TAA Cap 5 PDF
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Introdução
Para efeito do que se descreve a seguir, supõe-se que a água bruta seja
potabilizável, ou seja, atenda aos padrões descritos pelo CONAMA e pelo
COPAM, já do conhecimento do leitor, e anexos a este livro.
5-1
Em tais condições, a turbidez da água bruta é devida principalmente à presença
de partículas de argila, sob forma grosseira (e, assim, facilmente removíveis) ou
de suspensões coloidais (de remoção mais difícil, que exige tratamento químico)
provenientes da erosão do solo, ou, o que é menos comum, à presença de algas
ou a crescimentos bacterianos.
Já a cor (especificamente, a cor verdadeira, tendo em vista que, como foi visto,
há também a cor aparente, devida à reflexão de corpos presentes na água,
separáveis por centrifugação) deve-se principalmente à presença de substâncias
químicas provenientes da degradação da matéria orgânica (folhas e plantas
aquáticas com as quais a água tenha estado em contato).
É interessante ressaltar mais uma vez que, na maioria das águas brutas
com que o sanitarista trabalha, os organismos patogênicos costumam, quase
sempre, estar associados a partículas responsáveis pela turbidez, que parecem
utilizá-las como substrato e forma de proteção.
É interessante ressaltar mais uma vez que, na maioria das águas brutas
com que o sanitarista trabalha, os organismos patogênicos costumam, quase
sempre, estar associados a partículas responsáveis pela turbidez, que parecem
utilizá-las como substrato e forma de proteção.
Assim sendo, quando se promove a redução da turbidez da água bruta, são
também removidos os patogênicos a ela associados. Além disto, os organismos
que porventura atravessem essa fase de tratamento ficam expostos à ação dos
compostos desinfetantes, sendo por eles eliminados.
5-2
O termo argila compreende grande variedade de compostos. Em geral,
refere-se à terra fina (0,002 mm de diâmetro ou menos), às vezes colorida, que
adquire plasticidade ao misturar-se com quantidades limitadas de água.
Arboleda V., em sua obra publicada pelo CEPIS 8, apresenta uma descrição
das argilas mais importantes para o sanitarista. Para efeito do que será visto
neste livro, entretanto, basta saber que, do ponto de vista químico, a argila é um
silicato de alumínio, que forma cristais. Diz-se que as argilas possuem grande
superfície específica.
Por superfície específica entende-se a superfície total que um corpo possui
em relação ao seu volume.
Ora, tomando-se, como exemplo, a forma cúbica, um cubo de aresta L tem a
seguinte área superficial:
A = 6L2
e o seguinte volume:
V= L3
Portanto, sua superfície específica será:
Superfície específica = A/V = 6L2/L3 = 6/L
Um cubo de aresta dez vezes menor tem a seguinte área superficial:
A = 6.(L/10)2 = 6L2/100
e o seguinte volume:
V = (L/10)3 = L3/1000
Portanto, sua superfície específica será:
Superfície específica = A/V = (6L2/100) / (L3/1000) = 60/L
Ou seja, o cubo menor, de aresta dez vezes menor que a do cubo maior,
tem área superficial específica dez vezes maior que a desse cubo.
Assim sendo, quanto menor é a partícula, maior é a sua superfície
específica.
Quanto maior a superfície específica das partículas, maior será a
probabilidade de sucesso de reações e interações que ocorram em suas
superfícies.
Além disto as argilas apresentam a propriedade de interagir com o meio aquoso
que as cercam, substituindo íons metálicos de seus cristais por outros, também
metálicos, mas de cargas elétricas diferentes, o que faz com que suas partículas
se tornem eletricamente carregadas (freqüentemente negativas), assim como o
meio que as circunda ( que, em conseqüência, se torna positivo).
Por seu turno, a cor das águas potabilizáveis deve-se, na maioria dos casos,
à existência de soluções coloidais, constituídas de grande variedade de extratos
vegetais. Entre os principais citam-se os taninos, ácido húmico e humatos,
originários da decomposição da lignina. O humato férrico, algumas vezes
presente, produz intensa coloração 4.
Como no caso das argilas, as partículas coloidais responsáveis pela cor
tornam-se eletricamente desequilibradas, quase sempre negativas. Graças a
este fato, a cor pode ser removida nas estações de tratamento de água
utilizando-se o mesmo processo de remoção da turbidez.
O caráter negativo das partículas descritas anteriormente pode ser
observado da seguinte forma: coloca-se a amostra de água com as partículas
em suspensão sobre uma lâmina de microscópio, e submete-se essa amostra a
5-3
um campo elétrico - vide Figura 5.2. As partículas suspensas migrarão para o
polo positivo do campo elétrico, revelando, dessa forma, sua carga.
5-4
presentes na água, especialmente as que lhe conferem a denominada
alcalinidade, e a própria água.
• Floculação: é o fenômeno através do qual as partículas já desestabilizadas
chocam-se umas com as outras para formar coágulos maiores.
Dois modelos, sumarizados pelo CEPIS 8 e por Campos e Povinelli 4,
nomeadamente o físico e o químico, procuram explicar o que ocorre durante a
coagulação e a floculação. Cada um deles explica parte dos fenômenos que
ocorrem de fato, deixando, por seu turno, outros sem justificativa satisfatória.
Qualquer que seja o modelo que se considere, a prática mostra ser
adequado proceder à aplicação do produto químico coagulante do modo mais
uniforme possível em toda a massa líquida, durante o tempo mais curto que for
possível e com grande intensidade de agitação. Em seguida, a agitação pode (e
deve) ser lenta, diminuindo de intensidade com o passar do tempo.
A adequada coagulação permite economizar produtos químicos e tempo de
aglutinação para a floculação da água em tratamento.
Modernamente, estudos experimentais 5 vêm sendo realizados com o
objetivo de, através da utilização de meios granulares, obter a micro-floculação
e, simultaneamente, a decantação da água em tratamento. Com isto, é possível,
a um só tempo:
a) reduzir as dimensões da unidade de tratamento (por ser necessário um
tempo de floculação bem menor para formar micro-flocos, do que o
necessário para formar flocos, cuja velocidade de sedimentação permita sua
remoção em decantadores convencionais);
b) reduzir o consumo de floculantes, tendo em vista que os colóides
desestabilizados não precisarão crescer.
5-5
Tabela 5.1 - Coagulantes primários e faixas de pH em que são utilizadas
Coagulantes Faixas de pH
Sulfato de alumínio 5,0 a 8,0
Sulfato ferroso 8,5 a 11,0
Sulfato férrico 5,0 a 11,0
Cloreto férrico 5,0 a 11,0
Sulfato ferroso clorado acima de 4,0
Aluminato de sódio e sulfato de alumínio 6,0 a 8,5
5.5.1. Introdução
5-6
Por exemplo, a primeira reação é representada pela equação de equilíbrio:
Al (H 2O )+3 + H 2O → Al (H 2O )5 OH + 2 + H 3O +
6
Pode-se imaginar diversas outras espécies, à medida que as moléculas de
água vão sendo substituídas pelo OH-, que serão positivamente carregadas,
neutra ou negativamente carregadas:
Al (H 2O )+3 OH + 2 → Al (H 2O )4 (OH )2+ →
5
→ Al (H 2O )3 OH 3 → Al (H 2O )2 (OH )−4 →
5-7
Figura 5.3 – A teoria da dupla capa
5-8
Caso os colóides não sejam desestabilizados pelas formas dissociadas do
alumínio, o hidróxido de alumínio poderá desestabilizá-los, mas através de outro
mecanismo, baseado na saturação e arraste dos colóides.
O processo que desestabiliza os colóides através da adsorção, em sua
superfície, de produtos do alumínio, de carga oposta, é denominado
desestabilização por adsorção e neutralização.
O processo que desestabiliza os colóides através da saturação da água em
tratamento com o gel hidróxido de alumínio, e arraste dos colóides aprisionados
nesse gel, denomina-se desestabilização por varredura.
Na prática, os dois processos podem ocorrer combinados, conforme será
visto adiante.
É importante salientar, mais uma vez, o curto período de existência das
formas dissociadas do sulfato de alumínio na água. Decorrido esse tempo,
grande parte do alumínio passará a existir como hidróxido de alumínio, sólido e
precipitável. Desse modo, a primeira equação apresentada neste Item tende a
evoluir para:
Al 2 (SO 4 )3 + 6H 2 0 → 2 Al (OH )3(s )↓ + 6H + + 3SO 4−2
Os Itens a seguir descrevem esses mecanismos.
5-9
Algumas (poucas) estações de tratamento de água possuem um aparelho
eletrônico denominado zetâmetro, capaz de medir o denominado potencial zeta
das partículas (vide Figura 5.2, onde é indicado o potencial zeta da partícula
coloidal).
Quando se neutralizam as partículas coloidais, através da correta adição de
coagulante, consegue-se "zerar" o potencial zeta.
Entretanto, na maioria das vezes não se dispõe desse equipamento, e
determina-se experimentalmente como fazer para desestabilizar corretamente as
partículas, através de ensaios de jarros, em que se testam diversas dosagens de
coagulantes, floculantes e compostos para a ajustagem do pH.
A desestabilização por adsorção exige que a mistura rápida seja feita com muita
energia e durante tempo muito pequeno.
Isto porque, como foi visto, os produtos de dissociação do sulfato de
alumínio que podem ser adsorvidos pelas partículas ficam disponíveis na água
apenas alguns segundos. Em seguida, formam hidróxidos, que são importantes
nas fases seguintes do tratamento, mas não para a desestabilização por
adsorção e neutralização.
Além disto, esses produtos precisam ser lançados energicamente contra as
partículas, para que sejam capazes de atravessar as nuvens de cargas, também
positivas, que as cercam (dupla capa). Somente após atravessarem essas
nuvens é que os íons metálicos poderão ser adsorvidos pelas partículas.
Do exposto, conclui-se que, para que as partículas possam ser
desestabilizadas por adsorção e neutralização, o misturador rápido deverá
apresentar duas características essenciais:
• misturar energicamente o coagulante à água bruta;
• efetuar essa mistura em tempo muito curto.
5-10
Figura 5.5 – Desestabilização por varredura
5-11
Além disto, dosagens excessivas de coagulante podem re-estabilizar as
partículas que se deseja remover.
Isto porque, sendo essas partículas de carga predominantemente negativa,
conforme foi visto, sua desestabilização é conseguida através da adsorção de
cargas positivas.
A adição em excesso, de produtos de dissociação pode fazer com que as
partículas coloidais deixem de ser negativas e se tornem positivas.
Nessas condições, ocorrerá o que se denomina re-estabiização das partículas.
O operador habilidoso saberá combinar os processos da desestabilização
por adsorção e o da desestabilização por varredura.
Para tanto, ele dosará a quantidade correta de floculante, capaz de, ao
mesmo tempo:
• fornecer íons metálicos em quantidade suficiente para que, ao serem
adsorvidos pelas partículas, reduzam suas cargas negativas, o que propiciará
sua aproximação;
• formar hidróxido metálico em quantidade suficiente para adsorver as
partículas parcialmente desestabilizadas e, portanto, mais próximas umas das
outras (por isto, são necessários flocos menores de hidróxidos para adsorvê-
las).
Observe que, neste caso, assim como na desestabilização por adsorção, é
necessário contar com um bom misturador rápido. A combinação dos dois
processos - adsorção e varredura - permite obter flocos bem formados com
pequeno consumo de floculante.
5-13
[ ] [ ]
pK 3 = − log Al +3 − 3 log OH −
pK 3 = − log[Al ]− 3 pOH
+3
5-14
exata para sua desestabilização. No limite superior da dosagem de sulfato,
portanto, a carga negativa com que o colóide se apresentava terá sido anulada.
5-15
Figura 5.8 – Diagrama para projeto e operação utilizando sulfato de
alumínio
5-16
Portanto, da dosagem utilizada, a dosagem de sulfato de alumínio (subtraída
a água de hidratação) foi, na realidade:
342
dosagem = 23 = 13,12mg / L
599,4
O produto químico a ser utilizado na ETA tem, em sua molécula, 20
miligramas de água de hidratação. Portanto, seu peso molecular será:
5-17
Figura 5.9 – Problema resolvido 5.5.7
à água.
Na maioria dos casos o cálcio encontra-se associado ao íon bicarbonato,
que se transforma em carbonato (pouco solúvel) com o aumento da temperatura,
segundo a reação:
Ca(HCO3 )2 → CaCO3 + CO2 + H 2O
∆
5-18
Assim sendo, o aumento do pH faz com que o bicarbonato de cálcio se
transforme em carbonato de cálcio, precipitável, propiciando sua remoção da
água.
Tendo em vista que a dureza devida ao bicarbonato de cálcio pode ser
facilmente removida, quer por elevação da temperatura, quer por aumento do
pH, denomina-se esse tipo de dureza de dureza temporária, contrapondo-se à
dureza devida à associação dos metais descritos com outros tipos de ânions
que, por serem mais dificilmente removíveis, constituem a denominada dureza
permanente.
Quando a água em tratamento possui alcalinidade natural devida à presença
do bicarbonato de cálcio, e a ela é adicionado o ácido sulfúrico (H2SO4), ocorrerá
a seguinte reação, que neutraliza, dessa forma, o ácido que foi adicionado à
água:
Ca(HCO3 )2 + H 2SO 4 → CaSO 4 + 2CO2 + 2H 2O
A reação anterior pode ser re-escrita da seguinte forma, após multiplicar todos
os seus termos por 3:
3Ca(HCO3 )2 + 3H 2SO4 → 3CaSO 4 + 6CO2 + 6H 2O
Em seguida, ela será somada membro a membro com a reação (já vista):
Al 2 (SO 4 )3 + 6H 2O → 2 Al (OH )3( s ) ↓ + 6H + + 3SO4−2
e que pode ser re-escrita da forma:
Al 2 (SO 4 )3 + 6H 2O → 2 Al (OH )3(s ) ↓ + 3H 2SO 4
Obtém-se:
3Ca(HCO3 )2 + 3H 2SO4 → 3CaSO 4 + 6CO2 + 6H 2O
Al 2 (SO 4 )3 + 6H 2O → 2 Al (OH )3(s ) ↓ + 3H 2SO 4
Al 2 (SO 4 )3 + 3Ca(HCO3 )2 → 3CaSO 4 + 6CO2 + 2 Al (OH )3( s ) ↓
Observe que foram cancelados os termos idênticos que aparecem em lados
opostos do sinal (• ).
Não obstante, a adição de sulfato de alumínio à água em tratamento tende a
reduzir seu pH, devido ao fato de que o CO2 resultante tende a reagir com a
água, formando um ácido fraco, o ácido carbônico, segundo a reação:
CO2 + H 2O → H 2CO3
Por outro lado, o bicarbonato de cálcio é convertido a sulfato de cálcio, vale
dizer: parte da dureza temporária é convertida em dureza permanente, o que
pode constituir uma desvantagem do ponto de vista da remoção da dureza.
5-19
CO2 + H 2O → H 2CO3
Se o pH da água é inferior aa 4,5 significa que ela contém ácidos minerais
fortes, não havendo o ácido carbônico (H2CO3). Conforme foi visto, a COPAM e
o CONAMA (vide Anexos 13 e 14) não consideram águas em tais condições
como potabilizáveis (para tanto, o pH deverá estar compreendido entre 6,0 e
9,0).
Se ocorrer a elevação do pH acima de 4,5, o ácido carbônico passa a
encontrar condições para permanecer dissociado na água, combinando-se com
os carbonatos (CO3-2) com os quais entra em contato, transformando-se em
bicarbonatos (HCO3-) segundo a reação:3).
H 2CO3 + CO3−2 ↔ 2HCO3−2
No caso específico do carbonato de cálcio, cuja importância já foi salientada
anteriormente, observa-se que as águas naturais contendo gás carbônico (e,
portanto, H2CO3) são capazes de solubilizar as rochas calcárias (que contêm
CaCO3), tornando-se mais duras, através do aumento de suas concentrações de
bicarbonato de cálcio.
Quanto menos elevado é o pH (e, portanto, maior a concentração de
CaCO3), mais o equilíbrio da concentração é deslocado para a direita, sendo
que, abaixo do valor 8,3, só são encontrados bicarbonatos na água,
desaparecendo os carbonatos (vale dizer, o H2CO3).
Se o pH ultrapassa o valor 8,3, os íons bicarbonato passam a se transformar
em íons carbonato, segundo a reação:
HCO3− ↔ CO3−2 H +
Os carbonatos de cálcio são pouco solúveis na água, Aproveitando-se deste
fato, um dos processos de remoção de cálcio das águas de abastecimento
(causador de dureza, conforme visto) consiste em elevar seu pH acima de 8,3
(normalmente até 10,6 - 10,8, segundo Adad 1). Nestas condições, o carbonato
de cálcio precipita-se, podendo ser removido.
Se a água tiver seu pH superior a 11, significa que contém hidróxidos, sendo
imprópria para fins de potabilização.
Em resumo, tem-se:
a) a água contém carbonatos e hidróxidos: o pH é elevado, acima de 11;
b) a água contém carbonatos e bicarbonatos: o pH é superior a 8,3 e
normalmente inferior a 11;
c) a água contém somente bicarbonatos: o pH é igual ou inferior a 8,3.
Se, por um lado, a presença excessiva de carbonatos e bicarbonatos de
cálcio poderá, como mencionado, incrustar tubulações, sua presença em
quantidades adequadas poderá ajudar a combater a corrosão das superfícies
metálicas que contenham ferro.
Os mecanismos de corrosão das superfícies metálicas são complexos,
sendo difícil avaliar, a partir de alguns parâmetros, se uma água poderá ter sua
agressividade corrigida através de medidas simples, ainda mais quando a água
tratada deverá ser potável (o que elimina de vez uma série de inibidores de
corrosão disponíveis no mercado). O leitor deverá recorrer às referências
5-20
bibliográficas 1,3 para inteirar-se do assunto e permanecer atento às publicações
periódicas que permanentemente trazem novas descobertas sobre esse tema.
Entretanto, simplificadamente pode-se assumir que a corrosão do ferro
ocorre devido à sua ionização (e conseqüente solubilização)em certo ponto da
superfície metálica, denominado ânodo:
Fe − 2e − → Fe +2
o que requer a existência de um cátodo:
2e − + 2H 2O → H 2 + 2OH −
Se a água contém íons cálcio e bicarbonato, a reação no ânodo passará a
ser:
2e − + 2H 2O → H 2 + 2OH −
2Ca +2 + 2HCO3− + 2OH − → 2CaCO3 + 2H 2O
2e − + 2Ca +2 + 2HCO3− → 2CaCO3 + H 2
O CaCO3 formado, por ser insolúvel, deposita-se sobre o ânodo, cobrindo-o
e, em conseqüência, desativando-o.
Assim sendo, o processo corrosivo é inibido.
Para avaliar se as quantidades de cálcio, bicarbonatos e carbonatos (vale
dizer: alcalinidade) e teor de sólidos totais dissolvidos (vale dizer: capacidade de
transporte de elétrons), a dada temperatura, tornam a água agressiva ou
incrustante, Langelier 6 propôs um método, sumarizado sob a forma do diagrama
representado na Figura 5.10.
A partir dos valores extraídos daí, pode-se determinar o denominado índice
de saturação:
I s = pH − pH s
onde:
pH s = pCa + pAlc + C
Se pH < pHs, Is é negativo e a água é corrosiva.
Se pH > pHs, Is é positivo e a água é incrustante.
[ ] [ ]
pCa = − log Ca + 2 , onde Ca +2 é a concentração molar do íon cálcio.
pAlc = − log[HCO ] , onde [HCO ] é a concentração molar do íon bicarbonato.
−
3
−
3
C = índice que depende do teor de sólidos e da temperatura.
Observe, entretanto, que o índice de Langelier tem caráter apenas
qualitativo, não sendo possível, somente através dele, determinar quais os
compostos (e em que proporções) que, adicionados à água, permitiriam corrigir
seu desequilíbrio.
Marques e Leão 7 redigiram um trabalho dirigido à COPASA objetivando
permitir a seus funcionários a correta interpretação do equilíbrio carbônico da
água, com base no modelo originalmente proposto por Caldwell e Lawrence.
Trata-se de um modelo bem mais poderoso, permitindo inclusive determinar
e quantificar os produtos químicos necessários para estabelecer o equilíbrio.
Para os que desejam aprofundar-se no assunto, recomenda-se a leitura da
íntegra do citado trabalho.
5-21
Figura 5.10 – Diagrama para a determinação do índice de Langelier 6
5-22
Questões para recapitulação
(respostas no final deste Item)
5-23
5.c. A alcalinidadde da água é expressa em termos de CaCO3.,
independentemente dos compostos que a causam.
5.d. O cálcio é o único elemento responsável pela dureza.
5.e. Uma água dura requer grandes quantidades de sabão para formar espuma.
5.f. Outros íons bimetálicos, tais como: o Mg+2, quase sempre associado ao SO4-
2
; o Sr+2 associado ao Cl-; o Fe+2 associado ao NO3-; e o Mn+2 associado ao SiO3-
2;
conferem dureza à água bruta.
5.g. O íon bicarbonato transforma-se em carbonato (pouco solúvel) com o
aumento da temperatura.
5.h. A precipitação do carbonato de cálcio provoca o entupimento das
canalizações de água quente e a explosão de caldeiras.
5.i. O aumento do pH converte os bicarbonatos em carbonatos.
5.j. A dureza devida ao bicarbonato de cálcio denomina-se temporária.
6. Assinale a(s) alternativa(s) falsa(s) ou verdadeira(s)
6.a. Se a água contém carbonatos e bicarbonatos, seu pH é superior a 8,3 e
normalmente inferior a 11.
6.b. Se a água contém somente bicarbonatos, seu pH é igual ou inferior a 8,3.
6.c. A presença de carbonatos e bicarbonatos de cálcio em quantidades
adequadas poderá ajudar a combater a corrosão das superfícies metálicas que
contenham ferro.
6.d. Se pH < pHs, Is é negativo e a água é incrustante.
6.e. Se pH > pHs, Is é positivo e a água é corrosiva.
Respostas:
1.a. desestabilização por adsorção e desestabilização; 1.b. desestabilização por
varredura; 1.c. Combinação dos dois processos anteriores; 2.a.(v); 2.b..(v);
2.c..(v); 2.d..(v); 3a. (v); 3b..(v); 3.c..(v); 3.d..(v); 4.a..(v); 4b.(v); 4.c.(v); 4.d.(v);
5.a.(v); 5.b.(v); 5.c.(v); 5.d.(f); 5.e.(v); 5.f.(v); 5.g.(v); 5.h.(v); 5.i.(v); 6a. (v); 6b.(v);
6c.(v); 6.d.(f); 6.e.(f)
Referências bibliográficas
5-24
7. MARQUES, Benjamin Campolina de A., LEÃO, Sérgio França. Dureza e
abrandamento das águas: modelos de análise gráfica. Belo Horizonte, COPASA
MG, 1984. 67p. (trabalho não publicado)
8. TEORIA, diseño y control de los procesos de clarificación del agua. Lima:
CEPIS, 1973. 558p. (serie tecnica, 13)
9. WATER treatment handbook. Paris: DEGRÈMONT, 1991.
5-25