Manual CBMES Incendio Urbano PDF
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MANUAL TÉCNICO
TEORIA DE INCÊNDIO E
TÉCNICAS DE COMBATE
2014
Organizador:
SUMÁRIO
Inicialmente convém diferenciar incêndio de fogo. Incêndio não é sinônimo de fogo, ou então,
em cada churrasqueira, teríamos um incêndio. Então qual é a diferença? O que difere as chamas
em uma churrasqueira das chamas em um incêndio é o controle sobre elas. Na churrasqueira o
fogo está controlado, em um incêndio não. Assim, podemos definir incêndio como fogo fora de
controle.
Sabe-se que há muito o homem faz uso do fogo, no entanto, apenas em tempos mais recentes
começamos a entender a dinâmica do fogo, que também é chamado de combustão. Arquimedes
já havia escrito sobre o fogo na Grécia antiga, mas apenas no século XVIII, o cientista francês,
Antoine Lawrence Lavoisier, descobriu as bases científicas do fogo.
A principal experiência que lançou os fundamentos da ciência do fogo consistiu em colocar uma
certa quantidade de mercúrio (Hg - o único metal que normalmente já é líquido) dentro de um
recipiente fechado, aquecendo-o. Quando a temperatura chegou a 300ºC, ao observar o interior
do frasco, Lavoisier encontrou um pó vermelho que pesava mais que o líquido original. O
cientista notou, ainda, que a quantidade de ar que havia no recipiente havia diminuído em 20%,
e que o ar restante no recipiente possuía o poder de apagar qualquer chama e matar. Lavoisier
concluiu que o mercúrio, ao se aquecer, “absorveu” a parte do ar que nos permite respirar (essa
mesma parte que faz um combustível queimar: o oxigênio). Os 80% restantes eram nitrogênio
(gás que não queima), e o pó vermelho era o óxido de mercúrio. Houve o consumo de oxigênio
(pela alteração nas propriedades do ar) e a formação de nova substância (o pó vermelho).
Lavoisier estudava a conservação de massas em uma reação, mas, de seu experimento foi
possível entender que, com o aquecimento, ocorreu uma reação química entre mercúrio e ar.
Mesmo com os estudos modernos, ainda não se conseguiu elaborar uma definição universal,
completa e definitiva do que seja fogo, entretanto, mesmo sem conseguir defini-lo, é possível
explicá-lo.
A combustão (ou fogo) é uma reação química na qual um material combustível reage com um
oxidante, chamado de comburente e que normalmente é o oxigênio, produzindo energia na
forma de calor e, muitas vezes, luz. Essa reação depende de uma energia de ativação para que
se inicie e, após iniciada, prossegue de forma autossustentável.
Combustível;
Comburente;
Energia.
Representação do triângulo
do fogo
É fácil entender por que são necessários combustível e comburente. A energia de ativação
requer uma explanação mais detalhada do porquê ela é necessária.
Na prática é fácil entender que os combustíveis não reagem automaticamente com o oxigênio,
via de regra. Vemos madeira, papel, tecido e até álcool em contato com o ar, ou seja, em contato
com o oxigênio, sem que queimem. Mas se aproximarmos uma chama, a reação pode começar
rapidamente.
O que ocorre é que as moléculas dos combustíveis estão estáveis e não reagirão com o oxigênio.
É necessário forçá-las a sair de seu estado. Quando aquecemos um corpo, aumentamos a
vibração das moléculas e, com isso, muitas conseguem se desprender deixando sua situação
estável e passando a estar ávidas por reagirem para estar novamente estáveis e então reagem
com o oxigênio começando a queima. Essas moléculas que se desprendem de um combustível
é que reagem com o oxigênio e não as que permanecem no corpo. Essa “quebra” do combustível
em partes menores é chamada de termólise (quebra pela temperatura) ou pirólise (quebra pelo
fogo) e, pelo fato dessa “quebra” ser necessária é que a energia de ativação é um requisito para
que se inicie a combustão, pois é essa energia que produz a quebra para que ocorra a reação.
Depois que a combustão se inicia, a fonte inicial de energia pode ser retirada. Depois de
acendermos uma fogueira, podemos apagar o fósforo que a acendeu. Por quê? Isso ocorre pelo
fato de que, uma vez iniciada, surge a reação em cadeia, ou seja, a queima das moléculas que
se desprendem gera calor suficiente para quebrar o combustível e desprender mais moléculas
em quantidade suficiente para continuar a reagir com o oxigênio, gerando mais calor e assim
por diante. Daí dizer-se que a combustão é uma reação autossustentável, pois ela, uma vez
iniciada, produz a energia necessária para que continue ocorrendo.
Assim, uma vez iniciada a reação, além dos três requisitos do triângulo do fogo, a reação em
cadeia deve ser acrescida como elemento da combustão. Disso surge a representação dos
elementos da combustão pelo TETRAEDRO DO FOGO.
O Tetraedro foi escolhido ao invés de um quadrilátero pelo fato de que no tetraedro, cada um
dos lados (faces) está ligado a todos os outros, assim como os elementos da combustão.
Embora na maioria dos manuais em que o tetraedro apareça o triângulo do fogo tenha
desaparecido, entendemos que ele ainda é útil. A teoria do tetraedro não suplanta a do
triângulo. Enquanto que o Tetraedro representa os elementos da combustão, o Triângulo
representa seus requisitos.
Resumindo: para que a combustão inicie-se (requisitos) são necessários 3 componentes: calor,
comburente e combustível (triângulo do fogo). Quando ela surge, podemos constatar a presença
de 4 componentes (elementos): os três anteriores acrescidos da reação em cadeia.
1.1 – CALOR
Diz-se ainda dele que “pode ser descrito como uma condição da matéria em movimento, isto é,
movimentação ou vibração das moléculas que compõem a matéria. As moléculas estão
constantemente em movimento. Quando um corpo é aquecido, a velocidade da vibração das
moléculas aumenta e o calor (demonstrado pela variação da temperatura) também aumenta”.
Quanto mais se aquece um corpo, mais as moléculas vibram.
Calor, tecnicamente falando, é energia em trânsito. Quando um sistema troca energia térmica
com outro sistema, por exemplo, dois objetos em temperaturas diferentes em contato, o calor
se manifesta na transferência dessa energia.
O calor (energia térmica) é, na verdade, energia cinética, haja vista que se trata da energia de
movimentação das moléculas. Essa energia é transferida sempre de um corpo de maior
temperatura para o de menor temperatura, até existir equilíbrio térmico. Unidades de medida:
Caloria (Cal), BTU (British Thermal Unit – unidade térmica britânica), Joule (J).
Por sua vez, temperatura é uma grandeza primitiva e, por essa razão, não pode ser definida. Em
termos práticos, podemos considerar a temperatura de um corpo como sendo a medida da
energia térmica de um corpo, ou seja, a medida do grau de agitação de suas moléculas. Esse
grau de agitação é medido nas escalas: Celsius ( oC), Kelvin (K), Fahrenheit ( oF) e Rankine (R)
Importante não confundir CALOR com CHAMA. Uma fonte de calor pode ser qualquer elemento
que faça com que o combustível sólido ou líquido desprenda gases combustíveis e venha a se
inflamar. Não necessariamente uma chama. Pode ser uma superfície aquecida, uma faísca
(proveniente de atrito), fagulha (pequena sobra de material incandescente) ou uma centelha
(de arco elétrico).
1
Assim encontrado em vários manuais.
Vimos a definição de calor, que é um dos elementos da combustão. Ou seja, o calor é necessário
para que ocorra a combustão, mas como ele é obtido? Como ele surge?
O calor é uma forma de energia que produz efeitos físicos e químicos nos corpos e efeitos
fisiológicos nos seres vivos. Em consequência do aumento de intensidade do calor, os corpos
apresentarão sucessivas modificações, inicialmente físicas e depois químicas.
Por exemplo, ao aquecermos um pedaço de ferro, este, inicialmente, aumenta sua temperatura
e, a seguir, o seu volume. Mantido o processo de aquecimento, o ferro muda de cor, perde a
forma, até atingir o seu ponto de fusão, quando se transforma de sólido em líquido. Sendo ainda
aquecido, gaseifica-se e queima em contato com o oxigênio, transformando-se em outra
substância.
Elevação da temperatura
Este fenômeno se desenvolve com maior rapidez nos corpos considerados bons condutores de
calor, como os metais; e, mais vagarosamente, nos corpos tidos como maus condutores de calor,
como por exemplo, o amianto. Por ser mau condutor de calor, o amianto era utilizado na
confecção de materiais de combate a incêndio, como roupas, capas e luvas de proteção ao calor
(o amianto vem sendo substituído por outros materiais, por apresentar características
cancerígenas).
2
Pela lei da conservação da energia, não se “cria” ou se perde energia. A energia é transformada. Por
isso, tratamos de como calor é obtido e não em como ele é gerado.
Aumento de volume
Com isso, o ferro tende a deslocar-se no concreto, que perde a capacidade de sustentação,
enquanto que a viga “empurra” toda a estrutura que sustenta em, pelo menos, 42 mm,
provocando danos estruturais.
Os materiais não resistem a variações bruscas de temperatura. Por exemplo, ao jogarmos água
em um corpo superaquecido, este se contrai de forma rápida e desigual, o que lhe causa
rompimentos e danos. Pode ocorrer um enfraquecimento deste corpo, chegando até a um
colapso, isto é, há o surgimento de grandes rupturas internas que fazem com que o material não
mais se sustente. Mudanças bruscas de temperatura, como as relatadas acima, são causas
comuns de desabamentos de estruturas.
A dilatação dos gases provocada por aquecimento acarreta risco de explosões físicas, pois, ao
serem aquecidos até 273º C, os gases duplicam de volume; a 546º C o seu volume é triplicado,
e assim sucessivamente.
Sob a ação de calor, os gases liquefeitos comprimidos aumentam a pressão no interior dos vasos
que os contêm, pois não têm para onde se expandirem. Se o aumento de temperatura não
cessar, ou se não houver dispositivos de segurança que permitam escape dos gases, pode
ocorrer uma explosão, provocada pela ruptura das paredes do vaso e pela violenta expansão
dos gases. Os vapores de líquidos (inflamáveis ou não) se comportam como os gases.
Com o aumento do calor, os corpos tendem a mudar seu estado físico: alguns sólidos
transformam-se em líquidos (liquefação), líquidos se transformam em gases (gaseificação) e há
sólidos que se transformam diretamente em gases (sublimação). Isso se deve ao fato de que o
calor faz com que haja maior espaço entre as moléculas e estas, separando-se, mudam o estado
físico da matéria. No gelo, as moléculas vibram pouco e estão bem juntas; com o calor, elas
Convém salientar que a termólise ocorre apenas nos sólidos, pois nos líquidos, a composição
molecular dos vapores emanados é idêntica à do corpo líquido, assim, não ocorreu mudança
química nos líquidos, mas tão somente, vaporização.
É fácil entender porque o aumento da temperatura gera alterações químicas. Com o aumento
da temperatura, aumenta a agitação das moléculas. Com o aumento da agitação elas se rompem
causando mudança na estrutura molecular, normalmente uma decomposição em moléculas
amis simples.
Um exemplo bem simples é a desnaturação de proteínas que ocorre quando se prepara uma
carne. A carne assada ou frita é bem diferente da carne crua em termos de textura, odor e sabor.
Quimicamente ela é diferente da carne crua e as alterações químicas que causaram a diferença
foram provocadas pelo calor.
Efeitos fisiológicos
O calor é a causa direta da queima e de outras formas de danos pessoais. Danos causados pelo
calor incluem desidratação, intermação, fadiga e problemas para o aparelho respiratório, além
de queimaduras (1º, 2º e 3º graus), que nos casos mais graves podem levar até a morte.
As queimaduras de vias aéreas superiores também são letais. Respirar fumaça e gases
superaquecidos pode queimar a mucosa das vias aéreas superiores causando inchaço e
obstrução, o que ocasiona a morte por asfixia.
O calor (energia térmica) de objetos com maior temperatura é transferido para aqueles com
temperatura mais baixa, levando ao equilíbrio térmico e causando o surgimento do fogo nos
materiais que necessitem de uma quantidade menor de calor, do que aquela que está sendo
transferida.
A transferência de calor de um corpo para outro ou entre áreas diferentes de um mesmo corpo
será influenciada:
O calor pode se propagar de três diferentes maneiras: condução, convecção e irradiação. Como
tudo na natureza tende ao equilíbrio, a energia é transferida de objetos com mais energia para
aqueles com menos energia. O mais frio de dois objetos absorverá calor até que esteja com a
mesma quantidade de energia do outro, o que não significa uma média aritmética de
temperaturas, pois a quantidade de energia transferida considera, além da temperatura, fatores
como capacidade térmica e massa de cada corpo.
Condução
Condução é a transferência de
calor através de um corpo sólido,
de molécula a molécula.
Colocando-se, por exemplo, a
extremidade de uma barra de ferro
próxima a uma fonte de calor, as
moléculas desta extremidade
absorverão calor; elas vibrarão
mais vigorosamente e se chocarão
com as moléculas vizinhas,
transferindo-lhes calor. Essas
moléculas vizinhas, por sua vez,
passarão adiante a energia
calorífica, de modo que o calor será
conduzido ao longo da barra para a
extremidade fria. Na condução, o
calor passa de molécula a
molécula, mas nenhuma molécula
é transportada com o calor. Vê-se
que, para a propagação de calor por condução, são necessários: matéria e contato.
CONDUÇÃO:
Ocorre nos SÓLIDOS;
Ocorre de molécula a molécula;
Para transmissão por condução entre corpos distintos é necessário CONTATO
Convecção
O aquecimento de parte de um fluído altera sua densidade que fica menor, pois aumenta o
espaço entre as moléculas. Quando a densidade é alterada, a parte menos densa (“mais leve”)
tem a tendência de subir. Isso gera uma baixa pressão próximo à fonte de calor, assim, mais
fluído mais frio e mais denso vai em direção à fonte de calor – para o espaço não ficar vazio – e
absorve mais calor também se deslocando. Quando o fluído se desloca, ele leva com ele o calor,
propagando-o.
Quando a água é aquecida num recipiente de vidro, pode-se observar um movimento, dentro
do próprio líquido, de baixo para cima. À medida que a água é aquecida, ela se expande e fica
menos densa (mais leve) provocando um movimento para cima. Da mesma forma, o ar aquecido
se expande e tende a subir para as partes mais altas do ambiente, enquanto o ar frio toma lugar
nos níveis mais baixos. Em incêndios em edifícios, essa é a principal forma de propagação de
calor para andares superiores, quando os gases aquecidos encontram caminho através de
escadas, poços de elevadores, etc.
CONVECÇÃO:
Ocorre nos FLUIDOS (líquidos e gases);
Ocorre pelo deslocamento dos fluidos em razão da diferença de densidade;
Tendência vertical para cima, mas pode ocorrer horizontalmente se houver obstáculo físico.
Irradiação
As ondas de calor propagam-se em todas as direções, e a intensidade com que os corpos são
atingidos aumenta ou diminui, na atmosfera, à medida que estão mais próximos ou mais
afastados da fonte de calor. Isso deve-se ao fato de que as moléculas do ar absorvem parte do
calor irradiado, fazendo com que a propagação perca força com a distância. A irradiação decai
com o quadrado da distância, ou seja, multiplicando-se a distância por 2, a irradiação cai 4 vezes.
Um corpo mais aquecido emite ondas de energia calorífica para outro mais frio até que ambos
tenham a mesma temperatura. O bombeiro deve estar atento aos materiais ao redor de uma
fonte que irradie calor para protegê-los, a fim de que não ocorram novos incêndios.
IRRADIAÇÃO:
Não necessita de meio físico;
Decai com a distância no ar;
Todos os corpos emitem;
Emitida em TODAS as direções;
1.2 – COMBUSTÍVEL
É toda a substância capaz de queimar e alimentar a combustão, ou seja, capaz de reagir com o
oxigênio. É o elemento que serve de campo de propagação para o fogo.
Os materiais combustíveis maus condutores de calor, madeira e papel, por exemplo, queimam
com mais facilidade que os materiais bons condutores de calor – como os metais. Esse fato se
deve à acumulação de calor em uma pequena zona, no caso dos materiais maus condutores,
fazendo com que a temperatura local se eleve mais facilmente, já nos bons condutores, o calor
é distribuído por todo material, fazendo com que a temperatura se eleve mais lentamente.
A grande maioria dos combustíveis precisa passar pelo estado gasoso para, então, combinar
com o oxigênio, uma vez que não são as moléculas presas no corpo do material que reagirão
com o oxigênio, mas sim as que estiverem livres. A inflamabilidade de um combustível depende
da facilidade com que libera moléculas (vapores), da afinidade dessas moléculas para
combinarem com oxigênio sob a ação do calor e da sua fragmentação (área de contato com o
oxigênio).
Como os combustíveis são o campo de propagação das chamas, a forma como estão dispostos
também afeta o desenvolvimento e a velocidade com que um incêndio se propaga.
Outro ponto sobre os combustíveis é a diferença entre combustível e inflamável. Apesar de todo
material inflamável ser combustível, nem todo combustível é inflamável. Ser combustível
significa ser capaz de reagir com o oxigênio diante de uma quantidade de energia, o que faz com
que a maioria dos materiais seja considerada combustível. Ser inflamável significa ser capaz, à
temperatura ambiente (20 oC) liberar vapores em quantidade capaz de sustentar uma
combustão, ou seja, são inflamáveis os materiais que, à temperatura ambiente, estão acima do
ponto de combustão (conceito que será tratado mais adiante).
De modo simples, nesse ponto de nosso estudo, podemos dizer que inflamáveis são os materiais
que “pegam fogo” facilmente e combustíveis são os que conseguem queimar.
COMBUSTÍVEIS SÓLIDOS
Os combustíveis sólidos, ao contrário do que pode parecer, via de regra não queimam
diretamente no estado sólido. Para que possa ocorrer a combustão é necessário que moléculas
se desprendam e fiquem disponíveis para reagir com o oxigênio. A energia de ativação, o calor,
é que “quebra” o combustível liberando moléculas que se desprendem sob a forma de vapor.
Esse processo de queima é chamado de pirólise ou termólise.
energia necessária para a queima e mais rapidamente ela ocorrerá. Caso os cavacos sejam
triturados até formarem pó de serra, diminui ainda mais a quantidade de energia necessária
para a queima e aumenta a velocidade da combustão. Se o pó estiver espalhado em suspensão
no ar, uma fagulha pode fazê-lo queimar instantaneamente, como uma “explosão”. Assim
sendo, quanto maior a fragmentação do material, quanto maior for a relação superfície/massa,
maior será a velocidade da combustão.
Outra característica dos sólidos combustíveis é que sua estrutura molecular permite a queima
no interior do corpo, assim os sólidos queimam em superfície e em profundidade. Além disso,
os sólidos podem apresentar um estado de
queima no qual não há chamas, mas apenas
incandescência do combustível em queima
(brasas).
Com a placa em pé, o combustível ainda não queimado está disposto exatamente no caminho
dos gases aquecidos, por isso, o restante da madeira aquece e libera vapores mais depressa, e
consequentemente queima mais rapidamente.
Algumas substâncias sólidas apresentam riscos especiais de incêndio, quando em contato com
a água, ou ar, ou pela sua constituição química. São elas:
Metais reativos com a água – Necessitam de maior atenção, pois além de queimarem liberando
muita energia, reagem com a água “quebrando-a”. A quebra da água libera oxigênio, que reage
com o material intensificando a combustão, e hidrogênio, que é altamente combustível. Assim,
estes metais em contato com a água, liberam quantidade de calor considerável. Exemplos:
sódio, pó de alumínio, cálcio, hidreto de sódio, soda cáustica, potássio, etc.
Halogênios – São materiais que apresentam risco de explosão, quando misturados a outros
materiais. Exemplos: flúor, cloro, bromo, iodo e astatínio.
COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS
Nos líquidos, as moléculas não ficam bem “presas” umas às outras como nos sólidos. Por isso os
líquidos não têm forma definida. Como as ligações são mais fracas entre as moléculas, elas
podem se movimentar dentro do corpo líquido sofrendo, inclusive, a ação da gravidade. Por isso,
os líquidos escorrem o quanto podem para as partes mais baixas dos recipientes que os contêm.
Diferentemente dos sólidos, os combustíveis líquidos não sofrem decomposição térmica, mas
um fenômeno chamado de vaporização. As moléculas dos líquidos estão menos unidas que as
dos sólidos (ligações intermoleculares mais fracas), por isso, não precisam ser decompostas para
liberar vapores passíveis de queima. As próprias moléculas do líquido desprendem-se e “saem”
na forma de vapores.
Os vapores em contato com o oxigênio do ar, formam a mistura inflamável. Essa mistura na
presença de uma fonte de calor (energia de ativação) se inflama.
A taxa de evaporação dos líquidos é diretamente proporcional ao seu aquecimento, sendo uma
propriedade intrínseca do líquido, que permite determinar os seus pontos de fulgor e
combustão.
Nos combustíveis líquidos, quando se avalia seus riscos de incêndio, normalmente faz-se uma
divisão entre líquidos inflamáveis e líquidos combustíveis:
Líquido inflamável – Incendeiam-se com grande rapidez. Na temperatura ambiente (20º - 30º
C) liberam vapores em quantidade suficiente para sustentar a queima.
COMBUSTÍVEIS GASOSOS
O aumento de temperatura aumenta a movimentação das moléculas dos gases, fazendo com
que as ligações entre elas praticamente deixem de existir, facilitando a combinação do gás com
o oxigênio, permitindo que os gases (gás inflamável e oxigênio) cheguem à concentração ideal
para a formação da mistura inflamável/explosiva.
Exemplos de gases combustíveis são os derivados de petróleo: metano, propano, GLP (propano
+ butano), gás natural, Outros gases combustíveis mais conhecidos que não derivam do petróleo
são: hidrogênio, monóxido de carbono, amônia, dissulfeto de carbono.
Os gases não têm volume definido, tendendo, rapidamente, a ocupar todo o recipiente em que
estão contidos.
Se o peso do gás é menor que o do ar, o gás tende a subir e dissipar-se. Mas, se o peso do gás é
maior que o do ar, o gás permanece próximo ao solo e caminha na direção do vento,
obedecendo aos contornos do terreno.
Os gases não precisam ser decompostos ou liberar moléculas que reajam com o oxigênio. Como
as moléculas dos gases estão soltas umas das outras, elas já podem combinar com o oxigênio,
ou seja, os gases não necessitam sofrer transformação, precisando de pouco calor para queimar.
Como os gases combustíveis não precisam liberar vapores, pois suas moléculas já se encontram
no estado adequado para a reação com o oxigênio, por esse motivo, os gases ao queimarem, o
fazem quase que instantaneamente. Em frações de segundo toda a massa (nuvem) de gás
queima de forma súbita e violenta a que chamamos explosão.
Isso não significa que os gases queimam automaticamente. Para que haja a reação com o
oxigênio eles precisam estar na concentração adequada. Necessitam estar misturados com o ar
em proporções apropriadas.
Para cada gás (ou vapor ou sólido/líquido em suspensão) há uma faixa de concentração com o
ar na qual pode ocorrer a queima.
AR Fonte Ígnea
Mistura
Gás Combustível Combustão
Explosiva
Mistura Inflamável
1.3. - COMBURENTE
É o elemento que possibilita vida às chamas e intensifica a combustão. O mais comum é que o
oxigênio desempenhe esse papel.
Como respiramos oxigênio, a intensidade da combustão pode servir de indicativo para sabermos
a concentração deste gás no ambiente de incêndio.
Ar atmosférico 21 % Normal
Respiração do ser humano 16% Mínimo
14% - 21% => chamas
Combustão
07% - 14% => brasas
Segundo as informações acima, o fato de não haver chama em um ambiente confinado, mas tão
somente brasas, não significa que o ambiente esteja seguro ou que o incêndio nele esteja
controlado. Bastará a entrada de oxigênio para que a combustão se restabeleça e isso acontece,
por vezes, de forma súbita e violenta.
Outra razão para monitorar a concentração de oxigênio em um ambiente é que, se houver uma
saturação de O2 no ambiente, materiais que não se inflamariam podem vir a fazê-lo. Como
exemplo disso temos o Nomex3 que não se inflama em condições normais, mas que, em
atmosferas com concentração de O2 igual ou superior a 31%, queima facilmente.
3
Material criado pela Dupont que resiste às chamas e é base para as capas de bombeiro
Na tabela abaixo, temos alguns sintomas e sinais que ocorrem com a redução da concentração
de oxigênio em um ambiente com vítimas.
Concentração de O2 Efeito
21,00% Condição normal
Alguma Perda de coordenação motora. Aumento na frequência
17,00%
respiratória para compensar a redução na concentraçaõ de O2
12,00% Vertigem, dor de cabeça e fadiga
9,00% Inconsciência
Morte em poucos minutos por por aprada respiratória e conequente
6,00%
parada cardíaca
Os dados não são absolutos por não considerarem as diferentes capacidades respiratórias dos
Indivíduos e a extensão do tempo de exposição à concentração reduzida de O2.
Os sintomas acima ocorrem apenas com a redução de O2. Quando a atmosfera está contaminada com
gases tóxicos, poderão ocorrer outros sintomas.
Fonte: Manual de Fundamentos do Corpo de Bombeiros da PMSP
A reação em cadeia como elemento da combustão foi descoberta quando se estudava a alta
capacidade de extinção do PQS em altíssimas temperaturas.
Anteriormente acreditava-se que o PQS era bom agente extintor pela presença de CO2 em sua
fórmula (bicarbonato), entretanto, verificou-se que em temperaturas acima de 1000 oC o PQS
era mais efetivo que o seu peso em CO2.
A reação em cadeia torna a queima auto-sustentável. O calor irradiado das chamas atinge o
combustível e este é decomposto em partículas menores, que se combinam com o oxigênio e
queimam, irradiando outra vez calor para o combustível, formando um ciclo constante.
O fenômeno químico do fogo é uma reação que se processa em cadeia. Após seu início, a
combustão é mantida pelo calor produzido durante o processamento da reação. A reação
produz calor e é exatamente o que ela precis para ocorrer.
Para exemplificar este processo, vamos analisar o processo de combustão do Hidrogênio no ar:
1ª fase: Duas moléculas de hidrogênio reagem com uma molécula de oxigênio, ativadas por
uma fonte de energia térmica, produzindo 4 radicais ativos de hidrogênio e 2 radicais ativos
de oxigênio;
2ª fase: Cada radical de hidrogênio se combina com uma molécula de oxigênio, produzindo
um radical ativo de hidroxila mais um radical ativo de oxigênio;
3ª fase: Cada radical ativo de oxigênio reage com uma molécula de hidrogênio, produzindo
outro radical ativo de oxidrila mais outro radical ativo de hidrogênio;
4ª fase: Cada radical ativo de oxidrila reage com uma molécula de hidrogênio, produzindo o
produto final estável – água e mais um radical ativo de hidrogênio.
Após as considerações acerca dos combustíveis, calor, reação em cadeia e mistura inflamável,
podemos tratar de um assunto de grande relevância para se entender a dinâmica do fogo e do
incêndio: os pontos notáveis de temperatura.
Os combustíveis são transformados pelo calor, e a partir desta transformação, é que combinam
com o oxigênio, resultando na combustão. Essa transformação desenvolve-se em temperaturas
diferentes, à medida que o material vai sendo aquecido.
Quando um material é aquecido, suas moléculas vibram mais, logo, mais delas escapam do
material (em se tratando de sólidos e líquidos). Essas moléculas que escapam são vapores
combustíveis e, são elas na verdade que queimam, pois elas reagem com o oxigênio do ar e não
as moléculas no corpo do material.
Em sólidos e líquidos, sempre há a liberação de moléculas. Isso é comprovado pelo cheiro que
sentimos dos materiais, que nada mais é do que a captação de moléculas em suspensão no ar
pelo nosso aparelho olfativo.
Ocorre que, à medida que um material é aquecido, pelo aumento de vibração, mais moléculas
se desprendem, ou seja, mais vapores são liberados e o efeito dessa liberação de vapores é
diferente a partir de três temperaturas. Chamamos essas temperaturas de Pontos de
Temperatura ou Pontos Notáveis de Temperatura.
Assim, cada ponto notável é a temperatura mínima na qual um material libera vapores em
quantidade tal que ocorra um dos efeitos citados.
O fogo geralmente envolve a liberação de luz e calor em quantidades suficientes para ser
perceptível. Mas nem sempre existirá luz em uma chama. Um exemplo dessa exceção é a
queima do hidrogênio, que produz apenas vapor d’água por meio da sua reação química com o
oxigênio.
O fogo pode se apresentar fisicamente de duas maneiras diferentes, as quais podem aparecer
de forma isolada ou conjunta, sendo como chama ou como brasas.
Essas apresentações físicas do fogo geralmente são determinadas pelo combustível. Se for
gasoso ou líquido, sempre terá a forma de chamas. Se for sólido, o fogo poderá se apresentar
em chamas e brasas ou somente em brasa. Os sólidos de origem orgânica quando submetidos
ao calor, destilam gases que queimam como chamas, restando o carbono que queima como
brasa formando o carvão. Alguns sólidos como a parafina e as gorduras se liquefazem e se
transformam em vapores, queimando unicamente como chamas, outros sólidos queimam
diretamente apresentando-se incandescentes, como os metais pirofóricos.
A combustão pode ser classificada, quanto à sua velocidade de reação, em viva ou lenta. Quanto
à formação de produtos da combustão, pode ser classificada como completa ou incompleta.
Existe, ainda, a combustão espontânea, que será abordada separadamente, em função de suas
particularidades.
Combustão Incompleta
tende a decrescer. Essa condição fará com que as chamas sofram uma diminuição e até se
apaguem. Entretanto, mesmo com a diminuição destas, a camada gasosa presente na fumaça
permanece aquecida e carregada de material capaz de reagir com o oxigênio, o que a torna uma
massa combustível, necessitando apenas de ar para “fechar” o tetraedro do fogo e reiniciar a
combustão.
Combustão Completa
Em algumas reações químicas pode ocorrer uma combustão completa, o que significa dizer que
todas as moléculas do combustível reagiram completamente com as moléculas de oxigênio,
tornando seus produtos estáveis. Também é chamada de combustão ideal.
É importante lembrar que a combustão completa não é o mesmo que queima total. A queima
total é a situação na qual todo o material combustível presente no ambiente já foi atingido pela
combustão, enquanto que a combustão completa é a combinação perfeita entre o combustível
e o oxigênio, fazendo com que todo o combustível reaja.
Combustão Viva
Vale ressaltar que só existirá uma combustão viva quando houver um gás ou vapor queimando,
ainda que proveniente de combustíveis sólidos ou líquidos.
Combustão Lenta
Combustão Espontânea
Em todas as formas de combustão apresentadas até agora, fez-se referência à presença de uma
fonte externa de calor para dar início a um processo de queima. Entretanto, é importante
abordar um tipo de combustão, de rara ocorrência, que foge a essa regra e não necessita de
uma fonte externa de calor. É o caso da combustão espontânea.
A combustão espontânea é um processo de combustão que começa, geralmente, com uma lenta
oxidação do combustível exposto ao ar. Pode ocorrer com materiais, como o fósforo branco,
amontoados de algodão ou em curtumes (tratamentos de peles de animais).
A taxa de liberação de energia pela reação química compete com a habilidade do combustível
de dissipar calor para o ar ambiente. Isso quer dizer que, se a reação não libera calor
suficientemente para o ambiente, sua temperatura irá aumentar e, consequentemente, a
velocidade da reação química também aumentará. Esse processo tanto pode resultar em uma
combustão viva (uma chama), quanto em uma combustão lenta (incandescência). Todo o
processo pode levar horas ou dias, e necessita de um conjunto crítico de condições ambientais
ou de aquecimento para ser viável.
Até a atualidade não há estudos conclusivos sobre como se processa esse tipo de combustão.
Alguns materiais entram em combustão sem fonte externa de calor (materiais com baixo ponto
de ignição); outros entram em combustão à temperatura ambiente (20 ºC), como o fósforo
branco. Ocorre também na mistura de determinadas substâncias químicas, quando a
combinação gera calor e libera gases em quantidade suficiente para iniciar combustão como,
por exemplo, a adição de água e sódio.
Explosão
É importante notar que combustão significa grande aumento de volume em curto espaço de
tempo e isso não envolve necessariamente queima. Por exemplo, um cilindro de ar pode
explodir devido à pressão quando ele se rompe e todo o ar dentro dele se expande. Não há
queima. Trata-se de uma explosão mecânica. A queima de determinados materiais pode, em
alguns casos, provocar explosões. São as chamadas de explosões químicas, que são derivadas
de uma reação química rápida que libera produtos com grande volume rapidamente.
As chamas podem ser de dois tipos, variando conforme o momento em que se dá a mistura
entre combustível e comburente. Podem elas ser:
I. Chamas difusas
II. Chamas de pré-mistura
As chamas de pré-mistura apresentam forte tendência a manterem seu formato e, quando bem
regulada a mistura combustível-comburente, apresentam uma combustão completa,
praticamente sem resto de gases.
As chamas difusas, as mais comuns, são as chamas em que os vapores combustíveis misturam-
se ao comburente, o oxigênio do ar, na zona de queima. São as chamas de uma fogueira, uma
vela, um fósforo, etc.
Nesse tipo de chama, há diferença na queima ao longo da chama, daí a diferença de coloração
da chama. O tom amarelado na ponta das chamas deve-se aos átomos de carbono que não
conseguiram queimar e que liberam energia excedente na forma de luz amarelada.
Nas chamas difusas, a oferta de oxigênio é melhor na base da chama. Por isso, se a ponta da
chama, rica em carbono, for perturbada, o carbono não consegue queimar e, com isso, surge
uma fumaça preta. A coloração preta da fumaça é proveniente do carbono que não queimou
(fuligem) e é o que impregna as paredes e o teto.
FUMAÇA
Com estudos mais recentes, foram valorizadas outras três características da fumaça. Verifica-se
que ela é quente, móvel e inflamável, além das duas já conhecidas: opaca e tóxica.
Quente – A combustão libera calor, transmitindo-o a outras áreas que ainda não foram
atingidas. Como já tratado na convecção, a fumaça será a grande responsável por
propagar o calor ao atingir pavimentos superiores quando se desloca (por meio de
dutos, fossos e escadas), levando calor a outros locais distantes do foco. A fumaça
acumulada também propaga calor por radiação.
Em todo esse processo, qualquer rota de saída pode fazer com que a fumaça se movimente
através desta, podendo ser tanto por uma janela, quanto por um duto de ar condicionado, uma
escada, ou mesmo um fosso de elevador. Se não houver uma rota de escape eficiente, o incêndio
fará com que a fumaça desça para o piso, tomando todo o espaço e comprimindo o ar no interior
do ambiente.
A inalação de gases tóxicos pode ocasionar vários efeitos danosos ao organismo humano. Alguns
dos gases causam danos diretos aos tecidos dos pulmões e às suas funções. Outros gases não
provocam efeitos danosos diretamente nos pulmões, mas entram na corrente sanguínea e
chegam a outras partes do corpo, diminuindo a capacidade das hemácias de transportar
oxigênio.
Natureza do combustível;
Calor produzido;
Concentração de oxigênio.
Os principais gases produzidos são o monóxido de carbono (CO), dióxido de nitrogênio (NO2),
dióxido de carbono (CO2), acroleína, dióxido de enxofre (SO2), ácido cianídrico (HCN), ácido
clorídrico (HCl), metano (CH4) e amônia (NH3), e serão abordados a seguir.
Não apenas a toxicidade de um gás pode ser prejudicial, mas a inalação de ar e fumaça aquecidos
pode provocar queimaduras nas vias aéreas superiores, o que se constitui em um ferimento
letal.
O monóxido de carbono (CO) é o produto da combustão que causa mais mortes em incêndios.
É um gás incolor e inodoro presente em todo incêndio, mas principalmente naqueles pouco
ventilados. Em geral, quanto mais incompleta a combustão, mais monóxido de carbono será
produzido.
O perigo do monóxido de carbono reside na sua forte combinação com a hemoglobina, cuja
função é levar oxigênio às células do corpo. O ferro da hemoglobina do sangue se junta com o
oxigênio numa combinação química fraca, chamada de oxihemoglobina.
É um gás incolor e inodoro. Não é tão tóxico como o CO, mas também é produzido em grandes
quantidades nos incêndios e a sua inalação, associada ao esforço físico, provoca um aumento
da freqüência e da intensidade da respiração. Concentrações de até 2% do gás aumentam em
50% o ritmo respiratório do indivíduo. Se a concentração do gás na corrente sanguínea chegar
a 10%, pode provocar a morte.
O gás carbônico também forma com a hemoglobina a carboxihemoglobina, contudo, com uma
combinação mais fraca que a produzida pelo monóxido de carbono. Efeitos danosos ao
organismo decorrem da concentração de carboxihemoglobina no sangue. A alta concentração
de carboxihemoglobina produz privação de oxigênio, a qual afeta, principalmente, o coração e
o cérebro. Contudo, seu principal efeito é a asfixia mecânica, uma vez que, ao ser produzido e
liberado, ocupará o lugar do ar no ambiente reduzindo a concentração de O2. Os efeitos danosos
ao organismo, predominantemente, decorrem mais da ausência de oxigênio que da presença
em si do CO2.
Assim como o CO, também age sobre o ferro da hemoglobina do sangue, além de impedir a
produção de enzimas que atuam no processo da respiração celular, sendo, portanto, definido
como o produto mais tóxico presente na fumaça. Da mesma forma que o CO, pode produzir
intoxicações graves, caracterizadas por distúrbios neurológicos e depressão respiratória, até
intoxicações fulminantes, que provocam inconsciência, convulsões e óbitos em poucos
segundos de exposição.
Foi o gás responsável pelas mortes na tragédia da Boate Kiss, em Santa Maria-RS, no início de
2013.
Ácido Clorídrico
Forma-se a partir da combustão de materiais que contenham cloro em sua composição, como o
PVC. É um gás que causa irritações nos olhos e nas vias aéreas superiores, podendo produzir
distúrbios de comportamento, disfunções respiratórias e infecções.
Acroleína
Amônia
Óxidos de Nitrogênio
O óxido de nitrogênio não é encontrado livre na atmosfera porque é muito reativo com o
oxigênio, formando o dióxido de nitrogênio. Esses óxidos são produzidos, principalmente, pela
queima de nitrato de celulose (filmes e papel fotográfico) e decomposição dos nitratos
orgânicos. São bastante irritantes, podendo em seguida, tornarem-se anestésicos. Atacam o
aparelho respiratório, onde formam os ácidos nitroso e nítrico, quando em contato com a
umidade da mucosa. Na figura abaixo, observamos alguns materiais e os gases tóxicos liberados
na queima dos mesmos.
Sabendo os requisitos da combustão, para prevenir que ela ocorra, basta impedir que os
requisitos combinem-se de maneira adequada. Por exemplo, a arrumação adequada dos
materiais em um depósito, observando-se distâncias de afastamento entre as pilhas não visam
mera organização, mas prevenção. Aceiros entre duas propriedades rurais também visam
prevenir a propagação de um incêndio pela interrupção do material combustível. O correto
dimensionamento de instalações elétricas visa impedir a produção de calor demasiada pelo
efeito joule.
Uma vez instalada a combustão, conhecendo seus elementos, pode-se extingui-la agindo em um
deles. São os métodos de extinção do fogo.
É importante ter os métodos em mente, pois é muito comum que se pense apenas em “jogar
água” como forma de extinguir o fogo.
Há outras técnicas que se encaixam nesse método de atuação, pois existem outras formas de
atuar no combustível que não seja apenas a retirada do que ainda está intacto. Ex.: fechamento
de válvula ou interrupção de vazamento de combustível líquido ou gasoso, retirada de materiais
combustíveis do ambiente em chamas, realização de aceiro, etc.
Veja-se o exemplo de um incêndio urbano onde uma poltrona está em chamas na sala de uma
casa. Se apenas a poltrona está em chamas, retirá-la do ambiente e colocá-la ao ar livre, apenas
isso, foi a extinção do incêndio, pois, ao ar livre, o fogo na poltrona está sob controle, não sendo
mais caracterizado como incêndio.
2.2 – RESFRIAMENTO
A água é o meio mais usado para resfriamento, por ter grande capacidade de absorver calor e
ser facilmente encontrada na natureza, além de outras propriedades que veremos adiante.
É inútil o emprego de água onde queimam combustíveis com baixo ponto de combustão (menos
de 20º C), pois a água resfria até a temperatura ambiente e o material continuará produzindo
gases combustíveis.
2.3 – ABAFAMENTO
Pode-se abafar o fogo com uso de materiais diversos, como areia, terra, cobertores, vapor
d’água, espumas, pós, gases especiais, etc.
Certos agentes extintores, quando lançados sobre o fogo, sofrem ação do calor, reagindo sobre
a área das chamas, interrompendo assim a “reação em cadeia” (extinção química). Isso ocorre
porque o oxigênio comburente deixa de reagir com os gases combustíveis. Essa reação só ocorre
quando há chamas visíveis.
Quando se descobriu a possibilidade disso ocorrer (estudando o PQS, como visto no tópico
Reação em Cadeia) percebeu-se a existência de mais um método de atacar a combustão e,
consequentemente, foi necessário inserir mais um entre os elementos na teoria da combustão.
Existem vários agentes extintores, que atuam de maneira específica sobre a combustão,
extinguindo o incêndio através de um ou mais métodos de extinção já citados.
Os agentes extintores devem ser utilizados de forma criteriosa, observando a sua correta
utilização e o tipo de classe de incêndio, tentando, sempre que possível, minimizar os efeitos
danosos do próprio agente extintor sobre materiais e equipamentos não atingidos pelo incêndio.
Dos vários agentes extintores, os mais utilizados são os que possuem baixo custo e um bom
rendimento operacional, os quais passaremos a estudar a seguir:
3.1 – ÁGUA
A água atua na combustão principalmente por resfriamento, sendo a sua elevada eficiência de
arrefecimento resultante da grande capacidade de absorver calor.
A água é mais eficaz quando usada sob a forma de chuveiro, dado que as pequenas gotas de água
vaporizam mais facilmente que uma massa de líquido e possuem área total de contato maior,
absorvendo mais rapidamente o calor da combustão.
Como agente extintor a água age principalmente por resfriamento e por abafamento, podendo
paralelamente a este processo agir por emulsificação e por diluição, segundo a maneira como é
empregada.
A água só perde para o hidrogênio e o hélio em calor específico e, dentre os líquidos à temperatura
ambiente, é o que apresenta maior calor latente de vaporização. O calor específico da água é da
ordem de 1 cal/g ºC, ou seja, para elevar em 1ºC a temperatura de 1 grama de água é necessário
1 caloria. Quer dizer que cada grama de água lançada em um incêndio absorverá 1 caloria para
cada grau centígrado de temperatura que elevar.
Além do calor específico da água ser alto, o calor latente de vaporização é elevadíssimo. Para
transformar 1g de água líquida a 100ºC em 1g de vapor a 100ºC, são necessárias 540cal.
Voltando ao exemplo anterior, os 1000g de água absorveriam para mudar de estado físico
540.000cal.
Vê-se, assim, que a água absorve quase 7 vezes mais calor para mudar de estado físico do que
para aquecer de 20º para 100º C.
Conclui-se que um combate usando água será tanto mais eficiente quanto mais conseguir
evaporar a água. A água escorrida deixou de absorver os 540cal/g que absorveria ao ferver e parte
da energia que absorveria para alcançar os 100ºC.
Por muitos anos, a água ter sido aplicada no combate a incêndio sob a forma de jato pleno, hoje
sabemos que a água apresenta um resultado melhor quando aplicada de modo pulverizado, pois
absorve calor numa velocidade muito maior, diminuindo consideravelmente a temperatura do
incêndio e, consequentemente, extinguindo-o. Quando fragmentamos as gotículas de água,
aumentamos a superfície de contato, acelerando a absorção de energia.
O efeito de emulsificação é obtido por meio de jato chuveiro ou neblinado de alta velocidade.
Dependendo do combustível, somente se consegue este efeito por meio da adição de produtos à
agua (aditivos).
Pode-se obter, por este método, a extinção de incêndios em líquidos inflamáveis viscosos, pois o
efeito de resfriamento que a água proporcionará na superfície de tais líquidos, impedirá a
liberação de seus vapores inflamáveis.
O efeito de diluição é obtido quando usamos água no combate a combustíveis nela solúveis,
tomando o cuidado para não derramar o combustível do seu reservatório antes da diluição
adequada do mesmo, o que provocaria uma propagação do incêndio.
ADITIVOS À ÁGUA
Como visto, a água tem características que fazem dela um excelente agente extintor. Algumas
características da água, entretanto, não colaboram para isso.
A água possui elevada tensão superficial. Tensão superficial é um efeito físico que ocorre na
camada superficial de um líquido que leva a sua superfície a se comportar como uma membrana
elástica. As moléculas situadas no interior de um líquido são atraídas em todas as direções pelas
moléculas vizinhas e, por isso, a resultante das forças que atuam sobre cada molécula é
praticamente nula. As moléculas da superfície do líquido, entretanto, sofrem apenas atração pelas
moléculas do lado e abaixo. Esta força para o lado e para baixo cria a tensão na superfície, que faz
a mesma comportar-se como uma película elástica.
A tensão superficial pode ser observada quando se enche um copo até que transborde. Percebe-
se que permanece uma camada de água acima da borda do copo. Ela permanece sem escorrer
para fora do copo devido às forças intermoleculares, é a tensão superficial. Essa tensão superficial,
pelo fato de que na água é elevada, faz com que a água não tenha um das melhores capacidades
de penetração em objetos porosos. Se fosse o contrário, ela seria melhor para combater incêndios
na profundidade de sólidos.
Outra característica da água que não a auxilia como agente extintor é a baixa viscosidade. A
viscosidade é a propriedade dos fluidos correspondente ao transporte microscópico de
quantidade de movimento por difusão molecular. Ou seja, quanto maior a viscosidade, menor
será a velocidade em que o fluido se movimenta. Como a viscosidade da água é muito baixa, ela
escorre com facilidade e isso não ajuda no combate aincêndio, pois, como ela escorre com
facilidade ela não permanece nas faces verticalizadas dos combustíveis sólidos, deixando de
protegê-los. Caso ela fosse viscosa, ela formaria uma camada por mais tempo nas paredes dos
sólidos.
Para melhorar alguma característica da água aumentando sua eficiência em um dado tipo de
combate faz-se o uso de aditivos que, misturados à agua, podem proporcionar mudanças
favoráveis.
Água Molhada
Espuma
4
Usar LGE 6% na proporção de apenas 1% produz efeito prático semelhante.
A espuma é um agente extintor polivalente, podendo ser usada em extintores portáteis, móveis e
instalações fixas de proteção.
Existem basicamente dois tipos de espumas: as espumas mecânicas, obtidas por um processo
mecânico de mistura de um agente espumífero (LGE – líquido gerador de espuma), ar e água, e as
espumas químicas, obtidas pela reação química entre dois produtos que se misturam na altura da
sua utilização. Este último tipo caiu em desuso, sobretudo devido à sua fraca eficiência e pelos
riscos associados ao armazenamento e manuseamento dos produtos químicos necessários à sua
formação.
A espuma age principalmente por abafamento, pois cria uma camada que isola o combustível do
ar. Age em parte por resfriamento devido à água presente em sua aplicação.
A espuma mais utilizada para combate a incêndios em líquidos inflamáveis é a obtida a partir de
um LGE denominado AFFF (aquous film-forming foam – espuma formadora de película aquosa).
Eles são produzidos para serem misturados à água em proporções de 1% a 6%. No recipiente vem
a indicação da concentração necessária para a formaçaõ adequada da espuma.
Com o LGE AFFF é possível fazer “água molhada”. Caso se esteja de posse de um recipiente,
comumente chamado de bombona, de AFFF 6% e, ao invés de usá-lo conforme a a proporção
indicada, usa-se em proporção de 1%, 6x menos que o recomendado, a mistura água+LGE não se
prestará à formação da espuma, porém, ocorrerá a diminuição da tensão superficial da água e ela
terá maior capacidade de encharcar materiais, tornando-se “água molhada”.
O pó químico é o agente extintor mais utilizado em extintores portáteis. Os pós químicos são
eficientes e como não se dispersam tanto na atmosfera como um gás, permitem atacar as chamas
de modo mais rápido e eficaz.
Os pós químicos são um grupo de agentes extintores de finíssimas partículas sólidas, e têm como
características não serem abrasivas, não serem tóxicas, mas que podem provocar asfixia se
inaladas em excesso. Não conduzem corrente elétrica, porém, tem o inconveniente de contaminar
o ambiente sujando-o, podendo danificar inclusive equipamentos eletrônicos. Assim sendo, deve-
se evitar sua utilização em ambientes que possuam estes equipamentos no seu interior. Ainda
apresenta o inconveniente de dificultar a visualização do ambiente enquanto está em suspensão.
Os pós agem de imediato por abafamento, substituindo o O2 nas imediações do combustível, mas
também principalmente por extinção química interferindo na reação de combustão capturando
radicais livres. Essa atuação por quebra da reação em cadeia aumenta de eficiência em
temperaturas acima de 1000 oC.
Os pós são classificados conforme a sua correspondência com as classes de incêndio que se
destinam a combater. Vejamos:
Pó BC – Nesta categoria está o tipo de pó mais comum e conhecido o PQS ou Pó Químico Seco.
Os extintores de PQS para classe B e C utilizam os agentes extintores bicarbonato de sódio,
bicarbonato de potássio ou cloreto de potássio, tratados com um estearato a fim de torná-los
antihigroscópicos e de fácil descarga.
Ao inverso dos outros, o pó ABC, apresenta considerável eficiência em fogos de Classe A, pois
quando aquecido se transforma em um resíduo fundido, aderindo à superfície do combustível e
isolando-o do comburente (abafamento).
Pó D – usado especificamente na classe D de incêndio, sendo a sua composição variada, pois cada
metal pirofórico terá um agente especifico, tendo por base a grafita misturada com cloretos e
carbonetos. São também denominados de Pós Químicos Especiais ou PQEs.
Os gases inertes contêm, sobretudo, elementos químicos como o argônio, hélio, neônio e dióxido
de carbono. Este tipo de agente extintor não é normalmente utilizado em extintores portáteis de
incêndio, mas sim em instalações fixas, para proteger, por exemplo, salas de computadores e
outros riscos semelhantes.
A sua eficiência é relativamente baixa, pois geralmente são necessárias grandes quantidades de
gás para proteção de espaços relativamente pequenos, que devem ser estanques para não
permitir a dispersão do agente extintor para o exterior. Exemplos de agentes extintores
constituídos por gases inertes são os produtos conhecidos com os nomes comerciais “Inergen” e
“Argonite”.
Os gases inertes atuam por abafamento, ocupando o espaço do ar e levando a mistura ar-vapores
abaixo do limite inferior de inflamabilidade
O dióxido de carbono é mais um gás inerte. É mais pesado que o ar, atuando sobre a combustão
pelo processo de “abafamento”, isto é, por substituição do oxigênio que alimenta as chamas, e
também em pequena parte por resfriamento.
Como se trata de um gás inerte, tem a grande vantagem de não deixar resíduos após aplicação. O
grande inconveniente deste tipo de agente extintor é o choque térmico produzido pela sua
expansão ao ser libertado para a atmosfera através do difusor do extintor (a expansão do gás pode
gerar temperaturas da ordem dos –40 ºC na proximidade do difusor, havendo, portanto, um risco
de queimaduras por parte do utilizador).
Apesar de não ser tóxico, o CO2 apresenta ainda outra desvantagem para a segurança das pessoas,
sobretudo quando utilizado em extintores de grandes dimensões ou em instalações fixas para
proteção de salas fechadas: existe o risco de asfixia quando a sua concentração na atmosfera
atinge determinados níveis, não pela toxicidade do CO2, mas pela diminuição da concentração de
O2.
Por não ser condutor de corrente elétrica geralmente recomenda-se este tipo de agente extintor
na proteção de equipamento e quadros elétricos.
Halon
O halon é um agente extintor que teve grande sucesso no combate a incêndio dadas as suas
propriedades enquanto gás relativamente limpo e eficaz em fogos das classes A, B e C.
O halon, contendo elementos químicos como bromo, flúor, iodo e cloro, atua sobre o processo
de combustão inibindo o fenômeno da reação em cadeia. No entanto, apesar da sua comprovada
eficiência, este produto encontra-se com uso proibido por razões de ordem ambiental (afeta a
camada de ozônio).
Existem hoje em dia gases de extinção alternativos, considerados limpos e sem os efeitos adversos
do halon sobre a camada de ozônio, notadamente os gases inertes e os agentes halogenados, tais
como, por exemplo, a Argonite, Inergen, FM200, FE13, etc. No entanto, a utilização deste tipo de
produto em extintores portáteis não se encontra generalizada dado que a maioria deles se
destina, sobretudo às instalações de extinção fixas em salas fechadas.
Capítulo 4 - INCÊNDIO
Como visto, incêndio é o fogo fora de controle, mas há uma inúmera variedade de tipos de
incêndio e formas de a ele se referir.
Há variadas classificações dos incêndios, todas elas de acordo com os materiais neles envolvidos,
bem como a situação em que se encontram. Essa classificação é feita para determinar tanto o
método de extinção quanto o agente extintor adequado para o tipo de incêndio específico.
A classificação aqui apresentada foi elaborada pela NFPA (National Fire Protection Association –
Associação Nacional de Proteção a Incêndios/EUA), adotada pela IFSTA (International Fire
Service Training Association – Associação Internacional para o Treinamento de Bombeiros/EUA)
e também adotada no Brasil.
Incêndio envolvendo combustíveis sólidos comuns, como papel, madeira, pano, borracha e
plástico5.
É caracterizado pelas cinzas e brasas que deixam como resíduos e por queimar em razão do seu
volume, isto é, a queima se dá na superfície e em profundidade.
5 Apesar de tecnicamente borracha e plástico serem líquidos de altíssima viscosidade, pela característica
do fogo e do combate, são inseridos na classe A
O emprego de agentes que agem por abafamento irá apenas retardar a combustão, pois
extinguirá as chamas apenas na superfície, não agindo na queima em profundidade e
ocasionando uma posterior reignição do material.
É caracterizado por não deixar resíduos e queimar apenas na superfície exposta e não em
profundidade.
O abafamento é mais eficientemente feito com uso de espuma, mas também pode ser feito com
pós ou água finamente pulverizada.
Como são sólidos, o melhor seria resfriá-los, mas o risco de haver condução da corrente elétrica
caso se use água deve ser observado.
Apesar da possibilidade dessa classe de incêndio poder ser mudada para “A”, se for
interrompido o fluxo elétrico, deve-se ter cuidado com equipamentos (televisores, por exemplo)
que acumulam energia elétrica, pois estes continuam energizados mesmo após a interrupção da
corrente elétrica.
Caso permaneça energizado, para a sua extinção necessita-se de agente extintor que não
conduza a corrente elétrica e utilize o princípio de abafamento ou da interrupção (quebra) da
reação em cadeia.
O uso do PQS tem o inconveniente de danificar equipamentos pela sua ação corrosiva, o que
pode ocorrer também com o CO2 se for usado em equipamentos eletrônicos delicados pelo
excesso de resfriamento que causa.
Em CPDs ou locais onde haja equipamentos sensíveis, pode-se encontrar sistemas de proteção
que inundem o ambiente com outros gases inertes que extinguirão por abafamento sem
danificar o maquinário.
A reação com água é violenta, pois, ocorre a quebra das moléculas de água (hidrólise) liberando
O2, que é comburente e alimenta as chamas e H2, que é um gás explosivo.
Como é difícil o resfriamento sem utilização de água, surge a extinção química como método
mais eficiente de extinção.
Para a extinção química, necessitam-se de agentes extintores especiais (normalmente pós) que
se fundam em contato com o metal combustível, formando uma espécie de capa que o isola do
ar atmosférico, interrompendo a combustão. Muitos entendem isso como abafamento, pela
separação entre combustível e comburente, entretanto, a separação dá-se pelo fato de que o
agente extintor funde-se com o metal pirofórico, há ligação química entre eles. Assim, o
“abafamento” nada mais é do que consequência da interferência química do agente extintor no
combustível.
O abafamento também pode ser feito por meio de gases ou pós inertes que substituam o O2 nas
proximidades do combustível, mas não é tão eficiente pois, devido às altíssimas temperaturas
que esse tipo de queima atinge, a menor baforada de ar é capaz de propiciar a reignição.
Pós especiais (PQE – Pó Químico Especial) para classe “D” dependem do tipo de material que
queima e, normalmente, são a base de grafite ou cloreto de sódio ou pó de talco. Usam o CO2
ou o N2 como propulsores. Podem ser ainda compostos dos seguintes materiais: cloreto de
sódio, cloreto de bário, monofosfato de amônia e grafite seco.
O princípio da retirada do material também é aplicável com sucesso nesta classe de incêndio,
bem como nas demais.
OUTRAS CLASSES
Há, como dito, outras classes de incêndio conforme classificações diferenciadas, mas que, pela
especificidade que apresentam não serão por nós abordadas.
A primeira delas é quanto à classe designada para fogo em óleos e gorduras que, segundo o
padrão americano é denominada de Classe “K” e, segundo o esquema europeu, Classe “E”.
A norma americana separa óleos e gorduras pelo fato de que lá, existe extintores específicos
para óleos e gorduras diferentes dos extintores destinados aos demais líquidos combustíveis.
Isso justifica a separação lá nos EUA. Aqui no Brasil, os extintores para óleos e gorduras não
diferem dos extintores para os demais líquidos combustíveis, não havendo, portanto, razão para
separá-los aqui.
No tocante ao fato de que os americanos agregam os gases na mesma classe dos líquidos
combustíveis, entendemos ser um posicionamento equivocado. Veja-se que os combustíveis são
agregados em classes pelo comportamento similar na queima e para agrupar combustíveis que
sejam combatidos pelos mesmos métodos e agentes extintores. De modo algum os gases são
combatidos do mesmo modo que os líquidos combustíveis não devendo, assim, serem
classificados junto com os líquidos combustíveis.
1. a oferta de oxigênio e
2. o “feedback radiativo”.
É fácil entender que a oferta de oxigênio é considerada constante para os focos ao ar livre, afinal,
a concentração de oxigênio na atmosfera permanece inalterada. Poder-se-ía indagar sobre o
Todo foco de incêndio, devido ao deslocamento dos gases que provoca pelo aquecimento, gera
seu próprio “vento”. O ar ao redor desloca-se em direção ao foco devido ao abaixamento de
pressão.
Mais ainda que a oferta de oxigênio, o feedback radiativo afeta o desenvolvimento dos focos.
Cerca de 70% do calor gerado pela queima do combustível é propagado pela convecção. Estando
o foco ao ar livre, os gases se elevarão na atmosfera, levando com eles essa enorme quantidade
de energia. Desta forma, pouco da energia produzida sobra para aquecer os combustíveis ainda
não queimados. Se a queima ocorrer em um compartimento, os gases produzidos ficam
barrados pelo teto e pelas paredes, e esses gases começam a se acumular abaixo do teto
formando um “teto de fumaça”, uma “capa térmica” que irradia de volta para o cômodo boa
parte do calor que carrega. Isso é o feedback radiativo. Parte do calor é absorvido para aquecer
o teto e as paredes. O restante segue aquecendo os materiais presentes naquele cômodo. Com
o aquecimento dos combustíveis ainda não queimados no cômodo, eles começam a sofrer um
processo chamado de SECAGEM, que consiste na desidratação, ou seja, liberação de vapor de
água. Em seguida, se o aquecimento continuar, começam a sofrer TERMÓLISE (ou
DECOMPOSIÇÃO PELO CALOR), e assim liberam quantidades crescentes de vapores
combustíveis. Eventualmente, a quantidade de vapor liberada atinge um ponto em que a
combustão pode ser sustentada e o foco se estende. Caso o material atinja seu ponto de
combustão e entre em contato com alguma fonte de calor, ele queimará. Caso atinja seu ponto
de ignição, outros pontos de queima surgirão desconectados do foco inicial. E com a queima de
mais e mais combustíveis, mais calor é gerado e mais vapor combustível é liberado alimentando
ainda mais as chamas.
O incêndio começa com a ignição de algum material combustível. A ignição pode ser causada
por uma fonte ígnea – quando uma faísca, fagulha, centelha, ou brasa provocam a ignição –
como pode ser causada apenas pelo atingimento da temperatura de ignição por algum material
exposto a uma fonte de calor (Ex.: ferro de passar esquecido ligado).
Se a queima do combustível envolvido no foco inicial não for suficiente para sustentar a queima
causando a ignição de outros materiais, o fogo se extingue nessa fase. Se a queima do material
conseguir liberar calor suficiente para provocar a ignição de outros materiais, o incêndio
prossegue. Caso o calor produzido não seja capaz de fazer com que os materiais próximos
atinjam o ponto de ignição, pode ser que o foco extingue-se sozinho.
No início a temperatura do ambiente está pouco acima do normal, as chamas são poucas e não
se pode perceber o incêndio de outro cômodo na edificação. Nesta fase, o bombeiro não será
incomodado pelo calor do ambiente, porém, dependendo do combustível que está queimando,
pode haver quantidade substancial de fumaça e de gases nocivos.
Depois de certo tempo, ergue-se uma coluna de vapores combustíveis acima do foco inicial e as
chamas erguem-se nessa coluna. Os vapores combustíveis, gases resultantes da combustão e ar
aquecido atingem o teto e começam a se espalhar horizontalmente. Esses gases começam a
formar um “teto de fumaça”, chamado de “capa térmica”, que irradia calor de volta ao cômodo
aquecendo os outros materiais presentes, causando secagem e posterior termólise nos demais
materiais combustíveis no cômodo.
Quando as chamas atingem o teto, entende-se que houve a passagem para a próxima fase, a
fase de crescimento ou desenvolvimento. O tempo que dura à fase incipiente pode ser desde
poucos segundos a várias horas, a depender dos fatores que a influenciam.
Nessa fase inicial, os ocupantes do cômodo podem evacuá-lo facilmente e o fogo pode ser
extinto com o uso de um aparelho extintor.
A passagem da fase incipiente para a fase crescente é marcada pelas chamas subindo a coluna
de gases que se ergue sobre o foco atingindo o teto. Com as chamas, que são difusas, atingindo
o teto, ocorre grande perturbação das mesmas, o que, por sua vez, inicia uma grande produção
de fumaça negra que também se acumula no cômodo.
Quanto mais o foco se desenvolve, mais ele afeta o compartimento em que está e, de modo
semelhante, ele é afetado pelas características do compartimento. Por exemplo:
- Quanto mais baixo for o pé direito6, mais rapidamente a capa térmica aquecerá os
combustíveis ainda não queimados;
Um foco no centro do cômodo tende a ter um desenvolvimento mais lento que um foco contra
uma parede. Um foco no canto de um cômodo tende a evoluir mais rapidamente.
O foco de incêndio, por aquecer os gases e estes adquirirem a tendência de subir, cria uma zona
de baixa pressão acima das chamas. A camada de gases aquecidos que se acumula sob o teto
“quer” sair do cômodo, mas fica limitada pelo confinamento, o que gera uma zona de maior
pressão ou sobrepressão. É o que se chama de “zona de pressão positiva”. Assim, com a capa
térmica tentando forçar a saída por cima e a zona de baixa pressão próxima ao foco (zona de
“pressão negativa” 7) cria-se uma corrente de convecção. Os gases quentes tendem a se mover
afastando-se do foco (para cima até o teto e depois horizontalmente) e o ar fresco é atraído pela
zona de baixa pressão, alimentando o foco.
O ar que entra em um cômodo em chamas sempre busca a região de menor pressão, ou seja, a
região do maior foco, alimentando-o e aumentando o regime de queima e a taxa de liberação
de calor.
7 Não existe pressão negativa, mas considerando-se como zero a pressão atmosférica, o termo faz
sentido.
Os gases aquecidos buscam ocupar a parte superior do cômodo e, existindo uma abertura,
sairão pela parte superior desta. O ar frio ocupa a parte inferior do cômodo e entra pela parte
inferior das aberturas, dirigindo-se ao foco. Os gases no ambiente, fumaça e ar, dispõem-se em
camadas de acordo com a temperatura, ficando os mais aquecidos junto ao teto e o ar mais frio
junto ao piso. Essa divisão dos gases em camadas é a estratificação da fumaça ou dos gases.
A zona de separação entre a camada de gases quentes, que apresentam maior pressão e a
camada de ar frio, de menor pressão, é chamada de plano neutro.
Quanto mais o incêndio desenvolve-se, mais gases aquecidos são produzidos acumulam-se sob
o teto. Isso faz com que a capa térmica fique mais densa e o plano neutro abaixe pelo aumento
da capa térmica. O plano neutro ficará mais baixo dependendo da quantidade, dimensões e
posicionamento das aberturas.
Quanto maior for a ventilação do cômodo, mais alta será a altura do plano neutro
Isso normalmente ocorre com incêndios em compartimento. Para que um incêndio totalmente
desenvolvido seja limitado pelo combustível e não pela ventilação a área de abertura deve ser
imensa. Por exemplo, em um cômodo de 6m x 6m, a abertura deveria ser de uma parede inteira.
Daí percebe-se que a maioria dos incêndios é controlada pela disponibilidade de ar, mesmo com
portas e janelas abertas.
Quanto mais desenvolvido estiver o incêndio, mais calor é gerado e mais rápida será a
decomposição dos combustíveis, ou seja, mais fumaça será gerada, forçando o plano neutro a
baixar.
A velocidade da queima ficará limitada pela quantidade de ar, o que provoca que a combustão
seja mais incompleta gerando mais resíduos combustíveis na fumaça que se espelhará pelos
cômodos adjacentes podendo vir a incendiar-se. Esses incêndios controlados pela ventilação
produzem grande quantidade de monóxido de carbono, o que os tornam especialmente letais.
Devido a esse fato, os bombeiros devem procurar evitar que a fumaça aquecida atinja outras
superfícies ou ambientes a fim de limitar a propagação do incêndio. Muitas vezes, os danos
causados pelo calor transmitido pela fumaça são maiores que os danos causados pela ação
direta das chamas.
Dessa forma, a atenção dos bombeiros em um combate a incêndio não pode estar voltada
apenas para a eliminação das chamas. Muito antes de alcançar as chamas do foco principal, os
bombeiros devem controlar a fumaça. Isso é feito por meio da ventilação ou do resfriamento da
fumaça pela aplicação de água de forma adequada, como será tratado adiante.
A tendência da fumaça em subir deve ser observada, especialmente quando a edificação tiver
mais de um pavimento. Estando o foco em andares inferiores, a fumaça terá a tendência de
subir e pode gerar novos focos em andares superiores.
O incêndio pode crescer pelo propagar das chamas ou pela ignição de outros combustíveis que
alcancem a temperatura de ignição. As chamas, após alcançarem o teto começam a percorrer a
capa térmica. A capa térmica é rica em vapores combustíveis provenientes da termólise dos
materiais no ambiente e rica em compostos orgânicos combustíveis provenientes da combustão
incompleta. Caso esteja misturada com o oxigênio na concentração adequada (daí o foco ser
limitado pela ventilação ou pelo comburente), a capa térmica queimará. Com o incêndio na fase
de crescimento, o mecanismo de transferência de calor predominante no cômodo passa da
convecção para a radiação, o que aumenta a taxa de transferência de calor próximo ao piso.
Nesse estágio, alguns fenômenos do comportamento extremo do fogo podem ser observados.
Clarões de chama (ghost flames – “chamas fantasmas”) – são bolsões de chamas percorrendo
ou aparecendo na capa térmica. A camada de fumaça, rica em carbono proveniente da
perturbação da chama difusa e rica em outros materiais combustíveis, possui temperatura de
ignição em torno dos 600 ºC.
O aparecimento das chamas fantasmas pode ser devido ao aquecimento de porções da fumaça
já em mistura inflamável, ou pode a fumaça estar acima da temperatura de ignição, mas fora da
faixa de inflamabilidade e, com a movimentação dos gases, algumas porções podem atingir uma
concentração de mistura inflamável, vindo então a entrar em ignição.
Percebe-se um clarão alaranjado dentro da fumaça, como se fosse um daqueles relâmpago que
ocorrem dentro de uma nuvem, sema visualização do “raio”. É um fenômeno momentâneo,
pois, quando um bolsão dentro da fumaça queima, ele consome o oxigênio e perde as condições
favoráveis para continuar queimando. Esse fenômeno é um alerta de que a fumaça está próxima
das condições de entrar em ignição por completo.
Rollover – o termo rollover é usado quando as chamas na capa térmica não apenas surgem
isoladas, mas quando se forma uma frente de fogo que percorre a capa térmica aumentando
muito a irradiação de calor em um curtíssimo espaço de tempo. O fenômeno do rollover envolve
apenas a queima repentina da fumaça, sem envolver a queima dos demais combustíveis no
ambiente que se encontram na fase sólida.
[Acima, temos uma foto onde ocorre um rollover. Vê-se a frente de fogo avançando pela capa
térmica em direção à entrada de ar fresco]
Quando ocorre a queima da capa térmica (rollover) a quantidade de calor irradiado (feedback
radiativo) aumenta muito e, com isso, os vapores combustíveis emanados dos materias que
estavam termolizando no cômodo entram em ignição e, quanto mais materiais incendeiam-se,
mais calor e gerado e mais materiais incendeiam-se até que todo o volume do cômodo esteja
envolto em chamas. Essa ignição repentina dos materiais é conhecida como flashover.
Com o aumento da taxa de liberação de calor, quer seja provocado por um rollover ou pelo mero
atingimento da temperatura de ignição de vários combustíveis ao mesmo tempo, todos os
materiais presentes em um cômodo entram em ignição. As chamas dominam tanto a fumaça
como os combustíveis sólidos, causando a imediata transição para a próxima etapa da evolução
de um incêndio: a fase de pleno desenvolvimento.
Quando ocorre o flashover, sobretudo quando proveniente da ignição da fumaça, ocorrerá uma
onda de sobrepressão que será tanto mais violenta quanto maior for a proximidade da
concentração da mistura fumaça-ar do ponto estequiométrico. Isso pode causar a abertura
repentina de portas e janelas.
Evolução alternativa
O flashover não ocorre sempre que há um incêndio em compartimento. Para que ele ocorra é
necessário que o combustível envolvido pelas chamas tenha capacidade de gerar o calor
necessário com a rapidez necessária para gerar o flashover . Também não ocorrerá o flashover
se o foco inicial consumir o oxigênio do cômodo mais rápido do que ele é suprido pelas aberturas
fazendo com que sua concentração baixe diminuindo a taxa de liberação de calor e a intensidade
da queima. Esta última situação é muito perigosa, uma vez que uma abertura inadvertida do
compartimento pode oferecer ao foco o que ele precisa para que o flashover ocorra8.
Assim, vê-se que o incêndio pode atingir todo o cômodo (desenvolvimento completo) pelo
avançar das chamas sem a transição súbita causada pelo flashover.
Outro ponto importante é que, mesmo que a queima diminua de intensidade, a inflamabilidade
dos gases não diminui, pois as chamas precisam de oxigênio para ocorrer, mas a decomposição
do combustível gerando vapores inflamáveis não. A termólise precisa apenas de energia (calor),
não de comburente (O2). Então, mesmo que não haja chamas em um ambiente, a atmosfera do
cômodo pode estar rica em combustível.
A capa térmica fica muito avantajada, forçando o plano neutro para próximo ao solo. O acúmulo
de pressão dos gases produzidos é aliviado em pulsos que expelem bolsões de fumaça para o
exterior do cômodo por qualquer abertura disponível com a consequente entrada de ar para
dentro do ambiente (diz-se que o foco está “respirando”). Os gases aquecidos expulsos do
ambiente onde a queima é limitada pela ventilação (pelo comburente) geralmente queimam ao
saírem do cômodo, pois, ao misturar com o ar de fora do cômodo, alcançam a inflamabilidade
estando ainda acima do ponto de ignição.
Um modo do foco respirar decorre do escape de gases superaquecidos pelas frestas na parte
superior das aberturas que abre espaço para entrada de ar fresco pela parte inferior. O ar que
entra segue em direção ao foco, por ser esta a região de menor pressão. Lá chegando, o ar
realimenta o foco com O2. Com isso as chamas voltam a se intensificar até consumir o oxigênio
e o ciclo reiniciar.
O foco também pode respirar pela contração da capa térmica decorrente do resfriamento, o
que reduz a pressão cômodo sugando ar de fora pelas frestas. Da mesma forma, o ar que entra
segue em direção ao foco, alimentando-o e reavivando-o.
A temperatura média dos gases em um cômodo na fase de desenvolvimento completo fica entre
700º a 1500º C dependendo das características dos combustíveis presentes e da configuração
do cômodo.
Um aspecto digno de nota é que com a evolução para a fase de desenvolvimento completo e o
grande incremento de temperatura a necessidade de oxigênio para a queima diminui. Enquanto
uma combustão viva requer o mínimo de 14-15% de oxigênio para acontecer, sob as condições
de temperatura após a generalização do incêndio, a combustão da capa térmica pode continuar
com concentrações de oxigênio próximas de 0%.
FASE DE DECAIMENTO
Se um incêndio for forçado ao decaimento pela falta de comburente, a taxa de liberação de calor
diminuirá, contudo, ainda haverá combustão devido à presença de combustíveis ainda não
consumidos e do pouco oxigênio disponível que entra pelas frestas. A combustão, pela baixa
concentração de O2 será lenta (brasas) e, muito embora libere menos calor, continuará a
fornecer calor para o ambiente no cômodo.
Estando o foco em queima lenta devido à diminuição da concentração de O2, mas tendo ainda
condições de, mediante a entrada de ar, voltar à queima livre ou mesmo apresentar um
comportamento extremo, diz-se que o foco está em estágio de INCUBAÇÃO. A incubação pode
ocorrer não apenas após o desenvolvimento completo, mas pode ocorrer antes dessa etapa,
bastando somente que o foco em regime de queima limitada pelo combustível, passe à queima
lenta ou mesmo deixe de queimar, mas ainda guarde energia suficiente para voltar a queimar
caso ar entre no ambiente. Se isso não ocorrer, o foco parte para a extinção.
É importantíssimo notar que, mesmo que a queima diminua, a termólise prossegue, pois a
queima precisa de oxigênio, mas a decomposição pelo calor, não. Ainda que a concentração de
O2 fique abaixo de 7% (incapaz de sustentar a combustão), a termólise continua ocorrendo. Isso
significa que, mesmo sem chama, um cômodo em queima lenta, ou até mesmo sem queima
pode ter uma atmosfera rica em combustíveis e acima do ponto de ignição, à espera apenas da
entrada de comburente para ignir. Caso uma janela ou porta se rompa ou um bombeiro abra
um acesso ao cômodo, o ar entrará e, tão logo a fumaça misture-se com o ar e alcance
concentração adequada, ela inflamar-se-á. A ignição dos gases combustíveis já acima do ponto
de ignição pela mistura com oxigênio é violenta e produz uma onda de choque e calor letal. A
esse fenômeno, dá-se o nome de backdraft.
Os sinais que indicam que um foco está na fase de decaimento podem ser enganosos. As
condições podem indicar uma aparente “tranqüilidade” no cômodo. Sem luminosidade ou
barulho de chamas, um bombeiro inadvertido ou usando uma técnica incorreta pode “acender
o pavio de uma bomba”. Atuando errado, os bombeiros podem piorar as condições do
ambiente, dificultando o combate.
Todos os fenômenos de comportamento extremo do fogo estão relacionados à ignição dos gases
do incêndio, como bem trata o Cel Marcos Oliveira de Santa Catarina em seu livro sobe tática
de combate a incêndios estruturais. Ele chama tais fenômenos de ignição dos gases do incêndio.
Esses fenômenos têm uma ocorrência repentina, tanto que são chamados de “incêndios de
propagação rápida” (rapid fire progress) pela doutrina de língua inglesa e podem ser reunidos
em 3 grupos:
Características:
Surgem com pouco tempo de queima – não são necessários longos períodos de queima
para que um incêndio de propagação rápida ocorra.
Isso significa que, ao se deslocarem para um incêndio estrutural, todos os bombeiros precisam
estar cientes da possibilidade de ocorrência de um fenômeno dessa natureza, a fim de que suas
ações sejam realizadas para evitar ou diminuir a gravidade de um comportamento extremo do
fogo.
È classificado na doutrina de língua inglesa como um evento de transição, ou seja, que faz com
que o incêndio passe de uma situação para outra diferente após sua ocorrência sustentando
suas características.
A falta de uma onda de choque não significa que o fenômeno não implique o risco de colapso
da estrutura. Este pode ocorrer, mas devido aos danos estruturais provocados pelas altas
temperaturas e não pela pressão de uma onda de choque.
O flashover normalmente é causado por um rollover, que é o fogo na capa térmica. Quando este
último ocorre, a irradiação de calor é muito grande e provoca a ignição dos vapores combustíveis
que os materiais no cômodo já estavam liberando em função da termólise.
Alguns sinais podem ser verificados para que se perceba o risco da ocorrência de um flashover.
São eles:
Quanto maior for a temperatura da fumaça, mais turbulenta e rápida será sua movimentação.
Quanto mais fria estiver a fumaça, mais laminar e lenta será. Fumaça “rugosa” é quente. Fumaça
“lisa” é “fria”.
Pode ocorrer também de a fumaça no interior do ambiente não estar em chamas, devido à
limitação de combustível, mas estar acima do ponto de ignição. Quando a fumaça alcança o
exterior e se mistura com o oxigênio atingindo a concentração adequada, ela se incendeia
produzindo chamas de ponta (flameover).
Ghost flames ou Rollover – o aparecimento de chamas esporádicas na capa térmica indica que
a capa térmica está prestes a entrar em ignição e, como já mencionado, a elevação de
temperatura reduz a necessidade de oxigênio podendo ocorrer o flashover a qualquer instante.
A entrada de ar no ambiente pode se dar pela abertura de uma porta ou janela feita por curiosos
ou bombeiros. Pode ocorrer também pela ruptura de um dos acessos pela degradação do
material em razão do calor. Os vidros podem quebra-se pelas altas temperaturas.
As portas e janelas de madeira podem incendiar-se quando o lado de fora atinge a temperatura
de ignição, O calor passa por condução pela porta e a queima ocorre de fora para dentro, pois,
fora do ambiente haverá mais oxigênio (do lado de dentro não queima pela falta de oxigênio).
Quando o incêndio fica incubado (queima lenta decorrente da limitação de oxigênio) a queima
passa ser lenta (incandescência/brasas). Com a ausência de chamas, cessa a produção de fumaça
preta (carbono da perturbação da ponta da chama difusa) e a fumaça produzida passa ser da
cor cáqui.
Apesar de a atmosfera no ambiente não sustentar as chamas, a termólise, que não precisa de
oxigênio para ocorrer, continua acontecendo e a constante produção de vapores combustíveis
torna a fumaça cada vez mais carregada (densa).
A fumaça fica aquecida acima do ponto de auto-ignição e, como sabido, é combustível. O único
requisito que falta para a queima é o oxigênio. Quando uma abertura surge o ar começa a entrar
e diluir a fumaça que está acima do limite superior de inflamabilidade. Se a fumaça estiver acima
do ponto de ignição quando a mistura fumaça-ar alcançar a faixa de inflamabilidade, a fumaça
vai queimar de forma violenta.
Ao contrário do flashover que ocorre com a mistura próxima do limite inferior de explosividade,
o backdraft ocorre com a mistura próxima ao limite superior sendo um fenômeno violento com
a geração de uma onda de choque que ode acarretar o colapso da estrutura.
O backdraft não ocorre imediatamente após a abertura da porta. O tempo entre a abertura e a
ocorrência do fenômeno pode ser entre vários segundos até alguns minutos.
Ambiente subventilado.
Fumaça cáqui, densa e turbulenta – a fumaça é caqui, já que não há chamas. É densa
devido ao acúmulo de combustíveis e é turbulenta já que está aquecida.
Lufadas de fumaça nas partes superiores de portas e janelas - Devido ao acúmulo de
gases no ambiente ocorre uma sobrepressão no interior do ambiente e isso força a
fumaça a ser expelida em pulsos pelas frestas superiores de portas e janelas.
Ar sendo sugado pela parte inferior das portas – com a expulsão de fumaça nas partes
superiores, a pressão no interior alivia-se e o ar é sugado para dentro do ambiente.
Muitas vezes o deslocamento de ar para o interior provoca um som como de um assovio.
Línguas de fogo ou chamas de ponta (flameover) – indica que a fumaça está acima do
ponto de ignição, precisando apenas diluir-se no ar para incendiar.
Oleosidade nos vidros – os combustíveis em suspensão na fumaça condensam-se nos
vidros e fica como um óleo passado nos vidros pelo lado de dentro.
A ignição da fumaça pode ser causada pela mistura de fumaça aquecida com o ar. A diferença
para o backdraft é que neste o ar vai em direção à fumaça e, na ignição da fumaça, a fumaça vai
em direção ao ar.
Outra forma de a fumaça entrar em ignição é o contato dela com uma fonte de calor (como
explicamos no flash fire).
Isso requer toda a tenção dos bombeiros quanto à movimentação e comportamento da fumaça
no ambiente.
Mesmo com pouca fumaça visível no ambiente, é possível ocorrer sua ignição. Com pouco
tempo de suspensão, parte da fuligem desce e a fumaça clareia, mas continua inflamável,
bastando uma fonte de calor para provocar sua ignição.
ação de rescaldo – se for feito sem cuidado, as brasas resultantes do incêndio serão
expostas pelos bombeiros e poderão ignir a fumaça acumulada;
uso incorreto da ventilação de pressão positiva – se não for utilizada da forma correta,
a ventilação pode empurrar a fumaça para outro ambiente onde haja uma fonte de
calor;
uso do jato compacto contínuo – devido à sua força, o jato pode empurrar a fumaça
para outro ambiente até uma fonte de calor capaz de deflagrá-la;
Medidas simples como impedir o acúmulo de fumaça no ambiente, mesmo que as chamas já
tenham sido debeladas, e o resfriamento e diluição da fumaça com pulsos de água atomizada
previnem sua ignição.
Ocorre com frequência Não ocorre com frequência Ocorre com frequência
5.1 - DEFINIÇÕES
Agente extintor – toda substância capaz de intervir na cadeia de combustão quebrando-a,
diminuindo a quantidade de comburente na reação, interferindo no ponto de fulgor do
combustível e/ou atuando por redução na formação de radicais livres, impedindo que o fogo
possa crescer e se propagar, controlando-o e/ou extinguindo-o.
Extintor portátil
5.2 FUNCIONAMENTO
Geralmente um extintor possui dois tipos de produtos: o agente extintor propriamente dito e
um gás propulsor que tem como função impulsionar o primeiro para fora do extintor quando
for utilizado. Em alguns casos, o agente extintor por ser um gás sob pressão (como por exemplo,
o dióxido de carbono), tem ambas as funções, dispensando um agente propulsor.
O agente propulsor pode permanecer juntamente com o agente extintor no mesmo recipiente,
ou então, estar em recipiente distinto, porém conexo, apenas aguardando que o operador o
libere para a pressurização da ampola com agente extintor, podendo assim, expulsá-lo.
Hoje em dia a maioria dos extintores que se encontra em aplicações comuns é do tipo “pressão
permanente”. Neste tipo de extintor, o agente extintor e o gás propulsor encontram-se
misturados no interior do extintor, a uma determinada pressão (geralmente indicada por uma
pequeno manômetro instalado no extintor). Quando o extintor é ativado o agente extintor, já
sob a pressão, é expelido por um tubo até à extremidade do difusor. A descarga pode ser
controlada através de uma válvula que existe na extremidade do tubo ou na cabeça do extintor.
Água
Pó Químico Seco
(PQS)
Pó Químico
Especial (PQE)
Dióxido de
Carbono (CO2)
(e gases inertes em
geral)
Uso possível, mas não
recomendado.
Espuma
Halon e
Halogenados
• tubo ou mangueira: conduz o agente extintor para o exterior através de um difusor ou bico de
descarga colocado na sua extremidade.
A Capacidade Extintora mínima de cada tipo de extintor portátil, para que se constitua uma
unidade extintora, deve ser:
Capacidade extintora
O extintor classe C não possui ensaio normatizado de capacidade extintora. Apenas se verifica
se o agente extintor conduz eletricidade ou não.
Outra observação a ser feita é que os extintores devem estar adequadamente posicionados na
edificação conforme projeto aprovado pelo Corpo de Bombeiros. O posicionamento adequado
visa limitar a distância máxima a percorrer em caso de necessidade de utilização de um Extintor.
Não adianta nada um extintor estar devidamente posicionado se o acesso a ele está obstruído,
assim, igualmente os extintores devem estar com acesso livre e desimpedido, devendo, mais
que isso, ficar visíveis. Muitos escondem extintores por considerar que atrapalham a estética
arquitetônica, mas se esquecem que, caso venham a precisar dele, muito provavelmente não se
lembrarão onde o esconderam.
Nesse passo, não adianta o extintor estar adequadamente posicionado e desobstruído se não
estiver funcionando, por isso, deve ser feito um trabalho sério de manutenção dos extintores.
Também é necessário que os ocupantes de uma edificação saibam escolher o extintor adequado
e saibam usá-lo corretamente.
Traçadas as observações acima, passemos aos passos que devem ser seguidos em um combate
a incêndio com extintores.
3. retirar o lacre e efetuar um teste ainda no local, pois se o extintor não estiver
funcionando, perder-se-á momentos preciosos deslocando ao foco um extintor inútil;
4. usar o extintor adequadamente conforme seu tipo (cada um tem uma forma de
utilização própria).
Extintor de Espuma
Empunhar a mangueira e apertar o gatilho, dirigindo o jato para um anteparo, de forma que, a
espuma gerada escorra cobrindo o líquido em chamas.
Se o líquido estiver derramado, primeiro deve-se fazer um aglomerado de espuma antes da poça
e depois forçá-la com mais espuma para sobre o líquido.
Extintor CO2
Como esse extintor funciona a alta pressão, quando o gás é liberado ele se resfria violentamente.
Para que não ocorra queimaduras pela baixa temperatura, o operador deve segurar a mangueira
pelo punho ou manopla e nunca pelo difusor.
Como o CO2 age principalmente por abafamento, sua utilização deve visar substituir o ar
atmosférico no espaço sobre o combustível, para tanto, o gatilho deve ser apertado
constantemente ou em rápidas sucessões para que se forme uma nuvem de gás sobre o
combustível e as chamas se apaguem pela ausência de O2.
Extintor de PQS
O extintor de PQS é facilmente confundido com o extintor de água, muito embora no rótulo
constem informações sobre classes de incêndio diferentes. No momento da adrenalina em um
incêndio, as letras não são enxergadas pela maioria das pessoas.
Uma maneira prática de diferenciá-los é batendo neles. Como o pó é um sólido, o som da batida
é grave e seco, enquanto que a água produz um som aberto e com pequeno eco.
O pó não se dissipa tão facilmente como o gás e tem também maior alcance do jato, então sua
utilização é diferente.
O jato não deve ser dirigido à base do fogo. Devem ser aplicados jatos curtos do pó, de modo
que a nuvem expelida perca velocidade e assente sobre o foco. O jato seguinte deve esperar o
assentamento da nuvem anterior para não deslocá-la sobre o foco antes de assentar.
Extintor de Água
Como o objetivo de usar água é conseguir um resfriamento do material, o extintor de água deve
ser usado buscando a máxima dispersão da água possível. Para tanto, o operador deve colocar
o dedo na frente do requinte para aspergir o jato (como uma mangueira de jardim) e acionar o
gatilho incessantemente dirigindo o jato em varredura por sobre o combustível em chamas.
Com já abordado anteriormente, é importante o bom funcionamento dos extintores para que
sirvam ao que propõem: extinguir pequenos focos de incêndio antes que se tornem grandes.
Para garantir o bom funcionamento dos extintores, é necessário que sejam seguidas as
seguintes manutenções:
Semanal – verificação se o posicionamento dos extintores está correto, bem como seu acesso e
sinalização.
Quinzenal – verificação do estado geral do extintor, com especial atenção para sinais de
impactos físicos e obstrução do requinte.
Mensal – conferência da pressão dos extintores pela checagem dos manômetros (o extintor de
CO2 não possui manômetro). Caso a pressão não esteja adequada, deve-se enviar o aparelho
para recarga.
Semestral – conferência do peso da ampola, no caso dos extintores de CO2. Caso haja perda de
mais de 10% do peso em relação ao peso do extintor quando recebido9, deve-se enviar o
aparelho para recarga.
Anual – o aparelho deve ser enviado para recarga e inspeção feita em empresa especializada.
Cuidados na inspeção
Cuidados na Manutenção
Recomendações
Proteja-se, exigindo que empresa de manutenção forneça um outro extintor para substituir o
seu, enquanto este estiver em manutenção.
O extintor de incêndio que sofreu manutenção apresenta um anel de plástico amarelo que indica
que o extintor foi aberto, entre a válvula e o cilindro, com identificação da empresa que realizou
a manutenção, o mês e o ano em que o serviço foi realizado (essa data é repetida no selo de
manutenção). Este anel não precisa ser trocado anualmente - somente quando o extintor tiver
sido usado - podendo permanecer no extintor por 5 anos, quando, então, será substituído após
terem sido feitos os testes de manutenção.
São materiais de extrema importância para os serviços de bombeiros, por isso é importante
conhecê-los, saber utilizar e manutenir de forma adequada.
6.1 – MANGUEIRAS
A capa externa tem duas finalidades: proteger o tubo de borracha da abrasão provocada pelo
atrito com o solo e auxiliar na resistência à pressão.
As mangueiras podem ter comprimentos variados, mas os mais comuns são de 10, 15 e 30
metros. Também podem apresentar diversos sistemas de conexão e diversas bitolas, calibres ou
diâmetros.
As mangueiras mais comumente utilizadas são de 1 ½ ” (uma e meia polegada) ou 38mm (trinta
e oito milímetros) e 2 ½ ” (duas e meia polegada) ou 63mm (sessenta e três milímetros).
Em relação sistema de conexão, no Brasil, o sistema mais adotado é o alemão, com juntas do
tipo STORZ.
Uma observação acerca do uso das mangueiras é que requerem o desenrolamento completo
para que possam ser usadas.
Antes do uso:
- conservar o forro com talco e as uniões com talco ou grafite, evitando o uso de óleo
ou graxa;
Durante o uso:
Após o uso:
- fazer rigorosa inspeção visual quanto ao estado da lona e das uniões, separando as
danificadas definitivamente, com um nó na extremidade;
- as mangueiras boas serão lavadas com água pura, sabão neutro e escovas de fibras
largas e macias;
ACONDICIONAMENTO
As mangueiras podem ser acondicionadas de diversas maneiras, dependendo da utilização mais
provável a que elas se destinam.
Acondicionamento Aduchada
Acondicionamento em Espiral
6.1 – MANGOTES
Mangotes são condutores de borracha utilizados para conduzir a água em sucção, da fonte de
suprimento até a bomba de incêndio, sofrendo, internamente, pressão negativa, razão pela qual
são reforçados por anéis com a finalidade de impedir que as paredes colabem no ato da sucção.
As mangueiras suportam apenas pressão positiva em seu interior e, caso fossem usadas para
sucção, ocorreria o colabamento de suas paredes internas. Por outro lado, os mangotes, devido
aos anéis de reforço para evitar o colabamento, não possuem a flexibilidade e maleabilidade das
mangueiras, sendo assim úteis apenas para sucção.
Sempre são acompanhados de ralos e filtros, para que impurezas, da fonte de suprimento, não
atinjam o corpo de bombas.
Podem ser de diversos comprimentos e diâmetros sendo mais comuns os de 2 ½ ” (duas e meia
polegada) ou 4 ” (quatro polegadas).
6.3 MANGOTINHOS
6.4 ESGUICHOS
Esguichos são peças metálicas ou não, montadas na extremidades das mangueiras, destinadas
a dirigir, dar forma e controlar o jato d'água.
TIPOS DE ESGUICHOS
dois orifícios de saída de água, um superior livre por onde é expelido o jato compacto e outro
inferior, de maior diâmetro, onde é encaixado o Aplicador de Neblina (2) (um prolongador para
aplicação de neblina) ou crivo para obtenção do jato em forma de chuveiro.
Esguicho regulável (4) – esse tipo de esguicho é utilizado quando se deseja jato em forma de
chuveiro (neblinado) ou jato compacto. Os jatos neblinado ou chuveiro são produzidos devido
ao choque dos filetes formado pelo desvio da água em sua trajetória, motivo pela existência na
boca do esguicho de um disco que obriga a água chocar-se contra seu rebordo de saída.
A regulagem é feita por um rosqueamento na manopla que desloca o disco na parte interna e
altera o ponto de choque da água, dando forma ao jato.
Esguicho agulheta (5) – é o tipo mais simples de esguicho encontrado, sendo de diâmetro menor
que a mangueira. Esse esguicho só produz jato compacto, e é mais comumente utilizado nos
hidrantes das instalações prediais.
Limitado em termos de técnica de combate por não apresentar opções de forma e controle do
jato d`água.
Anteriormente este esguicho era chamado de esguicho lançador de espuma, mas ele não lança
espuma, quem faz isso é a pressão da bomba.
“pistolas”. Em alguns casos também são chamados de “atomizados” pela capacidade que
possuem de pulverização da água.
Possuem injetado em plástico com acabamento ergonômico apropriado a comportar uma mão
fechada, com acomodação para os dedos. Tem um ângulo de inclinação de aproximadamente
30° e um desenho que permite boa fixação quando o operador estiver usando luvas.
É equipado com alavanca de vazão em peça de plástico de uso fácil e seguro, permitindo que o
usuário tenha controle efetivo da válvula de controle de vazão.
O controle de vazão é feito por um anel no mesmo material do corpo do esguicho, e tem gravado
de forma indelével as indicações de 30, 60, 95 e 125 que indicam a vazão existente na linha,
expressa em galões por minuto.
Além das 4 indicações básicas tem uma última posição que permite abertura total do corpo do
esguicho (flush), permitindo assim a saída de qualquer sujeira que venha a se alojar no corpo
interno no esguicho.
Entende-se por material hidráulico acessório, todo aquele que será utilizado para auxiliar no
emprego dos materiais hidráulicos, dependendo do esquema a ser montado.
DIVISOR
COLETOR
VÁLVULA DE RETENÇÃO
O proporcionador pode ser usado entre dois lances de mangueiras, daí o nome “entrelinhas”,
diretamente da expedição da bomba ou junto ao esguicho.
Encontra-se esse acessório nos diâmetros de 38mm e 63mm, e providos de juntas de união, do
tipo STORZ.
PASSAGEM DE NÍVEL
CHAVES
Chave de registro de hidrante tipo PISTÃO (2)– para abrir os registros de hidrantes que não
possuem volantes. É utilizada juntamente com LUVAS DE REGISTRO DE HIDRANTES (1) que são
peças que adaptam os diversos calibres de pistão ao tamanho da chave.
Chave de registro de hidrante tipo VOLANTE – para abrir os registros de hidrante que possuem
volante e os mesmos encontram-se além do alcance de um braço. O conector triplo da
extremidade, chamado de “pé de galinha”, é encaixado no volante da válvula e ao se girar a
barra transversal, a torção é transmitida ao volante permitindo a operação da válvula.
JUNTAS DE UNIÃO
REDUÇÕES
ADAPTADORES
CESTO
Material utilizado como complemento adicional ao ralo, pois, suas malhas impedem a entrada
de corpos estranhos menores no interior das bombas.
6.6 HIDRANTES
São dispositivos existentes em redes hidráulicas que possibilitam a captação de água para
emprego nos serviços de bombeiros, principalmente no combate a incêndio. Esse tipo de
material hidráulico depende da presença do homem para utilização final da água no combate
ao fogo. É a principal instalação fixa de água, de funcionamento manual.
HIDRANTE INDUSTRIAL
HIDRANTE DE PAREDE
HIDRANTE DE RECALQUE
Em virtude disso, dedicamos neste capítulo, uma atenção especial a esses agentes extintores
aprofundando um pouco o estudo acerca do seu uso nas operações de combate a incêndio.
A água é capaz de absorver grandes quantidades de calor e quanto maior a sua fragmentação
mais rápida é a absorção de calor.
A água possui elevado calor específico (perde apenas para o Hidrogênio e o Hélio) e tem o mais
elevado calor latente de vaporização dentre todos os líquidos à temperatura ambiente.
A transformação da água em vapor é outro fator que influencia na extinção de incêndios. Seu
volume aumenta 1.700 vezes, na passagem do estado líquido para o gasoso. Este grande volume
de vapor d’água desloca um volume igual de ar ao redor do fogo, reduzindo, deste modo, a
quantidade de oxigênio disponível para sustentar a combustão.
Para um melhor entendimento, vamor imaginar um esguicho descarregando 300 lpm (litros por
minuto) de água, em um local com temperatura maior que 100 ºC. A essa temperatura, a água
transformar-se em vapor. Durante um minuto de operação, 300 litros de água serão
vaporizados, expandindo-se para cerca de 510.000 litros (300 x 1.700) de vapor. Esse vapor é
suficiente para ocupar um compartimento medindo 17m de comprimento por 10m de largura e
3m de altura. Em atmosferas extremamente aquecidas, o vapor se expande em volumes ainda
maiores. Essa expansão é rápida, e se o local estiver tomado por fumaça e gases, o vapor, ali
gerado, expulsará esses gases.
7.2 PRESSÃO
Pressão é a ação de uma força sobre uma área. Em termos práticos, isto é, no serviço de
bombeiros, a pressão é a força que se aplica na água para esta fluir através de mangueiras,
tubulações e esguichos, de uma extremidade a outra. É importante notar que o fluxo em si não
caracteriza a pressão, pois se a outra extremidade do tubo estiver fechada por uma tampa, a
água estará “empurrando” a tampa, apesar de não estar fluindo.
Pressão dinâmica - é a pressão de descarga, medida na expedição, enquanto a água está fluindo.
Pressão estática - é a pressão sobre um líquido que não está fluindo, por exemplo, uma
mangueira com esguicho fechado, sendo pressurizada por uma bomba. A ação da gravidade
pode, também, produzir pressão estática. Por exemplo, no fundo de um tanque haverá pressão,
resultante do peso da água sobre a área do fundo do tanque.
Perda de carga - a água sob pressão tende a se distribuir em todas as direções, como quando se
enche uma bexiga de borracha com ar. Contudo, as paredes internas de mangueiras, tubulações,
esguichos, etc. impedem a expansão da água em todas as direções, conduzindo-a num único
sentido. Ao evitar a expansão da água, direcionando-a, as paredes absorvem parte da força
aplicada na água, “roubando” energia. Isto explica por que a força aplicada diminui de
intensidade à medida que a água vai caminhando pelas tubulações. A isto chamamos perda de
carga.
A força da gravidade é um outro fator que acarreta perda de carga. Quando a água é recalcada
de um nível inferior para um nível superior, a força da gravidade “puxa” a água para baixo, o que
diminui a pressão. A força da gravidade também poderá ser utilizada no aumento da pressão,
ao se fazer a água fluir de um nível superior para um nível inferior.
Devido aos arredondamentos desfavoráveis que consideram a perda por atrito, se dividirmos
por 3, temos que a perda de carga por gravidade pode ser considerada em termos práticos da
seguinte forma:
Segundo dados dos fabricantes de mangueira, considerando uma vazão de 30 galões por
minuto, a cada 15m de mangueira de 38mm, perde-se 2,25 PSI (ou 0,15 Kgf/cm2). Para as
mangueiras de 63mm a perda é de 0,225 PSI (0,015 Kgf/cm2)
EFEITO BERNOULLI
Para a aplicação de água e aproveitamento de seu potencial como agente extintor, os bombeiros
valem-se de equipamentos hidráulicos que se destinam a armazenar, conduzir e lançar água.
Tanques armazenam água, hidrantes a fornecem, tubulações e mangueiras a conduzem,
bombas a impulsionam (daqui que se origina o nome bombeiro – operador de bomba) e
esguichos dão “forma” ao jato d`água.
Assim nasceu a concepção dos esguichos. Inicialmente, cada esguicho prestava-se a um tipo de
jato e apenas dava forma. Com o tempo, regulagens foram acrescidas e as funções passaram a
ser mais variadas.
Outro esguicho, o regulável, amplamente utilizado no Brasil até os dias de hoje, permitia o
fechamento da água, além de regular o jato desde um estreito cilindro a um cone amplo,
bastando, para isso, o giro do bocal.
Um esguicho interessante foi o de vazão regulável. Além da regulagem do jato, ele permitia a
regulagem da vazão e da abertura e fechamento da passagem de água em mecanismos
independentes. Esse esguicho foi pouco utilizado pelo desconhecimento acerca das técnicas de
emprego e pelo peso que apresentava em sua modelagem inicial, já que era feito em pesadas
peças de uma liga metálica.
Com o desenvolvimento dos materiais, o esguicho de vazão regulável evoluiu para o esguicho
combinado. Feito de polímero e modelado por computador, o esguicho combinado permite, por
meio de mecanismos independentes, a regulagem de jato, a regulagem de vazão e a abertura e
fechamento rápidos. Isso permite o emprego de variadas técnicas de manejo que resultam em
diferentes aplicações de água.
O esguicho usado pelo CBMES foi desenvolvido para trabalhar com uma pressão residual de 100
PSI e possui regulagem de vazão de 30, 60, 95 e 125 gpm12, o que equivale a cerca de 115 a 470
lpm13. Opera com uma alavanca ligada a uma válvula tipo globo que permite a abertura e o
fechamento rápido independentemente das regulagens de jato e vazão.
- Jato “sólido”
- Jato compacto
- Jato neblina
JATO “SÓLIDO”
Sólido não é um termo muito apropriado para se designar um jato de água, uma vez que o
agente é lançado na forma líquida, mas, na falta de outro termo cunhado para designar esse
jato, empregaremos o termo consagrado oriundo da designação em inglês solid stream.
Sólido, obviamente, não se trata do estado físico da água, mas refere-se à plenitude do agente
no jato. O jato sólido é produzido pelo esguicho agulheta ou por esguichos de jato sólido14 (um
tipo agulheta com mecanismo de abertura e fechamento). O termo sólido, vem da formação do
jato como uma figura geométrica sólida, preenchida.
O “ponto de quebra” é o ponto, a partir do qual, o jato perde a configuração de jato contínuo e
passa a se fragmentar em grandes gotas que cairão ao solo, não penetrando no material como
se desejava, e, muitas vezes, nem alcançando o mesmo.
Por não estar fragmentado, o jato compacto chegará ao ponto desejado com maior impacto,
atingindo camadas mais profundas do material em chamas, o que pode ser observado em
materiais fibrosos.
Devido ao seu maior alcance, ele é apropriado para emprego no combate em modo defensivo
(externo) e/ou para atingir focos no interior de cômodos com dimensões amplas.
Muitos corpos de bombeiros americanos baseiam suas técnicas de combate apenas no emprego
do jato sólido e, por isso, usam apenas esguichos manuais do tipo smooth-bore.
- O jato promove uma menor absorção de calor por litro de água que outros jatos mais
fragmentados.
JATO COMPACTO
Por muito tempo no Brasil designou-se o jato mais “fechado” produzido pelo esguicho regulável
da mesma maneira que o jato produzido pelos esguichos de jato sólido. Entretanto, os dois jatos
são fundamentalmente diferentes.
No idioma americano a diferenciação já começa no termo. Enquanto que o jato produzido por
um esguicho de jato sólido é chamado de solid stream, o jato parecido produzido por um
esguicho de jato regulável é chamado de straight stream (jato direto ou reto). O último termo
destaca que, apesar da forma ser parecida, o segundo jato não é preenchido, não é “sólido”.
A falta de diferenciação dos termos em português em muito contribuiu para confusão entre os
dois.
Para diferenciar, adotaremos o seguinte: chamaremos o jato produzido pelo esguicho agulheta
ou similar de jato sólido, e o jato mais fechado produzido pelo esguicho com regulagem de jato
de jato compacto.
O emprego de ambos é semelhante, porém, o jato compacto não tem o mesmo alcance devido
à fragmentação da água provocada pelo anteparo que dá forma ao jato. Isso, por outro lado,
aumenta um pouco a capacidade de absorção de calor. Apesar de ter um alcance menor, como
o jato compacto pode ser usado em um esguicho com regulagem de jato, ele acaba por se tornar
mais versátil, já que o uso deste tipo de esguicho permite o emprego de variadas técnicas de
combate.
JATO NEBLINADO
Neste tipo de jato, a água fragmenta-se em gotas. É usado quando a absorção de calor é
priorizada em relação ao alcance. A fragmentação da água oferece uma maior área de contato
o que permite absorver maior quantidade de calor que os jatos sólido ou compacto.
Devido ao alcance reduzido e à grande influência que sofre do vento, o jato neblinado encaixa-
se melhor em táticas de combate ofensivas.
O jato neblinado assume a forma de um cone cuja parede é formada por gotas de água.
Conforme a abertura do cone, o jato é dividido em neblinado estreito e neblinado amplo.
A abertura do cone influencia na aplicação do jato, uma vez que, quanto mais aberto, maior a
fragmentação da água e consequentemente, menor a velocidade, menor o alcance e maior a
absorção de calor.
Há esguichos que produzem um cone vazio e outros, que produzem um cone “cheio”. O cone
cheio, na verdade, não é cheio, mas possui outro cone mais estreito em seu interior.
Outra característica do jato neblinado é que oferece muito menor dificuldade de guarnecimento
da mangueira, pois o recuo provocado por esse jato é muitíssimo menor devido à menor
velocidade da água, o que gera menos pressão dinâmica.
Devido à velocidade da água e área de contato com o ar, por causa do princípio de Bernoulli, o
jato neblinado provoca um grande arrasto dos gases ao redor, seja ar ou fumaça. Essa
característica possibilita o emprego desse jato para ventilação (ver capítulo específico).
O jato neblinado estreito, devido às suas características, é muito útil para a proteção contra
calor irradiado podendo ser usado para proteger os bombeiros de uma linha ou até mesmo
material não queimado.
A fragmentação da água faz com que ela absorva calor muito mais rapidamente que nos jatos
compacto e sólido. Devido a este fato, o jato neblinado produz uma quantidade maior de vapor
e o faz mais rapidamente que os jatos compacto e sólido.
Para que a fragmentação seja eficiente, a pressão residual deve ser elevada, caso contrário as
gotas produzidas serão grandes demais, destruindo as características vantajosas desse jato. O
esguicho combinado utilizado pelo CBMES foi desenhado para ser eficiente com uma pressão
residual de 100 PSI (aproximadamente 7 kgf/cm2).
JATO NEBLINA
Ampliando mais a abertura da regulagem do jato nos esguichos, chega-se a um ponto no qual,
dependendo da pressão aplicada, o cone se desfaz, perde a forma e não há mais
verdadeiramente um “jato”, mas uma névoa de gotículas de água que sai do esguicho.
Devido ao tamanho das gotículas e da baixa velocidade do jato neblina, ele sofre grande
influência do vento e tem pouco alcance.
Em virtude da maior fragmentação (as gotículas são menores), a água se vaporiza mais
rapidamente que nos jatos compacto e neblinado, absorvendo o calor com maior rapidez. Isso
provoca uma geração rápida e grande de vapor de água.
Com esses tipos de jato e com as demais regulagens que mecanismos nos equipamentos
hidráulicos permitem, podemos empregar variadas técnicas para aplicação de água no
combate a incêndios.
A aplicação de água por uma linha de mangueira pode ser muito diversificada. A forma e
eficiência com que a água é lançada varia conforme vários fatores:
Pressão – quanto maior a pressão imprimida pela bomba, maior pode ser a velocidade com
que flui a água ao deixar o esguicho. Em consequência disso, em um esguicho com a
regulagem mantida, a pura variação da pressão acarretará mudanças no jato como alcance,
dispersão, fragmentação, etc.
Vazão – quanto maior a vazão, maior a quantidade de água que flui, o que é óbvio. Menos
óbvio é que a vazão interfere na fragmentação do jato e, principalmente, é o fator que mais
influi no “recuo” da mangueira. Quanto maior a vazão, maior a força que o jato d’água faz
empurrando a mangueira para trás e maior também será o golpe de aríete provocado pela
interrupção brusca no fluxo de água.
Regulagem do jato – a regulagem de jato possibilitada pelo esguicho permite uma variação no
jato, afetando principalmente o seu formato, além disso, a fragmentação e a velocidade da
água (conforme já visto).
Abertura – a abertura do esguicho interfere no jato. A quantidade de água lançada e, até certo
ponto, a velocidade da água, são grandemente influenciadas pelo manejo do mecanismo de
abertura
- Qualquer jato de água sobre um mesmo ponto por mais de 3 segundos é ineficiente.
Se nesse tempo o jato não for capaz de sobrepujar as chamas (taxa de absorção de
calor < taxa de liberação de calor) é sinal que é necessário aumentar a capacidade de
resfriamento pelo aumento da quantidade de água (maior vazão ou mais linhas) ou
pela otimização de seu emprego (maior fragmentação).
o Perturba o balanço térmico trazendo aos níveis mais baixos o excesso de calor
dos níveis superiores
o Com a descida do plano neutro, perde-se visibilidade;
o O vapor penetra na capa de aproximação, queimando os bombeiros;
- Água que escorre é água desperdiçada, pois ela absorve muito mais calor para
evaporar e na forma de vapor, do que para aquecer no estado líquido.
7.4 – ESPUMA
Como se trata de água aplicada com aditivo, trataremos do assunto nesse capítulo sem
abrir capítulo exclusivo para o tópico.
A espuma apaga o fogo por abafamento, mas, devido à presença de água em sua
constituição, age, secundariamente, por resfriamento.
ATUAÇÃO DA ESPUMA
Resfriando o combustível:
Isolando os gases inflamáveis: os líquidos podem liberar vapores inflamáveis. A espuma impede
a passagem desses vapores, evitando incêndios.
FORMAÇÃO DA ESPUMA
A espuma pode ser formada por reação química ou processo mecânico, daí as denominações:
espuma química ou espuma mecânica.
Devido às desvantagens que apresenta, vem se tornando obsoleta, uma vez que a espuma
mecânica é mais econômica e eficiente, de fácil utilização na proteção e combate ao fogo.
Espuma mecânica - é formada pela mistura de água, líquido gerador de espuma (ou extrato
formador de espuma) e ar.
A espuma mecânica é classificada, de acordo com sua taxa de expansão, em três categorias:
Baixa expansão: quando um 1 litro de pré-mistura produz até 20 litros de espuma (espuma
pesada);
Alta expansão: quando 1 litro de pré-mistura produz de 200 a 1.000 litros de espuma
(espuma leve).
LGE proteínico (ou protéico) - É produzido a partir de proteínas animais e vegetais, às quais são
adicionados (dependendo do tipo de extrato) outros produtos. A partir desta mistura, são
obtidos os vários tipos de extratos:
proteínico resistente a solventes polares: é obtido a partir de proteínas que são misturadas
a produtos especiais que aumentam a estabilidade da espuma contra solventes polares.
Pode ser usado tanto em incêndios em líquidos polares como não polares. Por este motivo
é chamado de “polivalente”.
As espumas sintéticas dividem-se nos tipos: comum, “água molhada”, “água leve” e espuma
resistente a solventes polares.
Espuma sintética comum: pode ser usada em baixa expansão, média expansão, alta expansão e
também como água molhada.
Baixa expansão: espuma pesada e resistente, para incêndios intensos e para locais não
confinados. É a maneira de aplicação mais rápida e eficiente da espuma sintética comum.
Média expansão: mais leve que a de baixa expansão e mais resistente que a espuma de alta
expansão.
Alta expansão: caracteriza-se por sua grande expansão, por causar o mínimo de danos, não ser
tóxica e necessitar de pouca água e pressão para ser formada. É ideal para inundação de
ambientes confinados (porões, navios, hangares). Nestes locais, deve haver ventilação para que
a espuma se distribua de forma adequada. Sem ventilação, a espuma não avança no ambiente.
O uso da espuma de alta expansão em espaços abertos é eficiente, mas depende muito da
velocidade do vento no local.
A espuma não é tóxica, mas a entrada do bombeiro dentro dela é perigosa, pela falta total de
visibilidade. Não se deve esquecer que a espuma produzida próxima ao local do fogo pode estar
com ar contaminado pelas substâncias tóxicas geradas pela combustão. Assim, o bombeiro deve
usar aparelhos de respiração autônoma para entrar na espuma, bem como um cabo guia.
Quanto maior a taxa de expansão, mais leve será a espuma e menor será sua capacidade de
resfriamento.
AFFF – AQUOUS FILME FORMING FOAM (Espuma Formadora de Filme Aquoso) é uma espuma
sintética, à base de substâncias fluoretadas, que forma uma película aquosa que permanecerá
sobre a superfície do combustível, apagando o fogo e impedindo a reignição.
Pode ser aplicado com qualquer tipo de esguicho, embora seja recomendada sua utilização com
esguicho gerador (ou produtor de espuma), e é compatível com o pó químico, isto é, pode haver
ataque a incêndio utilizando os dois agentes extintores ao mesmo tempo. O AFFF não se presta
à alta ou média expansão.
Água molhada: trata-se da utilização do AFFF “6%” em proporção menores, de 0,1 a 1% na pré-
mistura, aplicado com esguicho regulável ou universal. É um agente umectante. Nesta
proporção, há baixa tensão superficial (menor distância entre as moléculas da água), permitindo
maior penetração em incêndios tipo classe A. Outra aplicação para a “água molhada” se dá como
agente emulsificador, para remoção de graxas e óleos (lavagem de pista, por exemplo);
Sintética resistente a solventes polares: é uma espuma sintética à qual são acrescentados
aditivos que a tornam resistente a solventes polares. Presta-se para o combate a incêndio
envolvendo líquidos polares e não polares
Espumas Classe A
Tem crescido no mundo o uso de LGEs formadores de Espuma Classe A. Tais espumas são
formadas mecanicamente pela injeção de ar comprimido na linha, facilitando a maneabilidade
da linha pela redução do peso da mangueira cheia.
As espumas classe A são boas para molhar e resfriar os combustíveis sólidos, suprimir os vapores
e reduzir a fumaça. A espuma classe A também forma uma superfície clara e opaca capaz de
refletir o calor. Além disso, a espuma adere à superfície do material e prende a água na superfície
que tenderia a escorrer caso não fosse aplicada com a espuma.
O uso desse tipo de espuma requer equipamento específico acoplado à bomba que,
normalmente, é de elevadíssimo custo. Isso tem limitado o uso desse tipo de espuma.
APLICAÇÃO DE ESPUMA
A melhor maneira de aplicar espuma é lançá-la contra uma superfície sólida (anteparo, borda
do tanque, parede oposta ou outro obstáculo) de maneira que a espuma escorra, cobrindo o
líquido em chamas.
Se o líquido está derramado no solo (poças), deve-se, inicialmente, fazer uma camada de
espuma à frente do fogo, empurrando-a em seguida. O jato deve atingir toda a extensão da
largura do fogo, em movimentos laterais suaves e contínuos.
Não se deve jogar “espuma contra espuma”, porque a cobertura será destruída.
A espuma não deve ser jogada diretamente contra a superfície de um líquido em chamas,
porque o calor e o fogo irão destruí-la. Para se aplicar a espuma eficientemente, deve-se formar
uma camada com pelo menos 8cm de altura sobre o líquido inflamado.
Para uma boa formação e utilização da espuma, algumas regras básicas devem ser obedecidas:
Não utilizar espuma em incêndio de classe C e nem em materiais que reajam violentamente
com a água.
LGEs diferentes não devem ser misturados, pois a mistura prejudica a formação da espuma.
Alguns pós-químicos são incompatíveis com espuma. Se forem usados simultaneamente,
pode ocorrer a destruição da espuma (certificar-se de quais são os pós-químicos
compatíveis, antes de atacar o fogo, combinando ESPUMA + PQS).
Os equipamentos devem ser inteiramente limpos com água, após o uso.
Tradicionalmente a viatura de combate a incêndio era o Auto Bomba Tanque (ABT) viatura
equipada com tanque de água com razoável capacidade (3000 a 6000 litros), bomba hidráulica
para impulsionar a água e design próprio para acomodar os diversos tipos de equipamentos
hidráulicos.
Algumas viaturas, além de água, conduziam baterias de outros agentes extintores como CO2 e
PQS. Em suma, a equipe guarnecia uma viatura destinada a operações de combate a incêndio.
A composição das guarnições variaram muito conforme o tempo e o lugar. Muitas tinham a
seguinte composição:
Ocorreu que, com o passar do tempo, as técnicas de administração mais modernas alcançaram
a composição das guarnições.
Novos equipamentos foram desenvolvidos, como por exemplo, esguichos que permitem o
trabalho com elevadas pressões sem a necessidade de vários homens para segurarem a
mangueira. Outra inovação que teve impacto a composição das guarnições foi a criação de
viaturas multifunção, ou seja, projetadas para servirem de suporte para materiais que
possibilitem o atendimento a emergências de variados tipos além do incêndio.
Além das inovações tecnológicas, as novas escolas da Administração acabaram por influenciar
de modo crescente a gestão pública que passou a enxergar de forma diferente o gerenciamento
dos recursos, sobretudo, dos recursos humanos.
Com a demanda crescente pelos serviços estatais e a crescente exigência quanto à qualidade de
tais serviços, a Administração Pública resolveu pulverizar o efetivo espalhando quartéis e
maximizando o aproveitamento de pessoal valendo-se das inovações tecnológicas.
Devido a esses fatores em muitos lugares o efetivo da guarnição reduziu-se. Em outros tantos,
além disso, ele passou a ser encarregado das ocorrências de incêndio e salvamento, com o
emprego de viaturas multifuncionais.
Uma das primeiras funções que foi cortada foi a do encarregado de hidrantes. Com as soluções
de telemática integradas, os Centros de Operações podem monitorar em tempo real as viaturas
por meio de sinal de GPS e orientar via rádio o melhor itinerário a seguir. Com mapas digitais da
cidade, podem, inclusive, indicar a localização dos hidrantes próximos de onde estiver a viatura.
Em muitos estados a doutrina continua apontando para guarnições com elevado número de
componentes e a formação e especialização dos novos bombeiros dá-se igualmente com base
no ideal de guarnição completa.
No CBMES rompemos com esse paradigma e reinventamos nossa doutrina. Percebemos que
não adiantava ensinar e treinar as técnicas e táticas como se a guarnição fosse composta por 8
ou 9 homens como constava na teoria, na doutrina escrita, adotada e ensinada. Na prática as
guarnições eram compostas por efetivo muito menor. Isso inviabilizava a colocação em prática
da doutrina e fazia com que as guarnições tivessem que atuar de improviso para suprir as
funções não preenchidas.
1. Ch Gu 4. Ch L
2. Aux Gu 5. Aux L
3. COV
Apesar de entendermos esse como o efetivo mínimo de uma guarnição, não fechamos os olhos
para a realidade prática e fática que acomete sobretudo os quartéis do interior do Estado, nos
quais, muitas vezes a guarnição é ainda mais reduzida com o Chefe acumulando a função de
COV e, as vezes, auxiliado por apenas mais dois bombeiros. Desta feita, no desenvolvimento da
doutrina e nos treinamentos procuramos não apenas mostrar o funcionamento da guarnição
ideal, mas também traçar diretrizes para o funcionamento da guarnição reduzida, para, com
isso, reduzir a dependência do improviso.
Comandar as operações quando sua guarnição for a única empenhada ou quando for o
mais antigo na cena;
Secundar o oficial Ch Op no desempenho de sua missão;
Fazer a chamada do pessoal da respectiva guarnição, por ocasião das revistas, antes e
após o regresso ao quartel, ao término da execução de operações de BM;
O Aux Gu é peça chave na guarnição. É uma espécie de “coringa” e coordenará a execução das
manobras de variação tática determinadas pelo Ch Gu.
Cooperar com o chefe de linha, armando a sua linha e executando as ordens deste, do
Ch Gu ou do Aux Gu;
Não abandonar o chefe, senão no cumprimento das ordens;
Alertar seu chefe quanto aos perigos percebidos (circuitos elétricos, desabamentos,
explosivos, etc.;
Participar da conferência do material carga da viatura;
Operar o rádio instalado na viatura, sem prejuízo das operações, quando estacionada,
não havendo na guarnição elemento destinado para esta função;
1. Na assunção de serviço:
1.1. Conferir material em carga na Vtr (Ch Gu coordenando operadores).
1.2. Conferir as condições da Vtr e da manutenção de 1º esc. (COV).
2. Por ocasião do Acionamento:
2.1. COV – Tomar postos na Vtr e prepará-la para partida.
2.2. Ch Gu – Avaliar se o equipamento disponível na Vtr é suficiente para atender à natureza
da ocorrência, em caso negativo determinar que a Gu providencie o material junto ao
Almoxarifado.
3. Durante o deslocamento:
3.1. COV – conduzir a Vtr em segurança.
3.2. Ch Gu – Buscar com operador de Com informações sobre a ocorrência.
3.3. Equipar o EPI e EPR, se possível pela configuração da Vtr (todos exceto COV).
4. Estabelecer a Vtr ao chegar considerando (Ch Gu e COV)
- Segurança do local, mesmo em prejuízo dos demais itens.
- Proximidade do sinistro
- Proximidade de pontos de abastecimento
- Espaço para manobras da Vtr e do possível reforço
5. Uma vez estabelecida a viatura:
5.1 Ch Gu – Comunicar ao Centro de Operações a chegada ao local e Instalar SCO com a
designação das funções na medida do necessário e possível.
5.2 Ch Gu – Iniciar um reconhecimento visual.
- COV – Isolar a Vtr e sinalizar o trânsito para segurança da operação.
- Aux Gu – Auxiliar Ch Gu a equipar EPR.
- Operadores: equipar EPR
6. Ch Gu – Efetuar reconhecimento e dimensionamento da cena, recolhendo informações com
solicitante ou presentes e solicitando, desde já, os reforços se julgar necessário e buscando
determinar linha de ação para acessar e dominar os focos.
- Operadores, Aux Gu (posiciona o que lhe compete enquanto desloca para o reconhecimento)
e COV: Montar o estabelecimento básico (conforme protocolo próprio).
- Aux Gu:
O protocolo de procedimentos acima foi elaborado para atender às atividades comuns a quase
toda ocorrência de incêndio estrutural de qualquer porte. Perceba-se que ele não cuida da
tática, que variará conforme a situação, o gerenciamento de risco e dimensionamento da cena.
O ciclo de uma ocorrência de incêndio inicia-se antes do atendimento, portanto, antes das fases
do socorro.
Eclosão do incêndio
Detecção do incêndio
Acionamento do Corpo de Bombeiros
Atendimento
Pedido de perícia
Trabalhos periciais
Dentro desse ciclo, o que nos interessa é o atendimento, cujas fases são o objeto do presente
capítulo. Tais fases são:
Aviso
Composição do trem de socorro (Partida)
Deslocamento
Reconhecimento
Estabelecimento
Combate
Salvamento
Rescaldo
Relatório
9.1 – AVISO
O aviso da ocorrência pode acontecer via rádio, quando é passado pelo Centro de Operações a
uma Unidade BM; via telefone, passado pelo solicitante, que pode ser outra Corporação como
a PM, por exemplo, que, por estar na rua, pode tomar conhecimento do sinistro antes dos
bombeiros; ou via pessoal, quando alguém se desloca até o quartel e avisa verbalmente do
sinistro.
Esta fase é tão importante quanto qualquer outra. Nela o Operador de comunicações em
contato com o solicitante deve levantar o maior número de informações possíveis sobre a
ocorrência.
Para a composição do trem de socorro é necessário que se saiba a natureza da ocorrência para
que se possa equipar a viatura com o material necessário ao atendimento caso o equipamento
básico da viatura não seja suficiente.
Para que o deslocamento seja iniciado é necessário o endereço em linhas gerais (município e
bairro principalmente).
Outras informações devem ser coletadas durante o deslocamento do trem de socorro para que
a guarnição possa preparar-se mentalmente para a ocorrência e possa ir traçando um plano e
tomando providências.
Quanto mais informações sobre a ocorrência melhor, mas eis alguns exemplos de elemento de
informação de grande valia para o atendimento:
- Etc.
Essa fase consiste tanto em compor o trem de socorro, ou seja, escolher quais viaturas deslocar-
se-ão para o atendimento à ocorrência bem como em providenciar os equipamentos
necessários e que não constem na carga básica da(s) viatura(s).
Os equipamentos que não constem na carga básica da viatura serão providenciados de acordo
com a demanda determinada pela natureza da ocorrência, por isso é importante que o operador
de comunicações na fase de aviso consiga delinear as peculiaridades da ocorrência antes de
repassar o atendimento à guarnição.
9.3 – DESLOCAMENTO
Consiste no deslocamento do trem de socorro até o local da ocorrência. Este deslocamento deve
ser feito atentando para a segurança dos bombeiros e das viaturas. Os sinais luminosos e
sonoros devem estar acionados e o cuidado deve ser extremo nos cruzamentos e curvas.
Convém lembrar que o Corpo de Bombeiros trabalha sobre rodas e de nada adianta possuir as
mais avançadas viaturas e equipamentos se estes não chegarem ao local do sinistro. Um
acidente pode transformar os bombeiros em vítimas e demandarem uma operação para seu
atendimento além de retardar ou impossibilitar o atendimento à ocorrência para a qual se
deslocavam.
O deslocamento deve ocorrer priorizando a segurança, pois, por melhores que sejam os
equipamentos, de nada valem caso um acidente impeça a viatura de chegar à ocorrência. Por
isso, deve-se tomar todo o cuidado no deslocamento para que se consiga chegar à ocorrência.
São cuidados básicos o acionamento dos sinais luminosos e sonoros.
Esta etapa remete à importância que deve ser dada aos Condutores e Operadores de Viaturas
(COVs). Os COVs devem ser bem selecionados e treinados.
Cumpre lembrar nesta fase também da importância que deve ser dada à manutenção das
viaturas, pois, já foi dito que “o bombeiro trabalha sobre rodas”. Caso as viaturas não funcionem
não há como chegar à ocorrência de maneira adequada.
9.4 – RECONHECIMENTO
Chegando ao local do sinistro a primeira providência a ser tomada por parte do responsável pela
operação é o reconhecimento. Ao aproximar-se do local sinistrado o responsável já deve estudar
rapidamente um local seguro para o estabelecimento das viaturas. Este local deve estar isento
de riscos tais como desmoronamento, propagação do incêndio, acidentes automobilísticos e
outros.
Depois de estabelecida a Vtr, antes do início das operações de combate, recomenda-se que se
confirmem as informações levantadas e repassadas pelo operador de comunicações ou que se
levante estas informações na impossibilidade de haverem sido levantadas anteriormente. O
Responsável pela operação deve, se for o caso, adentrar à edificação sinistrada acompanhado
de mais um ou dois auxiliares, equipados com aparelhos de respiração autônoma e cabo guia.
No interior da edificação devem:
- Localizar os focos;
- Levantar risco de propagação;
- Material combustível que está incendiando;
- Material combustível que pode ser atingido;
Há uma observação a ser feita a respeito dessa fase. Se se considerar que reconhecimento trata-
se da coleta de informações para o combate, ver-se-á que, na verdade, essa fase se inicia no
aviso com o operador de comunicações e durará enquanto durar os trabalhos de atendimento,
seja, até durante o rescaldo.
9.5 – ESTABELECIMENTO
Essa fase consiste no posicionamento tático dos meios materiais para o combate a incêndio.
Compreende desde o posicionamento da(s) viatura(s) até à montagem do estabelecimento de
mangueiras.
O posicionamento das viaturas deve ser feito em local adequado, livre de riscos, que impeça o
mínimo possível o trânsito de veículos nas vias públicas e que facilite as manobras de combate
e de abastecimento.
A fase de estabelecimento ocorre em duas etapas: uma inicial, após um reconhecimento prévio
e outra após o reconhecimento completo e definição do local para o estabelecimento e da
disposição das viaturas. Nesta disposição as viaturas de Resgate devem ter saída facilitada e
deve haver possibilidade de estabelecimento de viaturas de apoio como carros-pipa, Auto
Escada, e Auto Plataforma.
9.6 – COMBATE
Esta fase compreende o combate a incêndio propriamente dito que é composto por:
Isolamento;
Confinamento;
Ataque ou extinção e
Rescaldo.
Veja-se que combate é diferente de extinção sendo mais amplo que esta, haja vista que
combater o incêndio envolve muito mais do que apenas extinguir as chamas.
Veremos cada uma das ações de combate detalhadamente adiante, mas, para clarear a lição ora
tratada, apresentam-se a seguir breves definições de cada uma das ações que podem compor a
fase conhecida como combate.
Isolamento – consiste nos esforços efetuados com o intuito de impedir que o incêndio
propague-se para sistemas vizinhos. O objetivo não é apagar as chamas, mas limitar sua
progressão salvaguardando sistemas inatingidos. Por exemplo, são os esforços para impedir
que o fogo se espalhe para uma casa vizinha à sinistrada, para impedir que o fogo passe de um
carro para outro, de um tanque de material para outro, etc.
Confinamento – são os esforços despendidos para evitar que o fogo espalhe-se dentro de um
mesmo sistema. Em um incêndio em edificação, o confinamento visa impedir que o fogo se
espalhe atingindo mais cômodos. Não são ações que visam extinguir as chamas.
Extinção – são as ações que visam apagar as chamas. As ações de extinção empregam recursos
objetivando a extinção do fogo.
O rescaldo será tratado mais adiante, já que é tratado como uma fase própria nas operações de
socorro, apesar de constituir-se como parte do combate.
Há ainda as técnicas de ventilação, mas estas podem ser entendidas como técnicas com o
objetivo de realizar uma das operações acima à exceção do rescaldo.
As técnicas de combate serão tratadas em capítulo à parte pelo seu extenso conteúdo.
9.7 – SALVAMENTO
Consiste no desenvolvimento dos trabalhos de busca das vítimas, bem como a retirada dessas
vítimas do incêndio.
Pode ocorrer que seja necessário primeiro extinguir parte do incêndio para que se tenha acesso
às vítimas, como pode ocorrer que, por haver um efetivo reduzido na guarnição, primeiro se
busque a localização e retirada das vítimas para depois enfatizar-se o combate.
9.8 – RESCALDO
Combatido o incêndio, o Cmt do socorro deverá proceder a uma rigorosa inspeção em todas as
dependências do prédio sinistrado, estendendo tal vistoria aos prédios vizinhos, a fim de
verificar se há possibilidade de reignição de focos.
Uma inspeção mal feita e incompleta poderá dar motivo para uma nova chamada ao mesmo
local.
Depois de feita a inspeção, sendo constatado que não há mais fogo e que o mesmo manda que
o socorro se desarme.
Ainda nesta fase o Cmt do socorro dependendo do desgaste da equipe durante os trabalhos,
determina a substituição de sua equipe por outra descansada para realização do rescaldo.
Chama-se de rescaldo às iniciativas tomadas na fase final dos incêndios, visando evitar a
reignição, garantindo extinção plena e o estado de segurança local.
São operações demoradas e cansativas, exigindo remoção e ação resfriadora nos escombros e
braseiros.
9.9 – REGRESSO
Convém que antes do deslocamento em retorno, as viaturas que dispõem de tanque de água
sejam abastecidas, pois, em caso de novo acionamento, já estão em condições para o combate.
É de salutar importância que nessa reunião a postura dos integrantes da guarnição seja o mais
madura possível e que se tenha em mente que o objetivo não é criticar negativamente os
colegas de serviço, mas a atuação da guarnição.
Se um bombeiro cometeu uma falha, ela deve ser apontada, mas o colega que apontar a falha
deve ter em mente que poderia ter sido ele a falhar caso estivesse executando o mesmo serviço
e deve ter em mente que, no próximo serviço, talvez seja ele a falhar. Com isso em mente a falha
é apontada de forma construtiva, para que seja corrigida, afinal, esse é o objetivo da crítica e
não o que falhou ser humilhado pelo erro cometido. A humilhação do que errou não contribui
para a melhora.
Caso se verifique nessa reunião que um procedimento padrão não atendeu, suas falhas devem
ser comunicadas para que a doutrina seja revista.
No regresso também, o Chefe de Guarnição ordena que seja feita toda a conferência do material
(estado físico de cada um), caso seja necessário, efetuar substituição. Os motoristas ficam
responsáveis pelo abastecimento tanto de água como de combustível de suas viaturas.
9.10 – RELATÓRIO
O objetivo principal do Corpo de Bombeiros é evitar incêndios. Para isso, é necessário que os
bombeiros tenham instrução adequada e a comunidade esteja educada sobre o assunto. Estas
duas etapas só poderão ser alcançadas através de estatísticas confiáveis que indiquem causas
prováveis de incêndio. Estas estatísticas são produzidas através dos relatórios, que são a única
fonte de informação sobre ocorrências de incêndio. Os relatórios são a retroalimentação do ciclo
operacional dos serviços de bombeiros suprindo o sistema de informações preciosas acerca de
prevenção e combate.
ESQUEMA DIDÁTICO
Como foi visto, as fases do socorro não acontecem linearmente, pois o reconhecimento se
estende desde o aviso até o rescaldo, o salvamento e combate acontecem em ordem não
determinada ou simultaneamente e o rescaldo, na verdade é parte dos esforços de combate
uma vez que objetiva a extinção do incêndio.
Isto posto, elaboramos o esquema didático abaixo conforme essas considerações. De acordo
com o estudado, as fases do socorro ficariam assim:
Aviso
Composição do trem de socorro
(Partida)
Deslocamento
Reconhecimento
Estabelecimento
Combate*
Salvamento
Rescaldo*
Regresso
Relatório
Antes de falarmos sobre as técnicas de combate propriamente ditas, é necessário que falemos
dos modos de ataque ou táticas.
As operações de combate a incêndio estrutural (as que ocorrem em edificações) podem ser
conduzidas por duas linhas diferentes de ação: ofensiva e defensiva.
De modo geral, duas situações remetem o combate a incêndio estrutural ao modo defensivo:
Todos em uma operação devem saber o modo de atuação, pois, como uma edificação tem
geralmente no mínimo 4 lados, não é possível que o responsável vigie todas as frentes de
combate. Isso quer dizer que uma linha pode não saber o que a outra está fazendo, podendo
gerar um problema caso não se saiba o modo de atuação.
Digamos que uma linha inicie um combate defensivo de um lado enquanto outra linha em um
lado adjacente resolva penetrar na edificação. A atuação da primeira linha pode gerar um
fenômeno de comportamento extremo do fogo que nem sequer será anunciado se não se
souber que alguém adentrou mudando a operação para defensiva. Por isso todos devem saber
o modo de atuação, e a decisão sobre qual será adotado cabe ao responsável pela operação.
Os bombeiros devem estar aptos a executar com rapidez e eficiência as evoluções determinadas
pelo comandante da guarnição. Este nível de profissionalização é alcançado quando há
empenho no treinamento por parte das guarnições que trabalham juntas. A familiaridade com
os equipamentos de combate a incêndio e com as técnicas é obtida através de instrução
constante.
A guarnição deve trabalhar como uma equipe, onde cada bombeiro tem sua missão definida
conforme o protocolo de procedimentos para as situações.
Os brigadistas, por geralmente não disporem de EPI capaz de permití-los realizar um combate
ofensivo, devem proceder apenas o combate no modo defensivo.
Técnicas de combate a incêndio são formas de utilização dos meios disponíveis para combater
incêndios com maior segurança e com um mínimo de danos durante o combate. Como já
mencionado anteriormente, combater incêndios não é sinônimo de “apagar o fogo”. Combater
é combater. Importante frisar isso, por mais redundante que pareça. Muitas ações de combate
não tem o objetivo de apagar o fogo, de extinguir as chamas. Muitas vezes o combate requer
ações que focam outros objetivos.
No combate a incêndio, muitas vezes faz-se necessário o emprego de tais ações antes, durante
ou após os trabalhos de extinção propriamente ditos.
O ISOLAMENTO abrange as ações de bombeiro que tem por objetivo impedir a propagação de
calor e fogo para outros locais na vizinhança de um incêndio. É a tentativa de impedir que o
incêndio alcance outro sistema15 além do que já está sinistrado.
A decisão quanto ao emprego desta ação envolve a consideração de alguns fatores, uma vez
que o isolamento sempre desvia linhas de ataque ao fogo e consome agente extintor, a saber:
15 Por sistema, compreendemos estruturas que podem ser sinistradas como um edifício, um
reservatório, um galpão, uma planta industrial, um veículo, etc. São estruturas que podem ser
individualmente consideradas em si mesmas e que, quando sinistradas isoladamente já se pode
considerar um incêndio e não um foco.
O isolamento pode ser feito resfriando os sistemas com risco de serem atingidos por meio da
aplicação de água. Tal medida visa diminuir o efeito da radiação de calor. Essa forma é muito
usada em incêndios em tanques de combustíveis para resfriar o tanque vizinho.
Pode ainda ser feito com o uso de jatos neblinados ou neblina direcionados para o sistema
sinistrado, pois, assim, além de bloquear a radiação, o combate pode ser realizado
simultaneamente.
Outras medidas mais simples podem ser adotadas dependendo da forma como se verifica que
o incêndio pode se propagar para o sistema vizinho. Por exemplo, pode ser uma medida eficaz
o mero fechamento das janelas para evitar a penetração de fagulhas trazidas pelo vento ou
evitar a penetração de fumaça superaquecida.
CONFINAMENTO é o conjunto de ações executadas dentro de uma edificação que visam impedir
a propagação de fogo e calor a compartimentos ainda não atingidos pelo incêndio..
A tendência dos gases aquecidos é subir, o que torna urgente o confinamento em incêndios
verticais tanto mais quanto mais baixo for o andar onde se localiza o sinistro.
Nos incêndios a propagação ocorre lateralmente, de cima para baixo e de baixo para cima,
merecendo ação preventiva dos bombeiros os seguintes meios:
Os Sistemas de ventilação forçada (ar condicionado) devem ter seu funcionamento suspenso,
pois poderiam contribuir para a extensão do incêndio conduzindo fumaça e calor para locais não
atingidos pelas chamas.
O ataque indireto (visto adiante) constitui um método adequado de retirada de calor excessivo
de ambientes confinados. Isso pode ser feito, muitas vezes, não com o intuito de apagar o fogo,
mas de impedir que ele se espalhe.
Para organizar o estudo, dividiremos as técnicas de acordo com a classe dominante do incêndio
que se está combatendo. Isso não significa que as técnicas não se entrelaçam.
ATAQUE DIRETO
Consiste no emprego de um jato sólido ou compacto dirigido à base do fogo sobre a fase sólida
do combustível, visando resfriá-lo abaixo do ponto de combustão.
Devido ao alcance do jato, pode ser usado tanto de dentro da edificação, mas fora do cômodo
sinistrado (modo ofensivo) como de fora da edificação (modo defensivo).
Se for usado em combate ofensivo, deve-se cuidar para não empregar água em demasia,
causando danos pelo excesso de água e, também, para não gerar excesso de vapor de água.
O ataque direto modificado consiste no ataque à fase sólida do combustível quando este se
encontra escudado por algum obstáculo. O jato é direcionado ao teto para ser defletido e cair
sobre o foco, atingindo-o.
Apesar de não ser dirigido diretamente ao foco, ele é considerado uma forma de ataque direto,
pois com ele se pretende combater as chamas em si, o fogo queimando sobre a fase sólida dos
combustíveis.
ATAQUE INDIRETO
Também se usa o jato sólido ou compacto, entretanto, o objetivo não é extinguir o fogo
combatendo diretamente a fase sólida. No ataque indireto, o objetivo é produzir uma grande
quantidade de vapor de água para resfriar a capa térmica (gases combustíveis provenientes da
combustão e da termólise) e o cômodo e, indiretamente, apagar o fogo.
O alvo no ataque indireto são as paredes e o teto superaquecidos para que, na fragmentação do
jato pelo impacto, a água absorva o calor dessas superfícies e transforme-se em vapor,
resfriando o ambiente.
Não se pode jogar água em demasia para não resfriar demais as superfícies. Isso impede a
formação de vapor. Também é preciso cuidar para não se produzir vapor em excesso, pois isso
afeta o balanço térmico.
ATAQUE COMBINADO
Quando um ambiente está na fase de decaimento pela baixa concentração de oxigênio, ou seja,
em queima lenta e sob o risco de ocorrência de um backdraft diante da abertura de acessos
pelos bombeiros, recomenda-se a saturação do cômodo com neblina previamente à abertura
do cômodo.
O técnica consiste na injeção de água em pulsos de 2-3 segundos de jato neblina por uma
pequena abertura na parte superior da parede ou pelo teto, com intervalos de 12-15 segundos
para permitir a troca de calor entre neblina e gases aquecidos no ambiente.
A grande geração de vapor, como dito, pode ser um problema. Este fato pode decretar a morte
de vítimas no interior do cômodo. Por isso, essa técnica só deve ser usada em cômodos em que
se verifique a queima lenta (fase de decaimento pela depleção de oxigênio). Havendo vítimas
nesse ambiente, certamente já estarão mortas, quer pela baixíssima concentração de oxigênio,
quer pelo elevado calor previamente atingido.
A saturação com neblina é mais eficiente quando associada a uma ventilação vertical (ver
capítulo próprio).
Estudos oriundos na Suécia em meados da década de 1980, originaram o uso de pulsos de jato
neblinado. Foi quando se demonstrou a combustibilidade da fumaça e os riscos decorrentes de
Usa-se a regulagem de jato neblinado em um esguicho combinado e faz-se uma rápida abertura
e fechamento lançando um “pulso” de neblina, que fica suspensa no ar por algum tempo. Para
que seja eficiente, calculou-se que uma linha de 38mm deve ser suprida com cerca de 7 Kgf/cm2
de pressão residual, ou seja, a pressão imprimida na bomba (nominal) deve ser maior.
Como o jato é neblinado, o alcance é curto, assim, o que mais importa é a fragmentação da água
para aumentar seu poder de resfriamento e o tempo de suspensão no ar. Por isso a pressão
deve ser elevada.
A fim de não gerar vapor em excesso, deve-se cuidar para não aplicar pulsos em excesso e não
varrer a aplicação de cada pulso. Se o objetivo é atingir uma área maior, usa-se mais pulsos (dois
alvos, dois pulsos). Também limita-se a quantidade de água disparada trabalhando com uma
vazão mínima no esguicho (30gpm ou cerca de 115lpm).
Usando-se a vazão mínima, a abertura e o fechamento brusco não gera um golpe de aríete capaz
de danificar a canalização, haja vista que a massa de água deslocada a cada pulso é muito
pequena.
O pulso curto consiste na abertura total do fluxo de água com o imediato fechamento (pulso de
cerca de 0.2s) de um jato neblinado amplo.
O neblinado amplo tem o alcance muito reduzido, mas uma maior capacidade de resfriamento
e gera vapor com grande velocidade quando atinge a capa térmica.
O pulso neblinado curto pode ser empregado tanto ofensiva como defensivamente16.
OFENSIVO – tem por objetivo extinguir chamas volumétricas (chamas na fase gasosa do
combustível, na fumaça, na capa térmica) e resfriar a própria capa térmica, evitando a
ocorrência de um flashover.
Vê-se assim, que a técnica é recomendada para combate no modo ofensivo com o incêndio na
fase de desenvolvimento (pré-flashover).
DEFENSIVO – a técnica pode ser usada preventivamente (defensivamente) para resfriar gases
superaquecidos na capa térmica, antes que venham a queimar.
Tanto ofensivo como defensivo, o pulso neblinado curto, se aplicado corretamente, provoca a
contração da fumaça. Com a perda de calor da fumaça para aquecer a água lançada, ocorre o
inverso da dilatação e a fumaça contrai-se.
Quando o cômodo tem dimensões maiores (salão ou pequeno depósito) ou quando o teto é
muito alto, o pulso curto (de jato neblinado amplo) não atingirá a região mais aquecida da capa
térmica. Emprega-se então um pulso médio (de 1 a 2s) com um jato neblinado estreito, que tem
maior alcance. A vazão e a pressão permanecem.
Essa técnica também pode ser usada tanto ofensiva quanto defensivamente17, da mesma forma
que o pulso neblinado curto, porém , para cômodos com médias dimensões ou com teto alto.
Pode ser usado em cômodos menores quando, após usar o pulso neblinado curto, verifica-se a
ineficiência deste face à quantidade de calor produzido.
A técnica consiste em ajustar a regulagem de jato para compacto (estando a pressão em 7-9
Kgf/cm2 e a vazão ajustada em 30gpm) e efetuar a abertura parcial do esguicho permitindo
apenas o escape de água sem velocidade pelo bocal (daí o nome de “jato mole”) deixando a
água escorrer gentilmente sobre a superfície do material que estava pirolizando.
“PENCILING”
Estando dentro da edificação e não tendo a necessidade de disparar um ataque direto ao foco
pelas suas dimensões, e para evitar o dano ocasionado pelo jato, usa-se o penciling, que pode
ser casado com pulsos neblinados para resfriar a capa térmica, que chamamos de abordagem
pulse-penciling.
Com a pressão entre 7-9 Kgf/cm2, ajusta-se a vazão para 125gpm (470lpm)19 e o jato para
neblinado estreito. Mirando o ponto mais distante do cômodo, abre-se o fluxo de água pintando,
entre a linha do teto e do piso, uma das letras Z,O,T ou I conforme as dimensões do cômodo.
www.flashover.fr
As letras são um meio prático de determinar o tempo de abertura do esguicho para, na
regulagem indicada, lançar água em quantidade suficiente para absorver o calor gerado no
cômodo.
Após uns 30 segundos, repete-se o procedimento até que sejam debeladas as chamas.
Devido à alta vazão, no emprego dessa técnica deve-se cuidar para fechar lentamente o fluxo
de água a fim de evitar a ruptura de mangueiras pelo golpe de aríete.
Caso o ambiente sinistrado seja muito grande, mais linhas podem efetuar o procedimento
combinadamente ou pode ser usado em sessões do ambiente.
19 Por isso é importante que a vazão da viatura seja de, pelo menos, 500lpm para uma linha de ataque.
Ao se chegar a uma porta fechada dentro de uma edificação sinistrada, os bombeiros na linha
de ataque devem proceder com cautela, haja vista que toda ventilação provoca aceleração da
queima e aumento da taxa de liberação de calor, além de poder acarretar em fenômenos de
comportamento extremo do fogo.
Diante disso, os bombeiros devem proceder uma verificação perimetral da porta procurando
por sinais que indiquem a condição do interior do cômodo. É necessário que se verifique em
qual fase de desenvolvimento o fogo está, em qual regime de queima ele se encontra (se
limitado pelo combustível ou pela ventilação). A temperatura da porta deve ser checada à
procura de indícios que demonstrem a presença e altura da capa térmica. A coloração,
densidade, opacidade e velocidade da fumaça devem ser checadas.
Sempre que os bombeiros se depararem com uma porta pirolizando pelo lado externo, devem
resfriá-la com jato mole a fim de preservá-la. A perda da porta significa perda do controle sobre
a ventilação do foco que está por trás dela.
Para a confirmação das suspeitas, é necessário efetuar a abertura de uma porta para
confirmação visual da condição no interior do cômodo. Para isso, procede-se da seguinte forma:
1. O jato deve ser regulado para neblinado estreito, para que passe na pequena abertura
da porta;
2. O operador do esguicho lança dois pulsos neblinados curtos sobre a porta, visando
deixar em suspensão uma neblina de água na região superior próxima à porta.
Ao proceder a abertura, os gases aquecidos que escapam terão menos chance de se inflamarem,
já que se misturarão à neblina e perderão calor ao mesmo tempo em que a neblina transforma-
se em vapor, diluindo os gases;
4. Pela fresta o operador do esguicho lança um pulso neblinado médio na parte superior
da abertura enquanto visualiza as condições no interior.
A fase inicial de queima de um foco não apresenta grande potencial de risco iminente e,
exatamente por isso, merece que sejam tecidas algumas considerações.
Devido ao aspecto menos alarmante que um foco em fase inicial apresenta, o grande risco para
os bombeiros é a negligência com aspectos básicos relativos à segurança.
Apenas por que um foco não apresenta dimensões ou aspecto alarmantes, não significa que no
ambiente não haja calor ou concentração de gases tóxicos suficientes a causar lesões.
Por isso, um ambiente em fase inicial deve ser abordado com toda a’tenção e cautela e com os
bombeiros adequadamente equipados.
Lembrando que a água que escorre ou se acumula no chão não absorveu calor suficiente para
evaporar, ou seja, não foi aproveitada naquilo que tem de melhor: sua capacidade de
resfriamento.
O combate ao foco em si deve ser feito de modo a tentar preservar o material que ainda não
queimou. Sugere-se pulsos neblinados para resfriar a fumaça, se for o caso, e penciling para
extinguir o foco.
FOCOS EM DESENVOLVIMENTO
Em decorrência disso, não há, normalmente, problemas na abertura de acessos. Como essa é a
regra geral, ainda assim a abordagem deve ser cautelosa devido às exceções. Toda ventilação
irá acelerar a queima e aumentar a taxa de liberação de calor.
Como se sabe, para que gases queimem, ou mesmo partículas líquidas e sólidas em suspensão,
devem estar na concentração adequada (entre os limites inferior e superior de inflamabilidade)
com o oxigênio.
Como não temos meios práticos de saber a composição exata ou mesmo a concentração
necessária para a queima dos gases no ambiente, a abertura de acesso deve ser feita com
cautela, devendo os bombeiros posicionarem-se fora da zona de abertura para que uma possível
ignição dos gases não os afete.
Para abrir ou quebrar uma janela, o bombeiro deve posicionar-se abaixo do peitoril. Para a
abertura de uma porta, deve posicionar-se atrás da porta, caso abra em sua direção, ou atrás da
parede, caso abra para o interior do ambiente.
Já estudamos que em um foco na fase de queima livre pode ocorrer o fenômeno conhecido
como flashover.
Os sinais indicativos de flashover muito se confundem com os sinais que indicam a própria
queima livre: barulho e luminosidade de chamas, fumaça aquecida e chamas subindo pela
coluna de fumaça acima do foco. Outros são mais específicos do fenômeno citado:
chamas muito vivas e subindo pela coluna de fumaça que se ergue do foco;
Diante desses sinais, a porta deve ser aberta com cautela, como dito acima, e a abordagem do
ambiente deve ser enérgica. Não deve o bombeiro penetrar no ambiente enquanto o risco de
explosão ambiental não tenha sido reduzido.
Nestes ambientes, o combate deve priorizar o ataque à capa térmica, à camada de fumaça que
se acumula a partir do teto. Você talvez se pergunte a razão disso e talvez esteja pensando que
um ataque direto ao fogo eliminaria a fonte de calor que é o causador do flashover. Ocorre que,
a queima dos combustíveis presentes na fumaça, irradia muito mais calor que a queima do
material que alimenta o foco (normalmente sólidos em um incêndio urbano).
Deve o bombeiro utilizar pulsos neblinados curtos. Os jatos devem ser disparados em rajadas
curtas para aproveitar uma maior superfície de resfriamento
Os pulsos devem ser distribuídos pela capa térmica e, na medida em que forem disparados, deve
o bombeiro aguardar alguns instantes e observar o efeito que a expansão do vapor de água
provocará para continuar no combate à fumaça ou não. Enquanto aguarda, jatos curtos
(penciling) podem ser direcionados ao foco.
Deve-se tomar o cuidado para não jogar água em excesso, tanto para não provocar danos
materiais como também para não abaixar o nível da capa de fumaça pela expansão do vapor
d’água. O objetivo não é abaixar a fumaça. Isso provocará a diminuição da visibilidade. A meta
é tão somente o resfriamento dos combustíveis da fumaça para que não entrem em ignição.
Outro risco de jogar água em excesso é que se a capa de fumaça abaixar demais pode sufocar
possíveis vítimas que se encontrem no ambiente ou nos ambientes anexos.
Uma vez estabilizado, o ambiente ele pode ser penetrado para a extinção do foco por penciling
ou até jato mole.
FOCOS INCUBADOS20
Um ambiente em queima lenta apresenta uma série de riscos. O primeiro deles é o sub-
dimensionamento da potencialidade lesiva que apresenta. Por haver poucas chamas ou
nenhuma, o ambiente parece estar controlado, o que é um grande equívoco. Na verdade, o
ambiente está quieto como uma bomba antes da ignição. Uma abordagem errada pode detoná-
la. Assim, o que era um ambiente queimando lentamente, apenas com brasas, pode se tornar
um ambiente completamente tomado pelas chamas após uma deflagração violenta da fumaça.
Nunca se deve esquecer que, mesmo que não haja oxigênio para a queima viva, a termólise
ocorre até com 0% de O2. Isso significa que, enquanto estiver quente, o ambiente acumulará
vapores combustíveis.
Além desse, há outros riscos tais como: baixa visibilidade, alta concentração de gases tóxicos e
baixa concentração de oxigênio. Para a abordagem do ambiente, o risco de backdraft é o
principal problema.
20 Focos na fase de decaimento pela depleção de oxigênio e com fumaça acima da temperatura de
ignição.
Ao perceber os sinais, a equipe de bombeiros deve abordar o ambiente com toda a cautela para
que não provoque uma explosão ambiental que pode lesionar ou até matar integrantes da
equipe ou, na melhor das hipóteses, tornará o combate muito mais difícil, pois, muitas vezes é
seguida da ignição completa do ambiente.
Nesse ambiente, por sua dinâmica e características, vê-se que os combustíveis na fumaça
precisam apenas atingir a concentração adequada para uma queima violenta. Ao se abrir uma
porta ou janela, inevitavelmente o ar estará entrando no ambiente e, consequentemente,
carregando O2, fornecendo exatamente o que os gases precisam para se deflagrarem. Como é
necessária uma abertura para que se entre no ambiente, ao oferecer o comburente os
bombeiros devem retirar algo para que os requisitos da combustão não estejam todos
presentes.
A abertura da porta dá-se como nos passos 1 a 4 no início do tópico. Por meio da checagem
visual no interior do ambiente, é possível confirmar as suspeitas da condição no interior do
cômodo.
O auxiliar deve efetuar a abertura da porta abaixado e protegido pela porta, firmando-a para
que não se abra de repente por causa da força da explosão, caso ocorra. Se a porta tiver a
abertura para dentro do cômodo, a operação da porta deve ser feita com o auxílio de um cabo
preso à maçaneta possibilitando que o auxiliar a opere sem que fique na linha de abertura da
porta.
Os passos 1 a 4 devem ser repetidos até que o aspecto da fumaça esteja indicando uma menor
combustibilidade. Verifica-se isso pela fumaça mais clara (cinza), menos densa, menos opaca e
movendo-se de forma menos turbulenta.
Em seguida, caso necessário, deve ser utilizada a técnica de saturação com neblina pela parte
superior da porta, até que o ambiente permita a entrada dos bombeiros.
21 Significando que a fumaça já está em condição de queimar, faltando apenas o comburente, por
isso ela queima assim que alcança o exterior.
Assim que os sinais de risco diminuírem, a porta deve começar a ser aberta lentamente
enquanto o operador do esguicho procura saturar a região superior do cômodo nas imediações
da porta na parte interna com pulso neblinado médio.
A intenção dessa neblina é diminuir a combustibilidade da fumaça próxima à porta, que vai ter
contato com o oxigênio, e o resfriamento para abaixar a temperatura aquém do ponto de
ignição.
Uma vez que o ambiente foi abordado, ele deve ser dominado. Em um ambiente em queima
lenta, o calor e a fumaça devem ser dissipados para prevenir novas ignições. Isso deve ser feito
por meio de uma das técnicas de ventilação. Os possíveis focos devem ser resfriados para que
não entrem em ignição à medida que a fumaça for expulsa.
Ataque Direto Compacto 30 gpm 3 – 7 Bar Resfriar o combustível na Fase crescente em estágio avançado EXTERNO À distância, usar o jato compacto tendo por alvo Não permitir excesso de vapor
fase sólida o encontro do combustível sólido com as de água
(fora do cômodo)
chamas
Ataque Direto Compacto 30 gpm 3 – 7 Bar Resfriar o combustível na Fase crescente em estágio avançado e linha EXTERNO À distância, usar o jato compacto tendo por alvo Não permitir excesso de vapor
Modificado fase sólida direta ao foco bloqueada. o teto para defletir o jato e fazer cair água sobre de água
(fora do cômodo)
as chamas
Ataque Compacto 30 gpm 3 – 7 Bar Produzir VAPOR para Fase Crescente em estágio avançado EXTERNO Lançar a água sobre paredes e teto para que Não permitir excesso de vapor
indireto resfriar o cômodo absorva o calor e forme vapor que resfrie o de água.
- paredes e tetos devem estar (fora do cômodo)
ambiente
superaquecidos Não usar em cômodos
ventilados
- CÔMODO DEVE SER BEM VEDADO
Ataque Compacto 30 gpm 3 – 7 Bar Resfriar o combustível na Fase Crescente em estágio avançado EXTERNO Lançar a água sobre paredes e teto para que Não permitir excesso de vapor
combinado fase sólida e produzir absorva o calor e forme vapor que resfrie o de água.
- paredes e tetos devem estar (fora do cômodo)
VAPOR para resfriar o ambiente em movimentos circulares, alternando
superaquecidos Não usar em cômodos
cômodo com jato dirigido à base das chamas sobre os
ventilados
- CÔMODO DEVE SER BEM VEDADO materiais sólidos
Saturação Neblina 30 gpm 7 – 9 Bar Inundar o cômodo com Foco INCUBADO (cômodo fechado e queima EXTERNO Por uma pequena abertura na parte superior, Certificar-se da queima lenta
com neblina neblina para resfriar, diluir lenta) injetar 2-3s de jato neblina e esperar fazer efeito
(fora do cômodo)
e abafar a fumaça por 12-15s
Pulso Neblinado 30 gpm 7 – 9 Bar Extinguir chamas na capa Estado pré-flashover (chamas isoladas ou INTERNO Pulsos <1s repetitivos variando região na Não gerar vapor em excesso
Neblinado Amplo térmica e impedir flashover rollover) em cômodos pequenos fumaça
Vigiar a descida do plano
Curto
neutro
Ofensivo
Não pulsar sobre superfícies
pouco aquecidas
Pulso Neblinado 30 gpm 7 – 9 Bar Resfriar a fumaça Capa térmica em cômodo pequeno ou médio INTERNO Pulsos <1s dirigidos à capa térmica. Pulsos Não gerar vapor em excesso
Neblinado Amplo devem ser curtos e o alvo não deve mudar
Prevenir flashover Progredindo no interior da edificação Não pulsar sobre superfícies
Curto durante um pulso (dois alvos = dois pulsos)
deparando-se com gases aquecidos frias
Defensivo (cômodo pequeno)
Pulso Neblinado 30 gpm 7 – 9 Bar Extinguir chamas na capa Estado pré-flashover (chamas isoladas ou INTERNO Pulsos de 1-2 s com pausa de 1-2s se a Não gerar vapor em excesso
Neblinado Estreito térmica e impedir flashover rollover) em cômodos médios temperatura não estiver muito alta.
Vigiar a descida do plano
Médio
neutro
Ofensivo
Não pulsar sobre superfícies
pouco aquecidas
Pulso Neblinado 30 gpm 7 – 9 Bar Resfriar a fumaça Capa térmica em cômodo médio ou grande INTERNO Pulsos de 1-2 s com pausa de 1-2s se a Não gerar vapor em excesso
Neblinado Estreito e/ou de teto alto temperatura não estiver muito alta.
Prevenir flashover Não pulsar sobre superfícies
Médio
Progredindo no interior da edificação pouco aquecidas
Defensivo (cômodo médio ou teto
deparando-se com gases aquecidos
alto)
“Jato mole” Compacto 30 gpm 7 – 9 Bar Acabar com termólise Combustível em termólise liberando vapores INTERNO Abertura parcial do esguicho permitindo a Não abrir demais
(sem queima) passagem de pouca água sem velocidade
“Penciling” Compacto 30 gpm 7 – 9 Bar Resfriar o combustível na Fase sólida queimando + combustível sólido INTERNO Pulsos com abertura parcial do esguicho Não abrir demais para não
fase sólida não queimado e não danificado lançando pequenas porções de água espalhar brasas ou danificar
gentilmente sobre a fase solida. os demais materiais
Pulso Longo Neblinado 125 7 – 9 Bar Extinguir foco generalizado Foco em fase de pleno desenvolvimento EXTERNO Desenhar a letra correspondente a partir da Não fechar bruscamente
de alta vazão estreito gpm linha do teto no fim do cômodo fechando o (golpe de aríete)
(fora do cômodo)
esguicho devagar
(ZOTI) Posicionar-se entre o fogo e a
Z – áreas de 30 m2 área intacta
O – áreas de 20 m2
T – áreas de 10 m2
I – corredores
Os incêndios Classe B são incêndios em líquidos inflamáveis que, por terem características
próprias, possuem métodos de extinção distintos.
O controle de incêndios em líquidos inflamáveis pode ser efetuado “com água”, que atuará por
abafamento e resfriamento. Na extinção por abafamento, a água deverá ser aplicada como
neblina, de forma a ocupar o lugar do oxigênio, que está suprindo a combustão nos líquidos.
Flutuam na água;
“BOIL OVER”
O Boil over é um fenômeno que pode ocorrer nos combates a incêndios em líquidos inflamáveis.
Ocorre nos líquidos menos densos que a água.
Com o aumento de volume, a água age como êmbolo numa seringa, empurrando o
combustível quente para cima, espalhando-o e arremessando-o a grandes distâncias.
Através do som (chiado) peculiar: pouco antes de ocorrer a “explosão”, pode-se ouvir um
“chiado” semelhante ao de um vazamento de vapor de uma chaleira fervendo.
O boil over tem mais probabilidades de ocorrer em casos de líquidos combustíveis de maior
densidade, como óleo cru, e pode ser seguido de uma explosão que liberará enormes
quantidades de calor por radiação. Esse efeito pode ser fatal dada a energia liberada.
Previne-se o boil over fazendo a drenagem da água que se acumular no fundo do tanque de
combustível, resfriando o tanque externamente e evitando o uso excessivo de água.
SLOP OVER
O slop over é semelhante ao boil over, porém ocorre de maneira imediata e na superfície do
líquido.
O slop over acontece quando um jato penetrante (sólido ou compacto) é atirado na superfície
de um líquido combustível de alta viscosidade em chamas. Se a quantidade de calor gerado for
suficiente para ferver a água atirada, isso ocorrerá bem abaixo da superfície do líquido assim
que o jato de água penetrá-la. Isso provocará a expansão da água arremessando pequenas
quantidades de líquido inflamável superaquecido e em chamas para fora do recipiente que o
contém.
Outra forma de resfriar com água é usando o aplicador de neblina para estender o alcance da
neblina de água sobre a superfície do líquido.
Embora citado como técnica, o resfriamento com água mostra-se difícil nos combates a
incêndios em líquidos. Isso deve-se ao fato de que os incêndios Classe B geram, em média, 5
vezes mais calor que os incêndios Classe A.
A água pode ser utilizada para deslocar combustíveis, que estejam queimando ou não, para
locais onde possam queimar com segurança, ou onde as causas da ignição possam ser mais
facilmente controladas. Deve-se evitar que combustíveis possam ir para esgotos, drenos ou
locais onde não seja possível a contenção dos mesmos.
O jato contínuo será projetado de um lado a outro (varredura), empurrando o combustível para
onde se deseja.
A água pode ser empregada para remover combustíveis de encanamentos ou tanques com
vazamentos. Incêndios que são alimentados por vazamentos podem ser extintos pelo
bombeamento de água no próprio encanamento ou por enchimento do tanque com água a um
ponto acima do nível do vazamento. Este deslocamento faz com que o produto combustível
flutue sobre a água (enquanto a aplicação de água for igual ou superior ao vazamento do
produto). O emprego desta técnica se restringe aos líquidos que não se misturam com água e
que flutuam sobre ela.
Esta técnica pode ser usada, por exemplo, no caso de um acidente automobilístico onde houve
ruptura de um dos tanques e o combustível vaza pelo fundo. Inundando-o com água faz-se com
que a água vaze no fundo.
APLICAÇÃO DE ESPUMA
a poça de combustível, e depois o volume de espuma formado deve ser empurrado pelo
lançamento de mais espuma, forçando-o a avançar sobre a poça;
EXTINÇÃO QUÍMICA
Como quase todas as edificações utilizam o GLP ou gás natural, é importante que todo o
bombeiro conheça os riscos e as técnicas no atendimento de ocorrências envolvendo estes
gases.
Gás natural - O gás natural (gás encanado) é formado principalmente por metano, com
pequenas quantidades de etano, propano, butano e pentano. Este gás é mais leve do que o ar.
Assim, tende a subir e difundir-se na atmosfera; não é tóxico, mas é classificado como asfixiante,
porque em ambientes fechados pode tomar o lugar do ar atmosférico, conduzindo assim à
asfixia (asfixia mecânica). A companhia concessionária local deve ser acionada quando alguma
emergência ocorrer.
Este gás é composto principalmente de propano, com pequenas quantidades de butano, etano
propileno e iso-butano. O GLP não tem cheiro natural. Por isso, uma substância odorífica,
denominada mercaptana, lhe é adicionada. O gás não é tóxico, mas é classificado como
asfixiante porque pode deslocar o ar, tomando seu lugar no ambiente, e conduzir à asfixia.
O GLP é cerca de 1,5 vez mais pesado que o ar, de forma que, normalmente, ocupa os níveis
mais baixos. Todos os recipientes de GLP estão sujeitos a BLEVE quando expostos a chamas
diretas. O GLP é frequentemente armazenado em um ou mais cilindros (bateria). O suprimento
de gás para uma estrutura pode ser interrompido pelo fechamento de uma válvula de
canalização. Se a válvula estiver inoperante, o fluxo pode ser interrompido retirando-se a válvula
acoplada ao cilindro.
Ao se deparar com fogo em gás inflamável, e sem poder conter o fluxo, o bombeiro não deverá
extinguir o incêndio. Um vazamento será mais grave que a situação anterior, por reunir
condições propícias para uma explosão. Neste caso, o bombeiro deverá apenas controlar o
incêndio.
O gás que vazou e está depositado no ambiente pode ser dissipado por ventilação, ou por um
jato d’água em chuveiro, de no mínimo 360 lpm (esguicho de 38mm com aproximadamente 5,5
kg/cm2 de pressão), com 60o de abertura, da mesma maneira com que se realiza a ventilação de
um ambiente, usando esguicho.
B.L.E.V.E.
Um fenômeno que pode ocorrer em recipiente com gases inflamáveis pressurizados, ou até
mesmo com líquidos inflamáveis, embora com menor intensidade, é o BLEVE (Boiling Liquid
Expanding Vapor Explosion).
Com o aquecimento do líquido, ele ferve. A liberação de gases pela fervura aumenta a pressão
no tanque. O líquido não se transforma todo em gás. Assim que o espaço acima dele fica
saturado com o gás, ele deixa de ferver. Contudo, o aumento da pressão aciona válvulas de alívio
que liberam o gás para a atmosfera para impedir a explosão do tanque pelo acúmulo da pressão.
Isso resolve o problema momentaneamente, porém, com o escape de gases, abre-se espaço
para a vaporização de mais líquido. Isso vai, aos poucos, abaixando o nível de líquido. A parte do
tanque acima do nível de líquido não tem a proteção que a convecção do líquido oferece e, se
exposta às chamas, o metal começa a enfraquecer e amolecer. A pressão interna o empurra,
tornando-o fino e diminuindo sua resistência. Quando a resistência for menor que a pressão
interna, o tanque se rompe.
Nesse instante ocorrerá uma enorme liberação de energia proveniente das seguintes fontes:
Quase toda a fase líquida será vaporizada instantaneamente e, ao fazer isso, o material
se expande algumas centenas de vezes. O GLP, por exemplo, ao vaporizar-se expande
cerca de 400 vezes. Isso significa que, caso houvesse 1.000 litros de GLP ainda líquido,
eles se transformariam em 400.000 litros de gás. Essa expansão instantânea também
contribui para o poder do BLEVE;
Diante do risco iminente de BLEVE, pode ser que a melhor opção seja a evacuação de uma área
relativamente grande no local da ocorrência. Para se ter uma idéia, um tanque de combustível
transportado por composição ferroviária pode gerar uma explosão que afete centenas de
metros. A zona de queima pode ter uma centena de metros de diâmetro. A onda de choque
pode ser fatal a 300 ou mais metros do ponto inicial e a irradiação é lesiva a várias centenas de
metros.
Este tipo de incêndio pode ser extinto, com maior facilidade após o corte da energia elétrica.
Assim, o incêndio deixa de ser Classe “C”, tornando-se Classe “A” ou “B”, podendo ainda
extinguir-se.
Para sua extinção, deve-se utilizar agentes extintores não condutores de eletricidade, como PQS
e HALON. Não se deve utilizar aparelhos extintores de água ou espuma (química ou mecânica),
devido ao perigo de choque elétrico para o operador, que pode causar-lhe a morte. Pode-se
utilizar linhas de mangueiras, desde que se conheça a técnica e se tomem as precauções
necessárias.
A água contém impurezas que a tornam condutora; daí, na sua aplicação em incêndios em
materiais energizados, deve-se considerar todos os riscos do bombeiro levar um choque
elétrico.
No combate (com água) ao fogo em materiais eletrificados, usa-se uma regra simples, exposta
na figura abaixo.
voltagem da corrente;
Instalações Elétricas
Nas residências, a instalação elétrica é normalmente de baixa tensão (110 e 220 volts). O método
mais simples de interromper o fornecimento da energia é desligar a chave geral da instalação.
Nas portas dos compartimentos que abrigam estes equipamentos (como transformadores e
grandes motores), deve haver uma placa de identificação com a inscrição “alta voltagem”.
Pode-se ainda encontrar instalações elétricas subterrâneas, isto é, galerias com cabos elétricos
abaixo da superfície. Os riscos mais frequentes são as explosões, que podem arremessar tampas
de bueiros a grandes distâncias, devido ao acúmulo de gases inflamáveis, de centelha de fusíveis,
relês ou curto circuito. Não se deve entrar em bueiros, exceto para efetuar um salvamento. O
combate deve ser efetuado desde a superfície, com o uso de gás carbônico ou PQS.
A água não deve ser aplicada em galerias, em razão da proximidade com o equipamento elétrico.
quando forem encontrados fios caídos, a área ao redor deve ser isolada;
quando existir o risco de choque elétrico, deve-se usar EPI adequado e ferramentas
isoladas;
não se deve tocar em qualquer veículo ou viatura que esteja com fios elétricos, pois esse
procedimento pode resultar em choque elétrico.
Estes incêndios podem ser reconhecidos pela cor branca das chamas. Uma camada cinza poderá
cobrir o material, dando a impressão de que não há fogo.
Quando o material estiver em forma de limalha (fragmentado), deve-se isolar a parte que está
queimando do resto por processo mecânico (retirada do material) e utilizar o agente extintor
próprio, cobrindo todo o material em chama.
O maior problema do bombeiro numa emergência com combustíveis Classe "D" é a obtenção
de agentes extintores adequados à situação específica. Isso porque os metais combustíveis não
apresentam um comportamento padrão para um determinado agente extintor. Portanto, deve-
se agir com extrema cautela nestes casos. O melhor método de extinção é a quebra da reação
em cadeia com uso de agente extintor específico que reaja com o combustível e/ou radicais
livres, impedindo a reação.
Exemplos de agentes que podem ser usados são grafite seco, cloreto de sódio, areia seca e
nitrogênio.
Em certas circunstâncias, a água pode ser usada como agente extintor (nas situações específicas
de ligas de magnésio usadas em indústria). Neste caso, a água deve ser utilizada em grandes
quantidades, pois a temperatura deste tipo de fogo é muito alta e a técnica de extinção utilizada
é o resfriamento. A água utilizada deve ser em quantidade tal que o resfriamento suplante a
reação dela com o combustível.
É importante que se obtenha o máximo de informação sobre o produto em chamas, bem como
se há no local o agente extintor apropriado.
10.4 – VENTILAÇÃO
A ventilação, quanto ao momento em que é realizada, pode ser: antes do combate (antes das
linhas de ataque iniciarem a aplicar água), durante o combate (simultaneamente ao trabalho
das linhas de ataque) ou após o combate, para retirar a fumaça e calor apenas.
VENTILAÇÃO VERTICAL
VENTILAÇÃO HORIZONTAL
No que diz respeito à ação humana para acelerar a movimentação dos gases, a ventilação pode
ser natural ou forçada.
VENTILAÇÃO NATURAL
A ventilação natural consiste em abrir acessos existentes (portas, janelas, clarabóias) ou criar
acesso (quebrando parte da estrutura de paredes, teto ou destelhando telhado) permitindo a
entrada natural de ar e a saída de fumaça pela diferença de pressão. Aproveita-se a própria
tendência da fumaça em se deslocar para fora devido à diferença de densidade e devido às
diferenças de pressão.
Como já visto, o foco produzindo e aquecendo gases, faz com que eles subam . A acumulação
deles no teto e a expansão provocada pelo aquecimento geram um aumento de pressão que é
maior rente ao teto acima do foco. De igual modo, a tendência dos gases aquecidos em subir
gera uma zona de baixa pressão imediatamente acima do foco (ao redor e acima das chamas).
A ventilação ocorrerá por qualquer abertura existente ou feita, intencionalmente ou não. Ainda
que exista uma só abertura, como na figura anterior, o ar entrará por baixo e fumaça sairá por
cima. Se a ventilação será eficiente ou não, isso depende do tamanho da abertura em relação
ao cômodo e ao foco.
A ventilação natural será mais eficiente caso seja cruzada, ou seja, caso acessos sejam abertos
em lados opostos do cômodo, permitindo a saída da fumaça por um lado e a entrada de ar pelo
outro, renovando a atmosfera do ambiente.
- A direção do vento deve ser aproveitada para soprar ar fresco para dentro da edificação;
- O acesso de saída deve ser aberto primeiro, pois, abrir a entrada primeiro significa dar
comburente ao foco sem lhe retirar nada;
- Se possível, a área de saída de fumaça deve ser maior que a área de entrada de ar fresco;
- O caminho que a fumaça vai fazer dentro da edificação: a fumaça aquecida não deve
vagar por cômodos não afetados.
VENTILAÇÃO FORÇADA
A ventilação forçada consiste no emprego de meios artificiais para acelerar a movimentação dos
gases no ambiente sinistrado.
Além da mera abertura de acessos, que se dá quase como na ventilação natural, a ventilação
forçada conta com equipamentos para acelerar o deslocamento dos gases.
A ventilação forçada pode ser de pressão negativa ou por pressão positiva, caso se force a
entrada o deslocamento de gases pela entrada ou pela saída dos gases.
O jato deve ser usado com vazão mínima possível e o esguicho deve ficar entre 0,5 a 1 m de
distância do acesso. Nenhuma parte do cone de água pode sobrar para fora do acesso. Todo o
cone deve ser encaixado dentro da abertura próximo à beirada, seja uma porta, janela ou acesso
forçado.
Ventilação por Pressão Positiva (VPP) – a ventilação forçada, quer seja ela mecânica ou
hidráulica, pode ser feita com o jato neblinado soprando no acesso de entrada jogando água
para dentro do ambiente e arrastando junto ar fresco. Como o ar é forçado para dentro, a
pressão fica maior no interior na zona próxima à abertura, por isso a denominação de ventilação
por pressão positiva.
Como se pode perceber ela é feita de fora para dentro do ambiente sinistrado.
Com uma abertura, o ar deve ser “soprado” pela parte inferior, haja vista a tendência da fumaça
em “flutuar” sobre a camada de ar frio que entra.
22
Ligado à bomba da viatura, a água impulsionada pela bomba faz girar as pás
Em se tratando de uma abertura e sendo ela uma porta, o jato deve ser posicionado de modo
que preencha o máximo possível da metade inferior da porta, como esquematizado ao lado.
Semelhantemente ocorrerá se o único acesso for uma janela. A metade superior deve ser
deixada livre para a saída de fumaça.
Como a saída de fumaça se dará muito próximo aos bombeiros, a técnica de VPP por uma
abertura deve ser feita preferencialmente após o fogo ser debelado e caso não haja outra forma
de efetuar a ventilação.
Como há outra abertura para saída de fumaça, não há necessidade de reservar a parte superior
do vão da porta para a saída de fumaça.
Se a abertura de entrada for uma janela, deve o jato ocupar o máximo dela possível pela mesma
razão.
Ventilação por Pressão Negativa (VPN) – a ventilação forçada, quer seja ela mecânica ou
hidráulica, pode ser feita com o jato neblinado soprando no acesso de saída jogando água para
fora do ambiente e arrastando junto ar fresco. Como o ar é forçado para fora, a pressão no
interior próximo à abertura fica menor, gerando uma zona de baixa pressão, por isso a
denominação de ventilação por pressão negativa.
A água é jogada para fora do ambiente, evitando os danos à propriedade pela água, mas
diminuindo a capacidade de resfriamento da operação de ventilação, o que é facilmente
contornado se a ventilação for bem feita.
Com a fumaça empurrada para fora, o ar frio entra para substituir o vazio que ficaria,
substituindo a atmosfera quente e inflamável do ambiente.
A VPN também pode ser feita por uma ou duas aberturas, mas em qualquer dos casos, o jato
deve ser direcionado à metade superior nas portas e englobando o máximo do espaço nas
janelas.
A abertura de entrada de ar é menos importante, uma vez que o ar buscará entrar por qualquer
fresta para ocupar o espaço deixado pela fumaça arrastada para fora.
CUIDADOS NA VENTILAÇÃO
Sabemos que qualquer ventilação altera a intensidade da queima e a TLC. A nós não interessa a
ventilação que alimente as chamas apenas. Buscamos resfriar o ambiente melhorando as
condições de conforto, visibilidade e de sobrevida às vítimas no interior, assim, ao realizar uma
ventilação, ela será eficiente se retirar mais calor com os gases aquecidos do que é produzido
pelo foco.
Devemos cuidar para que a fumaça seja deslocada para fora da edificação evitando que
transmita calor para outros materiais, termolizando-os e, até mesmo provocando sua ignição.
Para evitar o espalhamento da fumaça para outros cômodos não afetados, é possível abrí-los
para o exterior e fechá-los para o interior. Abrem-se as janelas para fora e fecham-se as portas
para dentro.
A fumaça, mesmo ao sair da edificação, não deve ter seu caminho ignorado, pois se ela deixar
uma edificação para penetrar em outra vizinha, estará transportando calor que poderá ser
suficiente para eclodir novos focos nessa outra edificação.
Já foi afirmado, mas não é inconveniente lembrar que a saída de fumaça, seja a ventilação por
pressão positiva ou por pressão negativa, seja forçada ou natural, horizontal ou vertical, a
abertura de saída de fumaça deve ser próxima ao foco!
As vezes o salvamento não pode ser feito antes do combate. Por vezes a vítima, apesar de
localizada, o acesso a ela precisa ser aberto pelo combate.
Isso não significa que a preservação de vidas tenha deixado de ser prioridade. O que acontece é
que o melhor que se pode fazer por vítimas não localizadas em um incêndio é eliminar o
incêndio. Imagine-se a busca em um ambiente de incêndio em uma edificação desconhecida e
com visibilidade reduzida. Leva-se muito tempo para encontrar vítimas que podem nem existir
ou podem nem estar vivas. O tempo em um incêndio em compartimento é crucial. O incêndio
em compartimento pode desenvolver-se com muita rapidez dependendo da ventilação do
ambiente, assim, se a equipe priorizar a BUSCA e deixar de lado o combate, é provável que o
incêndio desenvolva-se ao ponto de ceifar a vida de outras vítimas e colocar em risco a própria
equipe. Um combate ofensivo, por outro lado, pode eliminar rapidamente o incêndio dando
liberdade à equipe, para, após dominado o incêndio e gerenciado o risco, proceder as buscas
com tranquilidade e em um ambiente menos desconfortável e com mais visibilidade.
Por isso, quando não há vítimas localizadas, o combate é priorizado em relação às buscas. No
caso de vítimas localizadas, trata-se de salvamento, que foi tratado no item anterior.
Caso a equipe esteja completa, com Condutor Operador, Chefe, Auxiliar e 2 Operadores,
dependendo da situação, o Ch Gu pode dividir a equipe em duas duplas incluindo-se em uma
delas. Assim, um par de bombeiros fica responsável pelo combate e o outro fica responsável
pela busca e salvamento (o COV fica junto à viatura). É uma situação ruim, pois quando o Ch Gu
precisa imergir na ação, perde o controle, mas, dependendo das dimensões da edificação, pode
ser interessante, já que ele pode ficar em um dos pares e conseguir manter razoavelmente o
controle da atuação.
Caso seja possível montar uma equipe (3 ou até mesmo 2 militares) para os trabalhos de busca
e salvamento concomitante com o combate, isso deve ser feito. Para isso, deve haver para a
equipe de busca e salvamento equipamentos de proteção individual e respiratória, lanterna,
cordas e equipamentos de arrombamento.
Em cada um desses casos um procedimento deve ser adotado como objetivo principal;
RESGATE de vítimas não presas: O atendimento pré hospitalar das vítimas que se encontram
do lado de fora da edificação, seja porque conseguiu evadir do local por conta própria ou por
atuação das equipes dos bombeiros, deve ser efetuado por uma equipe/guarnição específica
que fará a triagem do estado de cada vítima, encaminhado imediatamente ao hospital as que
assim necessitam listando os ocupantes ilesos para informação daqueles que procuram
conhecidos. As pessoas atraídas pelo tumulto serão mantidas à distância por um bom
isolamento.
Havendo evacuação em curso (pessoas saindo sem ajuda) ou pessoas com dificuldade de
locomoção a serem retiradas, se possível o cômodo onde está o foco deve ser fechado,
diminuindo a propagação do fogo e o espalhamento da fumaça. Os bombeiros auxiliam a
evacuação orientando os ocupantes para as saídas.
Caso haja mais de uma equipe, quer pelo empenho de mais de uma guarnição quer pela divisão
da guarnição em duas equipes, deve haver uma divisão de tarefas. A equipe designada para o
combate deve priorizar o estabelecimento e o combate e o apoio às vítimas deve ser feito pelas
equipes de busca e de APH (“resgate”).
- Caso essas vítimas estejam em um local seguro, e exista alguma rota de fuga segura, o próprio
pessoal da equipe do resgate poderá fazer o salvamento enquanto a equipe do ABTS poderá se
preocupar com o Combate ao fogo atentando para não direcionar o foco, vapores e gases
aquecidos para o local onde a vítima se encontra;
- Caso as vítimas estejam impedidas de sair, pois, a rota de fuga está obstruída pelo fogo, gases
ou vapores aquecidos, o Chefe de Linha e Auxiliar de linha deverão adentrar a edificação no
ponto entre o foco e a vítima, acompanhado do Chefe e auxiliar de guarnição que farão a
retirada das vítimas enquanto são protegidos pela linha.
- Para este salvamento, pode ser necessário cortar grades com um corta-frio ou subir escada
prolongável com EPI e EPR.
No caso de uma vítima evidente em uma janela com fumaça saindo pela janela, pode ser
necessário um procedimento propagado pelos bombeiros americanos que consiste no rápido
acesso pela janela, o fechamento da porta do cômodo que o liga com o restante da edificação
(antiventilação) para impedir o acesso de fumaça e retardar a propagação para aquele cômodo
e o salvamento da vítima com sua retirada pela janela.
Novamente, caso haja mais de uma equipe, a equipe designada para busca e salvamento cuida
das vítimas evidentes e a equipe de combate segue para o combate.
Caso seja necessário direcionar parte do combate para garantir o acesso ou a retirada de uma
vítima evidente, isso pode ser feito tanto pela linha de combate como uma linha a mais pode
ser armada e operada pela linha de busca e salvamento. Nesse último caso, a atuação deve ser
coordenada para que não ocorra um combate cruzado com uma equipe empurrando o incêndio
em direção à outra.
BUSCA às vítimas confirmadas com localização provável (Busca Rápida): havendo informação
de vítimas confirmadas com localização provável (em tal quarto, por exemplo) a critério do
Chefe de Guarnição (ou mais antigo no local), faz-se a busca rápida. É uma busca dirigida a um
local determinado. Não é sistemática, é pontual. Se a vítima não for encontrada imediatamente,
o bombeiro retorna ao exterior.
- um estabelecimento básico com uma linha é montado para garantir a segurança nas
passagens de ambientes mantendo a segurança dos bombeiros e das vítimas;
- caso o cômodo esteja tomado pelas chamas, esta linha poderá ser utilizada para
proteger a vítima criando um escudo protetor de forma a possibilitar sua retirada;
- o chefe e auxiliar de linha ficam a postos com a linha para atuarem no caso de
necessidade, conforme orientação do Ch. Gu;
- Caso a porta esteja aberta, a mesma deve ser fechada para impedir que o fogo se
propague em direção àquele local;
- Se a janela puder ser fechada, Aux de Gu entra e o Chefe de Gu, ou Aux de Linha (Caso
seja seguro o Ch de Linha atuar sozinho) a segura aberta apenas alguns centímetros até que seja
fechada a porta do cômodo para o restante da estrutura. A busca assim é mais segura, pois há
menos risco de atrair o fogo, em busca de oxigênio.
Novamente, no caso de haver mais de uma equipe funcionando na ocorrência, a busca rápida
deve ser feita por uma equipe designada para isso enquanto a equipe de combate segue no
combate.
BUSCA feita pela linha de combate durante a progressão ao foco (BUSCA PRIMÁRIA);
Nos casos de vítimas não confirmadas, porém com a possibilidade de existência de alguma
vítima, ou ainda quando se ignora totalmente a localização das possíveis vítimas, o ataque ao
fogo deve ser iniciado com uso da tática ofensiva. A equipe de combate pode executar buscas
nas imediações da progressão em direção ao foco. A linha de combate não vai se desviar do
caminho em direção ao foco para efetuar buscas, mas, durante sua progressão para o foco, nas
imediações da linha, pode efetuar algumas ações de busca.
Esse tipo de busca é melhor executado quando a linha de combate é composta por 3 bombeiros,
ficando o terceiro a cargo das buscas. É uma opção quando se tem efetivo reduzido e não se
consegue montar uma equipe apenas para as ações de busca.
O Aux de linha, ou o terceiro bombeiro da linha, deve levar consigo alguns equipamentos para
realização da busca como lanterna, rádio comunicador e material de arrombamento (pé de
cabra, alavanca, corta frio ou machado), que também poderá ser utilizado para tatear sob
móveis durante a progressão aumentando a área de vasculhamento.
A linha nunca abandona o combate por causa de vítimas. Ela pode executar algumas
ações rápidas sem prejudicar muito o combate.
Parar o combate pode permitir o desenvolvimento do incêndio e condenar vítimas ainda não
encontradas.
Caso a linha possua 3 integrantes, o terceiro pode seguir com ela até a saída.
A linha jamais deve ficar com menos de 2 integrantes já que a prioridade desta linha é o combate
e este NÃO pode ser feito com a linha manejada por apenas 1 bombeiro.
Ela pode ser deixada no cômodo caso ele esteja seguro (sem risco
iminente de eclosão de foco) e a porta deve ser fechada;
Ela pode ser levada para fora pelo 3º bombeiro da linha enquanto os
outros dois continuam a progressão e combate.
Além dos cômodos adjacentes a linha pode deparar-se com uma vítima no caminho de
sua progressão. Os procedimentos a serem seguidos então são os seguintes:
Não se deve parar o combate por causa dessa vítima. Ela pode estar morta e a parada na
progressão pode permitir a evolução do incêndio de modo a condenar outras vítimas ainda não
encontradas e que estavam vivas.
Nesse caso então de encontrar vítima inconsciente no caminho da linha, os procedimentos são
os seguintes:
Nos casos em que a vítima estiver sendo atingida ou sob o risco iminente de ser atingida pelas
chamas, o Aux de Linha deve fazer sua retirada imediata até um local seguro, onde o Aux de Gu
a encontrará e terminará a retirada.
Não há equipe específica de buscas durante a progressão. As buscas são feitas pela linha de
mangueira e o salvamento pelo Aux de Guarnição, podendo este ser apoiado pelo Aux de linha,
e até pelo Ch de Guarnição.
Não se deve prosseguir na exploração sem antes certificar-se de que os caminhos a serem
utilizados e as rotas de escape estão desobstruídas
O ataque não pode ser interrompido ou adiado para fazer buscas, pois a propagação do fogo
tende a vitimar bombeiros e outras pessoas.
BUSCA feita por equipe designada para isso, após extinção do fogo ou atrás de linha de
combate (BUSCA SECUNDÁRIA)
Uma linha continua junto ao foco fazendo o rescaldo enquanto uma dupla de bombeiros
(podendo ser o Ch e Aux de gu.) começa a busca. Havendo pessoal disponível, outras duplas
podem ser empenhadas também para essa missão.
Os cômodos devem ser ventilados da maneira correta e segura para aumentar a visibilidade.
Não progredir sem antes demarcar convenientemente o ambiente já explorado, para evitar
explorá-lo novamente ou que outras equipes venham a refazer. A porta dos cômodos deve ser
marcada completando o “X” iniciado na porta pela linha de combate durante a busca primária,
caso esta tenha sido feita no cômodo. Caso seja um cômodo ainda não vasculhado, o “X” deve
ser marcado.
A marcação deve ser feita com giz ou fita adesiva na entrada do ambiente. Um traço sinaliza que
a busca está em andamento ou apenas a busca primária foi feita. Dois traços significam que a
busca foi concluída.
Para áreas extensas, usam-se mapas e/ou croquis para a demarcação dos locais já explorados.
Mesmo após a extinção do foco e início da ventilação, o local ainda está aquecido e com riscos,
pois a busca por vítimas não pode aguardar o local está em segurança total para ser iniciada.
Desta forma, a busca deve ser feita a três ou quatro apoios, para ficar mais próximo ao chão,
visto que a parte mais quente do cômodo será as partes superiores. A progressão em 4 apoios
também é recomendada em ambientes com comprometimento da estrutura e baixa visibilidade
pois, em 4 apoios, caso o bombeiro depare-se com um buraco no piso, seu centro de gravidade
estará antes do buraco dificultando sua queda. Caso esteja caminhando, sentirá o buraco com
um passo no vazio e isso o levará para baixo, pois o centro de gravidade estará sobre o vazio.
Os bombeiros devem utilizar EPI e EPR, inclusive com válvula reserva para a possível vítima;
Não se deve andar aleatoriamente. Planeje sua busca, mova-se em direção a luz, ventilação e
rotas de fuga secundarias. Comece as buscas, pelo exterior (não perca contato com a parede do
ambiente e abra as janelas, tão logo seja possível) e termine pelo interior.
Vasculhe todo o local, procure em todos os pequenos compartimentos, armários e boxes e mova
todos os móveis.
Dentro de cada cômodo, deve-se parar alguns segundos e tentar ouvir algum som emitido por
vítima.
Nos casos de edifícios altos, assim como o combate, a busca deve ser feita na seguinte ordem
de prioridade: No pavimento do incêndio, no pavimento imediatamente acima do incêndio e no
pavimento mais alto do prédio. Depois, ela será feita descendo pelos pavimentos ainda não
vasculhados. Essa ordem segue a probabilidade de propagação do incêndio.
Esses procedimentos de busca também devem ser utilizados por uma equipe de busca que atue
ao mesmo tempo que uma equipe de combate acrescentando um item de máxima importância:
a busca nunca será feita adiante do esguicho. A busca só é feita atrás da linha de combate ou
depois de extinto o foco.
Ao localizar a vítima, o bombeiro deve fazer uma avaliação rápida sobre o seu estado geral e dar
início à sua retirada, utilizando a técnica mais adequada. Se a vítima for encontrada
inconsciente, especialmente se estiver caída perto de escada, deve-se supor que sofreu queda,
e transportá-la com os cuidados de estabilizar a coluna. Deve ser retirada, preferencialmente,
com utilização de prancha rígida, lona, cobertor ou maca. No entanto, se as condições do
incêndio não permitirem, então se faz a retirada como for possível. Para isso, há várias técnicas
que podem ser utilizadas:
Caminhando: quando a vítima estiver consciente e puder andar oriente-a sobre a rota de fuga
e sobre caminhar o mais baixo possível; Em alguns casos onde a vítima está desorientada, um
apoio de ombro é suficiente para auxili-ala em seu deslocamento.
Nos braços: Para vítimas leves e percursos curtos, a vítima pode ser levada nos braços.
Por arrastamento: Quando a vítima não pode caminhar e seu peso não possibilitar ser carregada
nos braços, os bombeiros podem utilizar uma lona sob a vítima e realizar um arrastamento da
vítima;
Com o emprego de uma cadeira ou prancha rígida: procedimento ideal para retirada de vítimas
gravemente feridas, com risco de traumas, pessoas idosas e obesas. O transporte é feito por
dois bombeiros, diminuindo o esforço e desgaste físico, bem como o agravamento de lesões da
vítima.
Utilizando rotas de fuga da edificação: No caso de prédios que possuam escadas enclausuradas,
a prova de fumaça ou pressurizada, pode-se utilizar as mesmas para garantir a exaustão por uma
via relativamente segura.
Descendo a vítima pela escada prolongável: Tanto para vítimas conscientes ou imobilizadas, a
escada prolongável pode ser utilizada para retirada de vítimas em pavimentos superiores;
Utilizando Auto Plataforma/Escada: Esse recurso deve ser empenhado em casos de edfícios
altos, entretanto deve-se observar que sua atuação e lenta e a plataforma sempre deve arvorar
acima do pavimento onde está a vítima e depois descer ao seu alcance.
Utilizando técnicas de salvamento em altura como rapel e tirolesa nos casos de edfícios altos
com rotas de fuga pelas escadas obstruídas;
Retirada de vítimas em ambientes onde há fogo: nestas situações a vítima deve ser afastada
do foco o mais rápido possível e uma linha de mangueira deve fazer a proteção. As técnicas de
retirada podem ser :
11.4 – RISCOS
Durante as buscas (em qualquer estágio), os bombeiros devem atentar quanto aos riscos
provenientes de um local sinistrado. Os principais riscos associados a uma busca em incêndio
são:
11.5 – GENERALIDADES
- qualquer busca deve ser coordenada com o comandante de socorro, pois pode afetar o ataque
ao fogo, a ventilação e outras buscas.
- em incêndios compartimentados com possíveis vítimas, a tática ofensiva é a ideal, pois produz
menos vapor de água. A produção de muito vapor de água é arriscada pois faz a capa térmica
aumentar de tamanho levando calor para as áreas mais baixas dos compartimentos;
- quando houver várias vitimas necessitando socorro, uma ou mais equipes de bombeiros
deverão ser acionadas em apoio e se possível, duplas de bombeiros serão definidas para serem
responsáveis exclusivamente pelas buscas;
- mesmo não havendo vitimas evidentes, sempre que possível colocam-se escadas prolongáveis
ou mecânicas nas janelas do nível do incêndio. Em caso de necessidade, isto agiliza o
salvamento, seja de bombeiro, seja dos ocupantes do prédio;
REFERÊNCIAS
International Fire Service Training Association. Essentials of firefighting and fire
department operations. 5ª Ed. Oklahoma: Fire Protection Publications, 2008.
GRIMWOOD, Paul. et alii. 3D Firefighting: techniques, tips, and tactics. Stillwater, OK:
Fire Protection Publications. 2005.
SÃO PAULO. Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Coletânea
de Manuais Técnicos de Bombeiros, Títulos 1, 23, 32, 42. São Paulo: 2006