Sintese e Aplicacoes de Novos Materiais Cos Fluorescencia ESIPT e Sensores Biologicos

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Universidade de Cabo Verde

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Instituto de Química

Relatório de Iniciação Científica

Síntese e Aplicações de Novos Materiais Orgânicos e Híbridos Orgânicos-


Inorgânicos Fluorescentes com Utilização como Sondas Biológicas, Sensores,
Matérias de Segurança.

Nilton César Fernandes Gomes

Porto Alegre, Setembro de 2010


Universidade de Cabo Verde

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Instituto de Química

Síntese e Aplicações de Novos Materiais Orgânicos e Híbridos Orgânicos-


Inorgânicos Fluorescentes com Utilização como Sondas Biológicas, Sensores,
Matérias de Segurança.

Nilton César Fernandes Gomes

Professor Dr. Valter Stefani

Orientador

__________________________________

Porto Alegre, Setembro de 2010

2
RESUMO

Neste trabalho é apresentado a síntese e a caracterização de compostos do tipo 2-(2’-


hidroxifenil) benzazólicos, que caracterizam-se por apresentarem uma forte emissão de
fluorescência, devido a reacção de transferência protónica intramolecular no estado excitado –
TPIEE. Quando compostos desse tipo são excitados por luz ultravioleta, o próton é transferido da
hidroxila fenólica para o nitrogénio azólico, o que resulta num grande deslocamento de Stokes.
Isso os torna uma classe de moléculas com interessantes aplicações, como novos materiais e a
utilização em métodos diagnósticos e a produção de sondas fluorescentes. Estas substâncias
foram caracterizadas por diversas técnicas espectroscópicas (IV, RMN, UV-Vis e fluorescência).

Palavras-chave: benzazóis, TPIEE, sondas fluorescentes, compostos heterocíclicos

3
ABSTRACT

In this work we present the synthesis and characterization of 2 - (2'-hydroxyphenyl)


benzazoles, which present a strong fluorescence emission due to an excited state intramolecular
proton transfer reaction - ESIPT. When such compounds are excited by ultraviolet light, a proton
is transferred from the phenolic hydroxy group to the azolic nitrogen of the molecule, and emits
fluorescence with a large Stokes shift. This class of molecules presents interesting applications,
such as for biological fluorescent probes and new materials. These compounds were full
characterized by usual spectroscopic techniques (IR, NMR, UV-Vis and fluorescence).

Keywords: benzazoles, ESIPT, fluorescent probes, heterocyclic compounds

4
INDICE

1. Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------6
1.1 Racional do problema---------------------------------------------------------------------------7
1.1.1 Heterocíclos fluorescentes-------------------------------------------------------------7
1.1.2 Fluorescência----------------------------------------------------------------------------8
1.1.3 Mecanismo ESIPT para 2- (2’- hidroxifenil) benzazóis (HPBs) ----------------9
1.1.4 Aplicações biológicas dos HPBs----------------------------------------------------11
1.2 Justificativa--------------------------------------------------------------------------------------12
1.3 Objectivos---------------------------------------------------------------------------------------12
2. Métodos----------------------------------------------------------------------------------------------13
2.1 Actividades desenvolvidas--------------------------------------------------------------------13
2.2 Preparação de coluna cromatográfica seca--------------------------------------------------13
2.3 Recuperação de solventes---------------------------------------------------------------------14
2.4 Síntese de compostos heterociclos benzazólicos-------------------------------------------14
3. Resultados e discussão-----------------------------------------------------------------------------15
4. Parte experimental----------------------------------------------------------------------------------17
5. Conclusão--------------------------------------------------------------------------------------------20
6. Referências bibliográficas-------------------------------------------------------------------------21
7. Avaliação de experiencia--------------------------------------------------------------------------23

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1. INTRODUÇAO

A síntese de compostos fluorescentes que apresentam o fenómeno de transferência


protónica intramolecular no estado excitado (TPIEE, ou no inglês, ESIPT) é uma área de
pesquisa em constante crescimento devido ao abrangente campo de utilização destas
moléculas1,4.

Heterocíclos benzazolicos do tipo 2-(2`-hidroxifenil) benzazóis (HPBs) caracterizam-se


por apresentarem uma intensa emissão de fluorescência com um grande deslocamento de Stokes,
alem de grande estabilidade térmica e fotofisica1,3 o que lhes confere propriedades físico-
químicas que os tornam altamente atractivos do ponto de vista sintético5, tecnológico6a e
biológico1,4,7.

Essas moléculas têm diversas aplicações, tais como estabilizadores frente a radiação UV8,
produção de corantes para laser9, armazenagem de informações10, produção de materiais para
opto-eletronica6b,6c,11, aplicações diversas em química forense, como a detecção de impressões
digitais3.

Uma destas aplicações é a produção de sondas fluorescentes e sua utilização em métodos


analíticos de alta sensibilidade e especificidade. Nestes procedimentos é possível utilizar a
interacção entre um substrato fluorescente e uma macromolécula biológica1,4. O princípio da
técnica constitui-se, basicamente, na excitação por luz UV e posterior detecção da luz emitida
pela molécula de corante ligada a um grupo específico da macromolécula. Um flúoróforo
biológico eficaz deve apresentar uma boa intensidade de luminescência e um espectro de
emissão livre de interferentes. Um grande deslocamento de Stokes é uma característica
interessante para uma sonda biológica, pois permite uma melhor separação entre a luz inerente
da matriz e a luz dispersa pela amostra1,4,12.

O Laboratório de Novos Materiais Orgânicos (LNMO) da Universidade Federal do Rio


Grande do Sul, no qual este trabalho foi desenvolvido, domina a síntese, a purificação e a
caracterização de uma família de heterociclos do tipo 2-(2`-hidroxifenil) benzazólicos. Estes
materiais vêm sendo intensamente pesquisados pelo LNMO ao longo dos últimos tempos.

6
1.1 RACIONAL DO PROBLEMA

1.1.1 Heterocíclos fluorescentes

Benzazol é o nome genérico utilizado para identificar um grupo de compostos orgânicos


heterocíclicos. Estas substâncias possuem em sua estrutura um anel azólico condensado a um
anel benzênico. O anel azólico caracteriza-se por apresentar dois heteroátomos nas posições 1,3
em um anel de cinco membros, sendo que um deles sempre é o átomo de nitrogénio. Este grupo
abrange a família dos benzoxazois (X=O), benzotiazois (X=S) e benzimidazois (X=NH)3. A
figura sequente representa a estrutura genérica dos compostos heterocíclicos benzazolicos.

Figura 1: Compostos heterocíclicos benzazólicos.

A introdução de uma fenila com um agrupamento OH em orto a posição 2 do anel de


cinco membros proporciona a formação dos heterociclos chamados 2-(2’-hidroxifenil) benzazóis,
como pode ser visto na figura abaixo.

Figura 2: Heterocíclos do tipo 2-(2`-hidroxifenil)benzazóis.

Estes corantes orgânicos caracterizam-se por apresentar uma intensa emissão de


fluorescência através de um mecanismo de transferência protónica intramolecular no estado
excitado (ESIPT)13,14,15 todos eles apresentam interacções intramoleculares do tipo ligações de
hidrogénio16.

7
1.1.2 Fluorescência

A fluorescência é uma propriedade importante que esta presente em certos tipos de


moléculas e como método analítico óptico é conhecida como fluorescência molecular17. Neste
método as moléculas de interesse são excitadas para obter-se uma espécie cujo espectro de
emissão fornece informações úteis para análises qualitativas e quantitativas. A excitação é feita
por absorção de fótons e as transições electrónicas responsáveis pela fluorescência não envolvem
mudanças de spin electrónico, conforme observado no diagrama de energia da figura sequente.

Figura 3- Diagrama de energia

O diagrama da figura mostra um esquema de curvas de energia potencial para os estados


electrónicos fundamental (So), excitados singlete (S1) e excitado triplete (T1) e os eventos
radiativos e não radiativos que podem ocorrer: 1. Absorção de radiação (So → S1), 2. Emissão de
fluorescência (S1→ So), 3. Conversão interna e relaxação vibracional (S1→ So), 4. Cruzamento
inter-sistemas (S1→ T1), 5. Emissão de fosforescência (T1→ So), 6. Cruzamento inter-sistemas
(T1→ So).

Uma das grandes vantagens deste tipo de método é sua alta sensibilidade, com limites de
detecção de 1 a 3 ordens de grandeza menores que os encontrados na técnica de espectroscopia

8
de absorção. Frequentemente as bandas de fluorescência molecular são encontradas centradas em
comprimento de onda que são maiores que a linha de ressonância. Esse deslocamento para
comprimento de onda maiores e denominado deslocamento de Stokes17,18.

1.1.3 Mecanismo ESIPT para 2- (2’- hidroxifenil) benzazóis (HPBs)

Os HPBs podem existir em duas formas tautoméricas, o tautômeros ceto e enol, cujas
estabilidades relativas dependem do estado eletronico3,19,20e da polaridade dos solventes21, como
se pode ver na figura abaixo.

Figura 4: Mecanismo de ESIPT para benzazóis

No estado electrónico fundamental em solventes não polares e apróticos, HPBs existem


como um tautômero enol (E0), com uma forte ligação de hidrogénio intramolecular entre o
hidrogénio fenólico e o átomo de nitrogénio azolico3,19. A excitação desta espécie gera o enol
excitado (*E1), que é rápida e sucessivamente convertido no tautômero ceto excitado (*K1),
através da transferência intramolecular do próton fenólico para o átomo de nitrogénio3,19,20,22.
Quando no primeiro estado singlete excitado o tautômero ceto (*K1) é mais estavel3,19, neste
tautômero os grupos N-H e C=O também estão ligados por uma forte ligação de hidrogénio
intramolecular. O tautômero ceto excitado (*K1) decai emitindo luz (fluorescência), dando
origem a forma ceto no estado fundamental (K0). A partir desta forma o próton retorna ao seu

9
estado inicial, regenerando o tautômero enol (E0). Uma vez que o confôrmero enol e mais estável
que o tautômero ceto no estado fundamental, o enol inicial e regenerado sem modificação
estrutural3,20,22.

Muitas moléculas orgânicas são capazes de absorver luz na região do visível ou


ultravioleta, mas nem todas são capazes de exibir luminescência. Moléculas orgânicas que
apresentam o mecanismo de ESIPT são capazes de absorver na região do ultravioleta e emitir na
região do visível, devido ao aparecimento de uma larga separação entre as bandas de absorção e
de emissão de fluorescência. Esta separação entre as bandas é medida em termos do
deslocamento de Stokes, que é definido como a diferença entre os comprimentos de onda dos
máximos de emissão e de absorção da molécula (Figura 5).

ST

absorbância fluorescência
Intensidade

abs
 max
em
 max 

Figura 5: Deslocamento de Stokes (∆λST).

O deslocamento de Stokes da maioria das espécies fluorescentes encontra-se na faixa de


30 a 70 nm. Entretanto, quando a espécie envolvida sofre mudanças estruturais no estado
excitado, como o fototautomerismo da ESIPT, assumindo uma estrutura de menor energia antes
de emitir luz, o deslocamento de Stokes poderá se tornar maior, usualmente na faixa de 100 a
250 nm.24

A geometria dos tautômeros no estado fundamental e excitado tem sido muito estudada
através de resultados experimentos e teóricos21,23,2. Em geral, para a família dos benzazóis
existem quatro geometrias possíveis para o confôrmero enol, em solução21 como mostra a figura
abaixo.

10
H O
H
N N O

X X
EI EII

N N

X X
H O O
H
EIII EIV

Figura 6. Geometrias da forma enol dos 2-(2`-hidroxifenil)benzazóis.

Em solventes próticos e/ou polares o confôrmero aberto enol-cis (EII) pode ser
estabilizado por ligação de hidrogénio intramolecular com o solvente. Este confôrmero é
originado da ruptura da ligação de hidrogénio intramolecular entre o hidrogénio do grupo
hidroxila e o nitrogénio, seguido por uma rotação de 900 do grupo 2-hiodroxifenil sobre a ligação
C-C. Em solventes não polares, os confôrmeros adicionais enol-trans (EIII), em benzoxazois e
benzotiazois, e enol-trans aberto (EIV) em benzimidazois também podem existir. Todos estes
confôrmeros apresentam relaxação normal e podem competir com o tautômero ceto, responsável
pelo mecanismo ESIPT21.

1.1.4 Aplicações biológicas dos HPBs:

Nas áreas biológicas este tipo de heterocíclo tem encontrado diversas aplicações, dentre elas
encontra-se sua utilização como marcadores biológicos fluorescentes, alem de suas propriedades
farmacológicas.

11
1.2 JUSTIFICATIVA

Esse trabalho foi realizado no Laboratório de Novos Materiais Orgânicos (LNMO) da


Universidade Federal de Rio Grande do Sul, onde uniu-se a síntese, a caracterização e a
aplicação de heterociclos benzazolicos fluorescentes em diferentes áreas do conhecimento, tais
como, estabilizadores frente a radiação UV8, produção de corantes para laser9, armazenagem de
informações10, produção de materiais para opto-eletronica6b,6c,11, aplicações diversas em química
forense, como a detecção de impressões digitais3. O custo não muito elevado de síntese destes
compostos em relação a sua potencialidade de emprego, a actualidade do tema, a experiencia,
interdisciplinaridade dos pesquisadores envolvidos (especialistas em síntese orgânica,
espectroscopia, polímeros, fotofísica, materiais e bioquímica), e alem de conhecer novos
métodos de ensino, novos equipamentos e adquirir novos conhecimentos, bem como o
fortalecimento de parcerias científicas entre Cabo Verde e Brasil.

1.3 OBJECTIVOS

Este trabalho tem como objectivo geral a síntese e caracterização de benzazóis


fluorescentes, bem como avaliar a sua aplicação como possíveis corantes. Dentro deste, citam-se
os objectivos específicos, que foram o de:

 Ampliar os conhecimentos científicos;


 Ampliar e aplicar os conhecimentos teóricos e práticos adquiridos no curso de
graduação;
 Treinamento e desenvolvimento de habilidades em técnicas de laboratório;
 Estimulo a criatividade, ao desenvolvimento do espírito critico e ao trabalho em
equipe;
 Confecção de relatórios de pesquisa.

12
2. METODOS

2.1 Actividades desenvolvidas

Durante o período de permanência na bolsa, o bolsista foi treinado em relação às técnicas


básicas de segurança, primeiros socorros, organização e controle dos materiais de laboratório
(vidraria, reagentes, equipamentos e afins); bem como participou da rotina do laboratório quanto
à purificação de solventes, matérias-primas e preparo de soluções, placas cromatográficas e
recuperação de absorventes para cromatografia, separação e descartes de resíduos; utilizar
sistemas informatizados de procura bibliográfica (Portal Capes) e os demais recursos disponíveis
na biblioteca sectorial do instituto de Química da UFRGS. Ainda, destaca-se o aprendizado de
softwares específicos da área química que são de grande importância no ramo de pesquisa no qual o
bolsista incluía-se; ainda participou nas reuniões, seminários promovidos pelo grupo de pesquisa do
laboratório e dos promovidos pelo Instituto de Química/UFRGS e participante, como ouvinte, da
disciplina química forense. No período de Agosto de 2010 a Outubro de 2010.

2.2 Preparação de coluna cromatográfica seca


Utilizada para a purificação de produtos, a coluna cromatográfica é preparada usando o
adsorvente seco (sílica-gel 60), que é colocado em um tubo de vidro. Inicialmente introduz-se
um pouco de algodão na extremidade inferior do tubo, para que sirva de suporte, sob o qual será
depositado o adsorvente, adicionado de uma só vez de maneira uniforme. A seguir é levemente
compactado. Na sequência coloca-se um disco de papel filtro com diâmetro aproximado da
coluna e adiciona-se a amostra previamente preparada.

O produto bruto a ser purificado é dissolvido em solvente adequado e misturado a uma


pequena porção de sílica. O solvente da mistura é evaporado e a amostra é retirada do balão e
adicionada no topo da coluna. Em seguida acrescenta-se a fase móvel até que sua linha de frente
atinja a base da coluna. Deixa-se o eluente entrar na coluna e, chegando até o topo da amostra. A
escolha da fase móvel e a dimensão da coluna são resultados da análise da amostra por
cromatografia em camada delgada (CCD).

13
2.3 Recuperação de solventes

Os solventes utilizados nas colunas cromatográficas são constantemente recuperados, ou


na evaporação dos mesmos nos rotavapores para obtenção dos produtos, ou através de
destilações (simples ou fraccionadas). As misturas de solventes que não são fraccionadas são
aproveitadas para a limpeza da vidraria, como solvente de lavagem, que é recolhido num galão e
constantemente recuperado através de destilação fraccionada.

2.4 Síntese de compostos heterociclos benzazólicos


Dependendo do tipo do composto benzazólico que se deseja sintetizar, os reagentes de
partida variam, mas o procedimento em si é idêntico para todos compostos deste género.
Ao balão onde será feita a reacção (em banho de óleo com aquecimento), coloca-se o
acido polifosfórico, deixa-se sub agitação por alguns minutos e depois adicionam-se os
reagentes. Após o meio reaccional ter atingido a temperatura de aproximadamente 180oC inicia-
se a contagem do tempo de reacção que é em torno de 4 horas. A temperatura deve ser mantida
próximo de 200oC durante todo o tempo de duração da reacção. Ao término da reacção, deixa-se
a mistura reaccional resfriando em temperatura ambiente e, então, verte-se a mesma, lentamente
e sob constante agitação em gelo picado. Depois de precipitado, o produto deve ser filtrado e
após isso, deve ser neutralizado com carbonato de sódio 10%. Deixa-se então o produto secando
em temperatura ambiente por alguns dias ou em estufa a 50oC. Quando o produto já estiver seco,
ele deve ser purificado por cromatografia em coluna como apresentado anteriormente (item 2.2).
O esquema de síntese é apresentado na Figura 7.

Figura 7. Esquema de obtenção dos derivados benzazólicos.

14
3. RESULTADOS E DESCUSAO
Os resultados obtidos neste trabalho estão, de maneira geral, de acordo com os trabalhos
experimentais, ou mesmo teóricos, ate hoje apresentados. As sínteses 1)-6) correspondentes aos
compostos 2-(5’-amino-2’-hidroxifenil)benzotiazol, 2-(5’-amino-2’-hidroxifenil)benzimidazol,
2-(5’-amino-2’-hidroxifenil)benzoxazol, 2-(4’-amino-2’-hidroxifenil)benzotiazol, 2-(4’-amino-
2’-hidroxifenil)benzimidazol e o 2-(4’-amino-2’-hidroxifenil)benzoxazol respectivamente, foram
realizadas como uma introdução aos métodos aplicados no laboratório. Por isto, os produtos
obtidos foram caracterizados de forma comparativa por cromatografia em camada delgada
(CCD) utilizando diclorometano como eluente. Os produtos obtidos em 1)-6) apresentaram os
mesmos factores de retenção que os compostos descritos. Após a comparação, procedeu-se a
purificação dos mesmos por cromatografia em coluna utilizando sílica-gel como fase
estacionária e diclorometano como eluente. Os benzazóis resultantes apresentam fluorescência
quando expostos à luz ultravioleta. Depois de purificados, os produtos obtidos nas sínteses 1)-6)
serão utilizados nas reacções sequentes efectuadas no laboratório.

A seguir, são apresentados os esquemas sintéticos utilizados para a obtenção dos


benzazois. As reacções consistem na condensação do ácido 4-amino-2-hidróxibenzóico ou 5-
amino-2-hidróxibenzóico com as anilinas substituídas orto-aminofenol, orto-aminotiofenol e
orto-fenilenodiamina, em presença de ácido polifosfórico (APF)19,25,26.

Figura 8: síntese dos 2-(5`-amino-2`-hidroxifenil)benzazois.

A metodologia utilizada foi a descrita por HEIM (1957)26 e modificada por CAMPO
(1999)19: em um balão monotubulado, com agitador magnético, acoplado a um ‘‘trap’’ secante
com cloreto de cálcio e a um banho de vaselina, colocou-se uma mistura equimolar de ácido 5-
amino-2-hidroxibenzóico ou 4-amino-2-hidroxibenzóico e das anilinas orto-substituidas
correspondentes. A mistura é aquecida em APF, a 180-200 ºC (dependendo do heterociclo), por
quatro horas, com agitação. Após o resfriamento, a mistura reaccional é vertida em água com
gelo picado e o precipitado obtido é filtrado, neutralizado com uma solução de carbonato de

15
sódio (10%, m/V), filtrando novamente, lavado com água e seco ao ar. Os produtos obtidos são
purificados por cromatografia em coluna, ou então são utilizados sem purificação como
primeiros derivados para outras reacções.

Esta metodologia foi escolhida em função de sua praticidade, uma vez que a reacção
ocorre em apenas uma etapa e também por ser uma reacção relativamente simples de ser
realizada.

Os resultados obtidos para os heterociclos encontram-se apresentados na tabela seguinte.

Característica Benzoxazol Benzotiazol Benzimidazol


Fórmula química C13H10N2O2 C13H10N2OS C13H11N3O
Massa molecular (g/mol) 223,26 242,3 225,23
Factor de retenção 0,53 0,66 0,25
Ponto de fusão 174-175 ◦C 193-194 ◦C > 260 ◦C
Fluorescência no estado sólido Amarelo Laranja Verde
Tabela 1: característica dos heterociclos 2-(2`-hidroxifenil)benzazólicos.

16
4. PARTE EXPERIMENTAL

1) Síntese do 2-(5’-amino-2’-hidroxifenil)benzotiazol

Uma mistura de ácido 5-amino-2-hidróxibenzóico (16 mmol), o-aminotiofenol (16 mmol)


e 10 mL de ácido polifosfórico, foi aquecida a 180-200°C por 4 horas sob agitação. A reacção foi
acompanhada por cromatografia em camada delgada. Depois de resfriada, a mistura reaccional
foi vertida em gelo picado (400 g) e deixada em repouso a precipitar. Filtrou-se a mistura e o
precipitado obtido foi agitado com solução de carbonato de sódio 10% (p/v). Filtrou-se
novamente e o precipitado foi lavado com água e seco em estufa a 50-70°C. O produto foi
purificado por cromatografia em coluna de sílica-gel utilizando diclorometano como eluente.

Figura 9. Reacção de formação do 2-(5’-amino-2’-hidroxifenil)benzotiazol.

2) Síntese do 2-(5’-amino-2’-hidroxifenil)benzimidazol

Uma mistura de ácido 5-amino-2-hidróxibenzóico (13 mmol), de 1,2-fenilenodiamina (13


mmol) e 10mL de ácido polifosfórico foram aquecidas a 180-200°C por 4 horas sob agitação. A
reacção foi acompanhada por cromatografia em camada delgada. Depois de resfriada, a mistura
reaccional foi vertida em gelo picado (400 g) e deixada em repouso a precipitar. Filtrou-se a
mistura e o precipitado obtido foi agitado com solução de carbonato de sódio 10% (p/v). Filtrou-
se novamente e o precipitado foi lavado com água e seco sem aquecimento. O produto foi
purificado por cromatografia em coluna de sílica-gel utilizando diclorometano como eluente.

Figura 10. Reacção de obtenção do 2-(5’-amino-2’-hidroxifenil)benzimidazol.

17
3) Síntese do 2-(5’-amino-2’-hidroxifenil)benzoxazol

Uma mistura de ácido 5-amino-2-hidróxibenzóico (13 mmol), de o-aminofenol (13


mmol) e 10 mL de ácido polifosfórico foi aquecida a 180-200°C por 4 horas sob agitação. A
reacção foi acompanhada por cromatografia em camada delgada. Depois de resfriada, a mistura
reaccional foi vertida em gelo picado (400 g) e deixada em repouso a precipitar. Filtrou-se a
mistura e o precipitado obtido foi agitado com solução de carbonato de sódio 10% (p/v). Filtrou-
se novamente e o precipitado foi lavado com água e seco sem aquecimento. O produto obtido foi
purificado por cromatografia em coluna de sílica-gel com diclorometano como eluente.

Figura 11. Reacção de formação do 2-(5’-amino-2’-hidroxifenil)benzoxazol.

4) Síntese do 2-(4’-amino-2’-hidroxifenil)benzoxazol

Uma mistura de ácido 4-amino-2-hidróxibenzóico (13 mmol), de o-aminofenol (13


mmol) e 10mL de ácido polifosfórico foram aquecidas a 180-200°C por 4 horas sob agitação. A
reacção foi acompanhada por cromatografia em camada delgada. Depois de resfriada, a mistura
reaccional foi vertida em gelo picado (400 g) e deixada em repouso a precipitar. Filtrou-se a
mistura e o precipitado obtido foi agitado com solução de carbonato de sódio 10% (p/v). Filtrou-
se novamente e o precipitado foi lavado com água e seco sem aquecimento. O produto foi
purificado por cromatografia em coluna de sílica-gel utilizando diclorometano como eluente.

Figura 12. Reacção de formação do 2-(4’-amino-2’-hidroxifenil)benzoxazol

5) Síntese do 2-(4’-amino-2’-hidroxifenil)benzimidazol

Uma mistura de ácido 4-amino-2-hidróxibenzóico (13 mmol), de 1,2-fenilenodiamina (13


mmol) e 10mL de ácido polifosfórico foram aquecidas a 180-200°C por 4 horas sob agitação. A
reacção foi acompanhada por cromatografia em camada delgada. Depois de resfriada, a mistura
reaccional foi vertida em gelo picado (400 g) e deixada em repouso a precipitar. Filtrou-se a
mistura e o precipitado obtido foi agitado com solução de carbonato de sódio 10% (p/v). Filtrou-

18
se novamente e o precipitado foi lavado com água e seco sem aquecimento. O produto foi
purificado por cromatografia em coluna de sílica-gel utilizando diclorometano como eluente.

Figura 13. Reacção de formação do 2-(4’-amino-2’-hidroxifenil)benzimidazol.

6) Síntese do 2-(5’-amino-2’-hidroxifenil)benzotiazol

Uma mistura de ácido 4-amino-2-hidróxibenzóico (16 mmol), de o-aminotiofenol (16


mmol) e 10mL de ácido polifosfórico foram aquecidas a 180-200°C por 4 horas sob agitação. A
reacção foi acompanhada por cromatografia em camada delgada. Depois de resfriada, a mistura
reaccional foi vertida em gelo picado (400 g) e deixada em repouso a precipitar. Filtrou-se a
mistura e o precipitado obtido foi agitado com solução de carbonato de sódio 10% (p/v). Filtrou-
se novamente e o precipitado foi lavado com água e seco sem aquecimento. O produto foi
purificado por cromatografia em coluna de sílica-gel utilizando diclorometano como eluente.

Figura 14. Reacção de formação do 2-(5’-amino-2’-hidroxifenil)benzotiazol

19
5. CONCLUSAO

Neste trabalho foram sintetizados 6 corantes benzazólicos que apresentam intensa


emissão de fluorescência na região azul-verde do espectro visível em decorrência de um
fenómeno de transferência protónica intramolecular no estado excitado (TPIEE).

O trabalho realizado durante esse curto período de tempo foi de dar continuidade a uma
das sínteses de grande importância realizado no Laboratório de Novos Matérias Orgânicos. Essa
síntese serve como base ou como matéria-prima para novas sínteses, ou seja, para novas
descobertas.

Pode-se concluir, com base nas actividades descritas como desenvolvidas pelo bolsista,
que o mesmo cumpriu com suas obrigações durante o período de vigência da bolsa, executando
desde actividades rotineiras de laboratório químico até pesquisa de grande relevância científica,
buscando sempre o aprendizado. O bolsista participou de actividades académica-cientifica
importantes como por exemplo, seminários e aulas de Química Forense.

20
6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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AVALIACAO DA EXPERIENCIA

A nível da experiencia o que tenho a dizer é que é um momento único na vida académica
de quem pensa em levar uma carreira cientifica para frente. Nessa experiencia houve um
primeiro contacto com os métodos de pesquisa e a elaboração de resultados científicos.

Fomos bem acolhidos, a universidade UFRGS acolheu-nos de forma excelente, fazendo-


nos sentir em casa, a inserção no programa foi fácil e os colegas de laboratório, ou seja, os
estudantes brasileiros estiveram sempre disponíveis a ajudar, a interacção com o orientador foi
bom, pois este sempre demonstrou estar disponível e soube respeitar as minhas limitações.
Durante essa experiencia teve muitos aspectos positivos destacando a aprendizagem,
conhecimento de novos culturas, ambiente académico diferente, com maiores possibilidades do
desenvolvimento de pesquisa, além de ter assistido aulas de química forense, que foi algo
espectacular. Também houve aspectos negativos e a principal é que, não estive na minha área de
graduação (Engenharia Química), sugiro que essa cooperação entre universidades brasileiras e a
universidade de Cabo Verde com Parceria da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES) continua, pois é uma oportunidade única para estudantes cabo-
verdianos e propriamente para o benefício da investigação científica em Cabo Verde. E que o
tempo dessa experiencia prolongasse para um semestre ou um ano por exemplo ou estender esse
experiencia a outros níveis de formação como o mestrado ou o doutorado.

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