Modular Sonetos de Camões

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Sonetos de Camões Prof.

Edir
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente, Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Repousa lá no Céu eternamente Muda-se o ser, muda-se a confiança;
E viva eu cá na terra sempre triste. Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente, Continuamente vemos novidades,
Não te esqueças daquele amor ardente Diferentes em tudo da esperança;
Que já nos olhos meus tão puro viste. Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou O tempo cobre o chão de verde manto,
Da mágoa, sem remédio, de perder-te, Que já coberto foi de neve fria,
E enfim converte em choro o doce canto.
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te, E, afora este mudar-se cada dia,
Quão cedo de meus olhos te levou. Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Amor é fogo que arde sem se ver;


É ferida que dói e não se sente; O dia em que nasci moura e pereça,
É um contentamento descontente; Não o queira jamais o tempo dar;
É dor que desatina sem doer; Não torne mais ao Mundo, e, se tornar,
Eclipse nesse passo o Sol padeça.
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente; A luz lhe falte, O Sol se [lhe] escureça,
É nunca contentar-se de contente; Mostre o Mundo sinais de se acabar,
É cuidar que se ganha em se perder; Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,
A mãe ao próprio filho não conheça.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor; As pessoas pasmadas, de ignorantes,
É ter com quem nos mata lealdade. As lágrimas no rosto, a cor perdida,
Cuidem que o mundo já se destruiu.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade, Ó gente temerosa, não te espantes,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor? Que este dia deitou ao Mundo a vida
Mais desgraçada que jamais se viu!

Busque Amor novas artes, novo engenho


Para matar-me, e novas esquivanças; Sete annos de pastor Jacob servia
Labão, pae de Raquel, serrana bella:
Que não póde tirar-me as esperanças,
Mas não servia ao pae, servia a ella,
Pois mal me tirará o que eu não tenho.
Que a ella só por premio pertendia.

Olhai de que esperanças me mantenho! Os dias na esperança de hum só dia


Vêde que perigosas seguranças! Passava, contentando-se com vella:
Pois não temo contrastes nem mudanças, Porém o pae, usando de cautella,
Andando em bravo mar, perdido o lenho. Em lugar de Raquel lhe deo a Lia.

Mas com quanto não póde haver desgôsto Vendo o triste Pastor que com enganos
Onde esperança falta, lá me esconde Assi lhe era negada a sua Pastora,
Amor hum mal, que mata e não se vê. Como se a não tivera merecida;

Começou a servir outros sete annos,


Que dias ha que na alma me tẽe posto
Dizendo: Mais servíra, senão fôra
Hum não sei que, que nasce não sei onde;
Para tão longo amor tão curta a vida.
Vem não sei como; e doe não sei porque.
Sonetos de Camões Prof. Edir
d) é contrariado nos dois últimos tercetos, uma vez que a
Transforma-se o amador na cousa amada, pureza e a beleza mantêm-se em harmonia na sua
Por virtude do muito imaginar: condição de ideia.
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada. 2. (Ufrgs 2016) Leia o soneto de Luís de Camões e Soneto
do amor total, de Vinícius de Moraes, abaixo.
Se nella está minha alma transformada,
Luís de Camões
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente póde descansar,
Amor é fogo que arde sem se ver;
Pois com elle tal alma está liada. É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
Mas esta linda e pura semidea,
Que como o accidente em seu sojeito, É dor que desatina sem doer;
Assi com a alma minha se confórma;
É um não querer mais que bem querer;
Está no pensamento como idea; É solitário andar por entre a gente;
E o vivo e puro amor de que sou feito, É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
Como a materia simples busca a fórma.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
1. (Unicamp 2018) Transforma-se o amador na coisa
amada, Mas como causar pode seu favor
Por virtude do muito imaginar; Nos corações humanos amizade,
Não tenho, logo, mais que desejar, Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada, Vinícius de Moraes


Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar, Amo-te tanto, meu amor… não cante
Pois com ele tal alma está liada. O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Mas esta linda e pura semideia, Numa sempre diversa realidade.
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim como a alma minha se conforma, Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Está no pensamento como ideia; Amo-te, enfim, com grande liberdade
E o vivo e puro amor de que sou feito, Dentro da eternidade e a cada instante.
Como a matéria simples busca a forma.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
(Luís de Camões, Lírica: redondilhas e sonetos, Rio de De um amor sem mistério e sem virtude
Janeiro: Ediouro / São Paulo: Publifolha, 1997, p. 85.) Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,


Um dos aspectos mais importantes da lírica de Camões é a É que um dia em teu corpo de repente
retomada renascentista de ideias do filósofo grego Platão. Hei de morrer de amar mais do que pude.

Considerando o soneto citado, pode-se dizer que o


chamado “neoplatonismo” camoniano Considere as seguintes afirmações sobre os dois poemas.
a) é afirmado nos dois primeiros quartetos, uma vez que a
união entre amador e pessoa amada resulta em uma I. Os dois poemas apresentam a temática amorosa: no
alma única e perfeita. soneto de Camões, o sujeito lírico define o amor; no
b) é confirmado nos dois últimos tercetos, uma vez que a soneto de Moraes, o sujeito lírico diz como ama.
beleza e a pureza reúnem-se finalmente na matéria II. O soneto de Camões apresenta uma estrutura antitética
simples que deseja. nas três primeiras estrofes, como a exprimir o caráter
c) é negado nos dois primeiros quartetos, uma vez que a contraditório do sentimento amoroso.
consequência da união entre amador e coisa amada é a III. O soneto de Vinícius de Moraes apresenta o sujeito lírico
ausência de desejo. que ama de corpo e alma, ampliando o sentimento
amoroso à dimensão física.
Sonetos de Camões Prof. Edir
Quais estão corretas? É um não querer mais que bem querer;
a) Apenas I. é um andar solitário entre a gente;
b) Apenas II. é nunca contentar-se de contente;
c) Apenas I e III. é um cuidar que ganha em se perder.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III. É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
3. (Upe-ssa 1 2016) A relação entre textos sempre existiu é ter com quem nos mata, lealdade.
como retomada de um texto mais novo de outro que o
antecede, contudo o termo intertextualidade foi usado pela Mas como causar pode seu favor
primeira vez por Julia Kristeva, que, baseando-se nos nos corações humanos amizade,
estudos de Bakhtin sobre o discurso, concluiu: “todo texto se tão contrário a si é o mesmo Amor?
se constrói como mosaico de citações, todo texto é
absorção e transformação de um outro texto”. (Camões)
(Fonte: KRISTEVA, Julia. Introdução à Semanálise. São
Paulo: Perspectiva, 1974. p.72.)
Assinale a alternativa CORRETA.
a) Em Monte Castelo, Renato Russo dialoga com dois textos
Sobre intertextualidade, analise os textos 1 e 2. distintos: o poema de Camões Amor é fogo que arde sem
se ver; e a Bíblia, no Capítulo 13 da 2ª Carta de Paulo aos
Coríntios, quando fala do Amor como um bem supremo,
Texto 1 além de o título aludir a uma batalha da Segunda Guerra
Mundial, da qual participaram soldados brasileiros.
Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos b) Partindo do conceito de intertextualidade, expresso por
Sem amor eu nada seria Julia Kristeva, pode-se afirmar que Renato Russo não
devia ter lançado mão de partes da Bíblia Sagrada para
É só o amor, é só o amor montar a letra de uma música profana.
Que conhece o que é verdade c) O diálogo entre textos conduz indiscutivelmente ao
O amor é bom, não quer o mal plágio; dessa maneira, a montagem, como paródia de
Não sente inveja ou se envaidece três diferentes textos, realizada por Renato Russo, não o
isenta da responsabilidade de ter usado indevidamente a
O amor é o fogo que arde sem se ver produção de autores que o antecederam.
É ferida que dói e não se sente d) Monte Castelo não foi uma montagem de dois textos,
É um contentamento descontente pois não houve intencionalidade do poeta em realizar tal
É dor que desatina sem doer façanha. A semelhança entre os textos é mera
coincidência.
Ainda que eu falasse a língua dos homens e) O trabalho artístico do compositor brasileiro não pode
E falasse a língua dos anjos ser considerado arte, porque não apresenta
Sem amor eu nada seria originalidade e ineditismo; trata-se de uma mera
paráfrase de textos anteriores a ele. Inadmissível de
É um não querer mais que bem querer acordo com as concepções dos dois autores: Bakhtin e
É solitário andar por entre a gente Kristeva.
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder 4. (Uespi 2012) Dentre os excertos de poemas abaixo,
quais podem ser identificados como de Luís Vaz de
É um estar-se preso por vontade Camões?
É servir a quem vence, o vencedor
É um ter com quem nos mata a lealdade 1. “Sete anos de pastor Jacó servia
Tão contrário a si é o mesmo amor Labão, pai de Raquel, serrana bela;
[...] Mas não servia ao pai, servia a ela,
Que a ela só por prêmio pretendia”.
(Renato Russo, Monte Castelo) 2. “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Texto 2 Tomando sempre novas qualidades”.
3. “Amor é fogo que arde sem se ver;
Amor é fogo que arde sem se ver, É ferida que dói e não se sente;
é ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente;
é um contentamento descontente, É dor que desatina sem doer”.
é dor que desatina sem doer. 4. “A praia é tão longa! E a onda bravia
Sonetos de Camões Prof. Edir
As roupas de gaza te molha de escuma; É um não querer mais que bem querer;
De noite — aos serenos — a areia é tão fria,
É solitário andar por entre a gente;
Tão úmido o vento que os ares perfuma!.
5. “Froixo o verso talvez, pálida a rima É nunca contentar-se de contente;
Por estes meus delírios cambeteia, É cuidar que se ganha em se perder;
Porém odeio o pó que deixa a lima
E o tedioso emendar que gela a veia! Camões

São de Luís Vaz de Camões apenas os excertos:


a) 1, 2 e 3 Texto II
b) 1, 4 e 5
c) 2, 3 e 4 Amor é fogo? Ou é cadente lágrima?
d) 3, 4 e 5 Pois eu naufrago em mar de labaredas
e) 2, 4 e 5
Que lambem o sangue e a flor da pele acendem
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Quando o rubor me vem à tona d'água.
O amor é feio
Tem cara de vício E como arde, ai, como arde, Amor,
Anda pela estrada Quando a ferida dói porque se sente,
Não tem compromisso E o mover dos meus olhos sob a casca
Vê muito bem o que devia não ver.
[...]
Ilka Brunhilde Laurito
O amor é lindo
Faz o impossível
O amor é graça 6. (Mackenzie 2003) Assinale a alternativa correta.
Ele dá e passa a) O texto I, com sua regularidade formal, recupera do
texto II o rígido padrão da estética clássica.
b) Os dois textos, ao negarem uma concepção carnal do
A.Antunes, C.Brown, M.Monte, “O amor é feio”
amor, enaltecem o platonismo amoroso.
c) O texto I e o texto II são convergentes no que se refere à
5. (Mackenzie 2010) Cotejando a letra da canção com os concepção do sentimento amoroso.
famosos versos camonianos Amor é fogo que arde sem se d) O texto II contesta o texto I no que se refere ao ponto de
ver / É ferida que dói e não se sente, afirma-se vista sobre o amor.
corretamente que: e) Os dois textos convergem quanto à forma e à linguagem,
mas divergem quanto ao conteúdo.
a) Assim como Camões, os compositores tematizam o
amor, valendo-se de uma linguagem espontânea,
coloquial, como prova o uso da expressão cara de vício. 7. (Mackenzie 2003) Assinale a alternativa correta sobre o
b) O caráter popular da canção é acentuado pelo uso de texto II.
redondilhas, traço estilístico ausente nos versos a) A liberdade formal dos quartetos, associada à contenção
camonianos citados. emotiva, é índice da influência parnasiana.
c) A concepção de amor como sentimento contraditório, b) Por seguir os princípios estéticos clássicos, sua expressão
típica de Camões, está ausente na letra da canção, uma é de teor mais universalista que individualista.
vez que seus versos não se compõem de paradoxos. c) O caráter reflexivo das interrogativas iniciais impede que
d) A ideia de que a dor do amor não é sentida pelos a linguagem seja marcada por índices de emotividade.
amantes, presente nos versos de Camões, é d) Recupera, do estilo camoniano, a preferência por
parafraseada nos versos Anda pela estrada /Não tem imagens paradoxais, como, por exemplo, mar de
compromisso. labaredas.
e) A canção recupera o tom solene e altissonante presente
nos versos camonianos. e) Vale-se de recursos estilísticos conquistados pelos
modernistas, como, por exemplo, versos decassílabos e
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: expressão coloquial.
Texto I
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Amor é fogo que arde sem se ver;
Amor é fogo que arde sem se ver;
é ferida que dói e não se sente;
É ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente;
É um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer;
É dor que desatina sem doer.
Sonetos de Camões Prof. Edir
que mal me tirará o que eu não tenho.
É um não querer mais que bem querer;
é solitário andar por entre a gente;
Olhai de que esperanças me mantenho!
é nunca contentar-se de contente;
é cuidar que se ganha em se perder; vede que perigosas seguranças:
que não temo contrastes nem mudanças
É querer estar preso por vontade; andando em bravo mar perdido o lenho.
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata lealdade.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
Mas como causar pode seu favor onde esperança falta, lá me esconde
nos corações humanos amizade, Amor um mal, que mata e não se vê;
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
que dias há que na alma me tem posto
(Luís de Camões)
um não sei quê, que nasce não sei onde
8. (Enem 1998) O poema tem, como característica, a figura vem não sei como e dói não sei porquê."
de linguagem denominada antítese, relação de oposição de
palavras ou ideias. Assinale a opção em que essa oposição 10. (Fuvest-gv 1991) Neste poema é possível reconhecer
se faz claramente presente. que uma dialética amorosa trabalha a oposição entre:
a) "Amor é fogo que arde sem se ver." a) o bem e o mal;
b) "É um contentamento descontente." b) a proximidade e a distância;
c) "É servir a quem vence, o vencedor." c) o desejo e a idealização;
d) "Mas como causar pode seu favor." d) a razão e o sentimento;
e) "Se tão contrário a si é o mesmo Amor?" e) o mistério e a realidade.

9. (Uern 2015) Os gêneros literários são empregados com 11. (Fuvest-gv 1991) Assinalar a alternativa que melhor
finalidade estética. Leia os textos a seguir. expressa o entendimento do poema:
a) Novas artes e novo engenho do amor fazem o poeta
Busque Amor novas artes, novo engenho,
perder as esperanças.
Para matar-me, e novas esquivanças;
b) O poeta está, em relação ao amor, como um náufrago
Que não pode tirar-me as esperanças,
que morreu em alto mar.
Que mal me tirará o que eu não tenho.
c) Novas artes e novo engenho do amor alimentam as
(Camões, L. V. de. Sonetos. Lisboa: Livraria Clássica Editora.
esperanças outrora perdidas.
1961. Fragmento.)
d) O poeta está, em relação ao amor, desesperado como
um náufrago em bravo mar.
e) O amor destruiu as esperanças do poeta porque inoculou
Porém já cinco sóis eram passados
nele um mal desconhecido.
Que dali nos partíramos, cortando
Os mares nunca doutrem navegados,
Prosperamente os ventos assoprando, 12. (Fuvest-gv 1991) Relido o poema de dois quartetos e
Quando uma noite, estando descuidados dois tercetos com versos decassílabos heroicos e esquema
Na cortadora proa vigiando, rimático abba - abba - cde - cde, e considerada a elaboração
Uma nuvem, que os ares escurece, estética da linguagem com que é tratado o tema, assinalar
Sobre nossas cabeças aparece. a alternativa que nomeia que tipo de poema é, o seu autor
e o movimento literário em que este se enquadra:
(Camões, L. V. Os Lusíadas. Abril Cultural, 1979. São Paulo. a) redondilha Gil Vicente - Humanismo
Fragmento.) b) soneto - Camões - Classicismo
c) soneto - Gregório de Matos - Barroco
d) lira - Cláudio Manuel da Costa - Arcadismo
Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, a e) lira - Camões - Maneirismo
classificação dos textos.
a) Épico e lírico. 13. (Insper 2012) Mudam-se os tempos, mudam-se as
b) Lírico e épico. vontades,
c) Lírico e dramático. muda-se o ser, muda-se a confiança;
d) Dramático e épico. todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:
Continuamente vemos novidades,
"Busque Amor novas artes, novo engenho diferentes em tudo da esperança;
para matar-me, e novas esquivanças; do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.
que não pode tirar-me as esperanças
Sonetos de Camões Prof. Edir
Soneto de Fidelidade
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria, e, enfim, De tudo, ao meu amor serei atento
converte em choro o doce canto. Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
E, afora este mudar-se cada dia, Dele se encante mais meu pensamento.
outra mudança faz de mor espanto,
Quero vivê-lo em cada vão momento
que não se muda já como soía*. E em seu louvor hei de espalhar meu canto
ís Vaz de Camões E rir meu riso e derramar meu pranto
*soía: Imperfeito do indicativo do verbo soer, que significa Ao seu pesar ou seu contentamento.
costumar, ser de costume
E assim, quando mais tarde me procure
Assinale a alternativa em que se analisa corretamente o Quem sabe a morte, angústia de quem vive
sentido dos versos de Camões. Quem sabe a solidão, fim de quem ama
a) O foco temático do soneto está relacionado à
instabilidade do ser humano, eternamente insatisfeito Eu possa me dizer do amor (que tive):
com as suas condições de vida e com a inevitabilidade da Que não seja imortal, posto que é chama
morte. Mas que seja infinito enquanto dure.
b) Pode-se inferir, a partir da leitura dos dois tercetos, que,
com o passar do tempo, a recusa da instabilidade se (Vinícius de Moraes)
torna maior, graças à sabedoria e à experiência ( ) Nos dois poemas, pertencentes, respectivamente, ao
adquiridas. Classicismo e ao Romantismo, o tema do amor é
c) Ao tratar de mudanças e da passagem do tempo, o trabalhado numa forma fixa.
soneto expressa a ideia de circularidade, já que ele se
baseia no postulado da imutabilidade. ( ) São dois sonetos que mantêm relação de
d) Na segunda estrofe, o eu lírico vê com pessimismo as intertextualidade, pois o segundo retoma o primeiro
mudanças que se operam no mundo, porque constata em sua forma e em seu conteúdo.
que elas são geradoras de um mal cuja dor não pode ser ( ) Nos dois poemas, a concepção de amor é diversa, pois
superada. o primeiro expressa a finitude desse sentimento, e o
e) As duas últimas estrofes autorizam concluir que a ideia segundo, ao contrário, apresenta-o como eterno.
de que nada é permanente não passa de uma ilusão. ( ) No último verso de seu poema, Camões usa uma
antítese para dar conta da idealização do amor.
14. (Ufpe 2013) A poesia lírica é o espaço ideal para a Vinicius de Moraes, nos dois últimos versos do
temática do amor, desde a antiguidade clássica até a segundo quarteto, recorre também a oposições, que
atualidade. Mudam-se os tempos, as ideologias, e o amor expressam o desejo de viver o sentimento amoroso
continua um sentimento indecifrável e paradoxal. Daí ser em todos os momentos.
motivo dos dois poemas que seguem. Leia-os e analise as ( ) Enquanto o segundo soneto apresenta uma
proposições que a eles se referem. concepção do amor mais fiel à vivência dos afetos no
século XX, o primeiro traz uma visão platônica
Sete anos de pastor Jacó servia idealizada do sentimento amoroso, própria do
Classicismo do século XVI.
Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela; 15. (Pucrs 2013) Compare o poema de Camões e o poema
Mas não servia ao pai, servia a ela, “Encarnação”, leia as afirmativas que seguem e preencha os
E a ela só por prêmio pretendia. parênteses com V para verdadeiro e F para falso.

Os dias, na esperança de um só dia, Poema 1


Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela, Transforma-se o amador na cousa amada,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia. por virtude do muito imaginar;
não tenho, logo, mais que desejar,
Vendo o triste pastor que com enganos pois em mim tenho a parte desejada.
Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se não a tivera merecida, Se nela está minha alma transformada,
que mais deseja o corpo de alcançar?
Começa de servir outros sete anos, Em si somente pode descansar,
Dizendo: – Mais servira se não fora pois consigo tal alma está liada.
Para tão longo amor tão curta a vida!
Mas esta linda e pura semideia,
(Camões) que, como o acidente em seu sujeito,
assim coa alma minha se conforma,
Sonetos de Camões Prof. Edir
como a matéria simples busca a forma.
Está no pensamento como ideia;
[e] o vivo e puro amor de que sou feito, Com base no poema e em seu contexto, afirma-se:
como a matéria simples busca a forma.
I. Criado no século XVI, o poema apresenta um eu lírico que
reflete sobre o amor e sobre os efeitos desse sentimento
Poema 2 no ser apaixonado.
II. Camões é também o criador de Os Lusíadas, a mais
Carnais, sejam carnais tantos desejos, famosa epopeia produzida em língua portuguesa, que
carnais, sejam carnais tantos anseios, tem como grande herói o povo português, representado
palpitações e frêmitos e enleios, por Vasco da Gama.
das harpas da emoção tantos arpejos... III. Uma das características composicionais do poema é a
presença de inversões sintáticas.
Sonhos, que vão, por trêmulos adejos,
à noite, ao luar, intumescer os seios A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são
láteos, de finos e azulados veios a) I, apenas.
de virgindade, de pudor, de pejos... b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
Sejam carnais todos os sonhos brumos d) II e III, apenas.
de estranhos, vagos, estrelados rumos e) I, II e III.
onde as Visões do amor dormem geladas...
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Sonhos, palpitações, desejos e ânsias Transforma-se o amador na cousa amada,
formem, com claridades e fragrâncias, por virtude do muito imaginar;
a encarnação das lívidas Amadas!
não tenho, logo, mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.
( ) Os dois poemas falam mais sobre o sentimento do Se nela está minh'alma transformada,
amor do que sobre o objeto amado. que mais deseja o corpo de alcançar?
( ) No poema de Camões, o amor figura-se no campo das Em si somente pode descansar,
ideias.
( ) Quanto à forma, os dois poemas são sonetos. pois consigo tal alma está liada.
Mas esta linda e pura semideia,
( ) O título “Encarnação” contém uma certa ambiguidade, que, como um acidente em seu sujeito,
aliando um sentido espiritual a um erótico. assi co a alma minha se conforma,
está no pensamento como ideia:
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de
cima para baixo, é: e o vivo e puro amor de que sou feito,
a) F – F – V – F como a matéria simples busca a forma.
b) V – V – F – V
c) V – F – V – F (Camões, ed. A. J. da Costa Pimpão)
d) V – V – V – V
e) F – V – F – F
17. (Fuvest 1999) É correto afirmar que, nesse soneto,
16. (Pucrs 2013) Leia o poema a seguir, de Luís de Camões. a) a experiência individual e a reflexão filosófica,
alternando-se e conjugando-se, encaminham o
Transforma-se o amador na cousa amada, desenvolvimento do poema.
por virtude do muito imaginar; b) a fusão do eu e do outro, almejada no amor, produz a
não tenho, logo, mais que desejar, conversão da forma em simples matéria.
pois em mim tenho a parte desejada. c) a influência platônica, patente no texto, determina a
renúncia ao impulso erótico-amoroso.
Se nela está minha alma transformada, d) a oscilação entre ascetismo e erotismo, típica do autor,
que mais deseja o corpo de alcançar? resolve-se pela eleição da mulher imaterial e
Em si somente pode descansar, dessexuada.
pois consigo tal alma está liada. e) os excessos da imaginação amorosa produzem uma
confusão mental que caberá à razão disciplinar.
Mas esta linda e pura semideia,
que, como o acidente em seu sujeito, TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
assim coa alma minha se conforma, JACÓ ENCONTRA-SE COM RAQUEL

Está no pensamento como ideia;


Depois disse Labão a Jacó: Acaso, por seres meu
[e] o vivo e puro amor de que sou feito,
parente, irás servir-me de graça? Dize-me, qual será o teu
Sonetos de Camões Prof. Edir
"verdades eternas", sem que isto implicasse tolhimento da
salário? Ora Labão tinha duas filhas: Lia, a mais velha, e liberdade imaginativa e poética. Com base nestas
Raquel, a mais moça. Lia tinha olhos baços, porém Raquel observações, releia os dois textos apresentados e;
era formosa de porte e de semblante. Jacó amava a Raquel,
e disse: Sete anos te servirei por tua filha mais moça, a) aponte um procedimento literário de Camões que
Raquel. Respondeu Labão: Melhor é que eu te dê, em vez comprove o rigor formal do classicismo;
de dá-la a outro homem; fica, pois, comigo. b) indique o dado da passagem bíblica que, por ter sido
Assim, por amor a Raquel, serviu Jacó sete anos; e omitido por Camões, revela a prática da liberdade poética e
estes lhe pareceram como poucos dias, pelo muito que a confere maior carga sentimental ao seu modo de focalizar o
amava. Disse Jacó a Labão: Dá-me minha mulher, pois já mesmo episódio.
venceu o prazo, para que me case com ela. Reuniu, pois,
Labão todos os homens do lugar, e deu um banquete. À 19. (Unicamp 2017) Leia o soneto abaixo, de Luís de
noite, conduziu a Lia, sua filha, e a entregou a Jacó. E Camões.
coabitaram. (...) Ao amanhecer, viu que era Lia, por isso
disse Jacó a Labão: Que é isso que me fizeste? Não te servi Enquanto quis Fortuna que tivesse
por amor a Raquel? Por que, pois, me enganaste? esperança de algum contentamento,
Respondeu Labão: Não se faz assim em nossa terra, dar-se o gosto de um suave pensamento
a mais nova antes da primogênita. Decorrida a semana me fez que seus efeitos escrevesse.
desta, dar-te-emos também a outra, pelo trabalho de mais
sete anos que ainda me servirás. Porém, temendo Amor que aviso desse
Concordou Jacó, e se passou a semana desta; minha escritura a algum juízo isento,
então Labão lhe deu por mulher Raquel, sua filha. (...) E escureceu-me o engenho com tormento,
coabitaram. Mas Jacó amava mais a Raquel do que a Lia; e para que seus enganos não dissesse.
continuou servindo a Labão por outros sete anos.
Ó vós, que Amor obriga a ser sujeitos
(Gênesis, 29,15-30 BÍBLIA SAGRADA Trad. João Ferreira de a diversas vontades! Quando lerdes
Almeida. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1962.) num breve livro casos tão diversos,

verdades puras são, e não defeitos...


SONETO 88 E sabei que, segundo o amor tiverdes,
Tereis o entendimento de meus versos!

Sete anos de pastor Jacó servia Disponível em


Labão, pai de Raquel, serrana bela; http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000
Mas não servia ao pai, servia a ela, 164.pdf. Acessado em 02/08/2016.
Que a ela só por prêmio pretendia.

a) Nos dois quartetos do soneto acima, duas divindades são


Os dias, na esperança de um só dia, contrapostas por exercerem um poder sobre o eu lírico.
Passava, contentando-se com vê-la; Identifique as duas divindades e explique o poder que
Porém o pai, usando de cautela, elas exercem sobre a experiência amorosa do eu lírico.
b) Um soneto é uma composição poética composta de 14
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
versos. Sua forma é fixa e seus últimos versos encerram
o núcleo temático ou a ideia principal do poema. Qual é
Vendo o triste pastor que com enganos a ideia formulada nos dois últimos versos desse soneto
Lhe fora assi[m] negada a sua pastora, de Camões, levando-se em consideração o conjunto do
Como se a não tivera merecida, poema?

20. (Unicamp 2016) Leia o soneto abaixo, de Luís de


Começa de servir outros sete anos, Camões:
Dizendo: -Mais servira, se não fora
Pera tão longo amor tão curta a vida! “Cá nesta Babilônia, donde mana
(CAMÕES. OBRA COMPLETA. Rio de Janeiro: Aguilar, 1963, matéria a quanto mal o mundo cria;
p. 298.) cá donde o puro Amor não tem valia,
que a Mãe, que manda mais, tudo profana;

cá, onde o mal se afina e o bem se dana,


18. (Unesp 1997) O racionalismo é uma das características e pode mais que a honra a tirania;
mais frequentes da literatura clássica portuguesa. A cá, onde a errada e cega Monarquia
logicidade do pensamento quinhentista repercutiu no rigor cuida que um nome vão a desengana;
formal de seus escritores, e no culto à expressão das
Sonetos de Camões Prof. Edir
cá, neste labirinto, onde a nobreza, Camões; este, por sua vez, retoma o texto anterior, bíblico:
com esforço e saber pedindo vão a 3ª estrofe da canção é absolutamente igual ao 2º
às portas da cobiça e da vileza; quarteto do soneto; ambos retomam a carta de Paulo aos
Coríntos. Além disso, Monte Castelo foi uma batalha
cá neste escuro caos de confusão, travada durante a 2ª Guerra Mundial, com grande número
cumprindo o curso estou da natureza. de baixas de soldados brasileiros; no entanto, o sucesso
Vê se me esquecerei de ti, Sião!” desse evento ocorreu sob o comando de um general
brasileiro.
(Disponível em
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000 [B] Incorreta. Para haver intertextualidade, intenção de
164.pdf. Acessado em 08/09/2015.) Renato Russo, é imprescindível dialogar com textos
anteriores, inclusive de natureza religiosa.
[C] Incorreta. Tal trabalho não configura plágio, posto ser
a) Uma oposição espacial configura o tema e o significado formado por absorções e transformações das versões
desse poema de Camões. Identifique essa oposição, anteriores. Além disso, não se trata de uma paródia,
indicando o seu significado para o conjunto dos versos. gênero textual marcado pelo humor.
b) Identifique nos tercetos duas expressões que [D] Incorreta. Por se tratar de textos clássicos da Língua
contemplam a noção de desconcerto, fundamental para Portuguesa, o trabalho foi intencional, tanto por parte
a compreensão do tema do soneto e da lírica camoniana. de Camões como de Renato Russo.
[E] Incorreta. Conforme Bakhtin e Kristeva, o texto de
Gabarito: Renato Russo é artístico justamente por dialogar com obras
anteriores, transformando-as.
Resposta da questão 1:
[A] Resposta da questão 4:
[A]
A mulher vista como ser divino, superior e o amor
platônico, elevado, pertencente ao mundo das ideias O rigor formal e a linguagem culta que caracterizam o
revelam o “neoplatonismo” camoniano no poema. Nos dois Classicismo, de que Luís de Camões é expoente máximo,
primeiros versos, a influência de Platão se manifesta pela estão presentes nos itens [1], [2] e [3]. E em [4] e [5], a
referência à união amorosa de almas, entre o amador e sua subjetividade e culto das emoções da estética
amada, resultando em uma alma única e perfeita. ultrarromântica de Álvares de Azevedo. Assim, é correta a
alternativa [A].
Resposta da questão 2:
[E] Resposta da questão 5:
[B]
A afirmação [I] corretamente declara que o sujeito lírico no
soneto de Camões define o amor, o que pode ser verificado Os versos da canção em questão podem ser considerados
no uso constante do verbo “ser” na terceira pessoa do redondilhos menores (possuem cinco sílabas poéticas), o
presente do indicativo: é. Do mesmo modo, acerta em que não ocorre nos versos de Camões.
indicar que no Soneto do amor total, de Vinícius de Moraes,
o sujeito lírico diz como ama, no que pode ser constatado Resposta da questão 6:
pela grande quantidade de construções adverbiais que [D]
exprimem modo e intensidade (por exemplo, pelo emprego
dos advérbios “como”, “muito”, “amiúde” ou da locução Resposta da questão 7:
adverbial “com grande liberdade”). [D]
A proposição [II] de forma adequada se refere à construção
dos versos de Camões baseados em antíteses, isto é, ideias Resposta da questão 8:
contrárias. Por exemplo: “É um contentamento
descontente”, na primeira estrofe; “É nunca contentar-se [B]
de contente”, na segunda; “É ter com quem nos mata
lealdade”, na terceira. A antítese ocorre quando há uma aproximação de palavras
Acertadamente, como afirma a proposição [III], no soneto ou expressões de sentidos opostos, como em
de Vinícius de Moraes o sujeito lírico ama de corpo (“É que “contentamento descontente”.
um dia em teu corpo de repente / Hei de morrer de amar
mais do que pude.”) e alma (“E te amo além, presente na
saudade”). Resposta da questão 9:
[B]
Resposta da questão 3: Lírico é o gênero de poesia em que o poeta expõe suas
[A] emoções e sentimentos. Exemplo desse gênero é o
primeiro texto, cujo tema é o amor.
É nítida a intertextualidade entre a música e o poema de
Sonetos de Camões Prof. Edir
O épico pode ser definido como um gênero constituído de [I] Correta. O poema faz parte da lírica camoniana
longo poema acerca de assunto grandioso e heroico. Os composta no século XVI.
Lusíadas, de Camões, é considerado o grande épico da [II] Correta. Camões é autor de Os Lusíadas, obra baseada
Língua Portuguesa e canta os atos heroicos dos nas epopeias clássicas, foi composta em versos
portugueses, durante as grandes navegações marítimas no decassílabos para narrar o nascimento de um povo e de
século XV. uma nação, quando são celebrados pela coragem e pela
ousadia das navegações.
Resposta da questão 10: [III] Correta. As inversões sintáticas são recursos estilísticos
[D] bastante utilizados pelo poeta.

Resposta da questão 11: Resposta da questão 17:


[D] [A]

Resposta da questão 12: Resposta da questão 18:


[B] a) Preferência pelo soneto petrarquista com rimas e versos
decassílabos.
Resposta da questão 13: b) Camões omite que Jacó casou-se com Lia e, uma semana
[D] depois, com Raquel.

A primeira estrofe apresenta uma generalização filosófica: a Resposta da questão 19:


inconstância faz parte de tudo que existe (“todo o mundo é a) Nos dois quartetos do soneto “Enquanto quis Fortuna
composto de mudança”), devido a permanente que tivesse”, o eu lírico menciona duas divindades,
instabilidade do mundo exterior e interior do ser humano Fortuna e Amor, que irão interferir na sua experiência
(“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”). Assim, amorosa. Enquanto Fortuna (destino) permitiu que
não é específica do homem, nem do grau de experiência mantivesse esperanças de vir a ser feliz, o eu lírico teve
que vai adquirindo ao longo da vida, como se afirma em [A] inspiração para compor poemas, o que lhe foi negado
e [B]. Tampouco as opções [C] e [E] analisam corretamente assim que o Amor se instalou nele e, por temer que
o sentido dos versos de Camões, pois a ideia de alguma revelação negativa sobre ele poderia ser
circularidade presente nas últimas estrofes confirma a divulgada, lhe tirou a capacidade de inspiração.
constância das transformações a ponto de que nem a b) Os dois últimos versos do soneto são uma advertência do
própria mudança acontece sempre da mesma forma e no eu lírico às vítimas do Amor para que entendam que os
mesmo ritmo. Assim, é correta apenas [D], já que a seus poemas terão tanto mais sentido para os leitores,
segunda estrofe apresenta um eu lírico desiludido que vê o quanto mais profunda tiver sido a sua experiência amorosa.
seu “doce canto” convertido em triste “choro”.
Resposta da questão 20:
Resposta da questão 14: a) O eu lírico manifesta a sensação de exílio das terras
F – V – F – V – V. do Sião, local sagrado e associado ao Bem que já habitou
e a Babilônia, local em que se encontra no momento e
Primeira afirmação: incorreta. O primeiro poema pertence onde impera o caos, a cobiça e a tirania.
ao Classicismo e o segundo, ao Modernismo. b) O tema do soneto remete à filosofia platônica, pois o eu
Terceira afirmação: incorreta. O segundo poema expressa a lírico, circunscrito ao mundo sensível (concebido por Platão
finitude do sentimento amoroso. como o local onde o homem habita), expressa desconforto
ao perceber que está à mercê do materialismo e do mundo
Resposta da questão 15: em desconcerto. Nos dois quartetos, expressões como “o
[D] puro Amor não tem valia”, “pode mais que a honra a
tirania”, “onde a errada e cega Monarquia/ cuida que um
Verdadeiro. Os dois poemas falam do amor distante e nome vão a desengana” refletem a sensação de
irrealizável, entre o desejo e a idealização. desconcerto, muito presente na lírica camoniana de
Verdadeiro. O poema de Camões trata a amada à moda do vertente clássica. A anáfora, constituída pela repetição do
platonismo neoclássico. Portanto, o amor será sempre advérbio “cá”, enfatiza os aspectos negativos do plano
distante e idealizado. material (Babilônia) em oposição às lembranças do mundo
Verdadeiro. Os dois poemas são sonetos, pois são racional, o plano inteligível (Sião) tão desejado pelo eu lírico
compostos por dois quartetos e dois tercetos com versos e, por extensão, pelos artistas do Renascimento: “cá neste
decassílabos. escuro caos de confusão,/ cumprindo o curso estou da
Verdadeiro. O título Encarnação tem a ver com o sentido natureza./Vê se me esquecerei de ti, Sião!”
espiritual idealizador e com o sentido mais sensual
característicos do Simbolismo.

Resposta da questão 16:


[E]

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