Tecnologia Cervejeira PDF
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CERVEJEIRA
Sistema ? "'I;:N
FIRJAN : t(if'
l'll '';;: , . a 111
PREFACIO
A cerveja já era bem conhecida há pelo menos cinco mil anos, com base
em manuscritos e utensílios encontrados em tumbas de faraós ou, ainda,
por meio de indicações em escrita cuneiforme encontradas em escavações
na antiga Mesopotâmia, datadas de 2.800 a.C., em que, entre outras coisas,
dispunham sobre a obrigatoriedade de distribuição diária de pão e cerveja
aos trabalhadores br açais, passando pelo Código do Rei Hammurábi (século
XVIII a.C.), que regulamentou a produção e a comercialização da cerveja em
todo seu reino.
Na Europa, a cerveja passou a ser a bebida preferida dos celtas, germanos
e ossétios, em que a cerveja e o pão eram fabr icados por mulheres, como
tarefas domésticas nessas culturas primitivas. "O pão é a essência da vida, mas
a cerveja é a própria vida", de acordo com provérbio inglês antigo.
Mas a fase industrial da cerveja ocorreu na Idade Méd ia, nos conventos e
mosteiros católicos, produzida por monges e freiras, não só para consumo
próprio, mas também para a venda. Algumas dessas cervejas atravessaram séculos
e mantêm sua fama até os dias de hoje, como as cervejas "trapistes'! produzidas
nos mosteiros trapistas da Bélgica e da Holanda.
Aliás, essa tradição vem sendo resgatada cada vez mais, nos dias de hoje, pelas
cervejarias artesanais, considerando a crescente oferta e demanda por cervejas
especiais, notadamente nos EUA, que hoje ocupam um volume de produção estimado
em 7 % do consumo total produzido naquele país. O crescimento vertiginoso do
consumo das cervejas especiais vem se alastrando em níveis mundiais a partir da década
de 80, em que a liderança da cerveja clara, tipo Pilsen, vem cedendo pau latinamente
espaço para essas cervejas, até o ponto das grandes cervejarias reconsiderá-las como um
excelente nicho de mercado, incluindo-as em seu portfólio comercial. Acredita-se que, em
curto prazo, esse fenômeno mundial se manifeste com grande vigor no Brasil.
Em sintonia com as necessidades de formação de mão de obra especializada para a indústria
cervejeira em nosso país, foi criada a Cervejaria-Escola em Vassouras-RJ em 1993, pelo
SENAI-RJ, pioneira na América Latina, em parceria com a Fundação Hans-Seidl e Doemens
Akademie, instituições alemãs, e com as grandes cervejarias da época (Antarctica, Brahma e
Kaiser), com base no bem sucedido sistema dual de ensino alemão. Antes, o mestre-cervejeiro
brasileiro era formado na Alemanha, Bélgica e Espanha o que, dentre os pré-requisitos para seu
recrutamento e seleção, exigia-se o pleno domínio da língua estrangeira correspondente. Hoje, o
CTS- Centro de Tecnologia SENAI - de Alimentos e Bebidas não só mantém as plantas piloto da
Cervejaria Escola, mas também outras plantas piloto e laboratórios especializados voltados para
o ensino, bem como para o desenvolvimento de tecnologia de alimentos e bebidas, a serviço da
indústria brasileira.
O SENAI e a Agrária, em parceria desde os anos 90, sentiram a necessidade de oferecer aos técnicos
e conhecedores do ramo cervejeiro mais informações sobre essa arte milenar, o que resultou na
tradução desse livro, como forma de contribuição ao desenvolvimento da indústria cervejeira, e,
assim, o SENAI permanece no seu compromisso de "informar, formar e transformar".
Para a preparação de todos os tipos de cervejas são necessários quatro ingredientes básicos:
água, malte, lúpulo e levedura.
Q======
Mosto - é o produto da fase de brassagem, que compreende a mistura do malte triturado
com a água, a uma temperatura específica.
Lúpulo - é a flor da planta Humulus lupulus responsável por dar o característico sabor
amargo à cerveja.
Malte
• O malte é a "alma" da cerveja. Existem várias razões que fazem do malte da cevada um grão
ideal para o desenvolvimento desta bebida fermentada:
• suas proteínas e amidos existem em proporções adequadas (as proteínas são necessárias para
o crescimento da levedura e o amido para que se tenham açúcares fermentáveis);
• família: Gramineae;
• filago: Hordeae;
• gênero: Hordeum;
De modo geral, as diferenças entre as duas espécies de cevada podem ser resumidas em:
Permite elevado uso de adjuntos cervejei- Permite menor uso de adjuntos cervejeiros
ros não convertidos não convertidos
•.
I) 2)
Vista superior (I) cevada de duas file iras (2) cevada de seis fil e iras .
A cevada é cultivada e colhida apenas uma vez por ano, a menos que seja importada de lugares
que tenham um momento de colheita diferente devido a questões climáticas. As plantas de
malte, porém, operam durante o ano todo. Por isso, uma vez colhida, a cevada deve ser
armazenada cuidadosamente, por um longo período de tempo. para não alterar de forma
significativa a capacidade de germinação e seu desempenho em extrato.
Os três pontos mais importantes a serem considerados durante o armazenamento da cevada são:
a umidade deve ser infenor a 13%, o que significa que se deve deixar secar a cevada ou secá-
la artificialmente entre a colheita e o armazenamento;
o controle de pragas deve se r fe ito cri teriosamentc, não só para evitar os paras itas, corno
ratos, pombos, etc., mas também para evitar as con di ções de desenvolvimento de fungos,
devido tanto às perdas de extrato quanto ao seu potencial para produzir micotoxinas.
É também desejável que, durante o armaze namento, sejCi m respeitados os seguintes crité rios:
•
Embnao Endospcrrna Modificado
Endospcrma
Nao Mocloficado
É a camada exter ior, que protege tan to o embrião quanto o endospe rma. C o mpree nde
componentes insolúveis, min erais e substâncias gomosas. Contém compostos fe nólicos que
provocam sabor adstringente se forem muito removidos durante o cozimen to. É abe rta no
microporo, permitindo a entrada de água.
r
Éa cobertura exterior da semente, que fica sob a casca c fusionad a com a testa. Possu i estrutu ra
cerosa e impe rmeável.
Trata-se de uma membrana muito fina que envo lve a semente. E semipermeável, microporosa,
possui microporos permitindo a passagem de ar c água.
Endosperma (depósito)
Não é um tecido vivo. É a fonte de amido que será utilizada para a subsequente convers:
em álcool e dióxido de carbono. O amido é bloqueado em umas células rígidas feitas de bet
glucanas, pentosanas e proteínas que, por sua vez, são embebidas em uma matriz proteica.
Embrião
É um tecido vivo que está "dormindo" no momento da colheita.
PROCESSO DE MALTAGEM
A maltagem é o processo pelo qual se transforma a cevada no malte. Neste processo, a cevad~
ativada enzimaticamente. deixando acessível o amido para ser utilizado na fabricação da cerve.
Caso a cevada tenha problemas de germinação. ela irá sofrer durante a maltagem uma baiJ
modificação, o que resultará em elevada viscosidade. beta-glucanos e baixa quantidade c
extrato e enzimas.
Cervejas fabricadas exclusivamente com malte, sem utilização de adjuntos, em geral não
apresentam problemas relacionados ao baixo teor de proteínas. Porém, se no processo
de fabricação forem utilizados acima de 30% de adjuntos não maltados e o malte tiver uma
baixa percentagem de proteína, provavelmente ocorrerão alguns dos efeitos mencionados.
A cevada de seis fileiras não é produzida na América do Sul. Esse tipo de cevada
é utilizado no mundo todo e, principalmente, nos Estados Unidos (40-50%) com
acréscimo de adjuntos (ver capítulo 2).
orr flavors - são os erros causados pe los cervejeiros ou por contaminação bacteriana.
O lúpu lo é urna planta conhecida desde a an tiguidade. Já nos tempos das antigas Babilônia, Gré'
c Roma, foi usada como planta ornamental que proporcionava um agradável aroma. Entre
séculos V c VIl, começou a ser cultivado na Europa, e passou a ser utilizado para estabilizar e c
sabo r à cerveja. Inicialmente, houve resistência ao seu uso por parte da maioria dos países on
foi introduzido, mas logo conseguiu se impor devido às suas propriedades benéficas.
@ O primeiro registro sobre o uso de lúpulo na cerveJa data dos anos 736 d.C., no
mosteiro de Weihe nstephan em Fre1s1ng. Alemanha. A partir de 860 d.C., começou
o cultivo do lúpulo na reg1ão de Hall ertau, que permanece sendo hoje uma das
princ1pa1s áreas lupule1ras do mundo.
contribui para diferenciar uma cerveja de outra, a partir do níve l de aroma e amargor q
transmite a ela;
0-------=----==-=
Trub - palavra alemã que significa borra. E a matena morta composta pela decanta~
dos res tos cervejeiros, que deve ser retirada da cerveja por causar aromas e sabor
desagradáveis .
O lúpulo util izado na cerveja vem dos cones femininos das plantas de lúpulo (Humulus lupuli
pertencente à fa mília das canabiaceaps. Trata-se de uma planta que cresce permanentemen
pelo menos durante 20 anos, sendo que até o terceiro ano não prod uz uma quantid<
Os cones são cultivados uma vez por ano. sofrendo um processo de secagem para um teo r
de umidade abaixo de I0% c sendo processados ou armazenados para uso posterior. Eles
contêm glândulas lupulinas. sendo o ~ de cor amarela aque les que contêm ó leos essenciais
resinas de lúpulo
Somente os cones das plantas são processados Uma vez que e les amadu recem, vão se
tornando amarelos (algumas vancdades mars do que outras). Atualmente. ex 1stcm máquina
capazes de cortar e separar os cones do resto rio material do vegetal. Eles tê1n t rpicamente urn
teor de um1dade de 75 - 80% no momen to d<1 colheita. Esta umidade devf' se r r·eduzida par<l
6- 7%, no período de 10 horas. em se cadores com elevado fluxo de ar. a un1a tcmpcratur::1
de 60 - 65 °C
O peletizado deve ser fc1to o ma1s ra pi damente poss ível. Em cada um dos processos
subsequentes - armazenamento . transpo rte. processamento - é Importante tomar todas
as medidas poss1veis para mini miza r a oxidação. por exemplo, evitar a baixa temperatura e
eli mtnar a presença de oxigc nio com a e mbalagem ou reduzindo a pressão atmosfé ric::t até
mesmo durante o ar mazenamento
Água
• I 0-25% O utra• reSinas
Plantação de lupulo.
As reg1oes de cultivo do lúpulo devem ser de clima temperado, com chuvas suficientE
invernos não muito frios, condições que ocorrem entre 35° e 55° de latitude. Em algu
regiões, as plantações são irrigadas artificialmente. Os principais produtores mundiais de lú1
são a Alemanha (35%), os Estados Unidos (24%), a República Checa (11%) e a Ch ina (9%).
As diferentes regiões de cult ivo têm suas variedades representativas específicas. O quad
seguir mostra as mais famosas.
PAÍS REGIÃO
• Hallertau
Alemanha Spalt, Tettnang e Hallertau • Tettnang
• Per/e
• Kent Golding
Inglaterra Kent
• Fuggles
• Cluster
• Cascata
Estados Unidos Pacifico Noroeste • Wil/amette
• Nugget
• Chinook
•
Tennang (aroma) Hallertau (aroma) Hersbruck (aroma) Perle (aroma)
Liberty (aroma)
•
Mt-Hood (aroma) Cascade (amargo) Willamette (amargo)
A avaliação do aro ma do lúpulo pode ser feita por meio da utilização de uma escala hedônica
de intensidades ou de acordo com suas diferentes famílias de características:
O- Não detectado.
I - Detectado apenas após uma analise cuidadosa.
2- Presente, mas em baixo mvel.
Escala hedônica de intensidades
3- Facilmente detectável.
4- Domina o perfil aromático.
5- Muito Intenso.
Deve-se tambem tdentificar sabores desagradáveis corno, por exemplo, umidade , fungos. que
doce. rapé. cebola. alho. medicinal etc
PROCE:-SSAME:-N fO DO llJPULO
O lúpulo pode ser processado tnteiro. em pel/ets. em extrato e ainda para produzir produ·
especiais, conforme descrito a seguir
P• •du D a p
Para estes produtos, são fe itos tratamentos subscquentes com um composto alcalino ou
quimicamente catalisado para pré-isomcrizar e/ou reduzir os acidos-alfa. Esses tratamentos
servem para permitir a adição pós-fermentação (o lupulo pré-isomerizado permite ajustar o
amargor e melhorar a esp uma se for adicionado depois de fermentado, eliminando, assim, as
perdas de amargor do processo de cozimento e fermentação) ou para produzir cervejas que
sejam estáveis a iuz (no caso de lüpulos rcduztdos, isso permitiria a utilização de recipientes
•ranspa r-e ntes por questões de ;narketing) .
Extrato isomerizado
Cerveja termmada
...
Óleos essenc1a1s C erve1a termmada
UTILIZAÇÃO DO LÚPULO
D
Quando o lupulo mtelro ou em pellets c ad1c1onado ao cozmhador de mosto, as resinas são
libertadas dos cones ou pellets. Os ácidos-alfa libertados são convertidos pelo calor em ácidos
rso-alfa. substâncias que dão verdadeiramente o sabor amargo a cerveja Esses óleos essenciais
podem ser solubil izados, transformados qUimicamente ou perdidos por evaporação. Do ponto
de VISta do tempo de adição ao cozinhador de mosto, e desejável, quanto ao amargor. adicionar
o lupulo a partir do início, possibilitando uma maior conversão de ácidos-alfa em ácidos iso-alfa
por mais tempo. a alta temperatura, mas isso significa maior evaporação dos lüpulos essenciais.
Por esse motivo, é recomendado realizar adições em diferentes momentos. acrescentando
lupulo aromático no final da ebulição para manter a ma1oria de seus óleos essenciais
Extr to
Uma composição típica de um extrato extraído com C0 2 é a seguinte:
SUBSTÂNCIAS QUANTIDADES
Ácidos-alfa 40-60%
Ácidos-beta 18-45%
Taninos Traços
Água I -5%
50% 40%
100%
LÚPULO
~ 50%
MOSTO FRIO
~ 30%
CERVEJA
- lsomerização -Baixa de pH
- Trub quente - Precipitação
- Trub frio -Absorção
- Estabilização
-Filtração
PeUets 30-35%
Extrato 45%
BIOQUÍMICA DO LÚPULO
SUBSTÂNCIAS QUANTIDADES
Po lifenóis 2 - 5%
Celulose 40-50%
Água 5- 12%
Pectinas Aprox.2%
Humulones sao compostos quln)lcos conhecidos como acidos-alfa. que têm propned
antibióticas e b<~c enostát1c<1s e dão a cerveja o seu amargor.
Óleos essenc1a1s - são responsave1s pelos atributos aromâucos que o lupulo dâ a cerv'
contribuem tambem para aumentar seu sabor
g -
O amargor da cerve1a e provententc dos ac1dos-a lfa. alem de outras substânc ias . ta1s c
ácidos-beta e resinas moles . O amargor é produzi do pela forma isome rizada dos humu lc
transformação essa que ocorre durante a fervura do mosto
Os ácidos-alfa são nove vezes ma1s amargos do que a fração beta (ácidos-beta + resi
portanto
@ No lu pulo fresco. a fração beta e de aproximadamente I 0%, valor que pode ser
desprezado no cálculo de amargor.
Co-humulone 20 - 55%
Pré-humulone I - 10%
Post-humulone 5%
o o
/~:e ~
o' ~ OH
HO L
y
~
ESTRUTURA ALTERADA DO HUMULONE
À ~
o
•
O I-f
o
IJi \
~
11 u -~
"1
(âcido humulinico intermediârio)
I IO ~U( .
( "
o
)
Trans-1so-humulone Cis-iso-humulone
Por sua vez, os acidos-beta ou lupulones têm um ponto de fusão de aproximadamente 92°C e
não são solúveis em água ou mosto. Portanto, têm um baixo impacto sobre o amargor da cerveja .
Lupulone 35-70%
Colupulone 20-55%
Adlupulone 10-15%
Prelupulone 1-10%
Postlupulone 1-5%
()~===================
Jaritataca - é uma espécie de gambá.
• exposição à luz;
o o
~-
R
light
l· SH
~SH
iso-a-ácido 3-metil-2-buteno-1-tiol
O limiar de detecção sensorial dos mercaptanos responsáveis pelo aroma causado pelo golpe
de luz é extremamente baixo, na ordem dos ppt (partes por trilhão!). Portanto, para evitar sua
presença em uma cerveja estável à luz, deve-se garantir a completa ausência de ácidos iso-alfa,
já que mesmo pequenas quantidades deste modificam o aroma.
Existem algumas cepas de levedura que não produzem quantidades suficientes de riboflavina,
não ati ngindo, portanto, o limiar de detecção. Sendo assim, a melhor maneira que os cervejeiros
têm para evitar o golpe de luz é usar lúpulos reduzidos, que impedem a formação de radicais.
Ao fo rmar estes lú pulos reduzidos, as ligações das moléculas de ácido iso-alfa são fortalecidas,
já que não é fo rmado o radical precursor do mercaptano, mesmo quando a cerveja é disposta
em garrafas verdes ou t ransparentes.
0 ==========
Ri boflavina - é um composto orgânico da classe das vitaminas que se degrada na presen ça
da luz.
=
A defi nição de um produto que é estável à luz é que a concentração do composto 3-metil-2-
buteno-1-t io l está abaixo do limite de detecção. Fazer esta análise química é difícil, já que o
~ nível de det ecção requerido é muito baixo, de modo que o método mais simples e mais barato
para descobri-los é a degustação organoléptica sensorial com juízes treinados.
Rendimento do lúpulo
O rendime nto pode ser definido por meio das fó rmulas:
Proporçao de
Maror adrcronamento Drmmu rção
adrcronamento de lupulo
d" - 'o
A oxidação dos compostos do lúpulo produz a degradação do pe rfil organoléptico da cervej
aparecimento de amargos ásperos, adstringência, menos amargor, gostos aqueijados e sulfu
A qualidade do lúpulo é desfavo ravelmente afetada pelo ox rgenro e por altas tempera
mas nem todas as variedades são igualmente sensíveis à oxidação. Os ácidos-alfa são oxi
com a presença de ar c são rsomerizados para iso-alfa acidos, mesmo em atmosferas in
Os àcidos-beta são ox idados com a presença de ar, mas são estáveis em atmosfera rn
temperaturas de até 30°C. As resinas duras aumentam com a presença de ar e são estav1
atmosfera inerte
@ As resmas duras são compostos resultantes da oxidação de àcidos alfa e beta, quE
dão à cerveja amargor desagradável. São compostos polimerrzados que se tornam
rnsoluveis em hexano ou ácidos carboxiltcos, como, por exemplo, o valérico ou o
caprílico, dando sabores aqueijados e gordurosos à cerve1a.
CAPÍTULO
O lupulo em fardos e degradado rapidamente c. em menor medida. quando e peletizado.
de modo que nos dois casos deve ser mantido em ambiente fno para retardar a oxidação c.
preferencialmente. hermeticamente fechado c selado. Os extratos são mais rcststentcs à oxidação
I Para dar uma ideta da sensibilidade das diferentes aprescntaçoes. pode -se dizer que, em
condições normais de armazenagem, um extrato de cinco anos ou um pellct de dois anos tem
uma melhor qualidade do que um lupulo em fardos (cones) de sete meses de idade
Para melhorar sua conservação, os peltets devem ser embalados sob uma atmosfera merte f>
Outro método. denominado de HSI (Hop Storagc lndex), determina o estado do lúpulo utilizando
um espectrofotõmetro de absorção de uma extração em meio de metano! alcal inizado a 275 nm
e 325 nm.
os comparaçao
- entre os dots. meto
. dos:
% DE ACIDOS-ALFA HS I
ESTADO
DETERIORADOS (HOP STORAGE INDEX)
s
-
Fresco IL_ O a 10%
~c < 0.32
--
, Pouco envelhecido li a 20% 0.33 a 0.40
Embora esses métodos existam. em geral são utilizados apen as por grandes ccrvc1ciros. A,
ex igências de laboratório para realizar esses tipos de testes estão fora do âmbito dos pequenos
e médios cervejeiros
Além de formar a maior parte da ce rveja, é utilizada t ambém em outros momentos de sua
preparação, como na limpeza. desi nfecção, lavagem, na refrigeração para a geração de vapor
etc. O consumo de água méd io global em plantas de processamento de cerveja é de 6 hl/ hl,
ou seja, são consumidos seis vezes mais água do que o volume de cerveja produzido. E este
número é muito maior em plantas médias e pequenas.
Uma vez que toda a água utilizada na preparação de cerveja deve ser potável, sua disponibi lidade
e 5eu custo são fatores fundamentais para uma fábrica de cerveja.
Entretanto, a água pura não é encontrada na natureza. A água natural possu i outros
componentes. como gases (por exemplo, co2ou dióxido de carbono. dissolvido no ar) e sais
minerais (o ri undos do solo e que se dissolvem na água).
Portanto, na água natu ral, estão presentes diversas quantidades de íons. como cálcio, magnésio,
sódio, potássio etc. e também são encontrados carbonato, sulfato, cloreto, nitrato etc. Esses
compostos dissolvidos na água influenciam o gosto da cerveja. seu próprio processo de
elaboração e operação, e a vida útil dos equipamentos e sistemas utilizados.
Ass im, toda a água utilizada deve ser potável, ou seja, deve ser química e microbio logicamente
segu ra. Para ser considerada potável, a água precisa cumprir requisitos mínimos que variam
segundo a legislação de cada país. São eles: requisitos químicos e microbiológicos.
REQUISITOS QUÍMICOS:
• sem cor;
• clara (sem turbidez);
• pH adequado;
• sem gosto nem cheiro.
• a água deve ser potável, ou seja, atender aos requisitos químicos e microbiológicos;
• a água não deve ter qualquer odor ou sabor, ou seja, é necessário remover os compostos
de cloro que, por vezes, são utilizados para tratar a água de beber e causam gostos de
cloro, fenol, plásticos, medicamentos etc. Deve-se, também, remover qualquer matéria
orgânica contida, já que esta pode transmitir gostos estranhos;
o equi líbrio dos minerais deve ser apropriado para o perfil da cerveja que se quer desenvolver.
FONTES DE AGUA
Nem todas as águas vêm dos mesmos lugares, nem têm composição química idêntica ou
mesmo similar. As fontes mais comuns de onde as cervejarias tomam água são: de superfícies.
subterrâneas, de rede de distribuição.
Estas águas vêm de lagos ou rios. A principal fonte é a chuva e, por vezes, há contribuição de
águas subterrâneas. Sua composição é influenciada pela atmosfera (gases dissolvidos e poluição
transportados pela água da chuva), por atividade geoquímica I biológica (ecossistema aquático
com peixes, plantas, tipos de solo que atravessam e adicionam sais etc.) e pela atividade humana
(impacto da agricultura, indústria e descarga de efluentes domésticos). Em geral, podemos
dizer que é mais difícil de trabalhar com esta fonte de água, porque ela é a única com maior
exposição e variabilidade de problemas (a composição de uma chuva pode variar muito, o
vazamento de uma indústria pode poluir a fonte de água sem aviso prévio etc.).
Sulfeto de htdrogêmo
Usualmente nao detec tado Presente por vezes
(gas sulfíd n co)
1-
Slitca. Nttrato. Radão Geralmente . em concentrações bat xas Concentração pode ser alta.
Estas águas provem tanto de fontes de superfície quanto subterrâneas, são t ratadas po r e mpres as
públicas ou privadas e t ransportadas por me io de encanamentos. Sua principal vantagem é que .
pe la simplicidade com que a água chega , a fáb r ica pode se despreocupar quanto ao t rat amento.
É necessáno. porém, analisar seu fluxo de disponibilidade e custo de alimentação. po is se a
fábri ca t iver picos de demanda. será necessário instalar um depósito
TRATAMENTO DA ÁGUA
elimtnar mi ro-organtsmos . Pode-se fazer isto por meto de filtração, fervura , radiação
ultr·avioleta, util izando métodos qu ímicos. como, por exemplo, a cloração etc
(continua)
-~
-
Oxida-se .a matéria orgamca com auxílio
1e compostos ox1dantes, como o própno
Oxidaç:>r 0x1gen1o do ar Ha micro-organismos que
são ma1s sens1veis do que outros para estes
me ~ odos
a ~
I . li
,.
Reaii Zd· Se a filtração atraves de um le1to de
are1a para reter as partículas present es. Com
frequênc1a, este método é combinado com
I • I
Filtração por a, e1a outros para melhorar sua eficiência, po1s só
/I ··eduz a quantidade de micro-organismos, mas
I não os elimma completamente.
I
I
• •t Faz-se uma filtração através de membrana
ou agente semelhante com tamanho de pore
"' Ultrafiltração multo menor para reter as partículas dE
I' ramanho extremamente pequeno. mclumdc
li M1cro-organ1smo'
•
J
bactenas.
I
Trata-se a agua com gas de cloro ou d1
h1poclonto de sodio, de forma a deixar c
' cloro ativo para matar os micro-organismo·
Cloração presentes. Apesar de ser o método dt
desinfecção ma1s utilizado. vale destacar qu•
~
existem m1cro-organismos que são resistente
ao cloro
!Continua ·
I ,, .•
\ .\\\
'
(continuação)
COMPONENTES MÉTODOS DESCRIÇÃO
fi ltração por carvão ativado. considerada uma excelente medida de segurança, Ja que o
carvão ativado remove tanto o cloro (meio de desinfecção da água) como também os
compostos orgân icos cloraminas e nitratos (que fornecem gosto e odores à água);
• osmose reversa.
FLOCULADOR
CAIXA DE
ÁGUA BRUTA
I \
CAIXA DE ÁGUA
SUPERCLORADA
6A8 PPM
PURGA __j
L FILTRO DE
AREIA
II
I
FILTRO_DE
CARVAO AUSÊNCIA
DE CLORO
FILTRO
POLI DOR
PREPARO
DE BEBIDA
SANITIZAÇÃO
No processo de tratamento, são utilizados amaciadores, que são resinas de troca cujo objetiv
é remover os íons Ca 2• e Mg 2• geradores de dureza da água. Muitas vezes, porém, estes íon
são substituídos por níveis inaceitavelmente elevados de sódio, que podem causar problema
sensoriais e gosto salgado na cerveja. Nestes casos. a água não deverá entrar no processo d
fabricação, mas poderá ser uti lizada para outros serviços, desde que se cuide para que nã
tenha dureza, responsável por causar danos aos equipamentos.
A água com dureza elevada deve ser desmineralizada (e não amolecida) por meio da utilizaçã
de resinas de troca e de osmose. Para regenerar as resinas que estiverem saturadas, utiliza-s
sal (cloreto de sódio, NaCI).
A água de origens distintas contém íons diferentes. que podem ter uma influência sobre
qualidade da cerveja. A composição da água depende muito da composição natural do sol
onde a água atravessa. Os íons reagem com os diferentes componentes do malte e assir
r-c ntn htoem para o pH do mosto.
0 Cations O Ânions
H' OH
Mais Ca 2'
Mais co,
abundantes Mgl• abundantes HCO
Na' CI
K' so,
NH; N0 3
Mn 2' NO t
Fe2• I Fe1 ' PO/
AP' SiO;'"
Os efeitos gerados no processo de fabricação da cerveja pelos principais íons (os mais
abundantes) são:
c o
• Protege as enzimas da degradação termica, que é especialmente importante durante c
macerado, para manter a enzima alfa amilase ativa.
( )======================
Gushing - é a espuma violenta e incontrolável que é expulsa ao se abrir a cerveja já engarrafada.
Em ce rvejas termi nadas, feitas com I00% de malte, é desejável um nível de aproxirnav . ..!i •lt)
40 - 60 ppm de cálcio para provocar a precipitação dos oxalatos. Como quase 50% são perdidos
du rante a maceração. a água cervejeira deve ter uma concent ração de aproximadamente P()
ppm de cálcio
n
O s sais de magnes1o são muito mais solúveis do que os sais de cálcio e têm menos efeito sobre
o pH do mosto. Eles também podem dar sabor amargo e ácido à cerveja. de modo aue não
devem estar em concentrações elevadas (menos de 100 - ISO ppm).
Estes íons contribuem para aumentar o pH e a alcalinidade da agua. São duas vezes mais
eficazes em aumentar o pH do que o cálcio para abaixá-lo. A água cervejeira deve ter menos
de 75 ppm de carbonato e, preferentemente. abaixo de 50 ppm
Em cervejas suaves a relação CI:SO 4 e de cerca de I: I. o que resulta em uma cerveja suave
equilibrada No caso de cerve1as de elevado amargor. esta razão é deslocada para 1:5 ou é ainc
rna1s alta
DURFZA DA AGUA
A dureza da agua e dada po• todos os sais de cálc1o e magnes1o presentes . Esta d1v1dida em do
t1pos · temporána e permanente.
Dureza temperaria. e fornecida pelos bicarbonatos de calc1o e magnes1o; pode ser remov1c
por ebulição da água e. também, pela adição de hidróxido de cálcio, formando carbonatc
de magnes1o e de cálcio que se precipitam. Neste caso. a operação reduz a dureza e també1
o teor de cãlcio e de magnes1o.
Dureza permanente: e causada pelos outros sa1s de cálcio e de magnés io (sulfatos. cloreto
'1itratos): pode ser eliminada por tratamento com resinas de troca iônica
li AL CAt IN IDADE
• produzir um gosto aspero adstnngente. causado pelos polifenóis que são extra1dos duram
a filtração:
descarbonatação.
100
~"---
8.35
_jL_
4.3
-· 8.6 15.2
•
100 8.27 4.7 7.8 12.5
I A A " ,, JA VE · Rf\
Histor icamente, a compos ição dos mmerais na agua cervejeira mfluenc1ava o sabor da cerveJa
nas diversas zonas geográficas . Dessa forma , as diferentes regiões tornaram-se conhec idas
pelos estilos de cer veja característicos. como por exemplo:
Burton-on-Trent: Pale Ale (águas com dureza e alcal inidade, a relação CI:SO. ê 1:20)
~AP 1 TLJLO I .., A (.E t<.VEJA t ~E~> C.. OI"' >Q"JE"' rr.s
O quadro a segu ir mostra uma análise de características da ce rveja nessas t rês cidades:
CIDADES
ANÁLISE
BURTON MUNIQUE PILSEN
Alcalm1dade (ppm,
236 253 23
CaC0 1)
Ca 2• (ppm) 263 76 7
Mg2 • (ppm) 62 18 3
Cl (ppm ) •• 36 2 5
BrownAie 25 - 50 5 - lO 35 - 70 60 - 90
Scottish Ale 20 - 30 5- lO 50 - 70 18 - 30
Pilsener 7 2- 8 5 6 5
Dark Lager 75 - 90 5 - lO 35 - 70 60 - 90
Marzen 30 - 60 5 - lO 70 - 40 45- 60
Em geral, esse ajuste é feito com base em uma água com baixo conteúdo de minerais (esse
baixo níve l de minerais pode ser natural ou então a água ter passado por algum tratamento para
reduzir seu teor), adicionando-se os sais desejados para atingir a composição ideal pretendida
pelo fabricante de cerveja. Os sais tipicamente adicionados são: cloreto de cálcio (CaCI), sulfato
de cálcio (CaSO 4 ) e sulfato de magnésio (MgSO J
Para saber como calcular esses agregados de sais a partir dos produtos disponíveis
comercialmente, é preciso ter conhecimentos básicos de química.
Quimica básica
As substâncias são todas diferentes umas das outras: umas são mais pesadas e outras mais
leves; algumas são líqu idas e outras, sól idas. Não é surpreendente, portanto, que a quantidade
de matéria (ou seja, a quantidade de moléculas) em um dado peso seja diferente para cada
substância. Isto significa que em lg de água não há a mesma quantidade de moléculas do que
em lg de álcool (ou outro material).
Quimicamente, existe uma propriedade denominada Peso Molecular Relativo que indica quanto
pesa uma mesma quantidade de matéria, definida como moi. Ist o significa que em Imoi de
qualquer substância pura, há exatamente a mesma quantidade de matéria (ou seja, a mesma
quantidade de moléculas) do que em qualquer outra substâ ncia; o que varia é quanto pesa esse
moi de substância.
Para tornar arnda mais srmples este conceito, pode -se imaginar que as moléculas são os livros
de uma biblioteca, cada livro é diferent e um do outro (como uma mo lécula é diferente uma da
outra) e cada livro tem seu peso. Uma dúzia de livros (número de livros), portanto, vai ter peso
diferente se os livros forem grandes ou pequenos. O peso de cada livro seria o que para cada
molécula é chamado de peso molecular relativo.
Em qu ímica, os pesos molecu lares de cada átomo estão tabulados e se encontram na Tabela
Periódica dos elementos. O peso de uma molécula (composta de vários átomos) é obtido
somando-se os pesos moleculares de cada um dos seus átomos constituintes
-+ Agua
A fórmula química da água é H 20, ou seja, cada molécula de agua é constituída por dois áto
de hidrogênio e um átomo de oxigênio. De acordo com a Tabela Periódica, o peso atômic<
hidrogêno é I e o peso atômico do oxigênio é 16. Por conseguinte, o peso atômico da ágL
X 2 + 16 X 18 Mr água ou 2 + 16 18 Mr ,
I
Quantidade de atemos de Quantidade de atemos de
hidrogêmo na molécula oxigémo na molécula
Esta é uma molécula composta por um átomo de cálcio, um átomo de enxofre e quatro ato
de oxigên io, que esta ligada a duas moléculas de agua (chamada água de hidratação).
1 1. C'' lod
Cálcio: I x 40
e o
=40 (I
o'"c' •1 -
molécula x 40 peso atÔmico do cálcio )
Total: 40 + 32 + 64 36
Este calculo é feito usando-se os pesos moleculares de cada um dos atomos que compõe
molécula, conforme está resumido nos quadros a segu ir :
-
. 40(100)
Ca •.% (MR = 40) I
23%
172
Mg2•.% (MR = 24.3)
- c (2)(18) (100)
Hp.% (MR = 18) 24.6%
146.6
~~0,
I 2
Ca •,% (MR = 40)
2H,O
(MR= 172)
23 .3%
l CaCI 2 • 2H 2 0
(MR= 146.6)
27.3%
MgS0 4 • 7H 2 0
(MR= 246.3)
2
Mg •, % (MR = 24.3) 9.9%
A partir dessas noções básicas de química, já é poss ível entender como é calculada a quanth
necessária de sais (CaCI, CaSO 4 , MgSO 4 ) que se deve adicionar à água para que seja alcan
sua composição mineral ideal para a fabricação da cerveja.
O ponto de partida para se realizar este cálculo é saber qual a composição (íons I mme
da água que se tem e qual a composição iõnica da água que se quer obter. A partir dE
informações. verifica-se a diferença encontrada para cada íon.
@ Para saber qual é a composição da água a ser mineralizada, é necessário enviá-la para
análise ou solicitar da empresa que a fornece uma análise padrão de sua composição.
Exemplo de cálculo
li Supondo que a água tem uma concentração de íons de cálcio de lO ppm (ou mg/1) e a met<
obter uma água para ser utilizada em cerveja tipo Pale Ale, que tem uma concentração de
ppm (ou mg/1). Portanto. será necessário adicionar 240 mg/1 de cálcio externo.
(ppm = mg/1)
: I grama CaSO 4 2H O
litro agua
(;,
,,.. ...._~ .
CAPITULO I >A CERV!:JA E SEUS COMPONENTES
... -- .--.. -
......-
Para calcular a dose de cálcio a ser acrescentada. pode-se simplificar a operação usando uma
planilha Excel conforme exemplo a seguir:
~-
Mg
so.
24
96
I
2 5S8 [ ~c
I
o
o
I
S60
60
600
CI 3S.S 3 o I 3 ISO
Água 18
- - I 209 o o
Pode-se o bservar que, com a ad ição de um único sal (CaSO 4), não se atingiu a co mposição
desejada (foram obtidos o cálcio e o su lfato, mas permaneceram baixos os teo res de magnésio
e clo reto). Portanto, para este caso particular, é preciso ad icionar uma combinação de sais:
•
~
A alcal inidade residual é a diferença entre a dureza de carbonatos ou alcalinidade total (que
tende a aumentar o pH) e a dureza de não carbonatos (que tende a baixar o pH). Portanto,
quanto maior a alcalinidade residual, mais elevado será o pH esperado. O pH ideal para a
maceração é 5,3-5,6 e do mosto frio é de 5,2- 5.4.
[ ANÁLISE
Jl
ÁGUA PILSNER
~====~--------~~·--
11 AGUA DA CERVEJA
Ca 2 ", (ppm) 7 lO
Mg · . (ppm) 3
O quadro anteno r mostra que o pH da maceração esta elevado com relação ao ideal c
a 5,6 e . portanto, deve ser dim inu ído. Para isto. pode-se acidificar ad icionando um ao
cálcio. nas proporções especificadas a seguir
'I As doses a serem utilizadas para reduz• r 0.1 umdades de pH por cada I00 Kg de malte . dt
acrescentar·
O uso de maltes es.:uros tambem reduz o pH . Um acresc1mo de 10% de malte preto ou<
torrada reduz o pH em 0.5 un idades . Um acréscimo de 10% de malte cristal reduz o ~
0.3 unidades
ETAPA
li ~ FE RM ENTAÇÃO
fe rmentado r. Nesse recipiente, e introduzida a levedura, que
"co me" os açucares fermentescíve1s e produz álcool e C02' Es
fa se . em média, dura de três dias a uma semana.
MALTAGEM OU MALTEAÇÃO
A mal tagcm é o processo no qual a cevada e transformada em um malte adequado par
utilizado na fab ricação de cerveja. O processo de maltagem compreende as etapas descr
seguir.
M<~ceraçao
O grão é macerado e absorve de 12% até 45% de umidade.
Com a secagem, é interrompido o processo de germinação para preservar o que foi gerado até
este ponto, e diminuída a umidade da cevada para permitir seu armazenamento.
e.
As radículas e pequenos caules que se tenham formado são separados e o malte fica pronto.
Diferentes lotes de malte são misturados para entregar um produto homogêneo e que atinja as
especificações acordadas. Esses lotes podem ser formados a partir de uma ou ma1s vanerh l p ~
de cevada ou batchs de produções diferentes.
Cevada
Limpeza I
Classificação
Descarte
Cevada Classificada
Secagem
Armazenamento
Blending
Ent rega
I -~
.
-.· .
COMPOSIÇÃO
~ .
Amido 60 a 65%
IOa 15%
Parede celular
(75% beta-glucanos, 15% pentosanas I0% proteína!
Proteínas 10 a 12%
Lipídios 3 a4%
Durante o processo de maceração, são alternadas as fases onde os grãos são imers
agua e as fases onde os grãos ficam s... m água. Os objetivos gerais do processo de ir
(maceração) são:
zW
L
Secador de Malte
fjc-RIÍS3
Durante a fase de secagem livre, a cevada mantém umidade suficiente para continuar com
uma limitada atividade de modificação do grão. A temperatura não pode ser aumentada, pois
isso acarretaria na destruição das enzimas (a maioria delas tolera a temperatura se o teor de
umidade for baixo), de modo que a primeira parte da secagem deve ser feita com um grande
volume de ar e uma temperatura baixa. Se for aplicado muito calor enquanto a umidade do
grão estiver alta, ele ficará vidroso.
© Durante a fase de secagem, ocorre a reação de Maillard que desenvolve a cor da cerveja.
Essa reação é a mesma que acontece quando se faz calda de açúcar caramelizada.
SECAGfcM
%soo-
no
mi s i s it i í s * !II 5 í f S
1 1 i 1 ! 1 1 ! 1 1 11 1 1 !I! ! 1 1 1 1 1 1 1 ! 1 1 1 1 ! 1 1 1 11 1
S i
CALOR
Aminoácidos + COR
Açúcares redutores
© Nem todas as enzimas são igualmente sensíveis à temperatura. Por isso, o efeitc
de uma temperatura elevada durante a secagem afeta-as de forma diferente, sendc
as peptidases as mais afetadas. Esse problema geralmente não é uma preocupaçãc
para os cervejeiros que utilizam 100% de malte, já que a quantidade de proteins
disponível não é um obstáculo ao seu desenvolvimento.
endoproteases;
endo-beta-glucanase;
dextrinase limite;
beta-amilase;
alfa-amilase;
evitar a utilização de aquecimento direto, o que impede a formação dos gases de combustão
de óxidos de nitrogénio. O aquecimento indireto significa aquecer o ar de secagem com um
dispositivo de aquecimento, impedindo que o ar entre em contato com os gases de combustão;
efetuar a queima de enxofre nos gases de secagem que produzem o ácido sulfúrico, o que
reduz o pH (evitando sua formação já que a reação não ocorre em pH ácido).
Nitrosaminas
Hordenina + NOx
ou Dimetilamina
Gramina
NDMA
Dimetil Sulfeto
Eliminado no ar de saída
(volatilizado)
S - Metil Metionina
(SMM ou DMSP) *
DMS
Ar do processo de secagem
cevadas de seis fileiras, que são mais propensas a formar DMS devido ao seu alto teor de
proteína;
Repouso
Germinação Secagem Fervura do Fermenta
Whirpool
(modificação) Mosto
(resfriamento)
/
/
/
/ \ V
Ar
Saída Evaporação Evaporação
i o
3
o
S
DMS DMS DMS DMS
is O O
3 75 75
PERDAS PERCENTUAL
Limpeza, grãos finos, grãos estranhos 1%
Radículas 4%
Total 20%
Por conseguinte, são necessárias, aproximadamente. 120 - 125 toneladas de cevada para
conseguir 100 toneladas de malte limpo e terminado
ARMAZENAMENTO DO MALTE
O malte é um produto frágil devido ao seu baixo teor de umidade (cerca de 4,5%) Ao finalizai
a maltagem, deve-se deixá-la em repouso durante pelo menos 21 dias, para que o malte se
equilibre (este processo afeta principalmente o teor de umidade). O repouso do malte deve
ser feito de acordo com as regras de armazenamento de grãos, especialmente aquelas que
envolvem a pré-limpeza dos silos de armazenamento.
A combinação de diferentes lotes de malte pode normalizar suas caracteristicas. Por exempio
pode-se misturar um lote com alta proteína com outro de baixa proteína, de modo que o
resultado satisfaça as especificações, ou misturar diferentes variedades de cevada para
uniformizar suas propriedades e atingir o aumento da consistência, tanto do malte quanto da
cerveja a ser elaborada, pela redução da variabilidade da matéria-prima.
CEVADA MALTE
Amido 60% 55%
Proteínas I 1% 10,7%
Como o resultado dessa análise deve ser bem compreendido tanto por malteiros como por
cervejeiros, é importante usar uma linguagem comum, ou seja, é preciso usar as mesmas técnicas
de análise para que os resultados sejam compreendidos, com suas vantagens e restrições, em
todo o universo de produtores e consumidores de malte.
Para atingir esse objetivo, existem várias associações especializadas que definem os métodos
de análise. Assim, independentemente do laboratório em que a análise seja realizada, todos
estarão de acordo sobre a forma como os resultados foram obtidos.
Embora seja desejável a existência de uma única referência mundial para as técnicas analíticas,
existem grupos distintos para as diferentes partes do mundo, sendo as associações mais
reconhecidas internacionalmente:
EBC: European Brewery Convention, de origem europeia, geralmente usada na maior parte
do mundo, exceto nos EUA;
IGB: Institute Guild of Brewing, de origem europeia, em geral, muito coincidente com a EBC;
Em muitos casos, as análises são idênticas ou muito semelhantes, embora seja sempre
importante mencionar qual é o método analítico utilizado, para evitar equívocos na escolha ou
compra de um malte.
As análises típicas, que são utilizadas quando se seleciona um malte ou quando um lote é
recebido, não são perfeitas, nem completas para predizer a performance de uma cerveja de
malte. Para reduzir a incerteza na seleção, ao comprar ou receber um malte, é importante
verificar não apenas uma análise isolada, mas sim, o conjunto de análises como um todo, e
compreender os métodos utilizados para saber o que significa cada item informado.
© O malteiro pode compensar algumas das mudanças que ocorrem na cevada ajustando
seu processo com a mistura de diferentes variedades, lotes etc. Mas o cervejeiro terá
que estar muito atento a possíveis variações do malte e ajustar o seu processo para
manter a uniformidade da sua própria cerveja.
ASBC e EBC são as associações americana e europeia que estabelecem métodos analíticos pai
malte e cerveja.
Maceração de referência
Os passos da maceração são:
@ A maceração de referência não é igual àquela que cada cervejeiro terá em seu próprio
processo, de acordo com a cerveja que pretenda produzir. Consequentemente, os
resultados das análises realizadas no mosto congresso de cada produtor não serão
iguais aos valores usados como referência. O importante, porém, é que os passos
para realizar a análise sejam os mesmos para todos e que, desta forma, permitam a
comparação entre maltes diferentes.
Cor
Esta análise é realizada no mosto congresso e possibilita que se tenha uma ideia da cor que o
malte fornecerá à cerveja. O método básico entre ASBC e EBC é o mesmo, mas diferentes
fatores são utilizados. Existem várias equações para se converter de um método para outro.
Uma aproximação válida é, por exemplo, 1968 x ASBC = EBC.
Friabilidade [%]
Esta análise indica o grau de modificação do malte. Complementa a análise anterior, indicando
quão uniforme é a modificação. Nesse teste, a variedade da cevada e o teor de proteínas têm
alto impacto (o mais elevado teor de proteína diminui a friabilidade).
Esta análise proporciona informação sobre o grau de proteólise. Pode ser expresso o
ou como o índice Kolbach, que é a relação entre proteínas solúveis e proteínas totais.
deste índice deve situar-se entre 40 - 45%.
Esta análise fornece uma ideia do conteúdo das enzimas do malte. A diferença entre os dois
métodos ASBC e EBC é a diferença de temperatura de extração (40°C versus 20°C) e as
unidades utilizadas também são diferentes: a ASBC usa o grau Linter (L) e a EBC Windisch-
Kolbach (WK), onde WK = (3,5 x°L) -16.
Esta análise indica a quantidade de umidade contida no malte. Se a umidade for muito baixa,
aumenta a fragilidade do grão, favorecendo, assim, a sua ruptura nas diversas manipulações;
aumenta a cor, devido ao aumento da quantidade de calor para realizar a secagem; e diminui o
teor de enzima (a maioria das enzimas é inativada durante a secagem). Por outro lado, se o seu
valor for demasiado elevado, significa que o transporte é de malte e água (portanto, tem um
custo mais elevado), o malte está mais susceptível ao ataque de fungos, e processos enzimáticos
continuam ocorrendo, de modo que a solução seria um compromisso entre estes fatores. O
resultado típico é de aproximadamente 4,5%.
As variedades de cevada têm um efeito significativo sobre o teor de proteína, enzimas, cor,
extrato,DMS e características organolépticas. Apesar disso, é preciso entender que todos os
parâmetros estão relacionados e que algumas coisas são impossíveis de cumprir, porque são
antagónicas como, por exemplo:
71
baixa umidade com alta potência diastásica (malte);
baixa umidade com cor baixa (secagem do malte);
cor baixa com elevado valor de proteínas solúveis (na maltagem, os aminoácidos são
precursores de cor por reações de Maillard):
alto valor de alfa-amino-nitrogênio (FAN) com valor baixo de proteínas solúveis (ambos
vêm da mesma proteína);
valor baixo de proteínas totais com níveis elevados de enzimas (enzimas são proteínas);
o Diastase - é uma enzima de origem vegetal, que faz com que o amido dos grãos de cevada
se transforme rapidamente em açúcar solúvel.
Para selecionar o malte mais adequado ao uso, é importante que o cervejeiro construa uma
boa relação de confiança com o malteiro, de modo que este venha a ser um parceiro, que possa
aconselhar e recomendar o melhor possível para atender as suas necessidades.
Vale lembrar que a cevada não é a mesma de uma safra para outra e, portanto, é
estar preparado para rever e adaptar o processo de produção da cerveja, caso o ma
variações
Tipo 2 fileiras
Alfa-amilase Mínimo 50
Maltes especiais
Maltes especiais são aqueles utilizados no processo de fabricação, geralmente em ur
menor, para se obter algumas propriedades especiais para a cerveja, além das suas dua:
Maltes básicos
Seu processo de maltagem consiste em imersão, germinação e secagem em altas temperaturas.
Os maltes básicos são feitos a partir de maltes bem modificados, secados inicialmente a uma
temperatura relativamente baixa, sendo, em seguida, a secagem completada a uma temperatura
entre 8S°C e I I5°C (a temperatura final de secagem é de aproximadamente 85°C durante uma
base normal de malte). Esses maltes continuam contribuindo com enzimas para a mosturação,
já que a secagem não é suficientemente intensa para desativá-las.
Sua contribuição principal é dar à cerveja mais corpo, cor castanho claro, aroma e maior
sensação na boca.
Vienna 4a6 90 a 95
Aromática 17 a 21 1 15
Maltes caramelo
Seu processo de maltagem consiste em maceração, germinação e secagem.
Os maltes caramelo são feitos a partir de maltes modificados que são super umidificados na
germinação. Esse maior teor de umidade é para promover reações de escurecimento (reações
rl 3a
’
Médios 15 a 60 NO a 140
Os maltes torrados são feitos de maltes ligeiramente modificados, torrados a uma temperat
elevada até perderem aproximadamente 5% do seu peso. Eles devem ser considerados cc
adjuvantes, porque sua quantidade de nutrientes é insignificante e, se utilizados em abundân
podem trazer desagradáveis sabores amargos.
O- Adjuvante - é toda matéria-prima que, adicionada à fórmula inicial, vai favorecer suas
características organolépticas, ou seja, é o excipiente que serve para dar sabor, cheiro c
cor. Os adjuvantes podem incrementar a atividade da substância ativa.
Existem outros tipos de maltes especiais que podem adicionar algum tipo de toque distintivo
a cerveja (como maltes defumados, cevada torrada etc.). Porém, suas características e em que
tipos de cerveja podem ser usados deve ser objeto de análise, uma vez que a variedade de
oferta é grande.
Os quadros a seguir incluem uma lista de maltes especiais, sua cor e utilização recomendada.
Estão incluídos, também, maltes de outros grãos diferentes da cevada, o que pode ser útil
para a produção de algumas cervejas típicas, por exemplo, as de trigo, ou uma adequada para
celíacos, na qual o malte é substituído por sorgo (espécie de milho).
COR
MALTE CARACTERÍSTICAS APLICAÇÕES
LOVIBOND
COR
CEVADA CARACTERÍSTICAS APLICAÇÕES
LOVIBOND
Cevada Aroma de café, intenso Para cervejas Porters e Stout
450 - 500
Tostada amargor. cas.
COR
TRIGO CARACTERÍSTICAS APLICAÇÕES
LOVIBOND
Sabor doce de trigo.
Ajuda na retenção de Cervejas de trigo e outros e
Wheat Malt 2-3
espuma em qualquer (5%) Doppel Bock.
estilo
Sabor doce, proporcio¬
Caramel Dark Ales, Hefeweizen, Dunk
40-60 na cor e ajuda na re¬
Wheat zen, Wheat Bocks e Double Be
tenção de espuma.
Contribui com altos
extratos, melhora a es¬
Roasted
400 - 500 puma, melhora o sabor Dark Ales, Wheat Bocks
Wheat
em cervejas light e de
trigo.
O Lovibond - é um método padrão usado para medir a intensidade da cor de uma cerveja. O
resultado é apresentado em graus Lovibond ou escala °L.
MOAGEM DO MALTE
A fase de moagem e um processo no qual é iniciada a transformação do malte para ser
convertido em cerveja. Neste processo, o tamanho das partículas é reduzido.
romper a capa externa da casca (principalmente pelo eixo longitudinal) e separar a casca
do endosperma;
aplastar, desintegrar o endosperma para que fique exposto à degradação enzimática;
criar as frações adequadas de grão moído para aperfeiçoar os processos de maceração c filtração.
Segundo esses compromissos, pode-se optar por uma moagem fina, que permite obter maio
quantidade de açúcares fermentescíveis, maior atenuação, maior quantidade de álcool e, er
consequência, maior rendimento. Pode-se também optar por uma moagem grossa, que proporcion
melhor filtração (menor tempo de filtração), ainda que com um rendimento mais baixo.
As cascas do malte devem ser moídas o menos possível. Elas são compostas, principalmente, d<
celulose, portanto, não são solúveis em água, e são minimamente afetadas pelas enzimas. Sã<
elásticas, difíceis de serem moídas e pulverizadas. Durante a filtração do mosto, fornecem un
meio filtrante natural (especialmente importante na filtração com cuba filtro).
Ainda sobre as cascas do malte, elas podem afetar de forma negativa a cor e o sabor da cerveja
já que contêm polifenóis (sabor adstringente), substâncias amargas, silicatos e proteínas que
ao serem extraídas em quantidades suficientes, transmitem essas características à cervej
terminada.
Além disso, uma moagem muito fina produz um leito filtrante mais compacto, ou seja, con
menor porosidade, o que amplia o tempo de filtração do mosto.
o rendimento em extrato.
A homogeneidade do malte é muito importante para uma boa moagem e, nos casos onde ;
qualidade deste não é boa, o processo de moagem é ainda mais crítico.
Sem um adequado tempo de descanso, o malte dá lugar à obtenção de mostos opacos, filtraçõe:
difíceis e pode ter consequências na clarificação de cerveja e na estabilidade da espuma.
Acondicionamento do malte
O acondicionamento é um tratamento que agrega umidade à casca, para suavizá-la e facilitar
sua remoção, diminuindo a possibilidade de ruptura (diminui as tensões mecânicas na superfície
exterior do grão). Esses sistemas consistem, geralmente, em um transportador de rosca, onde
se injeta água quente (aproximadamente 40°C) no fluxo do malte. Esse tratamento também
aumenta o rendimento e reduz a quantidade de pó.
A moagem deve triturar os grãos entre os cilindros do moinho, conservando a casca inteira
com uma máxima obtenção de farinha do endosperma. Para alcançar este objetivo, o malte
deve ser desagregado com um conteúdo de umidade abaixo de 5% e, para isso, se utilizam
equipamentos diferentes. Para a moagem seca, são utilizados moinhos de dois, quatro e seis
rolos, cujas características são descritas a seguir.
São os mais simples e mais económicos e, por isso, os mais utilizados nas cervejarias
pequenas.
Requerem o uso de malte semelhante e bem modificado, para obter uma moagem de boa
qualidade.
Usam o primeiro par de rolos para a pré-moagem e o segundo par para rolos de cas
RESULTADO DA MOAGEM
As frações obtidas da moagem são as partículas do malte moído, classificadas pelo tar
em faixas determinadas. O cálculo é feito por meio de medição normatizada em labor:
pesando-se diferentes porções. As principais frações obtidas são: casca, moagem g
moagem fina e farinha.
ia parâmetros do malte;
tipo de moinho;
armazenagem;
Po Fundo % (8 I 5) 6% ( I 4 •
Para realizai um conti ole adequado da moagem deve-se levai em considei açao <.(ue a amostra
este|a correta, para que seja representativa de todo o processo O ideal seria introduzir um
mostrador comando todo o volume que esta caindo do moinho (não tomar apenas amostras de
um só setor como, por exemplo, a parte da frente, direita ou esquerda etc.), em dois ou trec
momentos diferentes da moagem
AJUSTE DA MOAGEM
a
As recomendações para realizar ajustes na moagem sao as seguintes
assegurar-se de que os rolos estejam paralelos, que nao se encontrem lesgnstados e que
os rolamentos se encontrem em boas condições,
utilizar medidores de espessura para medir a distancia entre os rolos (nao conti v cegamente
nas marcas de gradação do moinho);
verificar o aparecimento de grãos sem moer, pois estes indicam o inicio de fugas que podem
estar sendo causadas por separação excessiva entre os rolos ou desgaste dos rolos;
observar se a farinha e branca, pois isso indica que a casca esta sendo moída em excesso
desligar o moinho antes de realizar os a|usces
Em resumo, a adequada moagem do malte (e dos adjuntos, caso se|am utilizados) melhora -
eficiência da sala de cozimento por meio de
A transição entre esses dois estados deve ser dirigida pelo malteiro e pelo cervejeiro.
conseguir essa transformação, eles devem manejar as enzimas, que são as respon:
por modificar a estrutura do grão, e cortar as macromoléculas de armazenamento (ai
proteínas) em moléculas menores e utilizáveis.
As enzimas atuam como uma chave que abre ou destrava uma fechadura. Por isso, é impor
conhecer seu funcionamento, para poder aplicar as técnicas mais adequadas às transform
bioquímicas.
AÇUCARES
Os açúcares são, muitas vezes, chamados de carboidratos, já que muitos deles pode:
considerados compostos de carbono (C) e água (H20). Do ponto de vista cervejeiro, o:
importantes são as hexoses, compostas por seis átomos de carbono em uma estrutura de
sendo sua fórmula C6H|2Ofc. Podem adotar várias configurações, segundo a forma que a<
cadeia, tendo diferentes propriedades. Destas, a mais importante é a glucose ou glicosí
forma é um anel.
\0H
HC-OH
XTr
l~L
fl Grupo -OH. unido I
ao carbono #1 na
posição para baixo.
chamada de
I
H
H
Grupo -OH. unido a
carbono #I na posiç
para cima, chamada c
orientação beta
OH
orientação alfa
À medida que se unem mais moléculas de monossacarídeos, elas passam a ser chamadas
de trissacarídeos (três moléculas de açúcares), dextrinas (quatro ou mais açúcares ou
monossacarídeos, em geral não fermentáveis pela levedura) e, se forem muito numerosas,
como no caso das moléculas de reserva de alimento dos grãos, passam a ser denominadas
de amidos (uniões de muitas moléculas de glucose). Outras estruturas de açucares recebem
nomes diferentes.
0 amido dos cereais está formado por dois tipos de moléculas diferentes: a amilose e a
amilopectina, descritas a seguir.
São formadas por uniões de moléculas de glucose, ligadas por pontes alfa-1,4. Formam uma
cadeia linear. Têm as seguintes características na cevada:
Amilose
uniões a-1,4
C,*jOH
C H 0H B
çT
:
Esirutuia Helicoidal
da amilose
1/
C*
•*
- <"> mw-ir-wcn HE FARRirArÃO DA CERVEIA
HEMICELULOSES
Uniões Uniões
13- 1.3 13-1.4
1,4 1,4
-.4 1.4 1.4
HOCH,
1,3
HOCH, HOCH,
HOCH,
GOMAS
As gomas se localizam nas paredes das células, em sua maioria no endosperma. Proporcionam,
para as paredes, resistência mecânica. Em água, resultam em soluções viscosas e gomadas.
B
Os elementos construtores das gomas são os beta-glucanos íformam a hemicelulose) e as
pentoses (formam as gomas arabino-xilano)
Os beta-glucanos são os que mais preocupam os cervejeiros, já que produzem mostos e cervejas
viscosos, podem impedir a filtração do mosto e da cerveja, e a maioria se degrada durante a
maltagem.
PROTEÍNAS
Os aminoácidos são componentes fundamentais ou blocos construtivos das proteínas. Cada
um possui nitrogénio. Existe um total de vinte tipos de aminoacidos. Quando um reage com
outro, forma-se uma união peptídica. Quando se unem vários aminoácidos, por meio de uniões
peptídicas, forma-se um polipeptídeo
Em resumo, pode-se dizer que tanto os açúcares como os aminoácidos formam polím<
Esses polímeros constituem os ingredientes fundamentais da cevada e do malte: o amid'
proteínas, as gomas e os compostos das paredes (dos açúcares).
As enzimas são proteínas que possuem uma função especial: catalisam reações química:
seja, facilitam e aumentam a velocidade das reações (que, de outra maneira, poderiam nã<
produzidas) e não são trocadas nem consumidas pela reação (antes e depois da reação a en
continua sendo exatamente a mesma).
cada enzima catalisa uma única reação química (não possui efeito em nenhuma outra
seja, as enzimas são específicas;
seus nomes refletem sua ação ou a reação que catalisam, com a terminação “ase”;
Alguns tipos de enzimas não estão presentes na cevada colhida, como é o caso da alfa-am
Durante a maltagem, desenvolvem-se enzimas na capa da aleurona, que migram pa
endosperma durante o processo. Muitas destas enzimas são preservadas e utilizadas dui
o cozimento do malte.
amilases (de sacarificação): realizam o rompimento das moléculas de amido em açúcares simples.
Enzimas fitases
As fitases atuam sobre o ácido fítico (mio-inositol-hexfosfato) e a fitina, que e um sal do ácido
fítico composto por potássio, magnésio, zinco (é uma fonte de minerais do malte). A fitina é
encontrada, principalmente, na capa da aleurona é a reserva principal de foifiÿos da cevada
(aproximadamente 68%). Na maceração, o ácido fítico contribui para a acidific- - na presença
de cálcio e sem a intervenção de enzimas.
A enzima fitase atua sobre o ácido fítico liberando fosfatos (mineral essencial para a maltagem
e a brassagem). Sua ação principal se produz durante a maltagem, já que é desnaturalizada
m
durante esse processo (somente fica alguma ativa nos maltes mais pálidos) e não é efetiva nas
temperaturas de sacarificação.
Nas e>vei«VMs o nitrogénio das proteínas pode sei dividido em diferentes frações d
DO ta 'ci i
Hara que o processo de s.r arificaçao possa se produzir, e necessário que o malte este
modificado, ou seja. que as paredes das células tenham se tornado permeáveis (pela ação dt
-mzimas citolíticas e proteolíticas) e que o amido tenha sido gelatinizado. Essa gelatinizaçã
ocorre no amido do malte a temperaturas superiores aos 60°C, tornando-se mais viscoso
incorporando agua
A beta-amiiase e uma enzima que ataca os extremos não ramificados e produz maltose, ur
dissacarideo Formentavel e que é o açúcar mais abundante no mosto
JtÍGr
de maltose
cP
8U? »ÿ
% áp% r*
«b 00 oo
s
>
cP
cP
%
*
o oo
ay
Q 3
0 substrato se introduz Substrato ativo
no lugar ativo na 13-amilase 3 2 89
I Lugar ativo da (3-amilase ! - Centro ativo
4
EI
Substrato abandona a enzima
3 Substrato Amilose
3 t Produto deixa lugar
4- Produto Maltose
ativo
f Produto Maltose
I
A alfa-amilase nâo se encontra presente na cevada, mas é formada durante a maltagem. É uma
endoenzima que atua no interior da molécula formando, prmcipalmente, dextrinas e alguns
açúcares fermentáveis. Atua rapidamente na gelatinização e hidrolisa o amido.
oe
ÕP
dSÿB
voe
m
USO DAS ENZIMAS NA BRASSAGEM
O extrato ou mosto obtido contém tanto os nutrientes para a levedura (por exemplo, i
fermentáveis, FAN, minerais) como os componentes da cerveja (açúcares não ferment
dextrinas, que contribuem para a sensação na boca quando se toma a cerveja), as p
solúveis (que contribuem para a espuma e turbidez) e os compostos que trazem sabor e
As enzimas proteolíticas possuem atividade entre 45°C e 50°C. Sua atividade proc
redução do peso molecular médio das proteínas, incrementando as proteínas solúveis e
É importante destacar que, se não for necessário aumentar os níveis de FAN ou das p
totais, a atividade dessas enzimas deve ser minimizada, pois a diminuição do peso m
provoca a degradação da fração responsável pela espuma da cerveja.
A beta-amiiase trabalha em uma faixa de 60°C a 65°C, em forma lenta, produzindo maltose.
A alfa-amilase trabalha otimamente a 72°C, em forma rápida (e ainda à temperatura de 75°C).
Produz dextrinas e alguns açúcares fermentáveis.
Uma vez que se concluiu a sacarificação, realiza-se a finalização ou o aquecimento final, que
consiste em elevar a temperatura a 75°C para gelatinar os últimos grãos resistentes de amido,
inativar (por desnaturalização) a beta-amilase e reduzir a viscosidade do mosto para sua filtração.
Adjuntos
Os adjuntos são outra fonte de amido e açúcar, amplamente utilizados em cervejarias para
suplementar o malte como fonte de extrato fermentávei, embora, geralmente, não possuam
as enzimas necessárias para a brassagem. Atualmente, a maioria das cervejas comerciais
utiliza adjuntos, exceto as que seguem a Lei de Pureza Alemã e alguns produtos premium
confeccionados com 100% de malte.
Historicamente, seu uso é tão antigo quanto a fabricação da cerveja. Sua má utilização foi um
dos motivos da criação da Lei de Pureza Alemã. Os cervejeiros belgas possuem uma larga
tradição no uso de açúcar de cana, frutas etc., assim como também os ingleses.
As legislações de cada país regulam o assunto de forma distinta, mas, em gerai, limitam o nível
mínimo de extrato de malte de cevada que a bebida deve possuir para ser considerada cerveja.
Na Argentina, por exemplo, a quantidade mínima de extrato é de 60%, nos EUA é de 55%.
Em geral, os adjuntos são baseados em milho desgerminado ou arroz, mas pode ser usada
qualquer outra fonte de amido como trigo, cevada, sorgo etc. Os açúcares de cana ou frutas
são tipos tradicionais utilizados pelos belgas.
Íad|untos solidos
> grãos;
folhas;
micronizados;
sêmola;
tostados (geralmente cevada);
líquidos-
B* ad|untos
xarope de milho, maltose;
açúcares invertidos;
extrato de malte;
xaropes para priming (para carbonatação secundária, principalmente em garrafas).
O uso de altas porções de adjuntos pode afetar a nutrição da levedura e a performance da ferment
A alta concentração de açúcares simples (como a sucralose) pode fazer com que a levedura dei
absorver outros açúcares, causando a finalização antecipada da fermentação (inibição de catabó
O uso de mais de 40% de adjuntos requer a utilização de suplementos nutricionais para a leve
já que a levedura terá problemas de crescimento por não possuir suficiente FAN.
Caso sejam utilizados outros cereais maltados, estes não serão considerados adjuntos, do p
de vista cervejeiro, ainda que o possam ser do ponto de vista legal pela Lei de Pureza Alemã
somente permite o uso de maltes de cevada e de trigo na fabricação da cerveja de trigo
Os maltes de outros cereais (trigo, aveia, sorgo, centeio etc.) são utilizados em difen
proporções para diferentes cervejas, ao redor do mundo. Na maioria das vezes, são utiliz
para trazer características especiais à cerveja (sabor, estabilidade da espuma etc.). Em <
especiais, são utilizados para fabricar cervejas para um determinado tipo de pessoas (co
cerveja de 100% de sorgo para os celíacos, que não podem consumir nenhum alimente
possua trigo, aveia, cevada e centeio).
Os tipos mais comuns de adjuntos são cereais em grãos, flakes e xaropes, conforme descrito a s
Cereais em grãos
São adjuntos que se apresentam inteiros, moídos, ou em sêmola. Requerem o uso de coz
São cereais (sêmola de milho, arroz, sorgo etc.) fáceis de serem obtidos
Cereais em flakes
São adjuntos de cereais que já foram previamente gelatinizados e que podem ser brasse
(macerados) juntamente com o malte.
Os flakes são folhas de cereais que sofrem um processo de elaboração industrial de gelatiniz
do amido, o que é útil para o cervejeiro. Neste processo, um cereal regular (milho, arroz,
cevada etc.) é tratado com vapor e logo passado através de rolos aquecidos que gelatiniz
amido e reduzem a umidade entre 8% e 10%.
Como os flakes já foram pré-gelatinizados para o processo cervejeiro, podem ser macer
com o malte durante a brassagem. As enzimas do malte completarão sua conversãc
açúcares. Os flakes são, às vezes, utilizados por pequenos cervejeiros que querem fat
cervejas de estilos tradicionais. Seu uso não requer investimento adicional de capital, já <
cozinhado no mesmo local onde se macera o malte.
Os xaropes a base de grãos de cereais são totalmentc convertidos em uma solução de açucares
Em geral, os xaropes de milho são reproduzidos a partir de um processo de moagem umida.
onde se separa diferentes frações de interesses (azeite, glúten, amido).
Originalmente, o xarope era feito mediante a conversão acida do amido, que produzia xaropes
com um perfil limitado de açúcares. Atualmente, os xaropes são feitos mediante liquefação e
hidrólise enzimática, o que significa que se pode elaborá-los com alto conteúdo de maltose
com um perfil de açúcares similar ao do mosto, o que os tornam ideais para serem agregados
na etapa de fervura
Desta forma, o cervejeiro pode selecionar um xarope com um mix de açucares fermentáveis c
não fermentáveis, de modo que seja similar ao mosto obtido na brassagem do malte ou possa
trocar o perfil disponível no mosto, por exemplo, para fabricar uma cerve|a light
0 exemplo a seguir mostra o perfil de um xarope obtido pelo processo de conversão enzimatica
Composição de carboidratos
Maltose 56%
Maltotriose 19%
Dextrinas 22%
Os açucares solidos (açúcar refinado de cana, de milho etc.) também estão disponíveis para
serem agregados diretamente a fervura. O mais utilizado é o açúcar de cana, especialmente nos
países que a produzem Pode-se também obter um açúcar de milho elaborado com um perfil
de açucares similar ao do mosto.
Para minimizar os possíveis impactos de qualidade como o uso de adjuntos, devem ser ton
os seguintes cuidados:
realizar um controle rigoroso da granulometria, tal como é feito com o malte, caso :
utilizados adjuntos sólidos que precisem ser moídos no local. É importante reali
manutenção regular do moinho e verificar o desgaste dos equipamentos.
Os ingredientes e equipamentos desta etapa são: malte, moinho, agitadores, cuba filti
e cuba prensa.
0 extrato contém todas as substâncias que são dissolvidas na água, na sua maioria provenientes
do malte (e dos adjuntos, caso sejam agregados), que são processadas utilizando-se tempos e
temperaturas diferentes, e por meio da ação das enzimas. O resultado obtido é o substrato
sobre o qual atuará a levedura na etapa de fermentação.
açúcares fermentáveis;
alfa-amino-nitrogênio (FAN);
minerais;
vitaminas;
Existem outros compostos desejáveis, mas que não são metabolizados pela levedura;
proteínas solúveis;
substâncias inorgânicas;
compostos de sabor e cor.
MATERIAL
INSOLÚVEL
EXTRATO casca, material celular,
POTENCIAL proteína coagulável
material solúvel removida como
mosto congresso
moagem fina, % extrato.
moagem grossa
tal)ÿF
EXTRATO jaiUIt1
SE
As analises de malte fornecem quatro formas de predizer o extrato potencial: moagem gro
moagem fina. base como tal e base seca.
Em geral, as analises do malte apontam seu rendimento em moagem fina em base see
diferença fino-grosso e a umidade A partir desses índices, pode-se calcular o rendimento
extrato da seguinte forma:
Rendimento moagem grossa-como tal = rendimento grossa seca x 100% umidade / 100
No primeiro cálculo:
Rendimento moagem grossa-seca = 79-1,3% = 77%
No segundo cálculo:
Rendimento moagem grossa-como tal = 77,7 x (0,965) = 74,5%
Podem-se utilizar tabelas para encontrar a equivalência entre as duas escalas de densidade ou
usar a seguinte fórmula aproximada:
-
P {258 - [205 - (SG - I)]} x (SG-I)
{'
(Fermento) V
Fermentação
Extrato Aparente
SA*| Extrato
)
Extrato
Ácool fcrmentavel
agitação;
pH da brassagem;
oxigenação do mosto.
0 20 40 60 80 100 120
Tempo (minutos)
•cozedor de adjuntos;
•macerador;
Salas de cinco equipamentos •filtro;
•fervedor;
•whirlpool.
•cozedor de adjuntos;
•macerador;
Salas de seis equipamentos •filtro;
(maior capacidade de sala) •tanque de espera;
•fervedor;
•whirlpool.
1
•1
Liftt-J '
™ \ H, ici ,1 W<
Caldeiras de fervura
levar em conta que devem produzir uma boa mescla tanto vertical quanto horizontal, de
maneira a prover uma temperatura de maceração consistente em toda a massa;
evitar os pontos quentes (e as superfícies quentes que possam queimar pontualmente os grãos);
O agitador deve possuir velocidade menor que 20 rpm, com velocidade máxima na extrem
menor que 3 m/seg. Suas pás devem se localizar abaixo e não possuir extremidades afiad;
RELAÇÃO GRÃO/ÁGUA
Essa relação depende do tipo de cerveja. Usa-se brassagens magras para estilos de c<
100 Lager (1:4 ou 1:5); brassagens gordas tendem a favorecer um caráter mais forte à cerv
relação afeta também a atividade enzimática, já que as macerações mais gordas dão
proteção térmica às enzimas do que as macerações magras, que promovem a dispersão.
possui uma influência positiva nas enzimas proteolíticas (degradação das protein;
peptídeos/FAN);
diminui o rendimento;
aumenta o FAN.
pré-macerador e agitador;
hidrólises das moléculas de amido;
> dispersão e difusão das enzimas (homogeneidade);
atividade enzimática (cinética proporcional à concentração);
pH;
temperatura;
tempo. 101
|3-glucanos
endo-P- 1 ,4- 4,5 - 4,8 40-45 55 0-1.4 com baixo
glucanase
PM
P-glucanos
endo-P- 1,3- 4,6 - 5,5 60 70 0-1.3 com baixo
glucanase
PM
entre
P-glucano- 6,6 - 7,0
P-glucanos
62 73 proteínas e
solubilase com alto PM
P-glucanos
Ácido
Fosfatos
fosfatase 5,0 50-53 60 fosfórico,
orgânicos
minerais
União
Peptídeo
endopeptidase 3,9 - 5,5 45 - 50 60 peptídica
mais curti
(interna)
União
peptídica
carboxipeptidase 4,8 - 5,6 50 70 Aminoácid
(ext.
carboxílico)
União
aminopeptidase 7,0 -7,2 45 55 peptídica Aminoácid
(ext. amino)
102
frlEI [•T-l IFM
a- 1,4
(3-amilase 5,4 - 5,6 60-65 70 Maltose
(extremos)
a- 1,4
a-amilase 5,6 - 5,8 70-75 80 Dextrina:
(interior)
Limite
dextrinase a- 1,6
5,1 55-60 65 Dextrina:
(baixa (ramificações)
atividade)
Maltase (baixa
6,0 35-40 40 maltose Glucose
atividade)
Glucose,
Sacarase 5,5 50 55 sacarose
frutose
Técnica de infusão
Consiste em trabalhar com todo o grão e a água em uma única mistura e realizar as variações
de tempo e temperatura em forma conjunta, com toda a massa.
INFUSÃO ESCALONADA
- 20' 40- W
30- 30-
20- 20-
10- 10-
I I I I I I I
0 lo 120 0
I I
120 180 220
Tempo (minutos)
Técnica de decocção
Consiste em separar uma porção do cozimento (a mais espessa), fervê-la e logo voltar a juntar
com o restante para modificar a temperatura.
A degradação das partículas se produz pela ação enzimática a qual se agrega ajuda física
(caso sejam usados maltes pouco modificados).
Maior custo de energia.
Cores mais elevadas.
As desvantagens são a inativação das enzimas quando se chega à ebulição, a maior cor
obtida (devido às reações de Maillard na temperatura de ebulição), a perda de maior
quantidade de compostos aromáticos durante a fervura e os maiores custos energéticos.
Atualmente, com o uso de maltes bem modificados, não é necessário realizar esse tipo
de técnica, exceto em algumas cervejas especiais.
Existem também outras técnicas e ferramentas utilizadas na brassagem, que estão descritas a seguir.
Teste de iodo
Essa ferramenta é usada para testar a degradação do amido (ou, como chamam os cervejeiros.
a sacarificação). O teste é realizado agregando-se gotas de iodo a outras de macerado e
observando-se a cor desenvolvida.
pior rendimento;
sabor indesejável na cerveja;
A quantidade de voltas da hélice da cadeia helicoidal que forma o amido é determinada pela
quantidade de unidades de glucose que tem a cadeia de amido. A cor desenvolvida pela solução
de iodo depende deste fator.
0 pH pode ser reduzido acrescentando-se sais de cálcio (sulfato de cálcio, e /ou cloreto de
cálcio) à água de brassagem, ou agregando-se algum ácido externo (ácidos láctico, fosfórico,
cítrico) e, assim, chegando-se ao valor ideal para que a atividade enzimática seja adequada.
Acidificação biológica
Uma técnica que pode ser utilizada é a acidificação biológica. Para isso, é utilizada uma bactéria
de lactobacilos (das existentes, há mais de seiscentas cepas que produzem acidificação, mas 105
a maioria também produz diacetil, ácido acético e ácido butírico, que outorgam sabores
desagradáveis à cerveja). Habitualmente, são utilizadas duas cepas de lactobacilos amylovorus
(L3 ou L5), já que seu metabolismo produz quase 100% de ácido láctico.
A vantagem desse processo é evitar a compra de ácido lático para a acidificação; a desvantagem
é a complexidade introduzida, por se ter que manejar outros processos biológicos (controles
de contaminação, plantação e colheita dos lactobacilos, cuidados para que não se contamine a
levedura etc.).
OXIGENAÇÃO DO MOSTO
maior quantidades de pontes dissulfetos, o que piora o acesso das proteases às proteína:
menor quantidade de proteína solúvel, menor quantidade de FAN;
menor precipitação de proteínas;
a menor permeabilidade das paredes das células piora o acesso das amilases ao amide
produz-se uma menor atenuação do mosto;
piora a filtração do mosto, ocasionando maior turbidez;
Os polifenóis são substâncias naturais do malte, que são precipitantes naturais (os de alto
peso molecular) e antioxidantes naturais (os antocianogênios de baixo peso molecular).
A quantidade presente no mosto depende da quantidade presente na cevada, da
variedade e degradação do grão e do conteúdo de proteínas do malte. Na etapa de
brassagem, o objetivo é manter no mosto estes polifenóis de cadeias curtas (pelas suas
propriedades antioxidantes), já que reagem com o oxigénio mais rapidamente do que
outras reações, com impacto no sabor da cerveja, como a oxidação dos ácidos graxos
ou álcoois superiores.
Cozedor de adjuntos
O cozedor de adjuntos é utilizado quando se usa na planta um cereal sem processamento
de gelatinização externa ou só com moagem mecânica (isto corresponde a mais de 75% dos
casos em que são utilizados adjuntos). Não é necessário utilizá-lo quando o adjunto já vem
pré-gelatinizado (flakes) ou convertido (xaropes).
107
Os adjuntos mundialmente mais utilizados são os seguintes:
Arroz 31%
Açúcar/xaropes 22%
Cevada 1%
Para poder utilizar o amido que contém os grãos do adjunto, este deve passar pelos mesmos
processos de gelatinização e liquefação pelos quais passa o amido do malte. Esses dois processos
ocorrem simultaneamente no cozedor de adjuntos e, conforme o grão utilizado, a temperatura
de gelatinização varia.
Gelatinização
Separação das células de amido à medida que absorve água quente.
Ruptura da estrutura cristalina do amido e tomada de uma estrutura mais desordenada à
medida que a temperatura e a água fazem com que os lugares disponíveis absorvam maior
quantidade de água.
A água absorvida faz com que o amido seja mais viscoso (gel).
O quadro a seguir mostra a temperatura na qual a gelatinização está completa. Pode-se observ
que, com exceção do trigo, as temperaturas de gelatinização dos outros adjuntos são maior
do que a da cevada. A mistura no cozedor de alimentos é fervida para assegurar que o proces
seja completado.
Arroz 82°C
Milho 78°C
Trigo 60°C
Cevada 65°C
Sorgo 75°C
108 £
*
*
Grãos de amido de milho
*2 Grãos de amido de arroz
É necessário agregar enzimas aos adjuntos para que o amido seja convertido em açúcar
e produza sua liquefação. As enzimas podem vir de uma porção de malte que se agrega
adjunto (como adiantamento) ou enzimas que se agregam em forma externa (comprac
comercialmente).
misturar malte e água a, aproximadamente, 70°C (no caso de se trabalhar com adiantamento);
a evitar sobre fervura, pois esta pode causar a formação de amido do açúcar (retrodegradação).
turbidez de carboidratos;
mosto viscoso;
perda de extrato;
a fermentação incompleta;
Nesses casos, o cervejeiro deve tomar a decisão sobre o que fazer com o cozimento
(possibilidades de compensação, riscos etc.).
CUBA FILTRO
A cuba filtro é, em essência, um coador utilizado para reter materiais insolúveis (principalmenti
a casca e o resto de malte) da brassagem. Essa técnica de filtração retém os sólidos e filtra <
mosto, separando os restos do malte, que permanecem na cuba. O mosto filtrado continua sei
caminho até os processos seguintes.
1 10
Os objetivos gerais para otimizar o funcionamento dessa operação de filtração são:
Na realidade, esta operação da cuba filtro se vê afetada por muitos aspectos e seu desempenhe
real vai depender dos seguintes fatores:
performance do macerador;
performance do bombeamento;
Onde:
Qualquer troca ou operação que aumente os valores da parte superior da equação vai aumentar
o fluxo de velocidade de filtração. Um incremento nos valores da parte inferior da equação vai
diminuir o valor do fluxo.
Henry Darcy formulou sua conhecida equação para descrever o fluxo de um fluido através
de um meio poroso, com base em resultados de experimentos publicados em 1 856.
Acondicionamento
O sistema de entrada de água quente sobre o falso fundo é utilizado para elevar a temperatu
da cuba filtro (o que ajuda a manter a viscosidade do mosto baixa) e, também, ajuda a expuls
o ar abaixo do falso fundo (para diminuir a tomada de oxigénio e conseguir que o fluxo
mosto extraído da cuba filtro seja suave).
O nível de água deve ser apenas de I cm acima do falso fundo. A temperatura da água de
ser a mesma da água de lavagem, ideal entre 76°C a 80°C. Essa água deve ser tratada de forr
equivalente à água de macerado (em termos de composição de sais e pH/acidificação) e seu [
deve ser inferior a 6,0.
Enchimento
O enchimento é um processo de bombeamento do macerado a partir do macerador de malte ;
a cuba filtro. Deve ser realizado o mais suavemente possível, utilizando baixas forças de cortt
velocidade dos impulsores das bombas, para obter baixa absorção de oxigénio, manter o salpica
ao mínimo e conseguir uma distribuição parelha do macerador (para alcançar uma distribuiç
também parelha do leito filtrante). Para isso, são utilizadas múltiplas entradas pelo fundo.
Vg = d 2(S-S1)G/18m
Onde:
Vg de sedimentação
d = diâmetro da partícula (casca)
S-SI = diferença de densidade
G = aceleração da gravidade
p -Viscosidade
O falso fundo está formado por placas com ranhuras com, aproximadamente I0% de área li
(cubas filtro de grande tamanho possuem, aproximadamente, I2% de área livre). As ranhu
têm de 30 a 40 mm de comprimento, de 0,7 a l,2 mm de largura e sua função é suporta
leito filtrante formado pelos grãos. Porém, elas não constituem parte do leito filtrante, n
contribuem para a filtração do mosto.
O cervejeiro pode contribuir para a formação de um bom leito filtrante adotando algumas açc
cuidando do desenho das bombas de maceração (para que não sejam agressivas ao macerai
utilizando rastilhos no filtro para estabelecer uma classificação da capa filtrante e uso da
recirculação do mosto.
© A composição da capa filtrante de grãos em uma cuba filtro, partindo do fundo até a
parte superior, é a seguinte:
É importante destacar que essa capa filtrante formada diminui seu volume após sofrer
compressão.
Recirculação
A recirculação começa após um período de repouso, uma vez finalizado o bombeamento do
macerado (para permitir a sedimentação das partículas). Ela é feita tomando-se o mosto com 1 13
as bombas da parte inferior do falso fundo e colocando-o na parte superior da cuba filtro
(por cima do leito filtrante). O objetivo deste processo é assentar o leito filtrante e clarificar
o mosto. Em alguns casos, os rastilhos da cuba são ligados à baixa velocidade, para ajudar a
estabelecer o leito.
Essa recirculação deve ter baixa incorporação de oxigénio e não deve permitir que o leito
filtrante seja revolvido, quando se introduz o mosto na parte superior da cuba (as partículas
finas extraídas da parte inferior do falso fundo são recolocadas na parte superior para serem
filtradas e retidas no leito filtrante).
Rastilhos
Existem muitos desenhos de rastilhos e suas funções incluem:
Espessuras muito finas causam problemas de qualidade do mosto, por ocasionar uma insuficier
filtração. É necessário, também, considerar o uso de adjuntos. |a que estes não produzem.
filtração, o mesmo efeito que o malte
Pressão diferencial
A pressão diferencial e utilizada em todos os filtros como uma medida da resistência ao flu
do fluido (PI-P2 ou pressão de entrada menos pressão de saída) Nas cubas filtros, e a mudar
de pressão que ocorre através do leito filtrante de grãos
m
Exemplo da utilização de cargas
Os cálculos das cargas a serem usadas para definir o tamanho do filtro de uma cuba filtro,
qual se deseja obter oito cozimentos por dia, a depender do tipo de moagem utilizada, são:
Esse processo de extração do primeiro mosto continua até que o nível de líquido na c
chegue, aproximadamente. a I cm acima do leito filtrante.
Lavagem de grãos
A lavagem de grãos e a parte mais critica do processo, quando se refere a recuperação
extrato e, por conseguinte, ao rendimento da sala de cozimento. A água de lavagem deve e
a uma temperatura apropriada, para atingir a máxima recuperação sem produzir a extra
de compostos não deseiados. sendo o ideal que esteja a 76°C. Se a temperatura estiver r
baixa, a viscosidade e o tempo aumentam, se for mais alta, se extraem polifenois indesejá'
lipídios e/ou amido não convertidos O pH da agua de lavagem deve ser menor aue 6 0 a fir
diminuir a extração de polifenois
Desca ?rao:
0 descarte de grãos è a última operação de filtração e consiste na retirada dos grãos da cuba
filtro. Para realizar essa descarga, é preciso abrir válvulas grandes, situadas no fundo da cuba,
para onde são empurrados os grãos com a ajuda do sistema de rolos. A partir deste lugar, eles
são recolhidos e aproveitados como alimentação animal, o que è uma boa maneira de trocar os
restos por um lucro (ou, pelo menos, eliminar o custo de tratar os desperdícios).
Uma vez que foi removida a maior parte dos grãos, deve-se limpar e enxaguar o filtro para
deixá-lo pronto para o próximo ciclo, incluindo a limpeza abaixo do falso fundo e das válvulas
Fazendo isso, o filtro fica pronto para um novo uso
1 15
0 quadro a seguir apresenta os impactos que podem ocorrer no processo de filtração diante
da modificação de algumas variáveis.
VARIAVEIS
MODIFICADAS
CONSEQUÊNCIAS
v r\ nnArrrrn r\r- r* nn
de alguns açúcares específicos. A velocidade de extração depende da viscosidade do mosto,
espessura do leito filtrante, da composição do leito filtrante, da competência do operador e
presença de automatismos (a operação manual das cubas filtro é uma tarefa que requer habilida
©. A tecnologia de cuba filtro é antiga, mas tem respondido muito bem aos avanços em
desenhos, materiais e sistemas de controle. Seu maior competidor é o filtro prensa, que
é um equipamento mais complicado e requer o uso de membranas e telas filtrantes
Portanto, a cuba filtro continuará a ser o sistema de clarificação mais utilizado no futura
imediato, especialmente para pequenos e médios cervejeiros.
FILTRO PRENSA
O filtro prensa opera como um filtro à baixa pressão, por onde se faz atravessar o fluxo ati
de um bolo de filtração.
Q = (P*A)/(M*R)
Onde:
Q = Velocidade de filtração
P = Pressão
A = Superfície do bolo
p = Viscosidade do mosto
r = Resistência do bolo
a filtração é realizada por meio de telas filtrantes, mas a qualidade do malte também é
importante;
o filtro prensa é um filtro à pressão.
Os filtros prensa modernos são uma versão especializada dos filtros de pratos e marcos, e
constam de:
sistema de abertura/fechamento.
Nos filtros prensa modernos, os pratos e marcos de ferro fundido foram trocados por aço 117
inox e plástico, devido à melhoria da tecnologia de materiais. Algo similar ocorre com as telas
filtrantes: as telas atuais, feitas de polipropileno monofilamento, substituíram as antigas de
algodão, reduzindo o trabalho necessário para limpeza e aumentando sua vida útil. Os sistemas
de abertura e descarga de grãos também foram automatizados e é feito um controle muito
mais detalhado da água de lavagem de grãos.
Os sistemas de controle dos filtros também se tornaram mais sofisticados, com especial ênfase
em manter baixa a absorção de oxigénio. Foram incluídas limpezas por meio de CIP (cleaning in
place). Pelo tipo de filtração realizada, sistemas mais simples de moagem podem ser utilizados
com menor granulometria, como, por exemplo, o caso de moinhos a martelos.
maiores facilidades operativas são conseguidas para manter alta a velocidade de filtração,
com alta proporção de adjuntos (mais de 25%);
uma moagem mais fina pode ser realizada, aumentando o rendimento de extração (I a 2%
mais rendimento que uma cuba filtro);
telas filtrantes, membranas e placas duras devem ser substituídas (e têm custo alto),
Os filtros prensa mais modernos dos diferentes provedores (Meura, Zieman e Landaluce) utiliz
a compressão por membranas como uma parte integral do processo de filtração.
Os filtros possuem um modulo ou prato com uma membrana adicional aos pratos habitu
Essas membranas (pneumáticas ou hidráulicas) são utilizadas para comprimir e obter mosto
bolo de grãos. A técnica de compressão com membranas incrementa a eficiência de extraç
diminui o uso de água e possibilita a obtenção de grãos menos úmidos
enchimento do filtro:
primeira compressão e exuação do primeiro mosto,
lavagem de grãos
compressão final.
I 18
descarga de grãos
a.
.. ~ -
> -
ww \
±
W v A fJ
»\
1
£
Lavagem de grãos Compressão Descarga
mosto claro, com òaixa turbidez e poucos ácidos graxos (devido ao pequeno tamanho de
ooro das relas e á moagem fina):
Os filtros prensa são uma alternativa interessante para as cerve|eiras maiores e funcionam
muito bem com uma elevada proporção de adjuntos (25% ou mais). A qualidade do mosto
obtido é boa. sua eficiência de extração è excelente e sua absorção de oxigénio é muito baixa
Resumindo, na etapa de brassagem.o malte e cozido para que sejam extraídos os açúcares
necessários à fermentação da cerveja. Nessa etapa, é imprescindível que se faça o controle
da temperatura do cozimento, para que seja obtida uma melhor extração dos açúcares do
malte.No final da fase, o mosto é filtrado e os grãos lavados.
carboidratos: representam aproximadamente 91% a 92% do extrato total, sendo 68% a >
fermentáveis. São eles:
frutose;
glucoses:
sacarose:
maltose;
maltotriose;
dextrinas;
componentes do lúpulo:
humulones;
iso-humulones;
material orgânico;
São eliminadas substâncias voláteis do mosto. Algumas dessas substâncias indesejáveis são:
Esterilização do mosto
Com a esteriiização do mosto, é destruída a micro flora de organismos (inclusive os termos
resistentes) do malte, dos adjuntos, do lúpulo e da água. Considcra-se que o mosto fica
livre de bactérias em quinze minutos, auxiliado pela temperatura de ebulição c baixo pH.
Mio se deve deixar esperar entre a filtração e a fervura, pois existe o risco de ser causada
uma acidificação biológica pela proliferação de micro-organismos que produzem ácido lático
ou acédco.
Evaporação de água
Quando a água evapora, o mosto fica concentrado. No formato clássico, a evaporação era de
S% a 10% por hora, durante I a 2 horas. Modernamente, tem-se procurado minimizar esta
Diminuição de pH
A diminuição de pH (aproximadamente 0, 15 a 0,20) esta associada à precipitação de fosfato de
cálcio (3Ca + 2HPO; = CaÿPOj)3 + 2H. O uso de sulfato de cálcio ajuda no início desta reação
Outros fatores que também contribuem para esta acidificação são o agregado de àcidos-aífa do
lúpulo e os fatores ácidos da reação de Maillard.
Incremento da cor
Aproximadamente dois terços do incremento de cor da cerveja ocorrem durante a etapa y
reações de Maillard: reações não eitiímaticas de aminos simples com açucares mãe reque*
oxigénio):
caramelização: reações não enzimaticas de ammos secundários com açúcares complexos
* (não requer oxigénio);
70 r°
38
60
50 36
40
/ 34
30 ’ 32
20
30
10
28
0
5 5.3 5.5 585
-10 -5 0 0
20 30 40 60
Tempo de coumerito (mín) f>H
aquecimento com fogo direto: utilizado, antigamente, à base òe madeira e carvão; mais
recentemente, à base de gás ou combustível líquido. Esse método é o mais comum para os
cervejeiros caseiros e pequenos produtores. Nesse sistema, o mosto é superaquecido na
superfície quente, o que pode levar a ser salpicado (trazendo riscos à segurança e perdas
de mosto), à formação excessiva de cor, à troca de sabor e à formação de sujeira na
superfície quente devido ao queimado. Esses riscos podem ser minimizados com o uso de
queimadores distribuídos e bem alimentados, que permitam um bom controle da chama. É
fundamental fazer a homogeneização antes da fervura, com a finalidade de obter a convecção
(movimento ascendente ou descendente dos gases);
• diminuição da diferença de temperatura entre a superfície quente e o mosto para que seja
a menor possível:
As desvantagens destes sistemas são que demandam uma bomba de circulação, o que aumenta
o custo de energia, as perdas de radiação requerem que o equipamento e canos sejam isolados
tormicamcnte, possuem maiores custos iniciais, e as forças de corte, produzidas pelo alto
fluxo através do intercambiador dc calor, podem chegar a romper os flocos proteína/taninos
formados, o que pioraria a remoção do trufa.
Os sistemas de calandra ou fervedor interno possuem como vantagens principais seu menor
124 custo Inicial (se comparados com os sistemas de calandra externa), não requerem energia elétrica
adiciona] para recirculação de bombas, não possuem radiação adicional, tanto a temperatura
como a taxa de evaporação podem ser controladas, trabalham com baixa temperatura de
pressão de vapor, permitem o controle do espumado e podem trabalhar em um equipamento
fechado.
A desvantagem desse tipo de equipamentos ó que sua limpeza pode vir a ser um problema. Alén'
disso, se a temperatura do vapor for alta, pode superaquecer o mosto (especialmente devido
às baixas velocidades de circulação nos tubos no início da fervura), o que produz problemas
de incremento de cor, gostos caramelizados e maior impacto térmico no mosto, afetando a
estabilidade de sabor.
MOSTO FERVIDO
Para garantir uma boa qualidade do mosto fervido, deve-se monitorar sua claridade, os volume
(para monitorar a eficiência da sala) e o conteúdo de extrato, e verificar a presença de resíduo
dc amido devido a problemas de maceração ou filtração.
Caso não se realize uma boa fervura (percentual de evaporação menor que 4%), os problema
que se observam são:
Por outro lado, quando se fervo demasiadamente o mosto, também são observados alguns
problemas:
•% Evaporação Total
C = ((A-B)/A) x 100
Onde:
Exemplo:
C = (A x 60)/ B
Onde
A - % Evaporação total
B ~ Tempo de fervura do mosto (minutos)
C r; Taxa de evaporação
Exemplo:
% Evaporação Total = A = 9%
Tempo de fervura do mosto = B= 80 m nutos
”axa de evaporação = C“ (9 x 60)/80 = 6,75%
Nitrogénio coagulavel
126 Quando o malte e macerado, seus passam para a solução do mosto, o que se
constituintes
conhece como nitrogénio total. A permanece soluveí, logo após um período de
parte que
fervura padronizada, e conhecida como nitrogénio permanentemerte solúvel Os componentes
do nitrogen o que se sedimentam do mosto sao chamados de nitrogèn o coagulave
Segundo as investigações alemas. que não são umversalmente aceitas, deixar parte desse
nitrogénio coagulavel no mosto pode chegar a provocar um efe to favoravel na performance
da levedura e não causar problemas de estabi idade, nem turbidez ou degradação de sabor. È
accitave que um valor desejado de nitrogénio coagulavel. ao finalizar a fervura, esteja em uma
faixa de 15 a 25 mg/l.
6 35
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0 3C 60 90 20
4 6 8 0
Tempo de cozimento (mim
Taxa de evaporaçao horana
• cozimento normal
ser utilizado para maltes escuros. MEBAK proporciona valores de referência para diferentes
momentos (Fim da fervura, fim do resfriamento) para serem comparados
Clarificação do mosto
Uma vez que foi realizada a fervura do mosto, forma-se um precipitado chamado de Trub
Frio ou Break, formado por proteínas coaguladas, polifenóls (taninos) e carboidratos. Sc for
formado a altas temperaturas durante a fervura, será chamado de trub quente; formado a
baixas temperaturas durante o resfriamento do mosto que vai ser mandado ao fermentador. e
denominado trub frio.
E necessário retirar o trub quente formado, pois este interfere na fermentação, por aderir-sc a
membrana da célula de levedura contribuindo para a má saúde desta (especialmente nas leveduras
reutilizadas), além de causar instabilidade de sabor c ser uma fonte de turb dez da cerveja
i
Hf
l
mi
-à
£
T'i je cisí-fiíaíão v na ipierna da tina de c ar:ficacáo ifolador e tacai
128
Trub quente = trub total - trub frio.
A remoção do trufa quente podo ser feita por meio de tfois métodos: utilização de centrífugas
ou whirlpool, descritos a seguir.
Utilização de centrífugas
As centrífugas são efetivas na remoção do trub c cm reduzir as perdas de mosto. Possuem
Whirlpool
De forma sucinta, trata-se de um tanque de sedimentação ajudado pela rotação do mosto. É
considerado, por muitos cervejeiros, como o método mais prático de remoção do trub quente.
Possuf custos aceitáveis de capital e operacionais, uma remoção razoável de trub é feita em
menos de meia hora e, se operado cori etamento, realiza um impacto mínimo na qualidade do
mosto.
As forças de pressão, gravidade e tangenciais são as que fazem com que o trub se acumule
(mesmo efeito obtido quando se revolve irm copo com muito açúcar, ou seja, o que não se
dissolve, tende a ficar depositado no centro e no fundo do copo). A taxa de sedimentação
e o depósito do trub sao consequências dessas forças, do tamanho da partícula do trub o da
densidade do mosto.
O Chaminé
O Entrada de água
O Borrifadores água
/ O Entrada tangencial do mosto
O Indicador de nível de líquido
O O Entrada no Tanque
O:"- : O Borrifador de lavagem
®É) O Base do tanque
O Válvula de três vias
n o
A veloc dade de entrada de mosto no whirlpool deve ser menor que 3,5 m/s para manter
-se as forças tangencais baixas. Para evitar a excessiva aeração do mosto, a entrada devt
estar a. aproximadamente, um terço de altura sobre o fundo. A direção de rotação não f
importante. Usuaimente. a entrada esta mu to próxima a ser tangencial e está integrada com c
interior da pa-ede do whirlpool. Quanto ao desenho do fundo e das saídas do whirlpool, existen
muitas variações em suas formas e desenhos (fundo piano, côn.co, com cone central, com con<
invertido). Com fundos de whirlpool praticamente horizontais (T a 2 de descida), o bolo de trti!
retem uma quantidade mínima de mosto, com o que se min mizam as perdas.
O mosto é bombeado ao
whirpool através de uma
entrada tangeeiai à parede.
Forças centrífugas
130 causam a sedimentação.
FUNDO
CONE CÓNICO £
FUNDO FUNDO CENTRAL
PLANO CÓNICO CONE
GRANDE CENTRAI
rs-
a
rW"'J
B
° P
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U íHííHíI Ví da O Nosro saída Q MOSJO Said -i
Q HíHHç (ÿ‘di/Trc.jb saída D Trub sa ida O trub sá da
O Mosto Saída
D Trub íZ 'di
• quandopelo
mosto
o nível de chegar a, aproximadamente, 5 a 10 cm
mosto
fundo. Baixar o caudal de extração de
do bolo.
permite um melhor mosto
acima retirar
escorrimento
o
do trub. Em a:guns casos, utilizam-se saidas concêntr cas em forma de anel para diminuir o
efeito de sucção (aspiração) da pilha de trub.
Whirlpool
—rL sr X X
rr
A operação gera1 e simples, uma vez que o trub se sedimenta, o mosto clarificado e bombeado
para fora do whirlpool, pelas saidas. O mosto deve sei tão claro quanto possível, ou seia, sua
turbidez deverá ser menor que 10 EBC. o que e facilmente aicançavel. quando se bombeia o
mosto que está ac ma da pilha de trub. Esta primeira parte da extração é realizada pela sada
superior, a uma vazão alta e constante.
Uma vez que o nível de mosto chega a parte superior da pilha de trub, o mosto deve começar
a ser escorrido do monte para minimizar suas perdas. Durante esta operação, o trub não
deve ser escorrido com o mosto nem se desprender e ser arrastado. E mais difícil chegar a
:arificação desejada, durante esta etapa de bombeamento do mosto, e o deal e que o fluxo
seja menor e mais lento que a anterior Uma vez que o mosto foi retirado, a pilha de trub e
impa e descantada, comumente junto com os restos de malte.
ETAPA t
N-Vfcl de ncsrc
Retirada do g]
mosto com
turbidez < 10 EBC
facilmente
alcançável
A chave para se alcançar uma boa clarificação do mosto no whirlpool é conseguir formar e
manter uma pilha de trub intacta. O segredo da formação de um bom bolo é a habilidade das
partículas para se sed mentarem.
Existem aigumas causas para a difeuldade de sedimentação dc um trub:
interferências na sedimentação das partículas do trub, que podem ser causadas por:
*
problemas na filtração do mosto: um aito conteúdo de sólidos no mosto, proveniente
da filtração, interfere na sedimentação de partículas no whirlpool;
obstrução no whirlpool: causada prncipalmente pela falta de velocidade ou correntes
secundárias que interferem na sedimentação das partículas:
O estresse deve ser nferior a 50 pasquales e, para conseguir mantê-lo nesta faixa, não s<
devem superar as seguintes velocidades do mosto em cada parte:
O ciclo de operação de urn whirlpool deve durar menos de 100 minutos (tempo total do ciclo),
para minimizar o impacto de DNS, assim distribuídos:
O trub frio é mais difícil de ser removido. É um processo de baixa eficiência e, na prática, 133
lomente pode ser removido uns 50%. Sua remoção pode reduzir significat vamente o amargor,
mas o sabor da cerveja é melhor com algo de trub frio remanescente {entre 40 e 60 mg/l). A
melhor forma de removê-lo é realizando uma purga no fundo do fermentador após 24h de
finalização da carga.
| “
í
r- 250
200
4 150
3 100
50
}
I r
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Temperatura (*C)
RESFRIAMENTO DO MOSTO
Essa etapa consiste em resfriar o mosto clarificado passando de. aproximadamente. 95fC a
jma temperatura entre 8ÿ0 e 20 C, de acordo com o tipo de levedura utilizada. É preciso
tomai’ cuidado com o salto térmico que a levedura sofrera no momento de entrar em contato
com o mosto. Por um lado. o salto não pode ser excessivo e, por outro, a temperatura não
pode ser tal que prejudiaue a >evedura. O resfriamento também deve fazer uso eficiente da
energia e ser rápido O temoo máximo que deve se passar do fim da fervura até que todo o
mosto esteja a temperatura de fermentação, não deve ser superior a 100 minutos, para que
nossa ser mantida a qualidade de sabor, prmcipalmente devido ao DMS.
134 @ O resfriamento do mosto consome muita energia. Para aquecer e ferver o mosto, são
utilizadas várias horas ao longo de quase uma semana e muita energia, mas como seu
resfriamento deve ser realizado em aproximadamente 60 minutos, o gasto de energia
para realizar essa tarefa concentrada é muito maior.
H agua gelada: muito abundante e consegue um bom uso dos serviços, mas está limitada às
temperaturas mais ba xas obtidas Esta opção è mais utilizada nos pequenos cervejeiros
pela sua facilidade de manejo;
salmouras: soluções de agua e sal (NaCI) ou agua e coreto de cálcio (CaCI2). São capazes
de alcançar temperaturas de -2°C ou até menos, mas são corrosivas,
intercambiadores de placas: trata-se de uma sene de finas piacas por orde circulam o
mosto e o fluido refrige-ante, em sentidos opostos e sem se misturarem A relação
refrigerantermosto e praticamente I: . o mosto deve ser limpo pai d circular sem entup:r o
intercambiador e deve-se tomar cuidado para evtar que os fluidos se misturem
R«lritje“a«w
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i
:
*
As vantagens dos inter cambiadores de calor de placas são que eles se adaptam facilmente a
mudanças na operação (vo umes de mosto ou temperaturas variaveis), e são mu to compactos.
comparados com outros intercambiadores de calor (sua taxa de transferência e muto boa. ja
que traba ham com fluxo turbulento, até mesmo com vazões pequenas). Do ponto de vista de
segurança da ooeraçâo, e aconse'havel que o mosto trabalhe a uma pressão super or á da agua.
de modo que. se ocorrer um furo no sistema, a cerveja contamme a agua. e não o contraro
F.m grandes cervejarias, e comum recuperar-se a agua quente uti izada no resfriamento para a
brassagem, para lavagem dos grãos ou para impeza. Para dimensionar o tamanho do resfriador,
e preciso considerar que o mosto deve ser resfriado no período de I hora (para garantir
qualidade e estabi idade de sabor), partindo de uma temperatura de. aproximadamente, 95 C
até a temperatura de fermentação escolhida A este calcu o, deve-se adicionar, como reserva.
uma superfície extra de 20%, para compensar perdas e mefic ènc as
A operação dos filtros de placas e simp es. No caso de estarem automatizados, podem ser de
controle simples (contro.a-se a temperatura de saída regu ando-se o fluxo de mosto na entrada
Co intercamb ador) ou de duplo controle (adiconalmente controla-se a temperatura da agua
cuente regulando-se o fluxo de agua de resfr amento com uma valvula)
t J
Entrada
LT
do mosto
Saida do
mosto
-- )
-r
Entrada •
do Mosto
200'F Saída do
fl \
•93.3°C,l t == Mosto 656F
í18.3aCi .
Entrada
*
i-
F -
do Mosto
200’F
(93.3=C) ( m= "
Saida do
Mosto 48CF
/
(89°C)
i
i
Vÿ-3- in
Cntrada
d$ Mosto ‘I ZW.
III Saída
C 1
l do Mosto
136
Entrada de agua
AT
<10°C Saída
<18°F) í ntrada de agua fria
de água
<ÿh‘
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(
3 ” 4“C
t5 7ÿ-
do '’loato
U
v/Mm 'SffiT?/’
1
Saída
de água í Entrada
quente \de água
Em pequenas cervejarias» o tipo de resfriador mais comum e o de duas etapas onde» na primeira,
usa-se um htercambiador de tubo em tubo, no qual se trabalha com agua corrente e, na
segunda, trabalha-se com um banco de água fria para levar o mosto ate a temperatura desejada.
O objetivo da primeira etapa é que a necessidade de temperatura fria no equ pamento da
segunda etapa se.a menor (o que possib lita uma economia no tamanho do equipamento e *>0
consumo de energia).
Aeração do mosto
Para se multiplicar a levedura, é preciso sintetizar os compostos que formam a parede celular.
Como isto é feito sintetizando um tipo de composto que requer oxigénio, é necessário
incorporá-io antes do início da fermentação. Para isto, deve-se primeiro aerar o mosto (a
aeração não é desejável para o mosto em si, mas é um requerimento vital da levedura líquida
recuperada).
fcnquanto o mosto estiver quente, devese evitar ao máximo que incorpore oxigénio, para
não oxidar. Já com o mosto frio, a oxidação é bem menor e a levedura assimila rapidamente
o oxigénio. O nível desejado de 02 no mosto c de saturação (8 9 ppm de 02 dissolvido). A
evedura assimila todo o oxigénio presente de forma rápida (menos de 6 - 8h).
ar limpo, ou seja, sem azeites e com uso de compressores aptos para as aplicações;
I0#C 8.1
I5°C 7,3
Caso seja utilizado oxigénio puro. recomenda-se borbulhar I litro para cada >00 litros de
mosto, já que a diluição è alta.
CÁLCULOS DE COZIMENTO
Os càiculos básicos que ocorrem em uma sala de cozimento são relativos ao malte, a agua e ao
lúpulo. A segu r. serão apresentados alguns exemplos de cálculos, partindo da premissa que se
está trabalhando com 100% de malte, sem utilização de adjuntos
Calculo de malte
Para calcular o malte, devem-se realizar os seguintes passos
138
determinar a quantidade de extrato necessara ao fermentador;
Como realizar os cálculos: busca-se, na tabela de extratos, quanto de extrato se requer por
Hl, para se obter a concentração desejada em °P (ou em densidade). Mu!tiplica-se o valor
encontrado pelo tamanho da cocção dese.ada para se obter a quart dade totai de extrato
A partir da quantidade total de extrato, pode-se calcular quanto deve ser previsto de cada fonte de 139
extrato. É preciso levar em conta que a contribuição relativa de cada um está expressa em quanto
este contribui para o extrato total e no % de peso utilizado de cada material. As quantidades de
cada um serão os kg do extrato total multiplicados pela contribuição relativa (receita).
Extrato total x contribuição relativa de cada extrato = quantidade de cada fonte de extrato
2) determinar quanto de água deve haver no início da fervura para cumprir esta saída;
3) determinar a quantidade de água na brassagem, tendo em conta as perdas;
4) repartir a água disponível nas diferentes operações.
Como calcular a quantidade de água na saída do fervedor: é preciso ievar em conta que, uma
vez que a cocção é esfriada, exclusVamente pela mudança de temperatura é produzida uma
contração volumétrica de, aproximadamente, 4% e que, por perdas no trub que fica retido.
perde-se, aproximadamente, 2% adicionais. Logo:
perdas de liquido que ficam no sistema, uma vez que se encha o fervedor (corresponde ao volume
de mosto com densidade menor que 2°P). Este valor é estimado em, aprox madamente, 8%.
2. perdas de água nos restos de malte descartado. Os restos de malte são compostos de cerca
de 80% de água e 20 % de matéria seca. Considerando que o malte possui uma umidade inicial
de, aproximadamente, 4%, pode-se calcular a quant dade de água agregada para compensar da
seguinte forma:
Ou seja, para se obter uma cocção de 500 I a 12ÿ. são necessários 777.3 I de água. Fsta água
deve ser repartida entre as diferentes operações, principalmente a agua utilizada na brassagem
e a água utilizada na lavagem dos restos do malte.
Calculo de lúpulo
O cálculo de lúpulo indica a quantidade de lúpulo a ser agregada ao cozimento para dar à
cerveja o amargor desejado. Para realizar esse cálculo, é necessário saber:
o volume de cozimento;
o rendimento de amargor.
• 25 BU (unidades de amargor);
m uma porcentagem de alfa-ácidos de 12% a.a, no lúpulo amargo e 4% a.a, no lúpulo aroma.
um rendimento de amargor de 32%.
*
Para iniciar o cálculo, deve-se levar em conta que I BU = I ppm alfa-ácidos, o que equivale a
1 mg/l. Portanto, os miligramas de a.a desejados na cerveja terminada são, aproximadamente.
os BU desejados.
Passando esta equivalência aos gramas de a.a. requeridos por Hl, tem-se que g/HI a.a.
requeridos = BU/IO. Como no exemplo apresentado está se buscando um amargor de 25 BU.
será necessário dosificar 2,5 g de a.a, /Hl.
A forma de distribuição destes alfa-ácidos vai depender do tipo de cerveja buscada pelo
cervejeiro. Este exemplo está usando o seguinte esquema de dosificação:
De acordo com o exemplo, para a dosificação dos 12,5 gramas de a.a. requeridos;
O estudo desses seres só pôde ter início a partir da invenção de instrumentos capazes
de permitir a observação de organismos tão pequenos, o que ocorreu no sècuic XVI. O
microscopio foi utilizado micialmente para investigações das células animais, células vegetais e
na medicina. Ainda no século XVI, um holandês autodidata e apaixonado peia biologia cclulai.
chamado Anthonie Van Leeuwenhoek, foi o primeiro a fazer observações microscópicas de
materiais biologicos sendo a eie atribuída a descoberta dos micro-organismos
-
••••• A
moléculas
pequenas vírus bacteria
íM
célula
animai
cé ula
vegeta
cm= IOJm
mm5 10' m
pm= IOfcm
nm- I0’m
'
À= 1 0 m
uml _ w. 1
I I 1 1 111 ll
1 11 11 JíL
1 11 11 uú
-IA Inm lOnm I OOnm I pm lOpm 100pm Imm ICTI
microscópio eletrónico
microscopic o tico
Antes de se nventar o m croscopio, a b ologia já hav a começado a ciass ficar os seres vivos de
acordo com suas próprias característcas. Ataxonomia dos organismos vivos, rea izada naquela
época em cinco reinos dist ntos {animais, vegetais, fungos, prot stas e moneras ou bactérias),
até hoje vem sendo uti izada.
I
44
Reino
Arwnaba
DOMÍNIO
FUCARIOTA
~fr
4K
O
Re nç Proesta
DOMÍNIO
PROCAR-OTA
I
Réil-fr
Monera
Além disso, existem as suas aplicações comerciais, que vão desde aqueles utilizados na produção
de alimentos (como é o caso dos vinhos, lácteos e vinagre), os aplicados na reciclagem de
afluentes (plantas de tratamento biológico), até aqueles utilizados na produção de medicamentos
(como na síntese de insulina e antibióticos).
linhagem própria de levedura: aquela que o cervejeiro escolhe para fazer a sua cerveja. Pode
ser uma linhagem do tipo Saccharomyces carlsbergcnsis (Lager), Saccharomyces ccrcvisiac (Alc),
ou Saccharomyces delbrucckii (cerveja de trigo etc.):
contaminantes: todos os outros micro-organismos, que também podem ser classificados em:
deteriorantes: produzem defeitos organolépticos no produto;
não deteriorantes: não produzem um efeito sobre o produto. Trata-se de um indicador
das condições de saúde e sua presença aponta que, se estes organismos estiverem
presentes, estão propícias as condições para micro-organismos deteriorantes tornarem-
-se presentes.
© Vale destacar que o ser humano é uma importante fonte de micro-organismos e estima-
se que uma pessoa transporta cerca de 100 trilhões deles!
Bactérias produtoras de ácido láctico podem estar presentes na boca, na pele e no trato
intestinal. Leveduras podem estar presentes na pele e no trato intestinal. Bactérias Cram
negativas deteriorantes do vinho e da cerveja podem estar presentes na boca, no trato
intestinal e na pele.
As bactérias podem ser classificadas de acordo com várias características: sua forma, a maneira
como são agrupadas, os elementos que podem metabolizar os produtos que elas elaboram etc.
Uma das classificações mais importantes das bactérias é feita de acordo com a sua parede, com
um teste conhecido como a coloração de Gram. De acordo com este teste, as bactérias são
classificadas em Gram positivas e Gram negativas.
Como essa é uma replicação geométrica, o resultado da divisão que se inicia a partir de um único
indivíduo, por exemplo, para um micro-organismo com tempo de duplicação de 15 minutos, seria:
TEMPO INDIVÍDUOS
0
15 min 2
30 min 4
45 min 8
t hora 16
4 horas 65.536
Leveduras sâo fungos unicelulares. As leveduras de cerveja são fungos ascomicotas do gênero
Saccharomyces (um dos 100 tipos de gêneros de levedura conhecidos),
© Estima-se que são conhecidos cerca de 100 gêneros e 1.000 espécies de levedura e que
esses representam apenas 5 % de todo o fermento já existente! A mais conhecida é a
levedura Saccharomyces cerevisiae (fermento para fazer pão e cerveja). Essa ignorância pode
ser uma grande oportunidade, no futuro, para se utilizar novas espécies de leveduras,
As leveduras são elipsóides com diâmetro de 5 10 p. com uma parede celular grossa, membrana
nuclear e presença de organelas. A estrutura da envo;tura da célula é:
Na cervejaria, o pape' da parede celular está relacionado à proteção física, estabilidade osmótica,
manutenção da forma, permeabilidade, enzimas, transporte de sais minerais e floculação.
As organelas (pequenos órgãos) são compartimentos celulares limitados por membranas, que
desenvolvem funções distintas. As organelas da levedura são:
núcleo: contém os genes e se divide quando ocorre o processo de mitose, no qual a célula
transfere material genético para as células filhas. As leveduras cervejeiras têm 16 cromossomos;
• retículo endoplasmático: é uma rede de membranas finas no interior da célula que compõe
a fábrica de produção onde os novos compostos são sintetizados (proteínas, paredes
celulares etc.);
Q
Fissão binária ou bipartição é o nome dado ao processo de reprodução assexuada, dc
organismos unicelulares, que consiste na divisão de uma célula em duas, cada uma com
mesmo genoma da célula-mãe.
A Célula-filha
ô-8
Gema
Célula-mãe o Cicatriz
Nascimento
*U
Cicatriz
Gema
\
A7 0 \
v
CAPITULO 2 > O PROCESSO DE FABRICAÇÃO DA CERVEJA
A fase de formação da gema coincide com o inicio do processo de síntese de DNA (fase S).
O crescimento da levedura de cerveja está associado ao crescimento da gema f lha. Em geral,
as céiuias são separadas quando o tamanho da célula-fiíha é aproximadamente o tamanho
da céluia-mãe, embora ambas possam iniciar outro brotamento antes de se separarem. Em
algumas cepas de leveduras Ale, elas falham ao se separar, formando cadeias.
A levedura de cerveja pode dividir-se durante um número finito de vezes (leveduras Lager, por
exemplo, têm uma vida média de cerca de 20 gerações), depois envelhecem e eventualmente
morrem. Durante a fermentação, a população de levedura é composta da seguinte maneira:
© As melhores leveduras jovens, saudáveis e ativas, não são as virgens nem as velhas, mas
as que possuem vida média. Em uma observação microscópica com alta ampliação, as
leveduras frescas e saudáveis são reconhecidas por terem um interior claro e limpo,
células de tamanho e dimensões regulares (5-10 microns) e parede celular relativamente
fina. Por outro lado, as células mais velhas começam a ter um interior granular (de areia),
a parede da célula toma-se mais espessa, têm um grande número de cicatrizes e seus
vacúolos tendem a ser maiores.
Fase de latência
É uma fase de adaptação da levedura ao meio e reflete o tempo requerido para reafzar a
síntese de enzimas imprescindíveis para o processamento dos vários nutrientes presentes no
meio e para tomar o oxigénio (presente no meio) fundamental á síntese de lípidos / esteróis,
que são necessários para a estrutura da membrana celular. Durante esta fase, que em uma
fábrica de cerveja leva entre 10 20 horas, não è visívei nenhuma ativ:dade, ou seja, não se
observa fermentação, nem consumo de açúcares, nem a geração de C02.
100
90
80
70
Células/m) 60
(milhões) 50
40
30
20
10
0 T T
Fase de Fase Fase
latência logarítmica estacionária
Fermento
•ainfluencia
semeadura da levedura (pitching rate): corresponde à concentração inicial da levedura e
a de fermentação;
taxa
--
100
90
80
70
Células/ml 60 4
--
(milhões) 50 M
40 ---A 1
30 M
iwi 0 20 50
Horas
60 200
Fermento em suspensão
fermentação: produzir álcool etílico e dióxido de carbono, que contribuem para o sabor, a
preservação e a carbonataçào da cerveja;
sabor: produzir compostos de sabores desejáveis e eliminar outros indesejáveis (aldeídos,
compostos de enxofre, diacetil);
Tradicionalmente, as cervejas eram todas produzidas com misturas de leveduras Ale (antigamente,
não existiam técnicas para o isolamento e a manutenção de culturas puras). Só a partir de
Século XIX, quando o progresso em microbiologia sobre as leveduras teve um grande avanço,
fo; possível isolar e trabalhar com as primeiras leveduras de baixa fermentação.
Atualmente, a ampla difusão do estilo Pilscn faz com que a maior quantidade de volume global
de cerveja produzida seja com levedura Lagcr, apesar de pequenas cervejarias ainda estarem
acostumadas a trabalhar com leveduras Ale. Existem muitas estirpes diferentes de levedura
A/e, mas relativamente poucas de levedura Lager (acredita-se que 65 % da levedura Lager da
Alemanha seja produzida por uma única estirpe).
As 'eveduras Ale e Lager possuem diferenças quanto a genética, bioquímica, floculação, tolerância
a estresse, morfologia etc. O quadro a seguir mostra suas principais diferenças do ponto de
vista cervejeiro.
ALE LAGER
Poliploidia Alotetraploidia
© As leveduras cervejeiras são assexuadas, não realizam sexo. meiose e esporulação. Caso
formem esporos, geralmente Estes não são viáveis. Por isso, è muito difícil realizar a
manipulação genética clássica (hibridação) com estirpes de levedura de cerveja.
Uma comparação entre os perfis típicos de uma fermentação de leveduras Ale e Lager é
mostrada a seguir.
Ale
15UC Temperatura inicial
20"C Temperatura elevada após 36h
I7°C Temperatura arrefecida após 72h
Lager
lO'C Temperatura inicial
14°C Temperatura elevada lentamente em 3 5 dias
4UC Temperatura arrefecida em S dias
- -
S - bromo 4 - cforo-3 - indolil a - D- galactose
Lager*
Ale (azuí-verde))
(branco)
O quadro a seguir apresenta alguns fatores que fazem com que a levedura se estresse e indica
algumas das consequências dessas ocorrências.
FLOCULAÇÃO DE LEVEDURAS
temperatura e pH;
CLASSES CLASSIFICAÇÃO
Para prever a capacidade de floculaçào de uma levedura, foram propostos vários testes (ensaios
de floculaçào em condições controladas), de diferentes formas: água (Burns, 1937), tampão de
fosfato (Ingledew, 1975), tampão de citrato (Stratford, 1988), tampão de su'fato (ASBC, 1996).
Etanol (D’ Haucourt, 1999). Este último é feito da seguinte forma:
TUBO A TUBO B
EDTA CaSOÿ + etanol
+ NaAcetato/ ácido acético, pH4.5
O.D.óOOnm
Vortex Mix
V
10 min. sedimentação
¥
O.D.óOOnm (capa superior)
Assim, foi comparada a claridade ótica das duas soluções, sendo a primeira (A) uma situação ríc IS7
não floculação, já que o EDTA evita tudo por sequestrar todos os ions de cálcio (Ca
Q.
EDTA - è a abreviação do ácido EtIlenoDiamino Tetra-Acético.
~Q Q M
Receptores de Monose Monose-específcos (floculinas)
Se afloculação da levedura não for boa, resultará em um grande número de células em suspensão,
o que afetará a filtração da cerveja. No entanto, se a floculação ocorrer muito rapidamente, o
resu'tado será muitos açúcares residuais e menor quantidade de álcool na cerveja terminada.
Nutrição da levedura
Os cervejeiros devem proporcionar à levedura os nutrientes necessários para que ela se
reproduza e leve a cabo a fermentação. Mas, é preciso lembrar que seu negócio é fazer cerveja
e, não, fabricar levedura. Isso quer dizer que um excesso de levedura representa uma perda do
ponto de vista cervejeiro, po s os nutrientes consumidos para fabricar células de levedura não
fabricam cerveja.
Fermento
158
Nutrientes
O
Mosto
Cerveja
II
© Exemplo de cálculo da perda que os cervejeiros
excesso:
terão, se produzirem levedura em
> se a levedura crescer a partir de uma concentração de 0,5 mg/ml até 5 mg/ml, durante
a fermentação, serão gerados 4,5 mg/ml de células de levedura;
m estima-se que uma céiula que está em crescimento produz áicool trinta e três vezes mais
rápido do que uma célula que não esta em crescimento:
as células que não estão crescendo somente fermentam a quantidade de açúcares para
produzir energia para a manutenção celular e, portanto, é mu<to baixa a produção de álcool
na fase estacionária:
deve-se prestar atenção para manter o fermento em condições que não evem à baixas
taxas de crescimento ou morte celular (mantendo o estresse a um mínimo):
quando se evita a faita de nutrientes para a levedura, previne-se uma fermentação lenta ou
* de prematura detenção.
Para entender a importância da levedura para fabricação de cerveja, além da produção principal
de álcool e dióxido de carbono, deve-se levar em conta que, dos cerca de 9S0 compostos que
dão caráter à cerveja, aproximadamente 400 são produzidos pela levedura.
macronutrientes: H, O, C, N, P, K, Mg, S;
MACRONUTRIENTES MICRONUTRIENTES
Álcoois
Compostos (etanol e álcoois superiores)
de enxofre
Aldeídos
e Cetonas Glicerol
Ésteres
Uma vez que 75% da levedura e água, sua composição aproximada (base seca) é:
35 60% do proteína;
20 40% pollssacarídeos;
Í60
•5 10% de lipídios (fosfolipídios, triglicerideos - membrana);
MOSTO CERVEJA
92% Carboidratos 4% Carboidratos
0% Álcool 4% Álcool
PH 5,2 pH 4.2
As fontes possíveis de carbono para a levedura (e a sua capacidade de utilização) são as seguintes:
FONTES DE CARBONOCERVEJA
Pentoses não
Dissacarídeos: sucrose 6%
Maltose 40%
Tetrassacarídeos (maltotetraose) 6%
O baixo teor de nitrogénio FAN (os assimiláveis pela levedura), especalmente em mosto de
concentrações eievadas, abaixo de um limite de 150 mg/l, pode causar a detenção da fermentação
devido à falta de nutrientes.
Alguns dos principais papéis desempenhados pelos íons metálicos em cervejarias são:
alfa-amilase: cálcio;
enxofre: cobre.
O magnésio è um mineral absolutamente essencial para a levedura de cerveja (crescimento e
fermentação). O teor de magnésio da célula está correlacionado com a viabilidade e vitalidade
UÍ9 da levedura. Ê necessáro para a glxólise (estimula a fermentação) e ajuda a manter a integridade
estrutura' da levedura (é protetor contra o estresse).
© Do ponto de vista da indústria cervejeira, é dada muita importância ao cálcio por seus
efeitos, mas, do ponto de vista da levedura, o mais importante é o íon de magnésio.
Portanto, para não ter problemas de absorção por parte das leveduras, não se deve
negligenciar a disponibilidade desse material em quantidades elevadas.
O zinco é, também, um mineral essencial (rastreio), que é rapidamente absorvido pela levedura
(em vacúolos). É necessário para o metabolismo de fermentação e deve assegurar, pelo menos,
0,2 ppm no mosto. A falta de zinco (menos que 0,1 ppm) pode produzir uma detenção abrupta
da fermentação. Esse mineral contribui ainda para a estabilização das membranas das células e
tem um possível papel no estresse da levedura.
No mercado, existem alguns suplementos nutricionais para levedura, que têm como principais
vantagens:
aliviar os efeitos inibitórios de C02 (um efeito de nucleação facilita a remoção de C02);
servir como fonte de nitrogénio assimilável adicional;
© Vale ressaltar que, em um mosto 100% de malte, não são necessários suplementos
nutricionais para a levedura (salvo o teor de zinco). Seu principal benefício é o efeito de
nucleação do C02, que facilita a separação, mas não ajuda a nutrição de leveduras.
Estes suplementos podem vir a ser uma contribuição importante em outros mostos com
baixo teor de nutrientes.
163
Mecanismos de transporte
Mecanismos de transporte são responsáveis por fazer a transferência de nutrientes a partir
do mosto até o interior da célula de levedura. Para fazer isso, devem atravessar barreiras
celulares (cápsula, parede celular, peripiasma, membrana plasmátca, organe'as) e barreiras
físico-quimicas (adsorção, tamanho molecular, uniões).
Nutrientes
mosto
CÉLULA
•
r
FERMENTO
I?
'
Metabólitos
fermento
•pelas
difusão simples: relativamente lenta, existe uma penetração da membrana passiva conduzida
forças de concentração;
transporte ativo: relativamente lento. Requer consumo de energia. Expele H+ e ATP, que
logo retornam.
164
Membruu
MECANISMOS DE
NUTRIENTES
TRANSPORTE
Difusão facilitada (não
dependente da energia). A força
que regula é a diferença de
concentração de glicose através
Glicose ! frutose
da membrana via uma permease.
A incorporação da glicose
Açúcares é preferencial sobre outros
(Vários mecanismos) açúcares.
Transporte ativo (requer energia)
por meio de um gradiente de
prótons (ATPase expulsa os
Maltose
prótons, que logo retornam com
a maltose). A presença de glicose
inibe a incorporação de maltose
(continua)
>
ATPase - é uma enzima que catalisa a decomposição do ATP em ADP e livre de íons de
fosfatos.
MALTOSE Maltose
*
Glucose
GLUCOSE
Maltose
Pei
_
ie
Mstotriose
pemltaíe
\
-giucosidase a-glucosidase
\ /
Fermentação
Glucose
/ \
Perm
í
Glucose
T
Glucose + Frutose
T
glucoam lase invertase
t T
Amdo.Dextrnas Sucrose
Metabolismo da levedura
Metabolismo é o conjunto de todos os processos bioquímicos e enzimáticos que ocorrem
dentro de uma célula, juntamente com a organização e regulação dessas reações. Na prática,
consideram-se aspectos individuais deste metabolismo em termos de vias bioquímicas ou
metabólicas, porém estas rotas não existem isoladamente, são apenas parte de um processo
completo e integrado,
166
Produtos residuais
(produtos de fermentação;
Nutrientes para a síntese ácidos, COz etc: receptores de
elétrons reduzidos)
Energia
Energia Para a mobthdadç ,
m
transporte de
nutrientes etc
Anabolismo
(btosintese)
Catabolismo
rUcromoléculas e
otrtrns component
Energia
carbono
Moléculas
simples
Energia
Conversão de
Reações do
ATP emADP
anabolismo
(liberação de energia)
Material
l celubr
I
As reações metabólicas podem ser divididas em dois grupos: o catabolismo e o anabolismo.
Catabolismo
É a parte destrutiva do metabolismo. Forma moléculas maÿs simples a partir de outras mais
complexas por degradação, geralmente por oxidação. Produz energia na forma de ATP.
PROTEÍNAS
-
I
POUSSACARtDEOS
DE RESERVA
\ /
r
--POUSSACARÍDEOS
.
ESTRUTURAIS
iu i
...
it1» ff !%ir
AODOS
NUCUBCOS
IJíPJ
rnra
íèe
TTfTT ES
IM
<-
-*ÿ
w *
© ©
Em levedura de cerveja, a ideia geral é simples: os nutrientes são transformados em mais
leveduras ou são utilzados para fermentar.
i ao crescerem, as células excretam metabolitos como etanol, CO. e muitos outros compostos.
am quantidades menores;
5ara todas as reações onde estão envolvidas transferências de energia, o mecanismo de troca
ou perda de ganho) no interior da célula é ATP. f-sse ATP é a maneira pela qual a energia é
irmazenada no interior da célula e como é utlizada para diferentes atividades. Nas reações de
obtenção de energia, o ATP e gerado e armazenado e, então, consumido em várias tarefas da
célula, que necesstam de energia (síntese de b:omoléculas, transporte ativo etc.), fornecendo
ATP e dando início a um novo ciclo de energia.
H2O
-> CgHg + ® 169
TRABALHO
CELULAR
- Síntese
r
- Catabolismo
- Modif-cação
de células
- Contração
muscular
BB ADP+PI4ÿÿ
- Transporte
ativo por meio
de membranas
+m
r~
+\m
m
<ÿ RK
Outro grande transferidor de elétrons em reações redox é o NAD NADH, uma coenzima.
O NAD é a forma oxidada da coenzima (aceita elètrons) e o NADH é a forma reduzida (doa
elétrons). A levedura necessita NAD para manter a glcólise e, consequentemente, produzir o
álcool na fermentação.
170
O Reações redox ou de oxirredução - sao reações de transferência de eiétrons.
AMIDO
í
Etanol, C02, metabólicos menores
\ forma de os açúcares serem utilizados pela levedura (em particular a glicose) pode ser por
nalação (produzem água e C02, com 36 moléculas de ATP) ou por fermentação (produz C02.
;tanol e duas moléculas de ATP).
Glicólise
Açúcares mosto
COM OXIGÉNIO SEM OXIGÉNIO
Glicólise
RESPIRAÇÃO FERMENTAÇÃO
CELULAR
Oxidação do piruvato
PIRUVATO
ciclo de ac. cítrico
cadeia respiratória
* oxigénio • oxigêmo
RESPIRAÇÃO FERMENTAÇÃO
36 ATP 2 ATP
\ respiração usa o oxigénio para gerar energia. Em condições aeróbicas, o p=ruvato é ox:dado
iC02 e água, por vias metabólicas especificas (ciclo de Krebs), que geram grandes quantidades
le energia.
B
\ fermentação converte os açúcares em álcool na ausência de oxigénio. Sob condições
inaeróbicas, o piruvato é convertido em C02 e acetaldeído, que é então convertido em etanol
; produz uma pequena quantidade de energia.
:m uma fermentação de cerveja, os níveis de açúcar são elevados, de modo que o efeito de
Zrabtree predomina sobre o Pasteur e, portanto, a levedura fermentará os açúcares no processo
Je fermentação, mesmo na presença de oxigénio. Para que predomine o efeito Pasteur, a
:oncentração de glucose deve ser Inferior a 0,5%.
’ara produzir cerveja, é muito importante o predomínio do efeito tie Crabtree, já que este faz
:om que todo o açúcar seja convertido em álcool (mesmo á custa da eficiência energética da
evedura).
A g! cólise ou via EMP (Embden-Meyerhof Parnas) é a via metabólica onde a glicose se torna
piruvato e se obtém duas moléculas de ATP. Seus principais pontos são:
giicólise
172
2 ATP neto
2HjO
2CO,
%%
2 acetaldeído
elétrons,
H forma NADH
2 etanol
Em resumo:
Citoplasma
glicose
2 *
glicólise ' 4
e +H- (2 ATP netos)
2NA0H (2 piruvatos)
2KAOM * 2CO,
r> 4CO
e+W
2FADH, 4 173
f v e
H*
+0, * H,0
Produção EIWIH
META: 38 ATP
Propagação da levedura
A propagação da levedura é realizada desenvoivendo-se uma grande quantidade de células de
levedura pertencentes a uma estirpe pura, até chegar a uma quantidade suficiente para colocá-
la no fermentador.
Estirpe pura de leveduras - é o cultivo de uma única estirpe que cresce isolada de outras e
livre de qualquer contaminação microbioiógica (bactérias, leveduras selvagens etc,),
A tecnologia de isolar cultivos puros de leveduras, que permitiu selecionar aquela com melhores
propriedades, teve início com Assim, em 1883. Primeiro, ele isolou e ensaiou muitas leveduras
cervejeiras diferentes usando a técnica de di'uiçâo. Depois, selecionou aquela com as melhores
propriedades e a propagou para produzir cerveja com uma boa qualidade e consistência
(Carlsberg). Muitas cervejarias, em diferentes países passaram a seguir seu exempio.
OTOl
diluição I /IO
diluição I /IO
1.000 cel/ml
etc...
100 cel/ml
I0 cel/ml
Placa de Petri
Fermentos com Agar
misturados
Colónia de
uma única célula
Podem-se realizar alguns ensaios para determinar a viab‘lidade (% células vivas, refere-se á
habilidade das células para se reproduzirem) e a vitalidade (refere*se à atividade metabólica,
perfomance de fermentação e resistência ao estresse) da levedura. Alguns tipos de ensaios são
mostrados no quadro a seguir.
VIABILIDADE VITALIDADE
• produzir suficiente
fermentador;
levedura, em boas condições fisiológicas, para colocar em um
evitar as mutações;
A propagação começa em pequena escala, no laboratório. Inicía-se com uma parte da levedura
de um cultivo puro e vai-se incrementando sua quantidade por etapas, até se ter uma quanbdade
suficiente para ser levada a uma planta industrial.
•
Agir DM Beilr
•» Frascos agitáveis
100ml - > IL
I CorneiiuE ftarrff)
-vIOL
V
Planta
LAB
*| I-» l|
I8°C •> ->
IhL lOhL 60hL 300hL 900hL
20°C I6°C I4°C I2°C
As chaves para uma boa propagação em laboratório são: manter uma técnica asséptica, utilizar
meios de crescimento estéreis, nunca exceder a relação 1:10 de incremento de volume, aerar
o mosto (mas manter a concentração do mosto baixa para evitar o efeito Crabtree) e manter
uma temperatu-a alta (aproximadamente 20°C).
Mosto Estéril.
O Fed-batch - significa que os nutrienrcs são agregados gradualmcnte ao cultivo, com o objetivo 177
de prolongar a fase dc crescimento e manter as células respirando c não fermentando
(baixa concentração de açúcares). Desta forma, evita-se o efeito Crabtree. Esta tecnologia c
habitual para a fabricação de levedura para padarias, mas atualmente está sendo considerada
pelas cervejarias.
Caso não se deseje realizar propagação ou reuso da levedura, uma alternativa c utilizar
levedura dissecada. Dessa forma, podem-sc evitar os custos dc laboratórios c equipamentos
de propagação e, também, os riscos associados a estas etapas, especialmente a esterilidade.
A levedura dissecada permite grande flexibilidade (novas cervejas, uso de diferentes tipos
de leveduras para diferentes produtos) e muito boa consistência do produção (velocidade
Compostos de sabor
Os compostos são parte do conjunto de metabólitos secundários produzidos pela levedura,
178 durante a fermentação, e que impactam no sabor e aroma da cerveja, seja de forma positiva ou
negat va. Seu controle e manejo sáo importantes, seja porque os consumidores esperam uma
qualidade de produto consistente ou porque se deseja fabricar um novo tipo de cerveja (ajustar
uma fórmula ou estilo).
MOSTO
(Açúcares, aminoácidos etc.)
Compostos de autólise
do fermento Ácidos
(orgânicos e graxos)
Fenóis
Álcoois
(etano! e álcoois superiores)
Compostos
de enxofre
co2
Aldeídos ‘
e Cetonas V Glicerol
Ésteres
)valor do limiar de detecção não é o mesmo para cada componente, nem para cada indivíduo.
)sreferenciais utilizados são os valores típicos para um determinado componente em um
onjunto de indivíduos (família).
) quadro a seguir mostra exempos de componentes que afetam o sabor de cada uma dessas famílias.
120
JM
(sabor)
80
60
40
20
0
Concentração
do composto
PRODUTO SABOR/AROMA
N-propanol Álcool
Iso-butanol Farmácia
Iso-amif-ákoois Amargo
í 80
COMPONENTE CONCENTRAÇÃO (MG/L) MÉDIA (MG/L)
Acetaldeido 2- 19 9
N-propanol S - 17 10
Iso-butanol 4- 14 8
Iso-amil-ãlcoois 34-73 55
estirpe da sevedura;
condição da levedura;
composição do mosto;
perfil de temperaturas;
aeração;
plantação da levedura;
pressão;
resfriamento.
cetaldeído
acetaideído é caracterizado pelo aroma de maçã verde. Este :mportante carblnol é comum 181
. fermentação, tem um pico de concentração e depois decresce. Sua formação ocorre durante
. primeiros três dias de fermentação e é um intermediário na transformação de carboidratos
n etanol, sendo sua concentração de 1,2 a 2,4 mg/l. O zinco é necessário, já que intervém na
inversão a etanol. Logo depois da fermentação e da maturação, e,e sofre uma permanente
dução por evaporação como um volátil, juntamente com o COv Sua formação depende da
tirpe de levedura utilizada.
s aldeídos podem se tornar complexos com o sulfito. Sua concentração aumenta devido a:
pH elevado;
pressão durante a fermentação;
infecção ou contaminação mlcrobioiógica.
LIMIAR DE
SABOR/ LEVEDURA
COMPONENTE DETECÇÃO LEVEDURA ALE
AROMA LAGER
(MG/L)
n-p-opanol;
iso-butanol;
2-metilbutanol;
3-metilbutanol;
á coois aromáticos:
*
2-feniletanol;
tirosol;
triptol;
álcoois mu't.vaientes:
2,3 butanodiol;
glicerol.
Os álcoo s superiores são formados como subprodutos das sínteses de proteínas dos oxiácidos.
Quando os aminoác dos são suficientes, como nas primeiras etapas da fermentação, os álcoois
superiores se originam do catabolismo (aminoácidos se transformam em alfa-oxiácdos e estes
em álcoo s superiores).
desejável que a concentração de álcoois superiores seja menor do que 100 ppm para evitar
-oblemas de detecção organoléptica. Se o nível for superior a isso, podem ocorrer problemas
5 dor de cabeça (ressaca) após consumir a cerveja.
Sua redução é realizada com alta dose de levedura, baixa temperatura de plantação e
fermentação, pressão durante a fermentação e ausência de oxigenação após a plantação.
iteres
a cerveja, estão presentes mais de noventa ésteres olferentes, que deixam aromas e sabores
utados e florais. Os ésteres são desejáveis em baixas concentrações, mas indesejáveis em a.tas
183
>ncentrações. Os mais importantes são o etil acetato, o ísoamilacerato, o isobutiiacetato, o
.il caproato e o 2-fenil acetato. São produzidos pela reação óe condensação de CoA de ácidos
axos com álcoois (metabolismo dos ácidos graxos).
controle da produção de ésteres não é simples, já que existe uma relação direta entre sua
atesee o crescimento de levedura. A quantidade de ésteres formada depenoe de:
Diacetil
O diacetil ou bucanodiona e a 2-3-pentanodiona compõem as chamadas dicetonas vicinais. A
mais importante das dicetonas é o diacetil, que traz entre 80 e 90% do sabor caracteristico
IB4 de manteiga (seu limiar de detecção é mais baixo que a 2-3-pentanodiona). O diacetil é tanto
produzido como reabsorvido pela levedura (durante os primeiros dias da fermentação principal
os accto hidroxiácidos se incrementam, aumentando a acetolactato que produz o diacetil).
Logo. durante a fermentação secundária, o diacetil é reduzido.
Produção
difusão Acetolactato
Açúcares mosto Acetolactato
(vai,na) espontâneo
DIACETIL
Redução
Diacetil
Enzimas Butanodiol
fermento
(sem sabor)
baixo pH;
*
levedura ativa;
alta contagem de células em suspensão;
baixa pressão:
baixa temperatura de fermentação e alta temperatura de finalização;
alto armazenamento com levedura (pausa de diacetil ou guarda quente).
Autóiise
A autóiise de uma levedura confere à cerveja um gosto de carne, amargo e ácido. Esse processo
corresponde à morte da levedura e ao rompimento da célula, que libera proteases, aumenta
o pH, reduz a viabilidade e vitalidade da levedura, e gera sabores indesejáveis. O aumento da
autóiise é devido ao tempo que a levedura permanece na cerveja e à sua temperatura. Para
diminuí-la, portanto, é necessário que se remova a levedura sedimentada.
O quadro a seguir apresenta uma síntese de algumas variáveis de controle dos compostos de
sabor e aroma e o efeito que eles produzem.
•Incrementa SOr
186 •Incrementa acetaldeído.
•Incrementa álcoois superiores.
Incremento da temperatura •Incrementa ésteres florais, solvente.
* Incrementa diacetil (dependendo da
flocutação), mas também incrementa
redução.
Para atingir esse objetivo, é preciso usar componentes corretos e tanques adequados, além de
controlar as condições físicas e ambientais para produzir a melhor cerveja. Essa é a essência do
processo de fermentação.
O primeiro elemento para uma boa fermentação é um mosto adequado do ponto de vista da
levedura:
deve possuir quantidade e espectro adequados de açúcares, para obter o estilo de cerveja
planejado:
deve ter quantidade de FAN adequada, para nutri'- a levedura e permitir seu crescimento
(120 - 150 mg/l). Também são necessários os péptidos;
necessitam de proteínas de tamanho molecular maior (espuma da cerveja);
deve haver presença de sais minerais requeridos pela levedura: Mg, Zn etc.;
deve haver algumas vitaminas (biotina).
Uma das principais variáveis na fermentação é a estirpe da levedura utilizada. Em linhas gerais,
existem duas famílias de leveduras cervejeiras, a Ale e a Lager, que possuem características
gerais diferentes. Porém, dentro de cada uma destas, encontram-se muitas estirpes diferentes
que, apesar de manterem as características gerais da família, terão suas características próprias
e acentuarão ou não algumas das características de sua origem.
Para escolher qual opção é a mais adequada ao processo de fermentação, o cervejeiro deve
conhecer tanto as características gerais da estirpe, quanto o estilo da cerveja que deseja
obter. Os estilos são importantes, já que em geral são obtidos com leveduras particulares (por
exemplo, a cerveja de trigo).
Uma vez escolhido um estilo, o cervejeiro deve se manter fiel a ele, pois, se escolher fabricar
uma cerveja XX com uma levedura YY. será muito difícil conseguir exatamente o mesmo sabor,
caso utilize outra levedura,
Se por aJgum motivo (custo, fornecimento etc.) o cervejeiro trocar a levedura que utiliza
comumente, sua cerveja não mais será a mesma. Nem melhor, nem pior, mas uma cerveja
distinta. E os consumidores certamente notarão a diferença!
ALE LAGER
Em uma fermentação típica, enquanto esta avança, diminuem os nutrientes do mosto original
188 (OG), o nitrogénio e o pH (pela acidificação do meio). Por outro lado, aumentam as células de
leveduras (que se reproduzem) e do conteúdo de álcool (que è produzido pela fermentação).
composição do mosto;
concentração (ÿP);
PH;
plantação de levedura;
temperatura;
tempo;
forma do fermentador;
sequência do enchimento;
agitação;
resfriamento;
pressão.
Os gráficos, a seguir, mostram uma fermentação típica, incluindo as temperaturas, de leveduras
Ale e Lager.
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Desnatação ~ Transferência
Resfr.amemo.’ |
sedimentação
fevedura pura;
fermentador cilindro cónico, fechado e refrigerado;
colheita estéril da levedura;
processo de curta duração.
190
No início, esses tanques ficavam localizados dentro dos edifícios, pois não estavam isolados.
Logo surgiu a ideia de isolá-los termicamente e colocá-los no exter.or dos prédios. Com isso,
foi reduzido o custo do investimento em obras, para grandes cervejarias (as pequenas seguiram
mantendo os seus tanques no interior).
Uma alternativa nos estudos é realizar um processo de fermentação contínuo (em vez de batches
ou por lotes). Essas plantas de fermentação contínua são prometedoras em aspectos como o
custo de capital envolvido, pois são mais compactas. Por outro lado, elas acarretam problemas,
pois necessitam de um processo ininterrupto de dosificação de mosto e retirada da cerveja,
o que faz com que sejam muito menos flexíveis no momento de variar a produção. Outras
preocupações, nesses tipos de plantas, são o crescimento de micro-organismos contaminantes
e que os sabores da cerveja produzida sejam diferentes.
Atualmente, os fermentadores mais utilizados são de forma cilíndrica cónico vertical, com
várias relações de altura/diâmetro e ângulos de cone (o ângulo é menor quanto mais alto for
o fermentador). Usualmente, os fermentadores possuem camisas de resfriamento, por onde
circula um fluído refrigerante que permite controlar a temperatura (em tamanhos pequenos,
cm vez da camisa pode-se utilizar uma serpentina dentro, ainda que cause mais dificuldades
de limpeza entre uso e reuso). A principal razão de sua popularidade é que são económicos e
práticos de usar (especialmente para pequenos cervejeiros).
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S
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Extrato
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Jma vez realizada a passagem da cerveja ao tanque maturador, a levedura que fica no tanque
de fermentação pode ser colhida para ser reusada (se for o caso). Para isso, devem-se
descartar as partes inferiores, onde estão as leveduras mais velhas, assim como as superiores,
que correspondem ao arraste da espuma e contêm leveduras demasiadamente jovens. É na
jarte intermediária (centra!) que se localiza a levedura mais jovem e saudável o suficiente para
Existem diferentes práticas que podem ser utilizadas durante o processo de fermentação,
conforme descritas a segu-r.
Fermentação principal
Nesse processo, a levedura realiza sua multiplicação ativa e a fermentação transcorre a uma
velocidade máxima. Durante este período, produz-sc o consumo da maior parte dos açúcares
do mosto. Como a levedura produz muito calor, é preciso manter a temperatura constante
esfrianoo o fermentador.
Maturação em temperatura
12- de fermentação
Dlacet I red > 0. 1
10-
V * RÁPIDO, alta atividade do fermento,
alto numero de células.
l alta temperatura
a \
6-
Armazenamento
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°Plato/°C
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Fermentação e maturação
convencional, usando tanque
Armazenagem
10 - ' I cilíndrico cónico
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1 i i TXl
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Fermento
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Fermentação acelerada
Essa prática caracteriza-se por acelerar a fermentação reduzindo, assim, os tempos de
fermentação e maturação pelo uso de agitação no fermentador. Dessa forma, o crescimento
da levedura é aumentado, a formação de ésteres é reduzida, e implementa-se a utilização de
FAN e a produção de álcoois superiores. Para completar o processo, pode-se trabalhar a uma
temperatura mais alta e incrementar a concentração de levedura.
'Plato
12 4
_ 16
Fermentação acelerada (Lager)
Manter alta temperatura de fermentação, até reduzir diacetíL
Remoção
- Maturação com dccréfcimo lento dc temperatura.
fermento Injeção de CO. e alta temperatura aceleram o protfito.
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suspensão
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Resfriamento
O resfriamento consiste na diminuição da temperatura da cerveja a partir da fermentação/guarda
quente até o repouso frio. Pode ser reahzado resfriando-se o tanque fermentador mediante
o uso de um resfriador externo (seja recirculando sobre o mesmo tanque ou transvasando
a outro tanque). Como este último procedimento é mais rápido (transferência para outro
tanque), possibilita que o tempo do processo seja encurtado, ainda que seja necessária uma
maior capacidade de frio.
Por outro lado, o processo de resfriar o tanque pode ser realizado resfnando-se tanto o corpo
do fermentador quanto o corpo e o cone. Caso não se resfrie o cone, o processo leva a'gum
tempo a mais e pode esquentar em excesso a levedura sedimentada nele, produzindo alguns
problemas de qualidade. Por sua vez, ao resfriar desta forma a cerveja (a pouco menos de 4°C),
produz-se o fenômeno de inversão da densidade aparente à máxima densidade. Essa mudança
de densidade produz uma alteração de sentido das correntes de convecção dentro do tanque.
Devido ao resfriamento das paredes, a cerveja que se encontra perto delas é resfriada.
aumentando sua densidade e fazendo com que se dirija do centro do tanque para o fundo,
para a superfície da parede e para cima.
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Guarda (maturação) fria
Nessa operação, sedimenta-se o que restou de levedura, mais o trub frio, produzindo-se
principalmente a clarificação da cerveja. Esse processo pode levar desde uma semana a -2°C,
até várias semanas. Em caso de um armazenamento prolongado, é necessário realizar a purga
da levedura sedimentada para diminuir o impacto de uma potencial autólise.
Essa técnica é, geralmente, usada peias grandes cervejarias industriais para alcançar um aumento
da capacidade produtiva com os mesmos equipamentos, ou seja, produzir uma economia de
capital em instalações. Não é uma operação habitual para pequenas cervejarias ou cervejeiros
caseiros, que preferem trabalhar diretamente com mostos de concentração adequada para
fermentar e só utilizam mostos de alta concentração para produção de cervejas especiais, de
diferentes estilos (por exemplo, imperial etc.).
a taxa de plantação deve ser aumentada (um milhão de células por mililitro);
a pressão deve ser limitada e o CO. dissolvido (que indica o estresse da levedura) controlado.
principais desvantagens deste tipo de fermentação são que se altera e se eleva o níve' de
ásteres, diminui-se a estabiiidade da espuma e a levedura é submetida a um maior estresse, o
que limita sua reutilização.
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\pós a fermentação, deve-se agregar água de diluição à cerveja, para ajustar sua concentração.
\ água de diluição deve ser potável e livre de turbidez, contamínantes, che ros e aromas. É
ecomendável filtrá-la através de um filtro de carvão ativado, para remover quaisquer restos
le compostos de sabor e de halógenos.
utilizar controle automático para realizar a mistura em Unha das proporções exatas de água
e de C02 para ajustar a carbonatação.
Caso o equipamento não permita a obtenção regular de amostras sem riscos de contaminação
do produto, é necessário decidir se é preferível abrir o fermentador para obter amostras e
continuar a fermentação ou não correr o risco de contaminação microbiológica e realizar o
controle de forma indireta.
MATURAÇÃO FRIA
A etapa de maturação fria da cerveja consiste na obtenção de uma solução que possui,
aproximadamente, 5% de álcoo", levedura, proteínas, péptidos, azeites essenciais, a fa-ácidos e
uma multidão de compostos orgânicos provenientes do metabolismo da levedura.
Esta fermentação secundária nas leveduras Lager é produzida pela fermentação lenta da
melibiose. As melhoras no sabor correspondem às reações que vão desde a esterificação até
a liberação dos ácidos graxos (também é possível realizar a adição de alguns produtos como
lúpulo pré-isomerizado, corantes etc.). Produz-se a sedimentação e a retirada via purgação de
compostos indesejáveis que se precipitam e, também, a melhora da espuma e pode-se diminuir
ou ajustar ao tempo de maturação para cumprir as especificações do produto.
O acetaldeído, composto responsável pelo aroma de maçã verde, na cerveja de trigo é também
reduzido a álcool pela levedura, durante a maturação.
Redução de Turbidez
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Dias deDois de inoculado
O— Monômero - é uma pequena molécu<a que pode ligar-se a outros monômeros formando
moléculas maiores denominadas polímeros.
concentração de polifenóis;
partículas;
rons metálicos.
m matérias-primas: evitar muita prote na ou beta-glucanos. limitar o uso de adjuntos com alto
grau de nitrogénio, utilizar maltes com baixo conteúdo de polifenóis;
m parâmetros de brassagem: controlar a temperatura de brassagem;
avagem de grãos: evitar excesso de lavagem ou altas temperaturas de lavagem, pois extraem
polifenóis;
a fervura: realizar uma fervura vigorosa;
acondicionamento: realizar um longo acondicionamento a frio (três semanas a -l°C para
cerveja Lager);
m filtração: utilizar aditivos para clarificar ou obter adequado regimento de filtração:
absorção de oxigénio: evitar;
estabilização da cerveja: realizar uma correta estabilização.
É importante conhecer os valores típicos das variáveis de fermentação paÿa as cervejas Alc
e Lager. A seguir são apresentados os valores de concentração de mosto, concentração de
plantação, temperatura, aeração, FAN, composição de açúcares, álcool, pressão, pH, álcoois
superiores, ésteres e dicetonas, que podem ser usados como referência.
Concentração de mosto
Tradicionalmente, a concentração do mosto é de I2=P (L048 de densidade). Atualmentc, está
entre J0cP e !6°P (1064 de densidade). Para cervejas especiais, pode ser maís alto que I6°P.
EFEITO DA QUANTIDADE PLANTADA VS TEMPO DE FERMENTAÇÃO EFEITO DA TAXA OC PLANTAÇÃO NO CRESOMÉNTO DO FERMENTO
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TJM de pfanuçio (g'inro) Taxa de plantação (g/li<ro)
T*»a norma de plantação .0' 1 0* 0*ceVm > N -TJ.3 norma* de plantação íí-IOxlO*ccl/ml)
Temperatura
Para cervejas Ale: a temperatura inicial è de >5 - I8°C. logo é aumentada para 18 - 20DC (36
horas) e, depois, mantida em 18 - 20°C (72 horas).
Para cervejas Lager: tem início em 8 - l2flC, chega a 10 - \AeC em três a cinco dias, logo é
resfriada a 0CC por sete dias no mínimo. O desprendimento de calor da fermentação pode
levar a temperatura a I7°C em um tanque isolado e sem refrigeração.
Aeração
O valor típico de aeração é de aproximadamente I ppm de oxigên.o dissolvido por eP. As
diferentes estirpes possuem requerimentos diferentes de oxigénio. Um mosto de I0*P {1040
de densidade), a 20°C satura com 6 ppm de oxigénio dissolvido. Para elevar esses valores,
algumas cervejarias utilizam oxigénio ao invés de ar.
Caso se coloque muito ar, há maior crescimento da levedura e menos etanol, além de aumentar
o risco de oxidação.
FAN
O valor típico de FAN é de, aproximadamente, 6% do mosto puro malte, diminuindo
proporcionalmente com o uso de adjuntos, devendo manter-se na faixa de 120 a ISO mg/l. Sua
falta ou deficiência pode levar a mudanças de sabor, problemas na fermentação e ainda na sua
detenção, por falta de nutrientes.
Composição de açúcares
Depende grandemente do adjunto utilizado e da brassagem:
Álcool
Não existem regras fixas para os valores de àícool, estes dependem das legislações e gostos,
Em geral as cervejas são:
regulares/comuns: 4 - 5%;
fortes: 8 - 9%, podendo chegar a 13%.
Pressão
O rendimento em gás carbónico a partir da glucose è de, aproximadamente, 25%, que é tóxico
para a levedura. Deve-se levar em conta a pressão da coluna de líquido e a sobrepressão do
tanque (I atm = 10 metros de coluna de iíquido).
pH
Tanto o mosto como a cerveja formam buffers, resistindo a mudar o pK O mosto possui uma
faixa típica entre 5,0 - 6,0 (Lager 5,2 e Ale 5,2). Na cerveja, as faixas típicas são de 4,0 - 4,4.
Álcoois superiores
O gliceroi possu uma faixa típica de 1090 - 2(90 mg/l. O restante está ass!m distribuído:
álcool isoamílico: 25 - 122.5 mg/l;
Os álcoois superiores estão, em geral, acima dos 50 mg/l e devem ser mantidos abaixo
de 100 mg/l para evitar problemas de dor de cabeça (ressaca). Sua concentração depende
principalmente da estirpe da levedura.
Ésteres
As faixas típicas dos principais ésteres são:
Dicetonas
As dicetonas da cerveja são o diaceti! ou 2,3-butanodiona e a 2,3-pentanodiona.
As faixas típicas na cerveja para o ciacetil são de 0.1 mg/l em adiante, sendo o limiar de
percepção, aproximadamente, 0,t mg/l (segundo o estilo de cerveja, onde as Pilsen possuem os
valores mais ba!xos). Para o caso das 2,3-pentanodiona, os valores típicos também são de 0,1
mg/i em adiante, mas seu iimiar de detecção é de aproximadamente 0,9 mg/l, o que, em geral,
não constitui um probema do ponto de vista organoléptico.
CHO metabolismo
maltose
a- acetolactato — - valina
Durante a fermentação, são produzidas várias mudanças que acentuam a floculação da levedura;
• a idade da célula.
Cada estirpe elevadora possui suas próprias caracteristicas de floculação, incluídas cm seu
mapa genético, associadas à presença de alguns exames (FL 01, FL 05, FL 08 etc.) no DNA da
célula.
•• •
mesmos grupos de outra célula diferente, através de uma ponte com um íon de cálcio, o que
provoca que as células de levedura fiquem ligadas.
COO ooc
Cai+
PO
„
Força de adesão zimolectina
Receptores específicos de zimolectina se unem às suas contrapartes em outra célula, produzindo
uma união proteína receptor que une as células de levedura.
S-S, Manose
tipo receptor
S-l
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Esta manipulação aplica-se unicamente a cervejarias que reutilizam várias vezes a levedura, não
sendo adequada àquelas que fazem uso exclusivo de levedura d:ssecada para a fermentação da
cerveja (como é o caso de algumas mlcrocervejarias). Os objetivos gerais de todas as operações
de manipulação de <evedura são:
COLHEITA DA LEVEDURA
A colheita da levedura no fermentador é feita vinte e quatro horas depois do f nal da fermentação.
para ser descartada ou reutilizada. A decisão de reutilizar a levedura deve considerar:
Escolher o momento de realizar uma colheita de levedura é uma tarefa crítica. É importante
realizá-la o quanto antes possível, dentro das vinte e quatro horas após haver alcançado a
atenuação desejada, quando a contagem de céiulas não indique que a levedura já floculou, pois
a levedura floculada não contribui para a fermentação nem para a redução do diacetil.
Caso a colheita se realize tardiamente, é possível que tenha baixas vitalidade e viabilidade,
produza sabores da própria levedura (devido à autólise), turbidez na cerveja e liberação de
enzimas (pela autólise da levedura), além de conter mais nutrientes disponíveis para uma
eventual contaminação.
Existem alguns motivos para os problemas com uma colhe;ta tardia de levedura:
É preciso prestar atenção, pois nem toda a levedura deve ser colhida para ser reutilizada:
a parte inferior não deve ser reutilizada. Essa parte deve ser purgada para eliminar as
células mortas e o trub sedimentado. É nela que também se acumulam as células com menor
viabilidade e mais velhas, com menor capacidade fermentativa;
o resto da levedura deve ser colhido, pois consiste em uma mescla de células jovens que fl
possuem a melhor capacidade e propriedades de fermentação;
a levedura que sedimenta logo após a pausa de diacetil ou depois de que sua maior parte já
floculou, não deve ser colhida para ser plantada. Trata-se de levedura em más condições,
que deve ser purgada e descartada para evitar a autólise e a transferência de sabores para
a cerveja.
Pode-se utilizar uma centrífuga para separar a levedura não floculante. Essa centrífuga deve
minimizar o dano mecânico à levedura, não Incorporar oxigénio, não fazer aumentar a
temperatura e ser sanítizada para evitar contaminações.
Durante todas as operações de manipulação, deve-se manter mínimo o risco de dano mecânico
à levedura. Essa é bastante resistente à manipulação mecânica, quando se encontra em fase
estacionária. Foi comprovado experlmentalmente que vários tipos de bombas (diafragma,
peristáltica, centrífuga), em velocidades de 88 a 164 litros por minutos não danificam
significativamente a levedura e que sua passagem por um esfriador de placas tampouco afeta
sua capacidade fermentativa.
ARMAZENAMENTO
Resfriamento da levedura
A levedura deve ser resfriada a uma temperatura entre 3 4°C para que a atividade metabólica seja
mantida ao mínimo. Se a temperatura for menor que 2eC, corre-se o risco de congelar a levedura,
causando-se dano irreparável às células e sua consequente morte. Se for superior a 4°C, a atividade
metabólica será maior, produzindo efeito de toxiedade do álcooi, esgotamento dos nutrientes
disponíveis e das reservas de glicogênio, e resultando na perda de viabilidade e vitalidade.
Glicogênio
O glicogênio é um carboidrato de reserva principal armazenado dentro da célula de levedura.
Funciona como um depósito de energia e carbono para manter a célula durante períodos de
escassez de alimento e, também, para prover uma fonte de energia imediata para o período
lag (anterior ao crescimento) durante a fermentação. Em presença de oxigénio, o glicogênio é
consumido muito rapidamente para fornecer a energia necessária à síntese de lipídios (esteróis
e ácidos graxos insaturados para as paredes da célula).
Temperatura de armazenagem
A temperatura deve manter-se uniforme entre 2 - 4"C durante a armazenagem. Caso sejam
utilizados misturadores, sua localização, forma e desenho devem estar otimizados para assegurar
uma mistura completa, evitando pontos quentes, realizar uma plantação exata e reciclar a
levedura. Para aquelas muito floculantes, a mistura deve ocorrer antes de uma hora de uso, já
que a sedimentação ocorre muito rapidamente.
208 Oxigénio
O oxigénio é o gatilho responsável por fazer com que a levedura esgote rapidamente sua reserva
de glicogênio. Em condições de ausência de nutrientes (como é o caso do armazenamento)
deve-se evitar que a levedura esgote suas reservas de alimento, já que estas devem ser usadas
para manter um mínimo de metabolismo c não para realizar a síntese de lipídios. Caso se
produza aceleração do metabolismo, além de não possuir reserva de energia para quando for
necessária (vitalidade), se gerará calor e toxicidade por álcool, o que aumentará a mortalidade
das células. Portanto, deve-se evitar a contaminação com oxigénio durante a armazenagem.
Descarbonatação
A descarbonatação da levedura é necessária para assegurar uma plantação homogénea e,
portanto, rigorosa. Adicionalmente, oferece outros benefícios, uma vez que o gás carbónico
estressa a membrana da célula da levedura durante a armazenagem. Para descarbonatar, pode-
se agitar a levedura, recircular e/ou utilizar dispositivos descarbonatadores.
Tempo
A levedura deve ser armazenada durante o menor tempo possível, uma vez que a mutação de
petite aumenta com o tempo de armazenagem, reduz as reservas de glicogênio e aumenta o
estresse por ctanol.
O tempo real que se pode armazenar a levedura sem sofrer uma deterioração significativa
depende da estirpe, das condições do processo (MO, álcool), da viabilidade e vitalidade e das
condições de armazenagem. A experiência mostra que se pode armazenar a levedura por um
dia até uma semana, chegando, em alguns casos, até duas semanas. O ideal, porém, é que ela
sc|a utilizada antes dos quatro dias de colhida.
Para reaPizar a Lavagem acida, podem-se utilizar vários ácidos, como, por exemplo, tartárico,
fosfórico, sulfurico, cítrico, clorídrico, nítrico etc. Eles são utilizados, em geral, com um pH
entre 2,1 e 2,4. Dos ácidos empregados, um dos mais usados é o fosfórico, pela sua própria
capacidade de gerar um buffer.
agitar constantemente;
m libera ATP;
O uso de ácidos-alfa possui grande partcipação na eficácia da lavagem ácida, especialmente nas
bactérias Gram positivas, sendo seu efeito muito mais pronunciado quanto mais baixo for o pH.
A lavagem ácida da levedura somente deve ser utilizada como resposta a problemas
microbiológicos, ou seja, de contaminação, e quando não se tiver outra levedura disponível
para ser plantada.
AERAÇÂO DA LEVEDURA
Algumas cervejarias, ao invés de oxigenarem o mosto para evitar oxidá-io, preferem realizar
a oxigenação da levedura aerando-a antes de realizar a plantação. O objetivo deste processo
é que a levedura inicie as sínteses de esteroides e de ácidos graxos insaturados que, de outro
2Í0
modo, somente seriam realizadas uma vez que eia entrasse em contato com o mosto oxigenado.
Este processo pode chegar a ser difícil de controlar e não demasiadamente eficiente, já que
se a aeração for excessiva, pode ocasionar a morte das células de levedura, além de ser difícil
assegurar que toda a levedura receba uma quantidade equivalente de oxigénio.
PLANTAÇÃO
Para poder controlar estes parâmetros, é importante que se tenha uma plantação rigorosa
e consistente. Para isso, deve-se medir adequadamente a consistência da levedura e sua
viabilidade, possuir uma levedura homogénea (representatividade das amostras e da dosificaçâo)
e o equipamento utilizado deve estar em boas condições (balança de levedura, bombas
dosificadoras, medidores de fluxo etc.).
Estes materiais podem ser utilizados nas distintas fases do processo, a saber:
Entre os principais motivos para utilizar estas ajudas de processamento estão o custo e a
qualidade.
Custo
'
Tempo,
Rendimento de matérias-primas (eficiência).
Custo de processamento (eficiência).
> Redução de desperdício (perdas).
Utilização de planta (inversão de capital).
Qualidade
> Claridade. 211
> Espuma.
Sabor.
Estabilidade.
Os dois motivos principais que influenciam ou limitam o uso de ajudas de processamento são:
a iegislação de alimentos: neste aspecto, cada pais possui seus próprios requisitos quanto à
aprovação de produtos para uso em contato com alimentos e às obrigações dos produtores
relativos a estes (por exemplo, o que è necessário declarar no rótulo ou na embalagem);
a filosofia do cervejeiro: aqui entra em jogo tanto o que se deseja como produto quanto a
forma de realizar seu marketing.
As empresas que fabricam grandes volumes de cerveja têm suas principais preocupações
centradas nos custos e na estabilidade dos processos e, portanto, preferem usar as ajudas
que atendem às suas necessidades.
Enzimas de cozimento
São enzimas que se agregam à maceração, em geral provenientes de fungos ou bactérias
geneticamente modificados, para melhorar ou acelerar alguns dos ataques desejáveis das
enzimas aos grãos utilizados. As mais comuns são:
Agentes espumantes
O agente espumante estabilizador mais habitualmente utilizado é o alginato de propileno glicol,
um aditivo que permanece na cerveja quando esta c consumida. Trata-se de um estabilizante de
espuma que é agregado à cerveja já filtrada (caso fosse agregado antes obstruiria facilmente o
filtro), em forma de solução a I ou 2% e dosificação típica de 40 a 60 mg/l, sendo o máximo 100
mg/l. Ao ser agregado à cerveja, reage com as proteínas positivas e emulsifica os fatores negativos
(lipídios), obtendo um efeito melhorador da espuma e de proteção contra a contaminação por
lipídios ou gorduras que fariam colapsar a espuma formada.
Para evitar problemas com espuma, especialmente durante a fermentação, pode ser utilizado
um antiespumante, que fará com que diminua a tensão superficial nas paredes das bolhas, estas
entrem em colapso ou o liquido seja drenado. O uso de antiespumanies possui como vantagens
principais:
evita-se uma diferença significativa na espuma do produto final, pois esta é removida na
filtração e com a levedura.
Prova A Prova B
2 98,1
4 98,1
8 97,6
Clarificante de mosto
Para melhorar a clarificação do mosto, utiliza-se a Irish Moss, um produto extraído de alg;
marinhas (Euchema Cottonii ou Chondrus Crispus) e que, ao ser agregado ao mosto quente, ant<
da clarificação, ajuda na formação de mais e melhores sedimentos (visualmente observa-t
menor turbidez do mosto e uma torta ou bolo de trub mais compacta e com menor arrast>
que logo são removidos ia etapa de clarificação (whirlpool). Usualmente, é adicionada em taxa
de =0 - 40 mg/l.
As doses dependem fortemente do mosto e do tratamento que este recebe, mas as melhor;
obtidas podem fazer variar um mosto de 30 - 40 EBC a aproximadamente 5 EBC de turbide
em pó: agrega-se à fervura 10 minutos antes de concluí-la. Pode ser disperso em água
bombeado ou agregado diretamente;
em grãos: agÿega-se diretamente à fervura 10 minutos antes de concluí-la;
Clarificante de maturaçao
O clarificante de maturação mais utilizado è o ising/oss, um colágeno obtido a partir do peix
que é adicionado na faixa de 0,1 - 1,5 g/hi e possui um importante efeito na turbidez da cerve
em maturação, por ajudar a precipitar a levedura em suspensão e outros tipos de partícul;
causadoras de turbidez. Taxas de uso maiores (2-4 g/hl) podem ser usadas em casos c
autocontagem de leveduras ou quando se quer realizar uma maturação muito rápida,
« líquidos prontos para serem usados: necessitam ser mantidos e transportados frios, motivo
pelo qual seu uso está limitado a cue haja um provedor próximo;
pastas concentradas: são estáveis e precisam ser preparadas com água acidificada antes de
serem dosificadas;
Estabilização coloidaf
A turbidez da cerveja é formada por uma combinação de prote-'nas e taninos. Portanto,
as técnicas para aumentar a estabilidade coloidal se concentram em atacar um destes dois
fatores: as proteínas ou os polifenóis.
uso de sílica: pode ser em gel (60% de água em hidrogéis) ou em sólidos (menos de 10%
de água em xerogéis). Esta sílica é agregada á cerveja e remove as proteínas. Possui uma
superfície específica muito grande e alta porosidade interna. Absorve as proteínas formando
pontes de hidrogénio via grupos SI-OH;
Estabilização de sabor
Em gerai, consegue-se esta estabilização por meio de antioxidantes, que aumentam a estabilidade
de sabor da cerveja com o tempo, retardando o aparecimento de sabores oxidados.
m ácido ascórbico;
m iso-ascorbato de sódio.
216
O FurfuraJ - é um composto orgânico heterociclico aromático, derivado de farelo de cereais,
que tem cheiro semelhante a amêndoas. Seu nome è derivado do latim folfur. É menos
tóxico que o furano, mas, ainda assim, è perigoso.
Teoria da filtração
Qualquer substância porosa (por exemplo, lã, papel, areia etc.) através da quai passa um liquido
ou gás para remover impurezas ou outras partículas é considerada um filtro (como qualquer
dispositivo que contém uma substância filtrante).
Em uma filtração ótima de cerveja, ó desejável que ocorram os seguintes resultados, se possível
simultaneamente:
partículas suspensas grandes: maior que 0,1 p. Trata-se de proteínas coaguladas, leveduras
e micro-organismos (bactérias):
Um filtro ideal não requereria nenhum ajudante de filtração ou substâncias em pó, apenas
filtraria substâncias ou compostos indesejáveis e permitiria vários ciclos de filtração, com todo
tipo de cerveja. As substâncias removidas estariam em um estado mais compacto para poderem
ser descartadas e o filtro seria de fácil limpeza e reutilizável para muitos ciclos.
Mas, como esse filtro ideal não existe, é preciso observar alguns aspectos para escolher o filtro
mais adequado às próprias necessidades:
a temperatura do fluido;
V=K(AP)(Ps) / M d
Onde:
V = filtração de fluxo;
K = permeabilidade (inverso da resistência);
AP = queda de pressão ao longo do filtro;
Ps = tamanho de partícula do filtro;
p = viscosidade;
d = espessura do leito.
Intercepção direta
A intercepção direta ocorre quando uma partícula maior que o tamanho médio do poro do
filtro é retida. Esse è o mecanismo mais comum usado na filtração e em outras áreas da fábrica
de cerveja (incluindo a filtração de gases e água). É importante tanto para os gases quanto para
os líquidos.
<9
Impacto inercial
mm
O impacto inercial ocorre quando partículas perto do centro de uma corrente de líquido
impactam sobre o meio filtrante, porque seu momento é maior do que o momento do líquido.
Este mecanismo ajuda um meio poroso a filtrar partículas menores do que o tamanho médio
dos poros do filtro. É aplicável tanto em gases quanto em líquidos.
218
wm\'&
Intercepção difusional
As partícuias muito pequenas exibem um movimento Browniano, o que aumenta o seu tamanho
aparente. Esse fenômeno é produzido somente em alta velocidade ou fluxo. Aplica-se somente
a correntes de gás.
r*
Absorção
A absorção é geralmente uma atração eietroquímica entre partículas do fluxo de corrente e o
meio filtrante.
mm
m
A
m
’/X',
Ligação ou ponte
A ligação é a acumulação de partículas (geraimente da ajuda filtrante) para aumentar a vida útil
do filtro e reduzir o tamanho dos poros.
ma
wk
TIPOS DE FILTROS
filtros de superfície: a ação de filtração tem lugar principalmente por intercepção direta na
superfície do filtro;
Filtros de superfície
•Absolutos, podem ser
filtradas partículas de tamanho
específico.
.
grande.
Custo (limpeza X substituição
de membranas ou do meto),
Exemplos: filtros estereis
de gás, filtros Trap,
•Versáteis, uso de uma só •Nem sempre são
aplicação. regeneráveis, (limpeza X
filtração estéril de cerveja.
•Fáceis de usar. substituição).
laboratório (microbiologia). j
Baixa capacidade de sólidos. • Obstruem, se a carga de
sólidos for muito baixa,
•Tamanho de partícula
* Alto volume específico, alto nominal,
não absoluto.
fluxo.
Golpes (shock) de pressão
•Frequentemente, podem ser
Filtros de profundidade ou fluxo podem causar escape
regenerados.
Exemplos: filtração de água de partículas.
•Podem manejar alta carga de •A saturação gera arraste ou
(areia, carvão), filtros de
sólidos em suspensão.
cerveja. perda de partículas.
• Podem filtrar um tamanho
* Leva algum tempo para ser
relativamente específico de
regenerado.
partículas
•A maioria requer o uso de
ajudas de filtração.
220
AJUDAS DE FILTRAÇÃO
As ajudas de filtração são materiais utilizados para formar o meio através do qual se filtrará.
A maioria desses critérios è atendida pelo filtro de terra diatomácea. Para utilizá-la na filtração de
cerveja, seu teor de ferro solúvel deve ser inferior a 40 ppm e o cálcio solúvel inferior a 100 ppm.
Outros materiais, geralmentc utilizados como um auxiliar de filtração, são as perlitas, minerais
vulcânicos de composição vidrosa (fluxo de lava resfriado rapidamente), que são aquecidas até
o seu ponto de amolecimento (entre 850 I I00°C) e o seu volume aumenta dez a trinta vezes.
Elas são, então, moídas e classificadas. A maioria das perlitas é usada para realizar prc-capas e
filtração grassa.
FILTRO DE TERRA
Os filtros de terra de diatomáceas são mais adequados para grandes cervejarias, uma vez que
são particularmente adequados para o trabalho com grandes volumes de filtração e levam um
importante trabalho operativo. Para micro e pequenas fábricas de cerveja, prefere-se trabalhar
com outros tipos de filtro (por exemplo, filtros de placas), porque os volumes são menores c
se privilegia a simplicidade de operação.
Os tipos de filtro de terra habituais são: de pratos e quadros (há os de pequenos tamanhos
para uso em pequenas operações, mas não são os mais habituais); horizontais; e verticais.
A escolha do filtro de terra adequado envolve um compromisso entre alta dareza (fluxo baixo)
e baixa transparência (fluxo elevado). A opção mais barata é a operação que maximize o fluxo,
mantendo um nível aceitável de clareza. Em toda operação de filtração, clareza e fluxo são
variáveis antagónicas, que precisam ser equilibradas.
O uso de um filtro de terra de diatomáceas passa pelas seguintes etapas: sanitização, pre-
capa, dosificação de terra durante a filtração c limpeza. Em todas as operações de filtração
è importante verificar a condição do filtro, para evitar que o ar (oxigénio) entre no sistema,
porque isso oxidaria a cerveja. Em grandes cervejarias, tais filtros são automatizados.
A clareza obtida a partir do filtro é afetada polo grau da pré-capa e pela granulomctria da terra
que se utiliza durante a filtração. Deve-se utilizar terra filtrante grossa para remover partículas
grandes e terra filtrante fina para remover partículas finas e obter mais clareza na cerveja.
© Ao utilizar um filtro, é importante que este não sofra golpes ou choques de pressão
nem caudal, para evitar que se rompa a torta filtrante ou produza o arraste de terra e
partículas.
A pré-capa é uma película protetora de ter ra filtrante, que se deposita sobre a malha do filtra,
medindo aproximadamente 100 mesh,
proteger o filtro de ser entupido por partículas depositadas sobre a tela do filtro, qi
seriam difíceis de limpar;
proporcionar claridade à primeira cerveja filtrada, uma vez que, de outra forma (e ai
formar um bolo de filtro), nâo se tem outro meio que retenha as partículas;
facilitar a limpeza da malha filtrante e do filtro em geral, uma vez que se termina o ciclo c
filtração.
A pré-capa é formada pela recirculação de uma mescla de terra filtrante e água ou cervej
até que a terra filtrante se deposite sobre toda a superfície da malha. Essa camada é format
por pontes sobre as aberturas da malha, mas pode ser quebrada por bolhas de ar, choques c
pressão ou de vibração. Ela deve ter uma espessura de 3 - 6 mm, o que acarreta um consurr
de apenas 5 ~ 15 kg/IOmJ. As condições de funcionamento variam de acordo com o filtro, m:
geralmente utiliza-se, na solução, uma concentração de terra de 1 ,3 kg/hl, a uma velocidade c
fluxo de l,5m/s, e uma queda de pressão de menos de I4 kPa.
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*
Uma vez que a filtração é iniciada, e para impedir que as partículas entupam o filtro armado cc
a pré-capa, adiciona-se terra filtrante continuamente, junto com a cerveja, para que ela forr
nova superfície filtrante (filtro de profundidade). Dessa maneira, a terra filtrante e as partícu
da cerveja são depositadas sucessivamente e a terra filtrante provê uma torta filtrante,
_
ii—
CAPÍTULO 2 > O PROCESSO DE FABRICAÇÃO DA CERVEJA
O ciclo de filtração termina quando o filtro atinge a máxima diferença de pressão admissível (35
- 40 kPa) ou a sua capacidade máxima. Se, por algum motivo, o fluxo de terra diatomácea for
interrompido, a diferença de pressão aumenta imediatamente. Como regra geral, a dosagem
deve ser aumentada com o aumento da turbidez.
A duração do ciclo de filtração é afetada tanto pelo grau (granulometria) da terra dosificada
durante o processo, como pela quantidade utilizada. Assim, observa-se que:
A mescla de terra filtrante é preparada com água em uma concentração de, aproximadamente,
7 - 10%, misturando-se suavemente para manter a homogeneidade e borbulhando C02 para
manter a suspensão sem oxigénio.
O quadro a seguir apresenta as possíveis causas para os problemas maís comuns quanto ao uso 223
de terra filtrante.
Para remover a terra filtrante, uma vez que se terminou o ciclo de filtração, podem-se usar
diferentes sistemas:
Na maioria dos casos, a retrolavagem do filtro pode danificar sua malha. Além disso, deve-se
antes, remover a terra filtrante que permanece no filtro, pois, como esta se encontra misturad
com células de levedura e outros materiais orgânicos removidos da cerveja, recomenda-se qu
não seja lançada aos efluentes de líquidos comuns da natureza, e sim, que seja descartada comi
resíduo sólido. É importante também ter em mente que muitos dispositivos em cartucho
contêm filtro de terra diatomácea como um meio filtrante.
Existem ainda outros tipos de filtros que podem ser utilizados, como, por exemplo, os filtros d
papel ou de membrana de celulose, os esterilizados {que são uma alternativa à pasteurização
os de fluxo cruzado e os de cartucho (que podem ser de superfície ou de profundidade).
PRÉ-FILTRAÇÃO
Se o líquido a ser filtrado tiver uma carga muito alta de sólidos (possuir muitas células d
levedura em suspensão por motivos diversos, como, por exemplo, um período curto d
maturação a frio, a utilização de uma estirpe de levedura pouco floculenta etc.), e for enviad
diretamente para a filtração, os ciclos obtidos serão muito curtos e com baixo rendimente
224 pois o filtro rapidamente estará saturado.
Para clarificar a cerveja e remover parte dos sólidos contidos no líquido antes de enviá-lo a
filtro, obtendo desta forma uma maior qualidade no produto terminado, são utilizadas alguma
técnicas de pré-filtraçáo:
utilização de ajudas de filtração na guarda fria: técnica que pode ser utilizada pelas pequena
e grandes cervejarias para acelerar a sedimentação e obter, em curto período, a turbide
que, de outro modo, necessitaria de um longo tempo de maturação em frio;
•principalmente
utilização de centrífugas para clarificar a cerveja de enviá-la para a filtração (remov
antes
levedura): técnica usada por grandes cervejarias que reutilizam leveduras.
O desempenho da pré-filtração está regido pela lei de Stokes, que define a velocidade em qu
ocorre a sedimentação. A equação é:
Vg = d2(S-S1)G/18p
Onde:
Vg - taxa de sedimentação;
d diâmetro de partícuia;
O aumento do tempo de maturação não trabalha sobre nenhuma das variáveis da equação em si,
mas simplesmente deixa mais tempo para a sedimentação natural, com o objetivo de se conseguir
a redução de turbidez desejada (mantém fixa a velocidade de sedimentação, Vg, e aumenta o
tempo para diminuir a turbidez). Para que isso funcione, deve-se manter o fermentador frio.
A comparação entre diferentes filtros pode ser feita de acordo com alguns parâmetros de
medição de desempenho, apresentados no quadro a seguir.
PARÂMETRO O QUE É
m realizar uma fervura vigorosa e boa separação de trub (remover a maior quantidade possíve
na saia de cozinnento, antes de enviar para a fermentação).
CENTRÍFUGAS
As centrífugas separam o liquido do sólido por meio de giros em alta velocidade. Devido à diferençt
de densidade desses estados das substâncias, o líquido introduzido encurta o tempo normal dt
sedimentação, aproveitando a força centrífuga gerada pela rotação. É importante não confundir as
centrífugas com as bombas centrífugas (que exercem unicamente uma pressão de fluido).
226
© As centrífugas foram inventadas em 1 878 por Gustaf De Lavai e utilizadas pela primeira vez
em cervejaria na década de trinta, na Suécia, para mosto e cerveja. Eram rotineiramente
usadas para separar o trub do mosto antes da invenção do whirlpool. Atualmente, são
utilizadas para diversos fins.
O desempenho das centrífugas é regido pela lei de Stokes, que define a velocidade em que ê
sedimentação é realizada.
As centrífugas substituem a força gravitational (que è uma aceleração) pela força centrífuga e sãc
desenhadas para diminuir a distância de sedimentação, separando continuamente as partícuJaí
de uma corrente de mosto e cerveja, e descarregando as partículas de uma maneira controlada.
separação de trub quente (embora não seja uma operação comum, foi substitu'da por Whirlpool)
FILTRAÇÃO ESTÉRIL
Vale ressaltar que a filtração estéril é um procedimento que requer uma mentalidade
sanitária por parte dos cervejeiros, pois, uma vez que se esterilize a cerveja no filtro,
deve-se evitar contamíná-la nas operações posteriores.
O uso da filtração estéril requer a manutenção de uma estrita assepsia águas abaixo, com ;
realização de desinfecção periódica (uma ou duas vezes ao dia, com água quente) e. para qu«
seu uso seja economicamente viável, deve ser antes realizada uma pré-filtração, para evitar c
entupimento prematuro dos filtros.
filtros de profundidade: podem ser tanto de pratos e quadros como de cartuchos filtrantes
228 Estes sistemas realizam muito bom polimento na cerveja, removem 100% da levedura e
mais de 99% das bactérias (mas não 100% absolutos);
filtros de profundidade e filtros de membrana; são do tipo absoluto. Podem ser de tamanho:
diferentes (0,45 p ou 0,65 p), de distintos materiais (nylon, PVDF etc.) e realizam a remoçãc
de 100% das bactérias.
Os filtros utilizados podem ser de pratos e quadros, mas os maís comuns são os de cartuchos.
Esses últimos (cartucho) estão em carcaças totalmente fechadas, o que dificulta o aumento de sua
capacidade de filtração pela colocação de mais módulos. Os cartuchos utilizados são descartados,
uma vez que se esgota sua capacidade, pois entopem. Nota-se que o filtro está entupido quando
há uma diferença importante de pressão no sistema. Em geral, utiliza-se sempre um filtro polidor
de aproximadamente 2 - 5 p antes do filtro estéril, visando prolongar a vida deste último.
O uso da filtração estéril requer a manutenção de uma estrita assepsia águas abaixo, com ;
realização de desinfecção periódica (uma ou duas vezes ao dia, com água quente) e, para qut
seu uso seja economicamente viável, deve ser antes realizada uma pré-fiitração, para evitar c
entupimento prematuro dos filtros.
filtros de profundidade: podem ser tanto de pratos e quadros como de cartuchos filtrantes.
228 Estes sistemas realizam muito bom polimento na cerveja, removem 100% da levedura e
mais de 99% das bactérias (mas não 100% absolutos);
filtros de profundidade e filtros de membrana: são do tipo absoluto. Podem ser de tamanhos
diferentes (0,45 p ou 0,65 p), de distintos materiais (nylon, PVDF etc.) e realizam a remoção
de 100% das bactérias.
Os filtros utilizados podem ser de pratos e quadros, mas os mais comuns são os de cartuchos.
Esses últimos (cartucho) estão em carcaças totalmente fechadas, o que dificulta o aumento de sua
capacidade de filtração pela colocação de mais módulos. Os cartuchos utilizados são descartados,
uma vez que se esgota sua capacidade, pois entopem. Nota-se que o filtro está entupido quando
há uma diferença importante de pressão no sistema. Em geral, utiliza-se sempre um filtro polidor
—
de aproximadamente 2 5 p antes do filtro estéril, visando prolongar a vida deste último.
4. filtraçao da cerveja;
A regeneração com água a 55VC e, logo, repetir a fase 2 para seguir operando, deve ser
reali2ada, no mínimo, diariamente. A regeneração dissolve e lava componentes solúveis do
filtro, prolongando sua vida útil. Para este tipo de filtro, é preferível a sanitização por calor,
já que é o mecanismo mais efetivo para assegurar que todos os lugares, onde possa estar
depositado um micro-organismo, sejam esterilizados (filtro, juntas, membranas etc.).
Os filtros de membrana do tipo absoluto utilizados são cartuchos filtrantes feitos de diferentes
materiais, que trabalham como filtros absolutos de superfície, removendo os contaminantes que
conseguiram atravessar o filtro de profundidade. Antes de fazer uso dos filtros de membrana,
ou sempre que necessário, devem-se realizar testes de integridade, para verificar se o filtro não
sofreu rupturas que o impeçam de cumprir sua função de filtro estéril.
O tamanho do poro do filtro absoluto, visando garantir uma retenção total de micro-organismos,
deve ser de 0,45 p. Os ensaios realizados com tamanho de poro de 0,65 p demostram que eles
retêm totalmente as leveduras e realizam uma redução significativa das bactérias, mas podem
deixar passar algumas menores, especialmente se sua carga inicial for alta.
229
CARBONATAÇÃO DA CERVEJA
Carbonatação é o processo de dissolver diõxido de carbono gasoso em um líquido para criar
efervescência de sabor e textura agradável de um ponto de vista organoléptico. Esse processo
de carbonatação ocorre naturalmente, à medida que a levedura digere os açúcares fermentáveis
e produz o COr Para evitar que o gás carbónico formado se perca, as bebidas carbonatadas
devem ser mantidas sob pressão, para conservar a carbonatação.
Além disso, o ambiente de C02 dentro e sobre a cerveja inibe o crescimento de muitos n
organismos aeróbios e, também, faz diminuir o pH da cerveja, inibindo o crescimento de ;
micro-organismos anaeróbios.
O controle e uso adequado de CO} na operação dos fermentadores são muito efetivos,
para prevenir a absorção de oxigénio, como para reduzir a quantidade de oxigénio díss<
na cerveja. O controle do conteúdo de C02 na cerveja terminada é um fator de qua
importante na elaboração de um produto consistente.
O C02 puro é um gás sem sabor nem cheiro à temperatura e pressão ambiental. Sua densic
ligeiramente maior do que o ar e não é tóxico, porém, em altas concentrações, inibe a respii
Nas cervejarias, é armazenado em forma líquida, em temperatura reduzida e alta pressão.
Apesar de não ser tóxico, em altas concentrações o C02 pode causar asfixia, motivo pel<
iI
se requer boa ventilação e práticas adequadas de segurança para a sua manipulação. De
230 observar que:
a purga dos restos seja feita díretamente ao exterior, para evitar problemas;
o valor limite ao qual uma pessoa pode estar exposta sem risco durante oito horas
seja cumprido (valor de 0,5% ou 5,000 ppm);
o limite de exposição de curto prazo (menor que 15 minutos - STEL) seja de 3%;
os níveis de 7,0% ou superiores sejam evitados, pois podem ser fatais em um curto pe
de tempo.
O TLV - threshold limit value ou valor limite é um termo usado para expressar o nível ac
um trabalhador pode ser exposto a substâncias químicas dia após dia, durante toda
vida de trabalho, sem efeitos adversos à saúde,
O nitrogénio, sendo o componente mais abundante do ar, é um dos gases mais fáceis de
serem gerados. Porém, muitas cervejarias grandes estão adquirindo-o para utilizá-lo em suas
operações de fermentação, engarrafamento e serviço, ao invés de gerá-lo (como é feito com o
C02). Por tratar-se de um gás presente em grande proporção no ar, é difícil detectar se a sua
concentração está atingindo limites perigosos, afastando o oxigénio que se respira, até que se
seja demasiadamente tarde. Por isso, ao se utilizar o nitrogénio, deve-se instalar analisadores
de oxigénio, para assegurar que o ar é respirável pelos trabalhadores.
0 0,0555 4,09
10 0,0788 4,87
Para determinar o teor de C02 a determinada temperatura e pressão, são utilizadas as tabelas
de solubilidade, amplamente distribuídas, onde deve sempre haver um equilíbrio entre as fases
líquida e gasosa. De modo geral, e especialmente para a cerveja, pode-se dizer que quanto mais
baixa for a temperatura, maior será a solubilidade e que, a uma pressão mais alta, a solubilidade
será mais elevada.
:
CAPÍTULO 2 > O PROCESSO DE FABRICAÇÁO DA CERVEJA
Isso se aplica a cada diference gás dissolvido na cerveja (C02, nitrogénio etc.). O poni
saturação para cada gás depende da pressão, da temperatura e da natureza do fluido.
© Curiosidade
Quando se tira uma garrafa com soda da geladeira, não há borbulhas de C02 e a garrai
se encontra dura. Isso ocorre porque o gás da soda se encontra em equilíbrio com o d|
espaço vazio a alta pressão. Ao abrir a tampa, deixa-se escapar o excesso de pressão e
garrafa se amacia (passa a ficar com a pressão atmosférica, sem excesso de pressão). Ni
liquido, aparecem grandes quantidades de borbulhas de C02 devido à pressão interna di
gás ser maior que a externa. Para igualar as pressões, o líquido expulsa o gás dissolvida
O nível de carbonatação das cervejas depende tanto das diferenças de estilos (Real Ale 1,0
vol.; Stout 2,3 - 2,5 vol.; Lager 2,6 - 3,0 vol.), quanto da cultura regional (í.ager Norte-amer
2,6 - 2,8 vol.; Lager Sul-americana 3,0 ou mais vol. de C02).
As diferentes técnicas para carbonatar uma cerveja são; fermentação secundária, kraust
priming, acondicionamento em garrafa, injeção de C02 em tanques, injeção de CO, em I
conforme descritas a seguir.
Fermentação secundária
Antes de completar-se a fermentação, sela-se o tanque para manter o C02 produzido, aumt
a pressão e carbonatar a cerveja. Este método é utilizado por pequenas fábricas de cer
Os tanques devem ser selados quando o extrato restante e a atenuação final forem iguais
variante é fazer um pouco antes e regular a pressão final). É preciso garantir que os tan
não excedam a sua pressão máxima de funcionamento.
Krausening
Em uma temperatura aproximada de 4aC, a cerveja terminada é misturada com cerca de
do mosto (frequentemente, no estado de espuma alta ou krausen), para iniciar a ferment
lenta em um tanque pressurizado. Atualmente, essa técnica é utilizada por algumas pequ
cervejarias, A adição de krausen deve ser consistente ou pode variar a carbonatação atingi
preciso garantir que os tanques não excedam a sua pressão máxima de funcionamento,
Priming
Quando o recipiente da cerveja já está cheio, adiciona-se mosto ou açúcar (a cerveja deve e
filtrada). Coioca-se a tampa e a fermentação é assim compietada no envase fechado.
Acondicionamento em garrafa
Extrato adicional e levedura são adicionados ao tanque de envasamento. Em seguida, a cerveja
é engarrafada e a fermentação se completa nas garrafas fechadas.
"
Essa técnica tem como vantagens: ser fácil de realizar-se, reduzir o oxigénio dissolvido, poder
ser usada para reduzir a carbonatação e, também, para misturar a cerveja.
Destaca-se como desvantagens: ser um processo lento, ter alto consumo de CO.,, poder
danificar a espuma e o amargor, ser de difícil limpeza, trazer risco microbiológico, necessitar de
entrada no tanque para realizar a manutenção.
São vantagens deste método; poder ser realizado em qualquer transferência, ser rápido, ser um
método preciso e que pode ser automatizado, ser eficiente (dissolve todo o C02).
Suas desvantagens são: não purgar o oxigénio, ser sensível à pureza de C02, precisar de um
misturador de linha ou comprimento adequado de tubulação, trazer risco de contaminação
microbiológica.
© Curiosidade
Quando se tira uma garrafa com soda da geladeira, não há borbulhas de C02 e a garraj
se encontra dura. Isso ocorre porque o gás da soda se encontra em equilíbrio com o t|
espaço vazio a alta pressão. Ao abrir a tampa, deixa-se escapar o excesso de pressão e
garrafa se amacia (passa a ficar com a pressão atmosférica, sem excesso de pressão). N|
líquido, aparecem grandes quantidades de borbulhas de C02 devido à pressão interna
gás ser maior que a externa. Para igualar as pressões, o liquido expulsa o gás dissolvida
O nível de carbonatação das cervejas depende tanto das diferenças de estilos (Real Ale 1,0
vol.; Stout 2,3 2,5 vol.; Lager 2,6 3,0 vol.), quanto da cultura regional (Lager Norte-amer
2.6 - 2,8 vol.; Lager Sul-americana 3.0 ou mais vol. de CQ2).
As diferentes técnicas para carbonatar uma cerveja são; fermentação secundária, krausi
priming, acondicionamento em garrafa, injeção de C02 em tanques, injeção de C02 em
conforme descritas a seguir.
Fermentação secundária
Antes de completar-se a fermentação, sela-se o tanque para manter o COÿ produzido, aumi
232
a pressão e carbonatar a cerveja. Este método é utilizado por pequenas fábricas de cei
Os tanques devem ser selados quando o extrato restante e a atenuação final forem iguais
variante é fazer um pouco antes e regular a pressão final). É preciso garantir que os tar
não excedam a sua pressão máxima de funcionamento.
Krausening
Em uma temperatura aproximada de 4"C, a cerveja terminada é misturada com cerca de
do mosto (frequentemente, no estado de espuma alta ou krousen), para iniciar a ferment
lenta em um tanque pressurizado. Atualmente, essa técnica é utilizada por algumas peqi
cervejarias. A adição de krausen deve ser consistente ou pode variar a carbonatação atingi
preciso garantir que os tanques não excedam a sua pressão máxima de funcionamento,
Priming
Quando o recipiente da cerveja já está cheio, adiciona-se mosto ou açúcar (a cerveja deve
filtrada). Coloca-se a tampa e a fermentação é assim completada no envase fechado.
Acondicionamento em garrafa
Extrato adicional e levedura são adicionados ao tanque de envasamento. Em seguida, a cerveja
é engarrafada e a fermentação se completa nas garrafas fechadas.
Essa técnica tem como vantagens: ser fácil de realizar-se, reduzir o oxigénio dissolvido, poder
ser usada para reduzir a carbonatação e, também, para misturar a cerveja. 0
Destaca-se como desvantagens: ser um processo lento, ter alto consumo de C02, poder
danificar a espuma e o amargor, ser de difícil limpeza, trazer risco microbiológico, necessitar de
entrada no tanque para realizar a manutenção.
São vantagens deste método: poder ser realizado em qualquer transferência, ser rápido, ser um
método preciso e que pode ser automatizado, ser eficiente (dissolve todo o CO,).
Suas desvantagens são: não purgar o oxigénio, ser sensível à pureza de C02, precisar de um
misturador de linha ou comprimento adequado de tubulação, trazer risco de contaminação
microbiológica.
I. tamanho da bolha: quanto menor a bolha, maior será a superfície exposta do gás
dissolvido, ocorrendo mais rapidamente a carbonatação;
2, tempo de contato: mesmo com pequenas bolhas, leva tempo para que o C02 se dissol’
cerveja, por isso deve-se ter tempo de contato suficiente {por exemplo, canos longos) ou |
do C02 dissolvido se perderá sem se dissolver;
ti a estabilidade do sabor;
a estabilidade da espuma;
a estabilidade da cor;
a estabilidade microbiológica;
a estabilidade coloidal.
Estabilidade de sabor
O sabor da cerveja é dinâmico, muda a cada dia lentamente, mesmo que os consumidores nã<
percebam. Normalmente, os critérios e a vida técnica (garantida na rotulagem) são dados po
fatores de turbidez, e não por estabilidade do sabor.
O período de consumo ideal de uma cerveja armazenada em boas condições está entre dua
e quatro semanas. Após esteperíodo, começa a aumentar a presença de sabores oxidados a<
longo do cempo.
236 Como os fabricantes de cerveja não podem eliminar o envelhecimento de seu produto, ele
devem cuidar para retardar esse processo ou pelo menos os efeitos de sua percepção sensória
trabalhando principalmente:
a concentração de precursores;
a absorção física de oxigénio (este é o fator mais influente para a estabilidade do sabor);
Alguns estilos de cerveja de alta concentração desenvolvem um melhor sabor com o passa
do tempo, mas essa não é a regra geral. A tendência das grandes cervejarias é fazer cerveja
cada vez mais suaves e leves, onde não é exigido grande perfil aromático, para esconder algur
defeito. Em geral, mantêm o foco na produção de cervejas de sabor neutro, sem grande
variações no sabor, pois estas são mais bebíveis.
Pequenos cervejeiros e homebrewers (produtores caseiros) vão contra a tendência das grande
cervejarias (que aumentam a velocidade e escala na produção) e concentram-se em diferencia
seus produtos fazendo cervejas especiais, com sabor próprio e característico, a um preço qu
o consumidor esteja disposto a pagar (nunca serão capazes de competir em custo com um
grande cervejaria).
Existem algumas substâncias que são utilizadas como referência para medir analiticamente
e tomar como um sinal ou indicação do estado de oxidação ou de envelhecimento da
cerveja, porém essas não são medições exatas, embora deem uma boa aproximação analítica.
A medição mais exata que existe é a análise organoléptica, na qual entram em jogo os diversos
componentes (nunca medidos na íntegra) e suas interações (nunca exatamente previstas), para
fornecer um balanço final do que sentirá o consumidor. Uma dessas substâncias de referência é
o 3-meti!-3-mercaptobutilformiato (limite de detecção de 0,1 pg/l faz com que o sabor seja de
papelão) e a outra é o trans-2-nonenal (umbral de detecção de 5 pg/l, com sabor de papelão),
compostos que se formam em poucos dias, em caso de absorção de oxigénio pela cerveja.
O dano oxidativo da cerveja realiza-se através de uma cadeia de reações, e não por uma única,
ou seja, a reação A incorpora o oxigénio, logo, os produtos de A iniciam a reação B, que por sua
vez iniciam a C, a D e assim por diante. Na última reação, aparecerão os impactos organolépticos
consequentes do que ocorreu no processo A. Para conseguir melhorar a estabilidade de sabor,
pode-se prender alguns dos compostos intermediários ou baixar a velocidade de uma das reações.
Exemplo: melanoidinas + oxigénio = carbonil - melanoidinas + álcool = aldeído + melanoidina.
Sala de cozimento:
incorporação de ar durante a agitação (redemoinhos);
enchimento das panelas a partir do fundo;
incorporação de ar durante o enchimento da panela de fervura;
incorporação de ar nas bombas;
alta velocidade nos canos e nas mangueiras (maior que 1,5 m/s);
dimensões de canos equivocadas (fluxo turbulento);
alto tempo de contato em aeração de mosto quente,
Fermentação:
aeração tardia;
incorporação de oxigénio nas transferências;
perdas nas bombas;
ingresso de ar no esvaziamento de tanques;
borbulhas de ar nas tubulações;
uso de água com oxigénio (não desafrada);
ar nos filtros.
Uma cervejaria com excelente equipamento deveria ter um oxigénio total no momento de
enchimento das garrafas menor que 200 ppb. O oxigénio dissolvido antes da operação de
engarrafamento não deveria ultrapassar 50 - 60 ppb.
Espuma da cerveja
A espuma é um componente positivo para a cerveja, não só pelo seu impacto visual para o
consumidor e sua aparência no copo servido, mas porque, também, traz benefícios como a
redução da absorção de oxigénio, da taxa de aumento de temperatura e da evaporação de C02
no recipiente usado, além das sensações organolépticas agradáveis produzidas na boca.
Atualmente, o desafio é manter na cerveja substâncias positivas para a espuma, o que às vezes
se contrapõe com a busca de maior estabilidade coloidal. Vale destacar que a manutenção de
uma boa espuma também exige um trabalho sobre o processo de servir, pois está diretamente
ligada à limpeza dos copos, temperatura e pressão.
Hidrófilo
Hidrófobo
GKceróis Polipeptídios
Etanol Polifenóis
Ésteres
Sulfitos
Detergentes
Enzimas
A autólise e o estresse da levedura fazem com que ela libere enzimas proteolíticas, que degradam
a espuma (especialmente quando se utiliza pasteurização ou a temperatura é elevada). Por isso,
é preciso usar a levedura de maneira adequada, para evitar essas enzimas.
na produção:
uso de alginato;
aumento do nível de iso-humulones;
uso do malte de trigo;
utilização de gás nitrogénio;
no ponto de venda:
GUSHING
O gushing é a espuma incontrolável da cerveja que sai quando se abre uma garrafa. É produzido
por uma liberação descontrolada de bolhas de C02 na cerveja, que faz com que praticamente
todo o conteúdo da garrafa seja derramado como espuma.
O fenômeno de gushing é antigo, existe desde que se passou a engarrafar a cerveja. Sabe-se que
ocorre usualmente em forma endémica e que o malte é um dos fatores que mais contribuem
para sua ocorrência, porém ainda não se tem um perfeito entendimento sobre suas causas ou
o que o inibe,
O quadro a seguir mostra alguns dos fatores que aumentam ou reduzem a probabilidade
ocorrência de gushing.
Nitrogénio solúvel > 690 mg/100 g de malte. Alta intensidade da fervura do mosto.
Como medida preventiva, deve-se realizar uma armazenagem com baixa umidade e ba
temperatura, para reduzir a flora e evitar o crescimento de fungos.
Duas medidas principais a serem tomadas por parte dos cervejeiros são: evitar a ;
concentração de ferro durante a elaboração de cerveja (máximo de 0,14 ppm, lembrando t
as terras filtrantes utilizadas são uma fonte importante de ferro) e evitar a formação de críst
de oxalato de cálcio na cerveja engarrafada.
Para formar os cristais de oxalato de cálcio, que atuam como sementes para a formação
microbolhas com alto potencial de gushing, existem as seguintes fontes de íons:
cálcio: água utilizada na lavagem e imersão de malte contém entre 10-25 mg/ 100 g, lúpi
malte caramelo, adição de sais (CaCl,, CaSOJ;
ácido oxáltco: malte (10 50 mg/lOOg), Júpulo, levedura.
Como a solubilidade do oxalato de cálcio é maior no mosto do que na cerveja, deve
assegurar que o excesso de ácido oxálico precipite antes da filtração, com uma adição de cál
em excesso, para poder remover-se os cristais de oxalato de cálcio antes do envase da cerv<
Cor da cerveja
A cor está intimamente relacionada ao tipo da cerveja e deve corresponder a seu estilo, por
exemplo, uma cerveja Pilsen de cor escura (e não apenas uma cerveja Pf/sen).
O malte e a fervura do mosto definem a maior parte da cor de uma cerveja. A qualidade das
matérias-primas (especialmente do malte) e outros fatores tecnológicos podem dificultar o
processo de replicar ou alcançar cervejas de qualidade adequada e estáveis em cor.
@ É sempre possível fazer com que a cor da cerveja seja mais escura. Porém, para
243
torná-la mais clara, é necessário ter malte e tecnologias corretas, pois, caso
contrário, não se conseguirá.
A cor de uma cerveja vai mudando ao longo do processo de elaboração, conforme pode ser
visto no gráfico a seguir.
14 Cor EBC
12 IU0 w
10 9,2
8 7,5
6 5,8
4.2
4
2
$
* v v
CAPÍTULO 3 > A QUALIDADE DA CERVEJA
Durante o processo de fabricação, a cor é produzida por melanoidina, oxidação e polimeriza<
de polifenóis, e oxidação enzimática de polifenóis do malte.
A seguir, serão descritos alguns efeitos causados na cor da cerveja por diferentes variávei
seus impactos ao longo das etapas do processo de produção.
Malte
Malte
Sá12
LU Fervura
LkA
Cerveja
16 Malte
ki
m |4 Fervura
Cerveja
áéu
Kalbach 38.5% Kolbach 44.3% Kalboch 5 1 .3%
U 30 Matte
£ 27 25.0 B Fervura
24
21.7. 20,0 Cerveja
21
245
18
15 14.5
12,2
12
9.0
9 6.2 7,0
6 3,6
3
Moagem
A redução de tamanho dos grãos na moagem contribui para um aumento da superfície exposta
e, quanto maiorela for, maior será a quantidade de tanino que passará para a solução.
Na moagem, ocorre:
aumento da formação de cor na moagem umida (mais tempo de contato entre oxidases e
compostos azotados);
influência indireta sobre o tempo de contato durante a maceração / filtração, que produz
mais cor nos filtros de tanques com um tempo de filtração maior.
Por sua vez, o baixo pH inibe a formação de melanoidinas e desfavorece a extração de polifenóis.
u
CD
24 Malte
“21 I4.S Fervura
18 lí.S Cerveja
I5.0
15
12
9 85
7,2 ,o 7»
6 4.3 43 43 O
3
0
Infusãn - 150- I dec. 180' 2dec. 190' 3 dec 240
g 20
Malte
“ 1618 Fervura
14 12.5 Cerveja
12
246 10 fl.ó
U 24 Malte
CD
“21 19J Fervura
18 14.5 M Cerveja
J 5.0
15
12
9 SLS
7ã 7J0 iL
6 4,3 4.3 4,3I 4,3
3
0
Infusão ISO’ I dec. 180' 2 dec. 190' 3 dec. 240'
Fervura
Durante a fervura, ocorre a oxidação, a polimerização dos taninos e a produção de melanoidinai
(que ocorre em alta temperatura). O tempo e a tecnologia do fervedor são fatores determinantes
para a obtenção de bons resultados.
0
Fervura - pH 5,9 fervura- pH 5.1/
y 18
m
LU
16
12,9 Fervura
14 12,3 11,5
t2,0 i2,2 Início Resfriamento
12 30' Resfriamento
Í0 H 60' Resfriamento
90' Resfriamento
8
6
4
2
0
CorfEBC)
Fermentação
] 1.0 1 1,3
12 TI ,6
10
8.1
8 7,4 7.4 7,4
6.5 6,5
6 5.9 5,9
EQC
4
Mosto Frio
Cerveja Verde
2
M Cerveja antes da filtração
0
M. Cerveja depois da filtração
Fermento I Fermento 2 Fermento 3
Para obter o ajuste de cor da cerveja, pode-se usar um corante (geralmente, caramelo coran
do tipo III), adicionando-o diretamente ao mosto durante a fermentação, antes da filtração c
nos tanques da cerveja acabada.
A filtração não produz uma redução significativa na cor da cerveja, exceto se os filtros fore
de carvão ativado. Em alguns casos, existe uma pequena redução de cor quando se utiliza filtn
com algumas fibras de estabilização ou de PVPP.
A pasteurização leva a uma alteração da cor que vai aumentando com o tempo e a temperatu
de pasteurização, devido, principalmente, ao teor de oxigénio na cerveja (se o oxigénio fos
zero, o efeito da pasteurização seria negligenciável). Esses efeitos continuam depois de a cerve
estar engarrafada, especialmente se as temperaturas de armazenagem não forem adequad
(devem ser tão baixas quanto possível, para não produzirem alterações).
Pasteurização
A pasteurização é um método de preservação microbiológica da cerveja, inventado por Lot
Pasteur. Ele descobriu que a causa da cerveja deteriorar com o tempo provinha de micn
-organismos (provavelmente lactobacilos) e criou um tratamento térmico para eliminá-los.
tempo;
Os tratamentos térmicos são mats efetivos na presença de baixo pH, álcoois, ácidos e C02. Sua
efetividade se reduz em presença do trub e de substâncias de alto peso molecular.
Pasteurização
-qp
Un UL írtn L livliCOdl rrflrr I rtJlrr a
O
CAPITULO 3 > A QUALIDADE DA CERVEJA
Pode-se também pasteurizar exclusivamente a cerveja {pasteurização flash), o que se realiz
em um intercambiador de calor de placas, aquecendo-se a cerveja entre67°C e 75°C durant
alguns segundos.
Esse procedimento tem como vantagens o baixo impacto sobre a estabilidade do sabor,
menores requisitos de espaço e de consumo de energia. Do ponto de vista da pasteurizaçãi
de cerveja, é tão eficaz como a pasteurização túnel de garrafas cheias {a embalagem cheia
pasteurizada como um todo). A diferença fundamental é que apenas a cerveja é pasteurizadc
sendo, portanto, necessário que o recipiente, a tampa e o processo de enchimento sejar
sanitizados, para evitar contaminação posterior.
A pasteurização flash também é usada quando, por alguma razão, não se pode pasteurizar o
recipientes (tambores, recipientes de plástico etc.).
Turbidez
A turbidez está relacionada à estabilidade coloidal da cerveja. Existem dois tipos:
turbidez reversível (por razões físicas): depende da temperatura, aparece quando a cervej
é resfriada e desaparece quando a temperatura é aumentada:
250
turbidez irreversível: é decorrente dos complexos de proteína-taninos.
Os coloides são partículas dispersas, intermediárias entre uma solução física (homogênes
e uma mistura física (totaimente heterogénea). Podem ser macromoléculas isoladas ou um
associação de coloides (macromoléculas agrupadas como micelas, dependendo da solubilizaçãi
e das cargas elétricas),
O Micelas - são compostos formados por um agregado de moléculas, que podem adquiri
carga elétrica positiva ou negativa, dependendo do tipo de sistema em que se encontrem.
A turbidez pode ser medida por meio de três técnicas: passando um raio de luz através de um
amostra, medindo diretamente a luz que atravessa a cerveja ou calculando a refração da iuz na
partículas em suspensão.
Para analisar a estabilidade, realizam-se alguns testes, como, por exemplo, o armazenament
das amostras em condições definidas durante um período de tempo (0°C/40°C ou 0°C/60oC
fazendo um envelhecimento forçado.
Grão de amido 3 - 60 p
Trub quente 3 - 60 p
Fermento 30 - 90 p
Bactéria 0,5 - 40 p
Turbidez permanente 2- 10 p
N
* t
afinidade
, t
N
ta-i no
qp
d~o
o°
°&
O OOO
oOo
o
„
Q?P
°Oo C>1
ooo $£>
c O
o
*
o
Proteína Tanino Situação
excesso excesso balanceada
Como o primeiro fator que acelera a formação de turbidez é o oxigénio, ele deve estar sem
sob controle.
Métodos naturais
Métodos artificiais
Redução de taninos:
adsorção (PVPP).
Sem estabilização:
+rc 3 5 7
2°C 3 7 9
Com estabilização (100 g/hl sílica gel + 20 g/hl PVPP) em três semanas de lagering:
+2°C 14
2°C 25
Os pequenos cervejeiros utilizam ismg/oss, em alguns casos, para melhorar a maturação fria da
cerveja. As características comparativas principais desses estabilizantes estão descritas a seguir.
Sílica Gel
Doses de 15 a 70 g/h!. Atua sobre as proteínas.
Vantagens: absorvente seletivo para proteínas formadoras de turbidez. Nenhuma ação
253
adversa para espuma ou sabor. Rápida ação (menos de três minutos para xerogéis e menos
de quinze para hidrogéis). Pode-se usar em fermentação, ajudando a clarificação da cerveja.
PVPP
Doses de 5 a 50g/hl. Atua sobre os polifenóis.
Vantagens: baixo custo de estabilização, caso utilize regeneração. Não afeta aroma nem
sabor em dose normal.
•sabor
Desvantagens: não é seletivo. Alto quando se usa de forma descartàvei. Pode afetar
custo
e aroma se as doses forem excessivas (remoção de antioxidantes naturais). Necessita
de cervejas com baixa quantidade de levedura para que sua efetividade seja máxima. Não
atua como agente clarificante,
Isinglass
Dose de aproximadamente I g/hl. Atua sobre proteínas, taninos e levedura.
Vantagem: agente de sedimentação efetivo.
Desvantagens: sua ação deve ser completada por um agente estabilizador específico.
Dificuldades na preparação. Sua eficiência é afetada por Ca, lúpulo e pH. Caso seja usado
em excesso, produz um sedimento frouxo.
Micro-organismos
Existem alguns tipos de micro-organismos que podem contaminar a cerveja:
•porque
bactérias: são organismos unicelulares relativamente simples, denominados procariotas
seu material genético não está encerrado em uma membrana. Suas formas mats
comuns são em bastões (bacilos), esféricas (cocos) e cones. Podem formar pares, cadeias,
cachos ou outros agrupamentos (que geralmente são características de um gênero ou
espécie de bactéria em particular), possuem paredes celulares compostas, em grande
parte, por um complexo de hidrato de carbono e proteína chamado peptídoglicano e seu
mecanismo principal de reprodução se chama fissão binária;
Metabolismo
O termo metabolismo (do grego metabolé, que significa mudanças) refere-se a todos o;
processos bioquímicos que ocorrem no interior de uma célula. As células microbianas sãc
constituídas por muitas substâncias químicas, que aumentam sua quantidade proporcionalmentc
ao crescimento da célula. Esses elementos químicos básicos denominam-se nutrientes, provênr
do exterior e são transformados pela própria célula em suas partes características.
O processo pelo qual uma célula constrói seu novo material celular (a partir de nutriente:
simples tomados do meio exterior) é denominado anabolismo ou biossíntese. A biossíntese é unr
processo que requer energia e cada célula deve possuir os meios para gerá-la. A energia tambérr
é necessária para outras funções, como o movimento celular e o transporte de nutrientes
A figura a seguir mostra uma visão simplificada do metabolismo celular. Indica como as
reações de degradação fornecem a energia necessária para as funções celulares e como as
reações anabólicas conduzem a sínteses de componentes celulares a partir dos nutrientes.
No anabolismo, os nutrientes do meio exterior são convertidos em componentes celulares,
enquanto no catabolismo, as fontes de energia são convertidas em produtos descartáveis.
E
Energia Para a
Anabolismo
(biosUptese)
V
Catabolismo
icromoléculas e
tcps componentes
Crescimento celular
O crescimento de micro-organismos è uma parte integral de quase todos os processos de
fermentação. Conforme visto anteriormente, as bactérias se reproduzem por fissão binária
(produzindo duas células filhas iguais), enquanto que a duplicação de muitos fermentos se
produz normalmente por mecanismos de gemulação. Os fungos crescem por extensão das
hifas e a morfologia de seu micélio pode variar em função do meio ambiente.
Hifas - são os filamentos que formam o micélio dos fungos e o micobionte dos líquens. Sã<
longas células cilíndricas com vários núcleos (cenocíticas, nos Zygomycota) ou septadas.ma
onde cada célula pode ter vários núcleos.
DNA
N=N0.2n
portanto:
y Replicação do DNA N/N0=2n
Alargamento da célula
P
*3. T Formação do estrangulamento
2
& i 00
E
D Formação do estrangulamento
I
Separação de células
7
TEMPO INDIVÍDUOS
0 I
15 minutos 2
30 minutos 4
45 minutos 8
I hora 16
4 horas 65.536
Com relação à cerveja, pode-se dizer que, com uma concentração de bactérias Pediococcus por
mililitro, é produzido diacetil suficiente para ser detectado no sabor e já se observa turbidez.
Com isso, fica muito claro que, se for dada à contaminação a oportunidade de crescer, em
pouquíssimo tempo ela será enorme.
Uma fermentação descontínua (em batch) pode ser considerada um sistema fecha
tempo inicial (t = 0), uma solução nutritiva esterilizada foi inoculada com micro-organ
a incubação realizada sob condições ótimas, sem nenhum outro produto, exceto ar,
antiespumantes e ácidos ou bases para controlar o pH. Sob estas condições, a compoi
meio de cultura, a concentração de biomassa e a concentração de metabólitos, ger<
mudam continuamente como um resultado do metabolismo celular. Assim, são obs
quatro estágios típicos de crescimento:
3
lag exponencial estacionária morte
E
g
i 258 E
<rt
ót dN
dt
= IJN — dN
dt
= 0 -ÍÍL*
dt
kN
Tempo de cultivo
! fase de latência (fase lag): quando as células são transferidas de um meio para outr
crescimento não começa imediatamente, já que os micro-organismos devem adaptar-se
condições ambientais. A sua duração é variável, dependendo de várias circunstâncias, cc
exemplo, a quantidade ou condição fisiológica do inoculo (idade das células, danos etc.);
Contagem microscópica
É uma técnica comum, rápida e económica, que utiliza equipamentos facilmente disponíveis em
laboratórios de microbiologia, na qual as células são contadas diretamente realizando-se uma
observação microscópica. Para essa contagem, são geralmente utilizadas câmaras de contagens,
como a Petroff-Hausser ou Neubauer. 259
*ÿ
-t
( 0
4-
»
0 4
A amostra é colocada em uma grade que tem vinte e cinco quadrados grandes, uma área total
de I mm2 e um volume de 0,02mm3. Nesse tipo de observação microscópica, todas as células
são contadas. Usando-se contadores eletrónicos de partículas (dispositivos precisos que dão
resultados quase que imediatamente, fazem registo eletrónico e detectam o número e tamanho
das partículas), a dificuldade é que não há como distinguir células vivas de células mortas ou
partículas inertes de material insolúvel presente na cultura em suspensão.
Contagem microbiológica
Com este método, contam-se as células vivas ou viáveis, ou seja, aquelas que podem dividir-se
e dar lugar para sua descendência. A contagem pode ser feita de diferentes maneiras:
A figura a seguir mostra os métodos para a contagem de placa. Em quaisquer dos casos, J
260 amostra deve primeiro ser diluída.
MÉTODO DE SUPERFÍCIE
A placa ntKjlada é ncubada
,.T.\
MÉTODO EM PROFUNDIDADE
A placa e
r
r
A contagem viável pode ser usada em ambos os casos (superfície e profundidade) contando-H
as colónias que se desenvolvem depois da incubação das placas e multiplicando-as pela diluição:
realizada.
X" ~V VTV V V ;
AMOSTRA PARA
CONTAR
IMO
J J J|
I 1 00
(IO4)
IMO1
(IO4)
1/10*
(I0-)
IMO*
(IO1)
IMO1
(IO-1)
Diluição
Amostras
J l 1 l l I de I ml
@©0OO
mu tas colónias 159 17 2 0
colónias colónias colónias colónias
159
1X
IO1 1.59 X 10s
contagem fetor de Célu as (unidades
* dissolução formadoras de colónias)
A contagem de placas é muito precisa, uma vez que pode detectar com segurança a presença 261
de um número baixo de células viáveis em um volume grande de amostra. Os resultados são
expressos em UFC/ml (unidades formadoras de colónias por mililitro ou grama de amostra). A
técnica requer 24 —
48 horas para que as colónias se desenvolvam.
método do número mais provável (NMP): nesse caso, a contagem viável é realizada
utilizando meios líquidos. A amostra deve ser suficientemente diluída até se obter diluições
que contenham poucas células viáveis. Essas diluições são inoculadas (geralmente, I ml) em
um meio de cultura líquido, distribuído em tubos de ensaio. Após sua incubação, verifica-se
a presença ou a ausência de crescimento nos tubos. O valor do NMP é calculado contando-
se o número de tubos positivos e negativos para cada diluição inoculada e comparando-o
com uma tabela estatística.
i5 O-1© Colónias
típicas de
coliformes
Método direto
Determinação de peso seco celular: consiste em determinar o peso seco (conteúdo de sólidc
do material celular em um volume conhecido da cultura. Essa cultura é filtrada através de i
filtro que retém as células e, depois, secada até que o peso seja constante. O sistema n
diferencia as células vivas de mortas. No caso de fungos, o micélio é separado por filtração <
secado entre 80°C e I00°C, até atingir peso constante.
Método ótico
É amplamente utilizado na prática laboratorial diária. A base comum deste método consi:
em medir a quantidade de luz dispersa ou transmitida por meio de uma cultura bacteriana.
dispersão da luz é, dentro de determinados limites, proporcional à massa da cultura.
Em uma de suas experiências, Tyndall observou que uma sala cheia de fumo ou
262 poeira tornava visível um feixe de luz que entrasse pela janela.
Método químico
Em vez de medir a massa celular, pode-se determinar quimicamente, por exemplo, o nitrogê
total, o nitrogénio proteico e o conteúdo de DNA, já que as suas quantidades estão diretame
relacionadas com o crescimento celular. A massa celular pode, também, ser determin:
indiretamente por meio de medições de determinadas atividades metabólicas das células, co
o consumo de 02 para os micro-organismos aeróbios ou a liberação de C02 para mic
organismos anaeróbios.
Bactérias
As bactérias são as formas de vida mais antigas na Terra, habitam o planeta desde muito an
de qualquer outro ser vivo. As primeiras bactérias habitavam um mundo inóspito, desprov
de oxigénio, com temperaturas extremamente elevadas e altos níveis de radiação ultraviol
procedente do sol. As descendentes destas bactérias primogénitas vivem hoje em diferen
ambientes. A maioria tem apresentado modificações e não seria capaz de sobreviver nas dti
condições que caracterizaram a Terra primitiva. No entanto, outras não mudaram muitc
que, ainda hoje, algumas são capazes de crescer em temperaturas acima do ponto de ebuli
da água, viver em fontes termais e, inclusive, metabolizar enxofre nas fissuras hidrotermais
profundezas do fundo do mar.
A palavra bactéria deriva do grego, bakteria, que significa bastão, e é o nome que recebe os
organismos unicelulares microscópicos, que carecem de núcleo diferenciado e se reproduzem
por divisão celular simples. Eles são organismos simples e primitivos, que em muitas ocasiões
formam colónias ou filamentos. O seu material genético é uma molécula circular de DNA no
citoplasma e, mesmo possuindo ribossoma, carecem de organelas delimitadas por membrana,
característica típica dos eucariotas, tais como mitocôndrias, aparelho de Golgi etc. Nos
procariotas não se desenvolvem a mitose nem a meiose. Alguns podem ter flagelos, mas em
nenhum deles estão presentes os cílios.
263
No sistema de classificação atual de cinco reinos, as bactérias pertencem ao reino Moneras,
cujos membros são organismos procariontes, dos quais cerca de 1.600 espécies são conhecidas.
pela sua forma: em cocos (esféricas), bacilos (forma de bastonete) e espiroquetas e espirilos
(em forma de espiral);
de acordo com a estrutura da parede celular, pelo comportamento frente à coloração de Gram;
em função da necessidade ou não de oxigénio para viver (condições aeróbias ou anaeróbias,
respectivamente);
segundo suas capacidades metabólicas ou fermentadoras;
por sua capacidade de formar esporas resistentes quando as condições são adversas.
bacilos (em forma de bastonete, alongado) que, por sua vez, podem ter aspecto cilíndric<
fusiforme, em forma de massa etc., e extremidades arredondada (mais comum), quadrad;
chanfrada, fina;
espirilos: um eixo mais longo do que o outro, em forma de espiral com uma ou mais volts
de hélice;
vibriões: em forma de vírgula (espacialmente formam espiral com menos de uma volta c
hélice);
m outros tipos de formas como filamentos (ramificado ou não ramificado), anéis quai
fechados, com extensões (com apêndices).
264
esporos bacterianos
tf
cocos
diplococos bactéria
flagelada
estreptococos estafllococos
4 vibriões
espirilos
bacilos
V V
As bactérias normaimente multipl icam-se por fissão transversal simples. Em muitas espécies, as
células-filhas resultantes são afastadas pela ação de forças físicas (movimento browniano, corte,
correntes de convecção etc.) Em outros casos, as células filhas permanecem ligadas entre si,
quer seja porque o septo está incompleto ou devido à existência de camadas mucosas que as
mantêm juntas.
sc houver mais de um plano de divisão (como nos casos de cocos), existem três possibilidades:
Para tirar conclusões sobre as caracteristicas das bactérias, é preciso fazer o estudo a partir
da média, ou seja, dos resultados obtidos a partir de uma grande população de células e não de
um único indivíduo (o estudo de células bacterianas isoladas é possível, mas complicado). Em
geral, destacam-se as propriedades físicas e biológicas.
Propriedades físicas
São decorrentes do comportamento das bactérias como partículas coloídaís:
Propriedades biológicas
O pequeno tamanho determina uma elevada taxa de crescimento. A velocidade de entrar
de nutrientes e a saída de produtos residuais são inversamente proporcionais ao tamanf
das células e, por sua vez, essas taxas de transporte afetam a taxa metabólica. Portant
em geral, as bactérias crescem (multiplicam-se) rapidamente, porque as velocidades <
transporte são parcialmente dependentes da superfície da membrana disponível.
•A altamaioria dedoscrescimento
na
taxa permite que as células alcancem tamanhos maiores de populaç;
habitats microbianos, características que lhes permitem causar aiteraçõ
significativas nos parâmetros físico-químicos de um ecossistema em tempos relativamen
curtos.
266 Algumas das estruturas celulares dos procariontes serão apresentadas a seguir, com o objetr
de descrever os pilares que a compõem e analisar a sua organização em relação à função celul
que desempenham.
barreira osmótica: mantém constante o meio interno, impedindo a passagem livre de sai
compostos orgânicos polares;
limite metabolicamente ativo da célula: define a fronteira entre o protoplasto (região inter
da célula) e do ambiente externo, evitando a perda de metabolites e macromoléculas;
barreira seletiva: permite a passagem de substâncias graças a sistemas de transpor
impedindo a liberação de íons, metabólitos e macromoléculas, mas, simultaneamen
promove a entrada de nutrientes e a saída de excrementos ou moléculas excretadas;
— Peptidoglucano ] — Peptidoglucano
Membrana — Membrana
J- Periplasma
— Membrana externa
(lipopolissacarídeo e proteínas)
Na parede da célula bacteriana, há uma camada rígida que é a principal responsável por sua
resistência. Esta camada tem composição química muito semelhante tanto em bactérias Gram-
positivas como em Gram-negativas. 267
COLORAÇÃO DE GRAM
O -
Coloração diferencial é um processo de coloração que usa mais de um corante. Usando-
se múltiplos corantes, pode-se distinguir entre distintos micro-organismos ou estruturas e
componentes celulares de um mesmo organismo ou de suas diversas células.
I. realiza-se um esfregaço em uma lâmina de vidro com uma amostra de vários tipos de bactérias
fixadas pelo calor. Nessa etapa, o esfregaço é misturado com um primeiro corante chamado
cristal violeta ou violeta:
2. coloca-se uma solução de iodo (iodo-iodeto), que atua como um mordente, formando um
verniz relatívamente resistente com a cor violeta;
Vale destacar que o tamanho de uma colónia não depende só das espécies, mas também da
composição do meio e das condições físicas e ambientais. Por isso, ao descrever uma nova
colónia de certa espécie bacteriana, deve-se especificar as condições de cultura.
Os caracteres que podem ser vistos a olho nu ou com ajuda de uma lente de aumento são:
tamanho: variável nas diferentes espécies. Ao falar sobre o tamanho de uma colónia,
entende-se que ela provém de uma única célula ou de muito poucas semeadas em um único
ponto;
bordas: inteiras, filamentosas, erodidas, ondulada, lóbulos, serrilhas torcidas, ramificada; 269
estrutura interna: uniforme, finamente granular, granular, filamentosa, entrelaçada,
filamentosa arborescente;
consistência: amanteigada, viscosa, membranosa, frágil etc.
ELEVAÇÃO
BORDA
K
Inteiro
h. K
Filamentoso Ondulado Serrado Lobulado
FORMA
0$
Puntiforme
m
Círculo Filamentosa Irregular
fc
Rizoide Fusiforme
Os dois tipos mais comuns de contaminação são causados por bactérias ou por levedur*
selvagens. Nem todos os contaminantes produzem efeitos observáveis sobre a cerveja, send
somente detectados por testes microbiológicos. Porém, alguns micro-organismos, chamadc
de deteriorantes, podem produzir um efeito visível sobre a cerveja.
LEVEDURAS SELVAGENS
São aquelas que não pertencem à própria linhagem de levedura da cerveja que está senc
produzida. Podem ser do gênero Saccharomyces ou de outros gêneros, que não o cerevisiae.
são aeróbicas;
são anaeróbias facultativas;
podem competir pelos mesmos nutrientes;
270 podem absorver nutrientes da levedura da cerveja (estes são os mais perigosos);
produzem uma grande variedade de sabores.
Aquelas que pertencem a um gênero distinto podem ser detectadas de diversas form
aparência microscópica, morfologia das colónias, crescimento em meio seletivo, e formaç
de esporos.
4. ácido tartárico: leveduras Lager não crescem com uma adição de 1,5% de ácido tartárico;
7. imunofluorescência.
0 quadro a seguir mostra diferentes tipos de meios de cultura usados para a detecção de
leveduras selvagens.
MEIOS DE CULTURA
Saccharomyces
cerevisiae var. Gostos fenólicos.
Ellipsoideus
íP
Gj
Apesar disso, alguns contaminantes da cerveja produzem metabólitos que tornam a cerveja
insuportável de ser tomada (do ponto de vista organoléptico), como, por exemplo, pectinatus (odor
de ovo podre e de ácidos orgânicos) ou megasphaera (cheiro de vómito e de ácidos orgânicos).
Embora atualmente não haja patògenos conhecidos que sobrevivam na cerveja, pela qualidade
da produção e estabilidade de sabor obtida, devem-se tomar todas as precauções necessárias
para manter a higiene e limpeza da fábrica e do produto.
Os contaminantes mais habituais de cerveja são as catalases negativas. O teste pode ser feito
por meio da adição de uma amostra de colónia de bactérias cultivadas em gotas de água
oxigenada, verificando-se se esta se desprende imediatamente (catalase positiva) ou permanece
como estava (catalase negativa).
Os ambientes do mosto e da cerveja são muito diferentes entre si e, por isso, admitem
diferentes contaminações. As diferenças entre os dois meios são:
As bactérias são microrganismos diferentes das leveduras, por isso, quando presentes são mais
fáceis de serem reconhecidas. Observando tamanho e forma, em um microscópio, pode-se
diferenciar facilmente bactérias de leveduras. O difícil pode ser descobrir se a diferença entre
as quantidades de bactérias e leveduras é muito elevada.
acetobactérias: têm forma entre bacilo e elipsoidal, são aeróbios com reação positiva ao
teste de catalase. Podem ser móveis ou não móveis. Oxidam os açúcares e álcoois e dão
resultado negativo ao teste de oxidase;
m gluconobactérias: têm forma de bacilo elipsoidal, são aeróbios, mas requerem menos
oxigénio do que acetobactérias; são catalase negativa e oxidase positiva. Oxidam os açúcares
e álcoois. Em cerveja ou em meios líquidos, formam películas.
274
f •
Os bacilos podem ser: aeróbios (obrigados ou obrigatórios), anaeróbios (obrigados
ou obrigatórios) ou anaeróbios facultativos (tem ambas as atividades, aeróbicas e
anaeróbicas).
Enterobacteriaceae
São bacilos anaeróbios facultativos. Dão resultado positivo no teste de catalase e negativo no
de oxidase. A maior parte deles não sobrevive ao pH da cerveja. Destacam-se:
klebisiella: são bacilos sozinhos ou em pares, encapsulados. São inibidos pelo álcool e o baixo
pH. Contaminantes do mosto, dão sabores fenólicos e produzem DMS.
Pectinatus
'
São bacilos curvos, anaeróbios obrigatórios (difíceis de crescer em laboratório pela forma
, de cultivo), não têm bom crescimento em atmosfera de COr Produzem ácido acético, ácido
propiônico, acetona e sulfeto de hidrogénio. Dão gosto, turbidez e cheiro de vinagre, ácidos
orgânicos e cheiro de ovo podre.
Megasphara
Contaminantes de mosto e cerveja. Produzem o ácido butírico, ácido caproico, ácido acético,
valérico, isovalérico e acetona. Dá à cerveja contaminada um cheiro de vómito.
bacilos longos;
catalase negativa;
Grom-positivos;
não esporulam;
não possuem mobilidade.
Os pediococos são o segundo contaminante mais importante da cerveja. São divididos em planos
perpendiculares, formando tétrades e são homofermentativos, ou seja, produzem principalmente
ácido láctico. São contaminantes de mosto e cerveja, produzindo desde finos sedimentos a
importante turbidez, podem causar sabores e aromas a diacetil em concentrações tão baixas
como 10.000 bactérias por mililitro. Podem ser identificados por suas principais características:
m
f
Existem outros contaminantes não tão frequentes, que são os leuconostocos e os bacillus.
cadeias curtas;
catalase negativa;
Gram-positivos;
bom crescimento na presença de oxigénio, em geral.
Os bacillus são bactérias que formam esporas, são resistentes ao calor e podem afetar o mosto
durante a maceração, causando uma maceração ácida. Suas esporas podem sobreviver um
curto período de tempo na cerveja (e pasteurização), mas não podem crescer e sobreviver no
pH da cerveja. Podem ser identificados por suas principais características:
bacilos longos;
catalase positiva;
Gram-positivos;
formação de esporas;
a C02: muitas bactérias são inibidas pela atmosfera de dióxido de carbono. A cerveja
engarrafada, normalmente, tem uma atmosfera de cerca de 100% de C02, e está sob alta
pressão (2 a 3 atmosferas). Essa elevada pressão de C02 inibe muitas bactérias Gram-
negativas (Pseudomonas) e algumas Gram-positivas (tais como Bacillus e Staphilococos);
álcool: cervejas normais e as light possuem uma concentração de álcool suficiente para
inibir a maioria das bactérias patogênicas. As cervejas sem álcool não têm essa proteção,
por isso, se outros fatores estiverem envolvidos (pH, ar), poder-se-á ter as condições para
suportar melhor o crescimento de patógenos, pasteurizando-se mais fortemente esse tipo
de cerveja do que as cervejas regulares;
ambiente anaeróbio: a levedura tira todo o oxigénio do mosto em poucas horas, produzindo
um ambiente anaeróbico desde uma fase muito precoce na fermentação. Isso elimina
os aeróbios obrigados (incluindo muitas bactérias, fungos e leveduras). Os anaeróbios
facultativos, geralmente, preferem um meio aeróbio, não crescem bem em um ambiente
anaeróbico e com nutrientes esgotados. Permitir a entrada de oxigénio na cerveja aumenta
o risco de potenciais agentes patogênicos;
LIMPEZA
É a remoção de sujeira, o que
resulta em uma suprficie limpa.
mas com presença de
micro-organismos.
Utilizam-se detergentes.
SANITIZAÇÃO
São procedimentos para
ESTERILIZAÇÃO
fazer decrescer o número Trata-se da eliminação
de micro-organismos total de contaminantes.
a níveis aceitáveis. Utilizam-se esterilizantes
Utilizam-se sanitizantes.
ic;
LIMPEZA
Os detergentes são substâncias utilizadas para ajudar na limpeza, que têm as seguintes
propriedades: 279
emulsificante: têm uma parte polar e uma não polar, o que ajuda as substâncias não polares
a poderem ser emulsionadas em água (a água dissolveria as substâncias polares);
umidade: molham a superfície reduzindo a tensão superficial, permitindo chegar-se a lugares
menores e de difícil acesso;
dispersasse a sujeira;
peptizasse as proteínas;
SANITIZAÇÃO
Esse é um processo importante das cervejarias, que tem como objetivo evitar a contaminação
e deterioração da cerveja em qualquer etapa de produção. O desempenho de um sanitizante
é afetado pelos seguintes fatores: tempo de contato, temperatura, concentração, tensão de
superfície, número ou quantidade de organismos presentes, pH, presença de matéria orgânica,
íons metálicos e todo tipo de micro-organismos.
Os sanitizantes mais comuns podem ser agrupados de acordo com o seu principal mecanismo
de ação em três tipos diferentes: sanitizantes de calor, oxidantes e com ação superficial.
I. Sanitizantes de calor: geralmente vapor ou água quente. São desinfetantes caros, que afetam
a elasticidade e o envelhecimento de borrachas e plásticos dos equipamentos (normalmente
os selos). Para ter eficáda, seu uso deve ser monitorado, enquanto se mantém a temperatura
elevada.
281
2. Sanitizantes oxidantes: são compostos químicos com ação oxidante que destroem os micro-
organismos. Os mecanismos de ação mais comuns são:
à base de cloro: muito bom contra uma variedade de bactérias (muitas vezes, usado como
água potável); sua ação principal é a oxidação de proteínas e enzimas; é inibido por matéria
orgânica; pode ser corrosivo para o aço inoxidável; somente é eficaz para pH próximo
a 7; pode-se utilizar a 200 ppm durante cinco minutos e, em seguida, lavar com água (os
seus restos são prejudiciais para o processo). Exemplo: hipoclorito de sódio (mistura de
hidróxido de sódio e cloro);
iodóforo (com base na ação oxidativa do iodo): geralmente, uma combinação de iodo com
umectantes e condicionadores ácidos (normalmente ácido fosfórico); tem ação rápida
contra uma grande variedade de organismos; funciona realizando a iodação de proteínas; é
relativamente não-tóxico, não-irritante e estável; é mais eficaz do que o cloro; é inativado por
matéria orgânica; executa a oxidação da parede celular; é ácido (ligeiramente a fortemente
ácido); em geral, é utilizado em uma concentração de aproximadamente 25 ppm de iodo.
à base de água oxigenada (peróxido de hidrogénio): são produtos baseados no efeito
oxidante da água oxigenada; têm uma rápida ação sanitizante; seus produtos de degradação
sao inofensivos (água e oxigénio); funcionam realizando a oxidação da parede celular; em
geral, vêm combinados com ácidos para aumentar sua efetividade, sendo mais comumente
utilizado o chamado ácido peracético, cuja decomposição se dá em peróxido de hidrogénio
e ácido acético.
• compostos de
atuam na
amónio quaternário: são muito efetivos contra bactérias Grom-negativas;
superfície, rompendo a membrana das células: são não tóxicos; são estáveis;
prejudicam a espuma da cerveja e podem afetar os tratamentos microbiológicos dos
afluentes;
compostos ácido-aniônicos: têm atividade muito rápida contra a maioria dos micro-
organismos, não são afetados pela dureza da água; sua atividade decresce com o aumento
do pH.
282
CRÉDITOS DE IMAGENS
Imagem da capa - Instalações do CTS Alimentos e Bebidas - Vassouras
Foto: Diego Mello.
Página 12 - Cevada do plantio até a colheita Fonte: Cooperativa Agrária.
Foto: Frank Nohel.
Página 1 5 Cevada germinada - Fonte: Cooperativa Agrária.
Foto: Frank Nohel.
Página 18 - Plantação de lúpulo - Fonte: Cooperativa Agrária.
Fotos: Frank Nohel.
-
Página 20 Lúpulo inteiro Fonte: Cooperativa Agrária.
Foto: Frank Nohel.
Página 20 - Lúpulo em pellets - Fonte: CTS SENAI/RJ Alimentos e Bebidas - Vassouras.
Foto: José Gonçalves Antunes
Página 50 - Silo de malte Fonte: Cooperativa Agrár a.
Foto: Frank Nohel.
Página 51 - Umidificador de malte - Fonte: Cooperativa Agrária.
Foto: Frank Nohel.
Página 52 - Caixas de germinação Fonte: Cooperativa Agrária.
Foto: Frank Nohel.
283
Página 61 - Secador de malte - Fonte: Cooperativa Agrária.
Foto: Frank Nohel.
Página 99 - Caldeiras de fervura Fonte: CTS SENAI/RJ Alimentos e Bebidas Vassouras. -
Fotos: José Gonçalves Antunes.
Página 108 - Grãos de amido de milho e Grãos de amido de arroz - Fonte: Manual Cervecero.
Página 127 - Tina de clarificação Fonte: CTS SENAI 'RJ Alimentos e Bebidas - Vassouras.
Fotos: José Gonçalves Antunes.
Página 150 Formação da gema: 85 e BirS - Fonte: Manual Cervecero.
Página 204 - Microscopia de floculação da levedura - Fonte: Manual Cervecero.
Página 272 - Cândida intermediária, Debaromyces e Schizosaccharomyces Fonte: Manual Cervecero.
CRÉDITOS DE ESQUEMAS
Página 11 - Vista superior diferenciando a cevada de duas fileiras da cevada de seis fileiras Fonte: Livro
-
Programa de Atualização Tecnológica de Docentes do SENAI Módulo II Tecoologia de Alimentos:
Conceitos Gerais, 2008.
Página 36 - Esquema de tratamento de água para uma indústria de cerveja - Fonte: Livro Programa de
Atualização Tecnológica de Docentes do SENAI - Módulo II - Tecnologia de Alimentos: Conceitos
Gerais, 2008.
Página 98 - Curva de condução de brossagem Fonte: Curva de mosturação para produção de Cerveja
Pitsen, na planta piloto do SENAf/RJ.
Página 131 - Esquema do processo FERMAT de condução de fermentação e maturação - Fonte: Livro
Programa de Atualização Tecnológica de Docentes do SENAI, Módulo II, Tecnologia de Alimentos:
Conceitos Gerais, 2008.
Coordenação do projeto
Ana Beatriz Lima Guedes Monteiro
Lilian Guerreiro de Carvalho
Elaboração
Martin Boan
Diego Collini
Carolina Perez
Revisão Técnica
Gustavo Henrique Palhares de Miranda
Frank Nohel
Design Educacional
PHX Consultoria
284
Revisão Ortográfica e Gramatical
Fiávia Falcão Pires da Venda
PHX Consultoria
Normalização
Biblioteca do Sistema FIRJAN