Calculo Vibracao Corpo Inteiro Aeq Are Aren Vdve VDVR Atual

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 60

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

ESTUDO SOBRE OS NÍVEIS DE VIBRAÇÃO TRANSMITIDOS AO USUÁRIO DE


MARRETAS.

Carlos Dreyer Neto

Porto Alegre, agosto de 2009


Carlos Dreyer Neto

ESTUDO SOBRE OS NÍVEIS DE VIBRAÇÃO TRANSMITIDOS AO USUÁRIO DE


MARRETAS.

Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização


apresentado ao Departamento de Engenharia
Mecânica da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, UFRGS como Requisito parcial à obtenção
de título de Especialista em Engenharia de
Segurança no Trabalho.

Orientador: Prof. Dr. Herbert Martins Gomes

Porto Alegre, agosto de 2009.


Esta monografia foi analisada e julgada adequada para a obtenção do título de Especialista em
Engenharia de Segurança no Trabalho e aprovada em sua forma final pelo orientador e pelo
Coordenador do Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho.

___________________________________
Prof. Herbert Martins Gomes, Doutor
Orientador DEMEC/UFRGS

_______________________________
Prof. Sérgio Möller, Doutor
Coordenador do Curso de Especialização em
Engenharia de Segurança do Trabalho
RESUMO

Este trabalho trata da análise e medição experimental das vibrações experimentada por
usuários de ferramentas de mão tipo marretas. Foi feito um estudo onde se focou na
caracterização das vibrações recebidas pelos operadores referentes ao segmento mão-braço. A
motivação para o trabalho surgiu com a necessidade de verificar o nível de conforto/segurança
de usuários de novos modelos de marretas fabricadas, as quais possuem cabos de materiais
diferentes assim como diferentes pesos. O estudo faz a análise no que se refere à vibração
transmitida ao usuário pelo cabo da marreta seguindo-se limites e indicações constantes na ISO-
5349 e Diretiva Européia 202/44/EC. Foi construído um protótipo de dispositivo para padronizar
ensaios comparativos entre as diversas marretas analisadas através de ensaios de queda livre e
impacto sobre bigorna. O equipamento utilizado nas medições foi o VI-400PRO da Quest
Technologies. Foram tomadas medições de aceleração nos três eixos referenciadas à posição
mais próxima da empunhadura da marreta. Resultados referentes a medições em três tipos de
marretas distintas são apresentados, incluindo análises referentes ao nível de vibração medido e
limites de segurança à saúde. Dos resultados apresentados verificou-se que a marreta com cabo
aço e alma de borracha tem uma capacidade muito maior de absorver o impacto que as demais
marretas analisadas.

i
ABSTRACT

This work is concerned with the analysis and experimental measurements of hand-arm
vibrations received by users of Impact Hammers. It was made a study that was focused on the
characterization of the vibrations received by the hand-arm of the operators. The motivation for
the work starts with the need to verify the comfort/safety levels of new manufactured impact
hammer models, which have different types of material handles and different weights as well.
The study analyzes the vibration transmitted to the user by the impact hammer’s handle
according to Standard limits indicated by ISO-5349 and European Directive 202/44/EC. A
prototype device was built to standardize the comparative tests among several impact hammers.
The device was conceived to work as a free-fall impact tester against a standard anvil. The
equipment used in the measurements was the VI-400PRO by Quest Technologies with the
software Quest Suite Pro. It is presented some results regarding measurements of three different
types of hammers, including analyses of the measured vibration levels and health risk limits.
Related to the presented results, it was verified that the hammer with steel cable and rubber
kernel presented the best performance related to impact absorption when compared with other
types of tested hammers.

ii
LISTA DE SÍMBOLOS

HAV Hand-Arm Vibratrion


ISO International Standardization Organization
NR Normas Regulamentadoras
RMS root-mean-square
STC Síndrome do Túnel do Carpo
VDV Valor da Dose de Vibração
VWF Vibration White Finger

iii
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Parâmetros característicos de um movimento senoidal .................................................14


Figura 2: Ilustração conceitual da relação dos fatores causa/efeito da vibração transmitida pelas
mãos. .............................................................................................................................................17
Figura 3: Sistema de coordenadas ISO 5349 ................................................................................18
Figura 4: Nível de ação e exposição máxima conforme Diretiva 2002/44/EC.............................19
Figura 5: Valor Dose de Vibração e RMS. ...................................................................................21
Figura 6: Vaso espasmo ................................................................................................................27
Figura 7: Acelerômetro piezoelétrico............................................................................................31
Figura 8: Esquema do protótipo de dispositivo para padronização dos impactos. .......................35
Figura 9: Foto do esquema de montagem dos acelerômetros no cabo da marreta e sistema de
medição no protótipo de dispositivo para ensaio de impacto........................................................36
Figura 10: Dados do Acelerômetro triaxial Dytran MODEL3023A2 utilizado nas medições. ....47
Figura 11: Especificações técnicas do VI-400PRO (Quest Technologies)...................................48

iv
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Fatores que influenciam o efeito de vibração na mão...................................................16


Tabela 2: Comparação das características fundamentais VDV e A(8) .........................................21
Tabela 3: Níveis de ação e limites de exposição conforme diretiva européia...............................22
Tabela 4a: Estágios neuro-sensoriais da Escala de Stockholm para a sindrome de vibração mão-
braço. .............................................................................................................................................24
Tabela 4b: Estágios do distúrbio dos dedos brancos (Raynaulds). ...............................................27
Tabela 5: Marretas analisadas .......................................................................................................34
Tabela 6: Resultados do teste de marreta com cabo de madeira. ..................................................38
Tabela 7: Marreta com cabo de madeira: tempo para atingir valores de exposição. ....................38
Tabela 8: Resultados do teste de marreta com cabo de fibra. .......................................................39
Tabela 9: Marreta com cabo de fibra: tempo para atingir valores de exposição...........................39
Tabela 10: Resultados do teste de marreta com cabo de aço e borracha. .....................................40
Tabela 11: Marreta com cabo aço e borracha: tempo para atingir valores de exposição..............40
Tabela 12: Aceleração RMS média dos três experimentos...........................................................41
Tabela 13: Tempo médio dos três experimentos para atingir valores (de ação e aceitável) de
exposição.......................................................................................................................................42
Tabela 14: Lista de doenças relacionadas ao trabalho ..................................................................46

v
ÍNDICE

RESUMO .........................................................................................................................................i
ABSTRACT ....................................................................................................................................ii
LISTA DE SÍMBOLOS .................................................................................................................iii
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................................iv
LISTA DE TABELAS ....................................................................................................................v
ÍNDICE ..........................................................................................................................................vi
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................7
1.1. Situação problema ...........................................................................................................8
1.1.1. Tema ........................................................................................................................8
1.1.2. Delimitação do tema ...............................................................................................8
1.1.3. Definição do problema............................................................................................8
1.2. Objetivos .........................................................................................................................9
1.2.1. Objetivo Geral.........................................................................................................9
1.2.2. Objetivos Específicos ..............................................................................................9
1.3. Justificativa......................................................................................................................9
1.4. Estrutura do trabalho .....................................................................................................10
2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................11
2.1. Quantificação da Vibração ............................................................................................11
2.2. ISO 2631 e ISO 5349 ....................................................................................................14
2.3. Vibração no segmento mão braço .................................................................................15
2.4. Métodos de avaliação da exposição da vibração...........................................................18
2.5. Efeitos da exposição à vibrações...................................................................................22
2.5.1. Desconforto Subjetivo ...........................................................................................22
2.5.2. Desconforto Subjetivo ...........................................................................................23
2.5.3. Efeitos não vasculares...........................................................................................23
2.5.4. Desordens Vasculares (Fenômeno de Raynauld) .................................................25
2.5.5. Outras Desordens..................................................................................................28
3. METODOLOGIA .................................................................................................................29
4. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS .......................................................................................31
4.1. Caracterização dos equipamentos utilizados.................................................................31
4.2. Caracterização das marretas analisadas.........................................................................33
5. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS.............................................................................35
6. RESULTADOS .....................................................................................................................37
7. CONCLUSÕES.....................................................................................................................41
7.1. Sugestão para futuras pesquisas ....................................................................................43
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................44
ANEXOS.......................................................................................................................................46

vi
1. INTRODUÇÃO

Em virtude do interesse cada vez maior de empregadores e do governo no bem estar e


segurança de seus colaboradores faz-se cada vez mais importante a observação às normas
vigentes referentes ao assunto.
Segundo a NR-15, anexo 8, toda a atividade e/ou operação que venha a expor
trabalhadores sem proteção adequada a vibrações localizadas ou de corpo inteiro é passível de
ser caracterizada como insalubre.
Para caracterizar uma atividade como insalubre se faz necessária uma perícia. Esta deverá
ser descriminada no laudo o critério adotado, o instrumentos utilizados, a metodologia de
avaliação, a descrição das condições de trabalho e o tempo de exposição, bem como os
resultados quantitativos encontrados e as medidas a serem adotadas para eliminar ou minimizar a
insalubridade se a mesma existir. Segundo a norma em questão, os limites de tolerâncias que
deverão servir para nortear a avaliação são os definidos pelas normas ISO 2631 e ISO /DIS 5349
ou suas substitutas.
Segundo o anexo 8, a insalubridade quando constatada, neste caso, é de grau médio.
Conforme NR-15, insalubridade de grau médio assegura ao trabalhador adicional de 20% sobre o
salário mínimo da região.
Inúmeras são as doenças do sistema circulatório e do sistema osteo-muscular e do tecido
conjuntivo que segundo a lista de doenças ocupacionais do Ministério da Saúde podem estar
relacionadas a vibrações localizadas (veja ANEXO I). Por esses motivos o Ministério da
Previdência e Assistência Social através do INSS exige, através das Instruções Normativas 99 e
100 de 2004, que as empresas emitam laudos das condições de ambiente de trabalho (LTCAT)
das atividades nas quais o funcionário possa estar exposto a vibrações elevadas. A não existência
dos documentos acarreta em multa e denúncia da empresa ao Ministério Público.
Doenças ocupacionais devido à exposição a agentes físicos, químicos ou biológicos são
consideradas acidente de trabalho e por sua vez podem acarretar em várias conseqüências
jurídicas ao empregador, resultando, inclusive, em indenizações ou, até mesmo, numa ação
criminal.
As normas regulamentadoras (NR) relativas à segurança e medicina do trabalho, como a
própria disposição geral diz que (NR-1): “são de observância obrigatória pelas empresas
privadas e públicas e pelos órgãos públicos de administração direta e indireta, bem como pelos
órgãos dos poderes legislativo e judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT)”.

7
Além disto, como citado no artigo 1.2 da NR-1: “a observância das Normas
Regulamentadoras – NR não desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições que,
com relação à matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos sanitários dos
Estados ou Municípios, e outras, oriundas de convenções e acordos coletivos de trabalho”.
Cabe também ao empregador, conforme NR-1, além de cumprir as exigências das normas
vigentes, fazer com que as mesmas sejam cumpridas, prevenindo os atos inseguros. Também
cabe a elas divulgar as obrigações e proibições aos empregados, orientando e punindo os
colaboradores pelo descumprimento das ordens, bem como adotar medidas que visem eliminar
ou reduzir a insalubridade e as condições inseguras de trabalho.
O não cumprimento das normas vigentes além de colocar a vidas dos trabalhadores em
risco pode em alguns casos acarretar em penalidades como embargo ou interdição, bem como em
passivos trabalhistas. Dentro deste contexto, pode-se afirmar que acatar as obrigações
especificadas para o empregador nas Normas Regulamentadoras relativas à medicina e segurança
do trabalho é hoje de suma importância para a continuidade de uma empresa.

1.1. Situação problema

1.1.1. Tema

Estudo dos níveis de vibração transmitidos ao segmento mão braço de usuários de


marretas.

1.1.2. Delimitação do tema

O estudo está delimitado a análise comparativa da vibração transmitida a usuários de


marretas com cabo de madeira, fibra de vidro e borracha com alma de aço.

1.1.3. Definição do problema

Qual o modelo de marreta entre as analisadas que transmite menos vibração ao usuário?

8
1.2. Objetivos

1.2.1. Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo geral avaliar de forma quantitativa a vibração transmitida a
usuários, de forma a identificar o modelo de marreta que transmite menos vibração ao usuário e,
conseqüentemente, o modelo que menos influencia de forma negativa a saúde de quem a usa.

1.2.2. Objetivos Específicos

1. Quantificar os níveis de vibração transmitidos a um usuário em determinada


situação através da medição da aceleração em valor eficaz.
2. Avaliar o tempo máximo de exposição permitido ao usuário devido aos níveis
encontrados.
3. Comparar os resultados encontrados a fim de indicar qual o modelo que tem maior
absorção da vibração e conseqüentemente seja o mais indicado para a atividade.

1.3. Justificativa

O risco de vibrações no segmento mão-braço cada dia mais afeta diversas pessoas nas
mais diferentes atividades. Os riscos são bastante aumentados com o uso de equipamentos de alta
vibração, assim como o uso regular e prolongado de tais equipamentos. Entretanto, investigações
têm demonstrado que os danos causados por vibração podem ser controlados e os riscos
reduzidos, se boas práticas de utilização forem adotadas ou se os níveis de vibração forem
gerenciados. Estes estudos têm mostrado também que o custo de tais controles não precisam ser
alto e podem usualmente ser diluídos pelos benefícios de se manter os trabalhadores saudáveis.
Adicionalmente, medidas de controle de vibração podem, em muitos casos, levar a um aumento
de eficiência através da diminuição da fadiga.
O propósito da avaliação do risco na vibração transmitida ao segmento mão braço é o de
possibilitar a tomada de decisões válidas sobre as medidas necessárias para prevenir ou controlar
adequadamente os riscos da exposição de trabalhadores acerca da vibração do segmento mão-
braço.

9
Neste caso em particular, vibração transmitida a usuários de marreta, não foi encontrada
literatura especifica que pudesse vir a auxiliar na tomada de decisão.

1.4. Estrutura do trabalho

O capítulo um deste trabalho traz uma breve introdução do assunto e apresenta o objetivo
e a delimitação do mesmo. O presente trabalho também é justificado neste capítulo.
O segundo capítulo apresenta embasamentos teóricos envolvendo o tema escolhido, que
são necessários ao desenvolvimento deste trabalho. Neste capítulo serão revisados na literatura
diversos assuntos pertinentes ao tema.
Já o terceiro capítulo descreve a metodologia de pesquisa que será utilizada para o
desenvolvimento deste trabalho, bem como para a formação de conclusões.
Os quarto e quinto capítulos indicam os equipamentos utilizados bem como os
procedimentos empregados para a obtenção dos resultados.
O sexto capítulo descreve os resultados obtidos nas medidas em cada uma das marretas
estudadas.
O sétimo capítulo descreve as conclusões a que se chegou através da análise dos
resultados do capítulo anterior e por fim traz sugestões para a elaboração de pesquisas
posteriores a respeito do tema.
No oitavo capítulo são listadas a referências bibliográficas utilizadas e citadas neste
trabalho.

10
2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Quantificação da Vibração

A vibração é um movimento periódico, ou aleatório, de um elemento, que é causado por


uma excitação interna ou externa. Segundo Thomson, 1978, Apud Ximenes 2006, “ vibração é o
termo que descreve um movimento oscilatório de um sistema mecânico em relação a uma
condição de equilíbrio tomada como referência.”

Do mesmo jeito que a vibração pode danificar máquinas e estruturas, e por isto mesmo
deve ser controlada e/ou isolada. Segundo Regazzi, 2009, da mesma forma o corpo humano
também pode ser afetado e por isso existe a necessidade de medir e estabelecer limites para a
vibração, como agente de insalubridade no trabalho.

Cada deslocamento do sistema mecânico de um extremo ao outro retornando a posição de


origem é conhecido como ciclo, sendo o número de ciclos por unidade de tempo definido como
freqüência. O deslocamento extremo em relação à posição de origem é conhecido como
amplitude.
Os três componente essenciais de um sistema vibrante são a massa, a rigidez e o
amortecimento. A energia cinética de um sistema que esteja vibrando é função da massa e do
movimento do sistema. A energia potencial do sistema é função da massa e da rigidez do
sistema. Quando um sistema vibra, a energia do sistema alternadamente muda entre energia
cinética e energia potencial. A ausência de qualquer mecanismo que dissipe esta energia faria,
teoricamente, o sistema vibrar para sempre. O amortecimento, que sempre de uma forma ou de
outra, está presente nos sistemas é o mecanismo responsável por esta dissipação através da
transformação da energia em, por exemplo, calor, som, etc., através do atrito. O sistema mão-
braço humano possui massa, rigidez e amortecimento e, portanto pode ser visualizado como um
sistema de massa, conectadas com rigidez e amortecimentos.
O movimento associado à vibração é de natureza oscilatória. Tal movimento é chamado
de harmônico e é associado com o movimento ao redor de algum ponto de equilíbrio. O
deslocamento refere-se à posição do objeto, que vibra com respeito à sua posição de repouso. Os
quatro parâmetros primários relacionados à vibração: freqüência, aceleração, velocidade e
deslocamento, estão inter-relacionados. Quando os valores de quaisquer dois parâmetros são
conhecidos para qualquer freqüência, os valores dos outros dois podem ser calculados. Quando o
movimento é harmônico e em uma única direção, o deslocamento vem dado por:

11
X (t ) = X sin(ωt ) (1.1)
Onde X é o deslocamento de pico, ω é a freqüência de vibração em rad/s e t é o tempo em s.

A frequência angular pode ser expressa como:


ω
ω = 2π f ou f = (1.2)

Onde π é a constante 3,1415 e f é freqüência em Hz.

A frequência f representa o número de ciclos completos de oscilação que faz o objeto em 1


segundo. Por exemplo, se um objeto completa 10 ciclos de movimento em 1 segundo, então ele
vibra a uma frequência de 10 Hz. O período de oscilação é dado por:
1
t= (1.3)
f
onde t é o período em segundos.
A velocidade de um objeto refere-se à taxa no tempo de mudança de seu deslocamento e
representa a primeira derivada da função de deslocamento (dada pela equação anterior). Ela pode
ser expressa, no caso de sistema com uma direção apenas de vibração, como:
d x(t )
v= = ω X cos(ωt ) (1.4)
dt
Onde ω X = vmáx em m/s. A velocidade também pode ser escrita como:

π
v = ω X sin(ωt + ) (1.5)
2

Indicando que a velocidade está com diferença de fase com o deslocamento de 900.
A aceleração de um objeto refere-se à taxa no tempo que ele altera sua velocidade e
representa a segunda derivada do deslocamento com respeito ao tempo. Pode ser expressa como:
d 2 x(t ) d v(t )
a (t ) = = = −ω 2 X sin(ωt ) (1.6)
dt 2 dt

Onde ω 2 X = amáx representa a amplitude máxima de aceleração em m/s2. Ela também pode ser
escrita como:
a (t ) = ω 2 X sin(ωt + π ) (1.7)

12
Isso indica que ela está com diferença de fase de 900 com a velocidade e 1800 com o
deslocamento.
No caso da vibração livre, o sistema vibra a sua frequência natural, já na vibração forçada
o sistema vibra com a frequência da força de excitação. Sob certas freqüências de vibração
forçada, as vibrações impostas pelas forças de excitação podem ser amplificadas pelo fenômeno
da ressonância. No caso do sistema mão-braço, estas freqüências se situam na faixa da ordem de
100-200 Hz.
Conforme Regazzi, o valor eficaz (RMS) é a medida mais importante de amplitude,
porque leva em conta tanto a cronologia da onda, como também considera o valor de amplitude.
Este valor está diretamente ligado à energia contida na onda e é o valor requerido pelas normas
de avaliação da exposição à vibração do ser humano.
Este valor pode ser avaliado pela equação:

T
1
arms = ∫
T 0
a (t )2 dt (1.8)

onde a(t) é a aceleração medida em m/s2.


Segundo Ximenes, 2006:
“O valor pico, que indica o valor máximo, mas não traz
qualquer informação acerca da duração ou tempo de
movimento, é particularmente usado na indicação de níveis de
impacto de curta duração; o valor da raiz média quadrática
(RMS) ou valor eficaz, que é a raiz quadrada dos valores
quadrados médios dos movimentos, é a mais importante e a
mais utilizada medida da amplitude por que mostra a média da
energia contida no movimento vibratório. Portanto, indica o
potencial destrutivo da vibração...”

A figura 1 mostra a relação entre nível pico-a-pico, nível pico, nível médio e nível rms de
um sinal.
O valor pico-a-pico indica a máxima amplitude da onda e é normalmente usado onde o
deslocamento vibratório é parte crítica na tensão máxima de elementos do sistema.
O valor médio, por outro lado, é usado quando se quer se levar em conta um valor da
quantidade física da amplitude em um determinado tempo.

13
Figura 1: Parâmetros característicos de um movimento senoidal
(Fonte: B&K 1988 Apud Ximenes, 2006).

Para determinar a vibração diária, à qual o usuário de marretas está exposto, é necessário,
inicialmente, que se conheça o tempo de exposição do usuário à vibração. No caso da exposição
à vibração não ser contínua, deve-se multiplicar o tempo de duração de cada evento que
transmita vibração pelo número de vezes que ele é reproduzido no dia.
A severidade da vibração é determinada pela sua magnitude, freqüência, duração e
direção. A magnitude é medida em termos da aceleração das partículas oscilantes e é mais
convenientemente expressa em termos do seu valor RMS (root-mean-square), com unidade de
m/s2. Cada parte do corpo humano tem sua própria frequência natural de vibração, portanto, a
extensão pela qual o corpo humano é afetado depende da freqüência de vibração, à qual ele é
exposto. A duração define a quantidade de tempo que a pessoa está em contato com (exposto) ao
objeto que vibra e a resposta humana a esta exposição aumenta com o aumento da duração da
exposição.
A vibração é normalmente medida em termos da aceleração em três eixos ortogonais, x, y
e z, pois o corpo reage diferentemente a cada uma destas direções. ,

2.2. ISO 2631 e ISO 5349

Conforme a norma ISO 2631, existem três tipos de exposição humana à vibração:
Vibrações transmitidas simultaneamente à superfície total do corpo e/ou a partes substanciais
dele, Vibrações transmitidas ao corpo através de superfícies de sustentação e Vibrações aplicadas
a partes específicas do corpo, como cabeças e membros.
As vibrações podem também ser classificadas como:

14
- Vibrações Contínuas: com amplitude e freqüência bem definidas e constantes
- Vibrações Aleatórias ou Multifrequências (banda larga): comportamento aleatório da
frequência e da amplitude
- Vibrações Intermitentes: mantêm determinado nível de vibração por determinado
número de ciclos, um decaimento transiente e subseqüente repetição do evento; podem ser
excitações de apenas alguns segundos.
- Choque impulsivo: excitação caracterizada por uma rápida subida para um valor de pico
seguido de um decaimento.
A Norma ISO 2631 está relacionada às vibrações transmitidas ao corpo inteiro. Estas, por
sua vez, são de baixa frequência e grande amplitude, situando-se na faixa de 1 a 80 Hz, mais
especificamente 1 a 20 Hz.
Já as vibrações localizadas (normatizadas pela ISO 5349), situam-se na faixa de 6,3 a
1250 Hz. Ocorrem principalmente nos trabalhos de escavação, na construção de galerias, pedreiras
e madeireiras.
Segundo Regazzi, os equipamentos de medição de vibração geralmente são combinações
entre transdutores, amplificadores, e detector-indicador de sinal com características metrológicas
controladas. Estes sistemas têm de estar calibrados e ajustados para medirem as referidas vibrações
nas diversas orientações em que elas ocorrem evitando problemas com ruídos interferente. Tabém
devem adquirir estes dados com taxas de aquisição suficientes para os níveis de freqüência das
vibrações a serem medidas evitando problemas de instrumentação de submamostragem como o
aliasing. Sendo que a calibração destes sistemas deve ser realizada em conjunto e as tolerâncias
que são especificadas na norma ISO 8041.

2.3. Vibração no segmento mão braço

Vibração localizada é aquela na qual um ou mais membros, ou cabeça, estão em contato


com uma superfície vibratória, sendo a mais conhecida a vibração transmitida através da palma
das mãos e dedos (Griffin, 1990).
Conforme Griffin (1990) as principais causas de altos níveis de vibrações no segmento
mão braço são normalmente ferramentas e processos industriais, rurais, de mineração, no qual
mãos seguram ou pressionam objetos vibrantes.
Ximenes, 2006, elencou os principais fatores físicos, biodinâmicos e individuais que
influenciam o efeito de vibração humana (Tabela 1).

15
Tabela 1: Fatores que influenciam o efeito de vibração na mão.
Fonte: Ximenes, 2006

O Modelo apresentado por Griffin, 1990 (Figura 2), mostra um pouco da complexa
relação entre as muitas variáveis que estão relacionadas aos efeitos da HAV (Hand –Arm
Vibration). Alem das características da vibração, aspectos da resposta dinâmica do sistema como
um todo, propriedades do ambiente, e suscetibilidade do individuo são fatores que irão
determinar os efeitos causados ao indivíduo.

16
Resposta SINAIS E
AMBIENTE
Vibração dinâmica Temperatura SINTOMAS
Fluxo de ar
Impedância Vascular
Amplitude Umidade
Ossos/articulações
mecânica Barulho, etc.
Nervos periféricos
Frequencia Transmissibili Muscular
Ferramenta Sistema nervoso
dade
utilizada Direcao central
Absorção de Corpo inteiro
Duração energia Subjectivo
SUSCETIBILIDADE
INDIVIDUAL

Forca de pega
Treinamento Esforço
Postura
de
Angulo das mãos
habilidades Área de contato

Latência de Alterações
disfunção na
população

Incidência de
Prevalência disfunção
de disfunção

Figura 2: Ilustração conceitual da relação dos fatores causa/efeito da vibração transmitida pelas
mãos.
Fonte: Griffin, 1990.

Quantificar a exposição do sistema mão-braço à vibração é uma tarefa complexa por


ocorrer simultaneamente em três eixos e por variar ao longo da área de contato e ao longo do
tempo.
Segundo Regazzi, para medir a vibração no corpo humano necessitamos conhecer a
direção de atuação: x, y e z, a freqüência e a intensidade do sinal de excitação.
Uma vez que as acelerações, e conseqüentemente as vibrações, são grandezas vetoriais,
faz-se necessário a definição do sistema de coordenadas para a medição das acelerações
envolvidas. Conforme definição da norma ISO 5349, o sistema de coordenadas a ser adotado
para o HAV é o apresentado na figura abaixo. A vibração deverá ser medida simultaneamente
nos três eixos e o mais próximo possível da região de empunhadura da máquina, ferramenta ou
equipamento.

17
Figura 3: Sistema de coordenadas ISO 5349

2.4. Métodos de avaliação da exposição da vibração

Conforme normas vigentes, ISO 2631, ISO5349 e diretiva Européia, podem ser
mencionados dois métodos para a avaliação da vibração.
O primeiro método, o R.M.S. ou A(8) indicado pela diretiva Européia, leva em
consideração choques ocasionais e vibrações transientes usando um tempo constante curto de
integração (Ximenes,2006). O Valor medido em m/s² é normalizado para 8 horas, ou seja,
representa uma exposição cumulativa através de uma aceleração média ajustada. A aceleração
ponderada é calculada da equação 1.9.

(1.9)

Onde: ap (t) aceleração ponderada em freqüência instantânea


τ tempo de integração (recomenda-se 1 segundo)
t tempo (variável de integração)
t0 tempo de observação (tempo instantâneo)

18
Figura 4: Nível de ação e exposição máxima conforme Diretiva 2002/44/EC
Fonte: Guide to good practice on Hand-Arm Vibration.

19
Já o método da dose de vibração (VDV), utiliza a quarta potência do histórico da
aceleração ao invés da segunda como é feito no método R.M.S. O valor da dose de vibração é
calculado como segue (Equação 1.10):

(1.10)

Onde: VDV valor dose de vibração


ap (t) aceleração ponderada em freqüência instantânea
T duração da medida
t tempo (variável de integração)

integral de zero para T segundos.

Quando a exposição for composta por dois ou mais episódios o valor deverá ser calculado
como segue:

(1.11)

Segundo Souza (2002) a literatura descreve várias técnicas que são utilizadas com o
intuito de estudar as situações de impacto. Entre elas pode-se citar a medida da força de reação,
medida das acelerações, dinâmica inversa e simulação através de modelos biomecânicos.
De acordo com Ximenes, 2006, em situações nas quais a vibração é passageira, ou seja,
de curta duração e causada por choques, o valor RMS subestima a vibração e, neste caso, é
utilizada a relação do valor de pico máximo dividido pelo RMS. Esta relação, denominada fator
de crista, dá uma noção de quanto impulsivo é um sinal e descreve melhor a vibração.
A comparação entre os dois métodos pode ser visualizada na tabela abaixo ( Tabela 2)

20
Tabela 2: Comparação das características fundamentais VDV e A(8)

Fonte: HSE Apud Ximenes, 2006.

Figura 5: Valor Dose de Vibração e RMS.


Fonte: Vendrame

21
Como pode ser observado na tabela em questão e na figura X, o VDV, ao contrário do
A(8), é mais sensível para choques e abalos e apresenta boa correlação com o conforto subjetivo,
mas é indicado somente para vibrações de corpo inteiro.

Conforme a diretiva Européia 202/44/EC, os níveis de ação e limites de exposição para


vibrações de corpo inteiro e do segmento mão braço são:

Tabela 3: Níveis de ação e limites de exposição conforme diretiva européia.


Nível de ação Limite de exposição
Mãos e braço 2,5 m/s² A(8) 5,0 m/s² A(8)
Corpo inteiro 0,5 m/s² A(8) ou 9,1 VDV 1,15m/s² A(8) ou 21 VDV

2.5. Efeitos da exposição à vibrações

A exposição de braços e mãos a uma vibração intensa pode causar um problema


denominado Síndrome da Vibração das Mãos e Braços (HAVS, Hand Arm Vibration Syndrome).
A síndrome é causada por uma anormalidade da circulação sangüínea, diminuição dos vasos
periféricos e artérias, denominada dedo branco de vibração (VWF, Vibration White Finger),
cujos sintomas são o empalidecimento da pele das extremidades e períodos de intensas dores
(Pelmear, 1998).

2.5.1. Desconforto Subjetivo

Segundo Bovenzi Apud Stellman (1998), A vibração é sentida por vários receptores
mecânicos na pele, os quais estão localizados na epiderme e tecidos subcutâneos. Eles são
classificados em dois tipos segundo sua velocidade de adaptação às condições ambientais a que
são expostos em de adaptação rápida e adaptação lenta. Os discos de Merkel e terminais de
Ruffini são classificados como receptores de adaptação lenta os quais respondem pela pressão
estática sobre a pele e a lentas mudanças de pressão e freqüências de excitação baixa (<16Hz).
Receptores de adaptação rápida são aqueles que respondem a rápidas mudanças nos estímulos e
são responsáveis pela sensação de vibração nos limites de freqüência de 8 a 400 Hz. Se
enquadram neste grupo os corpúsculos de Meissner e Pacini.
Segundo o mesmo autor, a resposta subjetiva à vibração transmitida à mão tem sido usada
em diversos estudos para obter limiares e curvas de igual sensação, desconforto ou mesmo

22
limites de tolerância ao estimulo da vibração a diferentes freqüências (Griffin 1990). Resultados
experimentais indicam que a sensibilidade humana a viibração diminui com o aumento da
frequencia tanto para conforto quanto níveis de vibração para desconforto. A vibração vertical
parece ser a causa de mais desconforto que vibração em outras direções. O desconforto subjetivo
tem sido também relatado como sendo função de um espectro de frequências, na força de
agarramento nos pontos de sustentação dos equipamentos.

2.5.2. Desconforto Subjetivo

A exposição severa a vibração transmitidas à mão pode causar aumento temporário aos
limites vibro-tácteis devido à diminuição da excitabilidade dos receptores da pele. A magnitude
dos limites temporários podem deslocar-se assim como o tempo para recuperação destes limites
pode ser influenciado por uma série de fatores como características do estímulo (frequência,
amplitude e duração), temperatura, idade do trabalhador e exposição anterior à vibração.
Exposição ao frio agrava a diminuição táctil induzida pela vibração, isto porque baixas
temperaturas causam o efeito vaso constrictor na circulação digital e reduz a temperatura da pele.
Em trabalhadores expostos à vibração que operam em ambientes frios, episódios repetitivos de
perda aguda da sensibilidade táctil pode levar a redução permanente na percepção e perda de
destreza manual, a qual, por sua vez, pode interferir na atividade do trabalhador aumentando o
risco de acidentes graves.

2.5.3. Efeitos não vasculares

2.5.3.1 Ósseos

Danos a ossos e juntas induzidos por vibração são um assunto ainda controverso. Vários
autores consideram que danos em ossos e juntas em trabalhadores que usem ferramentas manuais
vibrantes não são similares àquelas devido ao processo de envelhecimento e a danos causados
por trabalho pesado em geral. Por outro lado, alguns investigadores têm reportado que as
mudanças das características esqueléticas das mãos, pulso e cotovelos podem resultar da
exposição prolongada à vibração transmitida à mão. Inicialmente investigações com raios-x
revelaram uma alta prevalência de vacúolos e cistos nos ossos da mão e pulso de trabalhadores
expostos à vibração, entretanto recentemente, estudos têm demonstrado nenhum aumento
significativo com respeito aos grupos de controle de trabalhadores manuais. Prevalência de
osteoartrose de pulso e cotovelo assim como osteofitoses têm sido reportadas em mineiros de
carvão, trabalhadores de construção rodoviária e operadores da indústria de forjaria expostos a
23
choques e vibrações de baixa freqüência mas alta amplitude com fermentas pneumáticas de
percussão. Por outro lado, há pouca evidência de um aumento na prevalência de degeneração de
ossos e juntas nos membros superiores de trabalhadores expostos a freqüências médias e altas
provenientes de serras ou esmeris. Dor local, inchaço e rigidez das juntas e deformidades podem
estar associadas com descobertas radiológicas de degeneração de ossos e juntas. Em poucos
países (incluindo França, Alemanha e Itália) desordens dos ossos e juntas ocorrendo em
trabalhadores usando ferramentas vibrantes manuais são consideradas uma doença ocupacional,
e os trabalhadores afetados são compensados por esta exposição.

2.5.3.2 Neurológicos

Trabalhadores que operam ferramentas vibrantes manuais podem experimentar perda de


sensibilidade nos seus dedos e mãos. Se a exposição à vibração se prolonga, estes sintomas
tendem a piorar e podem interferir com a capacidade do trabalhador e suas atividades diárias. Os
trabalhadores expostos à vibração podem exibir aumento nos limiares vibratórios, térmicos e
tácteis. Tem sido sugerido que a vibração contínua pode não somente diminuir a excitabilidade
dos receptores da pele, mas também induzir mudanças patológicas nos nervos dos dedos assim
como edema perineural, seguido de fibrose e perda de fibras nervosas. Pesquisas
epidemiológicas em trabalhadores expostos à vibração mostram que a prevalência de desordens
neurológicas variam de poucos por cento a mais de 80 por cento, e que a perda sensorial afeta
usuários de uma grande gama de tipos de ferramentas. Parece que a neuropatia neurológica
desenvolve-se independentemente de outras desordens induzidas pela vibração. Uma escala para
mensurar o componente neurológico para a síndrome devido a HAV, segundo Bovenzi Apud
Stellman (1998), foi proposta no Workshop 86 em Stockholm consistindo de três estágios de
acordo com os sintomas e os resultados de exames clínicos e testes objetivos.

Tabela 4a: Estágios neuro-sensoriais da Escala de Stockholm para a sindrome de vibração mão-
braço.
Estágio Sinais e Simtomas
0SN Exposto a vibraçãoes mas sem sintomas
1SN Entorpecimento intermitente, mas sem perda de sensibilidade
2SN Entorpecimento intermitente ou persistente, reduzida percepção sensorial
3SN Entorpecimento intermitente ou persistente, reduzida discriminação táctil e/ou
destreza manual

24
Um diagnóstico diferencial cuidadoso é sempre requerido para distinguir entre uma
neuropatia devido à vibração de neuropatias adquiridas como síndrome do túnel do carpo (STC),
uma desordem devido à compressão do nervo mediano que passa através do túnel da anatomia
do pulso. STC parece ser uma desordem comum em certos grupos ocupacionais que utilizam
ferramentas de vibração, tais como perfuradores de rocha e trabalhadores da indústria florestal.
Acredita-se que tensões ergonômicas atuando na mão e pulso (movimentos repetitivos,
empunhaduras com força e posturas difíceis de se manter), somadas à vibração, podem causar
STC em trabalhadores que operem tais ferramentas manuais. Eletromiografias que meçam as
velocidades de respostas dos nervos motores e sensoriais têm sido úteis em diferenciar a STC de
outros tipos de desordens.

2.5.3.3 Muscular

Trabalhadores expostos à vibração podem queixar-se de fraqueza muscular e dor nas


mãos e nos braços. Em alguns indivíduos, a fadiga muscular pode causar perda de habilidade.
Uma diminuição na força para segurar as ferramentas tem sido reportada seguidamente em
estudos referentes a lenhadores. Danos mecânicos diretos ou danos aos nervos periféricos têm
sido sugeridos como possíveis fatores etológicos para os sintomas dos músculos. Outras
desordens relacionadas ao trabalho têm sido reportadas em trabalhadores expostos a este tipo de
vibração tais como tendinites, tenosinovites dos membros superiores e contratura de Dupuytren,
uma doença do tecido facial da palma da mão. Estas desordens parecem estar relacionadas a
fatores de estresse ergonômico oriundos de trabalhos manuais pesados e a sua associação com a
vibração transmitida à mão ainda não é conclusiva.

2.5.4. Desordens Vasculares (Fenômeno de Raynauld)

Segundo Bovenzi Apud Stellman (1998), Giovanni Loriga, um médico Italiano, reportou
primeiramente em 1911 que trabalhadores de pedreiras usando martelos pneumáticos em blocos
de pedra e mármore em áreas de Roma, sofriam de ataques de dores nos dedos, lembrando a
resposta vasoconstrictora associada ao frio ou estresse emocional descrito por Maurice Raynauld
em 1862. Observações similares foram feitas por Alice Hamilton Apud Stellmann (1998) entre
trabalhadores de pedreiras nos Estados Unidos, e mais tarde por diversos outros investigadores.
Na literatura, vários sintomas e nomes tem sido usados para descrever as desordens vasculares
induzidas por vibração: dedos brancos, síndrome de Raynauld de origem ocupacional, doença
traumática vasopastica, e mas recentemente tem recebido o nome de Síndrome do dedos brancos

25
induzida por vibração. Clinicamente ela é caracterizada por episódios de dedos pálidos e brancos
causados pelo fechamento das artérias dos dedos. Os ataques são usualmente iniciados pelo frio e
duram de 5 a 40 min. Uma perda completa da sensibilidade pode ser experimentada durante o
ataque. Na fase de recuperação, comumente acelerada pelo aquecimento ou massagem local,
rubor pode aparecer nos dedos afetados como resultado do aumento de circulação de sangue nos
vasos cutâneos. Em casos raros avançados, repetidos e severos ataques vasopasticos podem levar
a mudanças tróficas (ulcerações ou gangrena) na pela das pontas dos dedos. Para explicar a
Síndrome de Raynauld induzida pelo frio em trabalhadores expostos à vibração, alguns
pesquisadores indicam um reflexo simpático exagerado vaso constritor causado pela exposição
prolongada à vibração danosa. Outros pesquisadores tendem a enfatizar o papel das mudanças
locais induzidas pela vibração nos vasos dos dedos (por exemplo, afinamento das paredes dos
músculos, dano endotelial, mudanças funcionais nos receptores). Uma escala gradual de
classificação da Síndrome dos dedos brancos, segundo Bovenzi Apud Stellman (1998), foi
proposta no Workshop em Stockholm em 86.

Um sistema numérico foi desenvolvido por Griffin (1990) para classificar os sintomas e
baseado numa pontuação de esbranquiçamento nas diferentes falanges. Diversos testes
laboratoriais são usados para diagnosticar a Síndrome dos dedos brancos. Especificamente, a
maioria destes testes é baseada no frio provocado e medições da temperatura da pele dos dedos,
ou da circulação sanguínea, e pressão antes e depois do resfriamento dos dedos e das mãos.
Estudos epidemiológicos têm apontado que a prevalência de Síndrome dos dedos brancos é
muito abrangente, podendo variar de menos de 1% até 100%. Ela tem sido associada ao uso de
ferramentas de percussão pneumáticas, outras ferramentas rotativas, martelos de percussão, e
brocas usadas em escavação. Esta síndrome é reconhecida como doença em diversos países.
Desde 1975 um decréscimo na incidência de novos casos desta síndrome tem sido reportado
entre trabalhadores da indústria florestal tanto na Europa quanto Japão após a introdução de
serras anti-vibração e da tomada de medidas administrativas quanto ao tempo de uso de tais
serras.

26
Tabela 4b: Estágios do distúrbio dos dedos brancos (Raynaulds).

Estágio Condições dos dedos Prejuízos sociais e ocupacionais


0 Nenhuma descoloração nos dedos Nenhum
OT ON Formigamento intermitente, Nenhuma interferência nas
entorpecimento intermitente ou atividades
ambos
1 Descoloração de um ou mais dedos Nenhuma interferência nas
com ou sem formigamento e atividades
dormência
2 Descoloração de um ou mais dedos Pequena interferência em casa e
com dormência, usualmente nas atividades sociais; nenhuma
expostos ao inverno interferência no trabalho
3 Descoloração extensiva, episódios Interferência definitiva no
freqüentes no verão e no inverno trabalho, em casa e nas atividades
sociais
4 Descoloração extensiva, vários Mudanças ocupacionais para evitar
dedos, episódios freqüentes no verão futuras exposições à vibração em
e no inverno função da severidade dos sintomas
e sinais
Fonte: (Pelmear, 1998).

Figura 6: Vaso espasmo


Fonte: Apresentação Vibrações Vendrame Consultores e Associados

27
Os vasos espasmos causados pela vibração, como o mostrado na figura acima, reduzem o
diâmetro das artérias até a completa obstrução, impedindo o fluxo sanguíneo e, com isso,

causando um visível branqueamento destas regiões.

A exposição a vibrações localizadas pode também acarretar doenças do sistema


osteomuscular e do tecido conjuntivo causando sintomas como dormência, formigamento, perda
do tato, perda da força de agarramento e dificuldade para executar determinadas tarefas.

2.5.5. Outras Desordens

Alguns estudos indicam que nos trabalhadores afetados pela doença dos dedos brancos, a
perda auditiva é maior que a esperada com base no envelhecimento natural e exposição ao uso de
ferramentas que vibrem. Tem sido sugerido que a doença dos dedos brancos em trabalhadores
pode ter um risco adicional a danos na audição devido ao reflexo simpático induzido de vaso-
constrição nos vasos que fornecem sangue ao ouvido interno. Além de desordens periféricas,
outros efeitos adversos à saúde envolvendo o sistema endócrino e nervoso central foram
reportados em escolas de medicina ocupacional Russas e Japonesas (Griffin 1990). O quadro
clínico chamado de “doença vibracional” inclui sinais e sintomas relacionados à disfunção dos
centros autônomos do cérebro (por exemplo, fadiga persistente, dor de cabeça, irritabilidade,
distúrbios do sono, impotência, anormalidades no eletroencefalograma). Estes achados devem
ser interpretados com cautela e pesquisas epidemiológicas e clinicas são necessária para
confirmar as hipóteses de associação entre as desordens do sistema nervoso central e a exposição
dos trabalhadores à vibração transmitida ao sistema mão-braço.

28
3. METODOLOGIA

O presente capítulo apresenta os procedimentos metodológicos utilizados durante o


desenvolvimento do trabalho com vistas ao objetivo proposto. Procedimentos estes que serão
responsáveis pelo delineamento da pesquisa visando à obtenção de respostas.
Conforme Barros e Lehfeld (2005, pág.11) “o conhecimento é uma atividade teórico-
prática e/ou prático-teórica, já que a teoria orienta a ação e a prática estrutura e/ou realimenta a
teoria”.
Por sua vez, segundo Gil (1999), o método é um caminho que leva a um objetivo. Já o
método científico é um conjunto de procedimentos e técnicas adotadas para a obtenção do
conhecimento.
Portanto, “o conhecimento científico é um processo desencadeado progressivamente, em
função de vir a ser, e que emerge da coexistência ou da relação entre teoria e prática; sendo que a
prática é o fundamento da teoria” (Barros e Lehfeld, 2005, pág. 12)
Segundo Kerlinger (1999, p. 94), “a palavra delineamento focaliza a maneira pela qual
um problema de pesquisa é concebido e colocado em uma estrutura que se torna guia para a
experimentação, coleta de dados e análise”.
Esta pesquisa, quanto ao objetivo, caracteriza-se como um estudo do tipo exploratório,
pois visa a proporcionar maior familiaridade com o problema (Beuren, 2003).
Pelo fato desta pesquisa se basear em três tipos de produtos, sendo todos eles
relacionados a um único fabricante em questão, ou seja, concentrada em um único caso, não é
possível portanto a generalização dos resultados.
Conforme salientado por Gil (1999, p.73): “O estudo de caso é caracterizado pelo estudo
profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir conhecimentos amplos
e detalhados do mesmo, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de
delineamentos considerados .”

No método do estudo de caso, leva-se em consideração, principalmente, a compreensão,


como um todo, do assunto investigado. Todos os aspectos são investigados. Quando o
estudo é intensivo, podem até aparecer relações que de outra forma não seriam
descobertas (Fachin, 2003, p. 42).

29
Segundo Yin (2001), este é o método preferido quando se colocam questões do tipo
"como" e "por que", sendo visto também como um método de investigação empírica de um
fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto real.

A investigação de um estudo de caso enfrenta uma situação tecnicamente única em que


haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados, e, como resultado
baseia-se em várias fontes de evidências, com dados precisando convergir em um
formato de triângulo, e, como outro resultado, beneficia-se do desenvolvimento prévio
de proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados (Yin, 2001, p. 32).

Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, esta pesquisa pode ser


classificada como quantitativa, por traduzir opiniões em números, e ao mesmo tempo qualitativa,
pois em alguns pontos abordados não há como desvincular o mundo objetivo e a subjetividade
(Faleiro, 2006)

Optou-se pelo método do estudo de caso, por se buscar uma aproximação com o assunto
através do levantamento de informações no intuito de levar o pesquisador a conhecer mais a
respeito, ou seja, realizar uma exploração intensiva e detalhada dentro do contexto do assunto
estudado.
Para o desenvolvimento do trabalho serão coletados e analisados dados mediante
experimento prático.
Estes dados serão utilizadas pelo autor, para dar origem a novas informações, como
níveis de vibração transmitidos e serão confrontados com os níveis aceitos por norma.

30
4. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS

4.1. Caracterização dos equipamentos utilizados

O transdutor normalmente utilizado para a medição de vibração é o acelerômetro


piezoelétrico, que se caracteriza por ter uma banda dinâmica maior e boa linearidade. Os
acelerômetros são altos geradores de sinal, não necessitam de fonte de potência e geram um sinal
proporcional à aceleração.
Os elementos piezoelétricos produzem trabalho mecânico quando excitados eletricamente, ou
podem gerar energia elétrica quando atuados mecanicamente.

Figura 7: Acelerômetro piezoelétrico.


Fonte: wwwp.feb.unesp.br/jcandido/vib/Apostila.doc

No estudo em questão foi utilizado um Acelerômetro triaxial marca Dytran modelo


3023A2, que pesa aproximadamente 4g e possui sensibilidade de 10mV/g em conjunto com um
medidor de nível de vibração VI-400Pro.

31
O sistema utilizado está conforme as definições das normas ISO 8041, ISO 2631-1, ISO
5349 e ISO 10816 e é capaz de medir picos de aceleração de 0,003m/s² a 798m/s². O
equipamento possui um erro de +- 0,7 dB, e incerteza de 0,1%.

32
4.2. Caracterização das marretas analisadas

As marretas analisadas são produtos que possuem mesma origem, mas concepções de
projetos diferentes.
O primeiro modelo possui cabo de alma de fibra pultrudrada, revestida por resina, com
acabamento antiderrapante na empunhadura e montado com interferência em cabeça com olhal
elíptico de cone simples.
O segundo modelo possui cabo de madeira montado com interferência em cabeça com
olhal elíptico de cone simples.
Já o terceiro modelo possui cabo com estrutura interna metálica vulcanizada junto com a
cabeça da marreta.
Todas as marretas em questão têm nominalmente o mesmo peso, 5 Kg, mas existe
diferença significativa de peso entre o peso total delas (Tabela 5) devido ao tipo de material
utilizado para a confecção dos cabos, como pode ser observado na tabela abaixo. Como as
marretas em questão seguem os parâmetros definidos na norma DIN6475 e DIN1193, todos os
três modelos possuem comprimento total (cabo mais corpo) de 800 mm, peso da cabeça variando
entre 4,795 a 5,205 Kg e com as seguintes dimensões primárias 68x68x160mm.

33
Tabela 5: Marretas analisadas
Peso
Modelo Cabo
total (Kg)

Fibra 6,2

Madeira 5,7

Aço +
7,4
Borracha

34
5. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

Como o objetivo do presente trabalho é comparar os níveis de vibração transmitido ao


usuário pelos três modelos de marreta anteriormente descritos, foi projetado e construído um
dispositivo capaz de repetir inúmeras vezes os impactos de intensidades semelhantes nos
batentes das referidas ferramentas.
O dispositivo supracitado é capaz de fixar a marreta na região de empunhadura e esta
fixação é capaz de girar, permitindo que o objeto possa rotar em relação ao eixo x conforme
mostrado na figura 8.

Figura 8: Esquema do protótipo de dispositivo para padronização dos impactos.

35
No teste cada marreta foi erguida até 85°, como mostra a figura 8, e posteriormente solta
para que o impacto fosse resultado da queda do peso da própria marreta. Este procedimento foi
repetido três vezes com cada um dos modelos de marreta.
No experimento foi utilizado um acelerômetro Piezoelétrico de 3 eixos, como
mencionado no capitulo 4.1. Este foi fixado no cabo próximo da região de pega como pode ser
visto na figura 9. Para o experimento foi utilizado o sistema de coordenadas definido pela ISO
5349.

2 (y)

1 (x)

3 (z)

Figura 9: Foto do esquema de montagem dos acelerômetros no cabo da marreta e sistema de


medição no protótipo de dispositivo para ensaio de impacto.

Um pino foi utilizado como trava do dispositivo. Uma vez retirado, iniciava-se a queda
da marreta em direção ao batente.

36
6. RESULTADOS

Os dados obtidos nos testes realizados com a marreta com cabo de madeira podem ser
visualizados no anexo IV, V e VI (arquivos @VIBHAV2, @VIBHAV3 e @VIBHAV4,
respectivamente) e de forma resumida na tabela 6 e 7.
Da mesma forma os resultados dos testes com a marreta com cabo de fibra podem ser
visualizados nos anexos X, XI e XII (arquivos @VIBHAV8, @VIBHAV9 e @VIBHAV10,
respectivamente)e de forma resumida na tabela 8 e 9.
Já os resultados os testes com a marreta com cabo de aço e borracha por sua vez podem ser
visualizados nos anexos VII, VIII e IX (arquivos @VIBHAV5, @VIBHAV6 e @VIBHAV7,
respectivamente) e de forma resumida na tabela 10 e 11.

37
Tabela 6: Resultados do teste de marreta com cabo de madeira.
Marreta com cabo de madeira
Medição X1 X2 X3 Y1 Y2 Y3 Z1 Z2 Z3 SOMA 1 SOMA 2 SOMA 3
Lpk 157,5796 211,5924 184,7141 168,4612 264,5453 289,4010 50,4081 85,8025 81,1895 m/s²
P-P 226,4644 301,3006 261,8183 228,5599 368,9776 398,5658 83,0807 119,6741 118,8502 m/s²
RMS 5,2602 7,8343 6,6145 4,7044 9,5280 10,1274 1,8302 3,2546 3,2174 7,2904 12,7574 12,5167 m/s²
MTW 13,4431 18,5567 15,6675 12,0880 22,5424 23,9883 4,5499 7,4731 7,3621 m/s²
CRF 29,9571 27,0085 27,9254 35,8096 27,7651 28,5759 27,5423 26,3633 25,2348
K Factor 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Max RMS 5,2602 9,5280 10,1274 m/s²
A(8), Max RMS 0,0820 0,1375 0,1462 0,1137 0,1841 0,1807 m/s²

Tabela 7: Marreta com cabo de madeira: tempo para atingir valores de exposição.
Marreta com cabo de madeira
X1 X2 X3 Y1 Y2 Y3 Z1 Z2 Z3 SOMA 1 SOMA 2 SOMA 3
VAE 2,50 m/s² 01:48 00:48 01:08 02:15 00:33 00:29 14:55 04:43 04:49 00:56 00:18 00:19
VLE 5,00 m/s² 07:13 03:15 04:34 09:02 02:12 01:57 >24 18:52 19:19 03:45 01:13 01:16

38
Tabela 8: Resultados do teste de marreta com cabo de fibra.
Marreta com cabo de fibra
Medição X1 X2 X3 Y1 Y2 Y3 Z1 Z2 Z3 SOMA 1 SOMA 2 SOMA 3
Lpk 263,9368 345,1437 271,3314 323,5937 354,8134 363,0781 138,9953 115,2126 106,6596 m/s²
P-P 360,1638 471,5199 375,8374 461,3176 508,7448 519,9960 188,7991 163,4933 149,9685 m/s²
RMS 9,0887 12,0921 9,7611 11,8168 12,9420 13,3660 3,8681 3,5563 3,2999 15,4014 18,0654 16,8765 m/s²
MTW 21,5526 28,6748 23,1473 27,9898 30,5844 31,6592 9,0782 8,2509 7,6648 m/s²
CRF 29,0402 28,5430 27,7971 27,3842 27,4157 27,1644 35,9335 32,3966 32,3221
K Factor 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Max RMS 11,8168 12,9420 13,3660 m/s²
A(8), Max RMS 0,1706 0,1868 0,1929 0,2223 0,2608 0,2436 m/s²

Tabela 9: Marreta com cabo de fibra: tempo para atingir valores de exposição.
Marreta com cabo de fibra
X1 X2 X3 Y1 Y2 Y3 Z1 Z2 Z3 SOMA 1 SOMA 2 SOMA 3
VAE 2,50 m/s² 00:36 00:20 00:31 00:21 00:17 00:16 03:20 03:57 04:35 00:12 00:09 00:10
VLE 5,00 m/s² 02:25 01:22 02:05 01:25 01:11 01:07 13:22 15:48 18:22 00:50 00:36 00:42

39
Tabela 10: Resultados do teste de marreta com cabo de aço e borracha.
Marreta com cabo de aço e borracha
Medição X1 X2 X3 Y1 Y2 Y3 Z1 Z2 Z3 SOMA 1 SOMA 2 SOMA 3
Lpk 68,7800 53,5797 54,7016 67,1429 66,8344 72,8618 157,2172 163,1173 169,8244 m/s²
P-P 116,5467 104,2317 106,4143 117,6251 114,8154 120,6424 277,9713 279,8981 285,1018 m/s²
RMS 1,1003 1,3583 1,3428 1,1350 1,3852 1,3980 2,0845 2,4746 2,5032 2,6161 3,1444 3,1660 m/s²
MTW 3,3304 3,4277 3,3845 3,3768 3,4554 3,5035 6,3241 6,2734 6,3314 m/s²
CRF 62,5173 39,4457 40,7380 59,1562 48,2503 52,1195 75,4223 65,9174 67,8422
K Factor 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Max RMS 2,0845 2,4746 2,5032 m/s²
A(8), Max RMS 0,0388 0,0386 0,0390 0,0487 0,0490 0,0494 m/s²

Tabela 11: Marreta com cabo aço e borracha: tempo para atingir valores de exposição.
Marreta com cabo de aço e borracha
X1 X2 X3 Y1 Y2 Y3 Z1 Z2 Z3 SOMA 1 SOMA 2 SOMA 3
VAE 2,50 m/s² >24 >24 >24 >24 >24 >24 11:30 08:09 07:58 07:18 05:03 04:59
VLE 5,00 m/s² >24 >24 >24 >24 >24 >24 >24 >24 >24 >24 20:13 19:57

40
7. CONCLUSÕES

Observando os dados expostos no capítulo anterior, pode-se dizer que a marreta com cabo
de madeira tem um comportamento parecido com a marreta com cabo de borracha, pois em
ambas marretas os picos de aceleração foram encontrados no eixo Y. Mas, ao mesmo tempo, não
semelhantes, pois os valores de X e Z não são proporcionais em ambos os casos. Também não
foi constatada nenhuma proporcionalidade entre o peso total da marreta e os valores de pico para
estes casos, pois a diferença percentual entre os valores de pico é praticamente 3 vezes maior que
a diferença percentual de peso.
Já a marreta com cabo de aço e borracha apresenta os maiores picos de aceleração no eixo Z
e valores de pico muito parecidos entre si nos eixos X e Y.
Como nos três casos o peso da cabeça da marreta é igual, a diferença de peso está
praticamente distribuída igualmente ao logo do cabo. Por isso também não é possível concluir
que a energia de impacto nos três casos é diretamente proporcional ao peso, pois os centros de
gravidade das marretas são diferentes nos três casos e consequentemente a altura de queda da
massa equivalente não é a mesma.
Analisando as médias das acelerações RMS nos três casos (Tabela 12), pode–se concluir que
a marreta com cabo de borracha é capaz de absorver a vibração transmitida ao usuário da marreta
no mínimo 5,63 vezes mais que a marreta com cabo de fibra e 3,65 vezes mais que a com cabo
de madeira. Estes valores acima mencionados seriam as relações diretas entre a média das
acelerações, mas como o peso da marreta com cabo de aço e borracha é maior, a energia de
impacto e, consequentemente, o pico de aceleração são maiores, o que nos leva a concluir que o
poder de absorção desta marreta é superior a esta relação.

Tabela 12: Aceleração RMS média dos três experimentos.


Tipo de marreta RMS (Média) Peso (Kg)
Marreta com cabo de madeira 10,88 m/s² 5,7
Marreta com cabo de fibra 16,78 m/s² 6,2
Marreta com cabo de aço e borracha 2,98 m/s² 7,4

No caso da marreta com cabo de madeira e a marreta com cabo de fibra, utilizando a
mesma analogia, só é possível afirmar que a marreta com cabo de madeira absorve no máximo
35% a mais da vibração, pois neste caso o peso da marreta com cabo de fibra é superior ao da
marreta com cabo de madeira.

41
Como pode ser observado na Tabela 13, estas relações refletem diretamente no tempo de
exposição necessário para atingir os valores definidos na norma ISO 5349, mas não nas
proporções anteriormente citadas.

Tabela 13: Tempo médio dos três experimentos para atingir valores (de ação e aceitável) de
exposição.
Tipo de marreta Aceleracao Tempo
VAE 2,50 m/s² 00:31
Marreta com cabo de madeira
VLE 5,00 m/s² 02:04
VAE 2,50 m/s² 00:10
Marreta com cabo de fibra
VLE 5,00 m/s² 00:42
VAE 2,50 m/s² 05:46
Marreta com cabo de aço e borracha
VLE 5,00 m/s² >20

Sabe-se que os valores de acelerações encontrados no experimento não refletem a


realidade, uma vez que em situação real as energias de impacto são provavelmente muito
superiores às encontradas nesta situação de teste. Na situação real, as alturas envolvidas são
muito maiores e existe não só a ação da gravidade na queda, uma aceleração forçada, criada pelo
movimento do usuário, é somada à gravidade.
Com relação ao tempo necessário para atingir os valores de exposição máxima e o nível
de ação, pode-se concluir que também não refletem a realidade, pois dependem dos valores de
aceleração envolvidos. Tomando como base o fato de que as acelerações envolvidas em uma
situação real são maiores, poder-se-ia afirmar que os tempos envolvidos seriam ainda menores,
mas os tempos foram calculados com base na premissa de que todo o tempo de exposição seria a
repetição seriada dos 6s medidos. Observando uma situação real, pode-se afirmar que
fisicamente é praticamente impossível que alguém consiga efetuar uma sequência de batidas com
ciclos de 6s, portanto pode-se concluir que a exposição à vibração será intermitente e,
consequentemente, estes tempos não seriam necessariamente menores que os encontrados neste
trabalho.
Pode-se então afirmar que a relação entre os níveis de vibração encontrados e
apresentados na tabela 12 podem ser utilizados para comparação do poder de absorção a
vibração dos modelos de marreta estudadas e com isso indicar o modelo que seria mais adequado
aos trabalhos realizados com estas ferramentas. Por outro lado, não se pode dizer com base
nestes resultados qual é o tempo de exposição máxima e o tempo necessário para se entrar no
nível de ação, pois os dados não refletem fielmente a realidade.

42
7.1. Sugestão para futuras pesquisas

Este trabalho pode servir de base para uma pesquisa futura, na qual sejam mensuradas as
vibrações transmitidas ao usuário de marreta em uma condição real. Neste caso, seriam obtidas
as verdadeiras magnitudes de aceleração envolvidas no movimento e, realizando a medição em
janelas de tempo maiores, poder-se-ia então obter os verdadeiros tempos necessários para atingir
os limites oficiais de exposição.
Neste contexto não seriam possíveis comparações diretas entre os modelos de marretas,
pois em situações reais se torna muito difícil repetir os movimentos diversas vezes da mesma
forma. Neste caso, poder-se-ia então somente realizar a medição para um modelo e, com base
nos dados do presente trabalho, estimar os valores para os demais.

43
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] BEUREN, Ilse Maria. (Org.) Como elaborar Trabalhos Monográficos em


Contabilidade: Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 2003.
[2] Diretiva Européia 202/44/EC do Parlamento Europeu e Conselho da União Européia de
25/06/2002. Jornal Oficial da Comunidade Européia, 06/07/2002.
[3] FACHIN, Odília. Fundamentos de Metodologia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
[4] FALEIRO, Sandro Nero. Apresentação sobre Pesquisa Cientifica na cadeira de
Metodologia da Pesquisa Cientifica ministrada no Curso de Controladoria e
Finanças na UNIVATES. Lajeado, 2006
[5] BARROS, A. J. P.; LEHFELD N. A. S. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas.
Petrópolis: Vozes, 2005
[6] GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5ª. Edição - São Paulo:
Atlas, 1999.
[7] GRIFFIN, M. J. Handbook of Human Vibration. 1ª. Edição – Londres: Academic Press
Limited, 1990.
[8] Guide to good practice on Hand-Arm Vibration. Version 7.7 English. Retirado do site:
http://www.fosterohs.com/EU%20Good%20Practice%20Guide%20on%20Hand-
Arm%20Vibration%20V7.7%20-%20HSE%202006.pdf
[9] ISO 2631-1 Mechanical Vibration and Shock – Evaluation of Human Exposure to Whole-
Body Vibration – Part 1: General Guidelines. Geneva, 1997
[10] ISO 5349-1 Mechanical Vibration – Measurement and Evaluation of Human Exposure to
Hand-Transmitted Vibration – Part 1: General Guidelines. Geneva, 2001.
[11] ISO 8041: Human Response to Vibration – Measuring Instrumentation, Geneva, 2005.
[12] KERLINGER, Fred Nichols. Metodologia da pesquisa em ciências sociais: um tratamento
conceitual. São Paulo: EPU, 1980.
[13] Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR 01, redação dada pela
portaria n° 6, de 1983. In: Manual de Legislação Atlas de Segurança e Medicina do
trabalho, 62 ed., São Paulo: Atlas, 2008, 797 p.
[14] Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR 15, redação dada pela
portaria n° 12 de 1983. In:. Manual de Legislação Atlas de Segurança e Medicina do
trabalho, 56 ed., São Paulo: Atlas, 2008, 797 p.

44
[15] PELMEAR, P. L., WASSERMAN, D. E.. Hand-arm vibration: a comprehensive guide
for occupational health professionals. 2nd ed. Beverly Farms, Massachusetts.: Oem
Press, 1998.
[16] PORTARIA FEDERAL Nº. 1.339/GM - MS, EM 18 DE NOVEMBRO DE 1999
[17] REGAZZI, Rogério Dias; XIMENES, Gilmar Machado. A IMPORTÂNCIA DA
AVALIAÇÃO DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO. Retirado do site:
http//:www.isegnet.com.br/.../Rogerio%20e%20Gilmar%20artigo%20vibracao.doc
[18] SOUZA, Vinícius Aguiar de, 2002. Análise de Impacto e Risco de Lesões no Segmento
Superior Associados à Execução da Técnica de GYAKU TSUKI sobre
MAKIWARA por Praticantes de KARATE DO Estilo SHOTOKAN. Dissertação
de mestrado, PROMEC-UFRGS.
[19] STELLMAN, J. M., Encyclopedia of Occupational Health and Safety, Vol. II, 4th
Edition, international labour office, Geneva, 1998
[20] VENDRAME, Antonio Carlos e PIANELLI, Cristiane. VIBRAÇÃO EM CORPO
INTEIRO EM OPERADORES DE EMPILHADEIRAS. Apresentação retirada do
site http://www.abiquim.org.br/12cong/pdfs/cristiana_pianelli.pdf
[21] VENDRAME Consultores e Associados: Apresentação sobre Vibrações retiradas do site
http://www.scribd.com/doc/6660241/VibracoesVendrame?page=32
[22] XIMENES, Gilmar Machado. Gestão ocupacional do corpo humano, aspectos técnicos e
legais relacionados à saúde e segurança. Dissertação apresentada ao curso de
Mestrado em sistemas de gestão da Universidade Fluminense. Niterói, 2006.

45
ANEXOS
Tabela 14: Lista de doenças relacionadas ao trabalho

LISTA DE DOENÇAS
RELACIONADAS AO TRABALHO DENTRE AS QUAIS A VIBRACAO
LOCALIZADA ESTA ENTRE A RELACAO DE AGENTES OU FATORES DE
RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL:
DOENÇAS DO SISTEMA Síndrome de Raynaud
CIRCULATÓRIO Acrocianose e Acroparestesia
Síndrome Cervicobraquial
Outros transtornos articulares não
classificados em outra parte: Dor Articular
Fibromatose da Fascia Palmar: “Contratura
ou Moléstia de Dupuytren”
Lesões do Ombro : Capsulite Adesiva do
Ombro (Ombro Congelado, Periartrite do
Ombro); Síndrome do Manguito Rotatório ou
Síndrome do Supraespinhoso; Tendinite
Bicipital; Tendinite Calcificante do Ombro;
DOENÇAS DO SISTEMA Bursite do Ombro; Outras Lesões do Ombro;
OSTEOMUSCULAR E DO TECIDO Lesões do Ombro, não especificadas
CONJUNTIVO Outras entesopatias: Epicondilite Medial;
Epicondilite lateral (“Cotovelo de Tenista”);
Mialgia
Outros transtornos especificados dos tecidos
moles
Osteonecrose: Outras Osteonecroses
secundárias
Doença de Kienböck do Adulto
(Osteocondrose do Adulto do Semilunar do
Carpo) e outras Osteocondro-patias
especificadas
Dados: PORTARIA FEDERAL Nº. 1.339/GM - MS, EM 18 DE NOVEMBRO DE 1999.

46
Figura 10: Dados do Acelerômetro triaxial Dytran MODEL3023A2 utilizado nas medições.
47
Figura 11: Especificações técnicas do VI-400PRO (Quest Technologies).

48
@VIBHAV2

49
@VIBHAV3

50
@VIBHAV4

51
@VIBHAV5

52
@VIBHAV6

53
@VIBHAV7

54
@VIBHAV8

55
@VIBHAV9

56
@VIBHAV10

57

Você também pode gostar