheceu.
O acadêmico Célio Meira, amigo do poeta por quarenta anos, nos apresentou
o homem Esdras e algumas de suas características num texto datilografado, um
ano depois de sua morte, sob o título Esdras Farias:
1
FARIAS, Esdras. Discurso de posse [da Academia Pernambucana de Letras]. Jornal
Pequeno, Recife, 7 fev. 1947.
2
Ibid.
3
O texto completo se encontra no item 5.5, p. 8.
4
Esdras Farias fez parte de uma geração de poetas que povoaram os jornais e
revistas de Pernambuco com seus versos românticos. Em plena década de 1920 e
de 1930, período que o movimento literário modernista se instalava no Brasil,
muitos literatos, a exemplo de Esdras, resistiram ao novo movimento. Assim
escreveu o poeta no seu discurso de posse da Academia Pernambucana de Letras
(Cadeira nº 15), em 1946: “[...] me sinto feliz por pertencer a esta agremiação
onde não existem os tais poetas modernistas que, à força de uma originalidade
preconcebida, transformam as suas produções no mais insulso dos logogrifos.”6
3 PSEUDÔNIMOS
4
LOPES, Silvino. Caderno de um descrente. Recife: [s.d.], 1950. p. 5 et seq.
5
CAMPOS, Antônio; CORDEIRO, Cláudia (Org.). Pernambuco, terra da poesia. Recife: IMC;
São Paulo: Escrituras Ed., 2005. p. 543.
6
FARIAS, Esdras. Discurso de posse. Jornal Pequeno, Recife, 7 fev. 1947.
7
Ibid.
5
4 ROTEIRO JORNALÍSTICO*
*
Roteiro elaborado a partir da obra de Luiz do Nascimento, História da Imprensa em
Pernambuco. Recife: UFPE, 1962-1997. 14 v. disponível em:
<http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publi
cationCode=16&pageCode=1087&date=currentDate>. Acesso em: out. 2009.
6
Nosso Boletim
Notícia, A: Folha Neutra
Olha a Curva! Humorístico, Crítico, Carnavalesco
Olinda: Publicação Mensal, Divulgando Assuntos da Cidade
Olinda: Revista Ilustrada – Verão de 1933
Olinda-Jornal: A Voz de Olinda para seu povo. Órgão Independente
Orvalho: Magazine Mensal, Literário, Noticioso, Humorístico
Palavra, A: Órgão do Grêmio Literário Virgínio Marques
Pernambuco:- Quinzenário do Estado. Interesses do Estado. Informações
Mundiais
Pernambuco: Órgão de Livre Opinião
Pilar, O: Órgão Oficial do Centro Educativo Operário da Companhia
Produtos Pilar S/A
Pilhéria, A
P’ra Você: Revista Semanal Ilustrada
Preces de Junho: Revista Sanjuanesca. 1934
Presente de Natal: Revista Anual Ilustrada de Literatura Artes e
Variedades
Província, A: Órgão do Partido Liberal
Rabecão, O: Órgão da Fuzarca Pernambucana de 1934
Reação
Recife: Magazine Ilustrado. Órgão de Propaganda e Divulgação do
Nordeste Brasileiro
Revista da Academia Pernambucana de Letras
Revista da Cidade: Órgão Cultural e de Mundanidades, Ilustrado
Revista de Pernambuco: Ciência e Arte, Política e Indústria
Revista do Clube Português
Revista do Imperial Casino – Mensal, Ilustrada, de Artes, Mundanidade e
Teatro
Rua Nova: Arte, Literatura e Notícias
Sanjuanesco, O
São João da Mauricéa
São João do Meu Brasil
São João em Minha Terra: Anuário de diversões e conhecimentos úteis,
para os dias festivos a Santo Antonio, São João e São Pedro
Seleta-Magasine, A: Revista de Interesses Gerais
Septentrião, O: Revista Mensal Ilustrada
Serra, A: Órgão de Interesses Gerais do Município (Timbaúba)
Symbolo, O: Órgão do Grêmio Hermes Fontes
Tarde, A
Tempo, O: Informações, Notícias, Variedades
Timbaúba-Jornal: Órgão das Classes Conservadoras do Município
Tribuna de Olinda
União: Órgão da Associação Pernambucana de Servidores de Estado
Veneza Americana
Verão: Periódico Semanal, Literário, Humorístico e Noticioso
Verde: Revista de Atualidades
Vitrina: Revista Ilustrada e Artística
Voz do Recife, A (sucessora de A Voz de Afogados)
12
33 – O Recife dos nossos dias. p. 33, jul. 1953. [seção Página de Esdras
Farias] (artigo).
34 – Lafcádio Hearn. p. 33, jul. 1953. [seção Página de Esdras Farias].
(artigo).
14
90 – A velhinha do céu. ano 16, n. 38-43, [s. p.], jul. 1955. (poesia).
[transcrito no item 6, p. 26]
91 – Uma criança ia para o céu. ano 16, n. 38-43, [s. p.], jul. 1955.
(poesia). [transcrito no item 6, p. 27]
106 – NASCIMENTO, Luiz do. O Recife pela voz dos poetas. Recife:
Prefeitura, Secretaria de Educação e Cultura, Conselho Municipal de
Cultura, 1977.
5.3 Tradução
114 – Esdras Farias. A Pilhéria, Recife, ano 3, n. 87, p.10, 1923. [P830
OR]
115 – SIMPLÍCIO JÚNIOR. Futurismo... e etc.... A Pilhéria, Recife, ano 3,
n. 94, p. 14, 1923. [P830 OR]
116 – [Fotografia de Esdras Farias]. Rua Nova, Recife, ano 2, n. 51, p. 21,
1926. [P952 OR]
117 – ASSUNÇÃO, Pereira de. O velho portão. Dedicado a Esdras Farias.
Rua Nova, Recife, ano 2, n. 54, p. 14, 1926. [P952 OR]
118 – Personalidade. Rua Nova, Recife, ano 2, n. 67, p. 11, 1926. [P952
OR]
119 – Portella, Annibal. Da volubilidade das mulheres. A Esdras Farias .
Rua Nova, Recife, ano 2, n. 45, 27 fev. 1926. (poesia). [P952 OR].
120 – Sá, Stênio de. O lampeão solitário d’aquela rua pobre... Ao Esdras
Farias. Rua Nova, Recife, ano 2, n. 55, 22 maio 1926. [P952 OR]
121 – CUNHA, Altamiro. Mãe preta. Dedicado a Esdras Farias. Rua Nova,
Recife, ano 2, n. 59, p. 13, 1926.
122 – OLIVEIRA, José Luis de. O Castello de sonho que eu edifiquei na
cidade da ilusão. Para Esdras Farias (poesia). Rua Nova, Recife, ano
2, n. 64, 24 jul. 1926. [P952 OR]
123 – O livro de Esdras Farias. Rua Nova, Recife, ano 2, n. 71, p. 13,
1926. [P952 OR]
124 – LIMA, Nenzinha de Azevedo. Esdras Farias – uma personalidade
curiosa. Vitrina, Recife, ano 11, n. 18, s. p., dez. 1941.
125 – O imortal Esdras Farias. Vitrina, Recife, ano 16, n. 30, s. p., dez.
1946.
126 – ASSUNÇÃO, Pereira de. Esdras Farias, um poeta descrente.
Almanaque do Recife Lítero-Charadístico, Recife, p. 187-188, 1966.
[P64 OR]
ESDRAS FARIAS
Célio Meira
Essa imagem lembra um quadro de Nestor Silva, que tão bem traduz
o ambiente da miséria suburbana.
Esdras é assim: vibra, na poesia, um pouco da miséria que o cerca.
Faz de banalidades invariáveis, poemas encantadores, fantasiando,
adoràvelmente, a chatice quotidiana. Suas rimas amenisam a tragédia
diária mais cruel e dolorosa do que as conseqüentes das grandes aventuras.
Por mais que se esforce em vão não parece um desiludido.
Trabalhador infatigável, agora êle nos promete um volume de versos.
– Meus Deus! – Quanta coisa exprime essa interjeição! Dôr, miséria,
súplica e desalento. Aos que ignoram o sentido exato das coisas, há-de
parecer um vocábulo sem sentido.
Talvez receioso de parecer egoísta, apropriando-se assim da
personalidade divina, Esdras dividiu o seu livro em 3 capítulos: O
Crepúsculo das Coisas – Palavras de um grão de areia e do Efemero e do
Eterno. A vida o tem castigado extraordinariamente, porém a sucessão dos
anos não o embotou. Bebe e faz versos. Ri de seus detratores e dos que
tentam, em vão, sabotar o seu nome, com a mesma jovialidade dos vinte
anos.
Longe das igrejinhas, Esdras tem se conservado o sonhador de
sempre, ingênuo como uma criança, idealista como um jovem, sereno como
um deus, atravessando, incólume, os vendavais e intempéries do seu
destino.
É certo que o nosso Esdras não é um santo, um modelo de virtudes
convencionais; porém é um original, uma das tradições de Olinda. Sua casa,
plantada no cimo de uma ladeira, mais do que uma biografia fala do poeta e
de sua personalidade. O Mocambo Iluminado é o seu cérebro, onde vibrará
21
Pereira de Assunção
(Niterói – RJ)
Tudo neste mundo tem fim. A carta que escrevemos encerra-se com
a assinatura do autor. O livro que lemos tem a sua última página. A viagem
que fazemos finda-se quando chegamos ao destino. Tudo quanto teve
princípio terá fim. Na viagem que fazemos através da vida, como viajantes
transitórios deste vale de lágrimas, nossa marcha chega ao término com
outra viagem para o desconhecido. A única que não pára é a vida. Tudo
passa, a vida continua.
Essas considerações vêm a propósito de uma notícia que nos chegou
de Pernambuco, há algum tempo: o poeta Esdras-Farias, um grande
remanescente da velha guarda, ocupante de uma cadeira na Academia
Pernambucana de Letras, honrando-a com o fulgor do seu talento, fechou a
última página do livro de sua vida neste planeta rumando para a etrnidade.
O velho poeta, boêmio e incorrigível descrente, não dedilha mais a lira e a
sua voz não mais será ouvida cantando belas canções, nascida de magistral
inspiração.
Esdras-Farias, nome popular na terra de Nabuco, publicou um único
livro a que modestamente intitulou de “caderno” – “Caderno de um
Descrente”, nele inserindo apenas cinqüenta sonetos escolhidos da sua
vasta bagagem de trabalhos esparsos. Cheirando a engenhos e canaviais, a
poesia do vate pernambucano nos enche de profunda saudade de
momentos que se foram quando vivíamos embebidos na ilusão da mocidade
cantando, como ele, pelos subúrbios do Recife, a deslumbrância de um lar
inspirador. A morte de Esdras-Farias nos trouxe consternação, de vez que
foi ele em tempos distantes nosso companheiro de noitadas de arte e
poesia, muito embora a seu lado sentíssemos a pequenez do nosso mérito
diante do ritmo suave das suas rimas ricas e inesquecíveis.
Descrente e obstinado, mas sempre a cantar e a poetar, inundando
de poesias as almas enamoradas do Belo, o autor de “Caderno de um
Descrente” nos faz reviver, nesta altura, através das páginas já
amarelecidas de sua obra que enriquece a nossa estante, instantes de
confortadora recordação, ao mesmo tempo que nossa alma se constrange
com a sua partida em pleno apogeu da atividade literária.
A Poesia pernambucana, porque não dizer brasileira, perdeu um de
seus grandes cultores. Na grandeza da inspiração que o iluminava,
enriquecia as letras nacionais de verdadeiras jóias de arte. Foi um sonetista
primoroso, sempre fiel à tradição do verso rimado, não sendo absorvido
pelas tentativas modernistas da época.
22
CORAÇÃO PEREGRINO
ESDRAS FARIAS
Seve-Leite
Sentados (da esquerda para a direita): Edwiges de Sá Pereira, Mário Melo, Célio Meira,
Valdemar de Oliveira, Araújo Filho, Austro-Costa, Costa Rego Júnior, Hermógenes
Viana.
De pé: Paulino de Andrade, C. Xavier Pedrosa, Mariano Lemos, João Aureliano,
Jerônimo Gueiros, Fernando Mota, Gilberto Osório, Oscar Brandão, Lins e Silva, Barreto
Campelo, Nestro Diógenes, Esdras Farias.
Fonte: Revista da Academia Pernambucana de Letras, Recife, ano 1, n. 1, 3ª fase,
entre as p. 132-133, dez. 1951.
6 CADERNO DE POESIAS
A Velhinha do Céu
Recordando-a...
A mercê da tarde
Creatura angelica
Os ossos do artista
A minha doida
Peregrinação sentimental
Lembranças tuas
Você mesma
– Eu te perdôo, Verlaine.
Tu não foste mais do que a natureza-morta do peccado original.
O que de mim quizeste o que em mim buscaste
Foi apenas o sonho mystico do mundo,
o apasiguamento das almas e a tranqüilidade das vidas.
O teu sonho foi apenas o sonho que eu sonhei;
para Jesus
Meu Filho!
O milagre do amor
Sou amigo do Sol. Amigo e mestre todo este ar puro do arrabalde quieto,
vivem, sabe o deus Pan desta paragem, distante, ausente da cidade, ausente
em bem franca e leal camaradagem do ruído urbano que me torna doente
na solidão campestre e uma cousa menor do que um inseto.
Sou um pobre estudante cuja casa Meu velho Sol, meu professor agreste
é uma arvore rendada á luz do sol que eu só posso viver nesta paragem
moço que não tem pão, não tem lençol, dê-me o verbo de luz que há na paisagem,
cujo destino é um vôo incerto de aza. sob os cuidados do meu velho mestre.
Rede cheirosa
Cheia de graças
Borboleta azul
... para os teus olhos que morreram chorando.
Velhas Barcaças
7 ÍNDICE
À mercê da tarde 84
A mim mesmo 112
Ai de nós 104
Ainda há presépio 15
Alguém assobiou dentro da noite... 107
Apontamentos de um Dr. De Boi 65
Aquele velho professor de línguas da Rua Aurora 209 61
Assunção, Pereira de 117, 126
Barléus 35
Borboleta azul... para os teus olhos que morreram chorando 82
Cacilda dos olhos verdes 89
caminheiro do esquecimento vai ao encalço do tempo e da beleza, O 1
casa do estudante pobre, A 92
castello de sonho que eu edifiquei na cidade da ilusão, O. Para Esdras Farias
122
cavalheiro da vida sem nome, O 40
cego da beleza, O 56
Cheia de graças 81
Cidade em flor. Sobre Cesário Verde 55
Cinco minutos de silêncio no túmulo de Hermes Fontes 31
colosario dos últimos desgostos, O 48
coração de um pobre pai amantíssimo, O 72
Coração peregrino 2
Creatura angélica 79
Creatura mysteriosa [Criatura misteriosa] 41
criança ia para o céu, Uma 91
cuidado de ser triste, O 12
Cultura do Passado 93
Cunha, Altamiro 121
Da Nossa Senhora de Paulo Verlaine 88
Da volubilidade das mulheres. A Esdras Farias 119
De conformidade comigo 102
Dois cultores de música no sentido clássico 113
Domingos Fernandes Calabar não foi um traidor 45
Duas linhas para Mlle. B.F. 54
encanto das paredes, O 13
Esdras Farias 114
Esdras Farias – uma personalidade curiosa 124
Esdras Farias, um poeta descrente 126
Estudantes 22
Eu, na Procissão das Almas 8
Eu, também, tenho um filho jornalista 94
evangelho da minha bondade, O 64
Fadiga 111
falencia da brasilidade, A 67
Feliz de ti que ainda choras 101
feudalismo rural da Zona da Mata, O 26
feudalismo rural da Zona da Mata, O 4
Figuras de romance e da vida 20
Foi o que me disse Paulo Verlaine 49
[Fotografia de Esdras Farias] 116
[Francisco do Rego Barros] 36
43