Alexandre Shigunov Neto e Lizete Shizue Bomura Maciel
Alexandre Shigunov Neto e Lizete Shizue Bomura Maciel
Alexandre Shigunov Neto e Lizete Shizue Bomura Maciel
RESUMO
O objetivo deste trabalho é o de apresentar algumas reflexões sobre a temática da pesquisa
e sua relação com o professor dos Cursos de graduação. Consideramos que a pesquisa,
enquanto princípio educativo e científico, deva permear a formação e a prática pedagógica
dos professores que atuam na educação superior brasileira.
Palavras-chave: pesquisa, professor, prática pedagógica de qualidade
ABSTRACT
The objective of this work is to present some thoughts on the subject of search and its
relationship with the teacher of courses for graduation. We believe that the search, while
educational and scientific principle, should permeate the training and pedagogical practice of
teachers who work in higher education Brazilian.
Key words: research, teacher, practical pedagogical of quality
Considerações iniciais
Nossos questionamentos e observações sobre a pesquisa e a produção do
conhecimento estão fundados no olhar de quem “milita” em educação, isto é, de quem está
comprometido com as coisas da educação e, dentro dela, com a formação de professores
pesquisadores.
Assim sendo, quando pretendemos tratar sobre a docência e a importância da
pesquisa para os professores que atuam nos cursos de graduação da educação superior
brasileira, sentimo-nos mais tranqüilos, pois percebemos que há uma preocupação, mesmo
que incipiente, com a formação do docente da educação superior, que tenha, ao mesmo
1
Nesse mesmo caso, podemos citar o exemplo das Instituições de Ensino Superior particulares, que se de um
lado, apesar de um grande número não ter, ainda, uma visível e real preocupação com a qualidade do ensino,
de outro, desempenham papel importante para o processo de democratização do ensino superior no Brasil.
Revista Brasileira de Docência, Ensino e Pesquisa em Administração – ISSN 1984-5294
Vol. 1, n. 1, p.04-23, Maio/2009.
A Importância da pesquisa para a prática pedagógica dos professores que atuam na
educação superior brasileira: algumas discussões iniciais
Alexandre Shigunov Neto e Lizete Shizue Bomura Maciel
O processo da pesquisa pode, de uma forma, didática ser decomposta em aspectos
internos e aspectos externos. Os aspectos internos dizem respeito aos elementos que estão
diretamente ligados aos professores pesquisadores e que dependem exclusivamente de seu
interesse para se concretizar a pesquisa. Já os aspectos externos são aqueles necessários
para a realização da pesquisa, mas que não dependem exclusivamente do interesse do
professor pesquisador. Até o momento falou-se em componentes essenciais para a
realização de pesquisa, sem, contudo, apresentar aspectos que extrapolam as condições
inerentes e diretamente ligadas aos professores pesquisadores, motivo pelo qual agora
focaremos nossa breve análise sobre alguns desses aspectos. Para a concretização da
pesquisa são necessários, além dos aspectos internos (capacidade técnica, interesse,
vontade, qualidade, entre outros) condições mínimas de infra-estrutura, financeiras e de
tempo. Nesses termos, pode-se supor que o processo de pesquisa exige acesso a acervo
bibliográfico adequado, participação em eventos científicos (congressos, semanas
acadêmicas, seminários, colóquios), palestras, tempo para discussão, tempo para escrever,
tempo para discussão e apresentação dos resultados obtidos com a pesquisa, entre outros.
Portanto, são exigidas condições mínimas de infra-estrutura, financeira e de tempo para a
realização de uma pesquisa. Condições estas que não dependem exclusivamente da
vontade e interesse do professor pesquisador.
Para finalizar nossas considerações destacamos a preocupação em compreender que
a ausência da pesquisa implica na negação de um ensino de qualidade, pois
sem pesquisa não há ensino. A ausência de pesquisa degrada o ensino a patamares
típicos da reprodução imitativa. Entretanto, isto não pode levar ao extremo oposto, do
professor que se quer apenas pesquisador, isolando-se no espaço da produção
científica. Por vezes, há professores que se afastam do ensino, por estratégia, ou
seja, porque do contrário não há tempo para pesquisa. Outros, porém, induzem à
formação de uma casta, que passa a ver no ensino algo secundário e menor.
Se a pesquisa é a razão do ensino, vale o reverso: o ensino é a razão da pesquisa, se
não quisermos alimentar a ciência como prepotência a serviço de interesses
particulares. Transmitir conhecimento deve fazer parte do mesmo ato de pesquisa,
seja sob a ótica de dar aulas, seja como socialização do saber, seja como divulgação
socialmente relevante. (Demo,2001,p.51-52)
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