Questoes Vestibulares Enem Theodor Adorno

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Theodor Adorno - Questões de Vestibulares

1. (Uel 2013) Leia o texto a seguir.


O modo de comportamento perceptivo, através do qual se
prepara o esquecer e o rápido recordar da música de massas,
é a desconcentração. Se os produtos normalizados e
irremediavelmente semelhantes entre si, exceto certas
particularidades surpreendentes, não permitem uma audição
concentrada, sem se tornarem insuportáveis para os
ouvintes, estes, por sua vez, já não são absolutamente
capazes de uma audição concentrada. Não conseguem manter
a tensão de uma concentração atenta, e por isso se entregam
resignadamente àquilo que acontece e flui acima deles, e com
o qual fazem amizade somente porque já o ouvem sem
atenção excessiva.
(ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão da audição. In: Adorno et all. Textos escolhidos. São Paulo: Abril
Cultural, 1978, p.190. Coleção Os Pensadores.)

As redes sociais têm divulgado músicas de fácil memorização e com


forte apelo à cultura de massa.
A respeito do tema da regressão da audição na Indústria Cultural e da
relação entre arte e sociedade em Adorno, assinale a alternativa
correta.
a) A impossibilidade de uma audição concentrada e de uma concentração
atenta relaciona-se ao fato de que a música tornou-se um produto de
consumo, encobrindo seu poder crítico.
b) A música representa um domínio particular, quase autônomo, das produções
sociais, pois se baseia no livre jogo da imaginação, o que impossibilita
estabelecer um vínculo entre arte e sociedade.
c) A música de massa caracteriza-se pela capacidade de manifestar
criticamente conteúdos racionais expressos no modo típico do
comportamento perceptivo inato às massas.
d) A tensão resultante da concentração requerida para a apreciação da música
é uma exigência extramusical, pois nossa sensibilidade é naturalmente mais
próxima da desconcentração.
e) Audição concentrada significa a capacidade de apreender e de repetir os
elementos que constituem a música, sendo a facilidade da repetição o que
concede poder crítico à música.

2. (Uel 2011) Leia o texto a seguir.

Francis Bacon, em sua obra Nova Atlântida, imagina uma utopia


tecnocrática na qual o sofrimento humano poderia ser removido pelo
desenvolvimento e pelo aperfeiçoamento do conhecimento científico,
o qual permitiria uma crescente dominação da natureza e um suposto
afastamento do mito. Na obra Dialética do Esclarecimento, Adorno e
Horkheimer defendem que o projeto iluminista de afastamento do
mito foi convertido, ele próprio, em mito, caindo no dogmatismo e em
numa forma de mitologia. O progresso técnico-científico consiste,
para Adorno e Horkeheimer, no avanço crescente da racionalidade
instrumental, a qual é incapaz de frear iniciativas que afrontam a
moral, como foram, por exemplo, os campos de concentração nazistas.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o desenvolvimento


técnico-científico, é correto afirmar:
a) Bacon pensava que o incremento da racionalidade instrumental aliviaria as
causas do sofrimento humano, apesar de a razão, a longo prazo, sucumbir
novamente ao mito.
b) Adorno e Horkheimer concordavam que o progresso científico não consegue
superar o mito, mas se torna um tipo de concepção mítica incapaz de
discriminar o que é certo do que é errado moralmente.
c) Adorno e Horkheimer sustentavam que o crescente avanço da racionalidade
instrumental consistia num incremento da capacidade humana de avaliar
moralmente.
d) Bacon apontava que o aumento da capacidade de domínio do homem sobre
a natureza conduziria os seres humanos a uma forma de dogmatismo.
e) Tanto Adorno e Horkheimer quanto Bacon viam o progresso técnico e
científico como a solução para os sofrimentos humanos e para as incertezas
morais humanas.

3. (Uel 2010) Leia o texto de Adorno a seguir.


Se as duas esferas da música se movem na unidade da
sua contradição recíproca, a linha de demarcação que as
separa é variável. A produção musical avançada se
independentizou do consumo. O resto da música séria é
submetido à lei do consumo, pelo preço de seu conteúdo.
Ouve-se tal música séria como se consome uma mercadoria
adquirida no mercado. Carecem totalmente de significado
real as distinções entre a audição da música “clássica” oficial
e da música ligeira.
(ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão da audição. In: BENJAMIN, W. et all. Textos escolhidos. 2. ed. São
Paulo: Abril Cultural, 1987. p. 84.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de


Adorno, é correto afirmar:
a) A música séria e a música ligeira são essencialmente críticas à sociedade de
consumo e à indústria cultural.
b) Ao se tornarem autônomas e independentes do consumo, a música séria e a
música ligeira passam a realçar o seu valor de uso em detrimento do valor de
troca.
c) A indústria cultural acabou preparando a sua própria autorreflexividade ao
transformar a música ligeira e a séria em mercadorias.
d) Tanto a música séria quanto a ligeira foram transformadas em mercadoria
com o avanço da produção industrial.
e) As esferas da música séria e da ligeira são separadas e nada possuem em
comum.

4. (Uel 2009) Com base no pensamento estético de Adorno e Benjamin,


considere as afirmativas a seguir.
I. Apesar de terem o mesmo ponto de partida, a saber, a
análise crítica das técnicas de reprodução, Adorno e Benjamin
chegam a conclusões distintas. Adorno entende que a
reprodutibilidade das obras de arte é algo negativo, pois
transforma esta última em mercadoria; para Benjamin, apesar
de a reprodutibilidade ter aspectos negativos, uma forma de
arte como o cinema pode ser usada potencialmente em favor
da classe operária.

II. Para Adorno, o discurso revolucionário na arte torna esta


forma de expressão humana instrumentalista, e isto significa
abolir a própria arte. Por seu turno, Benjamin considerava
que os novos meios de comunicação não deveriam ser
substituídos, mas sim transformados ou subvertidos segundo
os interesses da comunicação burguesa.

III. Para Adorno, a noção de aura na obra de arte preservava a


consciência de que a realidade poderia ser melhor, mas o
processo de massificação da arte dissolveu tal noção e, com
ela, a dimensão critica da arte. Para Benjamin, a perda da
aura destruiu a unicidade e a singularidade da obra de arte,
que perde o seu valor de culto e se torna acessível.

IV. Adorno vê positivamente a reprodutibilidade da arte, já


que a obra de arte se transforma em mercadoria padronizada
que possibilita a todos o acesso e o desenvolvimento do gosto
estético autônomo; para Benjamin, a reprodução tem como
dimensão negativa essencial o fato de impossibilitar às
massas o acesso às obras.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e II são corretas.


b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

5. (Ufpa 2008) Desde Platão se discute a função sociocultural da arte,


o que confere à sua autonomia uma certa relatividade. Recentemente,
com a Escola de Frankfurt, cunhou-se para a determinação social da
arte termos como “indústria cultural” e “cultura de massa”, porque,
como diz Theodor Adorno, no regime econômico capitalista
sacrifica-se “o que fazia a diferença entre a lógica da obra [de arte] e
a do sistema social.” Com relação à interpretação de Adorno sobre a
função social da arte no regime capitalista, considere as afirmativas
abaixo:
I. Na sociedade capitalista, o desenvolvimento
técnico-industrial conduziu à padronização do gosto em
beneficio do mercado.
II. Não há gozo da arte, na sociedade liberal, se a criação for
massificada.

III. Ao sacrificar a lógica da obra às determinações do


sistema, o artista está garantindo não só seu lucro como a
própria sobrevivência da arte, já que a nossa economia é
capitalista.

IV. Com a indústria cultural, ocorre a perda completa da ideia


de autonomia da arte.

V. Adorno não concorda com Platão quanto à ideia de que a


experiência estética, como acontece hoje em dia, necessita de
um nexo funcional para cumprir seu papel na vida social e
política do homem.

Estão corretas as afirmativas:


a) I e II
b) II e V
c) I e IV
d) II, III, V
e) I, III, IV e V

6. (Uel 2008) Leia o texto a seguir.


O saber que é poder não conhece nenhuma barreira,
nem na escravização da criatura, nem na complacência em
face dos senhores do mundo. Do mesmo modo que está a
serviço de todos os fins da economia burguesa na fábrica e no
campo de batalha, assim também está à disposição dos
empresários, não importa sua origem.
(ADORNO, T. W. & HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Tradução de Guido Antonio de
Almeida. Rio de Janeiro: Zahar, 1991. p. 20.)

Com base no texto e no conhecimento dos conceitos de


esclarecimento e racionalidade instrumental em Adorno e Horkheimer
sobre o referido saber, é correto afirmar:
a) Seu conteúdo é racional por si mesmo e de natureza crítico-reflexiva.
b) É principalmente técnico e carente de conteúdo racional por si mesmo.
c) Tem uma dimensão reflexiva e seus objetivos são racionais por si mesmos.
d) É caracterizado por forças sobrenaturais indomáveis que animam tudo.
e) Estabelece limites para o domínio nas relações sócio-econômicas.

7. (Uel 2008) Sobre a “indústria cultural”, segundo Adorno e


Horkheimer, é correto afirmar:
a) Desenvolve o senso crítico e a autonomia de seus consumidores.
b) Reproduz bens culturais que brotam espontaneamente das massas.
c) O valor de troca é substituído pelo valor de uso na recepção da arte.
d) Padroniza e nivela a subjetividade e o gosto de seus consumidores.
e) Promove a imaginação e a espontaneidade de seus consumidores.

8. (Uel 2006)
“O que os homens querem aprender da natureza é como
aplicá-la para dominar completamente sobre ela e sobre os
homens. Fora isso, nada conta. [...] O que importa não é
aquela satisfação que os homens chamam de verdade, o que
importa é a operation, o procedimento eficaz. [...] A partir de
agora, a matéria deverá finalmente ser dominada, sem apelo
a forças ilusórias que a governem ou que nela habitem, sem
apelo a propriedades ocultas. O que não se ajusta às medidas
da calculabilidade e da utilidade é suspeito para o iluminismo
[...] O iluminismo se relaciona com as coisas assim como o
ditador se relaciona com os homens. Ele os conhece, na
medida em que os pode manipular. O homem de ciência
conhece as coisas, na medida em que as pode produzir.”
(ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Conceito de Iluminismo. Trad. Zeljko Loparic e Andréa M. A . C. Loparic. 2. ed.
São Paulo: Victor Civita, 1983. p. 90-93.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a racionalidade


instrumental em Adorno e Horkheimer, é correto afirmar:
a) A razão iluminista proporcionou ao homem a saída da menoridade da qual
ele era culpado e permitiu o pleno uso da razão, dispensando a necessidade
de tutores para guiar as suas ações.
b) O procedimento eficaz, aplicado segundo as regras da calculabilidade e da
utilidade, está desvinculado da esfera das relações humanas, pois sua lógica
se restringe aos objetos da natureza.
c) A racionalidade instrumental gera de forma equânime conforto e bem estar
para as pessoas na esfera privada e confere um maior grau de liberdade na
esfera social.
d) A visão dos autores sobre a racionalidade instrumental guarda um
reconhecimento positivo para setores específicos da alta tecnologia,
sobretudo aqueles vinculados à informática.
e) Contrariando a tese do projeto iluminista que opõe mito e iluminismo, os
autores entendem que há uma dialética entre essas duas dimensões que
resulta no domínio perpetrado pela razão instrumental.

9. (Uel 2005)
“A indústria cultural não cessa de lograr seus consumidores
quanto àquilo que está continuamente a lhes prometer. A
promissória sobre o prazer, emitida pelo enredo e pela
encenação, é prorrogada indefinidamente: maldosamente, a
promessa a que afinal se reduz o espetáculo significa que
jamais chegaremos à coisa mesma, que o convidado deve se
contentar com a leitura do cardápio. [...] Cada espetáculo da
indústria cultural vem mais uma vez aplicar e demonstrar de
maneira inequívoca a renúncia permanente que a civilização
impõe às pessoas. Oferecer-lhes algo e ao mesmo tempo
privá-las disso é a mesma coisa”.
(ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Trad. de Guido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1997. p. 130-132.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre indústria cultural em


Adorno e Horkheimer, é correto afirmar:
a) A indústria cultural limita-se a atender aos desejos que surgem
espontaneamente da massa de consumidores, satisfazendo as aspirações
conscientes de indivíduos autônomos e livres que escolhem o que querem.
b) A indústria cultural tem um desempenho pouco expressivo na produção dos
desejos e necessidades dos indivíduos, mas ela é eficiente no sentido de que
traz a satisfação destes desejos e necessidades.
c) A indústria cultural planeja seus produtos determinando o que os
consumidores desejam de acordo com critérios mercadológicos. Para atingir
seus objetivos comerciais, ela cria o desejo, mas, ao mesmo tempo, o
indivíduo é privado do acesso ao prazer e à satisfação prometidos.
d) O entretenimento que veículos como o rádio, o cinema e as revistas
proporcionam ao público não pode ser entendido como forma de exploração
dos bens culturais, já que a cultura está situada fora desses canais.
e) A produção em série de bens culturais padronizados permite que a obra de
arte preserve a sua capacidade de ser o suporte de manifestação e
realização do desejo: a cada nova cópia, a crítica se renova.

10. (Uel 2005)


“A diversão é o prolongamento do trabalho sob o capitalismo
tardio. Ela é procurada por quem quer escapar ao processo de
trabalho mecanizado, para se pôr de novo em condições de
enfrentá-lo. Mas, ao mesmo tempo, a mecanização atingiu um
tal poderio sobre a pessoa em seu lazer e sobre a sua
felicidade, ela determina tão profundamente a fabricação das
mercadorias destinadas à diversão, que esta pessoa não pode
mais perceber outra coisa senão as cópias que reproduzem o
próprio processo de trabalho”.
(ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Trad. de Guido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1997. p.128.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre trabalho e lazer no


capitalismo tardio, em Adorno e Horkheimer, é correto afirmar:
a) Há um círculo vicioso que envolve o processo de trabalho e os momentos de
lazer. Com o objetivo de fugir do trabalho mecanizado e repor as forças, o
indivíduo busca refúgio no lazer, porém o lazer se estrutura com base na
mesma lógica mecanizada do trabalho.
b) Apesar de se apresentarem como duas dimensões de um mesmo processo,
lazer e trabalho se diferenciam no capitalismo tardio, na medida em que o
primeiro é o espaço do desenvolvimento das potencialidades individuais, a
exemplo da reflexão.
c) Mesmo sendo produzidas de acordo com um esquema mercadológico que
fabrica cópias em ritmo industrial, as mercadorias acessadas nos momentos
de lazer proporcionam ao indivíduo plena diversão e cultura.
d) Tanto o trabalho quanto o lazer preservam a autonomia do indivíduo, mesmo
nos processos de mecanização que caracterizam a fabricação de mercadorias
no capitalismo tardio.
e) As atividades de lazer no capitalismo tardio, como o cinema e a televisão,
são caminhos para a politização e aquisição de cultura pelas massas,
aproximando-as das verdadeiras obras de arte.

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