Tópico 1
Tópico 1
Tópico 1
O fórum para discussão do conteúdo dos textos selecionados para estudo do presente Tópico
funcionará no período de 3 a 15 de agosto de 2016.
Referências bibliográficas
SUÁREZ, Antonio. Motivação icônica no léxico e na gramática. IN AZEREDO, José Carlos de
(Org.). Língua portuguesa em debate: conhecimento e ensino. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
CUNHA, Maria Angélica Furtado, COSTA, Marcos Antonio; CEZARIO, Maria Maura.
Pressupostos teóricos fundamentais. IN CUNHA, Maria Angélica Furtado; OLIVEIRA,
Mariângela Rios; MARTELOTTA, Mário Eduardo (orgs.). Linguística Funcional: teoria e
prática. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
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Informações preliminares
Antes da leitura dos capítulos selecionados para o Tópico I, leia o texto, abaixo, em se que se
apresentam informações sobre o pensamento de funcionalista quanto à concepção de linguagem
e metodologia de investigação da linguagem/língua. Dentro do quadro teórico funcionalista, a
Gramática Funcional é uma descrição da língua centrada no uso, em que se considera a
competência comunicativa do falante, sua capacidade de fazer escolhas, no léxico e na
gramática, as mais adequadas ao sentido que este intenciona construir.
FUNCIONALISMO LINGUÍSTICO
- sustenta a hipótese de que a estrutura gramatical depende do uso que se faz da língua (a
estrutura é motivada pela situação comunicativa).
- defende a ideia de que não existe uma gramática sincronicamente estável, mas sim um
processo constante de organização gramatical, o que significa dizer que há um processo
contínuo de gramaticalização (movimento de elementos do léxico para a gramática).
- toma como objeto de estudo a competência comunicativa, já que “toda língua se impõe (...)
tanto em seu funcionamento como em sua evolução, como um instrumento de comunicação da
experiência”, entendendo-se como experiência “tudo o que [o homem] sente, o que ele percebe,
o que ele compreende em todos os momentos de sua vida”. (NEVES, Maria Helena de Moura.
A gramática funcional. São Paulo: Martins Fontes, 1997. p.2)
Forma: designação geral para qualquer fonema ou sequência fonêmica provida de significação;
é assim a relação que se estabelece numa língua dada entre uma parte fônica, ou significante, a
representação que a ela corresponde na linguagem, ou significado. A forma linguística vai em
ordem decrescente desde o texto de comunicação oral ou escrita até a parte fônica mínima a que
corresponde uma significação, ou Forma Mínima que, segundo a natureza da significação, pode
ser um semantema ou um morfema. Portanto, são formas da língua: o morfema, a palavra, os
sintagmas (constituintes da frase), a frase, o texto.
Função: 1) aplicação que na língua tem uma forma em vista de seu valor gramatical. Exemplos:
a função de plural de lobos; a função de advérbio de caro (vestido caro); a função de sujeito do
pronome eu. (CAMARA JR., Mattoso J. Dicionário de linguística e gramática. Petrópolis:
Vozes, 1986).
2) Na linguística, o termo função se refere aos casos que a álgebra denomina como
relações (Dillinger cita Brainerd , 1977 e Wall, 1972), caso em que alguns elementos do
domínio teriam nenhum ou mais de um elemento correspondente no contradomínio. Assim, na
linguística, usa-se função do sentido de “relação”. E em referência às línguas (Dillinger cita
Garvin, 1978), função pode designar as relações:
a) entre uma forma e outra (função interna ou gramatical): no nível da estrutura frasal,
essas funções são denominadas tradicionalmente de sujeito, predicado, objeto, adjunto,
predicativo; no nível da estrutura da palavra, as funções são a de radical, afixo,
desinências, vogal temática.
b) entre uma forma e seu significado (função semântica): valores semânticos dos
constituintes da frase: agente, paciente, causador de experiência, possuidor, designado;
circunstâncias (tempo, lugar, causa, modo, finalidade, etc.). Por exemplo, no enunciado
“O mecânico consertou o carro”, o sujeito [o mecânico] representa, no mundo, um
agente; já em “O carro foi consertado pelo mecânico”, o sujeito [o carro] representa
uma entidade no mundo no papel de um paciente. Em “A chave abriu a porta”, o sujeito
[a chave] refere-se no mundo a um instrumento.
c) entre o sistema de formas e seu contexto (função externa): tema/ rema; informação
nova/ informação dada; informação inferível, foco, etc. Essas funções são as que
interessam à gramática funcional. Essa relação implica também o valor discursivo
(efeito de sentido) que uma forma pode realizar.
Sobre essas três diferentes funções, considere-se, por exemplo, as funções do artigo (classe
gramatical) na língua portuguesa: 1) no nível da morfossintaxe (função gramatical), o artigo é
um marcador de gênero (masculino/feminino), único traço, em alguns casos, pelo qual se
distingue o gênero da palavra (cf. o artista/a artista; o mapa; a alface), bem como funciona como
determinante do substantivo (qualquer palavra precedida de artigo é um substantivo) ; 2) no
nível da semântica, o artigo define ou indefine um referente do mundo, daí a distinção entre
artigo definido e indefinido; 3) no nível do texto, o artigo é um elemento de coesão (um
elemento anafórico) com valor semelhante ao dos pronomes; 4) no nível do discurso (função
externa), o artigo pode criar efeitos de sentido, como o de indicar familiaridade (A Maria é uma
grande mulher) ou valor superlativo de alguém ou de algo em relação aos membros de uma
classe (Ricardo é O professor).
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ATIVIDADE 1
Conteúdo: princípio da iconicidade; isomorfismo; figura e fundo
As questões propostas nesta atividade devem ser resolvidas com base na leitura do
texto:
CUNHA, Maria Angélica Furtado, COSTA, Marcos Antonio; CEZARIO, Maria Maura.
Pressupostos teóricos fundamentais. IN CUNHA, Maria Angélica Furtado; OLIVEIRA,
Mariângela Rios; MARTELOTTA, Mário Eduardo (orgs.). Linguística Funcional:
teoria e prática. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
Questões
a) Domingo no parque
[...]
Juliana girando – oi girando
Oi na roda gigante – oi girando
Oi na roda gigante – oi girando
O amigo João – oi João
O sorvete é morango – é vermelho
Oi girando e a rosa – é vermelha
Oi girando, girando – é vermelha
Oi girando, girando – olha a faca
Olha o sangue na mão – ê José
Juliana no chão – ê José
Outro corpo caído – ê José
Seu amigo João – ê José
[...]
b) Poema Brasileiro
No Piauí de cada 100 crianças que nascem
78 morrem antes de completar 8 anos de idade
No Piauí
de cada 100 crianças que nascem
78 morrem antes de completar 8 anos de idade
No Piauí
de cada 100 crianças
que nascem
78 morrem
antes
de completar
8 anos de idade
c) Na Chapada
Há um chuvisco na chapada
em toda a mata um cochicho em ch
chuá chuá na queda d’água
eu me espicho e fico quieta
nada me falta
[...]
(Tetê Espíndola & Carlos Rennó. Na chapada. In SOS Brasil. LP Som Livre, 1889)
d) Canção do Exílio
Minha terra tem palmeiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza
[...]
A gente não pode dormir
Com os oradores e os pernilongos.
(Murilo Mendes. Poemas. In Poesias, 1959)
f) [...] Quando uma cobra morre ou foge ou se muda, o rio seca, o rio desaparece.
Muitos caboclos já assistiram à luta de duas mães de rio. A do Arari tinha
brigado, perdera as forças, para conservar o rio.
Marajó, de Dalcídio Jurandir (2008)
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