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E continua:
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Pode-se entender, então, que ter poder tem a ver com ter visibili-
dade, obter, mesmo que não de forma totalitária, o consenso de um
discurso. Representar aquilo que se quer, da forma como se deseja
apresentar: esse parece ser um dos "nós" quando se relaciona poder
e representação. Ainda que o poder circule e possa ser encontrado
em toda parte, a forma como as relações sociais sáo envolvidas por
ele se reflete em como as pessoas atuam em suas comunidades, ora
representadas como dominantes, ora como dominadas.
Essas relações de poder são determinantes para se compreender
melhor como a educação, as relações sociais, o trabalho, o uso de
uma língua, as relações afetivas etc. estão em constante disputa,
tensão e negociações. E tanto o Surdo como o ouvinte se encon-
tram engrenados nesse sistema e nesse jogo de representativida-
de. Por isso, a disputa pelo poder envolve tanto a formação de
discursos coesos quanto a tentativa de usar a língua como instru-
mentos para alcançá-lo.
Quando se analisa o sujeito cultural Surdo, é preciso discutir a
importância da língua como marcador de uma cultura. De acor-
do com Lacan, citado por Hall (2006, p. 37),
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Cultura Surda
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Símbolo de identidade
A língua de sinais é um poderoso símbolo de identidade para
os Surdos, em parte por causa da luta para enconrrar sua identi-
dade em um mundo ouvinte que tem tradicionalmente despre-
zado sua língua e negado a sua cultura.
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• Início de conversa
Para iniciar uma conversa, é preciso chamar a atenção do
interlocutor. É comum o uso do toque; não há restrições
ao contato físico. Quando a pessoa está distante, são usa-
das outras formas de conseguir sua atenção, como acenar
a mão ou o braço dentro de seu campo visual. Pisar forte-
mente no chão ou apagar e acender a luz também são for-
mas de começar uma comunicação, porém, dependendo do
lugar e da situação, não é aconselhável, uma vez que distrai-
rá as outras pessoas.
O toque como forma de chamar a atenção de uma pessoa
surda que está próxima é também ressaltado por Strnadová
(2000). Segundo a autora, pode-se tocar levemente o seu an-
tebraço ou o braço. Não é recomendado tocar outra parte do
corpo que não seja o braço ou o antebraço e nunca se deve
tocar a cabeça. Como as pessoas surdas não ouvem os passos
atrás de si, não sabem que alguém está se aproximando para
falar com elas, e, assim, quando tocadas pelas costas, levam
um grande susto. Pode-se tocar a coxa quando os interlocu-
tores estiverem sentados.
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• Assegurar a comunicação
Um valor importante na cultura Surda é fazer com que a
informaçáo seja acessível a todos. Há um esforço máximo
para assegurar que todos possam participar, acompanhar e
compreender o que está acontecendo. Nesse sentido, as pes-
soas sempre procuram confirmar se todos estão entendendo.
• Compartilhar informação
Talvez pelo fato de a informaçáo ser tão difícil de ser con-
seguida por um Surdo em um mundo ouvinte, este é um
item altamente valorizado pela cultura Surda.
• Virar as costas
O contato visual é essencial para a inreração, para o com-
partilhamento de informações, e por isso é muito valorizado
pelos Surdos. Em suas interaçôes com os ouvintes, frequen-
temente, estes náo se mostram capazes de manter o conrato
visual apropriado, distraem-se visual ou auditivamente, tal-
vez por náo ser confortável para a maioria dos ouvintes a ma-
nutençâo do conraro visual por longo período. A menos que
esteja acostumada com esses estranhos hábitos dos ouvintes,
a pessoa Surda pode sentir-se ignorada ou achar que o ou-
vinte não está interessado em continuar a conversa. Virar as
costas é um insulto. Quando é necessário desviar o olhar ou
virar as costas, deve-se informar o interlocutor sobre o que
acontecerá e por quê.
• Despedida
Tanto a chegada quanto a partida, na cultura Surda, é
sempre feita de modo formal e demorado. Ao se despedir, os
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Valores
A identidade Surda é altamente valorizada. Enquanto falar e
pensar como pessoa ouvinte é considerado muito bom, no caso
do ouvinte, as habilidades de fala na cultura Surda podem ser
úteis para lidar com pessoas ouvintes em algumas circunstâncias,
mas falar e pensar como ouvinte é depreciado, assim como os
movimentos da boca enquanto se sinaliza (a menos que esses mo-
vimentos sejam requeridos pelos sinais).
A informalidade é valorizada, assim como a percepção visual e
a língua visual dos Surdos.
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Costumes
As conversações entre Surdos apresentam características par-
ticulares, pelo fato de a língua usada na interaçâo ser uma lín-
gua visual-espacial na qual o uso do espaço e o olhar têm valor
discursivo.
As pessoas Surdas, quando em grupos, costumam formar ro-
das, cujo tamanho varia de acordo com a quantidade de partici-
pantes. Curiel e Astrada (2000) lembram que o espaço entre os
participantes da conversa cumpre uma função específica. As con-
versas mais íntimas usam um espaço sinalizante mais limitado, os
participantes aproximam-se mais, e os sinais sâo menores.
Pimenta e Quadros (2007) chamam a atenção para o fato de
que as pessoas Surdas, quando estão em grupo, podem conver-
sar entre si entrecruzando as conversas sem que estas interfiram
umas nas outras, diferentemente dos ouvintes. Isso só é possível
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Informação cultural
O conhecimento cultural específico da comunidade Surda
inclui não só os valores e os costumes, mas também a informa-
ção cultural.
O conhecimento específico do mundo Surdo inclui vários as-
suntos, como notícias do mundo, acontecimentos importantes,
matérias de jornal, nomes de líderes Surdos, figuras da história dos
Surdos, a forma de usar o serviço de telefone - atualmente, fa-
la-se também sobre o Sistema de Intermediação Surdo-Ouvinte
(Siso), e sobre o celular-, a campainha visual, o telefone lumino-
so e o relógio vibratório, e a forma de lidar com pessoas ouvintes.
Por exemplo, quando seu carro é parado por um policial, não se
explique com movimentos rápidos e nunca abaixe as mãos; elas
devem ser mantidas levantadas. Em lugar público, se o Surdo
precisa dirigir-se a uma pessoa ouvinte ou perguntar algo a ela,
deve primeiro entrar no campo visual dela; caso náo tenha como
fazê-lo, como em uma fila, pode tocá-la levemente, avisando de
imediato que é surdo (apontando o ouvido).
Informação partilhada é altamente valorizada no mundo Sur-
do. É costume das pessoas Surdas passar a informação adiante.
Segredo é considerado rude, e as conversas sáo normalmente bas-
tante visíveis. Conversas particulares devem ser feitas em lugares
privados. Nas conversas com amigos, os Surdos frequentemente
começam atualizando as informações.
Expressão artística
Valli e Lucas (2000) lembram que as línguas de sinais não são
usadas apenas para a comunicação . .fu, formas artísticas das línguas
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so
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e podiam dar vazão aos seus talentos em agir e usar de forma ex-
pressiva a língua de sinais americana.
No Brasil, atualmente há muitos atores surdos, como Nelson
Pimenta, Rimar Romano, Reinaldo Pólo, Sandro dos Santos Pe-
reira, Celso Badin, entre outros.
A música, como lembra Strobel (2008), não faz parte da cul-
tura Surda, embora os Surdos possam conhecê-la como informa-
ção e relação intercultural.
Campainhas luminosas
Enquanto os ouvintes têm campainha sonora em casa, os sur-
dos têm campainha luminosa. Assim, quando alguém chega à re-
sidência de uma família surda, ao tocar a campainha, em vez de
acionar um som, é acionada uma luz. Essa campainha, normal-
mente, é ativada em diferentes partes da casa, pois depende do
acesso visual para ser percebida.
As campainhas luminosas são co-
mumente encontradas também
em escolas especiais para crian-
ças surdas. Nesse caso, ao acio-
nar a campainha, uma lâmpada
se acende em cada sala de aula e .............................................................
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Babás luminosas
A exemplo da babá eletrônica, a babá luminosa consiste em
um receptor que é colocado próximo ao berço do bebê. Quando
o bebê chora, uma lâmpada se acende peno da mãe.
Despertador vibratório
O despertador vibratório é um despertador que vibra no ho-
rário programado. É muito utilizado pelas pessoas surdas, princi-
palmente sob o travesseiro.
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Aplicativos de tradução
Assim como é possível traduzir um texto da Internet de uma
língua para outra, existem aplicativos que, se disponíveis em um
site da Internet, permitem aos usuários selecionar com o mouse
um texto da página e ver sua tradução para Libras.
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