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FUNCIONAMENTO
4. NUTRIÇÃO
IPDJ_2016_V1.0
MANUAL DE CURSO DE TREINADORES DE DESPORTO //
GRAU I
Índice
INSTITUTO DO DESPORTO DE PORTUGAL //
PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO DE TREINADORES
CONCLUSÕES 15
AUTOAVALIAÇÃO 15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 113
GLOSSÁRIO 117
4. NUTRIÇÃO
2
FUNCIONAMENTO DO CORPO HUMANO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
1. Adquirir conhecimentos básicos sobre anatomia
humana e fisiologia, relacionados com o movimento,
os esforços e a recuperação funcional.
2. Conhecer o funcionamento do corpo humano para
melhor contribuir para a prevenção de lesões.
3. Reconhecer as estruturas envolvidas nas lesões
desportivas mais frequentes.
1. FUNCIONAMENTO DO
CORPO HUMANO FUNCIONAMENTO
DO CORPO HUMANO,
NUTRIÇÃO E PRIMEIROS
3
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CLAVÍCULA ARTICULAÇÕES
ESCÁPULA
As articulações correspondem a «junções» dos ossos permitindo que as vá-
rias regiões realizem um número complexo de movimentos, que são a base
ÚMERO fundamental da vida corrente e em particular da vida desportiva.
Uma articulação é formada por topos ósseos, cartilagem e ligamentos.
RÁDIO
Para que os ossos se possam mover nas articulações, as suas superfícies
ULNA articulares estão cobertas de cartilagem (cartilagem articular) e lubrificados
ESCÁPULA
por um líquido sinovial. Estas estruturas são mantidas em posição pelos
OSSOS
DA MÃO ligamentos e pelas cápsulas articulares (estruturas fibrosas).
FÉMUR
RÓTULA
TÍBIA
4
FUNCIONAMENTO DO CORPO HUMANO
Fémur
Patela
Tendões fibulares Retináculo superior
Retináculo superior
Retináculo inferior Tendão dos extensores
Ligamento
Cartilagem longos dos dedos
lateral
articular Extensores
Ligamento
cruzado longos
Menisco
Retináculo
anterior
Tendão fibular curto inferior
Perónio
Tendão fibular longo
Tibia Tendão de Aquiles Tendão fibular
O conhecimento
Assim, para a estabilidade da Na articulação tibiotársica, os liga-
articulação do joelho salientamos mentos laterais contribuem para
destas estruturas
a importância dos ligamentos late- uma correta estabilidade desta contribui para uma
rais (interno e externo), ligamentos articulação.
cruzados (anterior e posterior) e
melhor interpretação
meniscos. do gesto desportivo e
prevenção das lesões FUNCIONAMENTO
DO CORPO HUMANO,
Miosina
Miofibrila
Actina
Sarcómero
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COMPONENTES ANATÓMICOS
DOS MÚSCULOS ESTRIADOS
CORPO MUSCULAR (A) – parte contrátil do músculo constituída por fibras
musculares.
TENDÃO (B) – constituído por tecido conjuntivo, rico em
colagéneo e que fixa o corpo muscular ao osso.
APONEVROSE – membrana que envolve os músculos.
BAINHAS TENDINOSAS – estruturas sobre as quais deslizam os tendões. A sua
função é permitir o deslizamento fácil do tendão.
BOLSAS SINOVIAIS – pequenas bolsas formadas por uma membrana
serosa que possibilitam o deslizamento muscular.
Úmero
O corpo humano
tem cerca de Pronador
redondo
500
Cúbito
Rádio
Pronador
quadrado
6
FUNCIONAMENTO DO CORPO HUMANO
SISTEMA MUSCULAR
Esternocleidomastóideo
Trapézio
Deltoide
Peitoral Maior
Reto Abdominal
Oblíquo Externo
Dorsal
Tríceps Braquial
Bíceps Braquial
Flexores Dedos
Extensores Dedos
Glúteo Máximo
Sartório
Adutor Longo
Reto Femoral
FUNCIONAMENTO
Semitendinoso DO CORPO HUMANO,
Bíceps Femoral NUTRIÇÃO E PRIMEIROS
SOCORROS
Gastrocnémios
Sóleo
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MÚSCULOS ÍSQUIOTIBIAIS
Músculo ilíaco Músculo psoas maior
Músculo
glúteo médio
Músculo iliopsoas
Músculo tensor
da fáscia lata Músculo pectíneo
Músculo adutor longo
Músculo grácil
Músculo
sartório Músculo reto da coxa
Músculo vasto medial
Músculo
vasto lateral
8
FUNCIONAMENTO DO CORPO HUMANO
Aorta
FUNCIONAMENTO
DO CORPO HUMANO,
Veia cava inferior
NUTRIÇÃO E PRIMEIROS
SOCORROS
Septo
Tipos de circulação
A GRANDE CIRCULAÇÃO OU SISTÉMICA - Ventrículo esquerdo // Todo o corpo // Aurícula direita
B PEQUENA CIRCULAÇÃO OU PULMONAR - Ventrículo direito // Pulmão // Aurícula esquerda
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VASOS SANGUÍNEOS
Artérias: são vasos eferentes que possuem paredes espessas constituídas por
tecido elástico, que conduzem o sangue do coração para as diversas partes
do corpo. São pulsáteis. As artérias, à medida que se afastam do coração,
Fluxo sanguíneo formam ramos sucessivamente menores A arteríolas B capilares.
Arteríola Veias: são unificações das vénulas que aumentam de calibre à medida
Metarteríola que se aproximam do coração. Têm paredes mais finas com válvulas que
impedem o refluxo de sangue que circula a baixa pressão. Geralmente acom-
Capilares
panham o trajeto das artérias.
Esfincter
Pré-capilar Capilares: são vasos originados das arteríolas. A sua unificação forma as
vénulas. É aqui nesta rede fina de vasos que se processam as trocas de oxigé-
Vénula
nio e nutrientes e se removem os resíduos metabólicos.
Fluxo sanguíneo
10
FUNCIONAMENTO DO CORPO HUMANO
Cavidade nasal
Nariz Cavidade nasal
Boca
Lingua Faringe
Laringe
Traqueia
Costelas Brônquios
Pulmão
direito
Alvéolos
Coração
Pulmão
esquerdo
Pleura
Sistema Respiratório
Diafragma
Nos alvéolos pulmonares, o O2 passa para o sangue (glóbulos vermelhos), en- FUNCIONAMENTO
DO CORPO HUMANO,
quanto o CO2 o abandona. Este intercâmbio de gases obedece às leis da física de
NUTRIÇÃO E PRIMEIROS
difusão de uma zona de maior concentração para outra de menor concentração. SOCORROS
INSPIRAÇÃO EXPIRAÇÃO
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CONTROLO DA RESPIRAÇÃO
Em repouso, A respiração é controlada automaticamente por um centro nervoso localizado
a frequência no bulbo raquidiano. Desse centro partem os nervos responsáveis pela contração
dos músculos respiratórios (diafragma e músculos intercostais).
respiratória A respiração é ainda o principal mecanismo de controlo do pH do sangue.
ronda os Se o pH for baixo, logo, com maior quantidade de CO2, aumenta a frequência
e a amplitude dos movimentos respiratórios, portanto aumenta a ventilação
pulmonar. Quanto maior for o trabalho muscular, maior será a produção de
CO2 e maior será o ritmo respiratório.
Pontos de Sinapse
Sinapses
Sinal elétrico
Bainha de Mielina
Axónio
Dendritos
Núcleo
COMUNICAÇÃO Axónio do
ENTRE NEURÓNIOS neurónio anterior
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FUNCIONAMENTO DO CORPO HUMANO
FUNCIONAMENTO
DO CORPO HUMANO,
NUTRIÇÃO E PRIMEIROS
SOCORROS
EXEMPLO
O ciclista, perante um obstáculo, trava de imediato sem pensar para evitar a
queda. Assim, perante uma situação ameaçadora, o corpo reage sempre de
forma a proteger-se. As respostas motoras e hormonais são conjuntas.
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FUNCIONAMENTO DO CORPO HUMANO
Conclusões
O aparelho locomotor tem como principal função a execução dos movimen-
tos, sendo os ossos as estruturas de suporte e de proteção e os músculos os
seus elementos ativos. As articulações constituem a forma de permitir a reali-
zação dos movimentos envolvendo as estruturas ósseas das várias regiões.
Autoavaliação
n Que ossos constituem o membro inferior?
n
Que tipos de circulação sanguínea conhece?
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Índice
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CONCLUSÕES 58
AUTOAVALIAÇÃO 62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 113
GLOSSÁRIO 117
4. NUTRIÇÃO
16
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
1. Reconhecer as regras de higiene na prática desportiva.
2. Valorizar a importância do exame de avaliação médico-
-desportivo na saúde do praticante desportivo.
3. Identificar as principais lesões desportivas e os prin-
cipais mecanismos inerentes à sua génese.
4. Reconhecer os principais fatores de risco de lesão
desportiva.
5. Executar primeiros socorros básicos e ter noções
básicas de referenciação.
LESÕES DESPORTIVAS/
OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
HABILIDADES
DESPORTIVAS
PRIMEIROS SOCORROS
2.1 Estilos de vida saudáveis
2.1.1 REGRAS DE HIGIENE NA ATIVIDADE DESPORTIVA
Todos reconhecemos que a prática da atividade desportiva tem um papel
fundamental na nossa sociedade, não só promovendo a saúde das popula-
ções, mas também lutando contra alguns dos flagelos que a afetam atual-
mente, como, por exemplo, a toxicodependência e a exclusão social.
A saúde é definida pela organização mundial de saúde como o mais alto
nível de bem-estar físico, psíquico e social.
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“O treinador não
deve restringir a
sua intervenção
junto dos atletas
apenas à orien-
tação técnica da
atividade des-
portiva.”
O treinador deve ter uma intervenção pedagógica junto dos jovens atletas
transmitindo-lhe uma série de regras de higiene que, por um lado, promo-
vam a saúde e, por outro, façam com que a relação do atleta com a atividade
desportiva seja salutar e sem problemas.
OS CUIDADOS NUTRICIONAIS
O treinador deverá incentivar o jovem atleta a ter uma nutrição adequada,
rica e diversificada, através de uma ingestão equilibrada dos diversos alimentos
contendo os macronutrientes e micronutrientes necessários.
!
O SONO
O período de descanso noturno é essencial para a recuperação biológica do atleta,
principalmente do jovem atleta. Cada indivíduo tem um padrão ideal de sono
que deve ser respeitado, tanto em termos de duração como em termos de horá-
rio. A maioria das pessoas dorme cerca de 8 horas diárias, mas existem pessoas
que lhes bastam 7 horas de sono diário enquanto outras necessitam de 9 horas.
A qualidade do sono tem igualmente um papel preponderante. O padrão usual
de sono de cada atleta não deverá ser alterado, mesmo durante estágios ou
antes de competições, o que acontece com alguma frequência devido a atitudes
incorretas de determinados técnicos ligados ao fenómeno desportivo.
18
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
!
O BANHO
O treinador deve incentivar os atletas a tomarem um banho após os treinos
ou competições, o que representa um ato fundamental de higiene física, per-
mitindo eliminar os produtos da sudação resultantes da atividade desportiva
e proceder à limpeza da própria pele.
O monitor deve aconselhar os atletas a não compartilharem toalhas e a
utilizarem chinelos no balneário de forma a evitarem o contágio de agentes
que provocam infeções cutâneas e das unhas (pé de atleta, por exemplo).
A HIGIENE ORAL
O treinador deve recomendar ao jovem atleta os seguintes cuidados de higiene
dentária de forma a contribuir para a prevenção das lesões desportivas:
- evitar a ingestão de alimentos ricos em hidratos de carbono simples (açú-
cares), principalmente no intervalo entre as refeições;
- lavagem dos dentes com uma técnica adequada e utilizando um dentífrico
com flúor pelo menos duas vezes ao dia;
- observação regular por um estomatologista ou especialista em medicina
dentária, mesmo que o atleta não tenha sintomas, para despiste de patolo- OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
gia dentária assintomática. HABILIDADES
DESPORTIVAS
!
O ÁLCOOL
O treinador deve chamar a atenção do jovem atleta para os efeitos negativos
que o álcool pode ter no rendimento desportivo após a sua ingestão e,
simultaneamente, para o aumento de risco de lesões desportivas (dimi-
nuição da coordenação motora, da atenção, dos reflexos e da capacidade
de reação). O atleta deve igualmente estar informado que o álcool tem um
efeito diurético e por isso prejudica a sua recuperação, principalmente após
esforços em que perdeu muita água através da sudação.
O alcoolismo conduz à dependência física e psíquica, a inúmeras doen-
ças do fígado (cirrose), do pâncreas (pancreatite), do coração (miocardiopatia
alcoólica), dos músculos (miosite), entre outras.
!
O TABACO
O treinador, ao trabalhar nos grupos etários em que normalmente se dá a
iniciação dos hábitos tabágicos, deve informar os jovens atletas sobre os
riscos do uso do tabaco.
Deverá esclarecer o atleta que a utilização do tabaco, para além de au-
mentar a incidência de doenças cardiovasculares, respiratórias e cancerosas,
tem efeitos nefastos na prestação desportiva devido principalmente a uma
diminuição da difusão alveolo-capilar a nível pulmonar.
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GRAU I
!
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AS DROGAS SOCIAIS
Tal como para o tabaco, o treinador que trabalha nos grupos etários em
que normalmente se dá a iniciação da utilização das drogas sociais, deve
informar os atletas dos perigos da utilização das drogas sociais, explican-
do-lhes que mesmo as ditas mais leves provocam dependência física e
psíquica e uma tendência para o aparecimento de uma escalada para dro-
gas mais pesadas. O jovem atleta deve ser igualmente informado de que a
utilização de drogas sociais fornece a ilusão de uma felicidade transitória,
mas que na maioria das vezes acaba numa desinserção social do utilizador
com o recurso ao roubo e à prostituição.
O atleta deverá ser igualmente informado que, no desporto, a utilização
de drogas consideradas leves, como os canabinóides (marijuana, haxixe, etc.)
é proibida, não porque provoquem um aumento do rendimento des-
portivo na grande maioria das modalidades desportivas mas porque o
desporto deve ser encarado como uma escola de virtudes, onde não cabe
um atleta que utiliza este tipo de substâncias. A utilização de algumas
drogas ditas mais pesadas (heroína e cocaína) é igualmente proibida no
desporto.
O treinador, se detetar que um dos seus jovens atletas utiliza drogas
sociais, não deve ter uma atitude de rejeição do atleta, mas sim utilizar
a prática desportiva como método para promover a sua recuperação e a
reinserção social.
!
SUBSTÂNCIAS DOPANTES
A utilização de substâncias dopantes há muito que deixou de ser um proble-
ma restrito ao desporto de alto rendimento. Sabemos hoje que a utilização
de substâncias dopantes pode começar durante a adolescência, não só com
o intuito de se obterem melhores resultados desportivos, mas essencialmente
por motivos estéticos e na procura de melhorar a imagem corporal.
O treinador deve informar e/ou recomendar o jovem atleta sobre algu-
mas medidas relacionadas com a utilização de substâncias dopantes:
- a sua utilização, para além de representar uma batota, é ilegal e pode
pôr em causa a preservação da saúde, devido aos efeitos secundários da
generalidade destas substâncias;
- o jovem deve ser ensinado a saber lidar com a sua imagem corporal.
O treinador deve ajudar o jovem com problemas de imagem corporal
(excessivamente magro ou gordo, por exemplo) a inserir-se no grupo,
minorando desse modo os efeitos psíquicos que podem advir daquela
imagem. O jovem magro e longilíneo não se integra facilmente nos
desportos que envolvam força e contacto físico, enquanto que o gordo e
brevilíneo não se sente à vontade nos desportos que envolvam resistên-
cia aeróbia;
20
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
!
DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS POR CONTACTO SEXUAL
O treinador deve informar os atletas que não há perigo de contágio do
vírus da imunodeficiência adquirida ou de outros vírus transmitidos por via
sanguínea (hepatites B e C, por exemplo) durante a prática da atividade des-
portiva, se forem tomadas as medidas preventivas adequadas. Desse modo,
nenhum atleta pode permanecer em competição ou no treino com uma
lesão que sangra sem que a hemorragia esteja controlada e a lesão devida-
mente coberta por um penso.
O treinador deve informar os jovens atletas da necessidade da utiliza-
ção de preservativo em qualquer tipo de relação sexual tida com um(a)
parceiro(a), muitas vezes facilitada pelo convívio social associado à própria
atividade desportiva. Atualmente não existem parceiros(as) considerados(as) OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
seguros(as) para não existir a proteção adequada. HABILIDADES
DESPORTIVAS
O exame médico desportivo não deve ser encarado apenas como uma
mera resposta a um requisito burocrático e legal, mas sim como um ato médico
fundamental para a saúde e segurança do candidato.
De acordo com a legislação em vigor, deve ser utilizado o modelo obriga-
tório de ficha de exame de avaliação médico-desportiva, fornecido pelo
Instituto Português do Desporto e Juventude, IP.
Cada candidato deve assim fazer-se acompanhar deste modelo próprio onde
serão registadas declarações pessoais, da responsabilidade do candidato (ou
seu encarregado de educação no caso dos menores de 18 anos). Seguem-
-se os antecedentes: familiares, pessoais e desportivos. Logo de seguida
o exame objetivo com os seguintes parâmetros em avaliação: biometria e
exame ectoscópico, oftalmológico, otorrinolaringológico, estomatológico,
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Este exame pode ser realizado por qualquer médico, mediante o preenchi-
mento do impresso próprio para a realização do exame. Se necessário ou se
existirem contraindicações deverá referenciar para um médico com formação
específica em medicina desportiva ou para os Centros de Medicina Desportiva
do Instituto Português do Desporto e Juventude, IP (Lisboa, Coimbra, Porto).
No caso dos praticantes inscritos no regime de Alto Rendimento e no caso de
sobreclassificação de um praticante desportivo para além do escalão imediatamente
superior ao correspondente à sua idade, é obrigatória a realização do exame médico
desportivo nos Centros de Medicina Desportiva de Lisboa, Coimbra ou Porto.
22
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
As lesões macrotrau-
máticas são típicas
das atividades envol-
vendo contacto físico,
como nas modalida-
des coletivas ou des-
portos de combate, e/
ou caraterizadas por
gestos explosivos e
que requerem atividade
gestual complexa.
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ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
Esta última classificação é muito útil, pois estes diversos tipos de feridas têm
diferentes formas de aplicação dos primeiros socorros.
Hemorragias
As hemorragias surgem geralmente na atividade desportiva associadas a
feridas cutâneas. Podem-se manifestar por diversos graus de intensidade,
desde hemorragias em «toalha», quando pequenos e múltiplos capilares
são lesados numa ferida erosiva, até hemorragias em jato, quando um vaso
de maior calibre é seccionado. A hemorragia pode também ser interna,
quando é lesado um vaso que se encontra num interior de uma cavidade
(hemorragias intra-abdominal, intratorácica, intracraneana).
Como se manifesta uma hemorragia interna?
As hemorragias internas manifestam-se por dor de intensidade progressiva referida a uma cavi-
dade (craniana, torácica, abdominal, entre outras) após traumatismo das mesmas acompanha-
das de palidez e aumento da frequência cardíaca. Nessas situações, o atleta deverá ser enviado
com urgência para um centro hospitalar acionando o 112.
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Imagem de um hematoma
muscular numa ecografia.
Deveremos limitar ao máximo o volume do hematoma, pois quanto maior
este for, mais será a cicatriz resultante da sua cura (fibrose), constituída por
tecidos menos elásticos do que o tecido muscular normal e sem as capa-
cidades contráteis deste. Uma fibrose de grandes dimensões e/ou pouco
funcional origina dor com o movimento e a possibilidade de ocorrência
de nova lesão muscular na zona de interseção entre a fibrose e o tecido
muscular adjacente, após a retoma da atividade desportiva.
Cãibra muscular
A cãibra muscular é uma contração muscular involuntária e sustentada de um
músculo. A sua causa, na maioria das vezes, é desconhecida, mas pode resultar
de alterações iónicas (baixo nível sanguíneo de sódio, cloro ou magnésio),
défice de hidratação muscular, isquemia muscular, entre outros.
Manifesta-se por um espasmo muscular doloroso com impotência funcional.
Deveremos executar um estiramento lento, suave, progressivo e suficientemente
prolongado no tempo, do músculo afetado. Se o estiramento for executado
bruscamente, arriscamo-nos a lesar o músculo. Se a cãibra persistir ou repetir,
o atleta deverá interromper a competição ou o treino. De seguida podem ser
tomadas outras medidas: aplicação de calor húmido (saco de água quente ou
toalha quente) durante 10-15 minutos na zona dolorosa, hidromassagem e
hidratação com bebida energética contendo hidratos de carbono e minerais.
26
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
Contratura muscular
A contratura muscular é uma situação provocada por uma contração localizada de
algumas fibras musculares, que se perpetua no tempo (horas ou dias), em resposta
a uma agressão local que na maior parte das vezes é de origem metabólica (fadiga
localizada) ou mecânica (estiramento muscular súbito).
Manifesta-se pelo surgimento de dor e sensação de «cãibra» localizada na massa
muscular durante a atividade desportiva, mais frequentemente do tipo excêntrica,
resultando alguma impotência muscular (por exemplo, dor durante a marcha ou
corrida), dor ao estiramento muscular, à contração resistida e na palpação do músculo.
À palpação sente-se uma zona «empastada» sob a forma de uma pequena massa
de limites pouco precisos. Como iremos ver, esta sintomatologia é idêntica à de uma
micro-rotura, onde existe uma agressão tecidular geralmente provocada por um
agente agressor de maior energia com lesão de algumas fibras musculares.
A micro-rotura acompanha-se de uma contratura das fibras musculares intactas
na sua zona envolvente. Assim, numa fase inicial, é difícil, muitas vezes mesmo para
um médico, o diagnóstico diferencial entre micro-rotura e contratura muscular.
Só a evolução clínica ao longo do tempo poderá ajudar o médico a fazer o diagnósti-
co definitivo pois enquanto a contratura muscular evolui favoravelmente para a cura OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
nas primeiras 24/48 horas, na rotura muscular os sintomas mantêm-se ao longo de HABILIDADES
vários dias. Em caso de dúvida, devemos tratar a contratura muscular como se fosse DESPORTIVAS
uma micro-rotura, com as quatro medidas do RICE e enviar o atleta o mais rapida-
mente possível ao médico. A continuação da atividade física sem consulta prévia de
um médico não deve ser aconselhada, pois pode originar o agravamento da lesão.
próprio músculo que se lesa, numa travagem ou desaceleração rápida. desequilíbrio muscular entre
n
agonistas e antagonistas ou
As roturas podem classificar-se da seguinte forma: encurtamento do músculo
- micro-rotura – rotura apenas de algumas fibras musculares, atingindo por défice de trabalho em
uma zona muito limitada do músculo; atividade excêntrica;
- rotura muscular parcial – em que há uma rotura de maior ou menor falta de flexibilidade;
n
dimensão, mas sem seccionar por completo o músculo; lesões musculares anteriores
n
- rotura muscular total – em que há uma rotura total da massa muscular (por exemplo, fibroses).
com afastamento total dos dois topos musculares.
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GRAU I
A micro-rotura
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ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
As fraturas ósseas são lesões macrotraumáticas que resultam de uma força DESPORTIVAS
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As fraturas são lesões graves pois não lesam apenas o osso mas também,
com maior ou menos intensidade, os tecidos moles circundantes (tendões,
músculos, ligamentos, nervos, vasos e a pele). Assim, as fraturas podem
classificar-se da seguinte forma:
Para evitar a lesão secundária das partes moles, o atleta deve ser imobi-
lizado o mais precocemente possível. Deve ser imobilizado o segmento
fraturado e as articulações acima e abaixo deste. Por isso, o praticante deve
ser reencaminhado com brevidade para uma urgência hospitalar.
Luxação articular
A luxação articular é uma lesão macrotraumática que resulta de uma força
externa violenta exercida sobre uma articulação, ocasionando uma perda
de contacto das superfícies articulares uma em relação à outra. A luxação
será completa se existir uma perda total do contacto entre as superfícies
articulares, ou parcial, se existir ainda algum contacto entre as mesmas
(sub-luxação). Uma luxação pressupõe sempre a existência de uma lesão
dos ligamentos e/ou da cápsula articular, de outras estruturas articulares
ou mesmo uma fratura óssea. A luxação pode ter caráter recidivante, se a
sua ocorrência se repete frequentemente, motivada por lassidão da cáp-
sula e ligamentos articulares, acompanhada ou não de insuficiência dos
músculos periarticulares. São típicas as luxações recidivantes do ombro
(gleno-umeral) e rótula (femuro-patelar). A luxação articular manifesta-se
por dor, deformação local, impotência funcional e edema.
30
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
Entorse articular
A entorse articular resulta de uma ação traumática, levando a que a articulação OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
faça um movimento para além da sua amplitude fisiológica, sem, no entanto, HABILIDADES
seja, uma luxação articular. Surgem sempre lesões da cápsula articular, dos
ligamentos e/ou das cartilagens articulares. Podem surgir igualmente lesões
meniscais, caso a articulação em causa os possua (joelho, por exemplo).
A entorse articular pode ser mais ou menos grave, consoante a gravidade
das lesões surgidas a nível das estruturas articulares. Manifesta-se por dor,
edema e equimose locais e impotência funcional.
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MANUAL DE CURSO DE TREINADORES DE DESPORTO //
GRAU I
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ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
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MANUAL DE CURSO DE TREINADORES DE DESPORTO //
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Bursa
supraprepatelar
Bursa prepatelar
inflamada
Ressonância magnética Bursa infrapatelar
nuclear do joelho evidenciando
uma bursite crónica agudizada Bursa susartorial
pré-patelar.
34
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
n deformações na cabeça;
n perda de consciência;
n perda de memória;
n náuseas ou vómitos;
n diminuição da força muscular nos membros superiores e/ou inferiores;
n «formigueiros» nos membros;
n cefaleias violentas;
n alterações visuais (diplopia).
OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
Estes sintomas e sinais anunciam-nos que algo de grave se está a passar
Tanto nos HABILIDADES
35
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GRAU I
36
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
n idade e o sexo;
n equipamento;
n planeamento do treino;
n higiene física.
2.3.1 INTRÍNSECOS
AVALIAÇÃO DAS CONTRAINDICAÇÕES MÉDICAS OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
Determinadas anomalias orgânicas ou situações clínicas podem repre- HABILIDADES
desportiva.
Em relação às contraindicações relativas, por exemplo, um indivíduo
com uma dismetria acentuada dos membros inferiores (existência de
membro inferior mais comprido que o outro), não deverá realizar corrida,
por esta condicionar uma maior incidência de lesões osteo-músculo-arti-
culares dos membros inferiores e do tronco.
A ideia que gostaríamos que ficasse bem clara é que o exame de avaliação
médico-desportivo não se faz apenas para cumprir um mero ato administra-
tivo. Todos os agentes ligados ao fenómeno desportivo deverão contribuir
para que esse exame seja realizado por um médico competente e que este
execute o mesmo com rigor. Infelizmente, muitas vezes este é encarado
como um ato administrativo, que é chato, que demora tempo e que de
nada serve. Nada de mais errado, pois como iremos demonstrar, o referido
exame poderá ser muito importante como, por exemplo, na prevenção de
lesões desportivas.
37
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Exemplos de impressões
plantares de pé normal (II),
pé plano (III e IV) e pé cavo (I).
38
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
IDADE E SEXO
Os macro e microtraumatismos de repetição ao nível de um osso em cresci-
mento, geralmente motivados por exageros ou incorreções na metodologia
do treino nos jovens, condicionam a que estes sejam mais predispostos a
lesões osteo-músculo-articulares.
Teoricamente, os mais idosos deveriam estar mais sujeitos a lesões de-
generativas articulares e tendinosas, motivadas pela ação microtraumática
repetitiva sobre estruturas com fenómenos degenerativos. OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
As mulheres, devido à sua menor massa muscular, estão mais sujeitas a HABILIDADES
lesões osteo-articulares por menor suporte a nível articular. Por outro lado, DESPORTIVAS
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A aprendizagem
motora deverá ser
o objetivo principal
do treino nos
primeiros anos de
prática de qualquer
atividade desportiva,
principalmente nas
disciplinas mais
técnicas.
40
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
Se tivermos valores de referência, podemos então estabelecer progra- percentis de parâmetros DESPORTIVAS
somáticos e de composição
mas nutricionais e de exercício físico visando a obtenção de valores ideais corporal em jovens futebo-
de composição corporal, controlando a evolução da mesma com méto- listas portugueses do grupo
etário sub 14 (n=35).
dos antropométricos simples, como a medição das pregas cutâneas.
41
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RESPOSTA AO STRESS
2.3.2 EXTRÍNSECOS
As condições CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS
As condições atmosféricas podem atuar como fatores predisponentes de lesões
atmosféricas podem
osteo-músculo-articulares. O frio, ao aumentar o tónus muscular e ao alterar a
atuar como fatores sensibilidade à dor, pode condicionar um aumento de risco de lesão, principal-
predisponentes de mente em atividades que exijam movimentos rápidos. O calor e, particularmen-
te a humidade, levam a uma maior sudação, condicionando um défice de água
lesões osteo-músculo- no organismo com perda das qualidades elásticas e contrácteis do músculo e do
-articulares. tendão, e da sua resistência ao estiramento, predispondo à lesão dos mesmos.
42
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
fundamental. DESPORTIVAS
EQUIPAMENTO
O equipamento utilizado pelo praticante durante a prática da atividade
desportiva pode predispor à lesão. A utilização de calções na prática da
corrida em clima frio pode condicionar um aumento do tónus muscular
e desse modo predispor à ocorrência de lesão. A utilização de sapatos
de boa qualidade mas deteriorados pelo uso pode originar alterações
biomecânicas durante a execução do gesto desportivo e predispor igual-
mente à lesão desportiva.
Em termos de cuidados preventivos será importante a escolha criteriosa
do equipamento a utilizar, que deverá ser específico ao tipo de atividade
física praticada. Deve difundir-se informação relativa às qualidades
que deve possuir o equipamento, não sendo necessariamente o mate-
rial mais publicitado e mais caro o melhor. Deve-se ponderar sobre a
43
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PLANEAMENTO DO TREINO
Um deficiente planeamento do treino pode ser muito importante para a pre-
disposição à lesão desportiva.
44
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
!
Isto deve-se muitas das vezes ao facto de terem pouco tempo para executa-
rem o treino, preferindo abreviar ou mesmo anular o período de aquecimento.
OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
HABILIDADES
DESPORTIVAS
Representação esquemática
de músculos anteversores e
retroversores da bacia.
45
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HIGIENE FÍSICA
O repouso, o sono, a abstenção do álcool, do tabaco e das substâncias do-
pantes e uma nutrição adequada diminuem o risco de lesões osteo-músculo-
-articulares. Alterações do estado de saúde, como infeções génito-urinárias,
respiratórias superiores e abcessos e microabcessos dentários associam-se
frequentemente a lesões osteo-músculo-articulares. Já falámos da importância
de uma correta hidratação na prevenção de lesões. Um pequeno-almoço defi-
ciente do ponto de vista quantitativo ou qualitativo ou mesmo ausente pode
ocasionar estados de hipoglicémia durante o treino da manhã, levando a uma
diminuição da coordenação motora e a estados de fadiga precoce que predis-
põem ao aparecimento de lesões desportivas.
As substâncias dopantes são um fator predisponente de lesões, atuando de
diversas formas. As anfetaminas, ao mascararem a sensação de fadiga, levam o
As substâncias praticante a executar esforços para os quais o seu organismo não está prepa-
dopantes são um rado. Os agentes anabolisantes, tão em voga nos nossos ginásios, levam a uma
hipertrofia das massas musculares e desenvolvimento da força muscular, não
fator predisponente acompanhada de um aumento proporcional do tamanho e da resistência dos
de lesões, atuando de tendões, o que conduz a uma incidência aumentada de lesões tendinosas.
Em termos preventivos, para todos os praticantes, é importante a divulgação
diversas formas.
de cuidados de higiene física, em relação a todos os fatores que acabámos de
descrever e em relação aos meios favorecedores da recuperação física e psíquica.
46
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
47
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Esta última classificação é muito útil, pois estes diversos tipos de feridas exigem,
no que toca a medidas de primeiros socorros, formas de atuação diferentes.
48
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
Nas feridas erosivas não deve ser utilizada a «pele plástica» para proteção DESPORTIVAS
49
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50
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
Após a realização das medidas RICE, o atleta deve ser enviado, o mais
brevemente possível, a um médico ou a uma urgência hospitalar conforme
a gravidade da lesão pois podem ter de ser tomadas medidas urgentes.
OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
Talas HABILIDADES
Cabresto
É uma imobilização por suspensão do membro superior para imobilização
provisória de fraturas da cintura escapular.
51
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Perante uma luxação, o atleta ou o treinador não devem tentar realizar a redução
da luxação (recolocação das superfícies articulares no seu local anatómico), pois
esta manobra só deve ser realizada por pessoal médico.
De forma a podermos entender a utilidade da aplicação do gelo na fase
aguda das lesões desportivas, recordemos os efeitos orgânicos da terapia
pelo frio (crioterapia) e das suas diferentes formas de aplicação. A utilização
da crioterapia na fase aguda de múltiplas lesões traumáticas deve-se aos
seguintes efeitos orgânicos:
subcutânea – quanto tritora ao arrefeci- bro – quanto maior o rapia – quanto maior crioterapia – o arrefeci-
maior esta for, menor mento cutâneo, que perímetro, menor é o a duração, maior é o mento conseguido por
o arrefecimento; varia de indivíduo para arrefecimento; arrefecimento; um banho de imersão
indivíduo; em água fria é maior
que o conseguido com
a aplicação do gelo
diretamente sobre a
pele, por exemplo.
52
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
Saco de gelo
Representa talvez o método mais utilizado a nível domiciliar. Consis-
te num recipiente contendo gelo, idealmente triturado ou partido,
para aumentar a adaptabilidade do saco à zona a tratar. O recipiente
pode ser um saco de plástico, uma toalha ou um recipiente especial
para gelo. Deve evitar-se o contacto direto do saco com a superfície
cutânea, pelo risco de queimadura. Se o saco estiver imóvel devemos
utilizar uma toalha para proteção da pele. Se desejarmos realizar apli-
cações rápidas sem a utilização de uma toalha, e para proteção da pele,
podemos executar pequenos movimentos com o saco fazendo variar
a zona arrefecida. A duração da aplicação varia entre 10 e 20 minutos,
segundo a gravidade e a profundidade da lesão, a espessura do tecido
adiposo subcutâneo e o tipo de contenção utilizado.
OBSERVAÇÃO E
Sacos de gel frio
ANÁLISE DAS
Que contêm uma substância gelatinosa com propriedades anticongelantes HABILIDADES
Toalhas geladas
As toalhas são imersas em água com sal (500 gramas de sal para 5
litros de água) e posteriormente congeladas. São aplicadas durante 5
minutos.
53
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54
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
Em resumo, quanto mais intensas forem a dor e o edema, mais frequente deve
ser a aplicação da crioterapia. Devemos respeitar o tempo máximo de aplica-
ção para cada tipo de crioterapia, mas podemos repetir o tratamento várias
vezes ao dia. A crioterapia executada com um tempo de aplicação superior ao
aconselhado pode ser prejudicial, pois a partir de uma certa altura deixa de se
produzir a vasoconstrição desejada, surgindo uma vasodilatação reativa. Todas
estas formas de frio podem ser usadas nas fases agudas da grande maioria das
lesões desportivas, ou na fase tardia das mesmas no combate à dor.
55
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perda de consciência curta, causada na maior parte das vezes por uma descarga do sistema
LIPOTIMIA SIMPLES parassimpático, motivada por uma emoção forte, pela observação de situações desagradáveis,
ou de sangue, entre outras.
quando um traumatismo craniano se associa a uma perda de consciência, mesmo que pouco
TRAUMATISMO CRANIANO
duradoura, tem geralmente gravidade, e deve inspirar cuidados.
COMA HIPOVOLÉMICO por hemorragias graves com grande perda de sangue e anemia aguda.
EM CASO DE DÚVIDA
ACIONAR SEMPRE O 112 Como vimos, algumas destas causas podem ocorrer durante a atividade
desportiva e, assim, o atleta e o treinador devem estar preparados para as so-
correr. Perante um atleta inconsciente, o socorrista deve fazer a avaliação dos
sinais vitais e iniciar as manobras de suporte básico de vida, se necessárias e
se estiver habilitado a realizá-las.
Um armário ou uma mala de primeiros socorros devem ter, no mínimo
os seguintes materiais:
UMA EMBALAGEM DE SORO FISIOLÓGICO; LIGADURAS ELÁSTICAS DE DIVERSAS DUAS TALAS DE ZIMMER® PARA
UMA EMBALAGEM DE BETADINE® DIMENSÕES; IMOBILIZAÇÃO DE FRATURAS DOS DEDOS
SOLUÇÃO DÉRMICA; ROLOS DE GAZE TUBULAR DE DIVERSAS DA MÃO;
UMA EMBALAGEM DE ÁLCOOL; DIMENSÕES; UM DISPOSITIVO PARA SUSPENSÃO DE
VÁRIAS EMBALAGENS DE COMPRESSAS LIGADURA FUNCIONAL ELÁSTICA E NÃO BRAÇO AO PEITO;
ESTERILIZADAS DE DIVERSAS DIMENSÕES; ELÁSTICA; LUVAS DESCARTÁVEIS;
UMA EMBALAGEM DE COMPRESSAS UMA EMBALAGEM DE FITA ADESIVA; PROTETOR FACIAL DESDOBRÁVEL PARA
GORDAS; UMA TESOURA; REALIZAÇÃO DE REANIMAÇÃO CARDIOR-
UMA EMBALAGEM DE ALGODÃO; DIVERSAS PINÇAS ESTERILIZADAS RESPIRATÓRIA;
UMA EMBALAGEM DE PENSOS RÁPIDOS DESCARTÁVEIS; SACOS DE PLÁSTICO;
DE DIVERSAS DIMENSÕES; ALFINETES DE AMA; UMA EMBALAGEM DE ESPÁTULAS;
LIGADURAS DE GAZE DE DIVERSAS TALAS PARA IMOBILIZAÇÃO DE PACOTES DE AÇÚCAR.
DIMENSÕES; FRATURAS DE DIVERSAS DIMENSÕES;
56
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LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
57
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Conclusões
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O treinador deve ter uma intervenção pedagógica junto dos jovens atletas trans-
mitindo-lhe uma série de regras de higiene, que por um lado promovam a saúde
e por outro façam com que a relação do atleta com a atividade desportiva seja
salutar e sem problemas. Em suma, o treinador não deve demitir-se do seu
papel de educador principalmente junto dos mais jovens.
58
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
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Na maioria dos casos, a lesão desportiva não ocorre por uma questão de
sorte ou azar, mas porque existem fatores de risco que condicionaram o seu
aparecimento.
60
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LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
61
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Autoavaliação
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3.
n Em que questões básicas relativas a regras de higiene deve o
treinador intervir como educador junto dos mais jovens?
?
n Refira como podemos suspeitar que um atleta tem uma fratura
de fadiga. Existem modalidades onde a predisposição é maior?
n Por que é que o treinador por vezes identifica com mais facilida-
de os fatores de risco de doença cardiovascular do que os fatores
de risco de lesão desportiva?
62
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
LESÕES DESPORTIVAS/PRIMEIROS SOCORROS
?
das de primeiros socorros a prestar nas feridas cutâneas.
OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
HABILIDADES
DESPORTIVAS
63
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Índice
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CONCLUSÕES 70
AUTOAVALIAÇÃO 70
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 113
GLOSSÁRIO 117
4. NUTRIÇÃO
64
SUPORTE BÁSICO DE VIDA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
1. Fazer a abordagem da vítima em segurança.
2. Diagnosticar paragem respiratória e cardiorrespiratória.
3. Aplicar corretamente o suporte básico de vida e desfi-
brilhadores automáticos externos.
4. Adquirir treino na abordagem da via aérea.
5. Adquirir treino na execução das compressões torácicas.
6. Adquirir treino na ventilação boca-a-boca e com uso
de máscara insuflador manual.
DE VIDA
3.1 Formação teórica
3.1.1 AVALIAÇÃO
Após verificação das condições de segurança do local do sinistro, iniciar a
abordagem da vítima com avaliação dos sinais vitais.
65
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!
descrever a vítima
!
descrever o local, para
!
mencionar que sabe
(idade aparente, sexo); facilitar a chegada dos executar as manobras
meios de emergência; de suporte básico de
vida.
66
SUPORTE BÁSICO DE VIDA
Cadeia de sobrevivência
67
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68
SUPORTE BÁSICO DE VIDA
SE NÃO RESPIRA E
NÃO TEM PULSO:
Se está acompanhado:
- peça para ligar 112;
- inicie SBV.
OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
HABILIDADES
A maior parte dos episódios de morte súbita cardíaca, resulta da ocorrência de arrit-
mias graves, nomeadamente de fibrilhação ventricular.
O único tratamento eficaz na paragem cardíaca devido a fibrilhação ventricular,
é a desfibrilhação elétrica. Existem equipamentos automáticos (desfibrilhadores),
capazes de identificar automaticamente ritmos cardíacos desfibrilháveis, com capa-
cidade para emitir informações sonoras, alertar para as condições de segurança e de
produzir descargas elétricas automaticamente. Contudo, apesar de muito seguros,
estes aparelhos de DAE, só podem ser usados por não médicos por delegação de
um médico e sob a sua supervisão (pressupõe assim que os utilizadores não médicos
terão de ter creditação para o efeito). É ao INEM, I.P., que compete licenciar a utiliza-
ção do DAE, bem como monitorizar a sua utilização. A razão desta estratégia reside
no facto de em Portugal existir ainda um grande desconhecimento das técnicas de
suporte básico de vida, tornando arriscada a utilização livre dos desfibrilhadores.
69
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Conclusões
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Autoavaliação
?
n Em situação de paragem cardiorrespiratória, como agir se
a vítima não respira e não tem pulso? Enumere o respetivo
algoritmo.
70
SUPORTE BÁSICO DE VIDA
OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
HABILIDADES
DESPORTIVAS
71
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Índice
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4.NUTRIÇÃO 73
4.1 METABOLISMO ENERGÉTICO 73
4.2 CARBURANTES UTILIZADOS NA ATIVIDADE DESPORTIVA 77
a) Hidratos de carbono 79
b) Lípidos ou gorduras 84
c) Proteínas 88
4.3 RESERVAS DE GLICOGÉNIO MUSCULAR E HEPÁTICO 92
4.4 VITAMINAS E MINERAIS 98
4.5 HIDRATAÇÃO 105
CONCLUSÕES 110
AUTOAVALIAÇÃO 111
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 113
GLOSSÁRIO 117
4. NUTRIÇÃO
72
NUTRIÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
1. Adquirir conhecimentos básicos sobre o metabolismo
energético e sobre os diversos carburantes utilizados
na atividade desportiva.
2. Reconhecer a importância das reservas de glicogénio
muscular e hepático na génese da fadiga desportiva.
3. Identificar a contribuição das vitaminas e minerais na
nutrição desportiva.
4. Valorizar a importância da hidratação na saúde e no
rendimento desportivo.
OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
HABILIDADES
DESPORTIVAS
4. NUTRIÇÃO
4.1 Metabolismo energético
A unidade de energia utilizada para medir a energia que gastamos para
realizar todas as funções orgânicas é a quilocaloria, isto é, a quantidade de
calor necessária para elevar a temperatura de um litro de água de 14,5ºC a
15,5ºC. A quilocaloria é vulgarmente designada apenas por caloria.
As necessidades calóricas de um indivíduo dependem de diversos fatores:
da idade; do peso corporal; do género; da atividade física diária; do estado
psíquico; das condições climatéricas; entre outros.
A energia encontra-se armazenada no organismo sob a forma de ATP
(Adenosina trifosfato) formada a partir do ADP (Adenosina difosfato), que
se liga com um fosfato através de uma ligação de alta energia.
As unidades contrácteis dos músculos são constituídas por filamentos
grossos de miosina envolvidos por filamentos finos de actina. Os fila-
mentos de actina deslizam sobre os filamentos de miosina permitindo
dessa forma a contração muscular. A energia necessária a este processo
é fornecida pela degradação de moléculas de ATP por perda de uma
molécula de fosfato, libertando-se oito calorias, numa reação inversa à
atrás explicitada.
73
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74
NUTRIÇÃO
Este facto é muito relevante pois o ácido láctico, ao conduzir a uma acidifica-
ção do meio celular, provoca uma inibição de alguns enzimas intervenientes
na glicólise, conduzindo à fadiga muscular por falta de substrato energético.
75
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76
NUTRIÇÃO
77
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Se tomarmos como exemplo uma corrida, quanto mais curta e intensa esta
for, maior é a utilização de glicose e menor a de ácidos gordos. Inversa-
mente são gastos mais ácidos gordos se a corrida for longa e o seu ritmo
for moderado, como numa corrida de fundo, em que, conforme os quiló-
metros vão passando, aumenta a percentagem de ácidos gordos utilizados.
Com o treino vai haver uma tendência para cada vez se pouparem mais
hidratos de carbono e se utilizarem mais ácidos gordos, pois as reservas
destes são grandes, enquanto as dos hidratos de carbono podem esgotar-
-se rapidamente.
78
NUTRIÇÃO
a) Hidratos de carbono
Existem três categorias principais de hidratos de carbono, também vulgar-
mente conhecidos como açúcares.
1. MONOSSACÁRIDOS
• Glicose ou dextrose.
• Frutose (açúcar dos frutos).
• Galactose (entra na composição da lactose do leite).
2. DISSACÁRIDOS
(formados a partir da junção de dois monossacáridos)
• Sacarose (glicose + frutose) - existente no açúcar de cana, beterraba e mel.
• Lactose (glicose + galactose) - existente no leite.
• Maltose (glicose + glicose) - existente no malte e cereais.
3. POLISSACÁRIDOS
(formados a partir da junção de três ou mais monossacáridos)
- Polissacáridos vegetais OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
• Amido - existente nos cereais e produtos derivados (pão, flocos, mas- HABILIDADES
• Celulose - não é absorvida a nível intestinal, mas, por conter muitas fibras,
é essencial para dar volume às fezes e dessa forma contribuir para o bom
funcionamento dos intestinos.
- Polissacáridos animais
• Glicogénio - formado por uma cadeia mais ou menos longa de molé-
culas de glicose e existente em todos os produtos animais.
79
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A glicogénese e a
glicogenólise
1. GLICEROL
2. ÁCIDO LÁCTICO E PIRÚVICO
3. AMINOÁCIDOS
A neoglucogénese
(adaptado de Peronnet, F.
Le marathon)
80
NUTRIÇÃO
COMPOTAS
rápida da glicemia, e os hidratos de carbono complexos são considerados
n
81
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82
NUTRIÇÃO
83
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b) Lípidos ou gorduras
A maior parte dos lípidos encontra-se no nosso organismo sob a forma de triglicé-
ridos. Cada molécula de triglicérido é constituída por três ácidos gordos e um gli-
cerol. São os ácidos gordos que irão ser utilizados diretamente como carburantes.
Estes ácidos gordos têm um elevado potencial energético, pois da combus-
tão de 1 grama dos mesmos obtêm-se 9 quilocalorias, enquanto da combustão
de 1 grama de glicose ou aminoácidos resultam somente 4 quilocalorias. O uso
da energia dos ácidos gordos pelo organismo não é económico, pois por cada
caloria obtida a partir dos ácidos gordos gasta-se muito mais oxigénio do que em
igual caloria obtida a partir dos glúcidos. Por isso, com os ácidos gordos, não con-
seguimos um rendimento muscular tão eficaz como com os hidratos de carbono.
84
NUTRIÇÃO
85
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86
NUTRIÇÃO
Os lípidos existem nos produtos animais (carne, peixe, ovos, leite e derivados,
entre outros) e nos produtos vegetais (óleos de milho, de soja, de girassol,
de amendoim, de cártamo, no azeite, na margarina de origem vegetal, en-
tre outros). As gorduras animais são mais ricas em ácidos gordos satura- OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
dos, os mais implicados como fator de risco nas doenças cardiovasculares. HABILIDADES
As gorduras vegetais são mais ricas em ácidos gordos insaturados, menos DESPORTIVAS
87
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c) Proteínas
Os prótidos ou proteínas são formados por uma sequência de unidades pri-
márias, os aminoácidos (grupo amina + ácido orgânico). Existem cerca de
vinte aminoácidos diferentes no organismo, que permitem as mais diversas
combinações para formação das proteínas.
1.
Os aminoácidos estão agrupados:
AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS – o nosso organismo não os sintetiza por isso
têm de ser fornecidos pela alimentação.
88
NUTRIÇÃO
no entanto, que uma dieta equilibrada contendo proteínas animais e vegetais DESPORTIVAS
Hoje em dia estão bem definidas as causas que levam a uma maior ne-
cessidade de proteínas na alimentação dos atletas:
n maior síntese proteica a nível muscular;
89
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l carne
A maioria dos alimentos ricos em proteínas animais, como a carne, os ovos,
l mariscos
o leite gordo e derivados, são também muito ricos em gorduras saturadas e
colesterol e por isso devem ser tomados com moderação na dieta diária.
. ALIMENTOS VEGETAIS MAIS
As proteínas vegetais podem ter falta de alguns aminoácidos essenciais.
RICOS EM PROTEÍNAS
No entanto, estes podem ser fornecidos por outros alimentos ingeridos
l cereais
(trigo, arroz, milho, cevada, simultaneamente. Por exemplo, o arroz e o trigo podem ter falta de um dos
centeio), principalmente se aminoácidos essenciais, a lisina. No entanto, se com estes cereais ingerir-
forem integrais mos leguminosas ou legumes ou derivados do leite ou um pouco de carne
l leguminosas (feijão, ervilhas, ou peixe, todos eles ricos em lisina, o défice nesse aminoácido essencial
grão, favas e soja) é preenchido. Os alimentos ricos em proteínas animais têm outra grande
l nozes vantagem, a de serem geralmente pobres em lípidos e ricos em hidratos de
l amêndoas carbono maioritariamente complexos, tão necessários ao atleta.
Defendemos que, através de uma associação de proteínas animais
e vegetais, vamos obter de uma forma saudável todos os aminoácidos
necessários à síntese das nossas proteínas.
Os atletas, ao ingerirem mais calorias que uma pessoa sedentária,
também estão a tomar uma quantidade superior de proteínas. A dieta do
tipo ocidental tem, em geral, uma ingestão de proteínas muito superior
às necessidades proteicas diárias, mesmo para um desportista.
Pelas duas razões atrás apresentadas pensamos não se justificar a
suplementação de proteínas na alimentação dos atletas.
90
NUTRIÇÃO
como por exemplo os triatletas, pois não podem ingerir refeições muito
volumosas ricas em proteínas. A suplementação com produtos ricos em
proteínas «solúveis» de fácil digestão pode ser importante nestes atletas.
91
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GRAU I
Quanto mais intensa for a atividade física, maior será a potência do trabalho
muscular e assim maior a utilização do glicogénio muscular – o supercarbu-
rante do músculo.
Para realizarem boas provas, os bons maratonistas têm reservas muscu-
lares de glicogénio superiores aos indivíduos normais. Isto é não só devido
a um fator inato de origem genética, mas também ao resultado do treino,
pois este aumenta as reservas de glicogénio muscular.
92
NUTRIÇÃO
apenas importantes nas atividades de longa duração que utilizam essen- DESPORTIVAS
93
MANUAL DE CURSO DE TREINADORES DE DESPORTO //
GRAU I
através:
A quantidade ideal de hidratos de carbono necessária para maximizar a reposição das reservas
de glicogénio muscular é de 1,0 gramas/kg de peso, em cada 2 horas até à próxima refeição. Idealmente um atleta
deverá ingerir 10 gramas/kg de peso nas primeiras 24 horas após um exercício intenso e prolongado, como, por
exemplo, o de um jogo de futebol ou de uma maratona, de modo a que ocorra a reposição do glicogénio muscular.
94
NUTRIÇÃO
Se essa ingestão não for incentivada, a maioria dos atletas não consegue
ingerir as supracitadas 10 gramas/kg de peso de hidratos de carbono, de modo
a repor de uma forma eficaz e rápida as reservas de glicogénio muscular.
Se os atletas não estiverem conscientes da necessidade de reforçarem a inges-
tão de hidratos de carbono nas primeiras horas após os treinos e competições
onde utilizaram as suas reservas de glicogénio muscular como fonte ener-
gética de forma a reporem as suas reservas de glicogénio muscular, podem
através da repetição frequente deste erro, reduzir progressivamente aquelas
reservas. Este facto conduz inevitavelmente à instalação de uma síndroma
de fadiga de instalação prolongada, de difícil diagnóstico e com enormes
repercussões negativas a nível do rendimento desportivo dos atletas. Os trei-
nadores, quando os atletas apresentam uma diminuição do seu rendimento
desportivo, quer no treino quer na competição, referindo simultaneamente
sensação de fadiga, tentam encontrar justificação para essa constatação numa
possível falta de motivação dos atletas, na existência de excesso de noitadas
ou em problemas relacionadas com a metodologia do treino, por exemplo, OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
sem habitualmente pensarem numa causalidade do foro nutricional. HABILIDADES
DESPORTIVAS
95
MANUAL DE CURSO DE TREINADORES DE DESPORTO //
GRAU I
Adaptação de Peronnet, F.
Le marathon.
96
NUTRIÇÃO
A glicemia
A glicemia é a concentração de glicose livre no sangue, cuja taxa normal é
inferior a 100-110 mg/dl. Quando esta concentração é mais elevada, diz-se
que há uma hiperglicemia, como acontece por exemplo nos diabéticos. Pode
existir uma ligeira hiperglicemia no final de uma competição que, no entanto,
é transitória e inofensiva.
Abaixo dos 50 mg/dl, dizemos que há uma hipoglicemia. A glicose é prati-
camente o único carburante do sistema nervoso. Este não possui reservas de
hidratos de carbono como o músculo e, assim, quando há uma hipoglicémia o
rendimento fica automaticamente afetado, surgindo sintomas típicos do seu
mau funcionamento. Esses sintomas podem ir desde uma ligeira sonolência,
dificuldade na concentração, alterações do equilíbrio e da coordenação neuro-
-muscular e fadiga, até à perda de consciência, convulsões e coma, nos casos
mais graves. A hipoglicémia pode aparecer igualmente após a atividade física,
pois o atleta por vezes está muitas horas sem comer nada.
A glicemia depende da quantidade de glicose gasta pelos principais consu-
midores de glicose livre no organismo (sistema nervoso e músculos) e da glicose
que entra em circulação vinda diretamente do intestino ou do fígado (através do OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
glicogénio hepático e da neoglucogénese). A hipoglicemia pode ser rapidamen- HABILIDADES
te revertida pela ingestão de água com açúcar (sacarose) numa fase precoce e DESPORTIVAS
97
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2. Tomar bebidas ricas em hidratos de carbono (frutose e/ou glicose) durante a competição.
fígado, mas com uma No início de uma competição, o nível de reservas de glicogénio hepático
estratégia adequada depende:
• da atividade da glicogénese a nível do fígado, que pode ser aumentada
podemos obter níveis quer pelo treino quer por dieta rica em hidratos de carbono, tal como
de 100 gramas/kg de acontece a nível muscular;
• do tipo de alimentação na véspera da competição;
fígado. • do tempo de intervalo entre a última refeição e a hora da competição, que
deve ser idealmente cerca de três horas.
98
NUTRIÇÃO
quando tomadas
HABILIDADES
99
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GRAU I
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100
NUTRIÇÃO
- CEREAIS INTEGRAIS – estes cereais contêm muitas vitaminas nas suas cama-
das mais externas, que são perdidas durante a moagem. Assim, os cereais não
integrais perdem grande parte das suas vitaminas. Podemos ultrapassar este
inconveniente, pelo enriquecimento artificial dos cereais e dos seus derivados
ou pelo consumo de cereais integrais. Estes cereais são pobres em vitamina
B12 e a vitamina K, contendo as outras vitaminas. O arroz e o trigo são pobres
em vitamina A, mas o milho é muito rico nesta vitamina.
FRUTOS SECOS (amendoins, avelãs, amêndoas, nozes, passas, pinhões, entre ou-
tros) – são muitos ricos em vitaminas e minerais. São muitos usados ao pequeno- OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
-almoço, juntamente com cereais integrais e leite, em alguns países europeus. HABILIDADES
DESPORTIVAS
101
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Um atleta necessita por dia de alguns gramas de potássio, sódio, cálcio e cloro;
miligramas de ferro e magnésio; microgramas de cobre, zinco, cobalto, flúor,
iodo, manganésio e selénio. As necessidades do atleta em minerais e em oli-
goelementos são, em alguns casos, superiores às de um indivíduo sedentário. No
entanto, uma alimentação rica e diversificada possui geralmente as quantidades
destes micronutrientes necessárias. Quando a carga competitiva é grande e o
treino intenso, há um aumento das perdas de água e de minerais, devendo haver
um aumento da sua ingestão através de águas minerais, lacticínios, frutos secos,
vegetais, fruta fresca, sumos naturais, cereais, carne e vísceras de animais.
Os atletas parecem necessitar de quantidades superiores de sódio,
potássio, cloro, cálcio, ferro, magnésio, cobre, zinco, manganésio e selénio
em relação aos sedentários, embora não haja indicações muito precisas
sobre os valores ideais de ingestão diária de minerais para atletas.
O cálcio e o ferro são geralmente os minerais que originam mais proble-
mas aos atletas.
Cálcio
O cálcio tem uma elevada importância no metabolismo dos ossos e dos
dentes, na coagulação sanguínea e no funcionamento do sistema nervoso,
assim como na contração muscular. Os atletas parecem necessitar de mais
cálcio que um indivíduo sedentário. Um baixo aporte de cálcio na dieta pode
trazer problemas para o atleta. Parece haver uma certa relação entre uma
dieta pobre em cálcio e o aparecimento de fraturas de fadiga no desporto.
102
NUTRIÇÃO
Ferro
O ferro tem um papel importante na atividade física pois participa no transporte
do oxigénio como componente da mioglobina (proteína transportadora do
oxigénio no músculo); da hemoglobina (proteína transportadora do oxigénio
nos glóbulos vermelhos) e dos citocromos.
Os seus requisitos diários são superiores nos atletas, verificando-se maio-
res necessidades nas mulheres em relação aos homens. Os atletas necessitam
geralmente de duas vezes mais ferro que a população não ativa. As necessidades
de ferro nos atletas são maiores, porque as perdas são igualmente superiores.
103
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GRAU I
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As mulheres
desportistas são mais
predispostas a este
tipo de anemia, devido
às perdas repetidas
de sangue pela
menstruação. O défice de ferro leva a uma anemia ferropénica. Os glóbulos vermelhos
tornam-se pequenos e pálidos e a sua hemoglobina é escassa havendo assim
uma dificuldade no transporte do oxigénio. Os sintomas mais frequentes são:
recuperação lenta e difícil após o esforço; irritabilidade; cansaço; depressão;
insónias e maus resultados desportivos.
As mulheres desportistas são mais predispostas a este tipo de anemia,
devido às perdas repetidas de sangue pela menstruação.
Quando os atletas fazem treino de altitude, há uma maior síntese de
hemoglobina por parte do organismo, para tentar compensar a baixa con-
centração de oxigénio do ar nos pontos elevados. Estes atletas devem receber
suplementos durante este tipo de treino.
Os alimentos mais ricos em ferro são (por ordem decrescente de riqueza):
fígado; coração e rins de animais; carne; gema de ovo; feijão; lentilhas; soja;
vegetais de folha verde; cereais integrais; nozes; amêndoas; passas; amendoins,
entre outros.
Do ferro ingerido na dieta só cerca de 10% é absorvido pela mucosa intestinal, o
restante é perdido nas fezes. No entanto, a absorção intestinal aumenta quando
surge défice de ferro. O ferro contido na hemoglobina (carne e vísceras) parece
ser melhor absorvido que o ferro não hemoglobínico (gema de ovo, feijão, soja,
vegetais de folha verde, cereais integrais, entre outros).
As dietas pobres em carne, como as vegetarianas ou as ricas em fibras, apre-
sentam uma maior predisposição para serem deficitárias em ferro.
104
NUTRIÇÃO
4.5 Hidratação
A água corporal tem um papel fundamental no funcionamento do nosso
organismo. Pelo menos 60% do nosso peso é pura e simplesmente água.
A atividade desportiva pode levar a défice ou esgotamento das reservas de
água do nosso organismo, devido às perdas deste líquido pelo suor e pelas
vias respiratórias.
O rendimento competitivo diminui à medida que se vai instalando um
défice de hidratação no nosso organismo. Quanto maior for esse défice
maior é a perda de rendimento competitivo numa relação diretamente
proporcional.
105
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1.
baixa.
da superfície corporal - quanto maior a superfície corporal, maior a
superfície de troca de calor e, assim, maior a facilidade da sua perda
por parte do organismo;
106
NUTRIÇÃO
3.
da quantidade de sangue existente na circulação sanguínea e
da capacidade cardíaca em transportar o calor, pois é o sangue
que transporta o calor do músculo onde é produzido até à superfície
cutânea e pulmões onde é dissipado;
4.
da quantidade de glândulas sudoríparas - estas glândulas, existentes
na superfície cutânea, produzem o suor a partir do plasma do sangue.
A sua quantidade depende de caraterísticas genéticas de cada raça,
e essencialmente, do clima onde o indivíduo habita. Os indivíduos
de raça negra e os que vivem em climas quentes e húmidos têm
mais glândulas sudoríparas que aqueles que vivem em climas frios,
temperados e secos. Para além disso, aqueles produzem uma maior
quantidade de suor. Quanto maior a quantidade de suor produzida,
mais diluído este é, com as vantagens de se perderem menos sais
minerais e da sua evaporação resultar mais fácil;
5.
da exposição aos raios solares - faz aumentar a temperatura corporal; OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
6.
da temperatura do ar ambiente - quanto mais baixa esta for, mais fácil
HABILIDADES
DESPORTIVAS
7.
do vento - ao fazer renovar o ar que rodeia a superfície cutânea, facilita
as trocas de calor. No entanto, se é muito forte e oposto à direção do
movimento, torna-se prejudicial, pois leva a um maior gasto calórico;
8.
da humidade relativa do ar ambiente - quanto mais elevada esta for,
mais difícil é o arrefecimento. Embora com uma humi-
dade elevada o atleta produza mais suor, a sua
evaporação é mais difícil, perdendo-se muito
suor que cai para o chão sem se evaporar.
Assim perdemos mais água, agravando a
desidratação, e não arrefecemos, fican-
do em perigo de sobreaquecimento.
Este parece ser o fator mais impor-
tante, de todos aqueles que citámos
como influentes na capacidade de
arrefecimento do nosso organismo;
107
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GRAU I
cimento corporal
Para fazermos a avaliação das condições ideais para o arrefecimento corporal neces-
sitamos de conhecer três tipos de temperaturas:
A partir da temperatura húmida obtém-se a humidade relativa, que nos é dada nos
boletins meteorológicos dos países com humidades relativas elevadas. Os serviços
de meteorologia informam que em determinado local estão 40 ºC de temperatura
com 90% de humidade, por exemplo.
Através do conhecimento das três temperaturas atrás explicitadas, podemos
determinar o índice de calor e, através deste, avaliar as condições de arrefecimento.
Como, geralmente, a temperatura raionante não nos é fornecida pelo boletim
meteorológico, torna-se pouco prática a determinação do índice de calor. No entan-
to, através da temperatura seca e da humidade relativa atingimos o mesmo objetivo,
como podemos observar na figura seguinte.
Condições de arrefecimento
(avaliação).
108
NUTRIÇÃO
As adaptações a nível
do sistema cardiovascular
atingem o seu valor máximo
a partir do 6.º dia de
aclimatação, enquanto as
adaptações na sudação e na
resposta termo reguladora
aparecem um pouco mais tarde.
109
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GRAU I
deficientes
1.º Usar o mínimo de roupa possível que deve ser porosa e deixar o máximo de
superfície cutânea descoberta.
Horta, L. (2011). Prevenção de Lesões no 5.º Diminuir o ritmo competitivo. Não podemos pensar, por exemplo, que é
Desporto. Texto Editores possível a mesma velocidade de corrida num ambiente quente e húmido
Netter, Frank H. (2009). Atlas de Anatomia em comparação com um clima fresco e seco.
Humana. Editora Elsevier (4ª Edição)
LIGAÇÕES
www.infopedia.pt
Enciclopédia e Dicionários Porto Editora
www.idesporto.pt
Instituto Português de Desporto e Juventude
www.inem.pt
Instituto Nacional de Emergência Médica
110
NUTRIÇÃO
Autoavaliação
n De que fatores dependem as necessidades calóricas de um atleta?
?
n
111
MANUAL DE CURSO DE TREINADORES DE DESPORTO //
GRAU I
?
atletas e como podemos obtê-las?
112
NUTRIÇÃO
Conclusões
As necessidades calóricas de um indivíduo dependem de diversos fatores:
da idade; do peso corporal; do género; da atividade física diária; do estado
psíquico; das condições climatéricas; entre outros.
113
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114
NUTRIÇÃO
Quanto mais intensa for a atividade física, maior será a potência do trabalho
muscular e assim maior a utilização do glicogénio muscular – o supercar-
burante do músculo.
115
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116
NUTRIÇÃO
GLOSSÁRIO
A B
CASEÍNA
Proteína do tipo fosfoproteína en-
contrada no leite fresco.
C
própria ação da força da gravidade
AMINOÁCIDO ou de um haltere.
Constituinte das proteínas.
117
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D
ENZIMAS ESTROGÉNIOS
Substâncias que aceleram as reações Hormonas sexuais femininas.
químicas.
EXAME DE SOBRECLASSIFICAÇÃO
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL EQUIMOSE Exame médico realizado a um atleta
Método sistemático usado para Mancha formada na pele por candidato à prática desportiva para
identificar doenças. É feito, essencial- extravasão de sangue resultante além do escalão imediatamente
mente, por processo de eliminação. de contusão, e cuja cor passa do superior ao correspondente da sua
vermelho ao azulado e finalmente idade. Exige uma avaliação rigo-
DIPLOPIA ao amarelado. rosa da maturidade física (estudo
Visão dupla é a perceção de duas biométrico, idade óssea, matura-
imagens a partir de um único objeto. ESCOLIOSE ção sexual, avaliação cardíaca) e
Desvio da coluna vertebral para a maturidade psicológica, de forma
esquerda ou direita, resultando num a assegurar que o praticante tem
E
formato de «S» ou «C». É um desvio capacidade para ser submetido a
da coluna no plano frontal acom- cargas de treinos e competições
panhado de uma rotação e de uma superiores às previstas para a sua
gibosidade. idade cronológica. Este exame
EDEMA é realizado exclusivamente nos
Acumulação anormal de líquido no ESPAÇO EXTRACELULAR Centros de Medicina Desportiva sob
compartimento extracelular inters- Espaço composto pela junção do a tutela do Instituto Português de
ticial ou nas cavidades corporais espaço vascular com o espaço Desporto e Juventude.
devido ao aumento da pressão hi- intersticial.
drostática, diminuição da pressão os- EXAME ECTOSCÓPICO
mótica, aumento da permeabilidade ESPAÇO INTERSTICIAL Faz parte do exame objetivo na
vascular (inflamações) e diminuição Espaço formado pelo meio líquido avaliação clínica e dá-nos uma ideia
da drenagem linfática. que se encontra entre as células. global da morfologia do atleta.
F
Que vai da região central para a Espaço formado pelos líquidos que
periferia. se encontram no interior das células.
ELASTINA ESTOMATOLÓGICO
Proteína que possibilita a elasticida- Parte da medicina que estuda a FIBRAS DE COLAGÉNEO
de dos tecidos. boca e as suas doenças. Colagéneo é uma proteína de impor-
tância fundamental na constituição
118
NUTRIÇÃO
G I
da matriz extracelular do tecido
conjuntivo, sendo responsável por
grande parte das suas propriedades
físicas. No corpo humano, o colagé-
neo desempenha várias funções, GENITO-URINÁRIO IMPOTÊNCIA FUNCIONAL
como, por exemplo, unindo e forta- Relativo ao sistema genital e urinário. Incapacidade de realizar uma função.
lecendo os tecidos.
GLICEROL IMUNOGLOBULINAS
FIBRILHAÇÃO VENTRICULAR Constituinte dos triglicéridos em Substâncias que garantem a defesa
A fibrilhação ventricular é uma série associação com os ácidos gordos. do organismo contra agentes pato-
descoordenada e potencialmente génicos como vírus e bactérias.
fatal de contrações ventriculares GLÓBULOS VERMELHOS OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
muito rápidas e ineficazes, produzi- Células sanguíneas, também cha- INSULINA HABILIDADES
das por múltiplos impulsos elétricos madas de eritrócitos, que contêm a Hormona produzida pelo pâncreas DESPORTIVAS
H
após uma lesão muscular. ou tecido, ocasionando, se prolonga-
da, morte celular.
FOCO DE FRATURA
Conjunto de tecidos lesados pelo
J
traumatismo comum que conduziu HEMOGLOBINA - Proteína transpor-
à fratura, podendo envolver lesões tadora do oxigénio no sangue.
vasculares, nervosas, ligamentares,
musculares, tendinosas junto ao HORMONAS - Substância segregada
local da lesão óssea. por uma glândula endócrina. JOELHO VALGO
Projeção dos joelhos para dentro da
linha média do corpo.
119
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O
JOELHO VARO MEDULA ÓSSEA
Projeção dos joelhos para fora da Tecido esponjoso que ocupa o
linha média do corpo. interior dos ossos, onde são produ-
zidos os componentes do sangue:
glóbulos vermelhos, glóbulos brancos OFTALMOLÓGICO
L
e plaquetas. Os glóbulos vermelhos Relacionado com Oftalmologia, especia-
transportam o oxigénio dos pulmões lidade médica que trata as doenças da
até às células de todo o organismo, e visão e dos olhos.
o dióxido de carbono das células até
LESÕES ISQUÉMICAS PERIFÉRICAS aos pulmões, para ser expirado. Os OLIGOELEMENTOS
Lesões de tecidos orgânicos glóbulos brancos são os agentes mais Elementos químicos essenciais
causadas por isquemia a nível das importantes na defesa do organismo e para os seres vivos, geralmente são
extremidades. as plaquetas fazem parte do sistema de encontrados em baixa concentração
coagulação do sangue. nos organismos, mas são essenciais
LIPOLÍTICAS aos processos biológicos por serem
Que causa a destruição ou utilização METABOLISMO CELULAR fundamentais para a formação de
dos lípidos. A célula constitui a unidade estrutural, enzimas vitais para determinados
reprodutiva e fisiológica fundamen- processos bioquímicos como, por
LONGILÍNEO tal em todos os seres vivos. No seu exemplo, a fotossíntese ou a digestão.
Indivíduo cujo corpo é mais longo e interior processam-se uma série de
delgado do que o padrão normal. reações químicas, cujo conjunto forma OTORRINOLARINGOLÓGICO
o metabolismo celular. A matéria-pri- Relacionado com Otorrinolaringolo-
ma para as reações metabólicas são os gia, especialidade médica que trata as
M
nutrientes, provenientes da absorção doenças dos ouvidos, nariz e garganta.
intestinal, que são utilizados quer na
elaboração de novos componentes
P
orgânicos quer como combustível
MECANORECEPTORES para a produção de energia.
Recetor sensorial que responde a
pressão ou outro estímulo mecâ- MIOSINA
nico. Proteína constituinte da fibra muscular. PÉ CAVO
Designação usada na área da saúde
MEDICINA FÍSICA E DE REABILITAÇÃO MUCOSA INTESTINAL para designar a deformidade do pé
Especialidade médica também Tecido de revestimento interno do onde há um aumento da curvatura da
designada como Fisiatria. intestino por onde se processa a arcada longitudinal do pé.
absorção intestinal.
120
NUTRIÇÃO
PÉ PLANO QUILOCALORIA - Unidade de medi- através delas que o impulso que leva
Designação usada na área da saúde da de energia que não pertence ao a informação é transmitido. Podem
para designar a deformidade do pé Sistema Internacional de Unidades. ser de dois tipos: sinapse química
onde há um diminuição da curvatura (neuro-transmissores), utilizadas
da arcada longitudinal do pé. no sistema nervoso; e as sinapses
R
elétricas, utilizadas pelos músculos
PERDA DE SUBSTÂNCIA e coração.
Perda de tecidos orgânicos (pele,
tecido celular subcutâneo, músculo, SISTEMA PARASSIMPÁTICO
entre outros) numa ferida. RADICAIS LIVRES DE OXIGÉNIO Parte do sistema nervoso autónomo
Radicais formados pela redução incom- responsável por estimular ações que
PERIÓSTEO pleta do oxigénio, gerando espécies permitem ao organismo responder OBSERVAÇÃO E
ANÁLISE DAS
Membrana muito vascularizada, que apresentam alta reatividade para a situações de calma, como fazer HABILIDADES
fibrosa e resistente, que envolve outras biomoléculas, principalmente ioga ou dormir. Essas ações são: DESPORTIVAS
por completo os ossos, exceto nas lípidos e proteínas das membranas a desaceleração dos batimentos
articulações. celulares e, até mesmo, o DNA. cardíacos, diminuição da pressão
arterial, a diminuição da produção
pH REAÇÃO INFLAMATÓRIA de adrenalina e a diminuição da taxa
Escala de 0 a 14 que nos permite classifi- Resposta defensiva do nosso orga- de glicose no sangue.
car uma substância como ácida (pH<7), nismo a um agente agressor provo-
alcalina (pH>7) ou neutra (pH=7). cando edema, calor, dor e rubor. SISTEMA PROPRIOCETIVO
É a estrutura orgânica que, entre
PLASMA RETROPÉ VALGO outras, informa o cérebro sobre o
Componente líquido do sangue, Retropé pronado. estado de cada segmento do corpo
no qual as células sanguíneas estão humano, sobre a relação entre cada
suspensas. RETROPÉ VARO segmento e o todo corporal. Informa
Retropé supinado. também sobre a relação do corpo
com o espaço que o rodeia.
Q S SOBREAQUECIMENTO
Situação clínica grave motivada por
aumento excessivo da temperatura
QUERATINA SINAPSE corporal.
Proteína sintetizada por muitos ani- Ponto de união entre duas células.
mais para formar diversas estruturas As sinapses servem como meio SUBCUTÂNEO - Algo que se encon-
do corpo. de comunicação entre células e é tra abaixo da pele.
121
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V
SUDORESE - Mecanismo fisiológico
para produção e eliminação de suor
pelas glândulas sudoríparas.
VASOCONSTRIÇÃO
T
Diminuição do calibre dos vasos
sanguíneos diminuíndo o aporte de
sangue às celulas.
TERMOGÉNESE
Desenvolvimento do calor nos seres
vivos.
TESTOSTERONA
Hormona sexual masculina.
TRANSPORTE DE OXIGÉNIO
Os glóbulos vermelhos contêm
um pigmento respiratório que dá a
cor avermelhada ao sangue e que
se chama hemoglobina (Hg). É a
hemoglobina, que é uma proteína
que possui ferro, que permite o
transporte de oxigénio na corrente
sanguínea.
122
FICHA TÉCNICA
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE TREINADORES
MANUAIS DE FORMAÇÃO - GRAU I
EDIÇÃO
INSTITUTO PORTUGUÊS DO DESPORTO E JUVENTUDE, I.P.
Rua Rodrigo da Fonseca nº55
1250-190 Lisboa
E-mail: [email protected]
AUTORES
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE DESPORTO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
O DESPORTO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
HUGO LOURO
OBSERVAÇÃO E ANÁLISE DAS HABILIDADES DESPORTIVAS
JOÃO BARREIROS
DESENVOLVIMENTO MOTOR E APRENDIZAGEM
JOSÉ RODRIGUES
OBSERVAÇÃO E ANÁLISE DAS HABILIDADES DESPORTIVAS
LUÍS HORTA
FUNCIONAMENTO DO CORPO HUMANO, NUTRIÇÃO E PRIMEIROS SOCORROS
LUTA CONTRA A DOPAGEM
LUÍS RAMA
TEORIA E METODOLOGIA DO TREINO - MODALIDADES INDIVIDUAIS
OLÍMPIO COELHO
DIDÁTICA DO DESPORTO
PEDAGOGIA DO DESPORTO
PAULO CUNHA
TEORIA E METODOLOGIA DO TREINO - MODALIDADES COLETIVAS
RAÚL PACHECO
FUNCIONAMENTO DO CORPO HUMANO, NUTRIÇÃO E PRIMEIROS SOCORROS
SIDÓNIO SERPA
PSICOLOGIA DO DESPORTO
COORDENAÇÃO DA EDIÇÃO
DFQ - Departamento de Formação e Qualificação
DESIGN E PAGINAÇÃO
BrunoBate-DesignStudio
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