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Teorema Fundamental da Álgebra: Ferramentas

para Demonstrar para Alunos do Ensino Médio.

Autor: Claudio D’Alessandro Salvado

Orientadores: Carlos Gustavo T. de A. Moreira

Rafael de Mattos Grisi

0
Agradecimentos

Agradeço, primeiramente, a meu avô, Miécio D’Alessandro Salvado, e a meu padrinho, Adolfo
Munhoz, pela sua paciência e incentivo durante a nossa convivência. Sei que, se possível fosse,
vocês estariam aqui comigo fisicamente para me prestigiar.
Também tenho que agradecer aos meus pais, pois se não fosse pelo amor deles, nunca teria tido
os ensinamentos básicos para estar aqui presente.
A minha esposa, Luana Monteiro Sotero, eu agradeço pelo suporte, pelo amor, pela confiança
em mim, pelas palavras de carinho e conforto, e principalmente, pela paciência que teve comigo
durante essa jornada.
Agradeço ao amigo, e membro da banca, Rafael Grisi. Se não fosse por ele essa empreitada
nem teria começado. Foi você que me apresentou ao PROFMAT, e agora também estará
presente na sua conclusão.
Aos mestres do PROFMAT o meu eterno apreço. Sem vocês não seria impossível me
aperfeiçoar e melhorar meu rendimento profissional.

1
Lista de figuras
Descrição Página
Figura 1 ... Bijeção entre um número complexo e o par ordenado ... 12
Figura 2 ... Módulo de um número complexo ... 13
Figura 3 ... Afixo de um número complexo ... 15
Figura 4 ... Método dos quadrados encaixantes – I ... 28
Figura 5 ... Método dos quadrados encaixantes - II ... 29

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Sumário
1. Introdução .......................................................................................................................... 4
2. Histórico: ........................................................................................................................... 5
2.1 Os números complexos ................................................................................................. 5
2.2 O Teorema Fundamental da Álgebra ............................................................................. 8
3. Abordagens dos conhecimentos prévios para as demonstrações ........................................ 11
3.1 Demonstração 1: Analítica .......................................................................................... 22
3.2 Demonstração 2: Algébrica ......................................................................................... 24
4. O Teorema Fundamental da Álgebra ................................................................................ 27
4.1 Demonstração 1: Analítica .......................................................................................... 27
4.2 Demonstração 2: Algébrica ......................................................................................... 30
4.3 Demonstração 3: ......................................................................................................... 31
5. As demonstrações em aula: .............................................................................................. 33
6. Referências: ..................................................................................................................... 35

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1. Introdução

O estudo da matemática sempre foi destinado à maneira como se chega na solução dos
problemas, e para isso precisamos de axiomas, postulados, proposições, teoremas, lemas e
corolários. E todos eles são necessários para o bom entendimento da matemática.

Com os axiomas e postulados podemos provar as proposições, os lemas, os teoremas e os


corolários. Alguns são de fácil demonstração, outras são de maior complexidade. Mas o que é
importante é a demonstração como ferramenta do entendimento da matemática.

O estudo da matemática deve ter como início o incentivar a curiosidade dos alunos, e esse
caminho é tentar mostrar, e demonstrar, todo o seu conteúdo. Nem sempre é possível fazer as
demonstrações, pois é necessária uma matemática superior ao nível dos alunos. Nesses casos o
professor deve encaminhar o entendimento dos alunos a uma descoberta intuitiva e, de certa
forma, interessante. Por exemplo: alunos do sétimo ano do ensino fundamental aprendem os
números inteiros e racionais. Através da bijeção nos naturais com o conjunto dos inteiros e
racionais podemos mostrar que ambos têm o mesmo tamanho. Os alunos nessa série não sabem
o que é função ou bijeção, logo devemos mostrar aos alunos que é possível contar cada um dos
elementos de cada conjunto, e podemos incluir aí os naturais, e assim mostrar que todos esses
conjuntos possuem o mesmo tamanho. A ideia da bijetividade está contida na explicação do
professor, mas não está formalizada. E o aluno compreende e entende o conceito.

Quando podemos utilizar todo o ferramental matemático para fazer as demonstrações devemos
usá-lo, pois o aluno tem que conhecer como se chega no resultado que ele vai usar, como por
exemplo a Lei dos Cossenos. Seja no nono ano do ensino fundamental, ou no primeiro ano do
ensino médio deve ser demonstrada com todos os artifícios possíveis, e a idade dos alunos
permitem que seja entendido cada passo lógico na demonstração do teorema.

As demonstrações geométricas são as mais usadas pelos professores para explicitar que os
teoremas são demonstráveis. Mas infelizmente somente alguns teoremas são demonstrados e,
normalmente, não se cobram mais demonstrações em provas, tanto no ensino fundamental,
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quanto no médio. As demonstrações algébricas, como por exemplo a fórmula da resolução de
equações quadráticas, têm suas demonstrações no livro didático, e o professor, na maioria das
vezes passa por cima, e nem a faz no quadro, nem comenta com seus alunos.

Alguns fatores contribuem para que os resultados algébricos deixem de ser demonstrados: o
primeiro é que, diferente da geometria, normalmente não há algo visual para o aluno. Em
segundo lugar os professores, por terem um conteúdo para passar, não dão atenção devida às
demonstrações, normalmente apenas dizendo que não é necessário ver a demonstração, ou pior,
por não saberem como demonstrar o teorema algébrico. Neste último caso o professor
simplesmente passa pelo teorema nem querendo explicar o conteúdo.

Mesmo com uma certa rejeição por parte dos alunos, as demonstrações das proposições, lemas,
teoremas e corolários ajudam na fixação do conteúdo e melhora a percepção da matemática,
afinal matemática não é somente um amontoado de contas e problemas.

O objetivo desse trabalho é incentivar a demonstração, para o ensino médio, do Teorema


Fundamental da Álgebra, mostrando o passo a passo para que o professor possa introduzir uma
demonstração adequada para os alunos de um importante teorema.

2. Histórico:

2.1 Os números complexos

Os números complexos foram aparecendo, na história da matemática, naturalmente, pela


necessidade de se resolver equações de segundo grau. Os Sumérios já sabiam resolver equações
de segundo grau nas tábulas de argilas encontradas, datadas de aproximadamente entre 1900 e
1600 A.C. e utilizando o método de completar quadrados. E, aparentemente, eles sabiam que
um número negativo não possuía raiz quadrada. A tábula Plimpton 322 trazia vários ternos
pitagóricos, o que demonstra esse conhecimento.

Os gregos também resolviam algumas equações de segundo grau, porém usando régua e
compasso. Quando Roma invade a Grécia Helenista, a matemática grega entra em declínio, mas
Heron de Alexandria (Séc I d.C.), tentou determinar o volume de um tronco de cone, que

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requeria computar a raiz quadrada de 81−144, embora que, no mundo helenístico, números
negativos não fossem aceitos.
Com o fim do Império Romano e a ascensão do Cristianismo, a Europa entrou na Idade das
Trevas e o desenvolvimento da Matemáticas passou para as mãos dos árabes e hindus.
Na Índia, as pesquisas no campo da álgebra avançaram muito. O maior exemplo disso é a
fórmula de resolução de equações quadráticas, atribuída a Bhaskara, mas descoberta pelo
matemático hindu Sridhara, no século 11. Dependendo da equação o discriminante pode ser
negativo, mas esse resultado, nessa época, não chegava a ser considerado. Os matemáticos
afirmavam que o problema não tinha solução.
No século XVI a matemática voltou a ser estudada na Europa, entre outros lugares na Itália. E
foi na península italiana que se percebeu que os números conhecidos não eram suficientes, e
assim a criação do conjunto dos números complexos foi concebida.
Girolamo Cardano nasceu em Pavia, em 1501 e faleceu em Roma, em 1576. Foi um excepcional
cientista, porém de caráter duvidoso. Ele é descrito como violento, trapaceiro, invejoso, entre
outras características menos nobres. Escreveu o Liber de Ludo Aleae, onde introduziu a ideia
de probabilidade, porém ensinava maneiras de trapacear nos jogos. Também foi autor do Ars
Magna, considerado o compendio de álgebra da época, publicado em 1545.

Nicoló Fontana, apelidado de Tartaglia, também era italiano e com excelente talento
matemático. Nasceu em Bréscia em 1500, e faleceu em 1557 em Veneza. Seu apelido veio de
um incidente na infância, onde foi severamente ferido na boca, por golpes de sabre. E pela
cicatriz deixada Nicoló teve problemas de fala, eis a origem do seu apelido, Tartaglia, que em
italiano significa gago. Escreveu diversas obras, entre elas uma tradução dos Elementos de
Euclides, e um tratado de aritmética, o General Trattato di e Misure, conhecido como o melhor
tratado de aritmética do Século XVI.

Aproximadamente em 1510 um matemático italiano, Scipione Del Ferro, encontrou uma forma
geral de resolver as equações cúbicas de forma 𝑥 3 + 𝑝𝑥 + 𝑞 = 0, mas infelizmente morreu
antes de publicar sua descoberta. Um dos seus alunos, chamado Antonio Maria Fior, conhecia
a solução de seu mestre, e assim tentou ganhar notoriedade. Nesta mesma época, Tartaglia
começava a ganhar certa notoriedade. Então Fior desafiou o matemático para um desafio, onde
propôs que resolvesse uma equação cúbica. Tartaglia sabia que seu oponente sabia resolver tais
equações, mas mesmo assim aceitou o desafio. Ao final, Tartaglia não só resolveu as equações
propostas, como também desenvolveu um método geral para resolução de equações cúbicas na
forma 𝑥 3 + 𝑝𝑥 2 + 𝑞 = 0. Tartaglia ganhou o desafio, e Fior saiu humilhado.
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Nessa mesma época, Cardano estava escrevendo a Pratica Arithmeticae Generalis, um livro
com ensinamentos de álgebra, aritmética e geometria. Quando soube que existia a resolução de
tais equações, Cardano pediu para Tartaglia que revelasse sua fórmula, e este negou. Após
pedidos, ameaças, súplicas e uma promessa de não publicar, Tartaglia ensinou a Cardano como
resolver as equações cúbicas. Na sua obra Ars Magna, Cardano, como poderia ser previsto,
traiu a palavra dada a Tartaglia e publicou a resolução das equações cúbicas. A fórmula
Trataglia-Cardano que resolve equações cúbicas do tipo 𝑥 3 = 𝑎𝑥 + 𝑏 é:

𝑏 2 𝑏 2
3 3
𝑏 𝑎 3 𝑏 𝑎 3
𝑥 = √ + √( ) − ( ) − √ + √( ) − ( )
2 2 3 2 2 3

Nesta mesmo obra Cardano também trabalhou com equações quadráticas, e esbarrou em alguns
problemas que ele designou como “manifestamente impossível”. Um exemplo desses
problemas é o seguinte: “Divida 10 em duas partes cujo produto é 40”. O problema recai numa
equação de segundo grau, 𝑥 2 − 10𝑥 + 40 = 0, e suas raízes são 5 + √−15 e 5 − √−15.
Apesar de Cardano achar o esforço inútil, essa foi a primeira vez onde se escreveu uma raiz
quadrada de um número negativo.

Ainda no Século XVI, o matemático italiano Rafael Bombelli (1526 – 1572) no seu livro
l’Algebra (1572), pela primeira vez viu a necessidade das raízes negativas. Quando Bombelli
aplica a fórmula de Tartaglia-Cardano na equação 𝑥 3 = 15𝑥 + 4, obtém:

3 3
𝑥 = √2 + √−121 + √2 − √−121

Uma das raízes dessa equação é 𝑥 = 4, e com esse dado Bombelli afirma que esse valor está
implícito na expressão para as raízes da equação. Também afirma que é possível achar um
sentido para a expressão 2 ± √−121, e que seria possível definir operações, como adição,
multiplicação, radiciação, para expressões análogas a essa.

Essa foi a primeira vez na história da matemática que se admitiu a existência de soluções para
equações que antes eram consideradas impossíveis.

No Século XVII, René Descartes, filósofo e matemático francês (1596 – 1650), em seu livro
Discurso do Método, fala: “Nem sempre as raízes verdadeiras (positivas) ou falsas (negativas)

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de uma equação são reais. As vezes elas são imaginárias”. Esse é o motivo pelo qual a √−1 é
chamada de número imaginário.

A grande dificuldade de se admitir a existência desses números nessa época foi a inexistência
de representações geométricas ou de uma interpretação física.

O trabalho de outros matemáticos foi expandindo o conhecimento dos números complexos.


John Wallis, inglês ( 1616 – 1703), já considerava as raízes negativas e complexas, no seu livro
Tratise on Algebra. Abraham de Moivre, francês (1667 – 1754), relacionou a trigonometria
com os números complexos. Jean le Rond d’Alembert, enciclopedista francês (1717 – 1783)
também estudou os números complexos. Roger Cotes, inglês (1682 – 1716), foi o primeiro
matemático a escrever o que hoje se chama de Fórmula de Euler (cos 𝑥 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝑥).

Leonhard Euler, suíço (1707 – 1783), foi o responsável por uma padronização da matemática.
Estudou o complexo 𝑧 = 𝑎 + 𝑏𝑖, onde 𝑖 2 = −1. A ele também está ligado o número e, também
conhecido como número de Euler. E assim escreveu a, assim conhecida, fórmula de Euler:
𝑒 𝑖𝜃 = cos 𝜃 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝜃.

O matemático e cartógrafo norueguês Caspar Wessel (1745 – 1818) foi o primeiro a descrever
a interpretação geométrica dos números complexos como pontos de um plano complexo. Na
mesma época que Wessel fazia seus estudos sobre a geometria dos números complexos, o
matemático francês Jean-Robert Argand (1768 – 1822) também fazia estudos nessa área, e em
1806 publicava o Ensaio Sobre o Método de Representar Quantidades Imaginárias.

Johann Carl Friedrich Gauss, alemão (1777 – 1855), também estudou a geometria dos
complexos. Em 1831 usou pela primeira vez o nome números complexos.

Em 1833, o matemático irlandês William Rowan Hamilton (1805 – 1865) comunicou a


Academia Real Irlandesa um artigo onde definia a álgebra dos números complexos como uma
álgebra de pares ordenados reais.

2.2 O Teorema Fundamental da Álgebra

Muito antes do descobrimento e formalização dos números complexos o matemático francês


François Viète (1540 – 1603) mostrou equações polinomiais com coeficientes reais de grau n
com n raízes.
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Aparentemente, o matemático alemão Peter Roth (1580 – 1617) foi o primeiro escritor que,
explicitamente, teorizou o Teorema Fundamental da Álgebra quando afirmou que equações
polinomiais de grau n possuem n raízes.

Em 1629, o matemático belga Albert Girard (1595 – 1632) publicou Invention Nouvelle em
l’Algèbre. Nessa publicação de 63 páginas Girard entendeu a formação dos coeficientes das
potências a partir das somas de suas raízes e seus produtos, entendeu o uso das raízes negativas
em problemas geométricos. Girard também falou das raízes imaginárias, e compreendeu que as
equações poderiam ter tanto raízes reais, como imaginárias.

Em 1637 Descartes publica um apêndice ao Discurso do Método chamado La Géometrie. Ali


ele dá os primeiros passos para juntar a álgebra com a geometria, criando assim a Geometria
Analítica. Neste trabalho ele descreve todo o conhecimento da época sobre as equações
polinomiais, e observa que um polinômio P(x), com coeficientes reais e variável real x, que se
anula em um número real α, é divisível por (𝑥 − 𝛼 ).

Em 1702, o alemão Gottfried Wilhelm Leibniz (1646 – 1716), tentando integrar uma função
dada pela divisão de dois polinômios com coeficientes reais, para publicar no Acta Eruditorum,
uma revista científica fundada por ele mesmo, considera a questão se é sempre possível fatorar
um polinômio real em fatores lineares ou quadráticos. Infelizmente Liebniz achara um
contraexemplo na fatoração de 𝑥 4 + 𝑟 4 , onde r é um número real:

𝑥 4 + 𝑟 4 = (𝑥 2 + 𝑟 2 𝑖 )(𝑥 2 − 𝑟 2 𝑖 ) = (𝑥 + 𝑟√𝑖)(𝑥 − 𝑟√𝑖)(𝑥 + 𝑟√−𝑖)(𝑥 − 𝑟√−𝑖)

E o produto de cada dois fatores não era um polinômio quadrático real. O que Leibniz não
percebeu é que as raízes de i e – i, poderiam ser escritas na forma 𝑎 + 𝑏𝑖. Assim, escrevendo:

√2 √2 √2 √2
√𝑖 = 2
+ 2
𝑖, e √−𝑖 = 2
− 2
𝑖,

teríamos que a multiplicação do primeiro com o terceiro fator, e a do segundo com o quarto
fator encontraríamos dois polinômios quadráticos.

𝑥 4 + 𝑟 4 = (𝑥 2 + 𝑟√2𝑥 + 𝑟 2 )(𝑥 2 − 𝑟√2𝑥 + 𝑟 2 )

Em 1742 Euler enunciou que um polinômio com coeficientes reais pode ser fatorado como um
produto de fatores lineares, mas não conseguiu provar de uma maneira geral, apenas para
polinômios reais de grau menor ou igual a 6. Também enunciou, nessa mesma época, que se
um polinômio que possui raízes imaginárias tem, então, uma raiz na forma 𝑎 + 𝑏𝑖.

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J. d’Alembert, em 1789, também estava pesquisando um método para integrar uma função dada
pela divisão de dois polinômios com coeficientes reais, usando o processo chamado, hoje, de
Método das Frações Parciais, encontra uma demonstração difícil para o Teorema Fundamental
da Álgebra. Essa demonstração continha um erro, que foi corrigido em 1851 por Victor Puiseux,
matemático francês (1820 – 1883).

Joseph-Louis Lagrange, matemático italiano (1736 – 1813), em 1772, corrigiu a prova de Euler
na demonstração do Teorema Fundamental da Álgebra, porém a sua demonstração também
apresentava lacunas. Lagrange, em correspondências, já afirmava que os números imaginários
se tornaram universalmente aceitos como parte da matemática.

Pierre Simon Laplace, matemático e astrônomo francês (1749 – 1827), apresentou, em 1795,
uma nova demonstração do Teorema Fundamental da Álgebra, diferente da de Euler A
demonstração era mais elegante, porém também era incompleta.

Em 1798 outra prova do teorema foi publicada no artigo “On the roots os equations”, na
ThePhilosophical Transactions of The Royal society, pelo reverendo e matemático inglês James
Wood (1760 – 1839). A sua prova também tinha falhas. Recentemente, nos anos 2000, sua
prova foi reabilitada.

Gauss, em sua tese de doutorado, em 1799, apresenta uma demonstração do Teorema


Fundamental da Álgebra. Esta demonstração, como todas as outras anteriores, também
apresenta falhas. As falhas da demonstração de Gauss são corrigidas por Alexander Ostrowski,
matemático ucraniano (1893 – 1986). Em 1816 Gauss apresenta a sua segunda prova do
teorema. A prova está correta dessa vez, porém utiliza um teorema que só seria provado mais
tarde, o Teorema do Anulamento: Se 𝑓 for contínua no intervalo fechado [𝑎, 𝑏] e se 𝑓(𝑎) e 𝑓(𝑏)
tiverem sinai contrários, então existirá pelo menos um 𝑐 em [𝑎, 𝑏] tal que 𝑓(𝑐 ) = 0.

Ainda em 1816 Gauss mostra sua terceira prova do teorema, agora usando a Teoria da
Integração. Gauss ainda apresentaria uma quarta demonstração do Teorema Fundamental da
Álgebra, em 1849. Desta vez o teorema é enunciado para polinômios com variável e
coeficientes complexos.

O suíço Argand publicou, em 1806, um esboço de uma demonstração do teorema em um ensaio


sobre a representação dos complexos. Em 1814 ele publica a primeira prova correta do teorema
Fundamental da Álgebra, enunciado para polinômios com coeficientes complexos. Entretanto
é interessante salientar que Argand acabou utilizando um resultado, a existência do mínimo de

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uma função contínua, que só seria estabelecido por Karl Wilhelm Theodor Weierstrass,
matemático alemão (1815 – 1897). Apesar de ser uma prova simples, devido a lacuna desse
resultado, a prova não é elementar, e foi relegada a um segundo plano no Século XX. Esse fato
ocorreu devido ao Teorema Fundamental da Álgebra ser apresentado, nessa época, como
consequência do Teorema de Liouville, provado por Joseph Liouville (1809 – 1882), e que diz
que uma função complexa inteira e limitada é constante.

O matemático inglês John Edensor Littlewood (1885 – 1977) apresenta, em 1946, uma prova
do teorema feita por contradição e indução,

O matemático holandês Theo de Jong, em 2009, apresentou uma nova versão da primeira prova
de Gauss, mas não é elementar, pois utiliza o Teorema dos Multiplicadores de Lagrange.

3. Abordagens dos conhecimentos prévios para as demonstrações

O teorema Fundamental da Álgebra necessita de alguns conhecimentos prévios para sua


demonstração. Alguns, para não dizer muitos, não são do escopo do Ensino Médio ou
Fundamental, logo se faz necessário algumas formas de transmitir esses conhecimentos de
forma que se complete cada um dos requisitos para cada demonstração.

Antes de começar qualquer uma das demonstrações é sempre bom lembrar aos alunos alguns
resultados de números complexos e a definição de polinômio.

O conjunto dos números complexos é necessário para o entendimento das demonstrações, é


interessante que os alunos tenham conhecimento de suas propriedades e as demonstrações
servem para preparar os alunos para os resultados finais.

Um conceito importante a ser fixado é o de conjugado de um número complexo.

Definição: Seja 𝑧 = 𝑎 + 𝑏𝑖, 𝑎, 𝑏 ∈ ℝ, um número complexo. Chama-se conjugado de z o


número complexo:

𝑧̅ = 𝑎 = 𝑏𝑖

É imediato que:

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I) 𝑧 = 𝑧̅. Pois 𝑧 = 𝑎 + 0𝑖 = 𝑎 e 𝑧̅ = 𝑎 − 0𝑖 = 𝑎.
II) ̅̅̅̅
(𝑧̅) = 𝑧. Pois se 𝑧̅ = 𝑎 − 𝑏𝑖, temos que ̅̅̅̅
(𝑧̅) = ̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑎 − 𝑏𝑖 = 𝑎 + 𝑏𝑖 = 𝑧.

Proposição: O produto de um complexo pelo seu conjugado é sempre um número real não
negativo.

Demonstração: Seja 𝑧 = 𝑎 + 𝑏𝑖, 𝑎, 𝑏 ∈ ℝ, um número complexo, e 𝑧̅ seu conjugado.

Multiplicando 𝑧 por 𝑧̅, temos:

𝑧 ∙ 𝑧̅ = (𝑎 + 𝑏𝑖 ) ∙ (𝑎 − 𝑏𝑖 ) = 𝑎2 − 𝑎𝑏𝑖 + 𝑎𝑏𝑖 − (𝑏𝑖 )2 =

= 𝑎2 − 𝑏2 𝑖 2 = 𝑎2 − 𝑏2 (−1) = 𝑎2 + 𝑏2

E, 𝑎2 + 𝑏2 , é um número real não negativo. ∎

A representação geométrica dos números complexos usa o plano de Armand-Gauss. Esse plano
faz uma associação dos números complexos na forma 𝑧 = 𝑎 + 𝑏𝑖 com um par ordenado (a,b).
Esse ponto no plano cartesiano complexo é chamado de afixo. A vantagem de poder fazer essa
associação é poder ver a geometria dos complexos.

O módulo de um número real, por uma interpretação geométrica, é a distância da origem ao


ponto. Ou seja:

|𝑥 | = ̅̅̅̅
𝑂𝐴

Analogamente fazemos o mesmo com os complexos. Mas com a diferença que eles são um
ponto do plano, e não um ponto na reta.

Definição: O módulo de um número complexo 𝑧 = 𝑎 + 𝑏𝑖, com {𝑥, 𝑦} ⊂ ℝ, é a distância do


ponto (x,y) à origem (0,0) do plano de Armand-Gauss.

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Para calcular o valor do módulo é só usar o Teorema de Pitágoras.

Sendo 𝑧 = 𝑥 + 𝑦𝑖, temos:

| 𝑧 |2 = 𝑥 2 + 𝑦 2 ⇔

Aplicando a raiz quadrada nos dois membros,

⇔ √|𝑧|2 = √𝑥 2 + 𝑦 2 ⇔

⇔ |𝑧| = √𝑥 2 + 𝑦 2 ∎

A interpretação geométrica do módulo de um complexo é o Lugar Geométrico dos pontos


equidistantes do centro do plano de Armand-Gauss, ou seja, é uma circunferência de centro na
origem do plano.

É fácil mostrar que o L. G. é uma circunferência.

Proposição: Seja z um número complexo na forma 𝑧 = 𝑥 + 𝑦𝑖, com {𝑥, 𝑦} ⊂ ℝ, o L.G. das
imagens de |𝑧| = 𝑟 é uma circunferência.

Demonstração: Seja 𝑧 = 𝑥 + 𝑦𝑖 um complexo na sua forma algébrica.

Se |𝑧| = 𝑟 e |𝑧| = √𝑥 2 + 𝑦 2, temos que:

√𝑥 2 + 𝑦 2 = 𝑟

Elevando os dois membros ao quadrado, temos:


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𝑥 2 + 𝑦 2 = 𝑟2 ∎

Que é a equação de uma circunferência com centro na origem.

Podemos ampliar esse conceito usando a uma equação modular, onde subtraímos z de um
complexo dado, assim fazemos o translado do centro da circunferência.

Proposição: Seja 𝑧 = 𝑥 + 𝑦𝑖 um complexo na forma algébrica, com {𝑥, 𝑦} ⊂ ℝ. Sendo 𝑎 + 𝑏𝑖,


um complexo na forma algébrica, com {𝑎, 𝑏} ⊂ ℝ, então o Lugar geométrico das imagens de
|𝑧 − (𝑎 + 𝑏𝑖)| = 𝑟 é uma circunferência de raio r e centro em (a,b).

Demonstração: Seja 𝑧 = 𝑥 + 𝑦𝑖 um complexo na sua forma algébrica, e 𝑎 + 𝑏𝑖 um complexo


qualquer.

|𝑧 − (𝑎 + 𝑏𝑖)| = 𝑟 ⇔ |𝑥 + 𝑦𝑖 − 𝑎 − 𝑏𝑖 | = 𝑟 ⇔

⇔ |(𝑥 − 𝑎) + (𝑦 − 𝑏)𝑖 | = 𝑟 ⇔ √(𝑥 − 𝑎)2 + (𝑦 − 𝑏)2 = 𝑟

Elevando os dois membros ao quadrado, temos:

√(𝑥 − 𝑎)2 + (𝑦 − 𝑏)2 = 𝑟 ⇔ (𝑥 − 𝑎)2 + (𝑦 − 𝑏)2 = 𝑟 2

E esta é a equação reduzida da circunferência de raio r e centro em (a,b).∎

Ainda existe outra forma de escrever um número complexo. É a forma polar, ou trigonométrica.
Assim um número complexo na forma 𝑧 = 𝑎 + 𝑏𝑖 pode ser escrito na forma 𝑧 =
𝜌(𝑐𝑜𝑠𝜃 + 𝑖𝑠𝑒𝑛𝜃), onde ρ é o módulo e θ é o argumento desse complexo. É interessante que o
professor tenha demonstrado anteriormente essa relação entre as duas formas de escrever os
números complexos.

Demonstração: Transformação da forma algébrica para a forma trigonométrica de um


número complexo.

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Seja z um número complexo na forma z = a + bi. Podemos marcar esse afixo no plano complexo
como na figura abaixo.

Na figura temos um triângulo retângulo, onde tiramos que:

𝑎
cos 𝜃 =
𝜌 𝑎 = 𝜌 cos 𝜃
𝑏 ⟺ {𝑏 = 𝜌𝑠𝑒𝑛 𝜃
𝑠𝑒𝑛 𝜃 =
𝜌}

Assim, substituindo em 𝑧 = 𝑎 + 𝑏𝑖, temos:

𝑧 = 𝑎 + 𝑏𝑖 ⟺ 𝑧 = 𝜌 cos 𝜃 + 𝜌𝑖𝑠𝑒𝑛 𝜃 ⟺ 𝑧 = 𝜌(cos 𝜃 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝜃) ∎

Outro conceito que os alunos devem saber é a potenciação de números complexos, mas para
alcançar esse resultado os alunos devem antes saber como se resolve a multiplicação e divisão
de complexos na forma trigonométrica.

Teorema: Se 𝑧 = 𝜌(cos 𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝛼) e 𝑤 = 𝜆(cos 𝛽 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝑏) são formas trigonométricas dos


números complexos z e w, então:

𝑧 ∙ 𝑤 = 𝜌 ∙ 𝜆(cos(𝛼 + 𝛽 ) + 𝑖𝑠𝑒𝑛 (𝛼 + 𝛽))

Demonstração: sejam z e w dois números complexos na forma trigonométrica.

𝑧 = 𝜌(cos 𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝛼)

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𝑤 = 𝜆(cos 𝛽 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝑏)

Calculando 𝑧 ∙ 𝑤:

𝑧 ∙ 𝑤 = 𝜌(cos 𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝛼 ) ∙ 𝜆(cos 𝛽 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝛽 ) =

= 𝜌 ∙ 𝜆(cos 𝛼 ∙ cos 𝛽 + 𝑖𝑐𝑜𝑠 𝛼 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝛽 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝛼 ∙ cos 𝛽 + 𝑖 2 𝑠𝑒𝑛 𝛼 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝛽 ) =

Como i2 = -1, temos:

= 𝜌 ∙ 𝜆((cos 𝛼 ∙ cos 𝛽 − 𝑠𝑒𝑛 𝛼 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝛽 ) + 𝑖 (𝑠𝑒𝑛 𝛼 ∙ cos 𝛽 + 𝑐𝑜𝑠 𝛼 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝛽 )) =

Da trigonometria temos que:

𝑠𝑒𝑛 (𝑎 + 𝑏) = 𝑠𝑒𝑛 𝑎 ∙ cos 𝑏 + 𝑠𝑒𝑛 𝑏 ∙ cos 𝑎

cos(𝑎 + 𝑏) = cos 𝑎 ∙ cos 𝑏 − 𝑠𝑒𝑛 𝑎 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝑏

Assim temos que:

= 𝜌 ∙ 𝜆(cos(𝛼 + 𝛽 ) + 𝑖𝑠𝑒𝑛 (𝛼 + 𝛽 )) ∎

A Propriedade Associativa da Multiplicação permite a extensão dessa fórmula para o produto


de mais de dois números complexos. Assim podemos multiplicar z1, z2, z3, ..., zn, com n ≥ 2.
Então teríamos:

𝑧1 ∙ 𝑧2∙ ⋯ ∙ 𝑧𝑛 = 𝜌1 ∙ 𝜌2 ∙ ⋯ ∙ 𝜌𝑛 (cos(𝛼1 + 𝛼2 + ⋯ + 𝛼𝑛 ) + 𝑖𝑠𝑒𝑛(𝛼1 + 𝛼2 + ⋯ + 𝛼𝑛 ))

Teorema: Se 𝑧 = 𝜌(cos 𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝛼) e 𝑤 = 𝜆(cos 𝛽 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝑏) são formas trigonométricas dos


números complexos z e w, com 𝑤 ≠ 0, então:

𝑧 𝜌
= (cos(𝛼 − 𝛽 ) + 𝑖𝑠𝑒𝑛 (𝛼 − 𝛽))
𝑤 𝜆

Demonstração: sejam z e w dois números complexos na forma trigonométrica.

𝑧 = 𝜌(cos 𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝛼)

𝑤 = 𝜆(cos 𝛽 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝑏)

16
𝑧
Calculando 𝑤:

𝑧 𝑧∙𝑤
̅ 𝜌(cos 𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝛼 ) ∙ 𝜆(cos 𝛽 − 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝛽 )
= = =
𝑤 𝑤∙𝑤 ̅ | 𝑤 |2

Da trigonometria sabemos que −𝑠𝑒𝑛 𝛽 = 𝑠𝑒𝑛 (−𝛽) e que cos 𝛽 = cos(−𝛽). Assim temos que:

𝜌(cos 𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝛼 ) ∙ 𝜆(cos(−𝛽) + 𝑖𝑠𝑒𝑛(−𝛽))


= =
|𝑤 |2

𝜌 ∙ 𝜆(cos(𝛼 − 𝛽 ) + 𝑖𝑠𝑒𝑛 (𝛼 − 𝛽 ))
=
𝜆2

Cancelando o λ do numerador e do denominador, temos que:

𝑧 𝜌
= (cos(𝛼 − 𝛽 ) + 𝑖𝑠𝑒𝑛 (𝛼 − 𝛽 )) ∎
𝑤 𝜆

Para demonstrar a o Teorema de De Moivre usamos o Axioma da Indução. Caso os alunos não
conheçam é interessante apresenta-lo, pois é uma ferramenta poderosa de demonstração
envolvendo os números naturais.

Axioma de Indução: Seja P(n) uma propriedade relativa ao número natural n. Suponhamos
que:

i) P(1) é válida;
ii) Para todo 𝑛 ∈ ℕ, a validez de P(n) implica a validez de P(n’), onde n’ é o sucessor
de n.

Assim P(n) é válida qualquer que seja o número natural.

Esse axioma é usado, também, na Demonstração 2, então é importante que os alunos tenham
uma noção sobre esse tópico.

Uma vez conhecendo a multiplicação e divisão de complexos, e o Axioma de Indução, temos


que demonstrar a potenciação dos números complexos. Esse resultado é usado nas
demonstrações a seguir.

17
Teorema de De Moivre: Se 𝑧 = 𝜌(cos 𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝛼 )é a forma trigonométrica de um número
complexo não nulo z e n é um número inteiro qualquer, então:

𝑧 𝑛 = 𝜌𝑛 (cos 𝑛𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝑛𝛼 )

Demonstração: Essa demonstração vai ser dividida em duas partes. Uma para n ≥ 0, e outra
para n < 0.

1ª parte: n ≥ 0

Vamos indicar por P(n) a propriedade a ser provada, e aplicar o Axioma da Indução.

I) P(0) é verdadeira, pois, para n = 0, temos que:


𝑧 0 = 1 = 1(cos 0 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 0) = 10 (cos 0𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 0𝛼)

II) Agora provaremos a validade da implicação:

P(k) é verdadeira ⇒ P(k + 1) é verdadeira para todo 𝑘 ∈ ℤ+ .

Isto é:

𝑧 𝑘 = 𝜌𝑘 (cos 𝑘𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝑘𝛼 ) ⇒ 𝑧 𝑘+1 = 𝜌𝑘+1 (cos(𝑘 + 1)𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 (𝑘 + 1)𝛼 )

Temos:

𝑧 𝑘+1 = 𝑧 𝑘 ∙ 𝑧 = 𝜌𝑛 (cos 𝑘𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝑘𝛼 ) ∙ 𝜌(cos 𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝛼 )

Aplicando o resultado da multiplicação de complexos na forma trigonométrica,


concluímos que:

𝑧 𝑘+1 = 𝑧 𝑘 ∙ 𝑧 = 𝜌𝑛 (cos 𝑘𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝑘𝛼 ) ∙ 𝜌(cos 𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝛼 ) =

= 𝜌𝑘+1 (cos(𝑘 + 1)𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 (𝑘 + 1)𝛼 )

Logo, é válida a implicação citada em (II). ∎

18
Como P(n) satisfaz (I) e (II), concluímos que, pelo Axioma da Indução, P(n) é verdadeira para
todo 𝑛 ∈ ℤ+ .

2ª parte: n < 0

1
Sabemos que 𝑧 𝑛 = 𝑧 −𝑛. Como – n > 0, temos, pela primeira parte:

1 1 1(cos 0 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 0)
𝑧𝑛 = = = −𝑛
𝑧 −𝑛 𝜌−𝑛 (cos(−𝑛)𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 (−𝑛)𝛼 ) 𝜌 (cos(−𝑛)𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 (−𝑛)𝛼 )

Aplicando o resultado da divisão de complexos na forma trigonométrica, temos:

1(cos 0 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 0) 1
𝑧𝑛 = = −𝑛 (cos(0 − (−𝑛𝛼 )) + 𝑖𝑠𝑒𝑛 (0 − (−𝑛𝛼 )))
𝜌 −𝑛 (cos(−𝑛)𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 (−𝑛)𝛼 ) 𝜌

Logo:

𝑧 𝑛 = 𝜌𝑛 (cos 𝑛𝛼 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝑛𝛼 ) ∎

Os alunos devem saber a definição de polinômio, ou função polinomial, assim como a


terminologia de cada uma de suas partes.

Definição: Polinômio na variável x é toda expressão P(x) que pode ser apresentada na forma

𝑃 (𝑥 ) = 𝑎𝑛 𝑥 𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 𝑥 + 𝑎0

Onde {𝑎0 , 𝑎1 , 𝑎2 , ⋯ , 𝑎𝑛 } ⊂ ℂ, {𝑛, 𝑛 − 1, 𝑛 − 2, ⋯ , 1, 0} ∈ ℕ e a variável x pode assumir


qualquer valor complexo.

Cada uma das parcelas 𝑎𝑛 𝑥 𝑛 , 𝑎𝑛−1 𝑥 𝑛−1 , 𝑎𝑛−2 𝑥 𝑛−2 , ⋯ , 𝑎1 𝑥, 𝑎0 é um termo ou monômio do
polinômio, sendo 𝑎0 o termo independente. O termo independente pode ser escrito como 𝑎0 𝑥 0 .

Os números complexos 𝑎𝑛 , 𝑎𝑛−1 , 𝑎𝑛−2 , ⋯ , 𝑎1 𝑒 𝑎0 são os coeficientes do polinômio.

Um polinômio é chamado de identicamente nulo se todos seus coeficientes forem iguais a zero.
Indicamos o polinômio identicamente nulo por P(x) = 0.

19
O grau de um polinômio não identicamente nulo é o maior valor do expoente da variável dentre
os termos de coeficientes não nulos.

A raiz de um polinômio P(x) para todo número complexo α tal que P(α) = 0. A raiz também é
chamada de zero do polinômio.

Proposição: Para todo número natural n, temos ̅̅̅̅̅̅


(𝑧 𝑛 ) = (𝑧̅)𝑛 .

Demonstração: Usando o Axioma da Indução, temos:

I) A igualdade se verifica para n = 0, pois:

̅̅̅̅̅̅
(𝑧 0 ) = 1̅ e (𝑧̅)0 = 1

II) Admitindo que a igualdade é verdadeira para n, vamos provar que ela é verdadeira para
n + 1, isto é:

̅̅̅̅̅̅
(𝑧 𝑛 ) = (𝑧̅)𝑛 ⇒ ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
(𝑧 𝑛+1 ) = (𝑧̅)𝑛+1

̅̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑧 𝑛 ∙ 𝑧 1 = ̅̅̅̅̅̅
(𝑧 𝑛+1 ) = ̅̅̅̅̅̅̅̅ (𝑧 𝑛 ) ∙ ̅̅̅̅̅̅
(𝑧 1 ) = (𝑧̅)𝑛 (𝑧̅)1 = (𝑧̅)𝑛+1

Teorema das Raízes Conjugadas:

Consideremos um polinômio P(x) de grau n e coeficientes reais.

Se o número imaginário 𝑧 = 𝑎 + 𝑏𝑖, 𝑎, 𝑏 ∈ ℝ, é raiz de P(x), temos:

a) 𝑧̅ também é raiz de P(x).


b) 𝑧̅ tem a mesma multiplicidade de 𝑧.

Demonstração:

a) Seja 𝑃(𝑥 ) = 𝑎𝑛 𝑥 𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 𝑥 + 𝑎0 , onde 𝑎0 , 𝑎1 , 𝑎2 , ⋯ , 𝑎𝑛 são números


reais. Se 𝑧 é raiz de P(x), temos P(z) = 0:

𝑃(𝑧) = 𝑎𝑛 𝑧 𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑧 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 𝑧 + 𝑎0 (𝐼)

Calculemos P(𝑧̅):

𝑃 (𝑧̅) = 𝑎𝑛 (𝑧̅)𝑛 + 𝑎𝑛−1 (𝑧̅)𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 𝑧̅ + 𝑎0 (𝐼𝐼)

20
Já que 𝑎0 , 𝑎1 , 𝑎2 , ⋯ , 𝑎𝑛 são reais, temos:

𝑎𝑛 = ̅̅̅
𝑎𝑛
𝑎𝑛−1 = ̅̅̅̅̅̅
𝑎𝑛−1

𝑎0 = ̅̅̅
𝑎0

Usando esse fato e que para um número complexo qualquer ω é válido que:

̅ )𝑛 = ̅̅̅̅̅̅̅
(𝜔 (𝜔 𝑛 )

A igualdade (II) transforma-se em:

𝑎𝑛 ̅̅̅̅̅̅
𝑃(𝑧̅) = ̅̅̅ 𝑎𝑛−1 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
(𝑧 𝑛 ) + ̅̅̅̅̅̅ (𝑧 𝑛−1 ) + ⋯ + ̅̅̅𝑧̅
𝑎1 + ̅̅̅
𝑎0 =

= ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
(𝑎𝑛 𝑧 𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑧 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 𝑧 + 𝑎0 ) = ̅̅̅̅̅̅
𝑃 (𝑧 ) = 0

Assim, se 𝑃(𝑧̅) = 0, 𝑧̅ é raiz de P(x). ∎

b) Temos que 𝑧 = 𝑎 + 𝑏𝑖 e 𝑧̅ = 𝑎 − 𝑏𝑖. Suponhamos que z seja raiz de multiplicidade m,


com 𝑚 ≥ 1. Já que z e 𝑧̅ são raízes de P(x), temos:

𝑃(𝑥 ) = (𝑥 − 𝑧)(𝑥 − 𝑧̅) ∙ 𝐴(𝑥 ) = [𝑥 2 − (𝑧 + 𝑧̅)𝑥 + 𝑧𝑧̅] ∙ 𝐴(𝑥 ) =

= [𝑥 2 − 2𝑎𝑥 + (𝑎2 + 𝑏2 )] ∙ 𝐴(𝑥 )

Vamos considerar que: 𝐵 (𝑥) = 𝑥 2 − 2𝑎𝑥 + (𝑎2 + 𝑏2 ).

Observando que P(x) e B(x) tem coeficientes reais, concluímos que A(x) também tem
coeficientes reais.

Se a multiplicidade de z for 1, ou seja, m = 1, então z não será raiz de A(x) e, consequentemente,


𝑧̅ também não será raiz de A(x). O que nos leva a concluir que o conjugado também será raiz
simples. Podemos afirmar, com essa conclusão, que, se z é raiz simples, seu conjugado também
será raiz simples.

Se a multiplicidade de z for maior que 1, ou seja, m > 1, então z deverá ser raiz de A(x), mas
levando em conta que A(x) tem coeficientes reais, 𝑧̅ também será raiz de A(x).

Aplicando o raciocínio o número necessário de vezes, chegaremos a conclusão que z e 𝑧̅ tem a


mesma multiplicidade. ∎

21
3.1 Demonstração 1: Analítica

Para a demonstração 1, que é a demonstração analítica, é necessário que os alunos entendam o


que é um disco compacto. Para isso pode-se explicar através de dez definições.

No plano complexo chamamos de disco, ou bola, o conjunto de pontos no plano onde:

 Disco, ou Bola Aberta: 𝐵𝑅 (𝑧0 ) = {𝑧| |𝑧 − 𝑧0 | < 𝑅}


 Disco, ou Bola Fechada: 𝐵𝑅 (𝑧0 ) = {𝑧| |𝑧 − 𝑧0 | ≤ 𝑅}
 Circunferência: 𝐵𝑅 (𝑧0 ) = {𝑧| |𝑧 − 𝑧0 | = 𝑅}

A partir dessas informações temos as seguintes definições:

Definição 1: Um ponto w ∈ A é chamado ponto interior do conjunto A se esse conjunto A contém


um disco aberto de centro em w. (o disco aberto deve estar todo contido no conjunto A)

Definição 2: Um conjunto qualquer A é dito aberto se todos os seus pontos são pontos interiores.

Definição 3: Um conjunto qualquer A é dito fechado se seu conjunto complementar, no plano, é


um conjunto aberto, ou seja, A é fechado ⇔AC é aberto.

Definição 4: Chama-se fronteira de um conjunto qualquer A ao conjunto de pontos z tais que


qualquer disco aberto centrado em z contém pontos de A e de seu complementar.

Observação: A fronteira de um conjunto A é também fronteira do seu complementar AC.

Definição 5: Um ponto w ∈ A é dito ponto de acumulação de um conjunto A se qualquer disco


aberto centrado em w contém infinitos pontos de A.

Definição 6: Um ponto w ∈ A é dito ponto isolado de um conjunto A se esse ponto não é ponto
de acumulação de A.

Definição 7: Um conjunto aberto A é dito conexo se, e somente se, quaisquer dois pontos de A
podem ser ligados por um caminho todo contido no conjunto A.

Nesse ponto é interessante mostrar o que seria um conjunto conexo. Esse conceito não é conhecido
pelos alunos. Eles conhecem o conceito de figura convexa, em geometria plana, e visto no Ensino
Fundamental.

22
Definição 8: Um conjunto aberto e conexo é chamado de região do plano.

Definição 9: Um conjunto A do plano complexo é limitado se existe um real positivo K tal que
|𝑧| ≤ 𝐾, ∀𝑧 ∈ ℂ.

Definição 10: Um conjunto fechado e limitado é chamado de conjunto compacto.

Desigualdade Triangular:

É uma propriedade dos módulos.

Sendo x e y números reais, então:

I) |𝑥 + 𝑦| ≤ |𝑥 | + |𝑦|.

Demonstração:

Sejam x e y dois números reais. Vamos considerar duas hipóteses:

𝑥 + 𝑦 ≥ 0 ou 𝑥 + 𝑦 < 0

1º caso: 𝑥 + 𝑦 ≥ 0

𝑥 + 𝑦 ≥ 0 ⇒ |𝑥 + 𝑦 | = 𝑥 + 𝑦

𝑥 ≤ |𝑥 | e 𝑦 ≤ |𝑦 | ⇒ 𝑥 + 𝑦 ≤ |𝑥 | + |𝑦 |

Assim temos: |𝑥 + 𝑦| ≤ |𝑥 | + |𝑦|

2º caso: 𝑥 + 𝑦 < 0

1º 𝑐𝑎𝑠𝑜
𝑥 + 𝑦 < 0 ⇒ −𝑥 − 𝑦 > 0 ⇒ |−𝑥 − 𝑦|≤ |−𝑥 | + |−𝑦|

Como:

|−𝑥 − 𝑦| = |𝑥 + 𝑦|
{ |−𝑥 | = |𝑥 |
|−𝑦| = |𝑦|

Vem: |𝑥 + 𝑦| ≤ |𝑥 | + |𝑦| ∎

II) |𝑥 − 𝑦| ≤ |𝑥 | + |𝑦|

23
Demonstração:

Sejam x e y dois números reais.

|𝑥 − 𝑦| = |𝑥 + (−𝑦)|

Já sabemos, por (I) que: |𝑥 + (−𝑦)| ≤ |𝑥 | + |−𝑦|, assim temos que:

|𝑥 − 𝑦| ≤ |𝑥 | + |−𝑦|

Como |𝑦| = |−𝑦|, ficamos com:

|𝑥 − 𝑦 | ≤ |𝑥 | + |𝑦 | ∎

III) |𝑥 − 𝑦 | ≥ |𝑥 | − |𝑦 |

Demonstração:

Sejam x e y dois números reais.

|𝑥 | = |𝑦 − (𝑦 − 𝑥 )|
} ⇒ |𝑥 | ≤ |𝑦 | + |𝑦 − 𝑥 | ⇒
|𝑦 − (𝑦 − 𝑥 )| ≤ |𝑦| + |𝑦 − 𝑥 |

Arrumando a desigualdade, temos;

⇒ |𝑦 − 𝑥 | ≥ |𝑥 | − |𝑦 |

Como |𝑦 − 𝑥 | = |𝑥 − 𝑦|, temos:

|𝑥 − 𝑦 | ≥ |𝑥 | − |𝑦 | ∎

IV) |𝑥 + 𝑦| ≥ |𝑥 | − |𝑦|

Demonstração:

Sejam x e y dois números reais.

|𝑥 + 𝑦| = |𝑥 − (−𝑦)| ≥ |𝑥 | − |−𝑦| = |𝑥 | − |𝑦| ∎

3.2 Demonstração 2: Algébrica

24
Essa demonstração necessita de que os alunos já conheçam o Axioma da Indução, e já descrito
acima.

Outro conceito utilizado é o conceito de Produtório.

Definição: Sejam k e n números naturais, com 𝑘 ≤ 𝑛. Também seja a sequência


(𝑎1 , 𝑎2 , 𝑎3 , ⋯ , 𝑎𝑘 , ⋯ , 𝑎𝑛 , ⋯ ). O produto dos termos ak até an pode ser representado por:

∏ 𝑎𝑖 = 𝑎𝑘 ∙ 𝑎𝑘+1 ∙ ⋯ ∙ 𝑎𝑛
𝑖=𝑘

Assim podemos multiplicar os termos de uma sequência. A quantidade de termos multiplicados


é n – k + 1.

É necessário, por fim, ter uma noção do que é um Corpo.

Na Álgebra temos uma estrutura chamada Anel. Essa estrutura consiste de um conjunto e duas
operações, adição e multiplicação e que segue os seguintes axiomas:

- Axiomas da adição

A1. Associatividade: Quaisquer que sejam a, b, c ∈ ℝ, tem-se (a + b) + c = a + (b + c).

A2. Comutatividade: Quaisquer que sejam a, b ∈ ℝ, tem-se a + b = b + a.

A3. Elemento neutro: Existe 0 ∈ R tal que a + 0 = 0 + a = a, qualquer que seja a ∈ ℝ.

A4. Simétrico: Todo elemento a ∈ ℝ possui um simétrico em R, denotado por –a, tal que a + (–a)
= (–a) + a = 0.

- Axiomas da multiplicação

M1. Associatividade: Quaisquer que sejam a, b, c ∈ ℝ, tem-se (a . b) . c = a . (b . c).

M2. Comutatividade: Quaisquer que sejam a, b ∈ ℝ, tem-se a . b = b . a.

M3. Elemento neutro: Existe 1 ∈ ℝ tal que 1 ≠ 0 e a . 1 = 1 . a = a, qualquer que seja a ∈ ℝ.

D1. - Axioma da distributividade:


25
Quaisquer que sejam a, b, c ∈ ℝ, tem-se a . (b + c) = a . b + a . c e (a + b) . c = a . c + b . c.

Esses axiomas são tratados no Ensino Fundamental. E assim concluímos que os Inteiros, os
Racionais, os Reais e os Complexos são anéis.

Para se ter um Corpo temos que adicionar a esses axiomas a existência do inverso
multiplicativo.

M4. Inverso multiplicativo: Todo elemento a ≠ 0 em ℝ possui um inverso multiplicativo em ℝ,


denotado por a-1 ou 1/a, tal que a . a-1 = a-1. a = 1.

Um Corpo pode ser chamado de Corpo Ordenado se houver uma relação de ordem dentro do
conjunto. E as relações binárias, soma e multiplicação, respeitam essa ordem.

Se K é um conjunto onde (𝐾, +,∙) é um corpo, (𝐾, +,∙, ≤) é um corpo ordenado se:

a) ≤ é uma relação de ordem total em K.


b) Se ∀𝑎, 𝑏, 𝑐 ∈ 𝐾 temos 𝑎 ≤ 𝑏 então 𝑎 + 𝑐 ≤ 𝑏 + 𝑐
c) Se ∀𝑎, 𝑏 ∈ 𝐾 temos 0 ≤ 𝑎 e 0 ≤ 𝑏 então 0 ≤ 𝑎 ∙ 𝑏

Proposição: Se ∀𝑎, 𝑏, 𝑐, 𝑑 ∈ 𝐾 temos 𝑎 ≤ 𝑏 e 𝑐 ≤ 𝑑, então 𝑎 + 𝑐 ≤ 𝑏 + 𝑑.

Demonstração: Se 𝑎 ≤ 𝑏 então pela relação (b) temos:

𝑎 ≤𝑏 ⇔ 𝑎+𝑐 ≤𝑏+𝑐

Se 𝑐 ≤ 𝑑 então pela relação (b) temos:

𝑐 ≤𝑑 ⇔ 𝑐+𝑏 ≤𝑑+𝑏

Assim, se temos que 𝑎 + 𝑐 ≤ 𝑏 + 𝑐 e 𝑐 + 𝑏 ≤ 𝑑 + 𝑏, concluímos que 𝑎 + 𝑐 ≤ 𝑑 + 𝑏.

O Corpo Ordenado tem outras propriedades, mas a que é importante para a demonstração é
que o quadrado de qualquer número diferente de zero é positivo.

O Corpo Real Fechado é o tipo de corpo que tem, em comum com os reais, a propriedade que
– 1 não é o quadrado de algum elemento, nem a soma de quadrados.

26
𝑥1 , 𝑥2 , ⋯ , 𝑥𝑛 ∈ 𝐾 ⇒ 𝑥12 + 𝑥22 + ⋯ + 𝑥𝑛2 ≠ −1

As seguintes propriedades, para os números reais, são consequências de um Corpo Real


Fechado:

a) Todo polinômio de grau ímpar tem, pelo menos, uma raiz.


b) ℝ pode ser ordenado, e essa ordem é única
c) O subconjunto de ℝ formado pelos quadrados define a ordem, ou seja, é o conjunto dos
números positivos.

4. O Teorema Fundamental da Álgebra

O Teorema Fundamental da Álgebra é enunciado da seguinte forma:

“Todo polinômio não constante com coeficientes complexos tem uma raiz complexa. ”

Seguem três demonstrações do teorema.

4.1 Demonstração 1: Analítica

Seja P(z) um polinômio não constante, com grau(P) ≥ 1, onde

𝑃(𝑧) = 𝑎𝑛 𝑧 𝑛 + 𝑎𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 𝑧 + 𝑎0

Seja D o disco fechado, de raio R centrado em 0.

Lema 1: Existe um raio positivo do disco onde se o módulo do complexo z é maior que o raio
dado, então o módulo de P(z) é maior que o módulo de a0.

∃𝑅 > 0 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 |𝑧| ≥ 𝑅 ⇒ |𝑃(𝑧)| > |𝑎0 |

Demonstração:
27
Seja P(z), sem perda de generalização, um polinômio mônico.

Se

|𝑧| ≥ 𝑅 ⇒ |𝑃(𝑧)| = |𝑧 𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑧 𝑛−1 + 𝑎𝑛−2 𝑧 𝑛−2 + ⋯ + 𝑎1 𝑧 + 𝑎0 | ≥

≥ |𝑧 𝑛 | − |𝑎𝑛−1 𝑧 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 𝑧 + 𝑎0 |

Como:

|𝑎𝑛−1 𝑧 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 𝑧 + 𝑎0 | ≤ |𝑎𝑛−1 𝑧 𝑛−1 | + |𝑎𝑛−2 𝑧 𝑛−2 | + ⋯ + |𝑎1 𝑧| + |𝑎0 | ≤

Seja 𝑀 = 𝑚á𝑥{1, |𝑎0 |, |𝑎1 |, ⋯ , |𝑎𝑛−2 |, |𝑎𝑛−1 |}.

Se 𝑅 = 3𝑛𝑀, temos:

|𝑧| ≥ 𝑅; |𝑎𝑛−1 𝑧 𝑛−1 + 𝑎𝑛−2 𝑧 𝑛−2 + ⋯ + 𝑎1 𝑧 + 𝑎0 | ≤ 𝑛𝑀𝑅

|𝑃(𝑧)| ≥ |𝑧 𝑛 | − |𝑎𝑛−1 𝑧 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 𝑧 + 𝑎0 | ≥ 𝑅𝑛 − 𝑛𝑀𝑅𝑛−1 =

= 𝑅𝑛−1 (𝑅 − 𝑛𝑀) = 2𝑛𝑀𝑅𝑛−1 ≥ 2𝑀 ≥ 2|𝑎0 | > |𝑎0 |

|𝑎0 | = |𝑃(0)| ⇒ min|𝑃(𝑧)| = min |𝑃(𝑧)|


𝑧∈ℂ 𝑧∈𝐵(𝑂,𝑅)

Como D é compacto, e |𝑃| é uma função contínua em ℂ em ℝ, a restrição a D de |𝑃| tem um


mínimo. Usando o argumento dos quadrados encaixantes é fácil perceber que vamos chegar a
um ponto do disco.

Vamos supor que o disco D esteja contido num quadrado, ou seja, 𝑫 ⊂ [−𝑅, 𝑅]2 . Então o
mínimo está dentro do quadrado.

O mínimo estará em uma das partes. Escolhendo a parte onde o mínimo é atingido, e eliminando
as partes onde o mínimo não se encontra, particionamos novamente, e assim sucessivamente,
até que apenas se restrinja a um único ponto, que será o mínimo.

28
Vamos assumir que esse mínimo seja z0, ou seja, um ponto de D onde o mínimo é atingido é z0.

Logo, z0 está no interior de D e, portanto, precisamos mostrar que 𝑃(𝑧0 ) = 0.

Lema 2: Se 𝑃: ℂ → ℂ é um polinômio não constante e 𝑧0 ∈ ℂ é tal que 𝑃(𝑧0 ) ≠ 0 então: ∃𝑧 ∈


ℂ com |𝑃(𝑧)| < |𝑃(𝑧0 )|.

Demonstração: Vamos analisar o comportamento próximo de z0.

Seja 𝑓 (ℎ) = 𝑃(𝑧0 + ℎ).

Vamos mostrar que ∃ℎ ∈ ℂ, com |ℎ| pequeno, tal que

|𝑃(𝑧0 + ℎ)| = |𝑓(ℎ)| < |𝑓(0)| = |𝑃(𝑧0 )|

𝑓 (ℎ) = 𝑃(𝑧0 + ℎ) é um polinômio não constante, senão 𝑃(𝑧) = 𝑓(𝑧 − 𝑧0 ) seria constante.

𝑓 (ℎ) = 𝑃(𝑧0 ) + 𝐶𝑘 ℎ𝑘 + 𝐶𝑘+1 ℎ𝑘+1 + ⋯ + 𝑎𝑛 ℎ𝑛 , com 𝐶𝑘 ≠ 0, 𝐶𝑛 = 𝑎𝑛 , 1 ≤ 𝑘 ≤ 𝑛.

𝑃(𝑧0 )
Seja 𝑤 ∈ ℂ, tal que 𝑤 𝑘 = − .
𝐶𝑘

Vamos considerar que ℎ = 𝜀𝑤, com 𝜀 > 0 pequeno.

Logo:

𝐶𝑘 ℎ𝑘 = 𝐶𝑘 𝜀 𝑘 𝑤 𝑘 = −𝜀 𝑘 𝑃(𝑧0 )

Seja 𝑀 = max{1, |𝐶𝑘 |, |𝐶𝑘+1 |, ⋯ , |𝐶𝑛 |}

Temos:

|𝐶𝑘+1 ℎ𝑘+1 + ⋯ + 𝐶𝑛 ℎ𝑛 | ≤ |𝐶𝑘 ||ℎ𝑘 | + |𝐶𝑘+1 ||ℎ𝑘+1 | + ⋯ + |𝐶𝑛 ||ℎ𝑛 | ≤

≤ 𝑀|ℎ𝑘 | + 𝑀|ℎ𝑘+1 | + ⋯ + 𝑀|ℎ𝑛 |

Supondo |ℎ| ≤ 1, então:

|𝐶𝑘+1 ℎ𝑘+1 + ⋯ + 𝐶𝑛 ℎ𝑛 | ≤ (𝑛 − 𝑘)𝑀|ℎ𝑘+1 | < 𝑛𝑀|ℎ𝑘+1 | = 𝑛𝑀𝜀 𝑘+1 |𝑤 𝑘+1 |


29
Então:

|𝑓(ℎ)| ≤ |𝑃 (𝑧0 ) + 𝐶𝑘 ℎ𝑘 | + |𝐶𝑘+1 ℎ𝑘+1 + ⋯ + 𝐶𝑛 ℎ𝑛 | ≤

≤ |𝑃(𝑧0 ) − 𝜀 𝑘 𝑃(𝑧0 )| + 𝑛𝑀𝜀 𝑘+1 |𝑤|𝑘+1 = |(1 − 𝜀 𝑘 )𝑃(𝑧0 )| + 𝑛𝑀𝜀 𝑘+1 |𝑤|𝑘+1 =

= (1 − 𝜀 𝑘 )|𝑃(𝑧0 )| + 𝑛𝑀𝜀 𝑘+1 |𝑤|𝑘+1 = |𝑃(𝑧0 )| − 𝜀 𝑘 |𝑃(𝑧0 )| + 𝑛𝑀𝜀 𝑘+1 |𝑤|𝑘+1

𝑃(𝑧0 ) 1
Vamos tomar 𝜀 = min { 𝑘+1
, }
2𝑛𝑀|𝑤| |𝑤|

|𝑃(𝑧0)|
Temos, então, |ℎ| = |𝜀𝑤| ≤ 1 e 𝑛𝑀𝜀 𝑘+1 |𝑤|𝑘+1 = 𝜀 𝑘 𝑛𝑀𝜀|𝑤|𝑘+1 ≤ 𝜀 𝑘 2

Logo,

|𝑃(𝑧0 )| |𝑃 (𝑧0 )|
|𝑓(ℎ)| ≤ |𝑃(𝑧0 )| − 𝜀 𝑘 |𝑃(𝑧0 )| + 𝜀 𝑘 = |𝑃(𝑧0 )| − 𝜀 𝑘 < |𝑃(0)|
2 2

Assim temos que z0 é um zero de P(z).

4.2 Demonstração 2: Algébrica

Para esta demonstração temos que saber previamente dois fatos sobre o corpo dos Reais:

a) Qualquer polinômio de grau ímpar tem pelo menos um zero real;


b) Todo número real não negativo tem raiz quadrada.

Desta segunda afirmação podemos afirmar que:

“Se a e b forem dois números reais, então existem dois números complexos z1 e z2 tais que o
polinômio 𝑧 2 + 𝑎𝑧 + 𝑏 é igual a (𝑧 − 𝑧1 )(𝑧 − 𝑧2 )”.

Se um polinômio P(z) tem coeficientes complexos, o polinômio 𝑄(𝑧) = 𝑃(𝑧) ∙ ̅̅̅̅̅̅


𝑃(𝑧̅) tem
coeficientes reais e se o número complexo z0 for raiz de Q(z) então z0, ou seu conjugado, é raiz
de P(z). Desta forma, podemos demonstrar o teorema para um polinômio de coeficientes reais.

Vamos demonstrar o teorema por indução ao menor inteiro não negativo k, tal que 2k divide o
grau n de P(z).

Se k = 0, então n é ímpar e, desta forma, P(z) tem alguma raiz real.

30
Vamos supor que 𝑛 = 2𝑘 𝑚, com m ímpar e k > 0, e também que o teorema já se encontra
demonstrado no caso e que o grau do polinômio é da forma 2𝑘−1 𝑚′ , com 𝑚′ ímpar.

Seja F um corpo que contém ℂ e as raízes de P(z) (é possível provar que tais corpos existem),
este um polinômio com coeficientes complexos. Então o corpo F contém ℂ, e existem elementos
z1, z2, z3, ..., zn de F tais que

𝑃(𝑧) = (𝑧 − 𝑧1 )(𝑧 − 𝑧2 ) ⋯ (𝑧 − 𝑧𝑛 )

Para um número real t, seja:

𝑄𝑡 (𝑧) = ∏ (𝑧 − 𝑧𝑖 − 𝑧𝑗 − 𝑡𝑧𝑖 𝑧𝑗 )
1≤𝑖<𝑗≤𝑛

Os coeficientes de Qt(z) são polinômios simétricos nos zi com coeficientes reais. Assim
podemos exprimir como polinômios com coeficientes reais nos polinômios simétricos
elementares nas raízes zi, ou seja, em −𝑎1 , 𝑎2 , −𝑎3 , ⋯ , (−1)𝑛 𝑎𝑛 , logo Qt tem coeficientes reais.

𝑛(𝑛−1)
O grau de Qt é igual a = 2𝑘−1 𝑚(𝑛 − 1), onde 𝑚(𝑛 − 1) é ímpar. Então, pela hipótese
2

de indução, Qt tem alguma raiz real. Logo, 𝑧𝑖 + 𝑧𝑗 + 𝑡𝑧𝑖 𝑧𝑗 é real para dois elementos distintos
i e j de {1, 2, ..., n}. Como existem mais números reais do que pares (𝑖, 𝑗), é possível encontrar
números reais distintos t e s tais que 𝑧𝑖 + 𝑧𝑗 + 𝑡𝑧𝑖 𝑧𝑗 e 𝑧𝑖 + 𝑧𝑗 + 𝑠𝑧𝑖 𝑧𝑗 sejam reais, para os
mesmos i e j. Consequentemente, tanto a soma, quanto o produto entre zi e zj são números reais
e, portanto, zi e zj são números complexos, pois são as raízes do polinômio 𝑧 2 + (𝑧𝑖 + 𝑧𝑗 )𝑧 +
𝑧𝑖 𝑧𝑗 .

4.3 Demonstração 3:

Para demonstrar o TFA, vamos usar a ideia que as funções polinomiais são contínuas ao
longo do plano.

Considere uma função polinomial 𝑝: ℂ → ℂ, dada por:

𝑝(𝑧) = 𝑎𝑛 𝑧 𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑧 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 𝑧 + 𝑎0 ,

31
onde an, an-1, ..., a1, a0, são números complexos. Então p é uma função definida nos complexos,
ou seja, cada ponto do plano complexo tem uma imagem que também é um número complexo.
Vamos provar que existe um complexo z0 tal que a sua imagem seja igual a zero, p(z0) = 0. Em
outras palavras, existe um ponto do plano complexo que, passando por p, tem sua imagem na
origem.

Vamos considerar, de modo intuitivo, que as imagens, através de p, de círculos do plano


complexo com centro na origem. Por que são círculos? Como p é uma função contínua, a
imagem de uma curva contínua e fechada, deve ser outra curva contínua e fechada. É importante
salientar que não é necessariamente uma curva simples, a curva pode cruzar a si própria.

Consideremos um círculo |𝑧| = 𝑟, e vamos ver a imagem desse círculo quando aplicado no
polinômio 𝑝(𝑧) = 𝑎𝑛 𝑧 𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑧 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 𝑧 + 𝑎0 .

Exprimindo z na sua forma polar: 𝑧 = (cos 𝜃 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝜃), temos:

𝑛 𝑛−1
𝑝(𝑧) = 𝑎𝑛 (𝑟(cos 𝜃 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝜃)) + 𝑎𝑛−1 (𝑟(cos 𝜃 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝜃)) +⋯

+ 𝑎1 (𝑟(cos 𝜃 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝜃)) + 𝑎0

Ou seja:

𝑝(𝑧) = 𝑎𝑛 (𝑟 𝑛 (cos 𝑛𝜃 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝑛𝜃)) + 𝑎𝑛−1 (𝑟 𝑛−1 (cos(𝑛 − 1)𝜃 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 (𝑛 − 1)𝜃)) + ⋯

+ 𝑎1 (𝑟(cos 𝜃 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝜃)) + 𝑎0

Quando z percorre o círculo de raio r, seu argumento θ varia de 0 a 2π. Em consequência z2


tem argumento 2θ va variar de 0 a 4π, e assim por diante. Logo zn tem argumento nθ varia de 0
a 2nπ. Isso também significa que quando z percorre uma vez o círculo anterior, z2 vai percorrer
duas vezes, e assim por diante, onde concluímos que zn vai percorrer n vezes o círculo dado.

Assim o polinômio p(z) é a soma de n complexos, a0, z, que percorre uma vez o círculo, z2, que
percorre duas vezes o círculo, até zn, que percorre o círculo n vezes. A imagem do círculo é a
soma de todos as parcelas, o que não é simples de calcular. Porém podemos descobrir o que
acontece com a curva nos casos extremos, ou seja, quando r é muito pequeno, ou r é muito
grande. Isso fica mais claro quando pomos rn em evidência:

𝑎𝑛−1
𝑝(𝑧) = 𝑟 𝑛 [𝑎𝑛 (cos 𝑛𝜃 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝑛𝜃) + (cos(𝑛 − 1)𝜃 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 (𝑛 − 1)𝜃) + ⋯
𝑟
𝑎1 𝑎0
+ 𝑛−1 (cos 𝜃 + 𝑖𝑠𝑒𝑛 𝜃) + 𝑛 ]
𝑟 𝑟
32
Para valores próximos de zero, as potências de r serão valores cada vez menores, ou seja, 𝑟 >
1 1 1 1
𝑟 2 > ⋯ > 𝑟 𝑛−1 > 𝑟 𝑛 , porém 𝑟 < 𝑟 2 < ⋯ < 𝑟 𝑛−1 < 𝑟 𝑛. Assim, a imagem do polinômio é um

círculo centrado em a0, com pouca perturbação dos outros termos.

Para valores grandes de r, a trajetória de p(z) vai ser um círculo de centro na origem e raio rn,
ligeiramente perturbado pelas contribuições das outras parcelas.

Então temos que para valores bem pequenos de r a curva descrita por p(z) é uma curva fechada
em torno do complexo a0 + 0i e próxima desse complexo. Assim percebemos que a origem do
plano é exterior a essa curva. Quando os valores de r são grandes, a curva descrita por p(z) se
comporta como um círculo de centro na origem. Para que o centro passe do exterior para o
interior da curva significa que, para algum valor de r a curva passa pela origem e, assim, que
p(z) = 0 possua, pelo menos, uma raiz complexa. Assim toda equação polinomial tem uma raiz
complexa.

5. As demonstrações em aula:

Nos dias 2 e 9 de setembro foram ministradas quatro aulas com o intuito de ver qual a melhor
forma de transmitir o conteúdo para turmas do terceiro ano do Ensino Médio. O Colégio Pedro
II, Campus Humaitá II.

As aulas foram em dois turnos, para abranger alunos diferenciados. Os alunos do turno da
manhã tiveram aulas no período da tarde, e os alunos da tarde tiveram aulas no período da
manhã. Os alunos foram voluntariamente assistir as aulas. Nas turmas da manhã compareceram
18 alunos nos dois dias, e nas turmas da tarde 15 alunos compareceram nos dois dias. As aulas
tiveram 1 hora e 30 minutos de duração cada.

No primeiro dia eu comecei a falar sobre o histórico dos números complexos, brevemente, e do
teorema. Também explanei sobre os resultados gerais dos complexos, e entreguei uma folha
com esses resultados. O conteúdo dessas folhas se encontra no capítulo sobre o conhecimento
necessário para as demonstrações.

Comecei a falar da demonstração 3, pois julguei mais fácil o entendimento. Eles entenderam
bem como a demonstração se passou.

33
No final da aula comecei a falar sobre o corpo dos reais. Eles perceberam que a construção do
corpo veio acontecendo desde o sexto ano do Ensino Fundamental. Nessa série eles aprendem
as primeiras propriedades, nos números naturais, como a comutatividade da soma e
multiplicação. Depois, no sétimo ano as propriedades são expandidas para os números inteiros
e racionais, onde são expandidas. No oitavo ano eles aprendem os números reais.

Também falei sobre o produtório, conceito que eles não veem no Ensino Médio, e também
expliquei o Princípio da Indução, e comecei a demonstração 2.

Essa demonstração foi mais complicada para o entendimento. Segundo eles, o problema maior
é a quantidade de conhecimento prévio para o entendimento. Apesar das dificuldades os alunos
perceberam que algumas demonstrações envolvem um conhecimento matemático um pouco
mais encorpado. Esse conhecimento pode ser passado de forma mais clara para os alunos, para
que eles possam compreender as demonstrações.

Pelo fato de ter que explicar mais sucintamente os conhecimentos prévios das duas
demonstrações previas, não consegui tempo para fazer a demonstração 1. Mas os alunos
começaram a entender a desigualdade triangular. Posso supor que talvez eles tivessem uma
pequena dúvida em um outro ponto da demonstração, porém seria de melhor entendimento do
que a demonstração 2.

A conclusão desse estudo é que é possível demonstrar o Teorema Fundamental da Álgebra para
alunos do Ensino Médio. Entretanto é necessário ensinar conceitos diferentes e novos para os
alunos.

34
6. Referências:

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matemática. Vol 7. São Paulo: Editora Moderna, 1982.

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