Carbonari
Carbonari
Carbonari
HISTÓRIA
Márcia Carbonari1
Resumo
Abstract
This study seeks to reflect on the relatioship between the archaeology, history and the
material culture in history teaching. The approximation of archaeology and history
contributes to understanding that the set of artifacts and vestiges of human societies in
the past reveal their daily life, social relations, cultural ways, which become historical
and cultural patrimony. The study of material culture in history teaching can be a
fruitful space for the construction of a historical consciousness in the students,
engendering two main unfoldings: the material culture as a source of historical
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Licenciada em história (UPF), Mestra em Educação (UPF). Professora na Faculdade da Associação
Brasiliense de Educação (FABE-Marau) e Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Erechim.
Ministra disciplinas de Fundamentos Teóricos e Metodológicos da História, Ensino de História:
conteúdos e métodos, Teorias e Metodologias do Ensino de História e Estágio Curricular Supervisionado.
E-mail: [email protected].
Considerações Iniciais
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Uma história que veiculava uma identidade nacional calcada na Europa e no papel do colonizador e com
uma narrativa que buscava o equilíbrio social (destacando a contribuição harmoniosa, sem violência e
sem conflitos de seus grupos) foi reforçada no espaço escolar. Segundo Nadai (1994), a escola corroborou
para esse reforço em dois sentidos: identificando as desiguais condições sociais dos alunos a aspectos
psicológicos, dissimulando as condições desiguais de largada; e pela institucionalização de uma
“memória oficial” onde “as memórias dos grupos sociais, das classes, das etnias não dominantes
economicamente, não se encontravam suficientemente identificadas, expressas, representadas ou
valorizadas”. (NADAI, 1994, p. 25).
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Para aprofundamento sugerimos consultar: BITTENCOURT, C. A “memorização” no processo de
aprendizagem. In: BITTENCOURT, C. Ensino de História: fundamentos e métodos. 4. Ed. São Paulo:
Cortez, 2011. p. 67-72.
Neste sentido, mais do que buscar uma uniformização, devemos valorizar todos os
debates e todas as discussões em busca de um ensino de história que “se não pode
ensinar toda a história”, mas que também não negue a contribuição dos diferentes
sujeitos que constituem o passado e dos diferentes vestígios que podem informar sobre
as ações humanas no tempo.
A história ensinada na academia e o ensino de história na escola básica possuem
saberes e modos de produção específicos e distintos. Entretanto, isso não significa uma
Com a “Escola dos Annales” ocorre uma mudança no sentido de introduzir novos
problemas, novas abordagens e novos objetos ao quadro do estudo historiográfico, essa
nova concepção permite a disciplina ampliar seus objetos de análise de forma a
abranger campos de estudo que até então não eram alcançados pela história.
Seminário Internacional de Cultura Material e Arqueologia. Vol. 1, 2017.
A partir do século XX, a renovação teórica e metodológica na história começa a
questionar o documento escrito como fonte privilegiada para suas pesquisas. Também
novas ciências como a arqueologia, antropologia e paleontologia ampliam o olhar à
diversidade material produzida pelo ser humano. A cultura material passa a ser fonte
histórica e meio para construir conhecimento histórico.
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Atualmente várias críticas recaem sobre a chamada periodização tradicional da história que a divide em
pré-história e história, colocando sociedades não-letradas como sem direito à História. Essa denominação
tem origem no séc. XIX cunhada pela historiografia que acreditava o estudo do passado só era possível
por meio de documentos escritos. Atualmente, esse tipo de compreensão perde espaço para outras formas
de conhecimento do passado. Muitos historiadores passaram a ver que as fontes que documentam o
passado não se resumem aos documentos escritos. As manifestações artísticas, a oralidade, a cultura
material e outros vestígios podem contribuir para o entendimento do passado. Com isso, o mundo pré-
histórico deixou de ser visto como um tempo “destituído de história”. Para aprofundar este assunto
conferir: ABUD, Katia. Temporalidade e didática da história. Revista Fóruns contemporâneos de ensino
de história no Brasil [on-line]. Campinas, SP: Unicamp, 1997. Disponível:
<http://ojs.fe.unicamp.br/index.php/FEH/article/view/5025 >.
Assim como aprendemos a ler a palavra, temos que exercitar nossa capacidade de
ler objetos, interpretá-los. Isso significa perceber que a materialidade e imaterialidade
do objeto não se separam, mas dependem da “visão do observador”.
Considerações finais
ABUD, Katia Maria; SILVA, André Chaves de Melo; ALVES, Ronaldo Cardoso.
Ensino de História. São Paulo: Cengage Learning, 2013. (Coleção ideias em ação)
BITTENCOURT, Circe Maria. Ensino de história: fundamentos e métodos. 4º Ed. São
Paulo: Cortez, 2011.
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Atuais. Belo Horizonte, novembro de 2010. Disponível:
http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7168-3-4-historia-educacao-
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