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de
MATEMÁTICA I
2009/2010
Carlos Leal
2
Capı́tulo 1
Funções
1.1 Generalidades
Nesta secção iremos rever alguns conceitos fundamentais sobre funções. Serão
recordadas algumas noções que caracterizam as funções e que serão usadas
ao longo do curso.
3
dando uma expressão para f (x).
f : R→R
x → x2
Grf = {(x, x2 ) : x ∈ R}
4
Exercı́cio 1.1 Faça um esboço dos gráficos das funções abaixo definidas:
a) f : R → R b) f : [0, +∞[ → R
x → x x → x2
c) f : [−2, +2][ → R
√
x → 4 − x2
Isto significa que há dois pontos do domı́nio de f que têm a mesma
imagem. Logo a função não é injectiva.
Observação 1.2 Veremos mais tarde a importância desta noção para a de-
finição de função inversa.
5
Função sobrejectiva
∀y ∈ R, ∃x ∈ A : f (x) = y.
Função par
f (−x) = f (x) , ∀x ∈ A.
O gráfico de uma função par é simétrico em relação ao eixo dos yy.
Para que se possa falar em função par é necessário que o domı́nio de f
seja simétrico em relação à origem para que façam sentido f (x) e f (−x).
A função do exemplo 1.1 é par.
Função ı́mpar
f (−x) = −f (x) , ∀x ∈ A.
O gráfico de uma função ı́mpar é simétrico em relação à origem.
6
Função monótona
a) f : R → R b) f : [0, +∞[ → R
x → x2 x → x2
c) f : R → R d) f : ] − ∞, 0] → R
x → x3 x → x2
Função limitada
Função periódica
f (x + α) = f (x).
A um tal α chamamos perı́odo de f . Ao menor α positivo nestas condições
chamamos perı́odo fundamental. Se nada for dito em contrário, daqui por
diante chamaremos perı́odo de f ao perı́odo fundamental.
7
Observação 1.5 Se uma função for periódica de perı́odo α basta conhecer
a função num intervalo de comprimento α para se saber o que se passa em
todo o R
Sin@xD
1
0.5
x
-3 -2 -1 1 2 3
-0.5
-1
f : R→R
sin x
x → tg x = cos x
cujo domı́nio é
π
Dtg = {x ∈ R : cos x 6= 0} = R − { + kπ, k ∈ Z}
2
é periódica de perı́odo π. O gráfico da restrição desta função ao intervalo
] − π2 , π2 [ está representado na figura abaixo
tg x
x
-1.5 -1 -0.5 0.5 1 1.5
-2
-4
8
1.1.4 Composição de funções
f og(x) = f (g(x)).
f og(x) = 4x2 + 4x + 1
enquanto que
a) f (x) = 3x + 1, g(x) = x2 ;
b) f (x) = ex , g(x) = x2 + 1.
f −1 (f (x)) = x, ∀x ∈ A
f (f −1 (y)) = y, ∀y ∈ B.
9
Exemplo 1.7 Seja
f : [0, 1] → R
x → 2x2 .
Neste caso A = [0, 1] e B = [0, 2]. A função f −1 tem domı́nio [0, 2] e con-
tradomı́nio [0, 1]. Em termos geométricos é muito simples definir a imagem
f −1 (y) para qualquer valor y entre 0 e 2.
Vejamos agora qual o processo a seguir, num caso geral, para determinar
a expressão analı́tica de f −1 .
• Escrevemos y = f (x).
• Escrevemos y = 2x2 .
py
• Resolvendo esta equação anterior em ordem a x obtemos x = ± 2
.
Como x > 0, escolhemos r
y
x= .
2
• Obtemos então r
x
f −1 (x) = .
2
10
Exercı́cio 1.9 Calcule a função inversa de cada uma das seguintes funções:
a) f : R −→ R
;
x 7−→ x3 + 3
b) f : [0, 2] −→ R
.
x 7−→ x2 + 1
Observação 1.6 Como f (a) = b ⇔ f −1 (b) = a, podemos afirmar que
(a, b) ∈ Gr f ⇔ (b, a) ∈ Gr f −1 .
Concluı́mos então que os gráficos de f e de f −1 são simétricos em relação
à recta de equação y = x.
Exemplo 1.8 Para a > 0 considere-se a função exponencial de base a defi-
nida por
f : R → R
x → ax .
Como se pode observar através da figura que se segue onde estão represen-
tados os gráficos da função exponencial nos casos em que a > 1 e a < 1,
esta função é injectiva. Vamos definir a sua inversa f −1 e chamar-lhe loga .
4
-2 -1 1 2
Teremos então
loga x = y ⇔ ay = x.
Usando a informação anterior sobre a relação existente entre os gráficos
duma função e da sua inversa podemos concluir que, no caso em que a > 1
o gráfico de loga tem a seginte forma:
2 4 6 8 10
-1
-2
Exercı́cio 1.10 Faça um esboço dos gráficos das funções do exercı́cio 1.9,
bem como das respectivas inversas.
11
1.2 Limites
A noção de limite duma função dá-nos alguma informação sobre a função
nas vizinhanças dum dado ponto.
Por definição, diremos que
lim f (x) = L
x→a
12
Exercı́cio 1.11 Para a função f representada na figura seguinte, determine,
caso existam:
(a)lim f (x); (b) lim f (x); (c) lim+ f (x); (d) lim− f (x); (e)lim f (x).
x→0 x→−1 x→1 x→1 x→1
lim+ f (x) = L
x→a
lim f (x) = L ⇔ e
x→a
lim f (x) = L
− x→a
Observação 1.7 Se os limites laterais lim+ f (x) e lim− f (x) forem diferen-
x→a x→a
tes então não existe lim f (x)
x→a
Exemplo 1.10 Desta observação concluimos que não existe lim f (x) para a
x→1
função definida no exemplo 1.9.
13
Se uma função estiver definida nas vizinhanças de a, excepto possivel-
mente em a, diremos que
lim f (x) = +∞
x→a
lim f (x) = +∞; lim− f (x) = −∞; lim f (x) = 3; lim f (x) = 0
x→0+ x→0 x→−∞ x→+∞
14
Exercı́cio 1.13 Esboce o gráfico de uma função f que satisfaça as seguintes
condições:
lim f (x) = −∞, lim f (x) = 1, lim f (x) = 0,
x→0− x→0+ x→2−
Sejam c uma constante real e f, g duas funções tais que lim f (x) e lim g(x)
x→a x→a
existem, e são finitos. Nestas condições
1.
lim (f + g)(x) = lim f (x) + lim g(x)
x→a x→a x→a
2.
lim (c.f )(x) = c. lim f (x)
x→a x→a
3.
lim (f × g)(x) = lim f (x) × lim g(x)
x→a x→a x→a
4.
f lim f (x)
lim ( )(x) = x→a , se lim g(x) 6= 0
x→a g lim g(x) x→a
x→a
5.
lim (f (x))n = (lim f (x))n , n∈N
x→a x→a
6. p q
n
lim f (x) = n lim f (x)
x→a x→a
15
Exemplo 1.12 Da observação anterior podemos concluir que
x2 + x − 2 0
lim 3
= = 0.
x→1 x +3 4
Exercı́cio 1.14 Sabendo que lim f (x) = −3, lim g(x) = 0 e lim h(x) = 8,
x→a x→a x→a
calcule:
p 1 2f (x)
(a) lim [f (x)]2 (b) lim 3 h(x) (c) lim (d) lim
x→a x→a x→a f (x) x→a h(x) + 4f (x)
(x4 + x2 − 6)
(a) lim (x3 + 2)(x2 − 5x) (b) lim
x→3 x→1 (x4 + 2x + 3)
√
(c) lim (t + 1)9 (t2 − 1)
2
(d) lim− 16 − x2
t→−2 x→4
Exercı́cio 1.16 Dê um exemplo de duas funções f e g tais que nem lim f (x)
x→0
nem lim g(x) existam, e no entanto:
x→0
(a) lim [f (x) + g(x)] existe (b) lim [f (x) × g(x)] existe.
x→0 x→0
Teorema 1.1 Se f e g são duas funções tais que f (x) ≤ g(x), nas vizi-
nhanças de a, excepto possivelmente em a e existirem
então
lim f (x) ≤ lim g(x).
x→a x→a
16
Como consequência deste resultado podemos afirmar que se f, g e h são
funções tais que
f (x) ≤ g(x) ≤ h(x)
nas vizinhanças de a, excepto possivelmente em a, e
(d) lim x2 f (x) = 0, sendo f (x) tal que −c ≤ f (x) ≤ c, ∀x ∈ IR, e c > 0.
x→0
Limites no infinto
17
Duma forma rigorosa poderemos escrever:
1.3 Continuidade
A continuidade é uma noção local e está relacionada com a noção de limite.
Por definição diremos que uma dada função real de variável real f é contı́nua
num ponto a ∈ Df se
lim f (x) = f (a).
x→a
18
Exercı́cio 1.19 Faça o esboço do gráfico duma função onde possamos en-
contrar pontos de descontinuidade. Essas descontinuidades deverão traduzir
o que foi referido na observação anterior.
19
Exercı́cio 1.21 Interprete geometricamente este resultado.
Observação 1.11 Este resultado pode ser usado para localizar raı́zes de po-
linómios. Por exemplo, é fácil de ver que, considerando
f (x) = 2x3 − x2 + 2x − 1
se tem
f (0) = −1 e f (1) = 2.
Podemos então afirmar que existe um valor a entre 0 e 1 tal que f (a) = 0.
Isto significa que o polinómio
2x3 − x2 + 2x − 1
2 sin x = cos x
tem pelo menos uma solução no intervalo [0, π2 ].
Com efeito, considerando a função f definida por
2 sin a = cos a.
Exercı́cio 1.22 Use o Teorema do Valor Intermédio para mostrar que existe
uma raı́z da equação dada no intervalo especificado:
(c) f (x) = x, no intervalo [0, 1], onde f é uma qualquer função continua
que verifique f (x) ∈ [0, 1] para x ∈ [0, 1].
20
π 3π
Exercı́cio 1.23 Seja£ π f3π(x)
¤ = tan(x). Embora f ( 4 ) = 1 e f ( 4 ) = −1, não
existe nenhum x ∈ 4 , 4 tal que f (x) = 0.
Será que este facto contraria o Teorema do Valor Intermédio?
Justifique.
1.4 Derivadas
1.4.1 Motivação
Tangente
Se considerarmos o gráfico duma função f e quisermos determinar a tan-
gente C ao gráfico de f no ponto P ≡ (a, f (a)) podemos começar por consi-
derar um ponto Q ≡ (x, f (x)) com x 6= a e determinar a inclinação da recta
secante P Q. Este declive é dado por
f (x) − f (a)
mP Q = .
x−a
Deslocando Q sobre o gráfico para junto de P vamos obtendo valores
diferentes para mP Q . Se à medida que aproximarmos Q de P , mP Q convergir
para um certo valor m, definiremos a tangente ao gráfico de f no ponto
P ≡ (a, f (a)) como a recta que contém esse ponto e tem declive m.
21
Definimos então
f (x) − f (a)
m = lim
x→a x−a
e a recta tangente ao gráfico de f no ponto P ≡ (a, f (a)) por
y = m(x − a) + f (a).
Exemplo 1.16 Seja f a função real de variável real definida por f (x) = 2x2 .
Então y = 4x − 2 é uma equação da recta tangente ao gráfico de f no ponto
P (1, 2).
Com efeito,
Velocidade
f (a + h) − f (a)
.
h
Se diminuirmos o intervalo de tempo, isto é, se fizermos h tender para
zero, temos a velocidade instantânea v(a) dada por
f (a + h) − f (a)
v(a) = lim .
h→0 h
22
1.4.2 Definição
f (x) − f (a)
f 0 (a) = lim
x→a x−a
ou, considerando x − a = h,
f (a + h) − f (a)
f 0 (a) = lim
h→0 h
se este limite existir.
f (x + h) − f (x)
f 0 (x) = lim
h→0 h
caso este limite exista. Podemos assim definir uma nova função que denota-
remos por f 0 chamada derivada de f .
Considerando a notação y = f (x) é usual encontrar na literatura
dy df
f 0 (x) ≡ y 0 (x) ≡
(x) ≡ (x).
dx dx
Diremos que f é diferenciável num intervalo ]a, b[ se existir f 0 (x) em todos
os pontos x de ]a, b[.
23
Exemplo 1.17 A função real de variável real f definida por f (x) = |x| é
diferenciável em R − {0}.
Com efeito,
para x > 0
f (0 + h) − f (0)
lim .
h→0 h
Com efeito,
|h| |h|
lim+ =1 e lim− = −1.
h→0 h h→0 h
Concluimos então que
1, se x > 0
f 0 (x) =
−1, se x < 0
Prova: Como
f (x) − f (a)
f (x) − f (a) = .(x − a)
x−a
teremos
f (x) − f (a)
lim (f (x) − f (a)) = lim . lim (x − a) = f 0 (a) × 0 = 0.
x→a x→a x−a x→a
24
ATENÇÃO! O recı́proco não é verdadeiro. A função real de variável
real f definida por f (x) = |x| é contı́nua em zero mas não é diferenciável em
zero.
Exercı́cio 1.28 Dê exemplo de uma função contı́nua que não seja derivável:
1. em exactamente um ponto;
3. em infinitos pontos.
Exercı́cio 1.29 Seja f uma função derivável em [−1, 1] tal que f 0 (0) = 2.
Sendo g a função definida por
g : [− π2 , π2 ] → R
x → f (sin x)
calcule g 0 (0).
25
Exemplo 1.19 Se a função real de variável real F é definida por
F (x) = esin x . Então
Exercı́cio 1.30 Calcule a derivada das funções definidas pelas seguintes ex-
pressões:
2
(a) sin x2 ; (b) ecos x ; (c) esin x ;
p sin x+ex
(d) 5
(x2 + 1); (e) x
; (f ) log (sin x);
¡ ¢3
(g) earctan x ; (h) t − 1t 2 .
Derivação implı́cita
y = f (x).
Isto é, estudámos processos para determinar y 0 (x) através do conheci-
mento explı́cito de y como função de x. Pode, no entanto, acontecer que a
função y = y(x) seja definida duma forma implı́cita, por uma relação envol-
vendo x e y.
Por exemplo, se x e y estiverem relacionados através da equação
x3 + y 3 = 6xy
constatamos que não é fácil obter y como função de x. No entanto, se ad-
mitirmos que y = f (x) é uma função que verifica esta relação para todos os
valores de x num certo domı́nio D, podemos concluir que se verifica
2y − x2
y0 = .
y 2 − 2x
26
A expresão de y 0 é dada em função de x e de y. Poderemos então calcular
a derivada da função y em qualquer ponto do gráfico.
Se, por exemplo, estivessemos interessados em determinar uma equação
da recta tangente à curva definida por x3 + y 3 = 6xy no ponto (3, 3), bastava
calcular
6−9
y 0 (3) == −1
9−6
e obtinhamos a seguinte expressão para uma equação da recta tangente:
y = −x + 6
cos(x + y) + y 2 sin x
y0 =
2y cos x − cos(x + y)
dy
Exercı́cio 1.31 Calcule dx
nos seguintes casos:
1. x3 + y 3 = 6xy.
27
1.4.3 Funções trigonométricas inversas
0.5
-0.5
-1
Uma vez que as funções seno e arcosseno são inversas uma da outra,
teremos
arcsin (sin x) = x, − π2 ≤ x ≤ π
2
sin(arcsin x) = x, −1 ≤ x ≤ 1.
28
O gráfico desta função obtém-se por simetria em relação à recta y = x do
gráfico da restrição da função seno anteriormente definida.
1.5
0.5
-1 -0.5 0.5 1
-0.5
-1
-1.5
Da relação
π π
arcsin x = y ⇔ sin y = x, − ≤y≤ ,
2 2
obtemos, usando a técnica da derivação implicita,
y 0 cos y = 1
ou seja,
1 π π
y0 = , y ∈] − , [
cos y 2 2
Como neste intervalo cos y > 0, da identidade fundamental da trigonometria
obtemos q √
cos y = 1 − sin2 y = 1 − x2 .
Substituindo este valor na expressão da derivada encontrada anteriormente
teremos
1
y 0 ≡ (arcsin x)0 = √ , x ∈] − 1, 1[.
1 − x2
arccos
De forma análoga ao que foi feito para a função seno, podemos considerar
a restrição da função cosseno ao intervalo [0, π]. Obtém-se assim uma função
injectiva que poderá então ser invertida. A sua inversa será denotada por
arcos. Esta função será definida por
arcos x = y ⇔ cos y = x, 0 ≤ y ≤ π.
29
3
2.5
1.5
0.5
-1 -0.5 0.5 1
Exercı́cio 1.32 Prove, de forma análoga ao que foi feito no caso da função
arcsin, que
d 1
(arcos x) = − √ , x ∈] − 1, 1[.
dx 1 − x2
arctg
Se considerarmos a restrição da função tangente ao intervalo ] − π2 , π2 [
podemos também definir a sua inversa que será representada por arctg.
À semelhança do que foi feito anteriormente será definida por
π π
arctg x = y ⇔ tg y = x, −
<y< .
2 2
O gráfico desta função encontra-se na figura abaixo.
1.5
0.5
-10 -5 5 10
-0.5
-1
-1.5
30
Observação 1.14 Alguma atenção será dada às chamadas funções hiperbólicas,
definidas a partir da função exponencial, cujas propriedades e respectivos
gráficos aparecerão como complemento destas notas
∆y = f (x2 ) − f (x1 ).
Ao quociente
∆y f (x2 ) − f (x1 )
=
∆x x2 − x1
chamamos taxa média de variação de y em relação a x, no intervalo [x1 , x2 ].
Ao limite da taxa média de variação quando o incremento de x tende
para zero chamamos taxa instantânea de variação de y. Verificamos que não
é mais do que a derivada de y relativamente a x.
As chamadas taxas de variação relacionadas surgem para determinar a
taxa de variação duma dada grandeza, sabendo a taxa de variação da outra,
partindo duma equação que relacione essas grandezas.
Suponhamos que se enche um balão esférico e que o seu volume cresce a
uma taxa de 100cm3 /m.
Suponhamos que estamos interessados em determinar a taxa de variação
do raio quando o diâmetro é 50 cm.
Representando a função volume por V (t) e a função raio por r(t), sabemos
que estas grandezas estão relacionadas por
4
V (t) = π(r(t))3 .
3
Derivando obtemos uma relação entre a taxa de variação de V e a taxa
de variação de r
dV dr
(t) = 4πr2 (t).
dt dt
Daqui podemos exprimir a taxa de variação de r em função da taxa de
variação de V .
dr 1 dV
(t) = (t).
dt 4πr2 dt
31
Se o diâmetro do balão é 50 cm então r = 25 cm e teremos
dr 1 dV 1 1
(t25 ) = 2
(t25 ) = 2
100 = .
dt 4π(25) dt 4π(25) 25π
32
Observação 1.15 O que fazemos é aproximar f por um polinómio do pri-
meiro grau. Veremos mais adiante que é possı́vel melhorar esta aproximação
usando polinómios de grau superior.
Diferenciais
O não conhecimento explı́cito da função traz algumas dificuldades na
determinação da variação da função.
Se tivermos y = f (x), representaremos por dx (diferencial de x) uma
variável independente, isto é, dx pode tomar um valor qualquer.
A diferencial dy é dada por dy = f 0 (x)dx.
33
Teremos
z
= f 0 (x) ⇒ z = f 0 (x)∆x
∆x
Se considerarmos ∆x = dx teremos z = f 0 (x)dx ou seja z = dy.
Para valores de x pequenos concluı́mos que dy é uma boa aproximação
de ∆y, isto é,
dy ≈ ∆y.
Exemplo 1.23 O valor encontrado ao medirmos o raio duma esfera foi de
21 cm. Sabendo que o erro máximo da medição é de 0.05 cm, determine o
erro máximo cometido na determinação do volume da esfera.
Representando por V o volume da esfera e por r o seu raio teremos
4
V = πr3 .
3
Se o erro na medição de r for denotado por dr = ∆r, o erro correspondente
no volume será ∆V que poderá ser aproximado por dV . assim,
dV = 4πr2 dr = 4π(21)2 .(0.05) ≈ 277 cm3 .
Por vezes a determinação do erro máximo pode não dar uma informação
qualitativa suficiente sobre a verdadeira dimensão do erro. Para ultrapassar
esta situação é usual definir o erro relativo. No exemplo anterior
∆V dV dr
Erro relativo = ≈ =3
V V r
Assim o erro relativo do volume é triplo do erro relativo do raio.
Neste caso
dr dV
≈ 0.0024 e ≈ 0.007
r V
Em termos percentuais um erro é de 0.24% e o outro de 0.7%, respecti-
vamente.
Exercı́cio 1.36 A aresta de um cubo tem 30cm, com um erro possı́vel de
0,1 cm. Utilizando diferenciais, estime o erro máximo possı́vel no cálculo do
volume e da área de superfı́cie do cubo.
Exercı́cio 1.37 Efectuou-se a medição dum terreno quadrado tendo-se ob-
tido o valor de 100m para o comprimento do lado. Sabendo que o erro
máximo cometido na medição é de 10cm, determine o erro máximo cometido
na determinação da área do terreno.
34
1.4.6 Aplicações da derivada
Máximos e mı́nimos:
35
Teorema 1.5 Se f é uma função contı́nua definida num intervalo fechado
[a, b] então f atinge um máximo e um mı́nimo em [a, b].
f : [−1, 1] → R
x → |x|
36
Teorema 1.7 [Valor médio de Lagrange]: Seja f uma função definida
num intervalo [a, b] tal que:
1. f é contı́nua em [a, b]
f (b) − f (a)
f 0 (c) =
b−a
ou, duma forma equivalente,
f : [−1, 1] → R
x → x3
37
Exercı́cio 1.38 Usando o Teorema de Lagrange e o teorema do Valor In-
termédio, mostre que:
f (xn )
xn+1 = xn −
f 0 (xn )
Obtemos assim uma sucessão de pontos, que “esperamos”que convirja
para a solução da equação. Note-se que para certos pontos iniciais, o método
pode não convergir, devendo-se nesses casos escolher uma melhor aproximação
inicial e tentar de novo.
É habitual parar-se a sucessão no momento em que xn+1 e xn coincidem
nas primeiras k casas decimais, onde k é dado. Em geral, isto indica que a
aproximação é correcta pelo menos até à k-ésima casa decimal.
38
Exercı́cio 1.41 Utilize o método de Newton (e uma máquina de calcular)
para encontrar uma solução aproximada de cos(x) = 2x, correcta até à quarta
casa decimal.
Com efeito, definindo F por F (x) = f (x) − g(x), concluı́mos que para
x ∈]a, b[ se tem F 0 (x) = 0. Usando a Consequência 1, concluı́mos que
F (x) = C te , isto é, f (x) − g(x) = C te .
f 0 (c) = L.
39
Exemplo 1.26 A função f , definida por
f : ] − π, π[ → R
sin2 x, se x ≥ 0
x →
0, se x < 0
f 0 (0) = 0.
Consequência 4 :
Se f 0 (x) > 0 em ]a, b[ então f é crescente em ]a, b[.
Se f 0 (x) < 0 em ]a, b[ então f é decrescente em ]a, b[.
Com efeito, se x1 e x2 são dois quaisquer elementos de ]a, b[ com x1 < x2 ,
usando o teorema 1.6, podemos garantir a existência de c ∈]a, b[ tal que
40
Teste da primeira derivada:
41
Estudo duma função:
1. Domı́nio.
3. Pontos de descontinuidade.
7. Contradomı́nio.
8. Assı́mptotas.
para x próximo de a.
Se considerarmos x = a + h teremos
f (a + h) ≈ f (a) + f 0 (a).h
42
Estamos a aproximar a função por uma função polinomial do primeiro grau.
O nosso objectivo é melhorar esta aproximação. Para isso iremos considerar
funções polinomiais de grau superior.
r(h)
lim = 0.
h→0 hn
43
Exercı́cio 1.46 Usando a fórmula de Taylor com resto de Lagrange, prove
que:
2
(a) cos x ≥ 1 − x2 , para todo x ∈ [−1, 1];
x2
(b) ex ≥ 1 + x + 2
, para todo x ≥ 0;
Aplicações:
1. Critério de extremo.
Vimos anteriormente que a análise dos pontos crı́ticos duma função podia
ser feita através da variação do sinal da derivada. Iremos agora dar outro
método para caracterizar os pontos crı́ticos que são zeros da derivada.
Se f é uma função n vezes derivável em a ∈ I e
00
f 0 (a) = f (a) = . . . = f (n−1) (a) = 0 e f (n) (a) 6= 0
então
(n)
f (a) < 0, ⇒ a é um máximo local
Se n par ⇒
f (n) (a) > 0, ⇒ a é um mı́nimo local
44
Exemplo 1.27 A utilização do critério anterior permite concluir que a função
f definida por f (x) = x20 + x100 atinge em x = 0 um mı́nimo local.
Exercı́cio 1.47 Um fazendeiro tem 240 metros de cerca, com os quais pre-
tende vedar um campo rectangular. Um dos lados do campo é margem de um
rio, pelo que não precisa de cerca. Qual a área máxima que o fazendeiro pode
vedar?
Exercı́cio 1.48 Uma caixa de cartão sem tampa é construı́da a partir duma
peça quadrada de cartão com 60cm de lado. O processo de fabrico consiste
em retirar um quadrado de cada um dos quatro cantos e dobrar para cima o
que resta, para formar as partes laterais da caixa. Determine as dimensões
da caixa de volume máximo que se consegue obter por este processo.
Exercı́cio 1.50 Um homem está num bote, num certo ponto A na margem
de um rio, e pretende atingir o mais rapidamente possı́vel o ponto B, que
se situa na outra margem, 8 km rio abaixo. Para isso ele pode remar em
linha recta até um ponto da outra margem, e fazer o resto do caminho a pé.
Sabendo que ele rema a 3 km/h e corre ao longo da margem a 5 km/h, e que
o rio tem uma largura da 4 km, como deve proceder? (Note-se que se está a
considerar a velocidade da água desprezável)
2. Indeterminações
45
A justificação deste resultado é muito simples se usarmos a fórmula de
Taylor. Com efeito, considerando x = a + h, temos
(n)
f (x) f (a + h) [ f n!(a) + ρ(h)].hn
= = g(n) (a)
g(x) g(a + h) [ n! + σ(h)].hn
Como lim σ(h) = lim ρ(h) = 0 obtemos o resultado.
h→0 h→0
Mais geralmente, para calcular os chamados limites indeterminados po-
demos usar a chamada regra de L’Hôpital que generaliza a regra anterior.
Regra de L’Hôpital:
Sejam f e g funções diferenciáveis e g 0 (x) 6= 0 nas vizinhanças de a,
excepto possivelmente em a.
Suponhamos que
Nestas condições
f (x) f 0 (x)
lim = lim 0
x→a g(x) x→a g (x)
46
Exemplo 1.29 Se quisermos usar a regra de L’Hôpital para calcular
2x3
lim
x→+∞ 3x2 + x3
1 1
T ipo (∞ − ∞) ⇒ lim (f (x) − g(x)) = lim ( 1 − 1 )
x→a x→a
f (x) g(x)
1 1
g(x)
− f (x)
= lim 1 ( 00 )
x→a
f (x).g(x)
1
T ipo (0 × ∞) ⇒ lim (f (x) × g(x)) = lim f (x) × 1 ( 00 )
x→a x→a
g(x)
g(x))
T ipo (00 ) ⇒ lim (f (x)g(x)) = lim eln (f (x)
x→a x→a
g(x))
T ipo (1∞ ) ⇒ lim (f (x)g(x)) = lim eln (f (x)
x→a x→a
g(x))
T ipo (∞0 ) ⇒ lim (f (x)g(x)) = lim eln (f (x)
x→a x→a
47
As indetrminações do tipo (00 ), (1∞ ) e (∞0 ) transformam-se em indeter-
minações do tipo (0×∞) que por sua vez se transformam em indeterminações
do tipo ( 00 ).
k ln (1 + xk ) 0
lim [x.ln (1 + )] = lim 1 ( )
x→+∞ x x→+∞
x
0
√
(d) lim+ x log x ; (e) lim x2 ex ; (f ) lim+ xsin x ;
x→0 x→−∞ x→0
µ ¶ ³
1 a ´bx 1
(g) lim − cosec(x) ; (h) lim 1 + ; (i) lim x x
x→0 x x→+∞ x x→+∞
48
Exercı́cios de controlo:
cos(x) x2 − 5x + 6
(a) lim (b) lim
x→0 x2 x→3 x−3
½
0 se x < 0 1
(c) lim f (x), com f (x) = (d) lim sin
x→0 1 se x ≥ 0 x→0 x
49
7. Seja y uma função de x tal que, para todo o ponto x do seu domı́nio
verifica
sin(x + y) = y 2 cosx. (∗)
Determine uma equação da tangente à curva definida por (∗) no ponto
(0, 0).
sin(x + y) = y 2 cos(xy 2 ).
y 2 sin(πex + y) = x + 2yx
π
(4 − x)y 3 + y 2 = x3 + 4y + 4 sin( x.y)
8
no ponto (2, 2), é paralela à recta y = 72 x + 1.
g : [0, π2 ] → R
x sin x1 , se ∈]0, π2 ]
x →
0, se x = 0
50
13. Mostre que o polinómio
x5 − 5x + 1
f: R → R
x → arctg(ex )
g: R → R
arctg(ex ), se x > 0
x →
x π
2
+4 se x ≤ 0
é derivável no ponto zero.
51
18. Diga se são verdadeiras ou falsas as seguintes afirmações. Deverá justi-
ficar, devidamente, a sua resposta no caso em que considere a afirmação
falsa. Essa justificação pode ser feita graficamente, através de contra-
exemplos ou analiticamente.
(b) Temos
1
lim arctg( ) = +∞
x→0 x2
(c) Se f é uma função positiva, diferenciável em ]1, +∞[ cuja derivada
é sempre negativa então lim f (x) = 0.
x→+∞
52
Capı́tulo 2
Cálculo integral
2.1 Primitivas
Seja f uma função real de variável real, definida em ]a, b[. Diremos que g é
uma primitiva de f em ]a, b[ se
53
h0 (x) = f (x), ∀x ∈]a, b[
então
h(x) = g(x) + c
com c uma constante.
Concluimos asim que as primitivas duma função diferem por uma cons-
tante.
54
(eu )0 = u0 eu
podemos concluir que Z
u0 eu dx = eu + c
e2x
(d) cos x.esin x (e) sinh2 x. cosh x (f )
4 + e2x
log x x2
(g) (h) tan2 x.sec2 x (i) √
x x3 + a2
−3x 1 1
(j) (k) (l) √
x4 + 5 4 x2 + 2x + 5 2 + x − x2
arcsin x etan x 1
(m) √ (n) (o)
1 − x2 cos2 x x(1 + log2 x)
55
2.1.2 Primitivas por partes
Há situações em que a simples manipulação da função não nos permite deter-
minar uma primitiva, duma forma imediata, a partir da tabela das derivadas
ou das primitivas.
Sabendo que
isto é,
Z Z
0
f (x).g(x)dx = (f.g)(x) − (f (x).g 0 (x))dx + c
Z Z Z Z
h(x).g(x)dx = ( h(x)dx).g(x) − ( h(x)dx.g 0 (x))dx + c
56
Quando se pretende usar a fórmula anterior há regras que podem ser
usadas para escolher a função pela qual se começa a primitivar.
REGRAS:
1
= xarcos x − (1 − x2 ) 2 + c
57
Voltando a utilizar a mesma regra, já que a primitiva que aparece no
segundo membro é do mesmo tipo obtemos
Z Z
2x sin xdx = −2x. cos x + 2 cos xdx
= −2x. cos x + 2 sin x + c
Obtendo-se assim
Z
x2 cos xdx = x2 sin x + 2x. cos x − 2 sin x + c
= (x2 − 2) sin x + 2x cos x + c
Exemplo 2.8 Consideremos agora a primitiva,
Z
ex sin xdx.
Z
x x
= e sin x − [e cos x + ex sin xdx]
Z
x x
= e sin x − e cos x − ex sin xdx
Teremos então
Z
1
ex sin xdx = ex (sin x − cos x) + c
2
Exercı́cio 2.2 Calcule as primitivas das funções indicadas
x
(a) x cos x (c) √ arcsin x
1 − x2
¡√ ¢
(d) x. arctan x2 − 1 (e) log x
58
2.1.3 Fracções racionais
Iremos agora considerar funções que são o quociente de duas funções polino-
miais.
Consideremos então uma função da forma fg(x) (x)
, onde f e g são duas
funções polinomiais.
f (x) R(x)
= Q(x) + ,
g(x) g(x)
(x − a)m ,
[(x − p)2 + q 2 ]n ,
A1 A2 Am
+ + · · · + ,
(x − a)m (x − a)m−1 x−a
59
(b) cada factor do tipo [(x − p)2 + q 2 ]n dá origem a
P1 x + Q1 P 2 x + Q2 Pn x + Qn
2 2 n
+ 2 2 n−1
+ ··· + ,
[(x − p) + q ] [(x − p) + q ] (x − p)2 + q 2
x+1 A1 A2 A3 P1 x + Q1 P2 x + Q2
= + + + 2 +
(x2 2
+ 1) (x − 1)3 (x − 1) 3 (x − 1)2 (x − 1) (x + 1)2 (x2 + 1)
60
Efectuando a soma das fracções do segundo membro obtemos
3
= − (x−2) + 2 log| x−1
x−2
|+C
61
Exemplo 2.11 Ao considerarmos a primitiva
Z
sin4 x dx
1
= 4
x − 41 sin 2x + 18 x + 1
32
sin 4x + C
R R R
sin5 x dx = sin x. sin4 xdx = sin x(1 − cos2 x)2 dx =
R
= sin x((1 − 2 cos2 x + cos4 x)dx =
62
2.1.5 Substituição
Para calcular uma primitiva
Z
f (x)dx
x = sin t
isto é considerar g(t) = sin t.
Consideramos então a primitiva
Z
1
p cos tdt
sin t 1 − sin2 t
Usando a fórmula fundamental da trigonometria e considerando cos t > 0
obtemos
Z Z
1 1
p cos tdt = dt = log |cosec t − cotg t| + C
sin t 1 − sin2 t sin t
Z
1
√ dx = log |cosec(arcsin x) − cotg(arcsin x)| + C
x 1 − x2
63
Exemplo 2.14 Consideremos agora a primitiva:
Z
cos x
dx.
cos2 x − 2
Observamos que se trata duma primitiva da forma
R(sin x, cos x)
Uma vez que é uma função ı́mpar em cos x poderemos efectuar a substi-
tuição sin x = t.
Derivando esta expressão obtemos
dx
. cos x = 1
dt
e, consequentemente
dx 1
=√
dt 1 − t2
Efectuando a substituição teremos
Z √
1 − t2 1
2
.√ dt
1 − t − 2 1 − t2
ou seja
Z
1
− 2
dt
t +1
cujo valor é
−arctg t + C.
Concluı́mos então que
Z
cos x
dx = −arctg (sin x) + C.
cos2 x − 2
cos x 1 1
(d) 3 (e) p (f ) √
sin x + 2 cos2 x. sin x (1 − x2 )3 (4 + x2 ). 4 + x2
1 1
(g) (h)
4 cos2 x − sin2 x 4 cos x + 3 sin x
64
2.2 Integral definido
Nesta secção iremos definir integral duma função num intervalo fechado
[a, b].
Estudaremos algumas das suas propriedades e estabeleceremos a relação
entre integral e primitiva.
2.2.1 Motivação
Vejamos como pensar para determinar a área da região plana que a seguir se
representa.
65
Se aumentarmos o número de rectângulos melhoramos a aproximação,
quer por defeito, quer por excesso da área S.
Podemos ainda pensar de outra forma. Começando por considerar uma
partição do intervalo [a, b]
onde os pontos xi estão a igual distância entre si, em cada intervalo [xi−1 , xi ]
considerar um ponto qualquer x∗i e aproximar a área por
n
X
Sn = f (x∗1 )∆x + ... + f (x∗n )∆x ≡ f (x∗i )∆x
i=1
xi = a + i∆x, i = 0, 1, 2, ..., n
os extremos desses intervalos.
Define-se o integral definido de f entre a e b por
Z b n
X
f (x)dx = lim f (x∗i )∆x
a n→+∞
i=1
66
Usaremos a seguinte terminologia:
R
− sinal ou sı́mbolo de integral
a − extremo inferior de integração
b − extremo superior de integração
f − função integranda
n
X
A f (x∗i )∆x chamamos soma de Riemann de f em [a, b].
i=1
Z b
1. c dx = c(b − a) onde c é uma constante real.
a
Z b Z b Z b
2. (f + g)(x)dx = f (x)dx + g(x)dx.
a a a
Z b Z b
3. c.f (x)dx = c f (x)dx, ∀x ∈ R.
a a
Z b Z b Z b
4. (f − g)(x)dx = f (x)dx − g(x)dx.
a a a
Z b Z c Z b
5. f (x)dx = f (x)dx + f (x)dx, ∀a, b, c ∈ R, se f estiver defi-
a a c
nida no maior dos intervalos de extremos a, b e c.
67
Z b
6. Se f (x) ≥ 0, ∀x ∈ [a, b], então f (x)dx ≥ 0.
a
Z b Z b
7. Se f (x) ≥ g(x), ∀x ∈ [a, b], então f (x)dx ≥ g(x)dx.
a a
Z b Z b
9. | f (x)dx| ≤ |f (x)|dx
a a
Z b
Exemplo 2.15 Se f (x) = C, ∀x ∈ [a, b] então f (x) dx = C.(b − a)
a
então
Z b Z c Z b
f (x)dx = f1 (x)dx + f2 (x)dx.
a a c
68
Exercı́cio 2.6 Mostre que
Z e t
2 e
1. e − e ≤ dt ≤ ee − ee−1 ;
1 t
Z √π
√
2. sin(t2 )dt ≤ π.
0
Demonstração:
69
Z x+h
m[(x + h) − x] ≤ f (t)dt ≤ M [(x + h) − x]
x
g(x + h) − g(x)
lim = f (x).
h→0 h
0
Isto significa que g+ (x) = f (x).
0
Analogamente se prova que g− (x) = f (x) e portanto g 0 (x) = f (x).
Por outro lado, se x = a e h > 0 a demonstração anterior permite
0
concluir que f (a) = g+ (a) e, portanto g é derivável à direita de a e
portanto contı́nua em a. De forma análoga poderemos garantir que g
é contı́nua em b. Assim g será contı́nua em [a, b].
70
Teremos então
Z b
F (b) − F (a) = [g(b) + C] − [g(a) + C] = g(b) − g(a) = f (t)dt
a
ou seja
Z b
f (t)dt = F (b)−F (a) ≡ [F (x)]ba , onde F é uma qualquer primitiva de f .
a
Vejamos agora alguns exemplos de como este resultado pode ser usado.
Rπ π
Exemplo 2.19 0
2
sin tdt = [− cos t]02 = − cos π2 + cos 0 = 1
√
Exemplo
R0 2.20 Seja f a função real de variável real definida em [0, π] por
2
x
sin t dt.
Podemos usar o teorema anterior para determinar f 0 (x). Teremos
Z 0 Z x
0 2 0
f (x) = ( sin t dt) = (− sin t2 dt)0 = − sin x2 < 0
x 0
f (x) = ho cos(x)
onde h é definida por
71
Z x
h(x) = (t + sin t2 )dt
0
e usar a fórmula de derivação da função composta.
Z x
et
Exercı́cio 2.7 Considere G :]0, +∞[→ R, definida por G(x) = dt.
1 t
Z cos(t)
ex
Exercı́cio 2.8 Considere f : R → R, definida por f (t) = dx.
1 2+x
Verifique se zero é um ponto de mı́nimo local.
F : ]1, +∞[ → R
R sin x et
x → x 1 t
dt
Determine F 0 (x).
Z x
sin t
Exercı́cio 2.10 Seja G : [− 3π
2
, 3π
2
] → R definida por G(x) = dt.
−π t2 +1
1. Calcule G(−π) e G(π);
2. Calcule os extremos locais de G.
72
Observação 2.6 Se para o cálculo dum certo integral, a primitiva da função
integranda tiver que ser calculada por substituição, poderemos proceder de
duas formas:
• Calculamos a primitiva F da função integranda, voltando à variável
inicial e usamos o teorema fundamental do cálculo.
• Efectuamos a mudança de variável indicada, tendo o cuidado de alterar
também os extremos de integração, isto é,
Z d Z g −1 (d)
f (x)dx = f (g(t)).g 0 (t)dt
c g −1 (c)
A função integranda que aparece neste último integral é uma função raci-
onal para as quais temos uma forma própria de calcular primitivas. Depois
de divididos os polinómios obtemos
Z e Z e
1 + 4t 3
dt = (4 − )dt = 4e − 3 ln(e + 1) − 4 + 3 ln 2
1 1+t 1 t+1
73
2.3 Aplicações
Nesta secção iremos fazer algumas aplicações do cálculo integral à deter-
minação de áreas, volumes, comprimentos de curva e áreas de superfı́cies de
sólidos de revolução.
2.3.1 Áreas
Se A é a área da região delimitada pelas curvas definidas por
Observação 2.7 A condição f (x) ≥ g(x) deve ser verificada para todo o
x ∈ [a, b]. Poderemos ter necessidade de calcular mais do que um integral
para determinar a área duma determinada região.
74
Exemplo 2.23 Podemos determinar a área da região assinalada na figura
abaixo usando o resultado anterior.
Com efeito,
Z −1 Z 2
2
A= (x − x − 2)dx + (x + 2 − x2 )dx.
−2 −1
Z d
A= (f (y) − g(y))dy
c
75
Exemplo 2.24 A área da região assinalada na figura abaixo pode ser calcu-
lada usando o resultado anterior
76
2.3.2 Volumes
Chamamos cilindro a um objecto que é formado por uma base B, que tem
uma altura h e é limitado superiormente por uma região paralela à base como
indica a figura
77
Cada uma destas fatias terá um volume aproximado igual a A(x∗i ).∆x.
Somando as várias fatias que se obtém do sólido teremos o seguinte valor
aproximado para o seu volume:
n
X
V ≈ A(x∗i )∆x
i=1
Exemplo 2.25 Vejamos como usar esta fórmula para calcular o volume
duma esfera de raio r.
Para definirmos a função A(x) iremos considerar a figura
√ abaixo onde se
percebe facilmente que A(x) é a área dum cı́rculo de raio r2 − x2 ou seja
A(x) = π(r2 − x2 )
Sendo assim Z r
4
V = π(r2 − x2 )dx = πr3
−r 3
78
Exercı́cio 2.14 Calcule o volume do tronco de pirâmide com base quadrada
de lado b, topo quadrado de lado a, e altura h.
é dada por
Z b
V = πf 2 (x)dx
a
(b) Sólido gerado pela rotação em torno de Ox, da região delimitada por
y = x2 , x = 0, x = 1 e y = 0.
79
Outro método:(Cascas cilı́ndricas)
Consideremos agora uma região do mesmo tipo da anterior a rodarem
torno de Oy.
Xn
xi + xi−1
= lim (πf (x∗i ) (xi − xi−1 ).2
n→+∞
i=1
2
n
X
= lim (πf (x∗i ).2∆x
n→+∞
i=1
Z b
= 2πxf (x)dx
a
80
Exercı́cio 2.17 Calcule o volume do sólido:
Usando a fórmula que nos dá a distância entre dois pontos obtemos a
seguinte expressão para o comprimento da linha poligonal:
n
X p
(xi − xi−1 )2 + (f (xi ) − f (xi−1 ))2
i=1
81
Exemplo 2.27 Vejamos como calcular o comprimento L da curva C defi-
nida por
C = {(x, coshx), x ∈ [0, 1]}
Da fórmula anterior teremos
Z 1p Z 1
2 e − e−1
L= 1 + sinh xdx = cosh xdx = .
0 0 2
Exemplo 2.28 Vejamos como se pode calcular a área lateral do cone usando
a fórmula anterior. Consideremos então um cone cujo raio da base é r e a
altura h. Consideremos então as seguintes figuras.
82
Criamos um modelo matemático que traduz a situação real e que nos
permita, com as ferramentas que temos, resolver o problema. A área lateral
do cone é dada por
Z h r
r r √
S= 2π. x 1 + ( )2 dx = πr h2 + r2
0 h h
83
o integral Z t
f (x)dx
a
representa essa área.
Definimos assim uma função A : [a, +∞[→ R por
Z t
A(t) = f (x)dx.
a
84
Exemplo 2.30 De forma análoga ao que fizemos anteriormente
Z +∞ Z t
1 1
dx = lim dx = lim (ln t − ln 1) = +∞
1 x t→+∞ 1 x t→+∞
Exemplo 2.32 Consideremos agora um exemplo dum caso diferente dos an-
teriores. Para estudarmos o integral impróprio
Z +∞
1
2
dx
−∞ 1 + x
e, analogamente,
Z +∞
1 π
2
dx = lim (arctg t − arctg 0) = .
0 1+x t→+∞ 2
Concluimos então que o integral impróprio é convergente e que
Z +∞
1
2
dx = π
−∞ 1 + x
85
2.4.2 Funções ilimitadas
Consideremos uma função contı́nua f : [a, b[→ R que possua uma assimptota
em x = b.
86
Exemplo 2.33 Da definição anterior temos
Z 5 Z 5 √ √
1 1 √
√ dx = lim+ √ dx = lim+ 2( 3 − t − 2) = 2 3
2 x−2 t→2 t x−2 t→2
−1 (−x) 2 t→0−
e Z 1
1 1
1 dx = lim+ [2 − 2t 2 ] = 2
0 x 2 t→0
Logo Z 1
1
1 dx = 4.
−1 |x| 2
Z 2 Z 1 Z 5
1 1 1
(d) dx; (e) √ √ dx; (f ) √ dx.
0 4 − x2 0 x ( x + 1)
3
2 x−2
87
Teorema 2.3 Se f e g são funções contı́nuas em [a, +∞[ e
f (x) ≥ g(x) ≥ 0, ∀x ≥ a
então: Z +∞ Z +∞
a) Se f (x)dx converge, então g(x)dx também converge.
Z +∞
a Z a
+∞
b) Se g(x)dx diverge, então f (x)dx também divverge.
a a
1 1 + e−x
≤ , ∀x ≥ 1
x x
e
Z +∞
1
dx = lim [ln x]t1 = +∞
1 x t→+∞
88
Como
cos x 1
| 3
|≤ 3
x x
e Z +∞
1 x−2 t 1
3
dx = lim [ ]1 =
1 x t→+∞ −2 2
podemos concluir pelo teorema 2.3 que
Z +∞
cos x
| 3 |dx
1 x
é convergente e de seguida, usando o teorema 2.4, concluir que o integral
impóprio dado é convergente.
89
Z b n
X
f (x)dx ≈ f (xi )∆x = Rn
a i=1
Z b n
X xi + xi−1
f (x)dx ≈ f( )∆x = Mn
a i=1
2
Uma nova aproximação desse integral é a média entre a aproximação Ln
e a aproximação Rn , ou seja,
Z n n
b
1 1X X
f (x)dx ≈ (Ln + Rn ) = [ f (xi−1 )∆x + f (xi )∆x]
a 2 2 i=1 i=1
Xn
f (xi−1 ) + f (xi )
= [ ]∆x
i=1
2
∆x
= 2
[f (x0 ) + 2f (x1 ) + . . . + 2f (xn−1 ) + f (xn )]
onde ∆x = b−an
e xi = a + i∆x, i = 0, 1, 2, ..., n.
Esta é a chamada regra do trapézio por usar a aproximação da área por
trapézios.
Estimativas de erro
Seja K um majorante da segunda derivada ,isto é,
|f 00 (x)| ≤ K, ∀x ∈ [a, b]
então,
90
onde ET e EM representam, respectivamente, o erro na regra do Trapézio e
na regra do ponto médio.
Da observação destas estimativas resulta imediatamente que quanto maior
for o n menor será o erro e, portanto melhor será a aproximação.
De seguida iremos dar um exemplo para percebermos como é que estas
estimativas de erro podem ser usadas para calcular um valor aproximado dum
integral com a informação sobre o erro máximo cometido nessa aproximação.
2(2 − 1)3 1
|ET | ≤ 2
= 2
12n 6n
Como estamos interessados em que o erro seja inferior a 0.0001 iremos
impor que
1
< 0.0001
6n2
donde se conclui que basta considerar n=41.
Se usarmos a regra do ponto médio a fórmula da estimativa de erro per-
mite concluir que para garantir um erro inferior a 0.0001 basta considerar
n= 29.
91
com
∆x
Sn = [f (x0 ) + 4f (x1 ) + 2f (x2 ) + . . . + 2f (xn−2 ) + 4f (xn−1 ) + 2f (xn )]
3
b−a
e ∆x = n
. Neste método, n deverá ser par.
Estimativas de erro
K(b−a)5
Se |f (4) (x)| ≤ K então |ES | ≤ 180n4
.
Uma análise simples desta fórmula permite concluir que, em geral, para
obtermos um valor aproximado dum integral não cometendo um erro superior
a um dado valor dado, o número de intervalos a considerar será menor quando
se usa a Regra de Simpson.
76e(1 − 0)5
|ES | ≤ ≈ 0.000115
180.104
Exercı́cio 2.23 Use a regra do trapézio e a regra de Simpson (com n = 10)
para calcular
Z 2 o valor aproximado de Z 2
1 sin(x)
(a) dx; (b) dx.
1 x 1 x
Exercı́cio 2.24 Calcule um majorante para o erro em cada um dos casos
anteriores.
92
Exercı́cios de controlo:
2. Calcule:
Z
x
(a) arctg(x2 ) dx.
1 + x4
Z
1 ln x
(b) . dx . Sugestão: Efectue a substituição ln x = t
x 4 + ln x
3. Calcule
Z Z Z
1 sin x 1 ln x
a) dx ; b) dx ; c) . dx
x4 − 1 1 − cos4 x x 4 + ln2 x
93
6. Seja f : [a, b] → R uma função contı́nua.
f (x) ≤ 1, ∀x ∈ [a, b]
então Z b
f (x)dx ≤ b − a.
a
94
10. A regra de Simpson permite calcular um valor aproximado do integral
Z b
f (x)dx
a
através de
∆x
[f (x0 ) + 4f (x1 ) + 2f (x2 ) + ... + 2f (xn−2 ) + 4f (xn−1 ) + f (xn )].
3
Determine n por forma que, ao aproximar o valor do integral
Z 2
(x5 − 10x4 + 1)dx ,
1
1
usando a regra de Simpson, não cometa um certo erro superior a 1000
.
11. Calcule:
Z
x
(a) arctg(x2 ) dx.
1 + x4
Z
1 ln x
(b) . dx . Sugestão: Efectue a substituição ln x = t
x 4 + ln x
Z 1
(c) ln x dx
0
12. Um balão esférico com raio 2, contém no seu interior um lı́quido. De-
termine, em função da altura h do lı́quido no balão, a quantidade de
lı́quido que existe no balão.
13. Calcule
Z 1 Z Z
1 sin x
a) sin3 xdx ; b) 4
dx ; c) dx.
−1 x −1 1 − cos4 x
14. Considere um copo em forma de cone, com raio da base igual a 5cm e
altura 10cm.
95
¯R ¯
¯ π cos(x2 ) ¯
15. Mostre que ¯ 1 x
dx¯ ≤ ln π
96
Capı́tulo 3
Equações Diferenciais
Muitos problemas reais são modelizados por uma equação onde a incógnita
é uma função que aparece na equação bem como algumas das suas derivadas.
A uma equação deste tipo chamamos equação diferencial.
Vejamos algumas situações onde problemas reais são modelizados por
equações diferenciais.
97
da população. A constante K é chamada constante de proporcionalidade.
Na equação (3.1) encontramos a função N e a sua derivada. Trata-se
duma equação diferencial.
Neste momento, com os conhecimentos que temos, podemos facilmente
concluir que uma solução de (3.1) será dada por
98
2. Movimento duma mola
Considere-se uma mola que tem uma extremidade fixa a um suporte e na
outra um objecto de massa m como indicado na figura.
A lei de Hooke estabelece que a força necessária para manter a mola esti-
cada x unidades relativamente ao seu estado natural( desprovido de tensões)
é proporcional a x isto é, a força que a mola exerce sobre o objecto é dada
por
F (x) = −Kx
onde a constante K é chamada a constante da mola.
Da 2a lei de Newton (F~ = m~γ ) somos conduzidos à seguinte equação
diferencial:
d2 x
(t) = −Kx(t) (3.4)
dt2
Neste caso a função incógnita é x(t).
99
Exemplo 3.1 Neste exemplo pretendemos que se perceba esta caracteristica
(ordem) das equações diferenciais
1. y 00 (x) + y 0 (x) + 2x = 0 (Ed. dif. 2a ordem)
y 0 (x) = x3
4
podemos afirmar que a função f definida por f (x) = x4 + C, onde C é uma
constante arbitrária, é solução da equção diferencial. Com efeito, substi-
4
tuindo na equação y por x4 + C obtemos a identidade verdadeira
x3 = x3 .
3
Exemplo 3.3 A função f definida por f (x) = 2 + e−x é solução da equação
diferencial
y 0 (x) + 3x2 y(x) = 6x2
100
3.3 Equações diferenciais de primeira ordem
Neste curso iremos considerar apenas equações diferenciais de primeira or-
dem.
y 0 = F (x, y)
podemos afirmar que se y(x) for a solução desta equação então o declive da
recta tangente ao gráfico de f no ponto (x, y) é, justamente, F (x, y).
Iremos então considerar uma malha no plano oxy e, em cada ponto (x, y)
dessa malha, representaremos um pequeno segmento com declive F (x, y).
Esses segmentos serão tangentes ao gráfico da solução da equação diferencial.
Obtemos assim aquilo a que habitualmente se chama campo de direcções. A
condição inicial servirá para conhecermos um ponto do gráfico da solução e
podermos traçar a curva de acordo com a informação que está contida no
campo de direcções.
101
No gráfico da direita está representada a solução exacta do problema de
valor inicial dado.
Exercı́cio 3.2 Para cada uma das seguintes equações diferenciais identifique
o respectivo campo de direcções.
(a) y 0 = y − 1; (b) y 0 = y − x;
(c) y 0 = y 2 − x2 ; (d) y 0 = y 3 − x3 .
Exercı́cio 3.3 Para cada uma das equações diferenciais anteriores defina
condições iniciais e represente graficamente a respectiva solução.
102
3.3.2 Método numérico
Neste parágrafo iremos apresentar um método numérico para aproximarmos
a solução duma equação diferencial.
Este método, denominado método de Newton, é de certa forma inspirado
no método anterior e na aproximação linear duma função.
Consideremos o seguinte problema de valor inicial
0
y = F (x, y)
y(x0 ) = y0
Partindo do ponto (x0 , y0 ) definido pelas condições iniciais construimos
uma semi-recta com extremidade nesse ponto e declive igual a F (x0 , y0 ). In-
tersectamos esta semi-recta com a recta vertical x = x1 e obtemos o ponto de
coordenadas (x1 , y1 ). Repetimos o processo para este ponto (x1 , y1 ), conside-
rando a semi-recta com extremidade neste ponto e declive igual a F (x1 , y1 ).
Intersectamos esta semi-recta com a recta vertical x = x2 obtemos então o
ponto de coordenadas (x2 , y2 ). E assim sucessivamente.
A linha poligonal obtida é uma aproximação da solução do problema de
valor inicial.
y = y0 + F (x0 , y0 )(x − x0 )
103
A intersecção com a recta x = x1 definirá o ponto y1 por
y1 = y0 + h.F (x0 , y0 )
Do mesmo modo
y2 = y1 + h.F (x1 , y1 )
Dum modo geral, teremos
Observação 3.1 Obviamente que, quanto mais pequeno for o passo do método
de Euler, mais cálculos teremos que efectuar. No entanto a aproximação será
melhor.
xn yn
0.1 1.1
0.2 1.22
0.3 1.362
0.4 1.5282
0.5 1.721020
0.6 1.943120
0.7 2.187434
0.8 2.487178
0.9 1.815895
1.0 3.187485
104
Na tabela que se segue apresentamos a evolução do valor y(0.5) para vários
tipos de passo.
Passo h y(0.5)
0.5 1.5
0.25 1.625
0.1 1.721020
0.05 1.757789
0.02 1.781212
0.01 1.789264
0.005 1.793337
0.001 1.796619
Exercı́cio 3.4 Use o método de Euler com passo 0.1 para estimar y(0.5)
onde y é a solução do seguinte problema de valor inicial:
0
y = x2 + y 2
y(0) = 1
dy g(x) g(x)
= 1 ≡
dx f (y)
h(y)
que podemos separar da seguinte forma
h(y).dy = g(x).dx
Integrando ambos os membros obtemos
Z Z
h(y) dy = g(x) dx
105
que define implicitamente y como função de x. Em certos casos é possı́vel
obter y = y(x).
y(1) = π
Para encontrar a solução dum problema deste tipo deveremos começar
por resolver a equação diferencial.
Como facilmente constatamos trata-se duma equação diferencial de variáveis
separáveis.
Separando variáveis e integrando, obtemos
Z Z
(2y + cos y)dy = 6x2 dx
isto é
y 2 + sin y = 2x3 + C
Num problema de valor inicial a constante C é determinada através da
condição inicial. Exigindo que para x = 1 se tenha y = π obtemos uma
equação que nos dará o valor de C.
y(1) = π ⇐⇒ π 2 + sin π = 2 + C
Desta equação resulta C = π 2 − 2.
A solução é então dada duma forma implı́cita por
y 2 + sin y = 2x3 + π 2 − 2
yy 0 = x
y2 x2
= +C
2 2
106
A técnica usada anteriormente só pode ser usada se tivermos uma equação
diferencial de variáveis separáveis. Por vezes a identificação da equação dife-
rencial não é evidente. No exemplo seguinte iremos considerar uma equação
diferencial que numa primeira observação parece não ser de variáveis se-
paráveis.
t2
ln |u + 1| = 2t + + C
2
Esta expressão define implicitamente u como função de t. Neste caso é
possı́vel ir mais além e determinar u = u(t). Com efeito,
t2
|u + 1| = De2t+ 2
e consequentemente
t2
u = Ae2t+ 2 − 1
onde A é uma constante.
Exercı́cio 3.6 Para cada uma das seguintes equações diferenciais, encontre
a solução que satisfaz a condição inicial dada:
dy
(a) dx = y 2 + 1, y(1) = 0; (b) xe−t dx
dt
= t, x(0) = 1.
107
Problemas de misturas
Suponhamos que temos um recipiente que tem um lı́quido com uma certa
substância dissolvida.
Uma solução contendo essa substância entra no recipiente a uma taxa fixa
e, depois de misturada com a que já se encontrava no tanque, sai também a
uma taxa fixa, que pode ser diferente da anterior.
Se y(t) representar a quantidade da tal substância que existe no recipiente
no instante t então temos
y(t)
Kg/min
200
Podemos, então, estabelecer a seguinte equação diferencial
dy y
= 7.5 −
dt 200
Trata-se duma equação diferencial de variáveis separáveis.
108
Separando variáveis e integrando obtemos
t
ln |1500 − y| = − + C1
200
donde obtemos
t
1500 − y = ±Ae− 200 .
Uma vez que y(0) = 200 teremos
t
y(t) = 1500 − 1300e− 200 .
Ao fim de 30 minutos teremos aproximadamente 381kg de sal na piscina. A
concentração será nessa altura de 0.00762 kg/l
Crescimento populacional-(Exponencial)
Vimos anteriormente que um modelo de crescimento exponencial pode
ser representado pela equação diferencial
dy
= Ky
dt
Trata-se duma equação diferencial de variáveis separáveis cuja solução pode
ser obtida através do método anterior.
Separando variáveis e intergrando obtemos
y = AeKt
onde A é uma constante.
Se soubermos qual o tamanho y0 da população no instante inicial
(t = 0) obtemos
y(t) = y0 eKt .
y(t) = y0 eKt
e por outro, como y(t1 ) = y1 teremos
y1 = y(t1 ) = y0 eKt1 .
109
Daqui obtemos
1 y1
K= ln
t1 y0
lim P (t) = K
t→+∞
110
Exemplo 3.11 Se tivermos uma população que se desenvolva segundo a se-
guinte equação diferencial
dP
= 0.05P − 0.0005P 2
dt
podemos identificar um crescimento logistico e definir imediatamente a solução
P = P (t).
(I(x)y(x))0 = I(x)Q(x).
Integrando esta equação obtemos a solução de (*)
111
·Z ¸
1
y(x) = I(x)Q(x)dx + C
I(x)
O problema que se coloca agora é o de definir uma função I nas condições
requeridas.
Como queremos que
µ ¶
dy
I(x) + P (x)y(x) = (I(x)y(x))0
dx
deveremos ter
112
Exemplo 3.12 Consideremos a equação diferencial
dy
(x) + 3x2 y(x) = 6x2 .
dx
Trata-se duma equação diferencial linear de 1a ordem onde
y 0 = 2(ex − y)
é também uma equação diferencial linear de 1a ordem. Com efeito, esta
equação pode ser escrita na forma
Teremos então
P (x) = 2 ; Q(x) = 2ex
Assim
I(x) = e2x
e, consequentemente,
·Z ¸
1 2
y(x) = 2x e .2e dx + C = ex + Ce−2x
2x x
e 3
onde C é uma constante arbitrária.
113
Começamos por determinar a solução geral da equação diferencial.
Tendo em conta a forma da equação diferencial concluı́mos facilmente
que o factor integrante é definido por
I(x) = ex .
Para a solução da equação diferencial obtemos então
·Z ¸
1 1
y(x) = x e (x + e )dx + C = [x − 1 + ex + Ce−x ]
x x
e 2
Da condição inicial y(0) = 0 obtemos a seguinte relação:
1
0 − 1 + e0 + Ce−0 = 0
2
Através desta equação determinamos o valor da constante arbitrária C.
Neste caso C = 12 .
A solução do problema de valor inicial será então
1 1
y(x) = x − 1 + ex + e−x = (x − 1) + cosh x
2 2
Exercı́cio 3.8 Resolva as seguintes equaçções diferenciais:
(a) y 0 + 2y = 2ex ; (b) y 0 = x + 5y.
114
Da definição resulta que
du
= (1 − n)y 0 y −n
dx
donde se obtém
dy 1 du n
= y .
dx (1 − n) dx
Da definição de u resulta imediatamente que y = uy n .
Substituindo estes valores na equação (**) concluı́mos que u deverá veri-
ficar a seguinte igualdade:
du
+ (1 − n)P (x)u = (1 − n)Q(x).
dx
Trata-se duma equação diferencial linear de 1a ordem que se resolve pelo
método do factor integrante. Obtido u, determinamos y a partir de
u = y 1−n
2 y3
y0 + y = 2 .
x x
Constatamos imediatamente que se trata duma equação diferencial de
Bernoulli onde
2 1
P (x) = ; Q(x) = ; n = 3.
x x2
Iremos então resolver a equação
du 4 −2
− u= 2.
dx x x
Para esta equação diferencial o factor integrante é
1
I(x) =
x4
e a solução u é dada por
2
u(x) = + Cx4 .
5x
Como u = y −2 teremos
115
1
y = ±q .
2
cx4 + 5x
Exercı́cios de controlo:
(a) ½
x2 (1 + y)y 0 + (1 − x)y 2 = 0
y(1) = 1
(b) ½
y 0 + xy − xy 3 = 0
y(0) = 2
(c) y 0 − y 2 tg x = 0 ; y(0) = 7
(d) y 0 − 5y − sin x = 0 ; y(0) = 7
(e) x2 y 0 + x(x + 2)y = ex ; y(1) = 2
(f) xe−y sin x − yy 0 = 0 ; y(0) = 1
(g) y 0 + y = cos x , y(0) = 2.
100 − y
y 0 = 2y( ).
100
116
Capı́tulo 4
Equações paramétricas e
coordenadas polares
Como sabemos há curvas no plano que não são o gráfico duma função
y = f (x). Para que tal aconteça basta que uma recta vertical intersecte a
curva em mais do que um ponto.
Podemos usar outras formas para caracterizar as curvas no plano. Uma
dessas formas são as chamadas coordenadas paramétricas. Para cada t ∈
D ⊂ R, consideramos
½
x = f (t)
y = g(t)
que, para cada valor do parâmetro t, nos dá as coordenadas (x, y) da curva.
117
A representação geométrica desta curva pode ser feita usando uma ta-
bela de valores onde, para cada valor de t, determinamos os correspondentes
valores de x e y.
t x y
-2 8 -1
-1 3 0
0 0 1
1 -1 2
2 0 3
3 3 4
4 8 5
Se unirmos esses pontos obtemos uma curva que tem o aspecto duma
parábola. Obviamente que quantos mais valores de t forem considerados
mais fácil se torna o esboço da curva.
118
Em alguns casos é fácil eliminar o parâmetro t nas duas equações e obter
uma relação entre x e y. Poderá ser então mais fácil identificar a curva e
efectuar o seu esboço.
Neste caso, da segunda equação obtemos
t=y−1
e, substituindo na expressão de x, t por este valor, obtemos
x = (y − 2)2 − 1.
Verificamos então, que se trata duma parábola com eixo horizontal, vértice
em (−1, 2) e voltada para a parte positiva de OX.
119
Exemplo 4.2 Considerem-se as curvas definidas parametricamente por
x = cost
, t ∈ [0, 2π]
y = sint
e
x = cos2t
, t ∈ [0, 2π]
y = sin2t
A eliminação do parâmetro t nestas duas representações paramétricas
permite-nos concluir que geometricamente estas duas curvas são iguais.
Isto é, os conjuntos de pontos definidos por estas representações paramétricas
coincidem. Além disso, podemos verificar que têm o mesmo ponto inicial e
o mesmo ponto final. Embora o conjunto dos pontos seja o mesmo, a ma-
neira como são descritos é diferente. Diremos que são curvas paramétricas
dife-rentes embora sejam geometricamente iguais.
120
Tangentes:
0 g 0 (t)
F (f (t)) = 0
f (t)
ou seja,
dy g 0 (t)
= F 0 (x) = 0 .
dx f (t)
Em conclusão, podemos afirmar que o declive da tangente à curva no
ponto (f (t), g(t)) é dado por :
dy g 0 (t)
dx
= f 0 (t)
se f 0 (t) 6= 0
dy
dx
= 0 se g 0 (t) = 0 e f 0 (t) 6= 0
dy
dx
= ∞ se g 0 (t) 6= 0 e f 0 (t) = 0
No segundo caso, a tangente é horizontal e no terceiro é vertical.
Exercı́cio 4.4 Determine uma equação da tangente às curvas definidas por
x = 2cost x = t − sin t
a) , t ∈ [0, 2π] ; b) , t ∈ [0, 2π]
y = 3sint y = 1 − cos t
√
3 1
nos pontos (0, 3) e ( π3 − , ),
2 2
respectivamente.
121
Concavidades:
Como sabemos o sentido da concavidade de uma curva é caracterizado
pela segunda derivada.
dy
Usando a expressão anterior de dx , que podemos reescrever da seguinte
forma
dy
dy dt
= dx
dx dt
dy
obtemos, depois de substituir y por dx
,
d dy
d dy ( )
dt dx
( )= dx
dx dx dt
ou seja,
d dy
d2 y ( )
dt dx
= dx
.
dx2 dt
teremos
dy sinθ
= , para θ 6= 2kπ, k∈Z
dx 1 − cosθ
Uma vez que
d dy d sinθ 1
( )= ( )=−
dθ dx dθ 1 − cosθ 1 − cosθ
obtemos
d2 y 1
2
=− .
dx r(1 − cosθ)2
Como a segunda derivada é negativa podemos concluir que esta curva tem a
concavidade voltada para baixo.
122
Considerando por exemplo θ = π3 teremos
√
3
x( π3 ) = r( π3 − 2
)
y( π3 ) = r
2
dy π sin π3 √
( )= = 3
dx 3 1 − cos π3
√
3
Assim a equação da recta tangente à curva no ponto (r( π3 − 2
), 2r ) será
√
r √ π 3
y − = 3(x − r + r ).
2 3 2
Exercı́cio 4.5 Para esta curva determine os pontos onde a tangente à curva
é horizontal.
R: São os pontos da forma (r(2k − 1)π, 2r) onde k ∈ Z.
Áreas:
Para uma função y = F (x), com F uma função positiva, sabemos que a
área da região delimitada por x = a, x = b, pelo eixo OX e pelo gráfico da
função F é dada por
Z b
A= F (x)dx.
a
Se o gráfico de F for uma curva cuja representação, em coordenadas
paramétricas, é definida por
x = f (t)
, t ∈ [α, β]
y = g(t)
de tal forma que a = f (α) e b = f (β) e é percorrida uma só vez, então a área
anterior é dada por Z β
A= g(t)f 0 (t)dt.
α
No caso da curva ser descrita no sentido inverso então teremos
Z α
A= g(t)f 0 (t)dt.
β
123
Exemplo 4.5 Retomemos o exemplo anterior do cicloide. A área da região
delimitada pelo eixo OX e pelo cicloide, para valores de θ compreendidos
entre 0 e 2π é dada por
R 2π
A = 0 r(1 − cos θ)r(1 − cos θ)dθ
R 2π
= r2 0
(1 − cos θ)2 dθ = 3πr2
Exercı́cio 4.6 Use estes resultados para determinar a área da região deli-
mitada pela curva definida por
x = a cos θ
, θ ∈ [0, 2π]
y = b sin θ
Comprimento de arco:
R β q¡ dx ¢2 ¡ dy ¢2
= α dt
+ dt
dt
Mais geralmente temos o seguinte resultado:
124
Teorema: Se C é uma curva definida por
x = f (t)
, t ∈ [α, β]
y = g(t)
com f 0 e g 0 contı́nuas em [α, β], e C descrita apenas uma vez quando t
varia de α até β, então o comprimento de C é dado por
s
Z β µ ¶2 µ ¶2
dx dy
L= + dt
α dt dt
125
Exemplo 4.7 Usando este resultado podemos concluir que a área da su-
perfı́cie duma esfera de raio r é dada por 4πr2 . Com efeito, uma esfera de
raio r pode ser obtida pela rotação, em torno de OX da curva
x = r cos t
, t ∈ [0, π]
y = r sin t
126
Usualmente, se tivermos um sistema de coordenadas cartesianas OXY ,
fazemos coincidir O com a origem de OXY e o eixo polar com OX positivo.
127
Relação entre coordenadas polares e coordenadas cartesianas:
Consideremos um sistema de coordenadas polares cujo semi-eixo polar
coincide com o eixo OX dum sistema de coordenadas cartesianas OXY e o
pólo com a origem desse sistema.
128
Exemplo 4.9 O ponto √ do plano com coordenadas cartesianas (1, −1) tem
coordenadas polares ( 2, − π4 ).
Com efeito teremos
r2 = 2 e tgθ = −1.
Daqui concluimos que
√ π 3
r= 2 e θ=− ou θ = π.
4 4
Como (1, −1) está no quarto quadrante, escolhemos θ = − π4 . Assim as
√
coordenadas polares são ( 2, − π4 ).
√
Poderı́amos também considerar ( 2, 74 π).
129
Tangentes à curva:
Para as curvas que sejam definidas em coordenadas polares pela equação
r = f (θ), podemos usar a relação entre coordenadas polares e coordenadas
cartesianas para estabelecer as equações paramétricas da curva
½
x = f (θ) cosθ
y = f (θ) sinθ
Já vimos como é que a partir das equações paramétricas se determina a
dx
equação da tangente à curva. Por exemplo, no caso de 6= 0, teremos
dθ
dr
dy dθ
sinθ + rcosθ
= dr
dx dθ
cosθ − rsinθ
130
Exemplo 4.12 Se tivermos uma curva definida por r = 2sinθ , com θ ∈
[ π6 , π2 ] então a área da região assinalada é definida por
Z π √
2 1 2 π 3
área(A) = 4 sin θdθ = +
π
6
2 3 4
a) r2 = sin(2θ) ; b) r = 2 sin(2θ).
Comprimento de arco:
Procedendo como no caso da determinação da tangente à curva, se a
curva for dada por r = f (θ), com θ ∈ [a, b] podemos estabelecer as equações
paramétricas
x = f (θ) cosθ
, θ ∈ [a, b]
y = f (θ) sinθ
Usando a fórmula que nos dá o comprimento de arco para uma curva dada
em coordenadas paramétricas podemos facilmente estabelecer que o compri-
mento L desta curva é dado por
Z br
dr
L= r2 + ( )2 dθ.
a dθ
Exercı́cio 4.15 Calcule o comprimento da espiral logarı́tmica r = e2θ desde
o ponto correspondente a θ = 0 até ao ponto correspondente a θ = 2π.
131
Exercı́cios de controlo:
132
9. Determine a equação cartesiana das curvas definidas em coordenadas
polares por
(a) r = 2; (b) r cos θ = 1; (c) r2 = sin(2θ); (d) r2 = θ.
133
Exames anteriores
Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra
8 de Janeiro de 2008 Duração: 2 hora 30 minutos
ATENÇÃO: Deve justificar as suas respostas e apresentar os cálculos
que efectuar.
I
1. Determine uma equação da recta tangente às curvas abaixo definidas
nos pontos indicados.
a) C1 : {(x, y) ∈ R2 : exy + xy 3 = y 2 }, no ponto (0, −1).
x = 2 cos t √ √
b) , no ponto ( 2, 32 2).
y = 3 sin t
2. Calcule as seguintes primitivas:
Z Z √
t2 x
a) dt b) √ dx
t2 + 1 ( x + 1)x
3
f : [1, 3] → R
t
t → et2
atinge os seus máximos e mı́nimos locais.
(b) Mostre que
Z 3 t
e2 √
e≤ dt ≤ 2 e
1 t
5. Considere a função f definida por
f : [0, 10] → R
Rt
t → 0 g(x)dx
onde g é uma função contı́nua em [0, 10]. Sabendo que f (10) = 10,
mostre que
(a) Existe t0 ∈]0, 10[ tal que f (t0 ) = 1.
(b) Existe t1 ∈]0, 10[ tal que g(t1 ) = 1.
134
6. Na figura abaixo estão representados um copo e o gráfico da função que,
ao rodar em torno de Oy, gera a parte do copo destinada a colocar o
lı́quido.
135
Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra
Exame RECURSO de Matemática I
29 de Janeiro de 2008 –Duração: 2 horas 30 minutos
ATENÇÃO: Deve justificar as suas respostas e apresentar os cálculos
que efectuar.
I
1. Determine uma equação da recta tangente às curvas abaixo definidas
nos pontos indicados.
a) C1 : {(x, y) ∈ R2 : cos(xy) + xey = −xy + 2}, no ponto (1, 0).
b) r = 2θ, no ponto correspondente a θ = π2 .
2. Calcule:
Z Z 1 √
x x
a) sin4 tdt b) √ dx
0 2−x
3. Determine
Z +∞
1
dx.
1 x3 + 2x2 + x
4. Considere a função h definida em [0, +∞[, que verifica, 0 < h(t) ≤ 2
para todo o t > 0 e cujo gráfico se encontra representado na figura
abaixo.
h2 (t0 ) + 1
(a) Será que existe algum valor t0 tal que =1 ?
h(t0 ) + 2
(b) Será que existe algum valor t1 tal que h0 (t1 ) = 32 ?
(c) Determine os pontos onde a função f definida por
f : [0, 10] → R
R h(t) x
t → 1 ex dx
atinge os seus valores máximo e mı́nimo.
136
5. Na figura abaixo estão representados:
-em A um recipiente com a forma dum cone com 30 cm de altura e com
a capacidade de 1 litro.
1
-em B o mesmo recipiente contendo 2
l dum certo lı́quido.
137
II
Diga se são verdadeiras ou falsas as seguintes afirmações. Deverá justifi-
car, devidamente, a sua resposta.
138
Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra
Exame de Matemática I
9 de Janeiro de 2008
ATENÇÃO: Deve justificar as suas respostas e apresentar os cálculos
que efectuar.
Duração: 2 hora 30 minutos
I
f : [0, 2] → R
x → ex2x
f : [0, 100] → R
Rt
t → 0 g(x)dx
139
6. Na figura abaixo estão representados:
- Em A, uma curva constituı́da pelo segmento de recta [(1, 1), (1, 4)] e
por uma parábola de equação y = x2 .
- Em B, o recipiente que se obtém por rotação, em torno de Oy, da
curva representada em A.
- Em C, o recipiente representado em B contendo um lı́quido até à
altura h.
II
Diga se são verdadeiras ou falsas as seguintes afirmações. Deverá justifi-
car, devidamente, a sua resposta.
1. A área dum sector circular é igual ao produto de metade do raio pelo
ângulo ao centro. Sugestão: Use coordenadas polares.
2. Para todo o x > 0 temos: ln(e + x) ≥ 1 + 1e x.
e−x
3. lim = 0.
x→+∞ π − arctg x
2
R
4. (cos2 x − sin x)esin x dx = esin x . cos x + C, onde C é uma constante
arbitrária.
140
Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra
Exame de Matemática I
30 de Janeiro de 2008
ATENÇÃO: Deve justificar as suas respostas e apresentar os cálculos
que efectuar.
Duração: 2 horas 30 minutos
I
1. Determine uma equação da recta tangente à curva definida por
C1 : {(x, y) ∈ R2 : exy + y cos(xy) = x}, no ponto (1, 0).
2. Determine a área da região limitada pela curva definida por
x = 2 cos t
, t ∈ [0, 2π]
y = 3 sin t
3. Calcule:
Z +∞ Z Z 1 √
1 2 x
a) dx ; b) sin t dt ; c) √ dx
2 x2 + x − 2 0 2−x
4. Considere a função derivável h, definida em [0, +∞[, que verifica,
0 < h(t) ≤ 2 para todo o t > 0 e cujo gráfico se encontra representado
na figura abaixo.
h2 (t0 ) + 4
(a) Será que existe algum valor t0 tal que =3 ?
h(t0 ) + 1
(b) Será que existe algum valor t1 tal que h0 (t1 ) = 1 ?
(c) Determine os pontos onde a função f definida por
f : [0, 4] → R
Z h(t) 2
x
t → dx
1 sin x
atinge os seus valores máximo e mı́nimo.
141
5. Na figura abaixo estão representados:
- em A um cone com altura h cm e cujo raio da base mede r cm.
- em B o mesmo cone cuja parte lateral está pintada com duas cores.
Z t
1 ex
2. lim dx = 0.
t→0 t 0 x+1
R1
3. Ao usarmos a regra do trapézio com n = 6 para calcular 0
(2x + 1)dx
obtemos o valor 2
142