Caracterização de Carboidratos
Caracterização de Carboidratos
Caracterização de Carboidratos
1. Introdução:
Os carboidratos, também conhecidos como açúcares, são as biomoléculas mais abundantes
na natureza.
Para muitos carboidratos, a fórmula geral é: [C(H2O)]n, daí o nome "carboidrato", ou
"hidratos de carbono".
São moléculas que desempenham uma ampla variedade de funções, entre elas:
Fonte de energia
Reserva de energia
Estrutural
Matéria prima para a biossíntese de outras biomoléculas
Monossacarídeos:
São os carboidratos mais simples, dos quais derivam todas as outras classes.
Quimicamente são: polihidroxialdeídos (ou aldoses) - ou polihidroxicetonas (ou cetoses),
sendo os mais simples monossacarídeos compostos com no mínimo 3 carbonos:
O Gliceraldeído
A Dihidroxicetona
Glicose Manose
Galactose Frutose
Monossacarídeos em Solução Aquosa:
Os monossacarídeos em solução aquosa estão presentes na sua forma aberta em uma
proporção de apenas 0,02% ,o restante das moléculas está ciclizada na forma de um anel
hemiacetal de 5 ou de 6 vértices, denominados, respectivamente, de furanosídico e
piranosídico.
Na estrutura do anel, o carbono onde ocorre a formação do hemiacetal é denominado
"Carbono Anomérico", e sua hidroxila pode assumir 2 formas:
Dissacarídeos:
São carboidratos ditos Glicosídeos, pois são formados a partir da ligação de 2
monossacarídeos através de ligações especiais denominadas Ligações Glicosídicas. No
processo uma molécula de água é removida; a remoção de água constitui o processo
chamado de condensação, que envolve a hidroxila do carbono anomérico de um dos
carboidratos com uma hidroxila da outra molécula do outro carboidrato. A ligação pode ser
novamente desfeita pela adição de água, reação de hidrólise, catalisada por um ácido ou por
uma enzima.
A Ligação Glicosídica → Ocorre entre o carbono anomérico de um monossacarídeo e a
hidroxila de qualquer outro carbono do monossacarídeo seguinte, com a saída de uma
molécula de água.
Exemplos de dissacarídeos: sacarose, lactose, maltose, entre outros.
OH
HO H
H OH O
H
OH H H HO
HO
O OH
H OH OH H
Polissacarídeos:
São os carboidratos complexos, macromoléculas formadas por várias unidades
monossacarídicas ligadas entre si por ligações glicosídicas.
Os polissacarídeos mais importantes são os formados pela polimerização da glicose, sendo
os mais importantes:
O Amido:
É o polissacarídeo de reserva da célula vegetal
Formado por moléculas de glicose ligadas entre si através de numerosas ligações α (1,4) e
poucas ligações α (1,6), ou "pontos de ramificação" da cadeia
O Glicogênio:
É o polissacarídeo de reserva da célula animal
Muito semelhante ao amido, possui um número bem maior de ligações α (1,6), o que
confere um alto grau de ramificação à sua molécula
A Celulose:
É o carboidrato mais abundante na natureza
Possui função estrutural na célula vegetal, como um componente importante da parede
celular
Semelhante ao amido e ao glicogênio em composição, a celulose também é um polímero de
glicose, mas formada por ligações tipo β (1,4).
Açúcares Redutores
São carboidratos doadores de elétrons por possuírem grupos aldeídicos ou cetônicos livres
ou potencialmente livres, capazes de reduzir os agentes oxidantes. Estes açúcares se oxidam tanto
em meio alcalino quanto em meio ácido. Esta propriedade é empregada para a análise e
quantificação dos carboidratos.
Alguns testes:
Reativo Detecta Coloração
Teste de Molish Presença de Carboidratos Anel púrpura
Teste de Seliwanoff Cetoses Vermelho
Teste de Bial Pentoses Azul
Teste de Benedict Açúcares redutores Vermelho
Teste do Barfoed Monossacarídeos Vermelho
Teste do iodo Amido Azul
Teste de Molish
Teste de Seliwanoff
Teste de Bial
Esse teste é utilizado para identificar pentoses. A reação também baseia-se na formação de
furfural, mas neste caso, a formação do produto colorido é feita pela condensação apenas do
furfural com o orcinol, utilizando como catalisador os íons férricos.
Após numerar os tubos, foram adicionados 1mL das distintas soluções a serem analisadas
em cada um. Assim como nos testes anteriores, foram usados padrões negativos (água) e padrão
positivo (arabinose). Em seguida, adicionou-se 1,5mL do reagente de Bial, realizou-se a
homogeneização da solução e aquecimento em banho maria fervente por aproximadamente 4
minutos.
O teste positivo é de fácil constatação, formando solução de coloração azul intensa. Como já
era esperado, o teste apresentou reação positiva apenas para a arabinose (que futuramente foi
identificada), visto que apenas ela é uma pentose. Todos os outros compostos a serem distinguidos
são hexoses, apresentando testes negativos, apesar de algumas amostras terem modificada a sua
coloração. Porém, a coloração azul é a de interesse.
Arabinose
Teste de Benedict
-
H O O O
H OH -
O H H OH
2+ HO H Cu2O
2Cu 2+ HO H
HO H
D HO H
H OH
CH2OH H OH
CH2OH
Teste de Bafoed
H O HO O
+
H OH H
H OH
2+ HO H
2Cu 2+ + HO H D
HO H + Cu2O
H OH HO H
CH2OH H OH
CH2OH
Teste de iodo
Esse teste é utilizado para a detecção de amido. Esse polissacarídeo é formado pela interação
de outros dois: a amilose e a amilopectina. É a amilose que interage com o iodo formando uma
coloração azul intensa. A interação do iodo com a amilopectina resulta em coloração inteiramente
avermelhada. Normalmente, a proporção de amilose em relação à amilopectina é maior, sendo
observada a coloração azul intensa. Como foi observada a cor roxa no teste, conclui-se que esta
proporção estava invertida.
Em cada tubo foram adicionados 1 mL das distintas amostras de carboidratos a serem
identificadas. Como padrão também foram preparados controles: negativo utilizando ao invés de
amostra, 1mL de água; e como controle positivo, um padrão correspondente, que no caso foi
utilizado o amido. Logo, uma gota de lugol foi adicionada para constatar a positividade do teste nas
diferentes amostras.
Uma vez que o iodo reage somente com os polissacarídeos amilose e amilopectina, foi
encontrado resultado positivo apenas para a solução de amido como já era previsto. Uma
experiência proposta pela prática era aquecer a solução azulada, no caso roxa, (resultado positivo) e
observar o que iria ocorrer. Quando se aquece a solução, a interação amilose-iodo é completamente
desnaturada, resultando em uma coloração clara. Quando a solução é resfriada, a interação amilose-
iodo (principal responsável pela coloração azul escura) é refeita, reaparecendo a coloração
característica.
Exercícios da apostila
Exercício 1 –
Nos testes de Molish, Seliwanoff e Bial ocorrem dois fatos: 1 Um monossacarídeo é tratado
com ácido concentrado, ocorrendo sua desidratação; 2 Os dissacarídeos e polissacarídeos são
hidrolisados a seus monossacarídeos constituintes. Se o monossacarídeo é uma pentose, o produto
da desidratação é o furfural, se o monossacarídeo é uma hexose, o produto da desidratação é o
hidroximetilfurfural. Na presença de ácido, vários compostos fenólicos, reagirão com o furfural ou
com hidroxifurfural para formar produtos de condensação colorido. A formação destes compostos
coloridos constitui um teste positivo para carboidratos. Portanto, a adição do ácido hidrolisa o
carboidrato a monossacarídeo e desidrata-o, formando os compostos (furfural e
hidroximetilfurfural) reativos em meio ácido para seus testes específicos.
Exercício 2-
A função dos compostos fenólicos é realizar adição à carbonila, formando compostos que
possuem vários anéis benzênicos que são capazes de absorver energia e emitir radiação no espectro
do visível, o que proporciona a olho nu perceber a mudança de coloração. Quanto mais anéis
benzênicos um composto aromático possui, mais a probabilidade de que ele tenha colorações
variadas.
Exercício 3-
Exercício 4-
Baseia-se no princípio de que monossacarídeos podem ser oxidados por agentes oxidantes
suaves como íons férricos e cúpricos. O grupo carbonila é oxidado a ácido carboxílico. Logo, esses
açúcares são chamados de redutores e baseado nesta propriedade são realizadas as análises nos
testes de Benedict e Bafoed.
Exercício 5-
a) - O sulfato cúprico adiciona ao meio os íons cúpricos (agente oxidante) necessários para a
formação do precipitado de óxido cuproso.
b) – O carbonato de sódio tem o objetivo de deixar o meio reacional em caráter alcalino, o que
favorece a reação.
c) – O citrato de sódio atua como complexante dos íons cúpricos evitando sua precipitação em meio
básico.
Exercício 6-
O teste de Bafoed também se baseia na redução do cobre, porém ao contrário do teste de
Benedict a reação é efetuada em meio ácido. Nestas condições o cobre é reduzido a quente apenas
pelos monossacarídeos, com formação de óxido cuproso. Os dissacarídeos dão reação positiva,
quando são hidrolisados, após um tempo de aquecimento mais prolongado.
Exercício 7-
No dissacarídeo Maltose, apenas um carbono anomérico está envolvido na ligação
glicosídica, o dissacarídeo é redutor, pois apresenta o segundo carbono anomérico livre que é
oxidado a ácido.
O dissacarídeo sacarose não é redutor, o que implica que seus dois carbonos anoméricos
estão envolvidos na ligação glicosídica, daí o fato de o teste de Benedict ter resultado negativo para
a sacarose.
Exercício 8-
Uma vez que a reação é efetuada em meio ácido, pode ocasionalmente ou até mesmo devido
a um tempo maior de aquecimento do frasco, de o dissacarídeo sofrer hidrolise, daí fatalmente o
monossacarídeo redutor será oxidado e o resultado do teste será positivo mediante formação de
precipitado de óxido cuproso.
Exercício 9-
6 – Bibliografia
Apostila – Laboratório de Bioquímica – BQI 101- I Semestre de 2007
Nelson David L.; Cox Michael M.; Lehninger – Princípios de Bioquímica.