Apontamentos Das Aulas de Praticum Processo Penal
Apontamentos Das Aulas de Praticum Processo Penal
Apontamentos Das Aulas de Praticum Processo Penal
2014/2015
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2014/2015 UCP-Porto
Rui Manuel Vasconcelos Pinto Praticum Processo Penal
- E-mail: [email protected]
- Telemóvel: 918657410
- Código Penal
- Avaliação
- Mínimo 4 pessoas/grupo
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- Temas:
+ Art. 400, nº1, al. e) CPP - Decisões que não admitem recurso /e/ou/ Dupla
Conforme Condenatória - Art. 400, nº1, al. f) CPP
Ao longo das aulas, vamos analisar um processo (inventado), que começa com um
Auto de Notícia, em que se dá conhecimento de alguns factos.
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Vamos começar a matéria pelo estudo prático dos requerimentos. Vamos falar em
requerimentos escritos e requerimentos orais.
Pretende-se entender quais são as regras fundamentais aos escrevermos o que quer
que seja no processo, seja uma queixa, um recurso, etc...E, convém referir, há
determinadas regras que não estão, normalmente, discriminadas na lei, mas que se
aprendem com a prática.
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E em todas as diligências judiciais existe uma ata, que dá conta do que lá se passou (se
estamos em Julgamento, chama-se ata, e há um funcionário que está na sala e vai
escrevendo aquilo que o juiz o mandar escrever/autorizar que escreva). Ou seja, um
requerimento oral é aquele requerimento que é ditado em diligência judicial.
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A um juiz, temos de nos dirigir desta forma: Exmo. Senhor Juiz de Direito do
Tribunal da Instância Local de Matosinhos (porque, como estamos em tribunal, o Juiz é
sempre um Juiz de Direito, porque aplica a lei. Por outro lado, nos Julgados de Paz os
Juízes não são Juízes de Direito, porque podem julgar segundo a lei ou segundo a
equidade).
Nota: Agora as comarcas (que são 23) estão divididas em Instâncias Centrais (que
dá o nome à Comarca) e em Instâncias Locais. Exemplo: Porto é a Instância Central, e
Matosinhos ou Maia são instâncias Locais.
Se nos dirigirmos ao MP, devemos fazê-lo desta forma (se for na primeira
instância): Exmo. Senhor Procurar Adjunto dos Serviços do MP de Matosinhos. Mas, se
for na Relação ou no Supremo, já devemos referir "Exmo. Senhor Procurador Geral dos
Serviços do MP".
Se nos dirigirmos aos órgãos de polícia criminal, depende de quem for (PJ, GNR,
PSP). Se for à PJ, devemo-nos dirigir ao Inspetor em concreto (Exmo. Senhor Inspetor
Rui), ou ao Diretor da PJ/Comandante da GNR.
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Exemplo de um requerimento:
2ª Secção Criminal
(.0 = número introduzido pela secretaria) ; (MD = identificação do funcionário da secretaria) ; (PRT = Comarca do Porto)
Exmo. Senhor
Há que sublinhar que o advogado tem de ter uma Procuração escrita em que o seu
cliente lhe atribui poderes de representação.
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Exemplo de requerimento:
2ª Secção Criminal
Exmo. Senhor
EXPOSIÇÃO FACTUAL
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Esta exposição factual tem de ser feita de forma lógica e cronológica, e só se vai
contar aquilo que é relevante, de forma sucinta/sintética/objetiva.
EXPOSIÇÃO DE DIREITO
- Exemplo: “Requer (há quem diga que se escreva "requere") a V. Ex.ª, se digne
... (p ex.: a considerar justificada a falta, nos termos do disposto no art. 117º do CPP).”
ASSINATURA
O advogado,
Rui Vasconcelos Pinto (com ou sem data, porque a data está, já, no carimbo do
requerimento). Claro que os despachos e sentenças têm de ter data, obrigatoriamente.
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“António Pereira da Silva, que é arguido num processo criminal, tinha audiência
de julgamento marcada para hoje, às 9h30, e ontem à noite telefonou ao advogado a dizer
que está com uma gripe que o impede de comparecer no julgamento. O advogado diz-lhe
que isto não é causa para adiamento, mas que tem de justificar a falta, pedindo-lhe um
atestado médico (que será entregue depois de amanhã, apenas). O advogado vai ao
julgamento e vai requerer a justificação da falta.”
Para além disto, se não justificar a falta, acresce uma aplicação de uma malta (de
mínimo de 2 UC e de máximo 10 UC - Art. 116º CPP). 1 Unidade de Conta (UC -
Regulamento das Custas Judiciais) = 102 euros = 1/4 do salário mínimo nacional (com o
aumento do salário mínimo, aumenta a UC).
E com a falta, o arguido, além da multa, corre ainda o risco de ver agravada a sua
medida de coação (caso tenha sido alvo de uma - Art. 116º CPP). Por isso, há que justificar
a falta, para evitar estas situações.
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Processo 1/2014.0 MD VC
Juiz 1
Exmo. Senhor
EXPÕE:
Encontra-se doente.
Por este motivo, não poderá estar presente na audiência de discussão em Julgamento,
designada para o dia de hoje, 3/10/2014, às 9h30.
REQUER:
A V. Ex.ª, nos termos do disposto do Art. 117º do CPP, se digne considerar justificada a
mencionada falta, seguindo-se de mais termos legais.
O advogado,
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O requerimento do advogado deve ser escrito num papel timbrado, com a sua
identificação.
Se for enviado por fax, temos de entregar em cinco dias o original, por correio
registado. Ou entregar no tribunal. E guardar sempre todos os comprovativos de entrega.
Convém guardar sempre uma cópia do enviado e ficar com uma prova que foi
entregue.
- Para a próxima aula: ler auto de notícia, ver os crimes envolvidos e a sua natureza e se
podia haver detenção.
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Atenção que quando se fala em requerimentos, há que entender que o Juiz não
requer nada, apenas decide, emitindo ou sentenças ou despachos. O juiz nunca pede nada,
não requer nada, apenas decide.
Vamos imaginar que estamos em julgamento, e que António deu dois murros e
umas cabeçadas, em plena via pública, no José. Abriu-se o inquérito, correu o processo e
começou-se o Julgamento. Em plena audiência de julgamento ouvem-se as testemunhas
todas, e no fim o defensor (advogado do arguido), que teve a informação através do
arguido que há uma testemunha que não foi ouvida em julgamento e que assistiu a tudo
(era uma testemunha que ninguém sabia da existência dela, mas que estava escondida e
viu tudo). Mas já estamos na fase final de julgamento! Nenhuma testemunha conseguiu
descrever os factos na sua integralidade (ninguém viu tudo!). Porém, esta testemunha que
apareceu agora viu tudo, mas não foi indicada como testemunha.
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Portanto, pode-se requerer a produção de um meio de prova que ainda não tinha
surgido (Art. 340º, nº1 CPP).
- Art. 315º CPP: o arguido tem um prazo para apresentar contestação e rol de
testemunhas
- Mas o Art. 340, nº1 CPP permite apresentar testemunhas fora deste prazo, tendo
de ser uma testemunha necessária e essencial à descoberta da verdade material e
à boa decisão da causa.
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Portanto, o requerimento oral ditado para a ata seria, por exemplo, assim (e
começasse logo com a parte factual/relatar factos/exposição de factos; e depois segue-se
o requerimento de direito; isto porque não é necessário identificar nem tribunal, nem
arguido, porque este requerimento oral será junto ao processo):
"No dia de ontem, o arguido teve conhecimento da existência de uma pessoa que assistiu
à integralidade dos factos aqui em discussão.
Atenta à insuficiência da prova produzida nesta audiência, uma vez que nenhuma
testemunha inquirida assistiu à integralidade dos referidos factos, a inquirição da referida
pessoa revela-se necessária e essencial à descoberta da verdade e à boa decisão da causa.
Trata-se da Senhora Dona Maria do Céu Ferreira Coelho, solteira, maior, residente na
Rua Alfredo da Costa, nº 12, Porto, e encontra-se presente nas instalações deste tribunal.
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"Opõe-se ao requerido.
"Seguidamente, dada a palavra ao ilustre mandatário do assistente, por ele foi dito o
seguinte":
"Como muito bem disse o MP (lol), na sua douta promoção (porque o MP não requereu,
apenas sugeriu/promoveu), o tribunal encontra-se já suficientemente habilitado a proferir
uma decisão conscenciosa.
Depois, diz o Juiz: "Sr. Procurar, tem a palavra para alegações" (porque já não há mais
ninguém para ouvir, e portanto passa-se às alegações).
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Mas, diz o advogado diz: "Sr Juiz, queria fazer outro requerimento. Quero arguir a
nulidade do despacho de indeferimento" (note-se que este despacho não é susceptível de
recurso - Art. 400, nº1, al. b) CPP).
- Por isso é que se disse que a testemunha era não só necessária como "Essencial",
a pensar no Art. 120, nº2, al. d), in fine CPP (nulidades: esta alínea concreta refere-
se à "essencialidade" à descoberta da verdade).
Com efeito, a inquirição da mencionada pessoa revela-se não apenas necessária, mas
também essencial à descoberta da verdade e à boa decisão da causa, pelos motivos
deixados exarados no nosso requerimento.
Assim, requer a V. Ex.ª, nos termos do disposto do Art. 120º, nº2, al. d), última parte do
CPP, se digne declarar a arguida nulidade, sanando-a de imediato." "Mais nada Sr. Juiz"
"Não há qualquer nulidade, porque a inquirição da dita pessoa, como diz que dissemos,
não é necessária e muito menos essencial e muito menos essencial à descoberta da
verdade e à boa decisão da causa.
- "Dada a palavra ao advogado do assistente: por ele foi dito que subscreve integralmente
a decisão do MP"
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"- Pelos motivos que deixamos consignados no nosso despacho anterior, e como muito
bem diz o MP, a inquirição da mencionada pessoa não é necessária e muito menos
essencial, à descoberta da verdade e à boa decisão da causa.
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- Não há crime de ameaça (Art. 153º CP), uma vez que a ameaça feita integra o
próprio homicídio tentado (é um acto de execução do crime de homicídio).
O crime de homicídio é na forma tentada, porque por razões alheias à sua vontade,
o autor não consumou o crime (elemento: morte não foi consumada). A pessoa que
dispara acaba por ter "sorte" ao não matar. Por isso, o crime é um crime de homicídio na
forma tentada.
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O ofendido faz queixa aos órgãos de polícia criminal (os crimes particulares
também dependem de queixa do ofendido!). Prazo: 6 meses (Art. 113º, nº5 CP)
Depois, para se constituir assistente, num crime particular, tem o ofendido de fazer
um requerimento, dirigido ao Juiz de Instrução Criminal (porque estamos em Inquérito),
a pedir a constituição de assistente (Art. 68º, nº2 CPP):
José Andrade da Silva, queixoso (já apresentou queixa!) identificado nos autos, EXPÕE:
Porque constituiu advogado (é obrigatório - Art. 70º CPP), porque está em tempo (respeita
o prazo do Art. 68, nº2 CPP), e auto-liquidou a respetiva taxa de justiça (é necessário
pagar-se 1 UC para se constituir assistente), e tem legitimidade REQUER a V. Ex.ª, nos
termos do disposto no Art. 68, nº1, al. b) e nº2 CPP, do Art. 70º, nº1 CPP, e do Art. 8º do
Regulamento das Custas Judiciais (RCJ), se digne admiti-lo a intervir nos autos naquela
qualidade."
Depois, isto vai ao Juiz de Instrução, e este Juiz manda notificar o MP e o arguido
para que estes digam se se opõem à constituição de assistente (Art. 68, nº4 CPP). E,
depois, o juiz emite despacho de constituição de assistente, notificando-o.
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A regra é que o MP tem legitimidade para promover o Processo Penal (Art. 58º
CPP), que se aplica aos crimes públicos, salvo as excepções dos crimes semi-públicos
(Art. 49º CPP) e particulares (Art. 50º CPP).
Pode-se desistir da queixa (Art. 116º CP), mas o arguido pode não aceitar. Mas é
sempre aconselhável que aceite a desistência, por uma questão de precaução (Art. 51º
CPP e Art. 116, nº2 CP).
- Art. 68º, nº2 - 10 dias para, nos crimes particulares, haja lugar à constituição de
assistente.
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- Art. 255, nº4 CPP - nos crimes cujo procedimento dependa de acusação
particular não há lugar a detenção em flagrante delito, mas apenas à identificação
do infrator.
- António Freitas, que deu o tiro e injuriou, podia ser detido (porque estava em
causa um crime público);
- Bento Silva apenas cometeu um crime de injúria (crime particular), logo não
podia ter sido detido.
Se o crime de injúria (em regra, crime particular), for cometido contra um docente,
por exemplo, ou contra uma autoridade pública, o crime é semi-público (Art. 188º CP +
Art. 184º CP + Art. 187º CP).
E nestes casos, pode haver lugar a detenção (Art. 255, nº 3 CPP) - Art. 255, nº1,
al. b) CPP - qualquer pessoa pode proceder à detenção, de acordo com este artigo
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Mas, note-se que uma coisa é a desistência da queixa e outra coisa é a renúncia da
queixa. Desiste-se de uma queixa que já se apresentou, e renuncia-se ao direito de
apresentar queixa que ainda não existiu.
Há uma diferença entre detenção e prisão. A prisão é uma pena (pena de prisão)
ou uma medida de coação (prisão preventiva).
- Para o detido ser presente ao juiz para primeiro interrogatório judicial (no prazo
de 48h) - Art. 141º CPP
- Para assegurar a presença imediata, ou no mais curto prazo (sem nunca exceder
24h), do detido perante autoridade judiciária (juiz, juiz de instrução ou procurador
do MP) em ato processual. Pode ser detida uma testemunha, um perito, porque
estas pessoas foram previamente notificadas de forma legal para comparecer a
uma diligência judiciária, e faltou sem justificação (Art. 116/117º CPP). Como
não se justificou a falta, vai ser aplicada uma multa e pode ser ordenada a sua
detenção para que essa pessoa seja presente a uma autoridade judiciária para que
se realize a detenção, noutra data.
- Nota: se eu for a pessoa a deter, e tiver um polícia à porta de casa com um mandato de
detenção, eu alego que não vou, porque o polícia não pode entrar em minha casa, porque
não tem mandato de busca, sob pena de cometer um crime!
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- Art. 255, nº4 CPP - se o infrator não tem identificação, leva-se o infrator para a esquadra
para que ele se identifique (Art. 250º CPP), e isto não é uma detenção.
- Art. 256º CPP - está prevista a "quase flagrante delito" ("acabou de cometer")
Podia o António Freitas ter sido detido pelos populares (em flagrante delito)? Sim,
mas com que finalidade?
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Mas podia ter sido detido para ser presente a primeiro interrogatório judicial (Art.
141º CPP). Ou seja, o MP ouve o arguido nos termos do Art. 143º CPP (interrogatório
não judicial), e depois, se entender que não o deve libertar, o MP aplica o Art. 141º CPP,
para apresentar o arguido ao juiz de instrução (primeiro interrogatório judicial de arguido
detido).
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Depois o arguido é notificado, nos termos da Lei 34/2005, para constituir defensor
(passando-lhe uma procuração), e caso isto não se verifique, é-lhe nomeado um advogado
oficiosamente para os atos processuais em que é obrigatória a presença de defensor (Art.
64º CPP).
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Quando o sujeito é detido, fora dos casos do Art. 254º CPP + Art. 143º CPP, vai
ser presente ao MP (Art. 259º CPC).
Se, posteriormente, o MP não libertar o sujeito (dentro das 48h para a detenção),
o sujeito tem de ser presente ao juiz de instrução (Art. 143º, nº3 CPP), para aplicação de
MC, no âmbito do primeiro interrogatório judicial (Art. 141º CPP).
O sujeito detido vai para a esquadra quando o agente policial tem ordens para o
fazer (e não para o levar a tribunal diretamente).
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Note-se que o crime, e a sua natureza, por si só, não faz imediatamente suscitar
um dos perigos do Art. 204º CPP.
Temos de articular o Art. 141º CPC (que é uma diligência autónoma) com o
despacho a requerer uma MC (Art. 194º CP) - embora possam os dois atos ocorrer no
mesmo momento, estes dois atos são sempre diferentes.
Portanto, a audição para aplicação de MC pode ser feita num ato autónomo do
interrogatório
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Uma vez ouvido o arguido sobre os factos que lhe são imputados, em primeiro
interrogatório do arguido detido, agora se fosse o mesmo interrogatório, o que é que a
Sra. Juiz faria?
Pode o juiz, lendo o Art. 194º, nº1 CPP, no final do primeiro interrogatório judicial
do arguido, pode o Juiz aplicar a MC sem mais? Sem ouvir o MP? Não, tem sempre de
ouvir o MP: durante o inquérito, a MC é sempre decretada mediante requerimento do MP,
sob pena de nulidade; e depois do inquérito, o Juiz pode aplicar oficiosamente a MC, mas
sempre ouvindo o MP, sob pena de nulidade.
Por isso, o MP tem de dizer à Juiz que quer fazer um requerimento para aplicar
uma MC.
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- Mas, por outro lado, a prova proibida sobrevive ao caso julgado, e pode
ser fundamento de recurso de revisão (Art. 449º. nº1, alínea e) CPP).
Mas nesta questão das Nulidades, a terminologia usada no CPP nem sempre é a
mais correta: estamos no âmbito de uma nulidade insanável, e no entanto, o Art. 194º, nº1
CPP apenas refere "nulidade"
E porquê que o legislador no Art.126º CPP nem sequer fala de nulidade insanável?
Só fala de nulidade? Para Rui Silva Leal a redação do Art. 126º CPP foi retirada na íntegra
do artigo semelhante da CRP, pelo que, o legislador penal ordinário não quis corrigir o
legislador constitucional. Por isto é que se fala em nulidade, mas o intérprete tem de
enquadrar esta situação num regime de inexistência de prova. Por isso é que uma
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confissão do arguido feita sob tortura, obviamente não vale como prova, é uma prova
proibida: mais do que nula, é inexistente, e sobrevive ao caso julgado, podendo ser
arguida sempre, como fundamento de recurso de revisão.
Portanto: o art. 194º, nº1 CPP é uma nulidade insanável. (Art. 119º, nº1, al. b)
CPP).
Este artigo 194º, nº1 CPP também se aplica às medidas de garantia patrimonial.
A caução é uma medida de garantia patrimonial? Sim, no caso do Art. 227º CPP
(caução económica). A caução económica não tem nada que ver com a caução do Art.
197º CPP. O Art. 197º CPP é uma MC e o Art. 227º CPP é uma medida de garantia
patrimonial.
Mas o fundado receio que se refere no Art. 227º CPP tem de ser transformado em
facto! Porquê que há fundado receio? (o arguido tem um carro e colocou-o à venda na
internet, por exemplo).
A caução do Art. 197º CPP era antigamente chamada de caução carcerária (para
não ir preso preventivamente, pode o arguido prestar caução - Art. 205º CPP e ss).
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Mas o senhor juiz aplica a prisão preventiva. Pode? Não - Art. 194º, nº3, porque
o fundamento do MP foi o da al. b) do Art. 204º CPP. Mas o 194º, nº2 CPP permite, se o
fundamento do MP for diverso (Art. 204º, al. a) e c) CPP).
Estes dois artigos foram alterações de 2013! Porque antigamente, fosse qual fosse
o fundamento da aplicação de MC, o juiz de instrução nunca pode aplicar MC mais grave
do que a requerida pelo MP, porque o MP é que dirige o inquérito.
Mas surge uma dúvida: o MP requer a aplicação da prisão domiciliária com base
na perturbação do inquérito (Art. 204º, al. b) CPP), e o juiz diz que quer aplicar prisão
preventiva, mas já com base no Art. 204, al. a) CPP. Pode? Há divergência doutrinal.
Mas, à partida, não pode, porque o juiz está vinculado ao fundamento do requerimento
do MP (Damião da Cunha e Rui Silva Leal defendem isto). Rui Silva Leal entende que
há uma nulidade insanável (Art. 119º, al. b) CPP) nestes casos. Mas a jurisprudência não
concorda, e permite que os juízes apliquem medidas mais gravosas fundamentadas
noutras alíneas do Art. 204º CPP.
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Pode a juiz fazer isto? Art. 5º CPP - aplicação da lei no tempo (Art. 5º, nº2, al. a)
CPP - lei adjetiva/processual é de aplicação imediata a qualquer processo, novos ou
pendentes; no DPP também é assim, a não ser que dessa aplicação imediata da lei possa
resultar para o arguido um agravamento sensível da situação processual do arguido).
Portanto, não pode a juiz fazer isto (Ac. Relação Coimbra de 16/10/2013).
Ainda a propósito das MC, quando não há alteração das circunstâncias, não pode
haver alteração da MC.
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1) Verifica-se, ou não, algum dos perigos do Art. 204º CPP? Se sim, então é
necessário aplicar uma MC.
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Os recursos estão previstos no CPP: começam no Art. 399º CPP até ao 436º CPP.
- Art. 141º, nº6 CPP - está referido que o MP e o defensor podem sugerir
ao juiz determinadas perguntas a dirigir ao arguido. Mas o juiz pode
indeferir estas perguntas por despacho irrecorrível, logo não é possível
recurso destas decisões judiciais.
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Rui Manuel Vasconcelos Pinto Praticum Processo Penal
Para se saber como é que se faz uma sentença, temos de recorrer ao CPP (art. 374º
CPP). A sentença tem, fundamentalmente, três partes (nos números 1, 2 e 3 do referido
artigo).
Mas a sentença pode estar ferida de determinados vícios, como a nulidade (Art.
379º CPP), como é o caso da falta de fundamentação da sentença. A falta total da
fundamentação constitui nulidade, mas se a falta for meramente parcial. Mas se a
fundamentação faltar, apenas em parte, então só estamos perante uma insuficiência e
nunca uma nulidade.
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No Art. 427º CPP refere-se que excetuando-se os casos em que há recurso direto
para o STJ (recurso per saltum), o recurso, por regra, interpõe-se da primeira instância
para a relação.
Portanto, o recurso da primeira instância, se não for um recurso per saltum (Art.
432º CPP), é recorrível para a Relação (Art. 427º CPP). Note-se que, p ex, os juízes de
primeira instância são julgados na relação, os juízes desembargadores (da relação), sao
julgados no STJ, e os juízes do STJ são julgados, também, da relação. Por isso, a Relação
funciona como primeira instância quando julga juízes ou procuradores que trabalham na
primeira instância.
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Prazos de recurso
Por vezes sucede que, lida a sentença, queremos interpor recurso imediatamente
após a leitura da mesma, através de um requerimento ditado para a ata (Art. 411º, nº2
CPC): "Não me conformando com a sentença acaba de proferir, dela pretende interpor
recurso, para o tribunal da relação do Porto, a subir imediatamente nos próprios autos
(Art. 406º CPP), com efeito suspensivo (Art. 408º CPP).”
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Por outro lado, já ouvimos falar que o recurso sobe imediatamente, sobe nos
próprios autos, e tem (ou não) efeito suspensivo. Estamos, na verdade, a falar do Art.
406º, Art. 407º, e Art. 408º CPC.
O que é subir nos próprios autos? E subir em separado? - Art. 406º CPC
Quando é que o recurso vai para o tribunal superior? No momento em que é interposto
ou mais tarde? Art. 407º CPP
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Art. 400º CPP – este artigo refere quando é que não é admissível recurso.
Mas há outros casos previstos na lei, sem ser o Art. 400º CPP:
- Art. 291º, nº2 CPP (mas pode-se recorrer do despacho que indefere a
reclamação)
- (...)
Nota:
- Art. 400º, nº1, al. a) CPP (um despacho de mero expediente destina-se a prover
o regular andamento do processo - Art. 152º, nº4 CPCivil - por exemplo: notifico
o arguido para comparecer no dia X à audiência de julgamento).
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E depois aplica-se o art. 414º CPP. Se o juiz que decretou a MC não admitir
recurso (só pode não admitir o recurso com os fundamentos do Art. 414º, nº2 CPP), há
lugar a reclamação para o presidente do tribunal para onde iria o recurso (art. 405º CPP).
Contudo, esta reclamação é entregue, na mesma, na primeira instância.
E, depois, há que ver se o recurso sobe nos autos ou em separado (art. 406º, art.
407º e art. 408º CPP).
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Para sabemos, antes de mais nada, o momento da subida (se sobe já, ou se sobe
no fim), há que ver o art. 407º, nº2 CPP. Só se não couber neste artigo é que vamos tentar
aplicar o art. 407º, nº1 CPP. Se não couber em nenhum destes números, então significa
que o recurso não sobe imediatamente e que a situação cabe no art. 407º, nº3 CPP. Se o
recurso não sobe imediatamente, significa que o recurso está pronto, mas fica retido no
processo, subindo em diferido (até decisão que ponha termo à causa, que pode ser um
simples despacho de prescrição, ou uma sentença). Caso o recurso suba imediatamente
(art. 407º, nº1 e nº 2 CPP), isto significa que o recurso mal esteja pronto sobe ao tribunal
superior.
Que casos é que cabem no art. 407º, nº1 CPP? Este artigo refere-se a recursos que
sobem imediatamente, porque a sua retenção os tornaria "absolutamente inúteis". Quer
isto dizer que se aquele recurso vier a ser guardado no processo, quando vier a ser
decidido mais tarde já não vale a pena.
Durante o inquérito, há uma testemunha do arguido que assistiu aos factos todos,
mas que está doente e que vai morrer. Pode-se ouvir a testemunha no inquérito,
normalmente, mas se ela morrer impossibilita a utilização das suas declarações prestadas
em inquérito ou instrução na audiência de julgamento. Então pede-se no inquérito que
esta testemunha seja ouvida para declarações para memória futura, fazendo-se uma
espécie de antecipação de julgamento no inquérito (esta testemunha será ouvida numa
espécie de mini-julgamento, perante um juiz e advogados. Estas declarações serão
gravadas e poderão ser usadas, caso a testemunha morra, em audiência de julgamento).
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Rui da Silva Leal: "O Estado é uma pessoa de mal. O Estado existe porque existem
pessoas. O Estado/os tribunais existem para servir as pessoas. Não é o contrário: as
pessoas não existem para servir o estado!"
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Depois disto, temos de saber se o recurso sobe nos próprios autos ou se sobe em
separado? (Art. 406º CPP).
Há uma sentença que condena o arguido. Qual é o seu momento de subida? Art. 407º, nº2
CPP - sobe imediatamente.
E qual é o regime da subida? Sobe nos próprios autos - Art. 406º, nº1 CPP - ou
seja, este recurso que vai em papel, por email, por fax, e que depois é imprimido na
secretaria do tribunal, sendo posteriormente inserido no processo. Depois, vai ao juiz, que
admite o recurso, sendo enviadas cópias aos restantes intervenientes. Depois, sobem os
autos (todo o processo) à relação, porque o recurso está dentro do processo.
Se não subir nos próprios autos, o processo continua a sua marcha normal na
primeira instância, e é enviado para o tribunal superior só o recurso (sobe em separado).
Ora, nos próprios autos sobem todos os recursos que coloquem termo à causa/ao
processo, sendo despachos ou sentenças. Por outro lado, na segunda parte do art. 406º,
nº1 CPP diz-se que também sobem nos próprios autos os recursos os recursos retidos (art.
407º, nº3 CPP), ou seja, os recursos que devam subir com os recursos das decisões que
coloquem termo à causa.
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Imagine-se que somos advogados do arguido que foi preso preventivamente. Não
concordamos e interpomos recurso.
- Regime da subida: Art. 406º, nº2 CPP - porque o recurso não ficou retido,
subindo imediatamente, e porque não se trata de uma decisão que coloque termo à causa.
- Art. 408º, nº2 CPP - efeito suspensivo da decisão (o processo continua a andar,
mas aquela decisão fica suspensa, não sendo cumprida a decisão (a decisão fica "em
banho maria/à espera") até que seja decidido o recurso).
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Se não se tratar de nenhuma situação prevista nestes artigos, o recurso não tem
efeito suspensivo. Note-se que não se diz "efeito meramente devolutivo" como no
Processo Civil. Diz-se "sem efeito suspensivo"
- O despacho que aplica MC, a ser recorrido, não tem efeito suspensivo
(sobe imediatamente - art. 407º, nº2, al. c) CPP - em separado (art. 406º,
nº2 CPP) - e sem efeito suspensivo (art. 408º à contrario).
O Art. 408, nº3 CPP refere aos casos do Art. 407º, nº1 CPP (é o caso das declarações para
memória futura).
Há um caso em que o advogado tinha dois arguidos, um deles que exercia cargos
políticos (sujeito a um regime próprio, e a processos criminais autónomos dos demais
arguidos). A determinada altura deste processo, é deduzida acusação, no final do
inquérito, o arguido político não quer requerer abertura de instrução, mas o outro arguido
quer. Portanto, o advogado fez requerimento a requerer a separação dos processos, mas a
juiz de instrução indeferiu.
Houve recurso, mas o juiz reteve o recurso, dizendo que o recurso só iria subir no
fim. Portanto, o advogado reclamou para o Presidente da Relação (art. 405º CPP), dizendo
que se o recurso só subisse no fim, então o arguido já teria de ter sido sujeito à instrução,
que era precisamente o que se evitava. Então, o presidente da relação deu razão ao
advogado, permitindo a separação dos processos, e referindo que o recurso tinha de subir
imediatamente, tendo efeito suspensivo do processo, porque dele depende a validade dos
atos subsequentes (in casu, a instrução), isto é, o arguido só consegue não ser sujeito a
instrução se o processo parar enquanto não se decidir o recurso (art. 408º, nº3, primeira
parte CPP). Se assim não fosse, se não envolvesse a validade de atos subsequentes, o
efeito era o mero efeito suspensivo da decisão.
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- Cabe o art. 432º CPP (recurso para o STJ)? Se sim, o recurso é para o STJ.
- Não cabe no art. 432º CPP? Então o recuso é para a Relação (Art. 427º CPP)
Note-se que:
- Mas uma denúncia nem sempre é uma queixa, porque a denúncia pode-se referir
a crimes públicos.
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- Art. 141º, nº4, al. e) CPP + Art. 194º, nº6, al. b) CPP
- Relação entre Art. 141º, nº4, al. b) CPP com o Art. 64º, nº1, al. b) CPP + Art. 357º, nº1,
al. b) CPP
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- Rui da Silva Leal: "A lei existe porque há cidadãos e não o contrário"
O arguido não quis constituir advogado, mas como ia ser Interrogado por um juiz,
tinha de ter advogado, sendo-lhe nomeado um (artigo 64º, nº1, als. a) e b) CPP).
Neste caso, na pagina 29, a queixa podia ser feita em processo autónomo ou no
processo que já estava a decorrer pelo crime de homicídio.
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Na página 30, o ponto 6º poderia ser: "Os denunciados agiram de forma voluntária,
livre e consciente, (...), bem sabendo que as suas condutas eram proibidas e punidas por
lei."
Desde que não seja prova proibida, é admissível. Mas o MP é que vê, perante o
caso concreto, que tipo de investigação pretende realizar e que tipo de provas deve
produzir.
Sendo que no inquérito, todas as diligências de prova são reduzidas a auto (artigo
275º CPP), com excepção do artigo 141º CPP, que deve ser gravado (interrogatório ao
arguido).
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* nº1 - arquivamento por se não ter verificado crime ou, havendo crime,
não ter sido aquele arguido a praticar, ou na hipótese de o crime não ser público.
Análise das diligências de prova que temos no nosso Processo (caderno II)
- A partir da página 33
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- Produção de Prova
- Inquirição de Testemunhas
- Acusação
- Arquivamento
- (…)
O Artigo 141º, nº4, al. b) CPP está relacionado com o artigo 357º CPP.
- Artigo 141º, nº4, al. b) CPP: São informações que o juiz de instrução, no primeiro
interrogatório, tem de dar ao arguido.
O arguido tem direito ao silêncio, mas se falar, tudo o que disser, pode ser utilizado
no processo, ainda que seja julgado na ausência. E esta advertência tem de ser feita. Se
não for feita esta advertência, em julgamento, depois não se pode utilizar as palavras do
arguido.
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Isto é relevante porque o artigo 356º CPP diz que , regra geral, nada do que se
passa no inquérito pode ser lido no julgamento, nomeadamente declarações de
testemunhas, a não ser que haja acordo entre todos.
- nº1, al. a) CPP - é o caso da testemunha que vive em Lisboa e não se pode
deslocar ao Porto. Então o juiz, em Lisboa, ouve a testemunha, e manda a
gravação para o Porto.
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Há que conjugar o artigo 64º, nº1, al. b) CPP, com o artigo 141º, nº4, al. b) CPP
(e artigo 143º CPP) e com o artigo 357, nº1, al. b) CPP.
Note-se que não se aplica o artigo 144º, nº2 CPP (o OPC, quando procede ao
interrogatório, não pode advertir o arguido que as suas declarações serão lidas em
julgamento, porque o juiz não pode ler estas declarações prestadas ao OPC).
O artigo 144º, nº2 CPP também diz que o OPC (órgão de polícia criminal) não
pode dizer ao arguido, quando o interroga, quais são os elementos de prova/do processo
que indiciam os factos que lhe são imputados. O OPC tem de dizer os factos imputados
ao arguido, mas não lhe pode dizer que provas existem no sentido daqueles factos
imputados. Por outro lado, o juiz de instrução e o MP têm de fazer isto. Na verdade, esta
solução existe porque o OPC não tem de fazer juízos de valor sobre prova. Ficará o
arguido prejudicado com isto? Não, porque pode usar a sua grande arma de não falar.
Aliás, por isto tudo é que é fundamental a presença do defensor do inquérito, para
garantir que tudo isto é cumprido.
Se o arguido se calar no inquérito o juiz não tem nada para ler em julgamento.
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Por isso é que o arguido, seja culpado ou inocente, no início do inquérito nunca
deve falar.
As declarações não valem como prova (prova proibida), segundo Rui da Silva
Leal.
O facto de não se dizer na lei que há nulidade, não prejudica o facto de a prova ser
proibida/inexistente (artigo 118º, nº3 CPP).
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Quanto à acusação:
Arquiva-se porque não há crime, ou porque aquele arguido não cometeu aquele
crime, ou porque não há indícios suficientes da prática do crime. E este despacho de
arquivamento é notificado a todos, nos termos do artigo 277º CPP.
Esta acusação é notificada às pessoas que estão aferidas no artigo 277º, nº3 CPP
(arguido, assistente, defensor, etc...).
Se o MP não deduzir acusação, o assistente não pode deduzir acusação. Por isso,
o MP é sempre o primeiro a deduzir acusação e a determinar se temos acusação ou
arquivamento.
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Ainda que o MP tenha dito que não tenha encontrado indícios suficientes, o
assistente pode na mesma proceder à acusação particular, e o processo vai para
julgamento.
Isto porque o crime particular é um crime muito mais pessoal, e portanto, não põe
na disponibilidade do MP a decisão de acusar.
O MP deduz a sua acusação quanto aos crimes públicos e semipúblicos nos termos
do artigo 283º CPP, e notifica o ofendido ou assistente. Mas pode acontecer que ainda
não haja assistente, e muitas vezes o ofendido sabe que está a correr o inquérito mas ainda
não se constituiu assistente por razões económicas. E o inquérito vai correr e não precisa
de assistente para nada. Mas chega a altura em que o ofendido recebe a notificação da
acusação, e o ofendido só pode deduzir acusação se for assistente. E agora? Vai a correr
constituir-se assistente? Terá tempo para tudo dentro dos 10 dias para se deduzir acusação
do artigo 284º CPP?
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Nesta sede, é relevante o artigo 68º, nº3 CPP, onde se refere que o requerimento
para constituição de assistente pode ser feita no próprio ato de acusação. Na própria
acusação que o ofendido deduz, pede logo a constituição do assiste. Será algo assim: (a
acusação é dirigida ao juiz de julgamento)
José Andrade da Silva, ofendido nos autos acima referenciados, pretende constituir-se
assistente neste processo, porque tem legitimidade, porque já auto-liquidou a respetiva
taxa de justiça, porque constituiu advogado (...) (já fizemos um requerimento igual a este
de constituição de assistente)
Desde que admitido a intervir nessa qualidade (desde que admitido a intervir como
assistente) vem deduzir a respetiva acusação, nos termos do disposto no artigo 284º CPP,
nos seguintes termos:
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Porém, se o assistente quiser, pode deduzir a sua própria acusação (artigo 284º,
nº1 CPP), pelos mesmos factos do MP, por parte dos factos apenas, ou por outros factos,
desde que esta alteração não seja uma alteração substancial dos factos, nos termos do
artigo 1º, al. f) CPP. Se implicar, temos uma nulidade insanável.
- Nota: ler bem o caderno III que foi distribuído (e os restantes cadernos)
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1) Qual é o crime imputado - sabendo o crime, temos de ver qual é a pena de prisão
aplicável ao crime e qual os seus limites mínimos e máximos.
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E depois o juiz vai decidir. Pergunta-se: tem o arguido que ser ouvido? Audição
prévia? Silva Leal crê que sim, sob pena de nulidade insanável (artigo 119º CPP). E esta
audição prévia não faz parte do primeiro interrogatório do arguido detido, não é a mesma!
São diferentes: esta declaração prévia nada tem que ver com as declarações sobre os
factos imputados ao arguido.
Rever:
- Preparar julgamento, lendo os artigos: 311º CPP, 312º CPP, 313º CPP, 315º CPP,
316º CPP, e seguintes
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