Usando Plickres
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Usando Plickres
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo avaliar como a utilização de dispositivos móveis,
especificamente a utilização do aplicativo Plickers, pode auxiliar na melhoria da prática
pedagógica e na melhoria da atenção dos alunos para os conteúdos ministrados pelo professor,
além de auxiliar na avaliação de sua própria prática pedagógica. A partir de uma pesquisa
exploratória foram identificadas potencialidades, que podem auxiliar os professores na
implantação da avaliação formativa no contexto escolar. Além disso, foi realizado um estudo
de caso com o intuito de exemplificar o funcionamento do aplicativo como ferramenta
avaliativa de estudantes e da prática pedagógica. Por intermédio do estudo de caso, foi
possível constatar a viabilidade da utilização do aplicativo Plickers no apoio a este tipo de
avaliação, em função de sua simplicidade de uso e obtenção imediata dos resultados das
avaliações, além de evidenciar a boa aceitação dos alunos pela utilização de dispositivos
móveis no contexto escolar. Destacam-se ainda como pontos positivos a flexibilidade do
aplicativo por ser multiplataforma, disponível para ambiente web e dispositivos móveis com
sistema operacional android e IOs. Além de permitir a interação entre dispositivos móveis e
ambiente web, o aplicativo possui um aspecto positivo que é o dispensar a necessidade de que
alunos possuam um dispositivo móvel para sua implantação.
1. Introdução
A avaliação sempre foi algo que desafiou e estimulou educadores, em busca de uma
forma capaz de aferir, da forma mais adequada possível, o desenvolvimento de alunos nas
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Mestrando em Ensino, Instituto do Noroeste Fluminense de Educação Superior,
Universidade Federal Fluminense, Santo Antônio de Pádua/RJ
2
Prof.Drª, Instituto do Noroeste Fluminense de Educação Superior, Universidade Federal Fluminense, Santo
Antônio de Pádua/RJ
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disciplinas e como estes retiveram conhecimento. Bloom et al. (1971) afirmam que a
avaliação é algo muito além de um simples exame final criado para medir o saber de um
conteúdo, é uma coleta sistêmica de informações que visa descobrir como o aluno se
desenvolveu ao longo do processo de aprendizagem, devendo também avaliar a efetividade ou
não do processo ensino-aprendizagem utilizado e caso o mesmo se demonstre ineficiente,
realizar as alterações necessárias o mais breve possível de forma a melhorar a experiência do
aluno.
Bastos et al (2017) afirmam que um dos grandes desafios atuais é aliar o processo
ensino-aprendizagem e contexto, de forma que este processo seja significativo e neste
contexto apresenta-se de forma cada vez mais perceptível e necessária a utilização de
tecnologias na educação.
Quanto à utilização das tecnologias no ambiente escolar, Paulo Freire, afirma nunca
ter sido um apreciador ingênuo da tecnologia. “Não a divinizo, de um lado, nem a diabolizo,
de outro”, reconhecendo, entretanto, a utilidade da mesma a favor da curiosidade dos
estudantes. Segundo ele a curiosidade “convoca a imaginação, a intuição, as emoções, a
capacidade de conjecturar, de comparar, na busca da perfilização do objeto ou do achado de
sua razão de ser” (FREIRE, 2002, p. 88).
A utilização da tecnologia na educação pode ser um grande motivador para estudantes,
porém encontram muitas vezes resistência por parte dos educadores, que por vezes se
acomodam a práticas defasadas e reforça que a utilização da tecnologia pode ser uma forte
aliada na prática pedagógica docente (MAINARDI; ZARDIM, 2012, p.1).
1.1 Objetivos
Bloom et al. (1971) classificam a avaliação em três categorias, são elas: avaliação
diagnóstica, avaliação formativa e avaliação somativa.
A avaliação diagnóstica precede a formação do estudante e tem como intuito principal
o levantamento dos pontos fortes e fracos dos mesmos, bem como a adaptação do conteúdo a
ser ministrado de forma que este seja adequado à necessidade dos estudantes (HADJI, 2001).
A avaliação formativa é aquela que permeia toda ação de formação, fornecendo
retorno imediato aos estudantes sobre seu desenvolvimento e quais habilidades precisam ser
melhoradas, e aos professores sobre quais rumos tomar no processo ensino-aprendizagem.
Hadji (2001) define esse tipo de avaliação como aquele que levanta constantemente
informações úteis ao processo ensino-aprendizagem.
Enfim Hadji (2001) define a avaliação somativa como uma avaliação desenvolvida ao
final de todo o processo educativo, como por exemplo uma avaliação bimestral, que visa
verificar se os objetivos previamente estabelecidos na formação foram alcançados pelo
estudante.
A avaliação somativa é o tipo de avaliação mais comum aplicado em ambientes
escolares, um dos fatores que contribuem para isso é a comodidade de criação de apenas uma
avaliação ao fim de períodos pré-estabelecidos. Apesar de muitos professores desejarem
utilizar a avaliação somativa em conjunto com a avaliação formativa a integração destes tipos
de avaliação é cheia de complexidade, tensões e pressões externas (BLACK; WILIAM, 2005;
PRICE et al., 2011). Nesse aspecto a utilização de dispositivos móveis pode contribuir para
que essa integração seja bem sucedida.
Abrecht (1994) define as diferenças entre a avaliação somativa e formativa através da
definição do papel do erro em cada uma delas. Enquanto na avaliação somativa o erro implica
na “falta” definitiva do saber, uma vez que não é possível corrigi-lo, na avaliação formativa o
erro demonstra uma necessidade de mudança de abordagem e é considerada como parte
integrante do processo de aprendizagem.
A avaliação formativa auxilia o professor e o aluno a regular sua ação e neste
contexto, o erro não deve ser tomado como algo negativo, mas sim, ser visto como
um importante sinalizador das necessidades dos alunos e em quais aspectos o
educador deve repensar sua prática pedagógica (OSANAI, 2012).
Seco e Cardoso (2015) afirmam, que para avaliação da prática pedagógica, vários
dispositivos podem ser considerados, como por exemplo, aulas assistidas por colegas;
questionários focados em pontos críticos de avaliação; ou mesmo recorrendo a tecnologias
como filmagem em vídeo para posterior análise, porém com o avanço tecnológico professores
tendem a se aproximar dos estudantes por intermédio de computadores, tablets e
smartphones.
2.2 Utilização de dispositivos móveis no ensino
A geração atual de alunos, também conhecidos como “Nativos Digitais”, tem como
perfil a utilização de tecnologia em suas atividades cotidianas, acompanhando cada nova
criação tecnológica. Esta característica torna o trabalho do professor desafiador, pois é
comum o interesse destes alunos se dissipar devido à abordagem tradicional utilizada por
estes professores. Para conseguir a atenção dos alunos é necessário que os professores “falem
a mesma língua” que os alunos, proporcionando mais dinamicidade às aulas, conseguindo
maior atenção dos mesmos (LOUZEIRO et al, 2017).
Neste aspecto a utilização de dispositivos móveis por ser forte aliado do professor no
processo ensino-aprendizagem. Merije (2012) afirma que da união entre a tecnologia e a
educação podem surgir grandes oportunidades de ensino, tanto para o educador quanto para o
educando, mais precisamente a utilização do celular, visto que no Brasil a proporção é de três
celulares para cada computador.
A utilização do celular como ferramenta educacional permite que os sujeitos
desenvolvam importantes habilidades para sua relação com o mundo, como a criticidade,
criatividade, relação grupal e autonomia (MERIJE, 2012). Além disso, a utilização de
smartphones e tablets no âmbito escolar tem sido cada vez mais comum, como afirmam
Revista Tecnologias na Educação- Ano 9-Número/Vol.19- Julho 2017-
tecnologiasnaeducacao.pro.br / tecedu.pro.br
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Rogers e Wright (2008), estas tecnologias abrem novos meios de suporte à comunicação entre
professores, pais e alunos.
Mais especificamente sobre a utilização de dispositivos móveis na avaliação de
estudantes, Seco e Cardoso (2015) afirmam que a reação da maior parte dos estudantes é
positiva e gera motivação por parte dos mesmos, que se demonstram mais interessados.
Afirmam ainda que a utilização de questionários sistemáticos, mediados por celulares, além
de um meio de avaliação dos estudantes podem ser usados também para avaliação da prática
docente, pois é possível constatar imediatamente conteúdos que foram absorvidos ou não
pelos mesmos.
Fonte: http://www.plickers.com
pretende intervir sobre o objeto a ser estudado, mas revelá-lo tal como ele o percebe.
(FONSECA, 2002, p. 33).
O estudo de caso em questão foi desenvolvido em um dos campi no Instituto Federal
de Ciência e Tecnologia Fluminense, com uma turma de 2º ano do ensino médio integrado ao
curso técnico em informática, os questionários foram desenvolvidos para avaliação da
disciplina de Sistemas Operacionais.
Foram desenvolvidos três questionários, um sobre “gerência de processos”, outro
sobre “gerência de memória” e outro sobre “sistema de arquivos”, cada questionário
composto por seis questões. Os referidos questionários foram aplicados ao fim de cada aula,
com o intuito de elucidar quais temas haviam sido bem absorvidos e quais temas não ficaram
claros do ponto de vista dos alunos.
A turma do presente estudo de caso é integrada por um total de 27 alunos, os nomes
dos alunos foram omitidos com o intuito de preservar a identidade dos mesmos, os resultados
obtidos podem ser observados no gráfico da Figura 5. Para a coleta das respostas dos
estudantes foi utilizado o aplicativo, objeto de estudo deste trabalho, o Plickers. Os resultados
obtidos a partir da aplicação dos questionários podem ser observados na próxima seção.
5. Conclusão
Referências
ABRECHT, R. A avaliação formativa. Trad. José Carlos Tunas Eufrásio. Rio Tinto: Edições
ASA, 1994. (Coleção: práticas pedagógicas).
BASTOS, Isis Maria Monteles; COSTA, Lívia Mariana; OLIVEIRA, Walline Alves. Análise
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