STJ - RHC N 99606 Procedencia
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ACÓRDÃO
Documento: 1772094 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/11/2018 Página 3 de 5
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 99.606 - SP (2018/0150671-9)
RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI
RECORRENTE : ARNALDO RODRIGO COSATO
ADVOGADO : SUNUR BOMOR MARO - MS004457
RECORRIDO : CELI JOSÉ DA SILVA
INTERES. : MARCELO GUILHERME MARTINS
INTERES. : ITAU UNIBANCO S.A
RELATÓRIO
Documento: 1772094 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/11/2018 Página 4 de 5
Superior Tribunal de Justiça
nacional de habilitação do paciente e o a anotação de que somente poderia deixar
o país caso ofereça garantia à dívida exequenda.
Parecer do Ministério Público: de lavra do i. Subprocurador-Geral
da República, Dr. Sady d'Assumpção Torres Filho, opina pelo desprovimento do
recurso em habeas corpus.
É o relatório.
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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 99.606 - SP (2018/0150671-9)
RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI
RECORRENTE : ARNALDO RODRIGO COSATO
ADVOGADO : SUNUR BOMOR MARO - MS004457
RECORRIDO : CELI JOSÉ DA SILVA
INTERES. : MARCELO GUILHERME MARTINS
INTERES. : ITAU UNIBANCO S.A
EMENTA
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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 99.606 - SP (2018/0150671-9)
RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI
RECORRENTE : ARNALDO RODRIGO COSATO
ADVOGADO : SUNUR BOMOR MARO - MS004457
RECORRIDO : CELI JOSÉ DA SILVA
INTERES. : MARCELO GUILHERME MARTINS
INTERES. : ITAU UNIBANCO S.A
VOTO
Documento: 1772094 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/11/2018 Página 9 de 5
Superior Tribunal de Justiça
CF/88, segundo o qual “conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou
se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder” (sem destaque no original).
Trata-se, de fato, de remédio constitucional de rito processual
especial, simplificado e célere, que tem por objetivo amparar uma imunidade
individual específica, relacionada à liberdade de locomoção, compreendida, por sua
vez, no direito de ir e vir, que pode ser ofendido por ilegalidade ou abuso de poder.
Documento: 1772094 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/11/2018 Página 10 de 5
Superior Tribunal de Justiça
Senhores Senadores, o que é que se chama coação? Que é que se
denomina violência? Coação, definirei eu, é a pressão em pregada em condições
de eficácia contra a liberdade de exercício de um direito qualquer que esse seja.
Desde que no exercício de um direito meu, qualquer que ele for,
intervém uma coação externa sob cuja pressão eu me sinto
embaraçado ou tolhido para usar esse direito, na liberdade plena de
seu exercício, estou debaixo daquilo que em direito se considera
coação. E violência? Violência é o uso da força material ou oficial, debaixo de
qualquer das duas formas, em grau suficiente para evitar, contrariar ou dominar
o exercício de um direito. (In: VELLOSO, Carlos Mário da Silva. Pedro Lessa e a
teoria brasileira do Habeas Corpus. p. 179-180, sem destaque no original)
4. DA HIPÓTESE CONCRETA
Na hipótese em exame, o juiz de primeiro grau de jurisdição aplicou
medidas coercitivas indiretas ao pagamento sem observar o contraditório prévio
exigido pelo art. 9º do CPC/15 e sem motivação adequada à incidência da medida
de “expedição de ofício à polícia federal para anotação de restrição de saída do
país sem prévia garantia da execução” (e-STJ, fl. 21).
A falta de atendimento a essas exigências seria suficiente para
macular a validade de referido ato processual e, por conseguinte, impedir a
utilização desse meio de coerção indireta.
Contudo, na hipótese dos autos, na impugnação apresentada pelo
impetrante em favor do paciente (e-STJ, fls. 1-15), a determinação do art. 805,
parágrafo único, do CPC/15 não foi atendida, o que também representa violação
aos deveres de boa-fé processual e colaboração, previstos nos arts. 5º e 6º do
CPC/15.
Documento: 1772094 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/11/2018 Página 24 de 5
Superior Tribunal de Justiça
Desse modo, a despeito de se poder questionar a validade do ato que
impôs a medida constritiva indireta, como o impetrante ou mesmo o paciente, ao
arguirem violação ao princípio da menor onerosidade da execução para o
executado, não propuseram meio menos gravoso e mais eficaz ao cumprimento da
obrigação exigida, a única solução aplicável ao caso concreto é a manutenção da
medida restritiva impugnada (anotação de restrição à saída do país sem prévia
garantia da execução), ressalvada a possibilidade de sua modificação
superveniente pelo juízo competente na hipótese de ser apresentada sugestão de
meio alternativo.
Com efeito, sob a égide do CPC/15, não pode mais o executado se
limitar a alegar a invalidade dos atos executivos, sobretudo na hipótese de adoção
de meios que lhe sejam gravosos, sem apresentar proposta de cumprimento da
obrigação exigida de forma que lhe seja menos onerosa, mas, ao mesmo tempo,
mais eficaz à satisfação do crédito reconhecido do exequente.
Como esse dever de boa-fé e de cooperação não foi atendido na
hipótese concreta, não há manifesta ilegalidade ou abuso de poder a ser
reconhecido pela via do habeas corpus, razão pela qual a ordem não pode ser
concedida no ponto.
5. DISPOSITIVO
Forte nessas razões, NEGO PROVIMENTO ao recurso em habeas
corpus.
Documento: 1772094 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/11/2018 Página 25 de 5
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
Relatora
Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MOURA RIBEIRO
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. MARIA IRANEIDE OLINDA SANTORO FACCHINI
Secretária
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ARNALDO RODRIGO COSATO
ADVOGADO : SUNUR BOMOR MARO - MS004457
RECORRIDO : CELI JOSÉ DA SILVA
INTERES. : MARCELO GUILHERME MARTINS
INTERES. : ITAU UNIBANCO S.A
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Terceira Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso ordinário em habeas
corpus, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora.
Aguardam os Srs. Ministros Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo Villas Bôas Cueva e
Moura Ribeiro (Presidente).
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Marco Aurélio Bellizze.
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