Material Apoio Atls Liga Do Trauma
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Introdução:
O tratamento do paciente traumatizado requer, sem perda de tempo, acesso as lesões e início do suporte de vida. Para
isso é necessária uma abordagem sistematizada que é denominada “Avaliação Inicial” e inclui:
Preparação
Triagem
Exame Primário (ABCs)
Reanimação
Medidas auxiliares ao exame primário
Exame Secundário – Cabeça – dedo do pé
Monitorização e reavaliação
Cuidados definitivos
Os exames primário e secundário devem ser repetidos com freqüência para acompanhar a evolução e indicar
necessidade de intervenção, tão logo necessário.
I – Preparação:
A preparação inclui dois momentos: o pré-hospitalar e o hospitalar
A fase pré-hospitalar deve ser estruturada e entrosada de tal maneira que a fase hospitalar seja comunicada sobre o
paciente antes de sua chegada, afim de que a equipe possa se preparar e verificar se tem condições de suprir as
necessidades do paciente. Logo, o pré-hospitalar deve levar o paciente, não para o hospital mais próximo, mas para
aquela que tem condições de atender suas necessidades.
A fase hospitalar tem que ter planejamento para o atendimento do paciente, bem com os recursos necessários para
suprir as necessidades do paciente. A equipe de saúde deve ter treinamento adequado e ter rotinas de atendimento
para pacientes politraumatizados. Não se deve esquecer das medidas de proteção individual padrão.
II – Triagem:
A triagem tem como objetivo principal avaliar e identificar os pacientes que podem ser atendidos na Instituição e
verificar os recursos disponíveis para esse atendimento. Principalmente em condições de vitimas múltiplas e situações
de desastre e catástrofes.
Durante o exame primário as situações de risco de vida devem ter sua identificação e o tratamento
iniciados, simultaneamente.
As prioridades são aqui apresentadas em seqüência didática, porém na prática estas etapas são simultâneas. Nos
pacientes pediátricos as prioridades são as mesmas do paciente adulto.
Importante: Todo paciente politraumatizado, principalmente aqueles que apresentam nível de consciência alterada ou
em trauma fechado acima da clavícula, deve-se suspeitar da existência de lesão cervical.
B – Respiração:
Para uma boa ventilação precisa-se, além das vias aéreas pérvias, de uma adequada troca de gases em nível alveolar.
Uma boa ventilação está na dependência dos pulmões, parede torácica e diafragma. Estes componentes devem ser
examinados rapidamente.
O tórax deve ser exposto e inspecionado quanto a expansão, deformidades, ferimentos, escape anormal de gás.
Ausculta para verificar chegada de ar aos pulmões. A percussão pode revelar presença de ar ou sangue no tórax.
As lesões que podem de imediato alterar a respiração são: pneumotórax hipertensivo, tórax instável com contusão
pulmonar e pneumotórax aberto. Lesões menos graves, hemotórax, pneumotórax simples, fraturas de costelas e
contusões pulmonares podem comprometer a ventilação de forma mais leve.
Nível de Consciência:
Com a diminuição do volume sangüíneo há prejuízo da perfusão cerebral alterando o nível de consciência, apesar de
eventualmente haver pacientes conscientes com grandes perdas sangüíneas.
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Cor da Pele:
Paciente com pele rósea na face e extremidades raramente terá hipovolemia. Ao contrário de pele acinzentada na face e
esbranquiçada nas extremidades.
Pulso:
Pulso central de fácil acesso (femoral ou carotídeo) deve ser examinado de ambos os lados. Pulso rápido e filiforme são
normalmente sinais de hipovolemia. Pulso irregular representa sinal de alerta cardíaco. Ausência de pulso sem
manifestação local significa necessidade de ação imediata de reanimação.
2 – Sangramento:
Hemorragias externas graves são identificadas e controladas no exame primário. O melhor controle desta hemorragia
faz-se com compressão manual. Os torniquetes não devem ser utilizados por causarem lesão tecidual e isquemia distal.
Sangramentos no tórax, abdome, ao redor das fraturas podem ser responsáveis por perdas sangüíneas importantes.
IV – Reanimação:
A – Vias Aéreas:
O Chin Lift e Jaw Thrust na maioria dos casos são suficientes.
Se o paciente está inconsciente a utilização da Cânula de Guedel é mandatória. Se não houver melhora, cabe avaliar a
necessidade de intubação orotraqueal.
Entende-se por via aérea definitiva, a presença de um tubo alocado na traquéia com um “cuff” insuflado, podendo a
mesma ser obtida por via cirúrgica ou não.
O controle definitivo de pacientes que tiveram comprometimento das vias aéreas, que tem problemas ventilatórios ou
estão inconscientes, é a intubação endotraqueal, não se esquecendo o controle da coluna vertebral.
Um dos sinais mais freqüentes de hipóxia é a agitação psicomotora, que impede a intubação orotraqueal nos pacientes
conscientes. Nestes casos deve-se usar a seqüência rápida de intubação.
Caso a intubação esteja contraindicada ou não acessível por dificuldades técnicas, deve-se adotar uma via aérea
cirúrgica.
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C – Circulação:
Dois cateteres de grosso calibre devem ser inseridos preferencialmente em veias periféricas de membros superiores.
Uma vez puncionada, deve-se colher sangue para tipagem sangüínea, prova cruzada, exames laboratoriais necessários e
teste de gravidez em todas as mulheres em idade fértil (reprodutiva).
Deve-se iniciar a administração vigorosa de líquidos e a melhor solução é o Ringer Lactado. A infusão deve ser rápida em
volume de até 2-3 litros.
O choque na maioria das vezes é hipovolêmico. Caso não haja resposta à infusão rápida de Ringer Lactado, a
administração de sangue pode ser necessária. O choque hipovolêmico não deve ser tratado com vasopressores,
esteróides ou bicarbonato de sódio.
Como prevenção da hipotermia recomenda-se o aquecimento dos líquidos que serão infundidos nos pacientes.
A monitorização eletrocardiográfica é mandatória. Arritmias, taquicardias inexplicáveis, fibrilação atrial, extra-sístoles
ventriculares podem representar contusão cardíaca. Bradicardia, condução aberrante ou extra-sístoles deve-se pensar
em hipóxia ou hipoperfusão.
V – Radiografias:
Devem ser feitas de maneira racional para não prejudicar a reanimação do paciente.
Em pacientes com trauma multissistêmico deve-se utilizar 3 radiografias:
1 – Coluna Cervical
2 – Rx Tórax AP
3 – Pelve AP
Posteriormente, complementa-se com quantas radiografias forem necessárias.
VI – Exame Secundário:
Só deve-se iniciar o exame secundário quando estiver completado o exame primário (ABCDE), iniciado a reanimação e
revisto o ABCDE.
O exame secundário é realizado no sentido cabeça ao dedo do pé. Neste exame deve estar incluído a escala de
Glasgow. O resumo do exame secundário é – “ tubos e dedos em todos os orifícios”.
A – História:
Breve história com dados importantes deve ser pesquisada em pacientes traumatizados para memorizar utilizamos a
sigla AMPLA.
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A – Alergia
M – Medicamentos de uso habitual
P – Passado médico
L – Líquidos e alimentos ingeridos
A – Ambiente relacionado ao trauma
B – Exame Físico:
1 – Cabeça – toda a cabeça e couro cabeludo devem ser palpados para descobrir lacerações, fraturas ou
contusões. Cuidado com os olhos, presença de lentes, lesões penetrantes, exame de acuidade visual e tamanho da
pupila deve ser realizado.
2 – Face – os traumatismos maxilo-faciais podem ter seu tratamento postergado sem riscos, desde que
não estejam associados a obstrução de vias aéreas.
3 – Coluna Cervical – todos os pacientes com trauma craniano e maxilo-facial devem ser considerados
como potenciais de lesão da coluna cervical, até que se possa excluir a lesão após radiografias. Devemos fazer exame de
inspeção, palpação e ausculta do pescoço. As carótidas devem ser palpadas e auscultadas. A presença de sopros e
frêmitos levantam suspeitas de lesão carotídeas. Cuidado extremo se deve ter com a retirada de capacete de
motociclistas em suspeita de lesão cervical. Fendas penetrantes que ultrapassam a platisma representam indicação de
exploração cirúrgica.
4 – Tórax – a inspeção da face anterior e posterior é imprescindível para identificar lesões como
pneumotórax aberto, segmentos instáveis, contusões e hemorragias de parede torácica. A palpação deve incluir
clavícula, esterno e todas as costelas. A ausculta por vezes é prejudicada pelos ruídos ambientais. Bulhas cardíacas
abafadas e pressão de pulso diminuída indicam tamponamento cardíaco que também é suspeitado, junto com
pneumotórax hipertensivo, quando há distensão das veias do pescoço.
5 – Abdome – o diagnóstico específico do órgão lesado não é tão importante, quanto a identificação da
lesão e a indicação de correção cirúrgica. O exame abdominal deve ser repetido várias vezes, pois os achados
abdominais podem mudar. Paciente com hipotensão inexplicáveis, lesões neurológicas, alterações do sensório por
álcool e drogas com exame abdominal duvidoso, são candidatos a lavagem peritoneal.
6 – Períneo / Reto / Vagina – devem ser examinados a procura de contusões, hematomas, lacerações e
sangramento uretral. O toque retal é parte importante do exame secundário, bem como nas mulheres o toque vaginal é
mandatório.
7 – Sistema Músculo – Esquelético – inspeção para observar contusões e desvios. À palpação pesquisar
dor nos ossos e crepitação ajuda a identificar fraturas ocultas. Compressão das cristas ilíacas anteriores e da sínfese
púbica pode sugerir fratura pélvica. Atentar fortemente para palpação de pulso periférico e síndrome compartimental.
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8 – Sistema Nervoso – a aferição da escala de coma de Glasgow facilita a identificação precoce das
alterações no estado neurológico do paciente. Nos pacientes com lesões neurológicas é necessário um parecer precoce
do neurocirurgião.
VII – Reavaliação:
O paciente deve ser reavaliado constantemente para assegurar que fatos novos não passam despercebidos.
O alivio da dor é parte importante no manuseio do paciente. O uso de opiáceos freqüentemente é necessário o que é
um complicador dos exames subseqüentes.
A monitorização contínua dos sinais vitais e débito urinário é parte importante da conduta. O débito urinário desejável
no adulto é de 50 ml/h. Nas crianças com mais de 1 ano devemos manter o débito urinário de 1 ml/Kg/h.
Introdução:
Ao abordar um paciente traumatizado, o primeiro passo é verificar se é necessário viabilizar uma via aérea adequada,
verificando-se em seguida os cuidados com a ventilação, para que as trocas gasosas se façam, no mínimo necessário,
para manter o paciente vivo.
Lembre-se sempre que “quem não respira, não vive”.
Não esqueça, ao atender o paciente, dos cuidados básicos necessários de proteção do socorrista, como o uso de luvas e
máscara.
Ao abordar o paciente, os cuidados com as vias aéreas e ventilação são:
1. Verificar se o paciente está com a via aérea pérvia e ventilando adequadamente.
2. Se há algum sinal de obstrução proceder a manobras de elevação do mento ou anteriorização da mandíbula,
procedendo se necessário à retirada de corpos estranhos ou aspiração de secreções, não esquecendo dos cuidados
de proteção da coluna cervical.
3. Se for necessário, nos casos que o paciente não consiga manter espontaneamente uma via aérea ou ventilação
adequadas, executar os procedimentos para abordagem da via aérea e ventilação, que são:
A. Inserção de Cânula Orofaríngea (Cânula de Guedel).
B. Inserção de Cânula Nasofaríngea.
C. Ventilação sem Intubação.
D. Intubação Orotraqueal.
E. Intubação Nasotraqueal.
F. Instalação de Via Aérea Cirúrgica - Cricotiroidostomia por Punção, Cricotiroidostomia Cirúrgica e Traqueostomia.
Durante a avaliação das vias aéreas deve-se proceder a um rápido exame do paciente chamado de Avaliação em 10
segundos.
Essa avaliação é realizada da seguinte forma: o médico se apresenta para o paciente, pergunta pelo seu nome e o que
ocorreu.
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Caso o paciente tenha condições de responder a sua interpelação e prestar atenção a suas perguntas significa que: via
aérea encontra-se pérvia, há o mínimo de reserva respiratória e hemodinâmica para a resposta, e há o mínimo de nível
de consciência.
Define-se via aérea definitiva como sendo um tubo na traquéia com cuff insuflado, conectado a uma fonte de oxigênio.
Essa via aérea definitiva pode ser: intubação orotraqueal, intubação nasotraqueal, cricotireoidostomia cirúrgica e
traqueostomia.
Em caso de necessidade de intubação, se o paciente se encontra agitado e há dificuldade para realizar a intubação,
pode-se lançar mão de um procedimento chamada de seqüência de intubação rápida.
Esse procedimento é realizado com uso de succnil colina na dose de 1 a 2 mg/kg, associado a um benzodiazepínico. Esta
manobra permite o relaxamento da musculatura do paciente, facilitando a intubação. Porém, é necessário que quem
realizar o procedimento tenha habilidade em realizar a cricotireoidostomia.
Observação: na criança executa-se somente intubação orotraqueal, observando-se os mesmos cuidados e técnicas na
intubação do adulto. Nas crianças menores, onde não houve ainda completo desenvolvimento das cartilagens traqueais,
utiliza-se cânulas sem “cuff”.
Complicações:
1. Insucesso no procedimento.
2. Asfixia, aspiração.
3. Perfuração esofágica.
4. Hematoma.
5. Enfisema subcutâneo ou mediastinal.
Cricotoreoidostomia Cirúrgica
1. Fazer assepsia da face anterior do pescoço.
2. Identificar a membrana cricotireoidea e fixar a traquéia com os dedos médio e polegar da mão esquerda.
3. Fazer uma incisão transversa na pele sobre a membrana e aprofundar a incisão cuidadosamente através dela.
4. Inserir o cabo do bisturi na incisão e girá-lo 90º ou introduzir uma pinça hemostática para abrir a via aérea.
5. Introduzir uma cânula de traqueostomia ou um tubo orotraqueal e em seguida insuflar o “cuff”. Fixar a sonda.
6. Ventilar o paciente, observando a expansão torácica e auscultar os pulmões.
Complicações:
1. Insucesso no procedimento.
2. Aspiração de sangue.
3. Falso Trajeto.
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4. Hemorragia.
5. Laceração do esôfago.
6. Laceração da traquéia.
7. Lesão de cordas vocais.
8. Enfisema subcutâneo ou mediastinal.
Observação: a Traqueostomia é um procedimento cirúrgico complicado e de demorada execução, sendo uma conduta
de exceção, para médicos habilitados.
TRAUMA ABDOMINAL
Introdução:
O advento da arma de fogo e o trânsito automobilístico elevaram o número de pacientes politraumatizados exigindo,
pela equipe de saúde, um amplo e eficaz atendimento do paciente. Porém, a lesão intra-abdominal não diagnosticada
continua sendo causa freqüente de morte evitável em trauma no tronco. Logo, qualquer doente com trauma contuso ou
penetrante em tronco deve ser considerado como portador em potencial de lesão abdominal.
Anatomia do Abdome:
Externa:
Abdome Anterior: área delimitada superiormente pela linha transmamilar, inferiormente pelos ligamentos
inquinais e sínfise púbica e lateralmente pelas linhas axilares anteriores.
Flancos: compreendido pelas linhas axilares anteriores e posteriores, desde o 6º espaço intercostal até as cristas
ilíacas.
Dorso: delimitado pelas linhas axilares posteriores, ponta das escapulas e cristas ilíacas.
Interna:
Cavidade Peritoneal: podendo ser dividida em superior, contendo a região tóraco-abdominal com o diafragma,
estômago baço, fígado e cólon transverso e inferior com o delgado e sigmóide.
Cavidade Pélvica: contem reto, bexiga, vasos ilíacos e genitália interna
Espaço Retroperitoneal: tendo a aorta abdominal, cava inferior, duodeno, pâncreas, rins, ureteres, cólon
ascendente e descendente. Lesões nesta área são de difícil diagnóstico e escapam ao LPD.
Mecanismo de Trauma:
Trauma Contuso:
Causados por impacto direto, levando a compressão ou esmagamento, podendo ocasionar rupturas com posterior
hemorragia ou peritonite. Outro tipo de lesão são as causadas por desaceleração com deslocamento desigual de órgãos
+/- fixos, onde podem ocorrer lacerações dos ligamentos de suporte (fígado e baço).
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Trauma Penetrante:
Causam lesões por corte ou laceração, onde os projeteis de alta velocidade transferem energia cinética às vísceras
provocando efeito de cavitação temporária podendo causar lesões mais graves.
Avaliação:
Diante de um trauma abdominal, há necessidade de se identificar se a causa da hipotensão é abdominal. Em pacientes
estáveis, a observação com reavaliações freqüentes ajudará a determinar a provável lesão.
História:
Em trauma fechado é fundamental a obtenção de informações. Em acidentes automobilísticos de como ocorreu,
velocidade, condições do automóvel, estado do paciente ao ser resgatado, tipo de colisão, uso de medidas de
segurança. No trauma penetrante, informações como tipo de arma, distância, número de facadas ou tiros, a quantidade
de sangue no local e as condições do doente no local são muito importantes.
Exame Físico:
Deve ser meticuloso e sistemático com registro de todos os dados.
Inspeção: ver todo o abdome anterior, posterior e períneo, observando a presença de abrasões, ferimentos,
contusões, corpos estranhos, evisceração.
Ausculta: pesquisar ruídos hidroaéreos.
Percussão: pesquisar timpanismo, macicez ou dor.
Palpação: pesquisar irritação peritoneal.
Em ferimentos penetrantes pode ser optar pela exploração digital local do ferimento, porém, em ferimentos acima do
rebordo costal é contra-indicada a exploração devido ao risco de pneumotórax.
Deve ainda ser testada a estabilidade pélvica na suspeita de fratura de bacia.
É tempo importante e fundamental no exame do abdome a avaliação do pênis, períneo e reto. Deve-se pesquisar
sangue no meato urinário, hematomas no períneo, sangue ou próstata elevada ao toque retal, além de avaliar o tônus
do esfíncter. Em mulheres, o toque vaginal é importante para avaliação de ferimentos ou fraturas. A avaliação da região
glútea deve ser realizada pela possibilidade de lesão do reto em sua porção pélvica.
Sondagens:
Faz parte do exame como meios adjuvantes de diagnóstico e monitorização. A sondagem gástrica tem a finalidade de
descomprimir o estômago e remover seu conteúdo, além de diminuir o risco de aspiração. Não esquecer que em
suspeita de fratura de face é contra-indicada a sondagem naso-gástrica e que a mesma deve ser feita por via oro-
gástrica.
O cateterismo vesical tem a finalidade de aliviar a retenção urinária, bem como servir de parâmetro de reposição
volêmica adequada como índice de perfusão renal. Não esquecer de avaliar pênis, períneo e reto antes da sondagem
vesical.
Exames Complementares:
Radiológicos:
No trauma contuso a rotina radiológica (coluna cervical, tórax e bacia). Em pacientes estáveis pode-se lançar mão do
raio-x de abdome em pé e deitado.
No trauma penetrante, paciente instável, não há necessidade de raio-x. Em pacientes estáveis, com lesões em transição
tóraco-abdominal está indicado exames radiológicos de acordo com a lesão possível.
Exames contrastados são indicados em pacientes estáveis que necessitam de elucidação diagnóstica, principalmente em
suspeita de trauma do trato urinário.
Exames contrastados do trato digestivo são indicados na suspeita de lesão retroperitoneal devido ser de difícil avaliação.
Ultrassonografia:
Exame que tem sensibilidade, especificidade e acurácia semelhante ao LPD. Fatores que dificultam sua utilização são: a
obesidade, enfisema subcutâneo, intervenções abdominais prévias.
Entre as suas desvantagens estão o fato do ultrassom ser operador dependente. Entre as suas vantagens estão o fato de
ser um procedimento não invasivo, de baixo custo e que pode ser realizado em vários momentos, além de visualizar
retroperitônio.
Tomografia Computadorizada:
Indicada apenas em pacientes hemodinamicamente estáveis e de preferência normais. Ajuda na avaliação de lesões em
órgãos específicos, retroperitoneais e pélvicos, entre eles o pâncreas.
Entre suas desvantagens está o fato de ser um exame demorado, o que obriga a ser realizado em pacientes com o
mínimo de estabilidade hemodinâmica, a necessidade de um técnico, que nem sempre está de plantão. Entre suas
vantagens está o fato de atingir órgãos retroperitoniais e avaliação de trauma pancreático.
Indicações de Laparotomia:
Evisceração.
Pneumoperitonio ao raio-x.
Instabilidade hemodinâmica.
LPD ou US fast positivos.
Peritonite.
Evidencia de lesão abdominal em exames complementares.
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TRAUMA TORÁCICO
Introdução:
A rápida expansão no conhecimento dos efeitos fisiopatológicos da biocinética do trauma, o avanço tecnológico no
tratamento intensivo do politraumatizado aliado ao refinamento da técnica operatória, tornaram-se perfeitas
combinações na abordagem terapêutica atual das lesões torácicas.
Hoje, cerca de 25% das mortes por trauma, são de natureza torácica e três aspectos clínicos são tidos como questões
vitais: insuficiência respiratória, choque hipovolêmico e tamponamento cardíaco. Assim, jamais poderia ser deixado de
lado, este relevante capítulo da traumatologia.
Pneumotórax Hipertensivo:
Lesão que ocorre devido a entrada de ar para o espaço pleural sem a saída do mesmo (sistema unidirecional). Esse
mecanismo unidirecional leva a um colapso do pulmão afetado e desvio do mediastino, levando a uma diminuição do
retorno venoso e comprimindo o pulmão contra-lateral, levando ao quadro de insuficiência respiratória, que se não
tratada de maneira eficaz, pode levar a morte do paciente.
A causa mais freqüente de pneumotórax hipertensivo é a ventilação mecânica com pressão positiva quando de lesão em
parênquima pulmonar não diagnosticado precocemente.
O diagnóstico do pneumotórax hipertensivo é de caráter clínico e não radiológico. Sinais e sintomas presentes são:
insuficiência respiratória, enfisema subcutâneo, desvio de traquéia, turgescência jugular, hipertimpanismo à percussão,
murmúrio vesicular ausente a ausculta torácica, hipotensão, taquicardia.
O tratamento imediato do pneumotórax hipertensivo exige descompressão imediata com inserção de um cateter
calibroso a nível do 2º espaço intercostal na direção da linha hemiclavicular do lado afetado. Após o alivio do
pneumotórax pode-se proceder a drenagem torácica e/ou radiografia.
Pneumotórax Aberto:
Trata-se de um ferimento na parede torácica que tenha, no mínimo, 2/3 do diâmetro da traquéia. Essa lesão leva a um
estado de hipóxia devido ao ar sair pelo local do ferimento, não chegando oxigênio em quantidade suficiente ao lado
são.
O tratamento do pneumotórax aberto deve ser iniciado com a oclusão do ferimento com um curativo em C, ou seja,
fechado em três pontas afim de que, durante a inspiração não haja entrada de ar pelo ferimento, e durante a expiração,
o ar presente no espaço pleural saia para o meio ambiente.
Após esse procedimento realiza-se a drenagem torácica e em seguida o fechamento do ferimento da parede torácica.
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Hemotórax Volumoso:
O hemotórax volumoso é uma entidade clínica que leva a um estado de choque hipovolêmico, com todos os sinais e
sintomas de choque. È definido quando a drenagem torácica tem volume de 1.500 ml ou mais de sangue, ou quando há
drenagem de sangue de 200 ml/h em duas a quatro horas pós drenagem.
A causa mais frequente do hemotórax volumoso é a lesão de grandes vasos.
Não há turgescência jugular e na ausculta o murmúrio vesicular está ausente, na percussão há macicez.
O tratamento do hemotórax volumoso inicia-se com a drenagem torácica, reposição volêmica agressiva, o que pode
inclui transfusão sangüínea. Nesta situação vale lembrar da possibilidade de autotransfusão, já realizada em alguns
serviços.
Nesses casos é obrigatória a avaliação do cirurgião para definir a necessidade de toracotomia de urgência.
Tamponamento Cardíaco:
Entidade clínica geralmente resultante de ferimento penetrante no tórax com lesão do miocárdio. Como o saco
pericárdico é uma serosa de tecido inelástico, pequenas quantidades de sangue entre o coração e o saco pericárdico
levam a restrição da contratilidade miocárdica, levando a diminuição do retorno venoso, diminuição do debito cardíaco
e conseqüentemente sinais e sintomas de choque hipovolêmico.
O diagnóstico do tamponamento cardíaco é difícil. A tríade de Beck, caracterizada por abafamento de bulhas,
hipotensão arterial e turgescência jugular, é difícil de ser encontrada, muitas vezes, só sendo suspeitada a lesão
miocárdica, quando de ferimentos em precórdio.
Entre os meios de diagnostico pode-se lançar mão do ultrassom (ecocardiograma), afim de se visualizar se há a presença
de liquido em saco pericárdico.
Uma vez diagnosticado o tamponamento cardíaco, há a necessidade de tratamento imediato, através da
pericardiocentese. Para a realização da pericardiocentese é necessário a monitorização cardíaca do paciente.
Deve-se consultar um cirurgião precocemente para que possa ser realizada a toracotomia de urgência.
CHOQUE
Introdução:
Durante o atendimento de um paciente traumatizado, tem-se por obrigação reconhecer a presença da síndrome clínica
do choque.
O diagnóstico inicial é baseado na avaliação clínica com presença de perfusão orgânica e de oxigenação tecidual
inadequada.
Definindo o choque como uma anormalidade do sistema circulatório, que resulta em perfusão orgânica e tecidual
inadequadas, também se transforma em instrumento operacional para o diagnóstico e tratamento. Sendo importante
identificar a provável causa do choque.
Nos pacientes traumatizados está diretamente relacionado com o mecanismo de lesão. A grande maioria dos pacientes
está em hipovolemia, mas o choque cardiogênico ou o pneumotórax hipertensivo podem ser a causa, e devem ser
considerados nos pacientes com trauma torácico.
O choque neurogênico resulta de lesão extensa do sistema nervoso central ou da medula; esse tipo de choque não
resulta de trauma de crânio isolado.
As vítimas de lesão de medula podem apresentar inicialmente choque por vasodilatação e hipovolemia relativa.
O choque séptico nos pacientes traumatizados só ocorre quando existe contaminação por conteúdo séptico e também
tenha ocorrido uma demora no primeiro atendimento.
O médico tem a responsabilidade de reconhecer de imediato o estado de choque e iniciar simultaneamente o
tratamento. A hemorragia é a causa mais comum de choque no paciente traumatizado.
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Avaliação Inicial:
O colapso circulatório estabelecido caracterizado por perfusão inadequada da pele, dos rins e do sistema nervoso
central, é facilmente reconhecido. Após avaliação e tratamento das vias aéreas e respiração, é fundamental a avaliação
cuidadosa das condições circulatórias para identificar precocemente o choque. Confiar exclusivamente na pressão
sistólica como indicador de choque, resultará no reconhecimento tardio do estado de choque, pois os mecanismos
compensatórios mantêm a pressão sistólica até uma perda de 30% da volemia. Tem-se que dirigir a atenção para a
freqüência cardíaca, freqüência respiratória, perfusão cutânea e a pressão de pulso (diferença entre as pressões
diastólica e sistólica). Consequentemente, todo paciente traumatizado que está frio e taquicárdico está em choque.
Considera-se taquicardia uma frequência superior a 160 na infância, e 140 na criança pré-escolar, 120 na puberdade e
acima de 100 no adulto. Os pacientes mais velhos podem não exibir taquicardia, devido a limitação da resposta cardíaca
ao estímulo das catecolaminas ou à utilização de medicamentos do tipo propranolol. A redução da pressão de pulso
sugere perda sangüínea significativa e ativação dos mecanismos compensatórios.
Etiologia:
Choque Hemorrágico:
A hemorragia é a causa mais comum de choque após trauma, além do mais, a maioria dos estados de choque não
hemorrágico responde parcial ou transitoriamente à reposição volêmica. Portanto, uma vez identificado o estado de
choque, o tratamento é iniciado como se o paciente estivesse hipovolêmico. Entretanto, assim que o tratamento é
instituído, é importante identificar o pequeno número de pacientes em que o choque é causado por outra etiologia, e o
grupo maior no qual um fator secundário complica o choque hipovolêmico/hemorrágico. Isso é verdadeiro para os
pacientes com trauma acima do diafragma, quando o choque cardiogênico e o pneumotórax hipertensivo são causas
potenciais de choque. A suspeita e a observação cuidadosa da resposta do paciente ao tratamento inicial costumam
permitir ao médico reconhecer e tratar todas as formas de choque.
Choque não-hemorrágico:
Choque Cardiogênico:
A disfunção miocárdica pode ocorrer por contusão miocárdica, tamponamento cardíaco, por embolia gasosa, ou, mais
raramente por infarto agudo do miocárdio associado ao trauma. A contusão miocárdica não é incomum no trauma
fechado do tórax com desaceleração brusca. Todo paciente com trauma fechado do tórax necessita de monitoração
eletrocardiográfica contínua para determinar a presença de arritmias ou de traçados sugestivos de lesão. Os níveis de
CPK e os isótopos específicos raramente têm algum valor no diagnóstico ou tratamento do paciente na sala de
emergência. O ultrassom pode ser utilizado no diagnóstico de tamponamento ou de ruptura valvular, mas
freqüentemente não é prático ou acessível de imediato no serviço de emergência. A contusão miocárdica pode
constituir-se uma indicação para monitorização precoce da pressão venosa central durante a reposição volêmica.
O tamponamento cardíaco é mais comum no ferimento penetrante de tórax. Ocorre raramente no trauma
fechado. Taquicardia, bulhas abafadas, veias do pescoço dilatadas e ingurgitadas com hipotensão que não responde à
reposição volêmica sugerem tamponamento cardíaco. O pneumotórax hipertensivo pode simular o tamponamento
cardíaco. A inserção correta de uma agulha alivia temporariamente essas duas condições que ameaçam a vida.
Pneumotórax Hipertensivo:
O pneumotórax hipertensivo ocorre quando se forma um mecanismo valvular que permite a entrada de ar no espaço
pleural, mas não ocorre sua saída. A pressão intrapleural aumenta progressivamente, causando colapso total do pulmão
e desvio do mediastino para o lado oposto com subsequente diminuição do retorno venoso e redução do débito
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Choque Neurogênico:
Lesões cranianas isoladas não causam choque. A presença de choque num paciente com trauma de crânio indica a
necessidade de pesquisar outra causa de choque. Uma lesão medular pode provocar hipotensão por perda do tônus
simpático, que acentua o efeito fisiopatológico da hipovolemia que por sua vez acentua o efeito fisiopatológico da
denervação simpática. O quadro clássico do choque neurogênico caracteriza-se por apresentar hipotensão sem
taquicardia e sem vasoconstrição cutânea. Pulso fino não é visto no choque neurogênico. Os pacientes portadores de
trauma medular freqüentemente têm trauma concomitante no tronco. O paciente com suspeita de choque neurogênico
deve ser tratado inicialmente como se estivesse hipovolêmico.
O insucesso no restabelecimento da perfusão ou da pressão com a reposição volêmica podem indicar a presença de
hemorragia contínua ou de choque neurogênico. A monitoração da pressão venosa central pode auxiliar no tratamento
desse problema.
Choque Séptico:
Choque por infecção imediatamente após o trauma é incomum. Esse problema pode ocorrer se a chegada do paciente
ao serviço de emergência demorar várias horas. O choque séptico ocorre particularmente nos pacientes com ferimentos
penetrantes de abdome com contaminação peritoneal por conteúdo intestinal. Os pacientes sépticos que estão
hipovolêmicos são de difícil diferenciação daqueles em choque hipovolêmico (taquicardia, vasoconstrição cutânea,
diminuição do débito urinário, diminuição da pressão sistólica e pulso fino). Pacientes sépticos com volume normal tem
discreta taquicardia, pele rósea e quente, pressão sistólica próxima do normal e pulso cheio.
Reposição de Volume:
A hemorragia é definida como uma perda aguda de sangue. O volume sangüíneo de um paciente adulto normal
corresponde a aproximadamente 7% do peso corporal. No paciente com 70 quilos temos aproximadamente 5 litros de
sangue circulante. Nas crianças o volume sangüíneo é de 8 a 9% do peso corporal (80 a 90 ml/kg).
CLASSE III – É um quadro mais complicado no qual é necessária a reposição de, no mínimo, cristalóides e
possivelmente sangue.
CLASSE IV – É um evento pré-terminal e, necessita de medidas urgentes para evitar a morte do paciente.
Existem fatores que podem acentuar ou atenuar a resposta fisiológica do paciente, e que podem alterar
profundamente a dinâmica vascular clássica que são: idade do paciente, gravidade do trauma, intervalo de tempo entre
a lesão e o início do tratamento, reposição volêmica pré-hospitalar.
É perigoso aguardar que o paciente traumatizado se enquadre em uma classificação fisiológica precisa antes de iniciar
uma terapia agressiva. A reposição volêmica agressiva deve ser iniciada precocemente, tão logo se tornem suspeitos ou
aparentes sinais e sintomas de perda sangüínea, sempre que possível antes que a pressão arterial se reduza ou não
possa ser medida.
Diagnóstico e Tratamento:
Abordagem Inicial do Choque Hemorrágico:
Exame Físico:
Nas situações de emergência o diagnóstico e o tratamento devem ser realizados em rápida sucessão, logo o exame físico
é dirigido para o diagnóstico imediato das lesões que ameaçam a vida e inclui a avaliação do ABC. Os sinais vitais, o
débito urinário e o nível de consciência são medidas importantes, assim que as condições do doente permitirem é
realizado um exame mais pormenorizado.
Circulação:
Controlar a hemorragia externa, estabelecer acesso venoso adequado, avaliar perfusão tecidual.
O restabelecimento da perfusão tecidual determina a quantidade de reposição líquida necessária.
Exame Neurológico:
Um breve exame neurológico dever ser realizado para determinar o nível de consciência, a movimentação ocular e a
resposta da pupila, a função motora e a sensibilidade. Esses dados são úteis na avaliação da perfusão cerebral, no
acompanhamento da evolução de distúrbios neurológicos e na avaliação da futura recuperação.
Exposição:
Depois de realizadas as manobras prioritárias de reanimação, o paciente deve ser completamente despido e
cuidadosamente examinado, como parte da pesquisa de lesões associadas. Ao despir o doente é essencial a prevenção
de hipotermia iatrogênica.
Dilatação Gástrica:
A dilatação gástrica ocorre freqüentemente no trauma e pode ser causa de hipotensão inexplicada. Essa entidade torna
o choque de difícil tratamento e, no paciente inconsciente, acarreta um significativo risco de aspiração – complicação
potencialmente fatal. A sonda deve ser bem posicionada, e conectada a um sistema de aspiração para funcionar
adequadamente.
Sonda Urinária:
A descompressão vesical permite avaliar presença de hematúria e também realizar monitoração da perfusão renal,
através do débito urinário. Sangue no meato uretral, hematoma de períneo ou próstata não palpável no homem são
contraindicações à inserção de sonda transuretral.
Acesso Vascular:
O acesso vascular deve ser obtido imediatamente. A melhor forma é através da colocação de dois cateteres
intravenosos periféricos (calibre mínimo #16 “gauge”) antes de se considerar qualquer possibilidade de inserção de uma
via central. A Lei de Poiseuille estabelece que o fluxo é proporcional a quatro vezes o raio do cateter e inversamente
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proporcional ao seu cumprimento. Portanto, para infusão volêmica grande e rápida devemos usar cateteres
intravenosos periféricos curtos e calibrosos.
Os locais mais adequados para acesso venoso periférico em um adulto são:
a) Acesso percutâneo, periférico em veia do braço ou antebraço.
b) Dissecção de veia superficial do braço ou veia safena.
Quando circunstâncias impedirem o uso de veias periféricas, o acesso venoso central estará indicado, utilizando
cateteres calibrosos, introduzidos pela técnica de Seldinger.
Em crianças menores de 6 anos, antes de proceder o acesso venoso central, deve ser tentada a punção intra-óssea.
Após conseguir o acesso venoso, colhemos amostras de sangue para exames laboratoriais, que incluem tipagem
sangüínea e prova cruzada, estudos toxicológicos, e teste de gravides em todas as mulheres em idade fértil. Pode-se
determinar os valores dos gases arteriais pela gasometria.
Quando se realiza a inserção de cateter na subclávia ou jugular interna, deve-se solicitar uma radiografia de tórax para
documentar a posição do cateter e avaliar a presença de pneumotórax.
Débito Urinário:
Pode ser utilizado como monitor do fluxo renal. A reposição adequada de volume deve restabelecer o débito urinário no
paciente adulto em 50 ml/hora. Para pacientes pediátricos o débito urinário adequado é de 1 ml/Kg/h, e para as crianças
menores de um ano de idade devem ser mantidos 2 ml/Kg/h. A incapacidade de manter o débito urinário sugere
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reanimação inadequada. Nesta situação, torna-se necessária uma reposição volêmica adicional e, devem-se tomar
ulteriores medidas diagnósticas.
Equilíbrio ácido-básico:
Pacientes com choque hipovolêmico precoce tem alcalose respiratória devido a taquipnéia. A alcalose respiratória dá
lugar à acidose metabólica leve nas fases precoces do choque e não necessita de tratamento. A acidose metabólica
grave pode surgir quando o choque é prolongado ou profundo.
A acidose metabólica decorre do metabolismo anaeróbio, devido à perfusão tecidual inadequada, e a sua persistência
reflete habitualmente a reposição volêmica inadequada. A acidose persistente, em paciente normotérmico em choque,
deve ser tratada com aumento da infusão líquida e não por bicarbonato de sódio intravenoso, exceto se o pH estiver
abaixo de 7,2.
contusão miocárdica ou de tamponamento cardíaco. O diagnóstico de choque não hemorrágico deve ser lembrado
nesse grupo de pacientes. A monitorização da pressão venosa central ajuda a diferenciar as várias etiologias do choque.
Reposição de sangue:
A decisão de iniciar a transfusão baseia-se na resposta do paciente de acordo com o que foi descrito.
A maioria dos bancos de sangue fornece apenas componentes sangüíneos (papa de hemácias, plasma fresco congelado,
plaquetas).
A reposição volêmica, em si, pode ser obtida com cristalóides, com a vantagem adicional de contribuir para a restituição
dos volumes intersticial e intracelular.
O objetivo da transfusão sangüínea é restabelecer a capacidade de transporte de oxigênio do volume intravascular.
Quando não está disponível sangue tipo específico, está indicado o uso de papa de hemácias tipo O, para pacientes com
hemorragia exsanguinante.
Para as perdas sanguíneas que ameaçam a vida, o uso de sangue tipo especifico, sem provas cruzadas, é preferível ao
uso de sangue tipo O. Para prevenir sensibilizações e futuras complicações, prefere-se o uso de glóbulos Rh negativos,
particularmente em mulheres em idade fértil.
Na fase de reanimação de pacientes traumatizados pode e deve ser evitada a hipotermia iatrogênica, sendo a maneira
mais eficiente e fácil prevenir a hipotermia é transfundir o volume maciço de cristalóide aquecido a 39 graus
centígrados. O sangue, plasma e soluções contendo glicose não podem ser aquecidos em forno de microondas.
Autotransfusão:
A coleta do sangue para autotransfusão deve ser considerada em qualquer hemotórax volumoso, utilizando-se tubos de
drenagem de tórax que permitam a coleta estéril, a anticoagulação feita com solução de citrato de sódio (contraditório)
e não de heparina para proporcionar a retransfusão do sangue drenado.
Também existem equipamentos para a coleta, lavagem e retransfusão do sangue perdido durante procedimentos
cirúrgicos. A contaminação bacteriana pode limitar a utilização desses mecanismos durante vários procedimentos.
A maioria dos pacientes que recebem transfusão de sangue não necessita reposição de cálcio.